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                                       A E scola
    A nossa história começa em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais na
cidade de Itabira,onde existe extração de minério desde o ano de l937. apesar de já
estarmos no ano de l99l, a cidade apresenta aspecto do início do século com todo o seu
atrazo caraterístico do Brasil sem futuro. Sebastião, personagem central de toda
confusão provocada na mente dos meninos, é a personificação do pai que os garotos
gostariam de ter, e é um desconhecido que chegou à cidade de há pouco mais de treis
anos e leciona história no ginásio principal e único da cidade. ninguém conhece a sua
origem, de onde ele veio, ou mesmo o seu sobrenome. parece que ele veio abruptamente e
entrou para o cenário da história daqueles meninos. personagem fantástica, que os
meninos daquela pacata cidade idolatraram.

             Bem,vejamos como começa a história que parece não ter fim.

.


                                 Como tudo começou
                           Uma     sala de aula de história
     No próximo verão marcharemos em direção a nossa caverna que se
encontra no alto daquela montanha que nós vimos quando fomos a São Paulo
no ano passado.
assim começou Sebastião a falar, tão logo os alunos regressaram do recreio, naquela tarde
de verão que já chegava ao fim. todos arregalaram os olhos como se fosse coisa do
outro mundo aquela atitude de Sebastião ao pronunciar aquela palavra mágica, caverna,
que inspira algo misterioso nas profundezas da alma infantil. a princípio não parecia ser
muito interessante para alunos da terceira série ginasial. eram meninos de 12 a 15 anos
quase todos pertencentes a famílias de operários da cidade de itabira. havia na sala
meninos de todas as cores: brancos , morenos, pretos ; mas como todos tinham o mesmo
nível social havia uma perfeita harmonia entre eles . os alunos começaram uma certa
algazarra na sala de aula. mas sebastião que já conhecia as crianças através dos olhos,
calou-se repentinamente não dizendo nem mais uma palavra. daí de repente todos se
calaram como que por encanto e esperaram que Sebastião começasse a dizer aquilo que
eles gostariam de ouvir, e que nem por sonho poderiam adivinhar o que seria.


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enquanto estavam assim naquela pequena confusão , Sebastião voltava-se com o
pensamento para o reino da fantasia que só existia dentro de sua alma; mas que haveria
de conquistar todos aqueles coraçõezinhos infantis que ali diante dele se encontravam à
espera da grande aventura que haveriam de empreender a partir daquele momento. daí o
seu cérebro procurou fugir para as mais longínquas paragens do ideal .

em sua feição observa-se uma serenidade completa , semelhante a existente no semblante
da esfinge, que em pleno deserto, mantém os olhos hirtos em direção ao infinito , ou
ainda , dos olhos de quem já completou um grande sonho que se transformou em
realidade.

    Durante esses poucos minutos seguidos , ele fugiu as mais altas montanhas,
procurando através da natureza algo que pudesse demonstrar a quietude que ia em seu
espírito de fantasia. queria ele transmitir aos garotos que só uma coisa pode tornar o
homem invencível: “ a vontade de vencer” . tudo correu como ele imaginara. os que
estavam mais exaltados já haviam se acalmado contemplando a face daquele que iria
iniciar com eles uma grande aventura. aventura esta que centenas de crianças gostariam
de empreender . passaram-se mais alguns segundos e Sebastião começou a falar: como eu
lhes disse , no próximo verão marcharemos todos e mais alguns dos nossos colegas para
uma grande aventura. há muitos anos que eu prometo a meus alunos levá-los a um lugar
onde existe uma grande caverna misteriosa.

quando falou a palavra caverna misteriosa, todos os olhos que estavam naquela sala
aquietaram-se cada vez mais.podia se ouvir o zumbido de uma mosca na sala de aula, e
continuou dizendo Sebastião: - até hoje não houve a possibilidade de subirmos, porém,
neste verão nós todos iremos. vocês todos gostariam de ir?. foi a primeira pergunta quais
todos responderam prontamente que sim. muitos daqueles que responderam que sim,
estavam sentindo o entusiasmo da maioria. mas sebastião começou a falar o que era uma
caverna. antes porem deu um grande suspiro como quem tomava fôlego para falar. bem o
negócio é o seguinte: - A caverna é muito grande e está em

uma das montanhas mais altas do país . a sua porta encontra-se aberta dia e
noite onde todos podem ver o que se encontra lá dentro . pedras de todas as
cores; verde, azul, cristal de rocha onde tudo reflete a luz do sol formando lá
dentro , o mais bonito arco íris por causa de uma fonte de água cristalina. a luz
do sol passa por um buraco existente na parte superior da caverna e ilumina

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toda ela por dentro. sebastião continuou falando quando a campainha tocou
avisando o término da aula. alguns já pegavam o material para saírem quando
ele avisou que nos dias seguintes de aula continuaria a contar-lhes como eram
as coisas lá em cima.
via-se um grande contentamento no semblante de todos aqueles meninos . eram
rapazinhos de treze a quatorze anos mal feitos, que naqueles poucos minutos
acabavam de sonhar um pouco. era apenas um sonho, mas, quem sabe? um dia
poderia tornar-se realidade. e este dia seria o mais glorioso para todas as
crianças do brasil e talvez de todo o mundo.
• naquele dia Sebastião saiu pela rua triste e pensativo, como se o único que
  não acreditasse na caverna fosse ele e uma tristeza imensa invadiu sua alma
  como se o mundo fechasse o rosto para ele. Afinal não havia razão para ficar
  triste. ele mesmo criara a fantasia que agora não podia voltar atrás; consigo
  mesmo agora ele dizia baixinho é preciso ir adiante. não podemos parar agora
  que tudo já começou. como criança é muito flexível em relação a fantasia os
  sonhos devem ser alimentados todos os dias até um dia tornar-se realidade.
  como pode uma palavra modificar a mente ? como é estranha a força
  interior?. como o pensamento de uma criança pode operar maravilhas. assim
  ia ele pensando quando foi abordado por uns alunos que o alcançaram em
  plena rua a caminho da casa, e o interpelaram; sr sebastião, era como os
  alunos costumavam chamá-lo, --- como pode existir no alto de uma montanha
  uma caverna gigantesca? - ah ... vocês compreendem como são as coisas,
  Deus fez a natureza de tal maneira que nós podemos aproveitá-la a medida
  que precisamos dela. uma caverna é geralmente formada pela erosão através
  dos tempos. a parte interna é de material que se dilui facilmente com a água
  da chuva que vai carregando lentamente partículas mais leves, deixando a
  parte externa que é mais dura. assim são formadas todas as cavernas.
    aquelas palavras não foram muito bem compreendida. por isso uns
acreditavam e outros ainda não tinham muita confiança. .mas a maioria
vibrava com a coisa inédita que em breve eles conheceriam.
    a partir daquele dia sebastião observou que entre eles havia uma amizade
mais profunda do que antes . basta dizer que a freqüência em sala de aula
melhorou quase cem por cento. aquele índice muito alto de freqüência para uma

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turma indisciplinada e desorientada era algo assombroso. o aproveitamento
passou a ser melhor do que nos meses anteriores. todos os alunos da terceira
série já haviam melhorado suas notas, muitos dos pais já tinham desconfiado
desta melhora mas ninguém sabia o que estava transformando os seus filhos
de uma hora para outra. era necessário que a partir de agora.          a velinha do
ideal nunca mais se apagasse para que pudesse levar cada aluno a descobrir
sua própria caverna ... tudo aconteceu tão de repente que muitos dos
professores quiseram saber o que se passava por de trás de tudo aquilo. volta e
meia tornavam a se reunirem para discutir como seria grande tal caminhada
para a caverna. já corria o mês de maio e as reuniões preparativas não mais se
realizavam em sala de aula, e sim no grande pátio todos os sábados à tarde.
    e ali naquele velho pátio cercado de muro quase caindo,cheio de musgos e
liquens pelas parede, somente eles agora pisavam para aprender sobre a “ terra
prometida” . eram cerca de 40 meninos que com o consentimento do diretor se
reuniam ali, para juntamente com Sebastião traçarem

planos para atingir aquele objetivo tão almejado e sonhado por todos. Essas reuniões

chamaram a tenção de outros meninos que também queriam tomar parte do bando.

a princípio muitos meninos tomaram parte , mas logo depois desistiam e só os mais
persistentes continuariam a assistir as reuniões..as reuniões mais consistiam de jogos de

campo e de palestras sobre as coisas do campo. como o grupo estava , crescendo , era
preciso uma organização mais bem orientada e que iria exigir mais energia de sebastião.

. estando agora o grupo com cerca de setenta meninos , foi necessário dividi-los
em dois grupos de trinta e cinco alunos em cada reunião para os jogos
preparativos.

                                    Rufino sonhou

    Certa noite, , no meio de toda confusão, o Rufino teve um sonho no qual ele
estava reclamando de muita coisa: Sonhou que já era adulto e depois de ter todo
fracasso na vida,reclamava:

    -Fico imaginando como podia Sebastião naquela época ter tanta
imaginação que deixava qualquer um de boca aberta. como poderia eu ,que


                                                                                            4
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depois de percorrer todo o caminho que sebastião me mostrou,, sonhar aquela
maravilha a procura de uma caverna, que ele ensinou existir dentro de cada um
de nós, e depois eu sentir como a morte rondava seu espírito? . quantas vezes
solitário onde todas as forças pareciam perdidas e o temor de algo existente
dentro de mim não explicavam aquilo que atemorizava meu espirito ?. lembro-
me perfeitamente dos momentos de cisma na qual eu dizia: quem sou eu? de
onde vim?. de onde vinha aquela força que jogava em direção ao vácuo?. todas
aquelas interrogações profunda do ser me convidava ao nada, era a falta de um
ideal que alimentasse o espírito em meio a toda a aflição. lembro-me
perfeitamente de tudo que o mestre me ensinava, e eu em meu subconsciente a
tudo recusava”.

     Sebastião tinha muito boa vontade, mas eu , apesar de estar sempre junto
    dele,sempre recusava os seus ensinamentos.

    Até hoje o Rufino ainda pensa naquele sonho.Mal sabe êle os outros sonhos
    que êle ainda vai ter

,       Certo dia um dos meninos deu a idéia de fazer uma excursão em algum
lugar próximo para irem treinando. na verdade sebastião já havia pensado nisto,
porém queria que a idéia partisse deles, pois sempre dizia não querer ser um
chefe para somente mandar ,mas sim para orientar e acatar as idéias de todos.
vocês é que dão as idéias para que possamos fazer a grande caminhada. eu
não me intrometo e para maior liberdade entre os meninos procuro não chegar
perto quando estão realizando as reuniões. uma coisa porém é preciso que seja
observado entre eles : é a camaradagem e a dedicação para com seus
companheiros. a primeira excursão, deveria ser realizada aqui por perto para
que eles não estranhassem muito, e não deveria durar muito tempo. apenas uma
tarde de sol ou domingo de manhã. como os líderes vieram falar comigo,sugeri a
eles que deveríamos ir de manhã. era necessário escolher agora o local da
excursão, o que foi permitido os garotos que escolhessem. após muitas
discussões chegaram a uma conclusão; um local denominado serra da
conceição, foi o escolhido por ser perto e podermos aproveitar para visitar o
lugar onde se extraia ouro na época da escravidão. combinamos que deveria
ser o primeiro domingo de julho, e assim já teríamos tempo para pensar em

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outras atividades. na véspera da excursão Sebastião reuniu todos os meninos
para contar a eles algumas histórias que todo apreciavam.

  depois perguntaram se estavam satisfeitos em poder no dia seguinte fazer um

passeio como se fosse na grande caverna? todos estavam realmente felizes, mas alguns se
mostraram indecisos quanto a resposta, ao que foi interpelado por Sebastião. o que há
com vocês que não estão sabendo responder?- podem dizer aquilo que sentem. nós
estamos satisfeitos sim, más... responderam alguns como que titubeando.

podem dizer com franqueza o que quiserem, nós somos amigos.nós queremos
mesmo ir amanhã , mas já que daqui há dez dias nós entraremos em féria,
porque não podemos logo ir a nossa caverna? aquela pergunta caiu assim de
chofre deixando Sebastião sem poder responder por alguns segundos. era
realmente uma coisa espantosa. toda aquela idéia fantástica sobre a caverna já
estava tão arraigada na mente dos meninos que agora tornava-se quase
impossível voltar atrás, não podia decepcionar aqueles meninos que lhe
demonstravam tanta confiança. devia seguir em frente , seja qual for o resultado
da coisa toda. se sebastião recuasse, seria um desastre para todos aqueles
meninos que o acreditavam . que haveria sebastião de fazer diante uma situação
dessa?

       primeiro ele apareceu com a idéia da caverna e ainda não tinham dado
os primeiros passos e os meninos queriam agora passar a sua frente pedindo
que os levasse às asas dos ideais . durante cinco segundos sebastião pensou
em tudo o que poderia responder e os olhos atentos esperavam por sua
resposta que pudesse satisfazê-los. sebastião ia responder quando mais dois
meninos disseram que queriam falar com ele. como pensou tratar-se de uma
outra coisa, autorizou-os a falarem naquela hora mesmo; então viu que se
tratava do mesmo assunto que antes alguns dos meninos havia proposto. um
dos meninos que fazia a proposta era carlos lobato, um menino de onze anos.o
qual não estava na escola , mas é amigo de todos do grupo. após meditar
muito sebastião disse que idéia era boa mas que nós deveríamos falar sobre
isto depois que voltássemos da excursão do dia seguinte. eram já dezenove
horas o frio soprava em todas as direções. todos foram para suas casas dormir



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e com a promessa de voltarem no dia seguinte o mais cedo possível. sebastião
ficou a porta de sua casa conversando com amigos. na cidade não havia luz

elétrica, era luz de lamparina ou da lua ou das estrelas que brilhavam sempre no
céu. Grupo de rapazes preparava se para fazer serenatas naquela noite de
sábado. tudo era sonho e ilusão. A ação destruidora do tempo e da civilização
ainda não haviam chegado ali. E Sebastião ficou conversando até altas horas da
noite. O reino fantástico da ilusão , que vive dentro de nosso ser, é o lugar onde
ninguém poderá penetrar. marcharemos em todos os vales , em todas as
colinas, em todas as florestas à procura da nossa caverna que não
encontraremos em nenhum desses lugares . ela se encontra mais perto do que a
gente pode pensar , de tão perto que se encontra, parece longe.ela se encontra
dentro de nosso ser, mas este é o único lugar onde a gente não procura por não
sabermos que ela está lá, embora nós sabendo de tudo isto não podemos
mostrar aos outros pois os mesmos não creditarão.                  É preciso andar
com elas durante muitas e muitas léguas,         procurar em mil lugares. e só depois
então ela compreenderá que o lugar procurado não devia ser aquele, e assim
Sebastião ia pensando.

                                  O primeiro acampamento

         Raiava o dia oito de junho de l987. Eram seis horas da manhã com os
termômetros marcando uma temperatura de cinco graus centígrados, as primeiras luzes do
sol já começavam a se despontar no horizonte . o silêncio tortuoso da noite ainda pairava
sobre nossos ouvidos. Nas encostas das colinas um intenso nevoeiro dando a impressão ao
viajante de não mais existir vida dali para diante. O pico do Caue, com seus 1900 metros
de altitude, ainda não havia aparecido totalmente, apenas recebia naquele momento as
primeiras luzes do Sol, que tem o privilégio de iluminar em primeiro lugar, as grandes
montanhas. Já passado quase vinte minutos de clarão do Sol de vermelho tornara-se
amarelo e descia em quase todos os vales. pelas ruas apareceram os meninos que faziam a
entrega do pão. as pessoas com as melhores roupas dirigiam-se a missa numa imensa
alegria nos corações .O Sol já estava todo do lado de fora, parecendo até que hoje ele
brilharia mais que nos dias anteriores. Na porta da escola já se encontra grande número de
meninos, outros veem mais adiante. quando chegou a completar setenta, vimos que estava
na hora de partir.

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   Atravessamos a cidade carregando as nossas mochilas ou então bornal com a comida,
à frente ia um menino carregando a bandeira brasileira. Ao passar pelo povo estes
chegavam a tirar o chapéu ou apear o cavalo. Parecíamos um bando de ciganos que
marchava pela rua. Gastamos quinze minutos até o morro d’água Santa, em cima do
mesmo, forma-se um pantanal donde se avista a serra da Conceição. de cima desse
morro também pode se ver muitas outras serras ao redor da cidade ficando a mesma no
fundo de um buraco .

    Bem aqui perto de nós, disse Sebastião, existe um rancho de tropeiros, vamos até lá
ver como eles estão.

