2. Iniciando a conversa
São objetivos dessa unidade:
• entender a concepção de alfabetização na perspectiva do
letramento;
• analisar e planejar projetos didáticos para turmas de
alfabetização, integrando diferentes componentes curriculares,
e atividades voltadas para o desenvolvimento da oralidade,
leitura e escrita;
• conhecer os recursos didáticos distribuídos pelo Ministério
da Educação e planejar situações didáticas em que tais
materiais sejam usados.
3. “O que você entende por alfabetizar letrando? Você acha
possível trabalhar a leitura e a produção de diversos textos em
turmas de alunos ainda não alfabéticos? Se sim, como este
trabalho poderia acontecer?” - Ano 1, p. 45
“Por que é importante a escola trabalhar com gêneros
textuais?” - Ano 2, p. 46
“Você acredita que existem gêneros mais fáceis e mais difíceis
de serem apropriados pelas crianças? Por quê? Quais critérios
você utiliza para escolher os gêneros textuais que irá abordar
com seus alunos ao longo do ano letivo? Você acha que o
mesmo gênero textual pode ser trabalhado em anos diferentes
de escolaridade? Por quê?” - Ano 3, p. 45
“Por quê é importante a escola trabalhar com gêneros
textuais e não com textos?” - Campo, p. 55
4. DE ONDE VEM A PROPOSTA DE
TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS?
• PCN de 1ª a 4ª séries (1º e 2º ciclos) – 1997
– Entre os objetivos:
• Ler autonomamente gêneros previstos para o
ciclo;
• Escrever textos coesos e coerentes pertinentes
aos gêneros previstos para o ciclo, adequados
aos objetivos e aos leitores pretendidos.
5. POR QUE OS PCN’s PROPÕEM
TRABALHO COM GÊNEROS?
• Nós não falamos e escrevemos palavras, nem
frases, nem textos, nós falamos e escrevemos
gêneros.
• Os textos que usamos nas diferentes práticas
sociais de linguagem pertencem a gêneros
adequados a cada esfera comunicativa.
8. LEITURA DO ANÚNCIO
• Qual é a imagem da anúncio?
• Qual é o título do anúncio?
• Qual é a intenção do anúncio?
• Quem deve ter escrito?
• A quem se destina ?
• Vamos ler o restante do texto?
• Por que o anunciante informou as
características do animal e forneceu seus
telefones?
9. • Porque é importante que os alunos
desenvolvam uma ampla familiaridade com os
modos de construir significados por meio da
língua escrita, com os diferentes gêneros
textuais, com os propósitos que buscamos
alcançar quando lemos ou escrevemos e com
as formas de circulação de textos.
POR QUE ENSINAR GÊNEROS
TEXTUAIS NA ESCOLA?
Batista (2010)
10. GÊNEROS DO DISCURSO
“[...] cada campo de utilização da língua elabora
seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os
quais denominamos gêneros do discurso”
(BAKHTIN, 2003).
Esferas da atividade humana
Enunciados
Gêneros do discurso
11. A expressão esfera designa uma instância de produção
discursiva ou de atividade humana.
As atividades humanas têm semelhanças entre si e podem
ser agrupadas: áreas específicas de cada um dos trabalhos
que a humanidade faz, área das atividades cotidianas, área
religiosa, área jornalística, área literária, área escolar, etc.
Cada campo de atividade humana tem sua linguagem
própria, com gêneros textuais bastante específicos.
Essas esferas não são textos nem discursos, mas
propiciam o surgimento de discursos.
(MARCUSCHI, 2003, p. 23)
ESFERAS DA ATIVIDADE HUMANA
12. A programação da televisão é uma ampla
área de atividade humana e pode ser usada
como um "painel" para observarmos quanto
precisamos nos apropriar de diferentes
gêneros para compreendermos o que é
transmitido e sermos críticos em relação às
ideias que nela circulam: notícia, entrevista,
reportagem, propaganda, novela, desenho
animado etc.
14. MODALIDADES DE USO DA LÍNGUA
ESFERAS ESCRITA ORALIDADE
JORNALÍSTICA editoriais; notícias; reportagens;
nota social; artigo de opinião etc.
entrevistas; notícia de rádio;
reportagens ao vivo etc.
RELIGIOSA orações; catecismo; homilias;
jaculatórias; penitências etc.
sermões; confissão; rezas;
cantorias; orações etc.
