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ENSAIO
Aprendizagem completamente dirigida versus aprendizagem
minimamente dirigida: uma solução conciliatória
Completely guided learning versus minimally guided learning: a conciliatory
solution
Nelson Pinheiro Coelho de Souza *
, José Alexandre da Silva Valente
Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil.
Resumo
Qual metodologia de ensino produz uma
aprendizagem mais eficiente: a metodologia onde
a aprendizagem é completamente dirigida ou a
metodologia onde a aprendizagem é minimamente
dirigida,talcomoocorrecomoensinoconstrutivista?
Iniciamos este artigo apresentando três argumentos
contrários à aprendizagem minimamente dirigida.
Demonstra-se, em seguida, que apesar desses três
argumentos contrários a todo tipo de ensino no
qual a aprendizagem seja minimamente dirigida,
este tipo de ensino passa a ser, à medida que o
estudante vai aumentando o seu nível de expertise,
uma metodologia mais eficiente do que o ensino
completamente dirigido. Este efeito é conhecido
como Efeito Reverso da Expertise. Como este efeito
explica o comprovado sucesso do uso da transição
da “metodologia dos exemplos resolvidos” para
a “metodologia da resolução de problemas”,
propomos, também em razão deste efeito, que
será igualmente benéfico, para a aprendizagem, a
utilizaçãodeumatransiçãoentreduasmetodologias
mais amplas: a transição gradual da aprendizagem
completamente orientada para a aprendizagem
minimamente orientada. A utilização desta
transição gradual de metodologias, aqui proposta,
possibilitará ao construtivismo realizar plenamente
o seu potencial metodológico.
Palavras-chave: construtivismo; teoria da carga
cognitiva; memória de trabalho; aprendizagem
minimamentedirigida;efeitoreversodaexpertise.
Abstract
Which teaching methodology produces a more
efficient learning: the teaching methodology
in which learning is completely guided or the
methodology in which learning is minimally
guided, as occurs in constructivism? We begin
this article by presenting three arguments against
minimally guided learning. It is shown then that
in spite of these three arguments against all
kinds of teaching in which learning is minimally
guided, this type of teaching becomes, as the
student increases his level of expertise, a more
efficient methodology than the completely guided
teaching. This effect is known as the Expertise
Reversal Effect. As this effect explains the proven
successful use of the transition from the “worked
out examples methodology” to the “problem
solving methodology”, we propose, also due
to this effect, that it will be equally beneficial
for learning, to use a transition between two
broader methodologies: the gradual transition
from completely guided learning to minimally
guided learning. The use of this gradual transition
of methodologies proposed here will enable
constructivism to fully realize its methodological
potential.
Keyword: constructivism; cognitive load theory;
working memory; minimally guided learning;
expertise reversal effect.
N.P.C. Souza – Rua Alcindo Cacela, 1924, apt. 1001, 66.040-020, Belém, PA. E-mail: npcoelho@yahoo.
com
Ciências & Cognição 2014; Vol 19(1) 76-85 <http://www.cienciasecognicao.org> © Ciências & Cognição
Submetido em 13/11/2012│Revisado em 01/11/2013│Aceito em 09/01/2014│ISSN 1806-5821 – Publicado on line em 01/03/2014
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Ciências & Cognição 2014; Vol 19(1) 76-85
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1. Introdução
Qual ensino produz uma aprendizagem mais
eficiente: o ensino no qual a aprendizagem é com-
pletamente dirigida, ou o ensino no qual a apren-
dizagem é minimamente dirigida? A questão do
nível ideal de orientação na aprendizagem tem
sido objeto de debates e controvérsias nos últi-
mos anos (Ausubel, 1964; Craig, 1956; Kirschner,
Sweller & Clark, 2006; Koedinger & Aleven, 2007;
Mayer, 2004; Shulman & Keisler, 1966). Será pos-
sível uma solução conciliatória?
Em 2006, Kirschner et al. publicaram artigo
intitulado: “Por que a orientação mínima durante
o ensino não funciona: Uma análise do fracasso
do Construtivismo, Aprendizagem por Desco-
berta, Aprendizagem Baseada em Problemas e
Aprendizagem Através da Investigação”. Neste ar-
tigo, Kirschner et al. (2006) criticam a aprendiza-
gem minimamente dirigida, ensino no qual o pro-
fessor, ao invés de fornecer todas as informações
essenciais aos alunos e de fazer o aluno praticar
usando essas informações, retém todas ou algu-
mas dessas informações essenciais e pretende
que o aluno as construa por si mesmo. Segundo
Kirschner et al. (2006) esta metodologia não pro-
duz uma aprendizagem eficiente:
“Meio século de pesquisas empíricas sobre
esta questão tem proporcionado provas con-
tundentes e inequívocas de que a orienta-
ção mínima durante a instrução é significa-
tivamente menos eficaz e eficiente do que a
orientação especificamente concebida para
dar suporte ao processamento cognitivo ne-
cessário para a aprendizagem” (Kirschner et
al., 2006, p.76).
Neste artigo, Kirschner et al. (2006) citam
a revisão da literatura feita por Mayer (2004),
referente ao período de 1950 a 1980, na qual a
Aprendizagem por descoberta (definida como
não-dirigida) é comparada com formas dirigidas
de ensino:
“a cada nova década desde a década de 50,
sempre que estudos empíricos forneciam
evidências sólidas de que a abordagem não-
dirigida então utilizada não funcionava, uma
abordagem semelhante aparecia com um
nome diferente com o ciclo se repetindo.
Cada novo grupo de advogados para as abor-
dagens não-dirigidas parecia ou desconhe-
cer ou estar desinteressado nas evidências
anteriores de que as abordagens não-dirigi-
das não tinham sido validadas. Este padrão
produziu a Aprendizagem por Descoberta,
que deu lugar a Aprendizagem Experiencial,
que deu lugar a Aprendizagem Baseada em
Problemas e na Investigação, que deu lugar
às técnicas construtivistas de ensino. Mayer
(2004) conclui que o debate sobre a Apren-
dizagem por Descoberta tem se repetido
muitas vezes na educação, mas toda a vez
que isso ocorreu, as evidências favoreceram
a abordagem dirigida para a aprendizagem”
(Kirschner et al., 2006, p. 79).
Os�����������������������������������������construtivistas praticam a mesma “apren-
dizagem minimamente dirigida” que diversas pes-
quisas empíricas têm mostrado ser ineficiente. É
precisamente esse aspecto das práticas construti-
vistas (aprendizagem minimamente dirigida) que
analisaremos neste artigo. Iniciaremos analisan-
do três argumentos contrários ao ensino minima-
mente orientado e favoráveis ao ensino comple-
tamente orientado. Os dois primeiros argumentos
aqui analisados foram retirados do artigo em que
Kirschner et al. (2006) desferem ataque a apren-
dizagem minimamente dirigida e, consequente-
mente às práticas construtivistas. Eis que nessas a
aprendizagem também é minimamente dirigida.
Após a análise desses três argumentos con-
trários à aprendizagem minimamente dirigida,
apresentamos exemplos de situações em que nem
o ensino explícito nem o ensino construtivista são
as metodologias ideais. A metodologia ideal é uma
transição entre essas duas metodologias.
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2. Primeiro argumento contrário à aprendizagem
minimamentedirigida:das limitaçõesdaMemória
de Trabalho
A Memória de Trabalho tem a função de ar-
mazenamento de curto prazo de informações e
de controle executivo da cognição e do compor-
tamento. A Memória de Trabalho tem limitações
de capacidade e de duração:
“[...] quase toda informação armazenada na
memória de trabalho é perdida dentro de
30 segundos se não for repetida e a capaci-
dade da memória de trabalho é limitada a
apenas um número muito pequeno de ele-
mentos. Este número é comumente estima-
do em aproximadamente sete, mas pode
ser tão baixo quanto quatro, mais ou menos
um” (Clark et al., 2012, p. 9).
A Teoria da Carga Cognitiva pressupõe que
todo processamento consciente da informação
ocorre em nossa limitada Memória de Trabalho
e que, uma vez excedida a capacidade dessa, fica
prejudicada a formação de esquemas na Memó-
ria de Trabalho e, consequentemente, o seu ar-
mazenamento na Memória de Longo Prazo. As-
sim, sempre que o esforço mental sobre a memó-
ria de trabalho for maior do que a sua capacidade,
a aprendizagem ficará comprometida.
Como as limitações de capacidade e de du-
ração de nossa Memória de Trabalho condicio-
nam o modo como aprendemos, devem também
condicionar o modo como ensinamos. Em razão
dessas limitações, o tipo de ensino mais eficien-
te será aquele que buscar evitar a ultrapassagem
desses limites.
Um ensino no qual a aprendizagem é mini-
mamente dirigida, demanda um esforço mental
que pode ultrapassar as limitações de capacida-
de e de duração da memória de trabalho preju-
dicando a aprendizagem. Para Clark, Kirschner &
Sweller (2012), em razão dessas limitações, a ins-
trução deve ser explícita e clara (argumento No
1).