     É interessante ver como eles vivem. fazem sua comida em tripé uma
espécie de fogão feito de trens ferros amarrados entre si , dormem em cima dos
couros de bois sem a mínima higiene. ali também junto aos tropeiro , está um
grupo de ciganos na mesma promiscuidade. Olhando para a frente vimos o
caminho que deveríamos seguir. Despedimos dos tropeiros e saímos correndo ,
caminhamos mais uns dois quilômetros até entrarmos na mata que estava fria e
cheia de orvalho. Ali no meio da mata andamos em silêncio. A vegetação não
era muito alta . Depois de andarmos uns dois mil metros, saímos em um
descampado, mostrando a serra a serra do do Esmeril. Dali também se podia
ver uma região muito grande com toda aquela floresta ao pé da serra. No lugar
onde passavamos agora era um caminho de pedra que, segundo o povo da
região,era um aqueoduto , ali passava água para a cidade no tempo da
escravidão ou no início do século.

Este caminho de pedra não nos serviu por muito tempo, pois logo após saímos
do mesmo e entramos no meio da mata novamente. atravessamos diversos
riachos e depois de caminhar mais de três quilômetros chegaram ao pé da serra
da Conceição.

gastaram duas horas para subir até o topo da montanha . Ao chegarem lá em
cima estavam tão cansados, que mal tinham pernas para ficarem em pé. alguns
se deitavam no




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chão duro de pedra e após descansarem quinze minutos, levantaram-se e
começaram a correr novamente. Sebastião sentou-se no chão como os outros e
começou a contar uma porção de histórias para as crianças.

as história que Sebastião contava, sempre era sobre escravos que haviam
fugido e se embrenhavam no meio da mata. Contou ele que certa vez no
trabalho de mineração de ouro naquela serra, uma turma de escravos cerca de
vinte, fugiram para as matas do rio Doce . tão logo os donos dos escravos
notaram a fuga saíram com um outro bando de escravos a procura dos fugitivos.
Os escravos que fugiram eram comandados por um que havia chegado há
pouco tempo da áfrica e era conhecido dos pais daqueles que se encontravam
ali trabalhando naquela terra , explorando ouro para os ingleses. os fugitivos
desceram até o rio doce e dali fizeram balsas, chegando até o porto de vitória
onde se apoderaram de um navio e fugiram para África.

   Naqueles dias as histórias de Sebastião não estavam muito boas, más ele
  prometera aos meninos que de outras vezes contaria outras melhores e mais
  longas, como já estavam cansados, era chegada à hora de regressar para a
 casa. eram quatro horas da tarde, o vento já começava a soprar frio no alto da
montanha . depois de todos terem comido a merenda que haviam trazido deram
   início ao retorno da primeira excursão preparativa para a grande marcha à
   caverna. a descida da serra era muito íngreme. na volta não tiveram muita
    novidade para ver por que ficaram com medo de escurecer no meio do
                 caminho, por isso voltaram o mais rápido possível.

a volta foi feita praticamente em silêncio por causa do medo horrível de serem
apanhados pela escuridão em plena mata . Ao chegarem no morro da Água
Santa, puderam ver lá no fundo as luzes de lamparina toscamente acesas no
fundo do vale.

     Era finda a viagem; a cidade se preparava para nos receber. No chão não
mais cresciam nossas sombras, por que o Sol se declinara todo de trás da
montanha. E Sebastião acompanhando com os olhos o entusiasmo dos
meninos , caia numa longa cisma; como é belo ser criança: quem me dera
nascer de novo; voltar às entranhas do ser para nunca nascer, e sempre esperar
pelo dia do meu nascimento que não seria nunca. como é belo ser o que não

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somos. viver-se num mundo que não nos pertence . em um eterno reino de
fantasia. dormir e ... sonhar com tudo aquilo que tínhamos vontade de ser ou
fazer. neste mundo não despontou a vida. mas ele virá um dia, o dia em que
todos os homens da terra se redimirem e buscarem a paz num sorriso de
criança, o ser não vivido; aquele que é a esperança do mundo. assim meditava
Sebastião quando viu que estava chegando à hora de se separarem cada um
para sua casa.

        No dia seguinte na cidade todos comentavam o acontecido na véspera.
  Sebastião passou, a partir daquele dia, o homem mais conhecido da região.

. uma coisa porém que intrigava a todos, era a origem do líder de todas as
crianças da cidade. sabiam apenas que ele morava numa pensão da cidade;
mas isso não era o suficiente para conhecê-lo. de vez em quando ele sumia
durante três dias , e depois ele voltava assim meio misterioso, sem dar muita
conversa aos outros . como o povo da cidade, dizia que Sebastião era, era meio
místico ,um desses ermitão que vivia isolado no alto das montanhas em
completa meditação, a fim de receber as bênçãos do Céu. Mas na verdade
ninguém sabia aonde ele ia nos dias em que se afastava da cidade . Sabiam
porém que em sua pensão era sempre procurado por alguns dos seus alunos e
muitas vezes ficavam os mesmos conversando na porta horas seguidas, sem se
cansarem. Dos meninos que ele mais recebiavisita, destacavam-se o Barros
o Rufino e o Lobato, que eram meninos de dez a quatorze anos
aproximadamente . o mais interessante é que os pais dessas crianças sabiam
perfeitamente quem eram Sebastião, mas não diziam nada a ninguém sobre sua
identificação. as crianças daquela cidade adoravam a Sebastião como se fosse
um pai. Talvez por causa das inúmeras histórias que contava para todas as
crianças da cidade. Numa temporada de férias , Sebastião conseguiu
autorização dos pais das crianças para fazer um acampamento , uma excursão
de dez dias pelas terras ao redor da cidade. como ele era muito conhecido dos
pais gostaram muito da idéia, já que confiavam nele e assim seus filhos teriam
uns dias de aprendizagem sobre a atividade no campo. a excursão seria d
preferência num alto de serra e bem longe da cidade.




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dois dias antes de partirem reuniram-se todos na casa do lobato. era uma
reunião preparatória sobre o local que deveriam ir e o que iriam fazer nesse
acampamento.

        Eram já oito horas da noite e os oito garotos estavam ali reunidos à
espera de Sebastião. o local de reunião era o porão da casa cedido pelo pai de
lobato.todas as paredes eram adornadas com figuras geométricas . Enquanto
esperavam seu líder os meninos liam livros de histórias, jogavam damas , ou
simplesmente conversavam. Estavam todos absortos nos folguedos, quando
uma voz falou na porta: -Boa noite. Todos se voltaram para ver de quem se
tratava e sem espanto viram que era seu amigo sorridente como sempre.
alguns pensavam que ele não viria mais. E por que não haveria d vir? Indagou
Sebastião. Estão todos aí? perguntou ele. Sim não faltava ninguém .Mas os
meninos perguntaram a Sebastião porque não tinha convidado todos os
meninos.

Bem vocês compreendem , para fazer uma excursão destas , como é a procura
da caverna, é preciso ter muita experiência e como eu não posso ensinar a
todos ensinarei a vocês e depois vocês ensinarão aos outros.

essas palavras foram ouvidas com muito silêncio pela meninada. É preciso
vocês saber tudo ou quase tudo que eu sei, continuou Sebastião, porque se eu
faltar ou morrer vocês poderão continuar a grande excursão.

o entusiasmo fervia no sangue daquelas sete criaturinhas. Era como uma
varinha mágica que abrisse os seus corações. Todos estavam ardentemente
entusiasmados para aquela excursão de dez dias. Como já eram 21 horas ,
todos foram para a casa descansar um pouco para ás 5 horas da manhã
estarem a porta da casa do Elmo.

      Todos saíram com exceção do Elmo que morava ali mesmo naquela casa
e o Sebastião que ficou conversando até meia noite com o sr. Lima, pai do elmo
por afinal dormiu ali mesmo, pois já era muito tarde. Durante a noite ninguém
conseguiu dormir. Nem Sebastião, Nem Elmo, nem os outros meninos, como
contaram no dia seguinte. Não conseguiram dormir por que ficaram pensando
que poderiam perder a viagem do dia seguinte.


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• Por isso as quatro e meia, todos se encontravam a porta da casa do
  companheiro , pedindo para abri-la pois estava muito frio fora da casa. vocês
  já chegaram? perguntou o Elmo.
• Sim, nenhum de nós conseguiu dormir a noite, e só viraram na cama de um
  lado para o outro, a espera da hora que não chegava nunca.—comigo
  também aconteceu a mesma coisa falou Elmo. não dormi durante um minuto.
  e o Sebastião que ficou aqui também não conseguiu dormir.
  Neste instante, a mãe de Elmo que foi chegando a porta , convidou-os para
  tomar café.

            Eram dez minutos, estavam todos prontos, parecíamos verdadeiros soldados
que partiam para a guerra. Cada bagagem que pesavas de oito a dez quilos. Na frente da
turma marchava Lobato, logo atrás o Elmo e em seguida o Viking, que era o menor da
turma , e gostava de ficar no meio. os outros iam desordenadamente.

      a madrugada chegava fria. A cerração descia tão baixa que não se
conseguia ver a quinze metros a frente . A cidade ainda dormia e as luzes das
lâmpadas muito fracas davam um tom de penumbra à rua . Mais embaixo corria
o córrego da Água Santa, no seu ruído incessante. E os nossos heróis
marchavam rumo a estação que ficava a uns quatrocentos metros. o caminho
mais curto era atravessando um pasto de gado. acima, a uns 100 metros, já se
ouvia o barulho da máquina que partiria dai a pouco. todos pararam e Sebastião
disse: - como não temos dinheiro para pagar a passagem, cada um de nós
subirá em um vagão de minério, na medida que o trem for saindo. Ficaremos
escondidos aqui, quando a máquina apitar para sair tratem de subir, mas
cuidado para não cair. O Lobato se esconde no primeiro , e os outros
sucessivamente nos seguintes. eu estarei no último vagão e direi para vocês
quando chegar a hora de descer. Muito cuidado, pois deve descer um de cada
vez . Assim fizeram.

         Ficaram esperando impacientemente até quando o comboio deu o sinal
de saída. Tudo foi feito como o combinado. Quando já estavam todos alojados
nos seu lugar e, Sebastião foi o último a subir. o trem começara a andar
vagarosamente. Os primeiros balanços mostravam a dureza da viagem de
cinquenta quilômetros. Em cada vagão perto do freio havia um clandestino bem

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escondido, que ninguém conseguia ver.Sebastião ao invés de pegar o ultimo
vagão como combinara, ficou ali mesmo junto do Lobato e a toda hora
observava se tudo corria bem nos outros carros, como os garotos . já tinham
viajado mais de 15 quilômetros e o Lobato sempre perguntando : Será que
ainda está muito longe? E o Sebastião respondia com toda a paciência: Calma
meu filho, ainda esta muito longe. Como o trem corria muito e fazia muito
barulho, eles tinham de conversar bem alto, e como cansaram de falar alto,
passaram a observar a paisagem que já se mostrava com as primeiras luzes da
manhã . passaram pela primeira estação onde o trem deu uma parada de
cinco minutos . Alguns passageiros subiram no carro, pois o trem era misto. O
Florisvaldo que estava com a roupa suja e rasgada desceu para ver se havia
alguma novidade. Como um guarda - freio vinha examinar o trem, ele voltou e
escondeu-se no mato. daí a três minutos o trem deu partida e ele correu para
pegá-lo.

após viajar meia hora estrada abaixo, o trem passou a margear um riacho que se
desenhava no fundo um abismo de mais de cem metros. ali já aparecia uma
floresta mais densa do que perto da cidade de Esperança. Nesta mesma hora,
Sebastião anunciou que dali a pouco saltariam, que ficassem todos alertas, pois
na próxima curva antes da estação haveria de saltar, sem que ninguém os visse.
Assim foi feito. No lugar marcado, sebastião acenou e foram pulando um de cada
vez . Após descerem, todos saíram para fora da margem da linha subiram um
morro, onde havia uma grande arvore. Ali todos descansaram da viagem e então
passaram a examinar o mapa no qual se orientavam. colocaram o mapa no
chão e começaram a observar distância. Ali se via nova e linda, as terras que
separavam o distrito de Esperança e outros acidentes geográficos. Tudo era tão
bem marcado no mapa, que parecia estar vendo a própria região. no local onde
estavam até onde deveriam ir tinham uma distancia de 35 quilômetros já se
ouvia o barulho da máquina que partiria dai a pouco.- mas 35 quilômetros é
muito longe para andarmos num dia, falou Florisvaldo: Bem o negócio é o
seguinte, não é assim como vocês estão pensando, falou Sebastião. o mapa
com todos os acidentes geográficos marcados, possibilita que avancemos 15
quilometros por dia. nesses 10 dias percorreremos cerca de 150 quilômetros
aqui pelas montanhas, falou Sebastião mostrando o mapa com uma varinha.

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devemos conhecer esta serra muito bem, pois, só assim vocês poderão um dia
ser o guia dos que irão a procura da caverna no alto da montanha. deverão
aprender o bastante sobre a natureza, animal ,vegetal e mineral.- sim , isto é
muito bom para nós, falou a Riqueza, eu que estou no primeiro ano ginasial , já
ouvi meu professor falar sobre a composição dos animais e minerais. o Viking e
o Elmo que são irmãos , farão uma coleção de folhas. enfim cada um colecionara
uma coisa. O certo é que nós temos dez dias para atravessarmos toda esta
montanha. Vamos aproveita-los bem, na esperança de sairmos bem nessa
aventura. Assim ia dizendo Sebastião enquanto descansavam à sombra de uma
grande árvore.

      Porém com eles eram em sete, foi preciso dividi-los em dois grupos, um de
quatro e outro de três. Em cada grupo escolheram um monitor.               . Sómente
este poderia trazer as opiniões a Sebastião e também levar ordens. Todos foram
obrigados a fazer um juramento ao monitor. Tal juramento era apenas uma coisa
simbólica para que os meninos tivessem conhecimento de disciplina que deveria
existir entre eles para que na hora do perigo,não tivessem           medo, pois o
monitor além de tudo era amigo de todos.           Enquanto aos outros meninos
recomendou que deveriam obedecer ao monitor em tudo, para que a nossa
expedição saísse em ordem desde o início até o fim.

    A nossa saída é daqui a meia hora, vocês podem fazer o que quiserem. tão logo
Sebastião acabou de dizer isso, o Rufino e o Viking, solicitaram para ir até a vila comprar
alguma coisa. compraram algumas rapaduras e farinha que estava faltando. arrumaram
tudo dentro de mochilas e puseram o pé na estrada. eram mais ou menos meio dia. Só não
estava muito quente por ser inverno. Sebastião e mais sete meninos começaram a
caminhada para a grande aventura.

     Assim que começaram a andar tiveram que atravessar uma porteira que dava para
um pasto muito grande onde centena de bois pastavam. O caminho que tinham que
atravessar era bem no centro do pasto que era todo verdinho e de ponto em ponto, uma
arvore retorcida, demonstrando a qualidade da terra só servia para criação de gado.

      Além do pasto, havia um grande morro, onde a vegetação de gado era um pouco
mais densa. depois de ter cruzado o morro, encontraram um outro pasto até chegarem no
pé de uma grande colina, onde eles resolveram parar pois já eram cerca de 15 horas e

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deveriam acampar por ali, senão poderiam não encontrar melhor lugar onde armar
acampamento. todos estavam um pouco cansados. Só o entusiasmo não impedia que eles
continuasses caminhando. Sebastião sendo sabedor de tudo isto, viu que não podia cansar
muito os meninos ou no outro dia seria mais difícil a caminhada. armaram o
acampamento à beira de um riacho de águas límpidas., onde aproveitaram o uso das
mesmas para suas refeições. depois de armado o acampamento, Sebastião e três meninos
saíram junto para reconhecimento do local. enquanto os outro quatros ficaram no campo
preparando as refeições da tarde. o local onde andavam era cheio de moitas de capim. o
que causou-lhes o pressentimento da presença de cobras. Era preciso então maior cautela
ao andar ali por aquelas redondezas. No meio do pasto estava o caminho por onde
passariam alguns viajantes. Tão logo andaram uns quinze minutos ao redor do pasto,
avistaram ao longe uma choupana, que pelas observações deveria morar gente, pois
estava saindo fumaça pela chaminé. como não era muito longe, resolveram ir até lá
conversar com o dono da casa. Quando estavam a uma distância de cem metro da casa,
tiveram que passar por debaixo de uma cerca, por dentro da mesma existia um pomar,
plantação que mais se via, era cana , mandioca e milho. era uma casinha de sapé
encostadas a um morro onde ao lado do mesmo passava uma nascente dágua.

ao redor da casa, tinha alguma plantação de couve e quiabo. e em cercado, havia umas 15
galinhas. distante 50 metros da casa, os cachorros já anunciavam a nossa chegada. Assim
que escutou o latido dos cães o dono da casa veio chegando e dizendo

que podiam entrar. Sebastião tirou o chapéu e foi dizendo : boa tarde, prontamente o foi
respondido pelo camponês. era um senhor de uns trinta anos com uma aparência bem
magra consumida pelo trabalho. o camponês convidou os a entrar e ficaram conversando
até seis horas da tarde. Havia um grande número de crianças na casa, mais de 9 crianças
foram contadas. com as idades de 1 a 15 anos, todos sujos maltrapilhos e esfomeados.