SAÚDE receita médica; bula de remédio;
parecer médico etc.
consulta; entrevista médica;
conselho; etc.
COMERCIAL rótulo; nota de venda; fatura;
nota de compra; comprovante
de pagamento etc.
publicidade de feira;
publicidade de TV;
publicidade de rádio etc.
INDUSTRIAL instruções de montagem;
descrição de obras; código de
barras; avisos etc.
ordens
JURÍDICA contratos; leis; regimentos;
estatutos; certidão de batismo;
diplomas; regras etc.
tomada de depoimento;
declarações; inquérito
judicial etc.
(MARCUSCHI, 2008, p.194)
15. OS GÊNEROS TEXTUAIS EM FOCO: PENSANDO
NA SELEÇÃO E NA PROGRESSÃO DOS ALUNOS
Três esferas precisam ser priorizadas nos anos
iniciais do ensino fundamental:
•a literária: conto, fábula, lenda, poema etc.
•a acadêmica/escolar: textos de ciências,
história e geografia, resumo, relato de
experiência, verbete de dicionário etc.
•a midiática: blog, chat, e.mail, telejornal,
reportagem, programa radiofônico, etc.
16. Os diferentes textos a serviço da
perspectiva do alfabetizar letrando
“Por que, apesar de usarmos textos
diversos em sala de aula, trabalhando
numa perspectiva do letramento, não
conseguimos alfabetizar os alunos?” (Ano
1, p. 09)
17. POR QUE ENSINAR GÊNEROS TEXTUAIS
NA ESCOLA?
A língua se configura como uma forma de ação
social, situada num contexto histórico,
representando algo do mundo real.
O texto, portanto, não é uma construção fixa e
abstrata, mas, sim, palco de negociações e
produções de múltiplos sentidos.
Assim, numa perspectiva sócio interacionista, os
eixos centrais do ensino da língua materna são a
compreensão e a produção de textos.
18. POR QUE ENSINAR GÊNEROS TEXTUAIS
NA ESCOLA?
Os textos são produzidos em situações marcadas
pela cultura e assumem formas e estilos próprios,
também historicamente marcados.
Pode-se dizer que a comunicação verbal só é
possível por meio de algum gênero, o qual se
materializa em textos que assumem formas
variadas e atendem propósitos diversos.
Nessa discussão, é importante distinguir gêneros
textuais e tipos textuais.
19. Schneuwly e Dolz (2004)
POR QUE ENSINAR GÊNEROS TEXTUAIS
NA ESCOLA?
Os gêneros são instrumentos culturais
disponíveis nas interações sociais.
São historicamente mutáveis e relativamente
estáveis.
Emergem em diferentes esferas discursivas e se
concretizam em textos, que são singulares.
20. “Aprendemos a moldar nossa fala às formas do
gênero e, ao ouvir a fala do outro, sabemos de
imediato, bem nas primeiras palavras, pressentir-
lhe o gênero, adivinhar-lhe o volume (a extensão
aproximada do todo discursivo), a dada estrutura
composicional, prever-lhe o fim. (…) Se não
existissem os gêneros do discurso e se não os
dominássemos, se tivéssemos de construir cada
um de nossos enunciados, a comunicação verbal
seria quase impossível.”
POR QUE ENSINAR GÊNEROS TEXTUAIS
NA ESCOLA?
Bakhtin (1997, p. 302)
22. 1. Conteúdo temático: os temas que costumam abordar (e o
tratamento mais usual dado a estes temas). Exemplo: o tema
casamento, pode estar presente nos gêneros poema, artigo
de opinião ou HQ.
2. Estrutura composicional: a estruturação global mais
comum, modelo social de organização textual que define
quantas partes e em que ordem elas aparecerão. É como se
fosse o esqueleto do gênero.
3. Estilo: os recursos sintáticos e lexicais (tempos e modos
verbais, vocabulário, organizadores textuais, paragrafação,
pontuação etc).
23. Quero me Casar (Carlos Drummond de Andrade)
Quero me casar
na noite na rua
no mar ou no céu
quero me casar.
Procuro uma noiva
loura morena
preta ou azul
uma noiva verde
uma noiva no ar
como um passarinho.