Um exemplo de como a Memória de Traba-
lho pode ser sobrecarregada em práticas de um
ensino minimamente orientado pode ser encon-
trado nas práticas envolvendo a resolução de pro-
blemas. A resolução de problemas implementada
no contexto de um ensino minimamente orien-
tado é uma prática tipicamente utilizada no Ensi-
no pela Investigação, Aprendizagem Baseada em
Problemas, e por professores construtivistas. Ve-
jamos como a resolução de problemas neste con-
texto pode resultar na sobrecarga da memória de
trabalho:
“Resolver um problema requer a busca de
uma solução, a qual deve ocorrer usando-
se nossa limitada memória de trabalho. Se
o aluno não possui os conceitos ou procedi-
mentos relevantes na memória de longo pra-
zo, então a única coisa a fazer é uma busca
cega dos possíveis passos da solução que fa-
çam a ponte na lacuna entre o problema e a
sua solução. Este processo coloca uma gran-
de carga na capacidade da memória de tra-
balho porque o solucionador do problema
tem que continuamente manter e processar
o atual estado da resolução na memória de
trabalho (i.e. Onde eu estou agora no proces-
so de resolução do problema? Quão longe
eu estou de achar uma solução?) juntamen-
te com o estado meta (i.e. Para onde eu devo
ir? Qual é a solução?), as relações entre o es-
tado meta e o atual estado de resolução (i.e.
Será este um bom passo em direção à solu-
ção do problema? Será que a minha ação me
ajudou a ficar mais próximo de onde eu devo
ir?), os passos da solução que poderiam re-
duzir ainda mais as diferenças entre os dois
estados (i.e. qual deve ser o próximo passo?
Será esse passo me colocará mais próximo
da solução? Existe outra estratégia de reso-
lução que eu possa usar que seja melhor?)
e algum sub-objetivo que exista no meio do
caminho” (Clark et al., 2012, p. 10).
Esta sobrecarga da Memória de Trabalho
pode �������������������������������������������prejudicar a aprendizagem. Isto ocorre por-
que buscar a solução de um problema enquanto
se tenta aprender o esquema subjacente repre-
senta uma dupla tarefa. Se a tarefa de buscar a
solução sobrecarregar a memória de trabalho,
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não restará capacidade na memória de trabalho e
a tarefa de aprender o esquema subjacente ficará
comprometida, ou seja, a busca pela solução do
problema pode comprometer a própria aprendi-
zagem (Sweller, 1988).
Para evitar a carga cognitiva (esforço mental
imposto a memória de trabalho por uma deter-
minada tarefa), associada à resolução de proble-
mas, Sweller em sua Teoria da Carga Cognitiva
propõe que os alunos aprendam estudando um
grande número de exemplos resolvidos. Para alu-
nos iniciantes em determinado assunto, isto é,
para aqueles alunos que não dispõem daqueles
conhecimentos prévios que são pré-requisitos
à aprendizagem de um novo conhecimento, a
aprendizagem através de exemplos resolvidos é
superior à aprendizagem que ocorre quando os
alunos buscam descobrir ou construir a solução
de um problema. Esta superioridade, fartamente
replicada experimentalmente desde 1985, foi de-
nominada de Efeito do Exemplo Resolvido (Swel-
ler, 1998). A confirmação experimental do Efeito
do Exemplo Resolvido é para Sweller uma das
provas da superioridade da aprendizagem com-
pletamente dirigida sobre a aprendizagem mini-
mamente dirigida (Clark et al., 2012).
É oportuno destacar que Sweller, criador da
Teoria da Carga Cognitiva, encontra-se em déci-
mo lugar no ranking mundial dos autores com
maior produtividade, isto é, com maior número
de artigos publicados nas cinco melhores revistas
de psicologia educacional do mundo, no período
de 2003 a 2008, segundo pesquisa publicada em
2009 em artigo da revista Contemporary Educatio-
nal Psychology (Jones, Fong, Torres, Yoo, Decker
& Robson, 2009). Dada a importância de Swel-
ler para a Psicologia da Educação, as críticas que
como co-autor de Kirschner et al. 2006, desferiu
às metodologias de ensino onde a aprendizagem
é minimamente dirigida, suscitaram reações de
importantes teóricos da Aprendizagem Baseada
em Problemas (ABP). Examinaremos apenas a ré-
plica de �������������������������������������Hmelo,�������������������������������Duncan & Chinn (2007)���������rebaten-
do as críticas de Kirschner et al. (2006).
Em sua réplica, eles discordam de Kirsch-
ner et al. (2006), quando estes, ao apresentarem
exemplos de aprendizagem minimamente dirigida
(a Aprendizagem por Descoberta é um dos exem-
plos), enquadraram nesta categoria a Aprendiza-
gem Baseada em Problemas.
Para Hmelo et al. (2007), o problema com a
linha de pensamento de Kirschner et al. (2006) é
que na metodologia da Aprendizagem Baseada
em Problemas, os alunos são muito e não mini-
mamente orientados - são auxiliados passo a pas-
so como que amparados/guiados por um “andai-
me”:
“Ao invés de ser contrária a muitos dos prin-
cípios da aprendizagem guiada discutidos
por Sweller, tanto a ABP com a AI (Aprediza-
gem pela Investigação) empregam o auxílio
passo a passo reduzindo assim a carga cog-
nitiva e permitindo aos estudantes aprende-
rem em domínios complexos” (Hmelo et al.,
2007, p. 99).
Percebe-se, no texto acima, que Hmelo et
al. (2007) não atacam a Teoria da Carga Cogniti-
va, pelo contrário até utilizam a expressão “car-
ga cognitiva” quando reconhecem a necessidade
de que o ensino seja orientado para que a “carga
cognitiva” seja reduzida �����������������������permitindo aos estudan-
tes aprender em domínios complexos��������������. A insatisfa-
ção de Hmelo et al. (2007) é com o fato de Swel-
ler ter classificado a Aprendizagem Baseada em
Problemas na categoria de “aprendizagem mini-
mamente dirigida”, enquadrando-a assim na mes-
ma categoria da fracassada “Aprendizagem pela
Descoberta”. Sweller et al. (2007), em sua tréplica
responderam:
“Hmelo et al. (2007) também concor-
dam conosco que orientação no ensino
éimportante[...]Hmeloetal.(2007)não
fazem distinção entre ABP e Aprendiza-
gem por Investigação (AI), mas insistem
que ambas são diferentes da Aprendiza-
gem pela Descoberta. Historicamente, a
Aprendizagem pela Descoberta em sua
forma pura foi lentamente descartada e
substituída pela “Descoberta Guiada”,
a medida em que o desastre comple-
to da Descoberta pura foi se tornando
aparente. Da mesma forma, a mais re-
cente ênfase em auxiliar passo a passo
o aluno defendida por Hmelo (2007) e
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Ciências & Cognição 2014; Vol 19(1) 76-85
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Schmidt (2007) para a ABP e para a AI
foi forçada pelas evidências da não efe-
tividade do ABP “puro” e do AI “puro”,
sem auxílio passo a passo ao aluno.
Contudo nós ainda continuamos inca-
pazes de determinar as diferenças entre
a Descoberta Guiada e a ABP com auxí-
lio passo a passo e AI com auxílio passo
a passo ao aluno. Além disso, embora o
auxílio passo a passo, assim como toda
e qualquer orientação para novatos,
seja melhor do que nenhum auxílio pas-
so a passo, o derradeiro auxílio passo a
passo, o que fornece aos alunos todas
as informações necessárias incluindo a
completa solução do problema – ou an-
tes da tarefa ou bem a tempo durante a
tarefa – é ainda melhor” (Sweller et al.,
2007, p. 9).
Sweller et al. 2007 continuam sua tréplica a
Hmelo et al. (2007) se referindo ao uso de “andai-
mes” pela ABP. É oportuno esclarecer que a pala-
vra “andaime”, tradução da palavra scaffold, tem
em textos de educação na lingua inglesa o signi-
ficado de um auxílio passo a passo fornecido ao
aluno. Sweller afirma que estes “andaimes” não
são suficientes para tornar a ABP uma metodo-
logia de ensino que produza uma aprendizagem
eficiente, pois o melhor andaime que se pode dar
a um aluno, que é fornecer exemplos resolvidos,
é ignorado pela ABP.
“Na seção intitulada “O uso de andaimes em
ABP e AI”, Hmelo et al. (2007) descrevem
uma grande variedade de andaimes eficazes.
Concordamos que os diferentes andaimes
utilizados são eficazes quando comparados
com o uso de nenhum “andaime”. Contudo,
o único “andaime” que eles parecem ignorar
é aquele onde se fornece aos aprendentes o
problema juntamente com um procedimen-
to de resolução que pode ser usado para ge-
rar a sua solução.
[...] Hmelo et al. (2007) pouco se referem a
arquitetura cognitiva humana. Eles indicam
corretamente que o “andaime” reduz a car-
ga sobre a memória de trabalho. Contudo,
do mesmo modo que outros defensores do
ensino construtivista eles não fazem nenhu-
ma tentativa de explicar como deixar de for-
necer aos alunos a solução de um problema
ajuda na transferência dessa solução para
a memória de longo prazo” (Sweller et al.,
2007, p. 9).