     Como não podia ficar conversando por mais tempo saíram e voltaram para o
acampamento, onde a fumaça do fogo já se via de longe. o jantar já estava pronto, e
depois de fazer refeição que constou de carne seca e farinha, foi servido café. a noite
todos sentaram em torno da fogueira para conversarem. depois de falarem sobre s
atividades do dia, os meninos pediram a Sebastião que contasse uma história. não era
preciso ser uma história muito grande, diziam os meninos. Apenas uma história para que



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eles não perdessem o costume de ouvir. E assim foi... Sebastião foi pensando sobre
-alguma que servisse para aquela noite, até que se lembrou de uma muito interessante.

                                   A floresta sem nome

         A história que vou contar pra vocês hoje, aconteceu há muitos anos, lá pelas
bandas da Europa, no tempo em que havia muitos reis com seus castelos bonitos. Assim
que Sebastião começou a falar, o silêncio reinou no acampamento. Apenas de vez em
quando, o crepitar do fogo abalava como um ruído estrondoso. Sebastião olhou para as
estrelas como que pedindo a elas que o orientassem em sua história, pois elas eram
inventadas no momento de contá-las. Depois de meditar alguns segundos começou a
dizer:                               Há muitos anos passados, existiu lá na Europa um rei
muito rico que tinha muitos filhos. O seu castelo era no alto de uma colina muito bem
protegida com as torres altas onde guardas passavam de um lado para outro com lança na
mão prontos para impedir qualquer inimigo que entrasse no castelo. Dentro vivia todas as
pessoas da família do rei, mais os escravos de confiança do rei. Do lado de fora do
castelo, abaixo da colina, tinha uma planície muito grande onde era feito as plantações
de trigo, arroz e outros vegetais. Ali também passavam muitos rios de água pura que
corriam de uma grande montanha que se via a grande distância. A época mais bonita era
a primavera que enchia de flores todas as planícies do reino.

a felicidade devia reinar entre eles, se o rei não fosse de coração tão duro como era. Por
qualquer coisa      mandava prender os seus escravos , e as vezes, torturá-los até a morte. O
filho mais velho do rei tinha sete anos e o mais novo cinco anos. A rainha, isto é a esposa
do rei, ela tinha um coração que era uma doçura para com todos de seu reino. Muitas
vezes ela interferia junto ao rei para que o mesmo não praticasse tanta maldade com os
outros.

          Todas as noites ela sentava a beira da cama com seus filhos menores e ficava
contando as mais belas histórias de fadas e dragões que eles ouviam até dormir.

Na época que havia festa no palácio, era o tempo que o rei fazia as maiores perversidades
com os seus semelhantes. Deixando-os sem comida, só porque, alguns dos empregados
deixavam cair um dos pratos no chão ou então quando esqueciam de trazer o café no
momento em que ele gritasse para traze-lo. Muitas vezes ele mandava prender seus filhos
no calabouço existente no subterrâneo do castelo. Quando fazia isto a mãe que era muito


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boa , ficava chorando o tempo todo na porta do calabouço pedindo para que soltassem
seus filhos.

  Muito dos filhos do rei queriam abandonar o palácio e morar muito longe por
causa da maldade do pai só não faziam para não deixar sua mãe sozinha junto
ao rei. Certa vez ele mandou prender o menino de cinco anos no calabouço
porque o mesmo tinha protegido um dos escravos dando-lhe um pouco de
comida quando se encontrava preso no calabouço do castelo. O próprio rei
pegou o menino pelo braço, mandou que abrissem a porta e jogou-o com toda
a força lá dentro. Foi em vão o pedido da mãe e de todo o povo do palácio que
gostava muito daquele menino por ser o mais novo e mais bonito e inteligente
dos irmãos. Naquele dia até os guardas do palácio ficaram muito tristes com o
acontecido. Ninguém tinha coragem de reclamar , pois que se assim o fizessem
o rei seria capaz de mandá-los matar. Muitos dos empregados, chegaram a
oferecer para ficar preso ficar no lugar do menino. Outros por sua vez ,
ficaram sem comer com pena do menino que ficava lá preso sem comer,sem
beber, quando então apareceu à porta do palácio , uma bruxa feiticeira que
gostava de fazer o bem para os outros , embora não tivesse uma aparência
muito boa fisicamente, demonstrava possuir um bom coração.Quando os
guardas viram-na se aproximar, começaram a atirar paus e pedras em cima
dela, mas de nada adiantava, porque assim que os paus e pedras batiam em
cima dela, pegavam fogo e desapareciam como que por encanto. Quando ela
se aproximou da porta do palácio, disse que queria entrar para falar com o rei.
Então eles levaram notícias até sua majestade, dizendo que uma bruxa feiticeira
queria falar-lhe . Quando contaram ao rei do acontecido na porta do palácio, dos
paus e pedras que desapareciam ao tocar o seu corpo, o rei pensando tratar-se
de uma bruxa má , mandou que ela entrasse . O palácio era muito bonito por
dentro e a medida que a bruxa foi entrando , admirava todas as coisas nos
mínimos detalhes. O povo da palácio se afastava para que ela pudesse passar,
sem encostar em ninguém. Imediatamente levaram a noticia até a rainha de que
uma bruxa feiticeira estava chegando ao palácio para falar com o rei. A rainha,
porém, não teve medo, pois sabia tratar-se de uma fada encantada que estava
com disfarce de bruxa até o dia que uma criança com menos de sete anos
beijasse-lhes no rosto com todo o amor filial. A rainha sabia de tudo isto segundo

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uma história que sua mãe lhe contara. porque essa bruxa viveu no mundo do
tempo da sua bisavó e tinha sido enfeitiçada pela avó do rei daquele palácio,       .
a bruxa foi entrando no palácio devagarinho até chegar na presença do rei.
Quando chegou a presença do rei ele sentiu um verdadeiro arrepio no corpo, tal
era a feiura da bruxa , mas como ele queria fazer maldade, pensando também
que a bruxa era tão má quanto ele, agüentou firme a presença daquela criatura
horrível. Ela tinha o nariz rebitado para cima , sua roupa era preta , os cabelos
compridos e vinha montada em cima de uma vassoura. Ela abaixou a cabeça
até o chão , pois era assim que o rei gostava de ser saudado pelas pessoas que
chegavam de fora pela primeira vez. depois de toda a saudação o rei mandou
que ela ficasse sentada a uma distância de cinco metros para que eles
pudessem conversar . E assim a bruxa obedeceu enquanto o rei ia lhe dizendo
o que queria dela. contou-lhe que um dos meninos estava preso e queria que ela
fosse até o calabouço e lançasse uma praga no menino transformando em uma
coisa bem feia para que sua mãe não viesse mais a gostar dele. É uma maneira
de me vingar dela que vive achando ruim comigo quando eu prendo os meus
filhos no calabouço. A bruxa não disse nada ao rei sobre a sua missão naquele
palácio; pois ela não era uma bruxa má como o rei pensava. Ela tinha vindo ali
porque ouvira do seu bosque escondido na floresta onde vive,o choro da mãe e
do menino que havia sido preso no calabouço do castelo. Como era uma fada
encantada com aspecto de bruxa ela tinha o poder de ouvir tudo o que
quisesse, por maior que fosse a distância. e por isso ela ouviu primeiro o choro
do menino de cinco anos que estava preso. Ela sempre vivia procurando ouvir
toda e qualquer tristeza de criança a fim de que pudesse fazer com que as
mesmas parassem de chorar e sorrissem.

    Então o rei perguntou-lhe : - você está disposta a fazer tudo aquilo que lhe
ordenei? ao que a bruxa respondeu:- sim senhor rei, tudo o que falaste comigo
será feito de acordo com tua vontade. Farei isto e muito mais que o senhor
precisar de mim. É só ordenar e imediatamente será feito. Gosto muito de
obedecer aos reis. Quando a bruxa ia dizendo estas palavras , baixinho ela dizia
para consigo mesma: nunca, nunca,nunca só quero salvar esta criança das
mãos deste rei malvado. E foi se afastando em direção ao calabouço onde se
encontrava a criança. Quando ela começou a descer voltou-se ao rei e disse ao

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rei que sua magia só funcionaria a noite. Mas na verdade ela só queria ganhar
tempo para agir dentro do palácio. Enviando à mãe do menino uma mensagem
dizendo que ela na verdade não era a bruxa. como a rainha já sabia de toda a
história da fada encantada que estava transformada em bruxa , não ficou muito
triste ao saber que a mesma se dirigia para o subterrâneo do palácio. Mas o
resto do povo do palácio ficou só dizendo que a mãe do menino também não
tinha coração. Imagina, como pode deixar que aquela bruxa transformasse o
menino numa praga. Depois de ouvir toda aquela exclamação a mãe respondia
que a bruxa não era tão má assim e que ela não ia fazer nenhum mal a seu
filho.
          Chegara a tardinha, o rei estava ansioso para ver a sua vingança
sobre a sua esposa, a toda hora ele perguntava a bruxa se já podia começar a
trabalhar , a bruxa em um canto do palácio respondia dizendo que durante a
noite tudo seria feito. E assim quando já estava bem escuro ela se dirigiu    para
o subterrâneo do castelo onde se encontrava o menino preso. Ao chegar lá o
carcereiro que sabia de tudo abriu a porta e falou com o menino que estava
preso que tinha visita para ele. O menino que durante dois dias não comia
nenhuma comida, só bebia água que o carcereiro dava escondido para o rei não
saber. O subterrâneo onde se encontrava aquela criança estava completamente
escuro e úmido e assim que o menino viu a porta se abrir , pensou que ia ser
libertado, começando a chorar com fome . Mas quando viu que aquela bruxa feia
também tinha ficado ali dentro com ele, sentiu mais medo e por isso começou a
chorar ainda mais ... ogo atrás da velha bruxa, o carcereiro fechou a porta
deixando a prisão totalmente escura. Com a porta fechada o menino não mais
viu o rosto da bruxa e sim sua voz que parecia tão diferente do que ele
imaginara. Ai então ela começara a falar   -lhe com toda doçura de mãe para
filho : - você ainda tem medo de mim ? perguntou-lhe a voz encantada.- sim,
respondeu o menino. -pois pode ficar completamente despreocupado que eu
não vou lhe fazer mal algum. Eu não sou uma bruxa como você está pensando...
eu sou uma fada encantada que foi amaldiçoada há muitos anos e agora vim
aqui para libertá-lo desta prisão. Quero também libertar o seu pai desse rancor
que ele tem em seu coração que foi causado também por uma praga lançada
sobre ele há muitos anos por uma bruxa muito má.

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     Enquanto ela ia contando isso ao menino o mesmo ia tomando mais
confiança nela . Mas com tudo isso a fada não contou de seu encantamento
que poderia ser desfeito se uma criança de cinco anos lhe beijasse a face com
todo o amor filial. Se ela contasse perderia a efeito . Seria preciso que a criança
lhe beijasse no rosto por sua livre e espontânea vontade . E assim ficaram os
dois conversando durante mais de duas horas, até que tinha ficado bem escuro.
o menino pediu que a bruxa o levantasse um pouco para que ele pudesse ver
estrelas. A bruxa pegou o menino pela          cintura, levantou ate o parapeito onde
se encontrava as grades da prisão e dali o menino pode ver as estrelas. Os
seus olhos perscrutaram todo o horizonte a procura de uma estrela bonita,
quando viu cintilando no céu uma bem grande, falou bem alto: - óh minha
estrela amiga, ajude-me a sair deste castelo para que eu possa fazer com que o
coração de meu pai não seja tão ruim assim. Ajude-me minha estrela você é
minha única esperança . Enquanto o menino ia dizendo estas coisas, a ‘bruxa’
pode constatar a bondade em seu coração. Quando já estava bem cansado
pediu a fada para desce-lo, o que ela fez com todo o cuidado para que ele não
se machucasse. quando já se encontrava no chão agradeceu a fada e deu-lhe
um beijo na testa dizendo: - muito obrigado por tudo, você é a pessoa mais
bonita que eu já vi em toda minha vida. No momento exato em que o menino
acabara de pronunciar estas palavras e dar lhe um beijo no rosto, um estrondo
muito grande se deu ali dentro da prisão e uma luz muito clara, começou a
iluminar ao redor da fada que havia se transformado de bruxa em fada. Foi o
milagre do beijo da criança. A praga que havia sido lançada sobre ela há mais
de quinhentos anos, tinha desaparecido para sempre. As sentinelas do palácio
ouviram o barulho e vieram correndo até a prisão. uando chegaram lá a fada e o
menino estavam deitados fingindo que estavam dormindo . Do lado de fora da
prisão ninguém podia ver a luz que estava ao redor da fada , Só o menino podia
ver . Como ninguém conseguiu descobrir o que havia acontecido, ficaram todos
apavorados e até mesmo o rei ficou com medo.
   Dentro da prisão o menino se encontra deitado nos braços da fada que estava contando
toda a história de sua longa vida. falou-lhe da praga que avia sido lançada sobre ela e a
maneira como a mesma poderia desaparecer. e agora, dizia a fada- vou poder fazer o que
você quiser.- qual é o seu maior desejo? perguntou-lhe a fada.- o meu maior desejo é estar

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perto de minha mãe e depois gostaria que meu pai não fosse tão ruim como tem sido
para todos nós. - Todos os seus desejos serão realizados, porém, devemos faze-los de tal
maneira que o rei não descubra que eu estou protegendo você. - Esta bom assim?
perguntou-lhe a fada- claro que sim, concordou o menino. era preciso traçar os planos
para que tudo fosse feito naquela noite. quando amanhecesse o dia tudo já deveria estar
completamente transformado, ele iria viver feliz junto d sua mãe e o coração de seu pai
deixaria de ser perverso como era. - mas como fazer? perguntou-lhe o menino.—você
ficará dormindo até que eu possa com minha varinha mágica que tem poder para fazer
tudo aquilo que eu deseje , transportar você e depois a seu pai para minha floresta sem
nome. atendendo o pedido da boa fada, o menino e deitou se no chão e fechou os olhos ,
esperando que ela lhe tocasse com a varinha de condão. Era tão bonita aquela fada que
dava gosto viver sempre ao lado dela. Ela era de uma altura de um metro e meio, o corpo
muito bonito, a cinturinha fina, sua roupa era branca como a cor das nuvens e bordada
com fios de ouro e prata. na sua cintura havia um cinto muito largo que era de um ouro
tão brilhante que chegava a doer nos olhos da gente. Os seus cabelos eram muito longos e
bonitos, chegava quase a altura das pernas.