Depressa, que o amor
não pode esperar! Gênero: Poema
24. O Contrato de Casamento
Na semana passada comemorei trinta anos de
casamento. Recebemos dezenas de congratulações
de nossos amigos, alguns com o seguinte adendo
assustador: "Coisa rara hoje em dia". De fato, 40%
de meus amigos de infância já se separaram, e o
filme ainda nem terminou. Pelo jeito, estamos nos
esquecendo da essência do contrato de casamento,
que é a promessa de amar o outro para sempre.
Muitos casais no altar acreditam que estão
prometendo amar um ao outro enquanto o
casamento durar. Mas isso não é um contrato [...]
Gênero: Artigo de Opinião
27. Sobre a História em Quadrinhos
1. Conteúdo temático: casamento
2. Estrutura composicional: os quadrinhos, as
legendas, os balões, as metáforas visuais, as
onomatopeias. Os quadrinhos são divididos de
acordo com as ações. Em cada quadro representa-
se uma ação ou parte de uma ação, que será
completada com o quadro posterior, dando-nos a
ideia de movimento, ação, continuidade.
3. Estilo: mais informal
28. TIPOS TEXTUAIS
• São sequências definidas pela natureza
linguística da sua composição: narração,
exposição, argumentação, descrição, injunção.
• São categorias teóricas determinadas pela
organização dos elementos lexicais, sintáticos,
tempo verbal e relações lógicas presentes nos
conteúdos a serem falados ou escritos.
• Quando nomeamos um certo texto como narração
ou argumentação, não estamos nomeando o
gênero e sim o predomínio de um tipo de
sequência de base.
(MARCUSCHI, 2005; MENDONÇA 2005; SANTOS, MENDONÇA & CAVALCANTE, 2006).
29. Com uma proposta de
aprendizagem em espiral, um
mesmo gênero pode ser trabalhado
em anos escolares diversos ou até
na mesma série, com variações e
aprofundamento diversos.
Mendonça e Leal (2005)
IMPORTANTE
!
POR QUE ENSINAR GÊNEROS TEXTUAIS
NA ESCOLA?
30. .
APRENDIZAGEM EM ESPIRAL
A aprendizagem em espiral defendida por Dolz
e Schneulwy concretiza a retomada dos
gêneros ao longo do processo de
escolarização, tratados com novos olhares e
com a descoberta de novas facetas dos
mesmos. A organização do trabalho com os
gêneros textuais em cada ano escolar depende
dos objetivos pedagógicos propostos e das
habilidades e competências que se pretende
explorar. (Ano 2, p.31)
Mendonça e Leal (2005)
31. OS GÊNEROS TEXTUAIS EM FOCO: PENSANDO
NA SELEÇÃO E NA PROGRESSÃO DOS ALUNOS
Por que escolher, em cada ano, exemplares de
gêneros de diferentes agrupamentos?
Primeiro, porque os agrupamentos buscam garantir que
diferentes finalidades sociais de leitura e escrita sejam
contempladas em sala de aula, por meio de um trabalho
sistemático com gêneros variados.
Segundo, ao explorarmos um gênero de um
agrupamento, estamos proporcionando que
determinadas operações de linguagem sejam
desenvolvidas, ou seja, aquelas mais intimamente
ligadas a um agrupamento e não a outro.
32. Terceiro, há alunos com mais facilidade na produção
de textos com a finalidade de debater temas
controversos; outros em construir textos narrativos
ficcionais. Ao variarmos os gêneros, daremos
oportunidades aos alunos para também mostrarem
suas melhores habilidades e, assim, contribuímos para
mantê-los motivados a continuar seu processo de
apropriação das práticas de linguagem.
OS GÊNEROS TEXTUAIS EM FOCO: PENSANDO
NA SELEÇÃO E NA PROGRESSÃO DOS ALUNOS
Por que escolher, em cada ano, exemplares de
gêneros de diferentes agrupamentos?
33. Referências
• BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins
Fontes, 2003.
• MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e
funcionalidade. In DIONISIO, A.P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M.
A. Gêneros Textuais e Ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003.
• MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual: análise de gêneros e
compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
• SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. 26ª
Reunião Anual da Anped, 2004.
• SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ Joaquim et al. Gêneros orais e
escritos. Campinas: Mercado de Letras, 2004.
• ROJO, Roxane. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São
Paulo: Parábola Editorial, 2009.