É importante notar que os teóricos da ABP
concordam que a carga cognitiva sobre a me-
mória de trabalho deve ser reduzida durante a
aprendizagem e que o ensino minimamente diri-
gido não é eficiente. Sweller e os teóricos da ABP
apenas discordam do nível de explicitação do en-
sino. Para Sweller, quando a instrução for para ini-
ciantes, o nível de explicitação deve ser completo,
propondo Sweller inclusive o uso mais frequente
de exemplos resolvidos no ensino.
3. Segundo argumento contrário à aprendizagem
minimamente dirigida: da verdadeira natureza
da “aprendizagem ativa”
A Aprendizagem por Descoberta foi criticada
por sua concepção equivocada de ensino ativo,
ensino no qual o aluno deveria assumir o papel
de um “pequeno cientista”:
“O aluno ao repetir os procedimentos adota-
dos pelo cientista na elaboração do conheci-
mento redescobrirá, por si mesmo os concei-
tos e interpretará os fenômenos chegando as
mesmas conclusões cientificamente aceitas.
Nesta perspectiva, acreditava-se que reti-
rando-se o estudante da “passividade do
ouvir” para a “atividade do fazer”, se estaria
propiciando ao aluno uma elaboração men-
tal e, consequentemente, a comprensão de
conceitos e fenômenos naturais. Entretanto,
tal concepção mostrou-se enganosa uma vez
que “movimentar as mãos” não significa ne-
cessariamente “movimentar as ideias” (Cha-
ves, 1993, p. 5).
Este mesmo tipo de crítica que se faz aqueles
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que defendiam o ensino pseudo-ativo, propiciado
pela Aprendizagem por Redescoberta, pode ser
feito também à crença construtivista de que um
ensino completamente orientado não pode pro-
piciar uma aprendizagem ativa. Esta é uma crença
equivocada. Sweller, Ayres & Kalyuga (2011) de-
fendem, por exemplo, que a utilização de exem-
plos resolvidos não é uma forma de transmissão
de conhecimento desprovida de uma aprendiza-
gem ativa:
“Estudar exemplos resolvidos oferece um
dos melhores, talvez o melhor, meio de
aprender a resolver problemas em um do-
mínio novo. Outras críticas à utilização de
exemplos resolvidos tendem a ser mais de
natureza ideológica. Os construtivistas, em
particular, tendem a considerar exemplos re-
solvidos como uma forma de transmissão de
conhecimento, desprovido de uma aprendi-
zagem ativa e desprovida da tão valorizada
experiência em resolução de problemas. É
claro que, a aprendizagem, ser ou não ativa,
é algo que não está relacionado à atividade
física dos alunos. Pode-se ser tão mental-
mente ativo enquanto se estuda um exem-
plo quanto quando se resolve um problema.
É a consequência cognitiva da atividade que
importa” (Sweller et al., 2011, p. 107).
Em suma, o ensino onde a aprendizagem é
completamente dirigida, não é necessariamente
menos cognitivamente ativo do que o ensino mi-
nimamente orientado. Clark et al. 2012 também
criticam a crença de que o ensino ativo envolve
necessariamente a atividade comportamental:
“Infelizmente, esta suposição incorreta está
bastante espalhada. Mayer a chama de “a
falácia do ensino construtivista”. Colocado
em termos simples; a atividade cognitiva
pode ocorrer com ou sem atividade com-
portamental, e a atividade comportamental
não garante de modo algum atividade cog-
nitiva. Na verdade, o tipo de processamento
cognitivo ativo que os estudantes precisam
se engajar para “construirem” conhecimen-
to pode acontecer através da leitura de um
livro, ouvindo uma palestra, observando um
professor realizar um experimento enquanto
descreve o que está fazendo, etc. Aprender
requer a construção do conhecimento. Reter
a informação não a fornecendo aos alunos
não facilita a construção do conhecimento”
(Clark et al., 2012, p. 8).
4. Terceiro argumento: da impossibilidade lógica
de se inferir convenções arbitrárias
A���������������������������������������crença de que um menor nível de expli-
citação contribui para a aprendizagem, decorre,
em parte, de um equívoco. Piaget disse que as
crianças devem construir o conhecimento, não
disse que elas devem construir o conhecimento
sozinhas:
“Possivelmente a suposição mais amplamen-
te aceita sobre aprendizagem é a de que o
estudante é o construtor do seu próprio co-
nhecimento. Esta diretriz piagetiana muitas
vezes é mal interpretada como sendo a afir-
mação de que as crianças devem construir o
seu conhecimento mais ou menos sozinhas,
no decorrer da resolução colaborativa de um
problema. Em termos discursivos, isto signi-
ficaria que se espera dos estudantes que de-
senvolvam o discurso matemático enquanto
interagem um com outro. Os nossos dados
[...] mostraram a inatingibilidade desta cren-
ça também” (Sfard, 2001, p. 14).
Não somente a interação com o outro, mas
também a interação com a situação pode resultar
em uma aprendizagem ineficiente quando divor-
ciada de um ensino completamente orientado.
Pretender que o aluno construa os conceitos ape-
nas interagindo com as situações é também um
grande equívoco, conforme leciona Novak (2006),
um dos mais renomados teóricos da Aprendiza-
gem Significativa:
“Existe uma noção equivocada de que es-
tudos investigativos garantirão a aprendiza-
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gem significativa. A realidade é que a não
ser que os alunos possuam pelo menos uma
compreensão conceitual rudimentar do fe-
nômeno que estão investigando, a ativida-
de pode levar a pouco ou nenhum ganho
em seu conhecimento relevante e pode ser
nada mais do que um trabalho para manter
o aluno ocupado. De fato, o suporte baseado
em pesquisas, para a amplamente recomen-
dada Aprendizagem através de Investigações
é inexistente” (Novak, 2006, p. 5).
Ou seja, a simples interação do aluno com si-
tuações ou com outras pessoas pode não garantir
que este venha a construir o conhecimento que
deve aprender, caso estas interações não indi-
quem explicitamente para o aluno o que fazer e
como fazer. Mas o ensino explícito (aprendizagem
completamente dirigida) não impede o aluno de
construir sozinho seu próprio conhecimento? Em
razão do modo como o ensino explícito e o ensino
construtivista são definidos é natural ima-ginar-se
que sejam abordagens incompatíveis. O ensino
explícito eliminaria a possibilidade de o aluno
construir sozinho seu próprio conhecimento. Con-
tudo, a construção do conhecimento pelos alunos
não pode dispensar o ensino explícito, uma vez
que grande parte do que se aprende envolve con-
venções, e não existem bases lógicas que justifi-
quem a pretensão de que os alunos possam sozi-
nhos (sem o ensino explícito) inferir convenções:
“Exigir do professor que não intervenha no
processo de aprendizagem – pois, caso con-
trário, estaria “conduzindo” o aluno e assim
impedindo uma “aprendizagem significati-
va” – é desobrigá-lo de apresentar essas no-
vas maneiras de ver, as quais não decorrem
naturalmente das hipóteses do aluno. São
convenções” (Gottschalk, 2008, p. 88).
Enfim, reter o conhecimento (ensino mini-
mamente orientado), como ocorre em algumas
práticas construtivistas, nem sempre ajuda a pró-
pria construção do conhecimento. Isto é parti-
cularmente verdadeiro, quando a aprendizagem
envolve convenções. Em razão da inexistência
de bases lógicas que possibilitem aos alunos in-
ferirem convenções arbitrárias, não se pode pre-
tender que reter o conhecimento relativo a essas
convenções possa auxiliá-los a construí-las (argu-
mento No
3).
Vale ressaltar que não apenas as convenções
arbitrárias, mas também lacunas nos conheci-
mentos dos alunos, isto é, a inexistência de co-
nhecimentos prévios que sejam pré-requisitos à
construção de um novo conhecimento, podem ser
obstáculos lógicos e cognitivos (sobrecarregam a
memória de trabalho na medida em que podem
suscitar um número enorme de hipóteses alter-
nativas) à construção do conhecimento (Sweller,
2004).
Embora a aprendizagem seja idiossincrática,
estas diversas construções de raciocínio possíveis,
porém incorretas do ponto de vista da lógica, po-
dem e devem ser minimizadas eliminando-se as
lacunas. Para alunos iniciantes, isto deve ser feito
através de um ensino onde a aprendizagem seja
completamente dirigida.
E por fim, é importante destacar que, segun-
do Mortimer (1996), as lacunas são obstáculos
tão danosos à construção do conhecimento quan-
to os conflitos cognitivos gerados com as concep-
ções alternativas dos alunos:
“[...] as lacunas são tão importantes quan-
to os conflitos. São poucos os autores [...]
que se referem às lacunas como um tipo de
perturbação. Várias estratégias baseadas no
conflito cognitivo parecem não reconhecer
que, muitas vezes, no processo de constru-
ção de uma ideia nova, a falta de informa-
ções para interpretar os resultados de um
experimento é obstáculo maior que o confli-
to entre as ideias dos estudantes e os resul-
tados” (Motimer, 1996, p.22).