            O menino já estava deitado no chão a espera da fada que ia transportá-lo
à floresta sem nome. Então o menino perguntou : “porque floresta sem nome ? e a fada
respondeu “ - por que é você que dará o nome a ela .”. a fada pegou sua varinha mágica e
começou a tocar sobre a testa do menino e pronunciando as palavras:- menino, filho de rei
preso no calabouço junto comigo, durma um sono profundo que vou levá-lo a floresta
encantada , onde ninguém de fora tem permissão para entrar . só pode entrar nela quem
souber da porta secreta, e esta porta secreta, só eu sei onde ela se encontra, e só eu posso
permitir, que as pessoas entre em seu interior, como eu vou fazer com você. Quando a
fada acabava de dizer estas , o menino estava dormindo um sono profundo. Então a fada
fez um sinal com sua vara mágica e abriu um buraco muito grande na parede do castelo.
Por aquela passagem puderam sair a fada e o menino. Eles saíram voando, bastava que ela
tocasse o menino com sua varinha mágica e ele voava junto com ela. Voaram muito alto,
quase junto das estrelas. depois desceram em uma floresta muito escura. A floresta era a
morada da fada. Ali era cheio de animais, mas todos eles eram animais mansos que a
fada criava para que eles brincassem com todos os meninos que ela levasse lá. Assim que
chegou lá , acordou-o dizendo que ele já se encontrava no meio da floresta sem nome, e


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que ele agora deveria ficar ali enquanto ela voltaria até a palácio e procuraria trazer o rei
também.

     a fada desapareceu imediatamente. o menino ficou deitado debaixo de uma
grande arvore . A floresta era toda diferente das que ele já tinha visto. Os
animais que habitavam aquela floresta eram todos muito bonitos e o mais
interessante era que eles falavam a língua do menino. Estava ele nesta
observação , quando de repente ouviu um ruído interrompido por outro mais forte
e mais grosso que parecia a voz de uma vaca. Quando olhou para o lado, viu
que todas as folhas das arvores estavam viradas para o lado dele como que
observando aquela criatura filho de homem. E todas saudavam o
menino,desejando-lhe muitas felicidades. Algumas plantas perguntavam a ele de
onde ele tinha vindo, ao que ele respondia ser filho de um rei muito ruim e
estava ali porque a fada dona daquele bosque o havia trazido em um sono
muito profundo. As árvores mais velhas diziam que de vez em quando a fada
trazia até aquele bosque uma criança que se encontrava triste no reino do
mundo . Diziam também para o menino que ele podia ficar sossegado que nada
de ruim lhe aconteceria, e que todas a árvores estavam felizes com a sua
chegada.
     depois de ouvir as palavras das árvores, menino se lembrou que não comia
há dois dias, e então falou com uma das arvores mais velhas :- a senhora podia
me arrumar um pouco de comida? - que eu não como nada ha dois dias ? -
estou com uma fome danada:- a árvore mais velha respondeu-lhe imediatamente
: claro que posso. Se você tivesse falado há mais tempo já teria mandado trazer.
E em seguida mandou que as outras árvores levassem ao menino as melhores
frutas daquela floresta. E uma das arvorezinhas que pareciam filhas das
grandes, veio até onde se encontrava o menino e lhe entregou umas frutas
muito gostosas. algumas das meninas árvores , ficaram até gostando dele por
que ele era muito bonito e simpático. Uma delas não saiu mais de seu lado e a
toda hora ficava perguntando-lhe , se não queria mais frutas. depois quando já
estava satisfeito e não tinha mais fome, veio uma comissão de árvores, cerca de
duzentas delas, cada uma de uma espécie diferente. era uma reunião de árvores
que habitavam um vale que se encontrava muito próximo dali e vinham lhe trazer
boas vindas , dizendo-lhes que naquela noite seguinte daria uma grande festa

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em sua homenagem.o menino ficou muito contente , mas ficou pensando na sua
mãe que deveria estar esperando por ele em casa pensava na volta da fada que
deveria trazer seu pai à floresta encantada para que seu coração deixasse de
ser tão ruim como era. as árvores estavam ouvindo a voz do menino e iam
abanando as folhas como quem estivesse dizendo alguma coisa. . Quando ele
acabou de falar, elas responderam que a fada não voltaria senão dentro três
dias , pois ela já sabiam do caso de seu pai e era bem difícil convencer o rei tirar
alguma maldade em seu coração. De nada adiantaria tentar modificar o coração
do rei. Pois ele também era vítima de feitiçaria de uma bruxa muito cruel. E as
árvores iam contando tudo sobre a sua vida e a vida do rei no palácio . O
menino ficava espantado como as árvores sabiam de tudo. E elas diziam para
ele que as verdadeiras arvores se transformarão em fadas. Então quer dizer que
as fadas são transformações de árvores? perguntou o menino. E elas
responderam: - sim nós somos transformadas em fadas quando atingimos a
idade de quinhentos anos. Depois de vivermos todo este tempo, produzindo
frutos e flores para todas as crianças que são trazidas para aqui; a nossa rainha
nos transforma em fada e nós passamos a andar pelo mundo fazendo o bem e a
justiça para todos os que precisam delas. portanto meu filho, não tenha medo,
nós estamos aqui para fazer tudo para a sua felicidade, amanhã à noite
daremos uma grande homenagem a você que hoje nos visita. O menino ia
ouvindo as palavras das árvores e sentia realmente que estava feliz , Por ser
ele o primeiro menino do palácio que estava no bosque encantado das árvores,
tendo para sua companhia uma arvorezinha que o acompanhava por todos os
lugares para onde ia. depois de ouvir todas as conversas das árvores, elas se
retiraram lembrando-lhe da festa da noite seguinte, agora ele devia dormir até
quando o dia clareasse.
enquanto isso a fada que tinha se dirigido a seu castelo, tinha encontrado muita
dificuldade, pois o rei descobriu que o menino havia desaparecido e ele queria por a culpa
nos guardas por não terem vigiado direito a porta da prisão. estava uma verdadeira
confusão no palácio. Todos corriam de um lado para o outro como um bando de loucos a
procura do menino que havia desaparecido. Ninguém tinha explicação para o buraco que
aparecera na parede da prisão. Apenas supunham que o pequeno prisioneiro havia fugido
por ali. Mas com toda aquela altura como poderia ter saído sem se machucar? - era a

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pergunta que todos faziam aflitos, principalmente a mãe do menino. Quando ela se
encontrava chorando em seu quarto debruçada sobre o travesseiro que já estava todo
molhado em lágrimas, a fada entrou no seu quarto sem ser notada pela mãe do menino ,
ela apenas sentiu que havia outra pessoa dentro do quarto mas não podia ver ninguém, a
fada que se encontrava invisível foi aparecendo aos poucos na sua presença. a princípio,
apenas uma luz amarela foi enchendo o quarto e em seguida a luz tomou forma de uma
pessoa que logo pode ser identificada pela mãe do menino como sendo a fada. a rainha foi
tomada de um grande susto, mas como a boa fada começou a falar-lhe com brandura, ela
começou a se acalmar. Então a fada disse para a mãe do menino.- não tenha medo que eu
só vim fazer-lhe o bem . - Não precisa ficar chorando, o seu filho se encontra em um lugar
muito seguro na minha floresta sem nome. Eu vim aqui porque ele me pediu que fizesse
todo o possível para que o coração de seu pai não fosse mais tão ruim como tem sido até
agora. Ao ouvir aquela voz mansa da fada a mãe do menino parou de chorar e perguntou
como ele estava, se estava com fome, se tinha chorado muito e se estava gostando do
lugar para onde tinha sido levado. A fada respondeu que ele se encontrava muito bem
protegido no meio de uma floresta sem nome onde era tratado com muito carinho pelas
árvores mais novas que lhe traziam para comer muitas frutas e que lhe contavam muitas
histórias.

como a mãe ficara calma diante da notícia do filho, a fada lhe disse que para terminar a
missão , era preciso levar o rei até a floresta encantada, a fim de que pudesse assistir na
noite do dia seguinte a festa da dança das árvores. Pois só assim, o coração do rei se
amoleceria e ele voltaria a ser bom como antes de ser lançado sobre ele a praga da bruxa
má . A mãe concordou que deveria levá-lo, mas como poderia faze-lo? - se o rei não
aceitava ordens de ninguém e se encontrava muito furioso pela fuga do menino? durante
algum tempo ficaram as duas pensando o que deveria ser feito. a fada que era muito boa,
pediu a mãe que também desse alguma opinião sobre a retirada do rei do palácio e levá-lo
até a floresta encantada. as duas ficaram conversando até quando a luz do sol já se punha
do lado de fora. parece que naquele dia o sol veio mais feliz por saber que o menino se
encontrava a salvo, e em breve o coração do rei se transformaria, desaparecendo feitiçaria.
a notícia do menino não havia sido dada a todos mas apenas as pessoas mais chegadas da
rainha . o rei nem por sombra deveria saber onde ele se encontrava, senão ficaria mais
furioso ainda. depois de pensarem muito , a fada disse:- óh .. para que a bruxaria de seu
marido desapareça, é preciso que o mesmo seja levado à floresta antes do anoitece. então

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a rainha disse que tinha uma idéia. na hora que o rei fosse almoçar, devia ser colocado em
sua comida, um pózinho que fizesse com que lhe dormisse bastante , assim a fada poderia
levá-lo à florestasem nome. essa idéia foi bem aceita pela fada que disse trazer com ela
um pó que serviria bem para o caso. então tudo ficou combinado para que na hora do
almoço não se esquecesses do que haviam combinado

          Naquele dia , o almoço fora servido fora da hora que seria o normal, devido a
confusão que reinava no castelo. aqueles que ainda não tinham tido ainda a noticia do
menino., encontravam-se bem tristes, pensando que havia lhe acontecido alguma coisa de
mal, e essas pessoas eram bem poucas que sabiam, por que a fada pedira a rainha que só
contasse esse segredo aos que fossem de muita confiança dela . caso contrário o rei
acabaria descobrindo e colocaria todo o plano em ruína. a cara do rei não se encontrava
muito triste como os outros, mas nos seus olhos saiam chispas de fogo, demonstrando o
ódio que ia em seu coração.

Na hora do almoço, a fada já tinha dado a rainha , o pó mágico que haveria de fazer o rei
dormir até as seis horas da tarde, antes do sol entrar. o mais interessante é que a fada não
aparecia para todos no palácio, e sim para a rainha somente . muitas vezes ela andava ao
lado da rainha conversando com a mesma sem que ninguém soubesse . esse era um dos
segredos das fadas , de ficar invisível para quem elas quisessem.

A rainha foi a cozinha e entregou o pó a um dos empregados de confiança para que
colocasse na comida do rei no momento em que fosse servido. todos estavam sentados à
mesa, muito já tinham comido, quando o rei começou a sentir uma dor de cabeça e dai a
pouco caiu em sono profundo na própria sala de refeições. imediatamente foi transportado
para a sua cama, por que ele estava apenas dormindo como foi constatado pelos médicos
do palácio. a rainha sabendo de tudo mandou que dois guardas ficassem a porta de seu
quarto e que não deixassem ninguém entrar até o dia seguinte. o rei dormia um sono
profundo, ninguém tinha coragem de acordá-lo. afinal se ele fazia tanta maldade com os
outros, por que acordá-lo então? seria melhor para todos que ele continuasse dormindo
por muito tempo ainda. dentro do quarto junto com o rei se encontrava apenas a boa
fada., invisível, tomando conta dele para que nada de ruim lhe acontecesse. às seis horas
em ponto, o rei seria levado para a floresta encantada onde se daria toda a transformação.

como a rainha viu que parte do plano já estava pronto e que dali a pouco a fada havia de
levá-lo para bem longe dali; ela começou a dizer a todo mundo que no dia seguinte o rei

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se levantaria completamente transformado e não seria mais tão ruim como fora até então.
mas ninguém acreditava no que ela dizia. pois como? se durante muito tempo ele tinha
sido o pior rei existente em toda a região. mas ela continuava a dizer : - esperem até
amanhã que vocês verão o que há de acontecer. infelizmente não posso dizer-lhes de que
maneira isto irá acontecer, basta esperar o raia do sol do dia seguinte.

enquanto toda s confusão reinava dentro do palácio com o sono misterioso do rei, dentro
do quarto a fada via que estava na hora de levá-lo para o local onde haveria de se dar a
grande mudança em sua vida. assim que ela viu que o sol já estava declinando, lançou sua
varinha mágica sobre o corpo do rei e foi dizendo as palavras - rei, rei, rei, vamos passear,
bem devagarinho para você não acordar. e os dois começaram a voar. saíram pela janela,
tendo a fada com sua varinha sobre o corpo do rei para que ele não caísse, e foram voando
até sumir. voaram até pertinho do sol. depois desceram. quando chegaram na floresta
encantada, o sol desapareceu. a fada colocou o rei no meio de uma clareira onde ele ficou
dormindo até escurecer. naquela noite a luz da lua saiu muito mais bonita do que nas
noites anteriores . dai a pouco o rei começou a acordar . e como viu aquela grande
quantidade de arvores ao seu lado, pensou que estava sonhando. como já estava quase na
hora da festa começar em homenagem ao menino, algumas dar árvores vieram trazer
comida e água ao rei. quando ele viu uma arvore lhe oferecendo comida e água, pensou
que estivesse louco ou que estava tendo um pesadelo . algumas delas para fazerem mais
medo ainda ao rei diziam com aquela voz rouca:- boa noite sua majestade. e todas elas se
curvavam diante dele, colocando os seus galhos no chão. mesmo com todo o medo que
sentia, ele comeu a comida que lhe era oferecido, pois dentro em breve pensava que iria
acordar. enquanto isso o menino do alto de uma grande árvore, observava tudo o que
acontecia com seu pai. a lua já se encontrava bem no alto mais ou menos meia noite, era
hora de iniciar a grande dança de árvores.

               O rei que se encontrava deitado, pensando que estivesse sonhando,
   levantara de medo quando viu as árvores se moverem ao lado dele e dizerem com sua
   voz rouca:- agora nós vamos iniciar a grande festa em homenagem ao filho do rei que
   se encontra aqui junto de nós. quando o rei viu falar sobre seu filho , que ele estava ali,
   sentiu desmaiar de remorso pelo que tinha feito ao pequeno e notou que tudo aquilo
   não era sonho, e sim realidade . a festa começou , era um barulho infernal, no meio da
   mata. todas a árvores cantavam e dançavam ao lado do rei . ele se contorcia de grande


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medo que havia se apoderado do mesmo . queria gritar, mas não tinha forças para
isso.depois de ver desfilar diante dele quase todas as espécies de plantas da floresta sem
nome, ele ouviu uma voz que dizia assim:- senhor rei , se quiser ver seu filho de cinco
anos que você mandou prender dentro da prisão , será preciso você fazer um
juramento a todas essas árvores que estão aqui, e ele imediatamente aparecerá a seu
lado. você concorda com isto? respondeu o rei .- claro que sim , eu não sabia por que
fazia toda essa maldade. eu estava enfeitiçado. perdoe-me árvore, mãe de todas as
arvores, eu juro como nunca mais farei maldade com mais ninguém deste mundo.
assim que o rei acabou de pronunciar essas palavras, o seu filho que estava vendo e
ouvindo tudo lá do alto de uma grande figueira , desceu e chegou perto de seu pai
beijando-o dos pés a cabeça. e o rei dizia:- perdoe-me meu filho por tudo que fiz a
você. e o menino respondeu:- o senhor sempre esteve perdoado meu pai, eu sabia que
o senhor não era tão mau assim , apenas o feitiço que foi lançado há muitos anos sobre
sua pessoa é que fazia isto, de agora em diante será tudo diferente, falou o rei, toda a
minha fortuna será colocada a disposição dos pobres para que possa fazer do meu
reino o paraíso das crianças. enquanto o rei estava dizendo essas coisas, as árvores
pararam de cantar e dançar para poderem ouvir direito o que ele dizia., ao seu
filho,.estavam nesta conversa quando o menino pediu ao pai para este ir chamar uma
pessoa muito amiga que estava também ali por perto. o menino saiu dali a pouco voltou
com a fada. ela estava iluminada com a luz branca da lua e trazia em sua cabeça uma
coroa de luz. então o menino explicou como que tinha acontecido tudo aquilo, que a
fada tinha sido sua protetora durante todo aquele tempo que se encontrava fora de casa.
o rei agradeceu muito a fada e pediu-lhe desculpas por tudo o que acontecera. o rei
agradeceu muito a fada e como ela era muito boa, disse que não era nada, pois a sua
missão na terra era fazer todo o povo feliz, desde as crianças até mesmo os reis e
rainhas.

      Estavam os três conversando, quando as arvores pediram licença para continuar
a festa em homenagem a todas as crianças do mundo. e a festa continuou, agora com
muito mais alegria, pois o rei com seu filho e a fada se encontravam sentados
assistindo a grande festa que continuou até o raiar do dia. todas as árvores dançaram
desfilando diante deles. o rei e o menino ainda estavam surpresos pois pensavam que
as árvores eram imóveis, como eles as tinham visto em outros locais. o rei também


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ficou muito contente com a festa e pediu a fada que o levasse para casa, pois ele já
estava sentindo saudade de todos seu reino.

           Antes que ele partisse a fada falou com o menino:- meu filho, o que acabou
de ver , foi um privilégio que não poderá mais ser repetido, mas se você quiser ver as
árvores dançar não precisa vir até aqui, quando você estiver com outros meninos
brincando em qualquer bosque ou floresta, não se preocupe, este espetáculo você
tornará a ver. basta que você queira e tenha bondade em seu coração e todas as árvores
dançarão. - adeus meu filho, adeus meu querido rei. e dizendo isso, pediu aos dois que
fechassem os olhos pois tão logo eles tornasses a abri-los, já estariam deitados na cama
do palácio . imediatamente obedeceram e quando tornaram a abrir os olhos os dois
estavam deitados na cama onde o rei havia se deitado no dia anterior.

       Eram seis horas da manhã , já estava quase na hora do sol nascer, quando
foram lá chamar o rei pensando que ele ainda estava com aquele mau humor do dia
anterior. mas verificaram com grande surpresa que estavam todos enganados, pois o rei
recebeu-os muito bem e pediu perdão a todos por tudo que tinha feito de mal a eles,
desde a rainha, sua esposa, até seus empregados e escravos. os outros filhos do rei
vieram para junto dele e a partir daquele dia o rei começou a contar-lhes muitas
histórias todas as noites. desde aquele dia a vida naquele castelo modificou - se
completamente. e os meninos cresceram e viveram o resto de sua infância felizes até
tornarem-se adultos.

naquela noite após contar a história da dança das árvores, o silêncio desceu sobre o
acampamento. não se ouvia mais o crepitar do fogo, todos dormiam a sono solto.
apenas permanecia acordado, sebastião, que ainda não tinha sono. era interessante a
maneira como eles deixavam o acampamento durante a noite, sem a menor vigilância
por parte dos garotos ou mesmo por parte de sebastião que nunca dormia nas barracas
como faziam os meninos. o seu lugar de dormir era sempre no alto de uma colina ou
no pé de uma grande árvore. a única proteção que tinha era deixar a fogueira acesa à
noite toda para afugentar algum animal selvagem. de duas em duas horas um deles se
levantava e vinha colocar mais lenha no fogo para que ele ficasse acesso até o dia
seguinte, era a única preocupação dos meninos.

               Sebastião que nunca dormia no acampamento, subia no alto de uma
colina existente perto do acampamento logo após verificar que os garotos já estavam

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acomodados em suas barracas. ali chegando, fez a sua prece como de costume e ficou
admirando as estrelas que brilhavam no infinito e era esta a única maneira dele
conseguir toda a resistência necessária para a caminhada através do campo. apesar de
sebastião se afastar do acampamento, nenhum dos meninos sabia o que ele fazia lá em
cima e nem mesmo onde ele dormia. depois de fazer os exercícios dirigiu-se até uma
árvore, subiu a sua copa e procurou se acomodar em uma rede que havia colocado ali
para esse fim. cobriu-se com dois cobertores e dormiu durante cinco horas seguidas,.
quando deu o sinal de amanhecer o dia, sebastião saiu e foi para o alto da colina onde
ficou mirando o sol nascente até a hora que o mesmo saiu. até hoje nenhum dos
meninos conseguiu ver como ele consegue ficar tanto tempo mirando as luzes do sol
sem se pestanejar. muitas vezes os meninos viam-no naquela altitude de silêncio e
contemplação, e não tinham o mínimo de coragem de fazer o menor comentário a
respeito. apenas olhavam distraidamente para onde ele se encontrava. aquilo era o
suficiente para que demonstrassem o máximo de confiança em seu mestre.

o desfile dos mortos

no dia seguinte , tudo aconteceu como se o mundo fosse novo, não foi feito o menor
comentário sobre o dia anterior    e cada um cumpria a sua obrigação em relação ao
campo. naquela manhã o orvalho subia como fumaça tornando branco todo o vale,
quando as luzes do sol batiam nas sua gotas de orvalho, resplandeciam em verdadeiro
arco íris. à sombra da floresta, uma aragem fria chegava a cortar os ossos da gente . e
mesmo com todo esse frio, os meninos tiveram coragem para um banho no riacho.. o
único que estava com medo era o viking que pedia sempre ao sebastião que segurasse a
sua mão com medo i ir para o fundo, ou ser arrastado pela correnteza. após banho,
todo se entreteram o estômago com uma água doce de rapadura e um pouco de
farinha que ainda sobrava dos outros dias . estavam ele ainda tomando a sua refeição
matinal quando viram ao longe uma porção de urubus que voavam em todas as
direções numa distância bem longe do acampamento . logo imaginaram uma série de
coisas. um dizia que era um boi morto, outro falava que talvez fosse um matadouro que
havia ali pois nas cidades do interior os matadouros são longe das ruas para afastar o
mau cheiro. e ainda tinha alguns que pensavam na possibilidade de haver alguma
pessoa morta ali. uma interrogação pairou nos olhos de todos. tudo para ele era motivo
de expectativa, afinal estavam em contato com a natureza em todo seu esplendor .


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sebastião disse que a melhor maneira de descobrirem era ir ate o local e verificar o que
realmente estava acontecendo.

ficou combinado que dois companheiros deviam ficar tomando conta do acampamento,
enquanto sebastião e os outros garotos iam até o local para averiguarem o que tinha
acontecido. sebastião mais cinco garotos partiram radiantes de felicidade para
descobrirem todo aquele mistério. afinal eles iam ter a primeira aventura no campo. a
distância que tinham de vencer era de mais ou menos de cinco ou seis quilômetros. e o
caminho era todo emaranhado em volta do ria que em determinadas curvas sua
correnteza era mais forte fazendo com que os meninos sentissem medo. a vegetação
era rasteira por todo aquele caminho. apenas arbustos retorcidos e de ponto em ponto
uma árvore servindo de abrigo e sombra para o gado na época da seca. a medida que
avançavam, em todas as direções avistavam urubus que esvoaçavam em volta do local
para onde se dirigiam. ao subir um pequeno morro, puderam vislumbrar o quadro mais
dantesco que até hoje puderam ver em sua vidas. havia caído ali um avião muito
grande, que perdera sua rota e todos os passageiros e tripulantes estavam mortos. era
um mau cheiro horrível que exalava a mais de duzentos metros.- todos mortos. foi a
expressão que saia da boca de todos.- como podia ter acontecido uma coisa dessas sem
que nós tivéssemos ouvido o barulho? perguntou sebastião. mas os meninos que são
inteligentes viram logo que aquele desastre de avião já tinha sido há dois dias, em
virtude do estado de decomposição dos cadáveres. vejam como os urubus estão
estraçalhando os corpos. disse um dos meninos. - è preciso fazer alguma coisa, vamos
chegar mais perto e ver como se encontra. foi preciso colocar lenços no nariz de todos,
tal era o mau cheiro. ninguém ficou para trás. todos chegaram perto. o avião se
encontrava quase todo destruído, e os corpos se espalhavam por uma área de mais de
cem metros. havia ali um total de vinte e oito pessoas mortas. pois os meninos puderam
contar pelas cabaças que iam encontrando, corpo inteiro não era possível contar devido
as mutilações . verificaram que havia dezenove homens , quatro crianças e cinco
mulheres. era preciso fazer alguma coisa, e a primeira idéia que tiveram foi a de avisar
as autoridades da cidade que ficava a uns cinqüenta quilômetros. sebastião determinou
que dois dos meninos partissem em direção a cidade para avisaras autoridade,
enquanto ele e os outros três ficariam tomando conta dos corpos para que os urubus
não os devorassem. talvez as autoridades já estejam á caminho, mas como vou saber? o
negócio era partir naquela mesma hora. se as autoridades estivessem a caminho eles

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voltariam junto, caso contrário, deveriam chegar até a cidade. ao passarem pelo ,
deviam avisar os dois meninos do acontecido e dizer-lhes para ficarem ali nos
esperando que a tarde viriam para jantar. os meninos partiram, sebastião e três
meninos ficaram tomando conta dos destroços . o trabalho deles era impedir que as
aves de rapina devorassem os corpos. quem mais trabalhou nessa operação foi lobato
que corria de um lado para outro com a maior facilidade por ser pequeno e por ser
atleta de corrida. muitas vezes via-se uma disputa entre urubus e um de nossos heróis
que impediam a todo o custo que os urubus estraçalhassem mais corpos. realmente era
um quadro estarrecedor para qualquer pessoa humana. principalmente para uns
garotos que tinham saído pela primeira vez de casa. só mesmo os fracos cairiam diante
uma situação dessas . porém como eles estavam junto de sebastião, não tiveram medo,
pois o mesmo de hora em hora falava com eles que era preciso coragem e que somente
eles que estavam ali poderiam fazer aquele serviço. sebastião sempre dizia para os
meninos que aquele dia era o mais importante até hoje na vida de todos ele; pois
afinal,estavam fazendo uma coisa muito importante que faria com que eles fossem
lembrados por toda a vida.

o que estará acontecendo agora com nossos companheiro que partiram para a cidade?
foi a de lobato quando parou um pouco para descansar. mas não teve tempo de
descansar muito pois sebastião mostrou-lhe um urubu que se dirigia em direção ao
corpo de uma criança. e imediatamente ele correu e espantou o urubu, mas assim que
voltou , sebastião lhe disse que devia descansar um pouco, enquanto isso os dois
meninos tratavam de fazer o trabalho. então sebastião lhe disse que os meninos teriam
bastante possibilidade de atingirem a cidade , pois o rufino que é inteligente e resolverá
qualquer problema que surja pela frente.

enquanto isso os nossos companheiro que partiram para cidade já se encontravam bem
longe do local do desastre e estão bem satisfeito da sua missão. afinal estavam
prestando algum serviço e era isso que eles queriam . já tinham vencido quase dez
quilômetros, quando depararam com um grupo de soldados. um dos meninos se
escondeu no meio do mato e o outro ficou na beira da estrada para falar com eles, caso
fossem inimigos, o outro correria até o acampamento e avisaria os outros que ficaram
lá. como os soldados poderiam querer saber o que ele fazia naquela região, ele
procurou assanhar os cabelos, jogou fora os sapatos, posou terra no rosto e assim


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poder passar por um menino da região. tudo isso era observado pelo seu companheiro
que se encontrava a uma distância de 20 metros no meio do mato. nisso os soldados já
se encontravam a uma distancia de 50 metros, e o nosso herói fingindo ser um menino
daquela zona , foi lhes dando passagem, chegando para o canto, quando os mesmos
estavam bem perto. quando os soldados viram-no , perguntaram se ele não tinha visto
alguns urubus voando ali por perto. por esta pergunta o menino pode observar tratar-se
de uns dos soldados que buscavam destroços do avião. como eram amigos não era
mais preciso ter medo. então respondeu-lhes que ia a cidade justamente para avisar
sobre um desastre de avião que tinham encontrado a uma dezena de quilômetros dali. e
que lá já tinham alguns dos seus colegas tomando conta para que os urubus não
estraçalhassem mais os corpos que lá se encontravam . e que eles poderia servir de guia
para eles. então o menino deu um assobio e o seu colega saiu do meio do mato. quando
o sargento viu sair aquele menino do meio da moita, perguntou de que se tratava. ao
que o menino respondeu tratar-se de um de seus companheiros que estava ali
escondidos pensou que os soldados fossem inimigos. então os soldados riram e disse
que agora ele iam juntos até o local do desastre. junto aos soldados vinha também uma
turma de salvamento formado por voluntários da cidade de esperança. como já sabiam
que não havia sobreviventes, mandaram que dois dos mesmos voltassem até a cidade
para avisar que não havia nenhuma pessoa viva.

eram quinze horas de um dia de sol bem quente anunciando uma noite fria. o trabalho
de remoção dos corpos deveria começar ainda aquela noite. eles traziam redes onde
seriam colocados os corpos para serem levados à cidade mais perto que era a cidade de
esperança a cerca de vinte quilômetros. chegaram ao local do desastre já quase noite.
sebastião e os meninos mudaram a acampamento para perto do local do desastre.
estavam todos descansando de um dia árdua de trabalho e a noite caia mansa , fúnebre
e triste.

a turma de salvamento deu início a remoção dos corpos até as oito horas da noite, não
podendo mais continuar por causa do frio. ali mesmo os soldados armaram
acampamento. grandes lampiões foram acessos e depois de colocar guardas nos quatro
cantos do acampamento. todos foram dormir . sebastião e os meninos ficaram também
observando o movimento dos soldados e depois se recolheram.




                                                                                        32
                               EM BUSCA DA CAVERNA.
33

no dia seguinte á seis horas da manhã já tinham reiniciado o trabalho de remoção dos
corpos. eram mais de cem homens trabalhando no local fúnebre. ao meio dia em
ponto, já tinham terminado toda a remoção, colocando os corpos em sacos , esteira e
até mesmo em caixões pequenos. imediatamente saíram em direção à cidade que ficava
a quinze quilômetros.

         As primeiras luzes do sol já começavam a surgir no horizonte . a
    princípio apenas uma nesga de luz branca , amarelada, depois foi
    aumentando      lentamente até se tornar claro. antes que o sol saísse ,
    para os homens rumo à cidade de esperança em cortejo fúnebre, levando
    vinte e oito corpos do avião sinistrado. naquele dia tudo correu como se
    assistisse a uma cerimonia macabra. o sol saiu claro e radiante , mas tão
    logo viu pelo campo a cerimônia da marcha fúnebre, tratou-se de
    esconder -se por entre as nuvens, dando ao dia um ambiente triste. os
    urubus ainda voavam sobre o local do desastre a procura de algum resto
    de cadáver . naquela manhã nem os pássaros vieram saudar o novo .
    todos fugiram com medo do cortejo fúnebre, como se morte fosse a única
    coisa desagradável da vida. cinco meninos marcharam bem a frente do
    cortejo a fim de comunicar o povo da cidade. enquanto isso sebastião e
    os outros meninos iam juntos ao cortejo, que naquela manhã fria de julho,
    passeava pelos campos cobertos de orvalhos.
         Sebastião ao passar pelos campos que acamparam em noites
    anteriores, lembrava juntamente com os garotos, aquelas noites
    sentados à beira do fogo, contavam história e sonhavam um dia edificar
    os seus ideais. lembravam todos os sonhos mais variados possíveis. e
    agora a sombra da morte rondava a vida, à sombra de um sol que não
    saiu. que força misteriosa é essa que envolve o espírito do homem?
    porque será que nunca chegamos ao fim do nosso ideal? - oh, como a
    tristeza se abate sobre mm. e o meu espírito na maior confusão
    contempla a morte desfilar pelos campos afora. e ele continuava a
    cismar... viver , morrer ? qual a grande diferença? se a maioria daqueles
    que carregam os corpos não sabem por que vivem. quem diria que há
    duas noites passadas , nós brincávamos alegres por esses mesmos


                                                                                       33
                              EM BUSCA DA CAVERNA.
34

    campos onde agora, silencioso como um sepulcro, nós fazemos a morte
    desfilar ao nosso lado? será que todos os planos foram desfeito?
assim ia pensando sebastião e talvez os outros meninos também pensavam, pois eles
estavam muito calado, quando as nuvens começaram a formar no céu imagens, como
que nos dando um aviso. podemos nós acreditar na visão fantástica do nada que
descreve diante nossos olhos as mensagens das nuvens? esses eram a multidão de
pensamentos que sebastião pensava enquanto caminhava no meio dos homens que
conduziam os caixões com destroços humanos em meio ao mais fúnebre silêncio.

descansavam de meia em meia hora. o caminho era tortuoso e cheio de pedras. parecia
que após uma curva nós encontraríamos o fim da estrada anunciando a cidade, mas
não era assim. depois de uma curva, surgia um caminho que era longo e parecia não
ter fim. as montanhas ao longe, cobriam-se de nuvens escuras, inspirando o culto dos
mortos que desfilavam pelo campo. os pássaros não cantavam como nos dias anteriores
em que os meninos ali brincavam. estavam com medo dos homens que palmilhavam
seus caminhos. no primeiro dia conseguiram vencer somente vinte quilômetros. à noite
acenderam grandes fogueira e ali mesmo ao lado dos mortos deitaram-se para
descansar até o dia seguinte.

         no dia seguinte marcharam mais de 10 quilômetros carregando os
    corpos e, na estação já estava o trem aguardando os corpos para serem
    enviados para a cidade de esperança. - depois que tudo foi colocado no
    vagão de carga do trem, os meninos e sebastião entraram no carro de
    passageiro com poltronas e sentavam aguardando a partida do trem com
    a carga fúnebre o trem partiu, a princípio devagarinho, depois ganhou
    mais velocidade. enquanto o trem corria cortando as montanhas e morros
    que lhe parecia a frente, sebastião despejava os olhos para a paisagem
    que corria pela janela do comboio. admirando as flores e as folhas dos pé
    de mamonas,mergulhava o seu espírito               na mais completa meditação.
    porque estavam eles naquele trem? que fizemos nestes últimos dias de
    acampamento? estaremos nós vivendo uma vida cheia de ilusão ? não é
    isto que eu quero pensar, e sim coisas bem diferente que não sei
    explicar. hoje não consigo centralizar o meu pensamento numa coisa
    firme como naquelas noites de campo onde eu inventava história umas


                                                                                       34
                                EM BUSCA DA CAVERNA.
35

    atrás da outra. será que a loucura está tomando conta do meu cérebro?
    não, isto também não pode ser. sinto como se tivesse a força total do
    universo. nos meus?       será que estou tão forte assim como digo estar?
         tudo isto ia pensando sebastião enquanto os garotos dormiam a sono
    solto aproveitando o balanço do trem também o sono foi chegando ao
    chefe, era assim como os garotos chamavam e ele acabou dormindo e
    dormiu. no sono sonhou que tinha voltado à sua infância . tinha então
    cinco anos de idade quando ainda morava lá em passabém. seu pai está
    carpinando roça até as seis horas . de repente passa pela estrada os
    caçadores o convidas também para ir com ele:- “ como é seu mané o
    sinhô não vai caçá com a gente ?” “-pois é , hoje eu não posso ir porque
    preciso terminar um pedaço de terra que precisa ser limpo “ tá bem,
    entonce , inté minhã” . os caçadores partiram e o sr manoel permaneceu
    no trabalho por mais meia hora. sebastião que contava cinco anos de
    idade mal feitos já ajudava o seu pai juntamente com seus irmãos mais
    velhos.
         era um total de 6 meninos e 4 meninas dentro de casa. as meninas
    por sua vez ajudava no trabalho de casa juntamente com sua mãe :
    naquela tarde , quando o sol já havia se posto no horizonte, viram umas
    pessoas pelo caminho que divisava as terras do sr manoel com a
    estrada: imediatamente o nosso amigo se dirigiu para ele tratava. o sr
    nem imaginava o que foi que aconteceu , o sr se lembra do filho da
    marocas ? aquele que é meio doido ? pois é ele sumiu de casa hoje de
    dia e até agora não foi encontrado.
    o filho de dona marocas era chamado de jorginho e muito conhecido pelo
    povo daquela vila. era uma espécie de menino que todos zombavam :
    chamavam-no ; o que fazia ficar mais furioso ainda.
desde pequeno que o jorginho era meio abobado, por ter sofrido uma doença muito
grave : não morrera . “ mas ficou doido” como dizia o povo. certa vez burlou a
vigilância da mãe e dos irmãos e fugira de casa . Foi procurado por todos durante o dia
sendo inútil a busca.