Veremos, a seguir, exemplos de situações em
que nem a utilização da metodologia dos exem-
plos resolvidos, nem a metodologia baseada em
problemas a resolver, são as metodologias ideais.
A metodologia ideal é uma transição entre essas
duas metodologias.
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5. Uma transição de metodologias: dos exemplos
resolvidos aos exercícios a resolver
Segundo resultados experimentais obtidos
por pesquisadores da Teoria da Carga Cognitiva, a
metodologia da aprendizagem baseada no estudo
de exemplos resolvidos é, para iniciantes em um
determinado assunto, superior à aprendizagem
baseada na resolução de problemas. Isto ocorre
porque, para os alunos inexperientes, a aprendi-
zagem baseada na resolução de problemas pode
sobrecarregar a limitada capacidade da Memória
de Trabalho, comprometendo a aprendizagem
(Souza, 2010).
Contudo, verificou-se experimentalmente
que, à medida que o nível de expertise dos alunos
vai aumentando, a eficiência da instrução basea-
da no estudo de exemplos resolvidos, em um pri-
meiro momento, desaparece, e em um segundo
momento ocorre a sua reversão, ou seja, a�������utili-
zação da metodologia dos exemplos resolvidos,
inicialmente eficiente quando o aluno ainda não
adquiriu expertise no assunto, passa a ser contra-
producente à medida que o aluno vai adquirindo
expertise. Isto ocorre porque à medida que os ini-
ciantes vão se tornando mais experientes, o efeito
de se estudar problemas resolvidos deixa de ser
vantajoso e passa a ser redundante em relação ao
esquema que o aluno já tem armazenado na sua
memória de longo prazo (Sweller et al., 2011).
Para o aluno que adquiriu mais expertise, a
aprendizagem baseada na resolução de proble-
mas passa a ser superior à aprendizagem a par-
tir do estudo de exemplos resolvidos. Em razão
dessa reversão, sugerem os autores da Teoria da
Carga Cognitiva que em um primeiro momento
os alunos, ainda iniciantes em um determinado
tópico, estudem exemplos resolvidos, e num mo-
mento posterior, quando já adquiriram um maior
volume de conhecimentos, passem a aprender
resolvendo problemas sozinhos.
Sugerem ainda os autores da Teoria da Car-
ga Cognitiva que, à medida que o aluno for ga-
nhando expertise, que ocorra a gradual transição
entre estudar exemplos resolvidos e resolver pro-
blemas sozinhos. Para tornar esta transição, entre
essas duas metodologias, mais suave, Atkinson,
Derry, Renkl & Wortham (2000) propuseram uma
variação do método já utilizado pela Teoria da
Carga Cognitiva, de alternar exemplos resolvidos
com exercícios a resolver. Eles testaram se os dois
modos de aprendizagem (estudo de exemplos
resolvidos e resolução de problemas) poderiam
ser combinados sucessivamente, introduzindo-se
gradativamente mais e mais elementos da resolu-
ção de problemas no estudo de exemplos resolvi-
dos até que os aprendizes passassem a resolver
os problemas sozinhos. Eles propuseram uma
transição gradual da utilização de problemas re-
solvidos até a utilização de problemas a resolver
(Atkinson et al., 2000).
Para tornar esta transição suave eles intro-
duziram problemas parcialmente resolvidos, ou
seja, problemas em que a resolução de alguns
itens ou passos é omitida. Na transição entre as
duas metodologias, o número de itens omitidos
nos exemplos parcialmente resolvidos vai aumen-
tando até que o aluno passe a resolver um proble-
ma totalmente sozinho. Nesta transição de meto-
dologias, o nível de assistência ao aluno deve ser
adaptado em função do nível de conhecimentos
prévios do aluno (Clark, Nguyen, & Sweller, 2006;
Souza, 2010). As experiências pedagógicas reali-
zadas demonstraram que a utilização da transição
da metodologia dos exemplos a resolver para a
metodologia da resolução de problemas beneficia
a aprendizagem mais do que a utilização isolada
dessas metodologias (Sweller et al., 2011).
Como o Efeito Reverso da Expertise explica o
comprovado sucesso da transição da “metodolo-
gia dos exemplos resolvidos” para a “metodologia
da resolução de exercícios”, pode-se inferir que
também em razão deste Efeito, será igualmente
benéfico para a aprendizagem, uma transição gra-
dual entre metodologias mais amplas; a transição
da metodologia da aprendizagem completamen-
te dirigida para a metodologia construtivista da
aprendizagem minimamente dirigida. Portanto,
propomos aqui esta transição gradual entre estas
duas metodologias mais amplas.
84
Ciências & Cognição 2014; Vol 19(1) 76-85
<http://www.cienciasecognicao.org >
6. Conclusão
O sucesso das práticas construtivistas, onde
o professor retém um conhecimento pretenden-
do com isso levar o aluno a construir o seu co-
nhecimento, esbarra em dois tipos de obstáculos:
limitações cognitivas e limitações lógicas. As limi-
tações cognitivas são as limitações da memória
de trabalho que é o gargalo da aprendizagem com
suas limitações de capacidade e duração. As limi-
tações lógicas decorrem do fato de a maior par-
te do nosso conhecimento envolver convenções
arbitrárias e não existirem bases lógicas que nos
permitam inferir convenções arbitrárias.
Para superar os obstáculos cognitivos e ló-
gicos sugerimos que a aprendizagem seja, para
alunos iniciantes em um determinado assunto,
completamente dirigida. Contudo, embora esta
metodologia seja adequada para os alunos ini-
ciantes, à medida que estes ganham expertise,
esta metodologia passa a ser ineficiente em ra-
zão do Efeito Reverso da Expertise. Por esse mo-
tivo, conjecturamos que a metodologia de ensino
onde a aprendizagem é minimamente dirigida
passe a ser mais eficiente à medida que o aluno
vai aumentando seu nível de expertise.
Assim, tendo em vista o Efeito Reverso da
Expertise, neste artigo propusemos como solu-
ção ao atualíssimo debate sobre o nível ideal de
orientação no ensino, não a mera transição da
metodologia dos exemplos resolvidos para a me-
todologia dos exercícios a resolver, transição esta
já proposta pelos teóricos da Teoria da Carga Cog-
nitiva, mas sim, uma transição mais ampla de me-
todologias; a transição gradual da metodologia
do ensino onde a aprendizagem é completamen-
te dirigida, para a metodologia de ensino, onde a
aprendizagem é minimamente dirigida, como no
ensino construtivista, ou parcialmente dirigida,
como na Aprendizagem Baseada em Problemas.
Ao utilizar-se esta transição de metodo-
logias, o construtivismo (ensino minimamente
orientado) e o ensino completamente orientado
deixam de ser metodologias incompatíveis, po-
dendo ser considerados, neste contexto, como
metodologias complementares. Acreditamos que
o uso dessa transição de metodologias possibili-
tará ao construtivismo realizar plenamente o seu
potencial metodológico.
Sugerimos que mais pesquisas experimen-
tais sejam feitas para avaliar o impacto da prática
desta transição de metodologias na aprendiza-
gem e os procedimentos necessários para adap-
tar o ritmo da transição ao ritmo de aprendiza-
gem e ao nível de expertise de cada aluno.