     Naquela noite a vila ficou em desespero. . Eram homens á cavalo procurando o
menino por toda a parte. No dia seguinte caçadores saíram bem cedo para a caçada

                                                                                      35
                              EM BUSCA DA CAVERNA.
36

matinal, ainda estava bem escuro quando passando por um caminho depararam com
um vulto mexendo no meio do mato. Com a ânsia de levar para a casa a caça do
almoço daquele dia , não se lembraram do menino que havia fugido de casa na
véspera. Fizeram pontaria e atiraram: Em seguida ouviu-se um grito de dor . Era o
Jorginho que estava deitado no meio da mata. Os dois caçadores correram para perto
do menino e com desespero viram que tinham atirado no filho de dona Marocas. Que
seria daquela pobre criatura dali pela frente? O menino não morrera, levaram-no para
o hospital da cidade onde ficou muito tempo tratando do ferimento recebido. E como
havia recebido um tiro na cabeça ficou com uma parte do corpo paralisado: Só
conseguia andar com uma perna pulando feito saci.

      Era um menino já com quinze anos, e agora acontecia aquilo. Fugira de casa, se
arrastando pelo meio do mato , sabe lá deus como ‘ se pelo menos ele morresse
acabaria com o sofrimento de dona marocas”     era o que dizia uns já outros diziam
que era castigo pois sua mãe fora muito perversa para os seus escravos.

   Estavam todos na porta da venda discutindo a vida do menino quando surgiu um
rapazinho dizendo que o jorginho estava morto no rio mordido por uma cobra cascavel.

Ao pronunciar a palavra cascavel Sebastião que dormia e sonhava, acordou
rapidamente pois o trem estava chegando ao seu destino . Era finda a primeira viagem
de experiência com os nossos heróis. Dali por diante teríamos de esperar . a primeira
viagem havia terminado. Aquilo foi o início. O fim seria maravilhoso.

                                 Outro acampamento

     Eram 13 horas . as nossas sombras já começavam a caminhar para o oriente. O
Sol , que não estava muito quente por ser inverno, mostrava-se vermelho como um
tomate. Falei com todos os meninos: - Vocês estão vendo aquela serra que parece
encontrar com o azul do céu? - Estamos vendo sim , responderam todos . Pois é ali em
cima que nós vamos . Portanto tratemos de caminhar pois a viagem é longa.

 Á nossa frente uma porteira que dividia a cidade com o pasto . Além do pasto só
avistamos os caminhos primitivos feito pelos pés dos animais e dos homens que por ali
passavam . Com o Barros á frente seguimos “ a coluna por um’’ . a princípio eles
conversaram sobre os mais variados assuntos ; depois o silencio foi quebrando á



                                                                                        36
                              EM BUSCA DA CAVERNA.
37

medida que o cansaço da caminhada chegava. sabendo que tinham dez dia para andar ,
era preciso aprender a andar en silêncio, só assim evitava o cansaço.

De um lado e de outro do caminho só grama rasteira. hora por outra um curso dágua
atravessava a nossa frente, onde os animais saciavam a sua sede, e á margem dos
mesmo florescia lírio do campo e ‘’ chapéu de couro’’. chapéu de couro é uma planta
medicinal que serve também como chá adoçado com mel.

         depois de andarmos seis quilômetros vimos na nossa frente uma
    coisa muito grande que se movia a uma distancia de 500 metros.
    paramos para afirmar a vista, e só quando a mesma já estava bem perto ,
    notamos que era uma grande boiada. ela estava sendo trazido pelos
    vaqueiro , que de longe já houvemos seus gritos.
         diante daquele espetáculo todo os meninos pararam e começaram a
    observar . só então eu lembrei que podia haver boi bravo ali no meio
    daquela boiada. imediatamente sebastião deu ordem aos meninos para
    que se misturassem no meio dos arbustos, e ficassem imóvel o mais
    tempo possível pois ele já observara que alguns bois já estavam de
    orelha em pé à procura de alguém para atacar .
assim fizeram. cada um se escondeu o mais depressa como pode por detrás da
árvores. e sebastião lhes disse ainda que se algum touro chegar perto de vocês não
tenham medo e nem corram procurem fitar-lhe bem nos olhos e não serão molestados.

porém o viking que é o mais novo , com apenas nove anos de idade, tremia de medo
como uma’’vara verde’’ e dizia para sebastião: - eu tenho medo do boi me pegar, deixa
eu ficar perto de você.—não precisa ter medo respondeu sebastião faça como eu lhe
disse: -- fite-o bem nos olhos e não se mova. por via das dúvidas fique aqui perto de
mim que eu lhe ensinarei como fazer. como os meninos estava atrás do arbusto e sem
se mexer. os animais passaram bem perto deles sem vê-los. mas quando passou perto
de viking , ele se moveu tanto que chamou a atenção de um touro preto. sebastião viu
que era ora de fazer a prova com o menino e disse bem baixinho para ele:- calma
viking, tenha coragem e tudo sairá bem . segure na minha mão e na hora que o boi
estiver bem perto faça o que eu mandar. assim fizeram , e o touro veio se
aproximando cada vez mais do dois amigos e bufava pelas narinas ‘’incendiadas’’ .
nisso o nosso amigo falou no ouvido do menino:- é agora. olhe bem nos olhos dele ,

                                                                                        37
                               EM BUSCA DA CAVERNA.
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Em Busa Ca Da Caverna1

  • 1. 1 A E scola A nossa história começa em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais na cidade de Itabira,onde existe extração de minério desde o ano de l937. apesar de já estarmos no ano de l99l, a cidade apresenta aspecto do início do século com todo o seu atrazo caraterístico do Brasil sem futuro. Sebastião, personagem central de toda confusão provocada na mente dos meninos, é a personificação do pai que os garotos gostariam de ter, e é um desconhecido que chegou à cidade de há pouco mais de treis anos e leciona história no ginásio principal e único da cidade. ninguém conhece a sua origem, de onde ele veio, ou mesmo o seu sobrenome. parece que ele veio abruptamente e entrou para o cenário da história daqueles meninos. personagem fantástica, que os meninos daquela pacata cidade idolatraram. Bem,vejamos como começa a história que parece não ter fim. . Como tudo começou Uma sala de aula de história No próximo verão marcharemos em direção a nossa caverna que se encontra no alto daquela montanha que nós vimos quando fomos a São Paulo no ano passado. assim começou Sebastião a falar, tão logo os alunos regressaram do recreio, naquela tarde de verão que já chegava ao fim. todos arregalaram os olhos como se fosse coisa do outro mundo aquela atitude de Sebastião ao pronunciar aquela palavra mágica, caverna, que inspira algo misterioso nas profundezas da alma infantil. a princípio não parecia ser muito interessante para alunos da terceira série ginasial. eram meninos de 12 a 15 anos quase todos pertencentes a famílias de operários da cidade de itabira. havia na sala meninos de todas as cores: brancos , morenos, pretos ; mas como todos tinham o mesmo nível social havia uma perfeita harmonia entre eles . os alunos começaram uma certa algazarra na sala de aula. mas sebastião que já conhecia as crianças através dos olhos, calou-se repentinamente não dizendo nem mais uma palavra. daí de repente todos se calaram como que por encanto e esperaram que Sebastião começasse a dizer aquilo que eles gostariam de ouvir, e que nem por sonho poderiam adivinhar o que seria. 1 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 2. 2 enquanto estavam assim naquela pequena confusão , Sebastião voltava-se com o pensamento para o reino da fantasia que só existia dentro de sua alma; mas que haveria de conquistar todos aqueles coraçõezinhos infantis que ali diante dele se encontravam à espera da grande aventura que haveriam de empreender a partir daquele momento. daí o seu cérebro procurou fugir para as mais longínquas paragens do ideal . em sua feição observa-se uma serenidade completa , semelhante a existente no semblante da esfinge, que em pleno deserto, mantém os olhos hirtos em direção ao infinito , ou ainda , dos olhos de quem já completou um grande sonho que se transformou em realidade. Durante esses poucos minutos seguidos , ele fugiu as mais altas montanhas, procurando através da natureza algo que pudesse demonstrar a quietude que ia em seu espírito de fantasia. queria ele transmitir aos garotos que só uma coisa pode tornar o homem invencível: “ a vontade de vencer” . tudo correu como ele imaginara. os que estavam mais exaltados já haviam se acalmado contemplando a face daquele que iria iniciar com eles uma grande aventura. aventura esta que centenas de crianças gostariam de empreender . passaram-se mais alguns segundos e Sebastião começou a falar: como eu lhes disse , no próximo verão marcharemos todos e mais alguns dos nossos colegas para uma grande aventura. há muitos anos que eu prometo a meus alunos levá-los a um lugar onde existe uma grande caverna misteriosa. quando falou a palavra caverna misteriosa, todos os olhos que estavam naquela sala aquietaram-se cada vez mais.podia se ouvir o zumbido de uma mosca na sala de aula, e continuou dizendo Sebastião: - até hoje não houve a possibilidade de subirmos, porém, neste verão nós todos iremos. vocês todos gostariam de ir?. foi a primeira pergunta quais todos responderam prontamente que sim. muitos daqueles que responderam que sim, estavam sentindo o entusiasmo da maioria. mas sebastião começou a falar o que era uma caverna. antes porem deu um grande suspiro como quem tomava fôlego para falar. bem o negócio é o seguinte: - A caverna é muito grande e está em uma das montanhas mais altas do país . a sua porta encontra-se aberta dia e noite onde todos podem ver o que se encontra lá dentro . pedras de todas as cores; verde, azul, cristal de rocha onde tudo reflete a luz do sol formando lá dentro , o mais bonito arco íris por causa de uma fonte de água cristalina. a luz do sol passa por um buraco existente na parte superior da caverna e ilumina 2 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 3. 3 toda ela por dentro. sebastião continuou falando quando a campainha tocou avisando o término da aula. alguns já pegavam o material para saírem quando ele avisou que nos dias seguintes de aula continuaria a contar-lhes como eram as coisas lá em cima. via-se um grande contentamento no semblante de todos aqueles meninos . eram rapazinhos de treze a quatorze anos mal feitos, que naqueles poucos minutos acabavam de sonhar um pouco. era apenas um sonho, mas, quem sabe? um dia poderia tornar-se realidade. e este dia seria o mais glorioso para todas as crianças do brasil e talvez de todo o mundo. • naquele dia Sebastião saiu pela rua triste e pensativo, como se o único que não acreditasse na caverna fosse ele e uma tristeza imensa invadiu sua alma como se o mundo fechasse o rosto para ele. Afinal não havia razão para ficar triste. ele mesmo criara a fantasia que agora não podia voltar atrás; consigo mesmo agora ele dizia baixinho é preciso ir adiante. não podemos parar agora que tudo já começou. como criança é muito flexível em relação a fantasia os sonhos devem ser alimentados todos os dias até um dia tornar-se realidade. como pode uma palavra modificar a mente ? como é estranha a força interior?. como o pensamento de uma criança pode operar maravilhas. assim ia ele pensando quando foi abordado por uns alunos que o alcançaram em plena rua a caminho da casa, e o interpelaram; sr sebastião, era como os alunos costumavam chamá-lo, --- como pode existir no alto de uma montanha uma caverna gigantesca? - ah ... vocês compreendem como são as coisas, Deus fez a natureza de tal maneira que nós podemos aproveitá-la a medida que precisamos dela. uma caverna é geralmente formada pela erosão através dos tempos. a parte interna é de material que se dilui facilmente com a água da chuva que vai carregando lentamente partículas mais leves, deixando a parte externa que é mais dura. assim são formadas todas as cavernas. aquelas palavras não foram muito bem compreendida. por isso uns acreditavam e outros ainda não tinham muita confiança. .mas a maioria vibrava com a coisa inédita que em breve eles conheceriam. a partir daquele dia sebastião observou que entre eles havia uma amizade mais profunda do que antes . basta dizer que a freqüência em sala de aula melhorou quase cem por cento. aquele índice muito alto de freqüência para uma 3 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 4. 4 turma indisciplinada e desorientada era algo assombroso. o aproveitamento passou a ser melhor do que nos meses anteriores. todos os alunos da terceira série já haviam melhorado suas notas, muitos dos pais já tinham desconfiado desta melhora mas ninguém sabia o que estava transformando os seus filhos de uma hora para outra. era necessário que a partir de agora. a velinha do ideal nunca mais se apagasse para que pudesse levar cada aluno a descobrir sua própria caverna ... tudo aconteceu tão de repente que muitos dos professores quiseram saber o que se passava por de trás de tudo aquilo. volta e meia tornavam a se reunirem para discutir como seria grande tal caminhada para a caverna. já corria o mês de maio e as reuniões preparativas não mais se realizavam em sala de aula, e sim no grande pátio todos os sábados à tarde. e ali naquele velho pátio cercado de muro quase caindo,cheio de musgos e liquens pelas parede, somente eles agora pisavam para aprender sobre a “ terra prometida” . eram cerca de 40 meninos que com o consentimento do diretor se reuniam ali, para juntamente com Sebastião traçarem planos para atingir aquele objetivo tão almejado e sonhado por todos. Essas reuniões chamaram a tenção de outros meninos que também queriam tomar parte do bando. a princípio muitos meninos tomaram parte , mas logo depois desistiam e só os mais persistentes continuariam a assistir as reuniões..as reuniões mais consistiam de jogos de campo e de palestras sobre as coisas do campo. como o grupo estava , crescendo , era preciso uma organização mais bem orientada e que iria exigir mais energia de sebastião. . estando agora o grupo com cerca de setenta meninos , foi necessário dividi-los em dois grupos de trinta e cinco alunos em cada reunião para os jogos preparativos. Rufino sonhou Certa noite, , no meio de toda confusão, o Rufino teve um sonho no qual ele estava reclamando de muita coisa: Sonhou que já era adulto e depois de ter todo fracasso na vida,reclamava: -Fico imaginando como podia Sebastião naquela época ter tanta imaginação que deixava qualquer um de boca aberta. como poderia eu ,que 4 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 5. 5 depois de percorrer todo o caminho que sebastião me mostrou,, sonhar aquela maravilha a procura de uma caverna, que ele ensinou existir dentro de cada um de nós, e depois eu sentir como a morte rondava seu espírito? . quantas vezes solitário onde todas as forças pareciam perdidas e o temor de algo existente dentro de mim não explicavam aquilo que atemorizava meu espirito ?. lembro- me perfeitamente dos momentos de cisma na qual eu dizia: quem sou eu? de onde vim?. de onde vinha aquela força que jogava em direção ao vácuo?. todas aquelas interrogações profunda do ser me convidava ao nada, era a falta de um ideal que alimentasse o espírito em meio a toda a aflição. lembro-me perfeitamente de tudo que o mestre me ensinava, e eu em meu subconsciente a tudo recusava”. Sebastião tinha muito boa vontade, mas eu , apesar de estar sempre junto dele,sempre recusava os seus ensinamentos. Até hoje o Rufino ainda pensa naquele sonho.Mal sabe êle os outros sonhos que êle ainda vai ter , Certo dia um dos meninos deu a idéia de fazer uma excursão em algum lugar próximo para irem treinando. na verdade sebastião já havia pensado nisto, porém queria que a idéia partisse deles, pois sempre dizia não querer ser um chefe para somente mandar ,mas sim para orientar e acatar as idéias de todos. vocês é que dão as idéias para que possamos fazer a grande caminhada. eu não me intrometo e para maior liberdade entre os meninos procuro não chegar perto quando estão realizando as reuniões. uma coisa porém é preciso que seja observado entre eles : é a camaradagem e a dedicação para com seus companheiros. a primeira excursão, deveria ser realizada aqui por perto para que eles não estranhassem muito, e não deveria durar muito tempo. apenas uma tarde de sol ou domingo de manhã. como os líderes vieram falar comigo,sugeri a eles que deveríamos ir de manhã. era necessário escolher agora o local da excursão, o que foi permitido os garotos que escolhessem. após muitas discussões chegaram a uma conclusão; um local denominado serra da conceição, foi o escolhido por ser perto e podermos aproveitar para visitar o lugar onde se extraia ouro na época da escravidão. combinamos que deveria ser o primeiro domingo de julho, e assim já teríamos tempo para pensar em 5 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 6. 6 outras atividades. na véspera da excursão Sebastião reuniu todos os meninos para contar a eles algumas histórias que todo apreciavam. depois perguntaram se estavam satisfeitos em poder no dia seguinte fazer um passeio como se fosse na grande caverna? todos estavam realmente felizes, mas alguns se mostraram indecisos quanto a resposta, ao que foi interpelado por Sebastião. o que há com vocês que não estão sabendo responder?- podem dizer aquilo que sentem. nós estamos satisfeitos sim, más... responderam alguns como que titubeando. podem dizer com franqueza o que quiserem, nós somos amigos.nós queremos mesmo ir amanhã , mas já que daqui há dez dias nós entraremos em féria, porque não podemos logo ir a nossa caverna? aquela pergunta caiu assim de chofre deixando Sebastião sem poder responder por alguns segundos. era realmente uma coisa espantosa. toda aquela idéia fantástica sobre a caverna já estava tão arraigada na mente dos meninos que agora tornava-se quase impossível voltar atrás, não podia decepcionar aqueles meninos que lhe demonstravam tanta confiança. devia seguir em frente , seja qual for o resultado da coisa toda. se sebastião recuasse, seria um desastre para todos aqueles meninos que o acreditavam . que haveria sebastião de fazer diante uma situação dessa? primeiro ele apareceu com a idéia da caverna e ainda não tinham dado os primeiros passos e os meninos queriam agora passar a sua frente pedindo que os levasse às asas dos ideais . durante cinco segundos sebastião pensou em tudo o que poderia responder e os olhos atentos esperavam por sua resposta que pudesse satisfazê-los. sebastião ia responder quando mais dois meninos disseram que queriam falar com ele. como pensou tratar-se de uma outra coisa, autorizou-os a falarem naquela hora mesmo; então viu que se tratava do mesmo assunto que antes alguns dos meninos havia proposto. um dos meninos que fazia a proposta era carlos lobato, um menino de onze anos.o qual não estava na escola , mas é amigo de todos do grupo. após meditar muito sebastião disse que idéia era boa mas que nós deveríamos falar sobre isto depois que voltássemos da excursão do dia seguinte. eram já dezenove horas o frio soprava em todas as direções. todos foram para suas casas dormir 6 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 7. 7 e com a promessa de voltarem no dia seguinte o mais cedo possível. sebastião ficou a porta de sua casa conversando com amigos. na cidade não havia luz elétrica, era luz de lamparina ou da lua ou das estrelas que brilhavam sempre no céu. Grupo de rapazes preparava se para fazer serenatas naquela noite de sábado. tudo era sonho e ilusão. A ação destruidora do tempo e da civilização ainda não haviam chegado ali. E Sebastião ficou conversando até altas horas da noite. O reino fantástico da ilusão , que vive dentro de nosso ser, é o lugar onde ninguém poderá penetrar. marcharemos em todos os vales , em todas as colinas, em todas as florestas à procura da nossa caverna que não encontraremos em nenhum desses lugares . ela se encontra mais perto do que a gente pode pensar , de tão perto que se encontra, parece longe.ela se encontra dentro de nosso ser, mas este é o único lugar onde a gente não procura por não sabermos que ela está lá, embora nós sabendo de tudo isto não podemos mostrar aos outros pois os mesmos não creditarão. É preciso andar com elas durante muitas e muitas léguas, procurar em mil lugares. e só depois então ela compreenderá que o lugar procurado não devia ser aquele, e assim Sebastião ia pensando. O primeiro acampamento Raiava o dia oito de junho de l987. Eram seis horas da manhã com os termômetros marcando uma temperatura de cinco graus centígrados, as primeiras luzes do sol já começavam a se despontar no horizonte . o silêncio tortuoso da noite ainda pairava sobre nossos ouvidos. Nas encostas das colinas um intenso nevoeiro dando a impressão ao viajante de não mais existir vida dali para diante. O pico do Caue, com seus 1900 metros de altitude, ainda não havia aparecido totalmente, apenas recebia naquele momento as primeiras luzes do Sol, que tem o privilégio de iluminar em primeiro lugar, as grandes montanhas. Já passado quase vinte minutos de clarão do Sol de vermelho tornara-se amarelo e descia em quase todos os vales. pelas ruas apareceram os meninos que faziam a entrega do pão. as pessoas com as melhores roupas dirigiam-se a missa numa imensa alegria nos corações .O Sol já estava todo do lado de fora, parecendo até que hoje ele brilharia mais que nos dias anteriores. Na porta da escola já se encontra grande número de meninos, outros veem mais adiante. quando chegou a completar setenta, vimos que estava na hora de partir. 7 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 8. 8 Atravessamos a cidade carregando as nossas mochilas ou então bornal com a comida, à frente ia um menino carregando a bandeira brasileira. Ao passar pelo povo estes chegavam a tirar o chapéu ou apear o cavalo. Parecíamos um bando de ciganos que marchava pela rua. Gastamos quinze minutos até o morro d’água Santa, em cima do mesmo, forma-se um pantanal donde se avista a serra da Conceição. de cima desse morro também pode se ver muitas outras serras ao redor da cidade ficando a mesma no fundo de um buraco . Bem aqui perto de nós, disse Sebastião, existe um rancho de tropeiros, vamos até lá ver como eles estão. É interessante ver como eles vivem. fazem sua comida em tripé uma espécie de fogão feito de trens ferros amarrados entre si , dormem em cima dos couros de bois sem a mínima higiene. ali também junto aos tropeiro , está um grupo de ciganos na mesma promiscuidade. Olhando para a frente vimos o caminho que deveríamos seguir. Despedimos dos tropeiros e saímos correndo , caminhamos mais uns dois quilômetros até entrarmos na mata que estava fria e cheia de orvalho. Ali no meio da mata andamos em silêncio. A vegetação não era muito alta . Depois de andarmos uns dois mil metros, saímos em um descampado, mostrando a serra a serra do do Esmeril. Dali também se podia ver uma região muito grande com toda aquela floresta ao pé da serra. No lugar onde passavamos agora era um caminho de pedra que, segundo o povo da região,era um aqueoduto , ali passava água para a cidade no tempo da escravidão ou no início do século. Este caminho de pedra não nos serviu por muito tempo, pois logo após saímos do mesmo e entramos no meio da mata novamente. atravessamos diversos riachos e depois de caminhar mais de três quilômetros chegaram ao pé da serra da Conceição. gastaram duas horas para subir até o topo da montanha . Ao chegarem lá em cima estavam tão cansados, que mal tinham pernas para ficarem em pé. alguns se deitavam no 8 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 9. 9 chão duro de pedra e após descansarem quinze minutos, levantaram-se e começaram a correr novamente. Sebastião sentou-se no chão como os outros e começou a contar uma porção de histórias para as crianças. as história que Sebastião contava, sempre era sobre escravos que haviam fugido e se embrenhavam no meio da mata. Contou ele que certa vez no trabalho de mineração de ouro naquela serra, uma turma de escravos cerca de vinte, fugiram para as matas do rio Doce . tão logo os donos dos escravos notaram a fuga saíram com um outro bando de escravos a procura dos fugitivos. Os escravos que fugiram eram comandados por um que havia chegado há pouco tempo da áfrica e era conhecido dos pais daqueles que se encontravam ali trabalhando naquela terra , explorando ouro para os ingleses. os fugitivos desceram até o rio doce e dali fizeram balsas, chegando até o porto de vitória onde se apoderaram de um navio e fugiram para África. Naqueles dias as histórias de Sebastião não estavam muito boas, más ele prometera aos meninos que de outras vezes contaria outras melhores e mais longas, como já estavam cansados, era chegada à hora de regressar para a casa. eram quatro horas da tarde, o vento já começava a soprar frio no alto da montanha . depois de todos terem comido a merenda que haviam trazido deram início ao retorno da primeira excursão preparativa para a grande marcha à caverna. a descida da serra era muito íngreme. na volta não tiveram muita novidade para ver por que ficaram com medo de escurecer no meio do caminho, por isso voltaram o mais rápido possível. a volta foi feita praticamente em silêncio por causa do medo horrível de serem apanhados pela escuridão em plena mata . Ao chegarem no morro da Água Santa, puderam ver lá no fundo as luzes de lamparina toscamente acesas no fundo do vale. Era finda a viagem; a cidade se preparava para nos receber. No chão não mais cresciam nossas sombras, por que o Sol se declinara todo de trás da montanha. E Sebastião acompanhando com os olhos o entusiasmo dos meninos , caia numa longa cisma; como é belo ser criança: quem me dera nascer de novo; voltar às entranhas do ser para nunca nascer, e sempre esperar pelo dia do meu nascimento que não seria nunca. como é belo ser o que não 9 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 10. 10 somos. viver-se num mundo que não nos pertence . em um eterno reino de fantasia. dormir e ... sonhar com tudo aquilo que tínhamos vontade de ser ou fazer. neste mundo não despontou a vida. mas ele virá um dia, o dia em que todos os homens da terra se redimirem e buscarem a paz num sorriso de criança, o ser não vivido; aquele que é a esperança do mundo. assim meditava Sebastião quando viu que estava chegando à hora de se separarem cada um para sua casa. No dia seguinte na cidade todos comentavam o acontecido na véspera. Sebastião passou, a partir daquele dia, o homem mais conhecido da região. . uma coisa porém que intrigava a todos, era a origem do líder de todas as crianças da cidade. sabiam apenas que ele morava numa pensão da cidade; mas isso não era o suficiente para conhecê-lo. de vez em quando ele sumia durante três dias , e depois ele voltava assim meio misterioso, sem dar muita conversa aos outros . como o povo da cidade, dizia que Sebastião era, era meio místico ,um desses ermitão que vivia isolado no alto das montanhas em completa meditação, a fim de receber as bênçãos do Céu. Mas na verdade ninguém sabia aonde ele ia nos dias em que se afastava da cidade . Sabiam porém que em sua pensão era sempre procurado por alguns dos seus alunos e muitas vezes ficavam os mesmos conversando na porta horas seguidas, sem se cansarem. Dos meninos que ele mais recebiavisita, destacavam-se o Barros o Rufino e o Lobato, que eram meninos de dez a quatorze anos aproximadamente . o mais interessante é que os pais dessas crianças sabiam perfeitamente quem eram Sebastião, mas não diziam nada a ninguém sobre sua identificação. as crianças daquela cidade adoravam a Sebastião como se fosse um pai. Talvez por causa das inúmeras histórias que contava para todas as crianças da cidade. Numa temporada de férias , Sebastião conseguiu autorização dos pais das crianças para fazer um acampamento , uma excursão de dez dias pelas terras ao redor da cidade. como ele era muito conhecido dos pais gostaram muito da idéia, já que confiavam nele e assim seus filhos teriam uns dias de aprendizagem sobre a atividade no campo. a excursão seria d preferência num alto de serra e bem longe da cidade. 