7. Referências bibliográficas
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Aprendizagem completamente dirigida versus aprendizagem minimamente dirigida: uma solução conciliatória

  • 1. 76 ENSAIO Aprendizagem completamente dirigida versus aprendizagem minimamente dirigida: uma solução conciliatória Completely guided learning versus minimally guided learning: a conciliatory solution Nelson Pinheiro Coelho de Souza * , José Alexandre da Silva Valente Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil. Resumo Qual metodologia de ensino produz uma aprendizagem mais eficiente: a metodologia onde a aprendizagem é completamente dirigida ou a metodologia onde a aprendizagem é minimamente dirigida,talcomoocorrecomoensinoconstrutivista? Iniciamos este artigo apresentando três argumentos contrários à aprendizagem minimamente dirigida. Demonstra-se, em seguida, que apesar desses três argumentos contrários a todo tipo de ensino no qual a aprendizagem seja minimamente dirigida, este tipo de ensino passa a ser, à medida que o estudante vai aumentando o seu nível de expertise, uma metodologia mais eficiente do que o ensino completamente dirigido. Este efeito é conhecido como Efeito Reverso da Expertise. Como este efeito explica o comprovado sucesso do uso da transição da “metodologia dos exemplos resolvidos” para a “metodologia da resolução de problemas”, propomos, também em razão deste efeito, que será igualmente benéfico, para a aprendizagem, a utilizaçãodeumatransiçãoentreduasmetodologias mais amplas: a transição gradual da aprendizagem completamente orientada para a aprendizagem minimamente orientada. A utilização desta transição gradual de metodologias, aqui proposta, possibilitará ao construtivismo realizar plenamente o seu potencial metodológico. Palavras-chave: construtivismo; teoria da carga cognitiva; memória de trabalho; aprendizagem minimamentedirigida;efeitoreversodaexpertise. Abstract Which teaching methodology produces a more efficient learning: the teaching methodology in which learning is completely guided or the methodology in which learning is minimally guided, as occurs in constructivism? We begin this article by presenting three arguments against minimally guided learning. It is shown then that in spite of these three arguments against all kinds of teaching in which learning is minimally guided, this type of teaching becomes, as the student increases his level of expertise, a more efficient methodology than the completely guided teaching. This effect is known as the Expertise Reversal Effect. As this effect explains the proven successful use of the transition from the “worked out examples methodology” to the “problem solving methodology”, we propose, also due to this effect, that it will be equally beneficial for learning, to use a transition between two broader methodologies: the gradual transition from completely guided learning to minimally guided learning. The use of this gradual transition of methodologies proposed here will enable constructivism to fully realize its methodological potential. Keyword: constructivism; cognitive load theory; working memory; minimally guided learning; expertise reversal effect. N.P.C. Souza – Rua Alcindo Cacela, 1924, apt. 1001, 66.040-020, Belém, PA. E-mail: npcoelho@yahoo. com Ciências & Cognição 2014; Vol 19(1) 76-85 <http://www.cienciasecognicao.org> © Ciências & Cognição Submetido em 13/11/2012│Revisado em 01/11/2013│Aceito em 09/01/2014│ISSN 1806-5821 – Publicado on line em 01/03/2014
  • 2. 77 Ciências & Cognição 2014; Vol 19(1) 76-85 <http://www.cienciasecognicao.org > 1. Introdução Qual ensino produz uma aprendizagem mais eficiente: o ensino no qual a aprendizagem é com- pletamente dirigida, ou o ensino no qual a apren- dizagem é minimamente dirigida? A questão do nível ideal de orientação na aprendizagem tem sido objeto de debates e controvérsias nos últi- mos anos (Ausubel, 1964; Craig, 1956; Kirschner, Sweller & Clark, 2006; Koedinger & Aleven, 2007; Mayer, 2004; Shulman & Keisler, 1966). Será pos- sível uma solução conciliatória? Em 2006, Kirschner et al. publicaram artigo intitulado: “Por que a orientação mínima durante o ensino não funciona: Uma análise do fracasso do Construtivismo, Aprendizagem por Desco- berta, Aprendizagem Baseada em Problemas e Aprendizagem Através da Investigação”. Neste ar- tigo, Kirschner et al. (2006) criticam a aprendiza- gem minimamente dirigida, ensino no qual o pro- fessor, ao invés de fornecer todas as informações essenciais aos alunos e de fazer o aluno praticar usando essas informações, retém todas ou algu- mas dessas informações essenciais e pretende que o aluno as construa por si mesmo. Segundo Kirschner et al. (2006) esta metodologia não pro- duz uma aprendizagem eficiente: “Meio século de pesquisas empíricas sobre esta questão tem proporcionado provas con- tundentes e inequívocas de que a orienta- ção mínima durante a instrução é significa- tivamente menos eficaz e eficiente do que a orientação especificamente concebida para dar suporte ao processamento cognitivo ne- cessário para a aprendizagem” (Kirschner et al., 2006, p.76). Neste artigo, Kirschner et al. (2006) citam a revisão da literatura feita por Mayer (2004), referente ao período de 1950 a 1980, na qual a Aprendizagem por descoberta (definida como não-dirigida) é comparada com formas dirigidas de ensino: “a cada nova década desde a década de 50, sempre que estudos empíricos forneciam evidências sólidas de que a abordagem não- dirigida então utilizada não funcionava, uma abordagem semelhante aparecia com um nome diferente com o ciclo se repetindo. Cada novo grupo de advogados para as abor- dagens não-dirigidas parecia ou desconhe- cer ou estar desinteressado nas evidências anteriores de que as abordagens não-dirigi- das não tinham sido validadas. Este padrão produziu a Aprendizagem por Descoberta, que deu lugar a Aprendizagem Experiencial, que deu lugar a Aprendizagem Baseada em Problemas e na Investigação, que deu lugar às técnicas construtivistas de ensino. Mayer (2004) conclui que o debate sobre a Apren- dizagem por Descoberta tem se repetido muitas vezes na educação, mas toda a vez que isso ocorreu, as evidências favoreceram a abordagem dirigida para a aprendizagem” (Kirschner et al., 2006, p. 79). Os�����������������������������������������construtivistas praticam a mesma “apren- dizagem minimamente dirigida” que diversas pes- quisas empíricas têm mostrado ser ineficiente. É precisamente esse aspecto das práticas construti- vistas (aprendizagem minimamente dirigida) que analisaremos neste artigo. Iniciaremos analisan- do três argumentos contrários ao ensino minima- mente orientado e favoráveis ao ensino comple- tamente orientado. Os dois primeiros argumentos aqui analisados foram retirados do artigo em que Kirschner et al. (2006) desferem ataque a apren- dizagem minimamente dirigida e, consequente- mente às práticas construtivistas. Eis que nessas a aprendizagem também é minimamente dirigida. Após a análise desses três argumentos con- trários à aprendizagem minimamente dirigida, apresentamos exemplos de situações em que nem o ensino explícito nem o ensino construtivista são as metodologias ideais. A metodologia ideal é uma transição entre essas duas metodologias.
  • 3. 78 Ciências & Cognição 2014; Vol 19(1) 76-85 <http://www.cienciasecognicao.org > 2. Primeiro argumento contrário à aprendizagem minimamentedirigida:das limitaçõesdaMemória de Trabalho A Memória de Trabalho tem a função de ar- mazenamento de curto prazo de informações e de controle executivo da cognição e do compor- tamento. A Memória de Trabalho tem limitações de capacidade e de duração: “[...] quase toda informação armazenada na memória de trabalho é perdida dentro de 30 segundos se não for repetida e a capaci- dade da memória de trabalho é limitada a apenas um número muito pequeno de ele- mentos. Este número é comumente estima- do em aproximadamente sete, mas pode ser tão baixo quanto quatro, mais ou menos um” (Clark et al., 2012, p. 9). A Teoria da Carga Cognitiva pressupõe que todo processamento consciente da informação ocorre em nossa limitada Memória de Trabalho e que, uma vez excedida a capacidade dessa, fica prejudicada a formação de esquemas na Memó- ria de Trabalho e, consequentemente, o seu ar- mazenamento na Memória de Longo Prazo. As- sim, sempre que o esforço mental sobre a memó- ria de trabalho for maior do que a sua capacidade, a aprendizagem ficará comprometida. Como as limitações de capacidade e de du- ração de nossa Memória de Trabalho condicio- nam o modo como aprendemos, devem também condicionar o modo como ensinamos. Em razão dessas limitações, o tipo de ensino mais eficien- te será aquele que buscar evitar a ultrapassagem desses limites. Um ensino no qual a aprendizagem é mini- mamente dirigida, demanda um esforço mental que pode ultrapassar as limitações de capacida- de e de duração da memória de trabalho preju- dicando a aprendizagem. Para Clark, Kirschner & Sweller (2012), em razão dessas limitações, a ins- trução deve ser explícita e clara (argumento No 1). Um exemplo de como a Memória de Traba- lho pode ser sobrecarregada em práticas de um ensino minimamente orientado pode ser encon- trado nas práticas envolvendo a resolução de pro- blemas. A resolução de problemas implementada no contexto de um ensino minimamente orien- tado é uma prática tipicamente utilizada no Ensi- no pela Investigação, Aprendizagem Baseada em Problemas, e por professores construtivistas. Ve- jamos como a resolução de problemas neste con- texto pode resultar na sobrecarga da memória de trabalho: “Resolver um problema requer a busca de uma solução, a qual deve ocorrer usando- se nossa limitada memória de trabalho. Se o aluno não possui os conceitos ou procedi- mentos relevantes na memória de longo pra- zo, então a única coisa a fazer é uma busca cega dos possíveis passos da solução que fa- çam a ponte na lacuna entre o problema e a sua solução. Este processo coloca uma gran- de carga na capacidade da memória de tra- balho porque o solucionador do problema tem que continuamente manter e processar o atual estado da resolução na memória de trabalho (i.e. Onde eu estou agora no proces- so de resolução do problema? Quão longe eu estou de achar uma solução?) juntamen- te com o estado meta (i.e. Para onde eu devo ir? Qual é a solução?), as relações entre o es- tado meta e o atual estado de resolução (i.e. Será este um bom passo em direção à solu- ção do problema? Será que a minha ação me ajudou a ficar mais próximo de onde eu devo ir?), os passos da solução que poderiam re- duzir ainda mais as diferenças entre os dois estados (i.e. qual deve ser o próximo passo? Será esse passo me colocará mais próximo da solução? Existe outra estratégia de reso- lução que eu possa usar que seja melhor?) e algum sub-objetivo que exista no meio do caminho” (Clark et al., 2012, p. 10). Esta sobrecarga da Memória de Trabalho pode �������������������������������������������prejudicar a aprendizagem. Isto ocorre por- que buscar a solução de um problema enquanto se tenta aprender o esquema subjacente repre- senta uma dupla tarefa. Se a tarefa de buscar a solução sobrecarregar a memória de trabalho,
  • 4. 79 Ciências & Cognição 2014; Vol 19(1) 76-95 <http://www.cienciasecognicao.org > não restará capacidade na memória de trabalho e a tarefa de aprender o esquema subjacente ficará comprometida, ou seja, a busca pela solução do problema pode comprometer a própria aprendi- zagem (Sweller, 1988). Para evitar a carga cognitiva (esforço mental imposto a memória de trabalho por uma deter- minada tarefa), associada à resolução de proble- mas, Sweller em sua Teoria da Carga Cognitiva propõe que os alunos aprendam estudando um grande número de exemplos resolvidos. Para alu- nos iniciantes em determinado assunto, isto é, para aqueles alunos que não dispõem daqueles conhecimentos prévios que são pré-requisitos à aprendizagem de um novo conhecimento, a aprendizagem através de exemplos resolvidos é superior à aprendizagem que ocorre quando os alunos buscam descobrir ou construir a solução de um problema. Esta superioridade, fartamente replicada experimentalmente desde 1985, foi de- nominada de Efeito do Exemplo Resolvido (Swel- ler, 1998). A confirmação experimental do Efeito do Exemplo Resolvido é para Sweller uma das provas da superioridade da aprendizagem com- pletamente dirigida sobre a aprendizagem mini- mamente dirigida (Clark et al., 2012). É oportuno destacar que Sweller, criador da Teoria da Carga Cognitiva, encontra-se em déci- mo lugar no ranking mundial dos autores com maior produtividade, isto é, com maior número de artigos publicados nas cinco melhores revistas de psicologia educacional do mundo, no período de 2003 a 2008, segundo pesquisa publicada em 2009 em artigo da revista Contemporary Educatio- nal Psychology (Jones, Fong, Torres, Yoo, Decker & Robson, 2009). Dada a importância de Swel- ler para a Psicologia da Educação, as críticas que como co-autor de Kirschner et al. 2006, desferiu às metodologias de ensino onde a aprendizagem é minimamente dirigida, suscitaram reações de importantes teóricos da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP). Examinaremos apenas a ré- plica de �������������������������������������Hmelo,�������������������������������Duncan & Chinn (2007)���������rebaten- do as críticas de Kirschner et al. (2006). Em sua réplica, eles discordam de Kirsch- ner et al. (2006), quando estes, ao apresentarem exemplos de aprendizagem minimamente dirigida (a Aprendizagem por Descoberta é um dos exem- plos), enquadraram nesta categoria a Aprendiza- gem Baseada em Problemas. Para Hmelo et al. (2007), o problema com a linha de pensamento de Kirschner et al. (2006) é que na metodologia da Aprendizagem Baseada em Problemas, os alunos são muito e não mini- mamente orientados - são auxiliados passo a pas- so como que amparados/guiados por um “andai- me”: “Ao invés de ser contrária a muitos dos prin- cípios da aprendizagem guiada discutidos por Sweller, tanto a ABP com a AI (Aprediza- gem pela Investigação) empregam o auxílio passo a passo reduzindo assim a carga cog- nitiva e permitindo aos estudantes aprende- rem em domínios complexos” (Hmelo et al., 2007, p. 99). Percebe-se, no texto acima, que Hmelo et al. (2007) não atacam a Teoria da Carga Cogniti- va, pelo contrário até utilizam a expressão “car- ga cognitiva” quando reconhecem a necessidade de que o ensino seja orientado para que a “carga cognitiva” seja reduzida �����������������������permitindo aos estudan- tes aprender em domínios complexos��������������. A insatisfa- ção de Hmelo et al. (2007) é com o fato de Swel- ler ter classificado a Aprendizagem Baseada em Problemas na categoria de “aprendizagem mini- mamente dirigida”, enquadrando-a assim na mes- ma categoria da fracassada “Aprendizagem pela Descoberta”. Sweller et al. (2007), em sua tréplica responderam: “Hmelo et al. (2007) também concor- dam conosco que orientação no ensino éimportante[...]Hmeloetal.(2007)não fazem distinção entre ABP e Aprendiza- gem por Investigação (AI), mas insistem que ambas são diferentes da Aprendiza- gem pela Descoberta. Historicamente, a Aprendizagem pela Descoberta em sua forma pura foi lentamente descartada e substituída pela “Descoberta Guiada”, a medida em que o desastre comple- to da Descoberta pura foi se tornando aparente. Da mesma forma, a mais re- cente ênfase em auxiliar passo a passo o aluno defendida por Hmelo (2007) e
  • 5. 80 Ciências & Cognição 2014; Vol 19(1) 76-85 <http://www.cienciasecognicao.org > Schmidt (2007) para a ABP e para a AI foi forçada pelas evidências da não efe- tividade do ABP “puro” e do AI “puro”, sem auxílio passo a passo ao aluno. Contudo nós ainda continuamos inca- pazes de determinar as diferenças entre a Descoberta Guiada e a ABP com auxí- lio passo a passo e AI com auxílio passo a passo ao aluno. Além disso, embora o auxílio passo a passo, assim como toda e qualquer orientação para novatos, seja melhor do que nenhum auxílio pas- so a passo, o derradeiro auxílio passo a passo, o que fornece aos alunos todas as informações necessárias incluindo a completa solução do problema – ou an- tes da tarefa ou bem a tempo durante a tarefa – é ainda melhor” (Sweller et al., 2007, p. 9). Sweller et al. 2007 continuam sua tréplica a Hmelo et al. (2007) se referindo ao uso de “andai- mes” pela ABP. É oportuno esclarecer que a pala- vra “andaime”, tradução da palavra scaffold, tem em textos de educação na lingua inglesa o signi- ficado de um auxílio passo a passo fornecido ao aluno. Sweller afirma que estes “andaimes” não são suficientes para tornar a ABP uma metodo- logia de ensino que produza uma aprendizagem eficiente, pois o melhor andaime que se pode dar a um aluno, que é fornecer exemplos resolvidos, é ignorado pela ABP. “Na seção intitulada “O uso de andaimes em ABP e AI”, Hmelo et al. (2007) descrevem uma grande variedade de andaimes eficazes. Concordamos que os diferentes andaimes utilizados são eficazes quando comparados com o uso de nenhum “andaime”. Contudo, o único “andaime” que eles parecem ignorar é aquele onde se fornece aos aprendentes o problema juntamente com um procedimen- to de resolução que pode ser usado para ge- rar a sua solução. [...] Hmelo et al. (2007) pouco se referem a arquitetura cognitiva humana. Eles indicam corretamente que o “andaime” reduz a car- ga sobre a memória de trabalho. Contudo, do mesmo modo que outros defensores do ensino construtivista eles não fazem nenhu- ma tentativa de explicar como deixar de for- necer aos alunos a solução de um problema ajuda na transferência dessa solução para a memória de longo prazo” (Sweller et al., 2007, p. 9). É importante notar que os teóricos da ABP concordam que a carga cognitiva sobre a me- mória de trabalho deve ser reduzida durante a aprendizagem e que o ensino minimamente diri- gido não é eficiente. Sweller e os teóricos da ABP apenas discordam do nível de explicitação do en- sino. Para Sweller, quando a instrução for para ini- ciantes, o nível de explicitação deve ser completo, propondo Sweller inclusive o uso mais frequente de exemplos resolvidos no ensino. 3. Segundo argumento contrário à aprendizagem minimamente dirigida: da verdadeira natureza da “aprendizagem ativa” A Aprendizagem por Descoberta foi criticada por sua concepção equivocada de ensino ativo, ensino no qual o aluno deveria assumir o papel de um “pequeno cientista”: “O aluno ao repetir os procedimentos adota- dos pelo cientista na elaboração do conheci- mento redescobrirá, por si mesmo os concei- tos e interpretará os fenômenos chegando as mesmas conclusões cientificamente aceitas. Nesta perspectiva, acreditava-se que reti- rando-se o estudante da “passividade do ouvir” para a “atividade do fazer”, se estaria propiciando ao aluno uma elaboração men- tal e, consequentemente, a comprensão de conceitos e fenômenos naturais. Entretanto, tal concepção mostrou-se enganosa uma vez que “movimentar as mãos” não significa ne- cessariamente “movimentar as ideias” (Cha- ves, 1993, p. 5). Este mesmo tipo de crítica que se faz aqueles
  • 6. 81 Ciências & Cognição 2014; Vol 19(1) 76-95 <http://www.cienciasecognicao.org > que defendiam o ensino pseudo-ativo, propiciado pela Aprendizagem por Redescoberta, pode ser feito também à crença construtivista de que um ensino completamente orientado não pode pro- piciar uma aprendizagem ativa. Esta é uma crença equivocada. Sweller, Ayres & Kalyuga (2011) de- fendem, por exemplo, que a utilização de exem- plos resolvidos não é uma forma de transmissão de conhecimento desprovida de uma aprendiza- gem ativa: “Estudar exemplos resolvidos oferece um dos melhores, talvez o melhor, meio de aprender a resolver problemas em um do- mínio novo. Outras críticas à utilização de exemplos resolvidos tendem a ser mais de natureza ideológica. Os construtivistas, em particular, tendem a considerar exemplos re- solvidos como uma forma de transmissão de conhecimento, desprovido de uma aprendi- zagem ativa e desprovida da tão valorizada experiência em resolução de problemas. É claro que, a aprendizagem, ser ou não ativa, é algo que não está relacionado à atividade física dos alunos. Pode-se ser tão mental- mente ativo enquanto se estuda um exem- plo quanto quando se resolve um problema. É a consequência cognitiva da atividade que importa” (Sweller et al., 2011, p. 107). Em suma, o ensino onde a aprendizagem é completamente dirigida, não é necessariamente menos cognitivamente ativo do que o ensino mi- nimamente orientado. Clark et al. 2012 também criticam a crença de que o ensino ativo envolve necessariamente a atividade comportamental: “Infelizmente, esta suposição incorreta está bastante espalhada. Mayer a chama de “a falácia do ensino construtivista”. Colocado em termos simples; a atividade cognitiva pode ocorrer com ou sem atividade com- portamental, e a atividade comportamental não garante de modo algum atividade cog- nitiva. Na verdade, o tipo de processamento cognitivo ativo que os estudantes precisam se engajar para “construirem” conhecimen- to pode acontecer através da leitura de um livro, ouvindo uma palestra, observando um professor realizar um experimento enquanto descreve o que está fazendo, etc. Aprender requer a construção do conhecimento. Reter a informação não a fornecendo aos alunos não facilita a construção do conhecimento” (Clark et al., 2012, p. 8). 4. Terceiro argumento: da impossibilidade lógica de se inferir convenções arbitrárias A���������������������������������������crença de que um menor nível de expli- citação contribui para a aprendizagem, decorre, em parte, de um equívoco. Piaget disse que as crianças devem construir o conhecimento, não disse que elas devem construir o conhecimento sozinhas: “Possivelmente a suposição mais amplamen- te aceita sobre aprendizagem é a de que o estudante é o construtor do seu próprio co- nhecimento. Esta diretriz piagetiana muitas vezes é mal interpretada como sendo a afir- mação de que as crianças devem construir o seu conhecimento mais ou menos sozinhas, no decorrer da resolução colaborativa de um problema. Em termos discursivos, isto signi- ficaria que se espera dos estudantes que de- senvolvam o discurso matemático enquanto interagem um com outro. Os nossos dados [...] mostraram a inatingibilidade desta cren- ça também” (Sfard, 2001, p. 14). Não somente a interação com o outro, mas também a interação com a situação pode resultar em uma aprendizagem ineficiente quando divor- ciada de um ensino completamente orientado. Pretender que o aluno construa os conceitos ape- nas interagindo com as situações é também um grande equívoco, conforme leciona Novak (2006), um dos mais renomados teóricos da Aprendiza- gem Significativa: “Existe uma noção equivocada de que es- tudos investigativos garantirão a aprendiza-
  • 7. 82 Ciências & Cognição 2014; Vol 19(1) 76-85 <http://www.cienciasecognicao.org > gem significativa. A realidade é que a não ser que os alunos possuam pelo menos uma compreensão conceitual rudimentar do fe- nômeno que estão investigando, a ativida- de pode levar a pouco ou nenhum ganho em seu conhecimento relevante e pode ser nada mais do que um trabalho para manter o aluno ocupado. De fato, o suporte baseado em pesquisas, para a amplamente recomen- dada Aprendizagem através de Investigações é inexistente” (Novak, 2006, p. 5). Ou seja, a simples interação do aluno com si- tuações ou com outras pessoas pode não garantir que este venha a construir o conhecimento que deve aprender, caso estas interações não indi- quem explicitamente para o aluno o que fazer e como fazer. Mas o ensino explícito (aprendizagem completamente dirigida) não impede o aluno de construir sozinho seu próprio conhecimento? Em razão do modo como o ensino explícito e o ensino construtivista são definidos é natural ima-ginar-se que sejam abordagens incompatíveis. O ensino explícito eliminaria a possibilidade de o aluno construir sozinho seu próprio conhecimento. Con- tudo, a construção do conhecimento pelos alunos não pode dispensar o ensino explícito, uma vez que grande parte do que se aprende envolve con- venções, e não existem bases lógicas que justifi- quem a pretensão de que os alunos possam sozi- nhos (sem o ensino explícito) inferir convenções: “Exigir do professor que não intervenha no processo de aprendizagem – pois, caso con- trário, estaria “conduzindo” o aluno e assim impedindo uma “aprendizagem significati- va” – é desobrigá-lo de apresentar essas no- vas maneiras de ver, as quais não decorrem naturalmente das hipóteses do aluno. São convenções” (Gottschalk, 2008, p. 88). Enfim, reter o conhecimento (ensino mini- mamente orientado), como ocorre em algumas práticas construtivistas, nem sempre ajuda a pró- pria construção do conhecimento. Isto é parti- cularmente verdadeiro, quando a aprendizagem envolve convenções. Em razão da inexistência de bases lógicas que possibilitem aos alunos in- ferirem convenções arbitrárias, não se pode pre- tender que reter o conhecimento relativo a essas convenções possa auxiliá-los a construí-las (argu- mento No 3). Vale ressaltar que não apenas as convenções arbitrárias, mas também lacunas nos conheci- mentos dos alunos, isto é, a inexistência de co- nhecimentos prévios que sejam pré-requisitos à construção de um novo conhecimento, podem ser obstáculos lógicos e cognitivos (sobrecarregam a memória de trabalho na medida em que podem suscitar um número enorme de hipóteses alter- nativas) à construção do conhecimento (Sweller, 2004). Embora a aprendizagem seja idiossincrática, estas diversas construções de raciocínio possíveis, porém incorretas do ponto de vista da lógica, po- dem e devem ser minimizadas eliminando-se as lacunas. Para alunos iniciantes, isto deve ser feito através de um ensino onde a aprendizagem seja completamente dirigida. E por fim, é importante destacar que, segun- do Mortimer (1996), as lacunas são obstáculos tão danosos à construção do conhecimento quan- to os conflitos cognitivos gerados com as concep- ções alternativas dos alunos: “[...] as lacunas são tão importantes quan- to os conflitos. São poucos os autores [...] que se referem às lacunas como um tipo de perturbação. Várias estratégias baseadas no conflito cognitivo parecem não reconhecer que, muitas vezes, no processo de constru- ção de uma ideia nova, a falta de informa- ções para interpretar os resultados de um experimento é obstáculo maior que o confli- to entre as ideias dos estudantes e os resul- tados” (Motimer, 1996, p.22). Veremos, a seguir, exemplos de situações em que nem a utilização da metodologia dos exem- plos resolvidos, nem a metodologia baseada em problemas a resolver, são as metodologias ideais. A metodologia ideal é uma transição entre essas duas metodologias.
  • 8. 83 Ciências & Cognição 2014; Vol 19(1) 76-95 <http://www.cienciasecognicao.org > 5. Uma transição de metodologias: dos exemplos resolvidos aos exercícios a resolver Segundo resultados experimentais obtidos por pesquisadores da Teoria da Carga Cognitiva, a metodologia da aprendizagem baseada no estudo de exemplos resolvidos é, para iniciantes em um determinado assunto, superior à aprendizagem baseada na resolução de problemas. Isto ocorre porque, para os alunos inexperientes, a aprendi- zagem baseada na resolução de problemas pode sobrecarregar a limitada capacidade da Memória de Trabalho, comprometendo a aprendizagem (Souza, 2010). Contudo, verificou-se experimentalmente que, à medida que o nível de expertise dos alunos vai aumentando, a eficiência da instrução basea- da no estudo de exemplos resolvidos, em um pri- meiro momento, desaparece, e em um segundo momento ocorre a sua reversão, ou seja, a�������utili- zação da metodologia dos exemplos resolvidos, inicialmente eficiente quando o aluno ainda não adquiriu expertise no assunto, passa a ser contra- producente à medida que o aluno vai adquirindo expertise. Isto ocorre porque à medida que os ini- ciantes vão se tornando mais experientes, o efeito de se estudar problemas resolvidos deixa de ser vantajoso e passa a ser redundante em relação ao esquema que o aluno já tem armazenado na sua memória de longo prazo (Sweller et al., 2011). Para o aluno que adquiriu mais expertise, a aprendizagem baseada na resolução de proble- mas passa a ser superior à aprendizagem a par- tir do estudo de exemplos resolvidos. Em razão dessa reversão, sugerem os autores da Teoria da Carga Cognitiva que em um primeiro momento os alunos, ainda iniciantes em um determinado tópico, estudem exemplos resolvidos, e num mo- mento posterior, quando já adquiriram um maior volume de conhecimentos, passem a aprender resolvendo problemas sozinhos. Sugerem ainda os autores da Teoria da Car- ga Cognitiva que, à medida que o aluno for ga- nhando expertise, que ocorra a gradual transição entre estudar exemplos resolvidos e resolver pro- blemas sozinhos. Para tornar esta transição, entre essas duas metodologias, mais suave, Atkinson, Derry, Renkl & Wortham (2000) propuseram uma variação do método já utilizado pela Teoria da Carga Cognitiva, de alternar exemplos resolvidos com exercícios a resolver. Eles testaram se os dois modos de aprendizagem (estudo de exemplos resolvidos e resolução de problemas) poderiam ser combinados sucessivamente, introduzindo-se gradativamente mais e mais elementos da resolu- ção de problemas no estudo de exemplos resolvi- dos até que os aprendizes passassem a resolver os problemas sozinhos. Eles propuseram uma transição gradual da utilização de problemas re- solvidos até a utilização de problemas a resolver (Atkinson et al., 2000). Para tornar esta transição suave eles intro- duziram problemas parcialmente resolvidos, ou seja, problemas em que a resolução de alguns itens ou passos é omitida. Na transição entre as duas metodologias, o número de itens omitidos nos exemplos parcialmente resolvidos vai aumen- tando até que o aluno passe a resolver um proble- ma totalmente sozinho. Nesta transição de meto- dologias, o nível de assistência ao aluno deve ser adaptado em função do nível de conhecimentos prévios do aluno (Clark, Nguyen, & Sweller, 2006; Souza, 2010). As experiências pedagógicas reali- zadas demonstraram que a utilização da transição da metodologia dos exemplos a resolver para a metodologia da resolução de problemas beneficia a aprendizagem mais do que a utilização isolada dessas metodologias (Sweller et al., 2011). Como o Efeito Reverso da Expertise explica o comprovado sucesso da transição da “metodolo- gia dos exemplos resolvidos” para a “metodologia da resolução de exercícios”, pode-se inferir que também em razão deste Efeito, será igualmente benéfico para a aprendizagem, uma transição gra- dual entre metodologias mais amplas; a transição da metodologia da aprendizagem completamen- te dirigida para a metodologia construtivista da aprendizagem minimamente dirigida. Portanto, propomos aqui esta transição gradual entre estas duas metodologias mais amplas.
  • 9. 84 Ciências & Cognição 2014; Vol 19(1) 76-85 <http://www.cienciasecognicao.org > 6. Conclusão O sucesso das práticas construtivistas, onde o professor retém um conhecimento pretenden- do com isso levar o aluno a construir o seu co- nhecimento, esbarra em dois tipos de obstáculos: limitações cognitivas e limitações lógicas. As limi- tações cognitivas são as limitações da memória de trabalho que é o gargalo da aprendizagem com suas limitações de capacidade e duração. As limi- tações lógicas decorrem do fato de a maior par- te do nosso conhecimento envolver convenções arbitrárias e não existirem bases lógicas que nos permitam inferir convenções arbitrárias. Para superar os obstáculos cognitivos e ló- gicos sugerimos que a aprendizagem seja, para alunos iniciantes em um determinado assunto, completamente dirigida. Contudo, embora esta metodologia seja adequada para os alunos ini- ciantes, à medida que estes ganham expertise, esta metodologia passa a ser ineficiente em ra- zão do Efeito Reverso da Expertise. Por esse mo- tivo, conjecturamos que a metodologia de ensino onde a aprendizagem é minimamente dirigida passe a ser mais eficiente à medida que o aluno vai aumentando seu nível de expertise. Assim, tendo em vista o Efeito Reverso da Expertise, neste artigo propusemos como solu- ção ao atualíssimo debate sobre o nível ideal de orientação no ensino, não a mera transição da metodologia dos exemplos resolvidos para a me- todologia dos exercícios a resolver, transição esta já proposta pelos teóricos da Teoria da Carga Cog- nitiva, mas sim, uma transição mais ampla de me- todologias; a transição gradual da metodologia do ensino onde a aprendizagem é completamen- te dirigida, para a metodologia de ensino, onde a aprendizagem é minimamente dirigida, como no ensino construtivista, ou parcialmente dirigida, como na Aprendizagem Baseada em Problemas. Ao utilizar-se esta transição de metodo- logias, o construtivismo (ensino minimamente orientado) e o ensino completamente orientado deixam de ser metodologias incompatíveis, po- dendo ser considerados, neste contexto, como metodologias complementares. Acreditamos que o uso dessa transição de metodologias possibili- tará ao construtivismo realizar plenamente o seu potencial metodológico. Sugerimos que mais pesquisas experimen- tais sejam feitas para avaliar o impacto da prática desta transição de metodologias na aprendiza- gem e os procedimentos necessários para adap- tar o ritmo da transição ao ritmo de aprendiza- gem e ao nível de expertise de cada aluno. 7. Referências bibliográficas Atkinson, R.; Derry, S.; Renkl, A.; Wortham, D. (2000). Learning from Examples: Instructional Principles from the Worked Examples Research. Review of Educational research, 70(2), 181-214. Ausubel, D. (1964). Some Psychological and Edu- cational Limitations of Learning by Discovery. The Arithmetic Teacher,11, 230-302. Clark, R.; Kirschner, P.; Sweller, J. (2012). Putting students on the path to learning: The case for ful- ly guided instruction. American Educator, 36(1), 6-11. Craig, R. (1956). Directed versus Independent Dis- covery of Established Relations; Journal of Educa- tional Psychology, 47(4), 223-234. Chaves, S. (1993). Evolução de Idéias e Idéias de Evolução: A Evolução dos seres vivos na ótica de aluno e professor de Biologia do ensino secundá- rio. Dissertação de Mestrado- Faculdade de Edu- cação, Universidade Estadual de Campinas, Cam- pinas, SP. Clark, R. C.; Nguyen, F.; Sweller, J. (2006). Effi- ciency in Learning. Evidence-Based Guidelines to Manage Cognitive Load. San Francisco: Pfeiffer Gottschalk, C. (2004). A Natureza do conhecimen- to Matemático sob a Perspectiva de Wittgenstein: algumas implicações educacionais. Cadernos de História e Filosofia da Ciência, 14(2), 305-334. Hmelo, C.; Duncan, R. G.; Chinn, C. A. (2007) Scaf-
  • 10. 85 Ciências & Cognição 2014; Vol 19(1) 76-95 <http://www.cienciasecognicao.org > folding and achievement in problem-based and inquiry learning: A response to Kirschner, Sweller, and Clark. Educational Psychologist, 42, 99–107. Jones, S.; Fong, C.; Torres, L.; Yoo, J.; Decker, M.; Robson, D. (2009). Productivity in educational psychology journals from 2003 to 2008. Contem- porary Educational Psychology, 35(1), 11-16. Kalyuga, S.; Chandler, P.; Sweller, J. (2001). Learn- er experience and efficiency of instructional guid- ance. Educational Psychology, 21, 5-23, Kirschner, P.; Sweller, J.; Clark, R. (2006). Why minimal guidance during instruction does not work: An analysis of the failure of constructivist, discovery, problem-based, experiential and inqui- ry-based teaching. Educational Psychologist, 41, 75-86. Koedinger, K. R.; Aleven, V. (2007). Exploring the Assistance Dilemma in Experiments with Cogni- tive Tutors. Educational Psychology Review,19, 239–264. Mayer, R. (2004). Should there be a Three-Strike Rule against Pure Discovery learning? The case for guided Methodos of Instruction. America Psychol- ogist. 59(1), 14-19. Mortimer, E. F. (1996). Construtivismo, mudança conceitual e ensino de ciências: para onde va- mos? Investigações em ensino de Ciências. 1(1), 20-39. Novak, J. D.; Canas, A. J. (2008). ��������������The Theory Un- derlying Concept Maps and How to Construct Them, Technical Report IHMC CmapTools, Flor- ida Institute for Human and Machine Cognition. Retirado em 28/07/2012, no World Wide Web: http://cmap.ihmc.us/Publications/ResearchPa- pers/TheoryUnderlyingConceptMaps.pdf. Schmidt, H. G.; Loyens, S. M.; Gog, T. V.; Paas, F. (2007). Problem based learning is compatible with human cognitive architecture: Commentary on Kirschner, Sweller, and Clark. Educational Psy- chologist, 42, 91–97. Sfard, A. (2001). Learning mathematics as devel- oping discourse. In R. Speiser, C. Maher, C. Walter (Eds), Proceedings of 21st Conference of PME-NA (pp. 23-44). Columbus, Ohio: Clearing House for Science, mathematics, and Environmental Educa- tion. Shulman, L.; Keisler, E. (1966). Learning by discov- ery: A critical appraisal. Chicago: RandMcNally. Souza, N. (2010). Teoria da Carga Cognitiva: Ori- gem, Desenvolvimento e Diretrizes de Aplicação ao processo ensino aprendizagem. Dissertação de Mestrado, Instituto de Educação Matemática e Científica, Universidade Federal do Pará. Sweller, J. (1988). Cognitive load during problem solving: effects on learning. Cognitive Science, 12, 257-285. Sweller, J.; Merrienboer J.; Paas, P. (1998). Cogni- tive Architecture and Instructional Design. Educa- tional Psychology Review, 10(3), 251-296. Sweller, J. (2004). Instructional Design Conse- quences of an Analogy between Evolution by nat- ural Selection and Human Cognitive Architecture. Netherlands: Kluwer Academic Publisher. Sweller, J.; Kirschner, P.; Clark, R. (2007). Why min- imally guided teaching techniques do not work: a reply to commentaries. Educational Psychologist, 42, 115-121. Sweller, J.; Ayres, P.; Kalyuga, S. (2011). Cognitive Load Theory. New York: Springer.