10 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 11. 11 dois dias antes de partirem reuniram-se todos na casa do lobato. era uma reunião preparatória sobre o local que deveriam ir e o que iriam fazer nesse acampamento. Eram já oito horas da noite e os oito garotos estavam ali reunidos à espera de Sebastião. o local de reunião era o porão da casa cedido pelo pai de lobato.todas as paredes eram adornadas com figuras geométricas . Enquanto esperavam seu líder os meninos liam livros de histórias, jogavam damas , ou simplesmente conversavam. Estavam todos absortos nos folguedos, quando uma voz falou na porta: -Boa noite. Todos se voltaram para ver de quem se tratava e sem espanto viram que era seu amigo sorridente como sempre. alguns pensavam que ele não viria mais. E por que não haveria d vir? Indagou Sebastião. Estão todos aí? perguntou ele. Sim não faltava ninguém .Mas os meninos perguntaram a Sebastião porque não tinha convidado todos os meninos. Bem vocês compreendem , para fazer uma excursão destas , como é a procura da caverna, é preciso ter muita experiência e como eu não posso ensinar a todos ensinarei a vocês e depois vocês ensinarão aos outros. essas palavras foram ouvidas com muito silêncio pela meninada. É preciso vocês saber tudo ou quase tudo que eu sei, continuou Sebastião, porque se eu faltar ou morrer vocês poderão continuar a grande excursão. o entusiasmo fervia no sangue daquelas sete criaturinhas. Era como uma varinha mágica que abrisse os seus corações. Todos estavam ardentemente entusiasmados para aquela excursão de dez dias. Como já eram 21 horas , todos foram para a casa descansar um pouco para ás 5 horas da manhã estarem a porta da casa do Elmo. Todos saíram com exceção do Elmo que morava ali mesmo naquela casa e o Sebastião que ficou conversando até meia noite com o sr. Lima, pai do elmo por afinal dormiu ali mesmo, pois já era muito tarde. Durante a noite ninguém conseguiu dormir. Nem Sebastião, Nem Elmo, nem os outros meninos, como contaram no dia seguinte. Não conseguiram dormir por que ficaram pensando que poderiam perder a viagem do dia seguinte. 11 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 12. 12 • Por isso as quatro e meia, todos se encontravam a porta da casa do companheiro , pedindo para abri-la pois estava muito frio fora da casa. vocês já chegaram? perguntou o Elmo. • Sim, nenhum de nós conseguiu dormir a noite, e só viraram na cama de um lado para o outro, a espera da hora que não chegava nunca.—comigo também aconteceu a mesma coisa falou Elmo. não dormi durante um minuto. e o Sebastião que ficou aqui também não conseguiu dormir. Neste instante, a mãe de Elmo que foi chegando a porta , convidou-os para tomar café. Eram dez minutos, estavam todos prontos, parecíamos verdadeiros soldados que partiam para a guerra. Cada bagagem que pesavas de oito a dez quilos. Na frente da turma marchava Lobato, logo atrás o Elmo e em seguida o Viking, que era o menor da turma , e gostava de ficar no meio. os outros iam desordenadamente. a madrugada chegava fria. A cerração descia tão baixa que não se conseguia ver a quinze metros a frente . A cidade ainda dormia e as luzes das lâmpadas muito fracas davam um tom de penumbra à rua . Mais embaixo corria o córrego da Água Santa, no seu ruído incessante. E os nossos heróis marchavam rumo a estação que ficava a uns quatrocentos metros. o caminho mais curto era atravessando um pasto de gado. acima, a uns 100 metros, já se ouvia o barulho da máquina que partiria dai a pouco. todos pararam e Sebastião disse: - como não temos dinheiro para pagar a passagem, cada um de nós subirá em um vagão de minério, na medida que o trem for saindo. Ficaremos escondidos aqui, quando a máquina apitar para sair tratem de subir, mas cuidado para não cair. O Lobato se esconde no primeiro , e os outros sucessivamente nos seguintes. eu estarei no último vagão e direi para vocês quando chegar a hora de descer. Muito cuidado, pois deve descer um de cada vez . Assim fizeram. Ficaram esperando impacientemente até quando o comboio deu o sinal de saída. Tudo foi feito como o combinado. Quando já estavam todos alojados nos seu lugar e, Sebastião foi o último a subir. o trem começara a andar vagarosamente. Os primeiros balanços mostravam a dureza da viagem de cinquenta quilômetros. Em cada vagão perto do freio havia um clandestino bem 12 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 13. 13 escondido, que ninguém conseguia ver.Sebastião ao invés de pegar o ultimo vagão como combinara, ficou ali mesmo junto do Lobato e a toda hora observava se tudo corria bem nos outros carros, como os garotos . já tinham viajado mais de 15 quilômetros e o Lobato sempre perguntando : Será que ainda está muito longe? E o Sebastião respondia com toda a paciência: Calma meu filho, ainda esta muito longe. Como o trem corria muito e fazia muito barulho, eles tinham de conversar bem alto, e como cansaram de falar alto, passaram a observar a paisagem que já se mostrava com as primeiras luzes da manhã . passaram pela primeira estação onde o trem deu uma parada de cinco minutos . Alguns passageiros subiram no carro, pois o trem era misto. O Florisvaldo que estava com a roupa suja e rasgada desceu para ver se havia alguma novidade. Como um guarda - freio vinha examinar o trem, ele voltou e escondeu-se no mato. daí a três minutos o trem deu partida e ele correu para pegá-lo. após viajar meia hora estrada abaixo, o trem passou a margear um riacho que se desenhava no fundo um abismo de mais de cem metros. ali já aparecia uma floresta mais densa do que perto da cidade de Esperança. Nesta mesma hora, Sebastião anunciou que dali a pouco saltariam, que ficassem todos alertas, pois na próxima curva antes da estação haveria de saltar, sem que ninguém os visse. Assim foi feito. No lugar marcado, sebastião acenou e foram pulando um de cada vez . Após descerem, todos saíram para fora da margem da linha subiram um morro, onde havia uma grande arvore. Ali todos descansaram da viagem e então passaram a examinar o mapa no qual se orientavam. colocaram o mapa no chão e começaram a observar distância. Ali se via nova e linda, as terras que separavam o distrito de Esperança e outros acidentes geográficos. Tudo era tão bem marcado no mapa, que parecia estar vendo a própria região. no local onde estavam até onde deveriam ir tinham uma distancia de 35 quilômetros já se ouvia o barulho da máquina que partiria dai a pouco.- mas 35 quilômetros é muito longe para andarmos num dia, falou Florisvaldo: Bem o negócio é o seguinte, não é assim como vocês estão pensando, falou Sebastião. o mapa com todos os acidentes geográficos marcados, possibilita que avancemos 15 quilometros por dia. nesses 10 dias percorreremos cerca de 150 quilômetros aqui pelas montanhas, falou Sebastião mostrando o mapa com uma varinha. 13 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 14. 14 devemos conhecer esta serra muito bem, pois, só assim vocês poderão um dia ser o guia dos que irão a procura da caverna no alto da montanha. deverão aprender o bastante sobre a natureza, animal ,vegetal e mineral.- sim , isto é muito bom para nós, falou a Riqueza, eu que estou no primeiro ano ginasial , já ouvi meu professor falar sobre a composição dos animais e minerais. o Viking e o Elmo que são irmãos , farão uma coleção de folhas. enfim cada um colecionara uma coisa. O certo é que nós temos dez dias para atravessarmos toda esta montanha. Vamos aproveita-los bem, na esperança de sairmos bem nessa aventura. Assim ia dizendo Sebastião enquanto descansavam à sombra de uma grande árvore. Porém com eles eram em sete, foi preciso dividi-los em dois grupos, um de quatro e outro de três. Em cada grupo escolheram um monitor. . Sómente este poderia trazer as opiniões a Sebastião e também levar ordens. Todos foram obrigados a fazer um juramento ao monitor. Tal juramento era apenas uma coisa simbólica para que os meninos tivessem conhecimento de disciplina que deveria existir entre eles para que na hora do perigo,não tivessem medo, pois o monitor além de tudo era amigo de todos. Enquanto aos outros meninos recomendou que deveriam obedecer ao monitor em tudo, para que a nossa expedição saísse em ordem desde o início até o fim. A nossa saída é daqui a meia hora, vocês podem fazer o que quiserem. tão logo Sebastião acabou de dizer isso, o Rufino e o Viking, solicitaram para ir até a vila comprar alguma coisa. compraram algumas rapaduras e farinha que estava faltando. arrumaram tudo dentro de mochilas e puseram o pé na estrada. eram mais ou menos meio dia. Só não estava muito quente por ser inverno. Sebastião e mais sete meninos começaram a caminhada para a grande aventura. Assim que começaram a andar tiveram que atravessar uma porteira que dava para um pasto muito grande onde centena de bois pastavam. O caminho que tinham que atravessar era bem no centro do pasto que era todo verdinho e de ponto em ponto, uma arvore retorcida, demonstrando a qualidade da terra só servia para criação de gado. Além do pasto, havia um grande morro, onde a vegetação de gado era um pouco mais densa. depois de ter cruzado o morro, encontraram um outro pasto até chegarem no pé de uma grande colina, onde eles resolveram parar pois já eram cerca de 15 horas e 14 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 15. 15 deveriam acampar por ali, senão poderiam não encontrar melhor lugar onde armar acampamento. todos estavam um pouco cansados. Só o entusiasmo não impedia que eles continuasses caminhando. Sebastião sendo sabedor de tudo isto, viu que não podia cansar muito os meninos ou no outro dia seria mais difícil a caminhada. armaram o acampamento à beira de um riacho de águas límpidas., onde aproveitaram o uso das mesmas para suas refeições. depois de armado o acampamento, Sebastião e três meninos saíram junto para reconhecimento do local. enquanto os outro quatros ficaram no campo preparando as refeições da tarde. o local onde andavam era cheio de moitas de capim. o que causou-lhes o pressentimento da presença de cobras. Era preciso então maior cautela ao andar ali por aquelas redondezas. No meio do pasto estava o caminho por onde passariam alguns viajantes. Tão logo andaram uns quinze minutos ao redor do pasto, avistaram ao longe uma choupana, que pelas observações deveria morar gente, pois estava saindo fumaça pela chaminé. como não era muito longe, resolveram ir até lá conversar com o dono da casa. Quando estavam a uma distância de cem metro da casa, tiveram que passar por debaixo de uma cerca, por dentro da mesma existia um pomar, plantação que mais se via, era cana , mandioca e milho. era uma casinha de sapé encostadas a um morro onde ao lado do mesmo passava uma nascente dágua. ao redor da casa, tinha alguma plantação de couve e quiabo. e em cercado, havia umas 15 galinhas. distante 50 metros da casa, os cachorros já anunciavam a nossa chegada. Assim que escutou o latido dos cães o dono da casa veio chegando e dizendo que podiam entrar. Sebastião tirou o chapéu e foi dizendo : boa tarde, prontamente o foi respondido pelo camponês. era um senhor de uns trinta anos com uma aparência bem magra consumida pelo trabalho. o camponês convidou os a entrar e ficaram conversando até seis horas da tarde. Havia um grande número de crianças na casa, mais de 9 crianças foram contadas. com as idades de 1 a 15 anos, todos sujos maltrapilhos e esfomeados. Como não podia ficar conversando por mais tempo saíram e voltaram para o acampamento, onde a fumaça do fogo já se via de longe. o jantar já estava pronto, e depois de fazer refeição que constou de carne seca e farinha, foi servido café. a noite todos sentaram em torno da fogueira para conversarem. depois de falarem sobre s atividades do dia, os meninos pediram a Sebastião que contasse uma história. não era preciso ser uma história muito grande, diziam os meninos. Apenas uma história para que 15 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 16. 16 eles não perdessem o costume de ouvir. E assim foi... Sebastião foi pensando sobre -alguma que servisse para aquela noite, até que se lembrou de uma muito interessante. A floresta sem nome A história que vou contar pra vocês hoje, aconteceu há muitos anos, lá pelas bandas da Europa, no tempo em que havia muitos reis com seus castelos bonitos. Assim que Sebastião começou a falar, o silêncio reinou no acampamento. Apenas de vez em quando, o crepitar do fogo abalava como um ruído estrondoso. Sebastião olhou para as estrelas como que pedindo a elas que o orientassem em sua história, pois elas eram inventadas no momento de contá-las. Depois de meditar alguns segundos começou a dizer: Há muitos anos passados, existiu lá na Europa um rei muito rico que tinha muitos filhos. O seu castelo era no alto de uma colina muito bem protegida com as torres altas onde guardas passavam de um lado para outro com lança na mão prontos para impedir qualquer inimigo que entrasse no castelo. Dentro vivia todas as pessoas da família do rei, mais os escravos de confiança do rei. Do lado de fora do castelo, abaixo da colina, tinha uma planície muito grande onde era feito as plantações de trigo, arroz e outros vegetais. Ali também passavam muitos rios de água pura que corriam de uma grande montanha que se via a grande distância. A época mais bonita era a primavera que enchia de flores todas as planícies do reino. a felicidade devia reinar entre eles, se o rei não fosse de coração tão duro como era. Por qualquer coisa mandava prender os seus escravos , e as vezes, torturá-los até a morte. O filho mais velho do rei tinha sete anos e o mais novo cinco anos. A rainha, isto é a esposa do rei, ela tinha um coração que era uma doçura para com todos de seu reino. Muitas vezes ela interferia junto ao rei para que o mesmo não praticasse tanta maldade com os outros. Todas as noites ela sentava a beira da cama com seus filhos menores e ficava contando as mais belas histórias de fadas e dragões que eles ouviam até dormir. Na época que havia festa no palácio, era o tempo que o rei fazia as maiores perversidades com os seus semelhantes. Deixando-os sem comida, só porque, alguns dos empregados deixavam cair um dos pratos no chão ou então quando esqueciam de trazer o café no momento em que ele gritasse para traze-lo. Muitas vezes ele mandava prender seus filhos no calabouço existente no subterrâneo do castelo. Quando fazia isto a mãe que era muito 16 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 17. 17 boa , ficava chorando o tempo todo na porta do calabouço pedindo para que soltassem seus filhos. Muito dos filhos do rei queriam abandonar o palácio e morar muito longe por causa da maldade do pai só não faziam para não deixar sua mãe sozinha junto ao rei. Certa vez ele mandou prender o menino de cinco anos no calabouço porque o mesmo tinha protegido um dos escravos dando-lhe um pouco de comida quando se encontrava preso no calabouço do castelo. O próprio rei pegou o menino pelo braço, mandou que abrissem a porta e jogou-o com toda a força lá dentro. Foi em vão o pedido da mãe e de todo o povo do palácio que gostava muito daquele menino por ser o mais novo e mais bonito e inteligente dos irmãos. Naquele dia até os guardas do palácio ficaram muito tristes com o acontecido. Ninguém tinha coragem de reclamar , pois que se assim o fizessem o rei seria capaz de mandá-los matar. Muitos dos empregados, chegaram a oferecer para ficar preso ficar no lugar do menino. Outros por sua vez , ficaram sem comer com pena do menino que ficava lá preso sem comer,sem beber, quando então apareceu à porta do palácio , uma bruxa feiticeira que gostava de fazer o bem para os outros , embora não tivesse uma aparência muito boa fisicamente, demonstrava possuir um bom coração.Quando os guardas viram-na se aproximar, começaram a atirar paus e pedras em cima dela, mas de nada adiantava, porque assim que os paus e pedras batiam em cima dela, pegavam fogo e desapareciam como que por encanto. Quando ela se aproximou da porta do palácio, disse que queria entrar para falar com o rei. Então eles levaram notícias até sua majestade, dizendo que uma bruxa feiticeira queria falar-lhe . Quando contaram ao rei do acontecido na porta do palácio, dos paus e pedras que desapareciam ao tocar o seu corpo, o rei pensando tratar-se de uma bruxa má , mandou que ela entrasse . O palácio era muito bonito por dentro e a medida que a bruxa foi entrando , admirava todas as coisas nos mínimos detalhes. O povo da palácio se afastava para que ela pudesse passar, sem encostar em ninguém. Imediatamente levaram a noticia até a rainha de que uma bruxa feiticeira estava chegando ao palácio para falar com o rei. A rainha, porém, não teve medo, pois sabia tratar-se de uma fada encantada que estava com disfarce de bruxa até o dia que uma criança com menos de sete anos beijasse-lhes no rosto com todo o amor filial. A rainha sabia de tudo isto segundo 17 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 18. 18 uma história que sua mãe lhe contara. porque essa bruxa viveu no mundo do tempo da sua bisavó e tinha sido enfeitiçada pela avó do rei daquele palácio, . a bruxa foi entrando no palácio devagarinho até chegar na presença do rei. Quando chegou a presença do rei ele sentiu um verdadeiro arrepio no corpo, tal era a feiura da bruxa , mas como ele queria fazer maldade, pensando também que a bruxa era tão má quanto ele, agüentou firme a presença daquela criatura horrível. Ela tinha o nariz rebitado para cima , sua roupa era preta , os cabelos compridos e vinha montada em cima de uma vassoura. Ela abaixou a cabeça até o chão , pois era assim que o rei gostava de ser saudado pelas pessoas que chegavam de fora pela primeira vez. depois de toda a saudação o rei mandou que ela ficasse sentada a uma distância de cinco metros para que eles pudessem conversar . E assim a bruxa obedeceu enquanto o rei ia lhe dizendo o que queria dela. contou-lhe que um dos meninos estava preso e queria que ela fosse até o calabouço e lançasse uma praga no menino transformando em uma coisa bem feia para que sua mãe não viesse mais a gostar dele. É uma maneira de me vingar dela que vive achando ruim comigo quando eu prendo os meus filhos no calabouço. A bruxa não disse nada ao rei sobre a sua missão naquele palácio; pois ela não era uma bruxa má como o rei pensava. Ela tinha vindo ali porque ouvira do seu bosque escondido na floresta onde vive,o choro da mãe e do menino que havia sido preso no calabouço do castelo. Como era uma fada encantada com aspecto de bruxa ela tinha o poder de ouvir tudo o que quisesse, por maior que fosse a distância. e por isso ela ouviu primeiro o choro do menino de cinco anos que estava preso. Ela sempre vivia procurando ouvir toda e qualquer tristeza de criança a fim de que pudesse fazer com que as mesmas parassem de chorar e sorrissem. Então o rei perguntou-lhe : - você está disposta a fazer tudo aquilo que lhe ordenei? ao que a bruxa respondeu:- sim senhor rei, tudo o que falaste comigo será feito de acordo com tua vontade. Farei isto e muito mais que o senhor precisar de mim. É só ordenar e imediatamente será feito. Gosto muito de obedecer aos reis. Quando a bruxa ia dizendo estas palavras , baixinho ela dizia para consigo mesma: nunca, nunca,nunca só quero salvar esta criança das mãos deste rei malvado. E foi se afastando em direção ao calabouço onde se encontrava a criança. Quando ela começou a descer voltou-se ao rei e disse ao 18 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 19. 19 rei que sua magia só funcionaria a noite. Mas na verdade ela só queria ganhar tempo para agir dentro do palácio. Enviando à mãe do menino uma mensagem dizendo que ela na verdade não era a bruxa. como a rainha já sabia de toda a história da fada encantada que estava transformada em bruxa , não ficou muito triste ao saber que a mesma se dirigia para o subterrâneo do palácio. Mas o resto do povo do palácio ficou só dizendo que a mãe do menino também não tinha coração. Imagina, como pode deixar que aquela bruxa transformasse o menino numa praga. Depois de ouvir toda aquela exclamação a mãe respondia que a bruxa não era tão má assim e que ela não ia fazer nenhum mal a seu filho. Chegara a tardinha, o rei estava ansioso para ver a sua vingança sobre a sua esposa, a toda hora ele perguntava a bruxa se já podia começar a trabalhar , a bruxa em um canto do palácio respondia dizendo que durante a noite tudo seria feito. E assim quando já estava bem escuro ela se dirigiu para o subterrâneo do castelo onde se encontrava o menino preso. Ao chegar lá o carcereiro que sabia de tudo abriu a porta e falou com o menino que estava preso que tinha visita para ele. O menino que durante dois dias não comia nenhuma comida, só bebia água que o carcereiro dava escondido para o rei não saber. O subterrâneo onde se encontrava aquela criança estava completamente escuro e úmido e assim que o menino viu a porta se abrir , pensou que ia ser libertado, começando a chorar com fome . Mas quando viu que aquela bruxa feia também tinha ficado ali dentro com ele, sentiu mais medo e por isso começou a chorar ainda mais ... ogo atrás da velha bruxa, o carcereiro fechou a porta deixando a prisão totalmente escura. Com a porta fechada o menino não mais viu o rosto da bruxa e sim sua voz que parecia tão diferente do que ele imaginara. Ai então ela começara a falar -lhe com toda doçura de mãe para filho : - você ainda tem medo de mim ? perguntou-lhe a voz encantada.- sim, respondeu o menino. -pois pode ficar completamente despreocupado que eu não vou lhe fazer mal algum. Eu não sou uma bruxa como você está pensando... eu sou uma fada encantada que foi amaldiçoada há muitos anos e agora vim aqui para libertá-lo desta prisão. Quero também libertar o seu pai desse rancor que ele tem em seu coração que foi causado também por uma praga lançada sobre ele há muitos anos por uma bruxa muito má. 19 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 20. 20 Enquanto ela ia contando isso ao menino o mesmo ia tomando mais confiança nela . Mas com tudo isso a fada não contou de seu encantamento que poderia ser desfeito se uma criança de cinco anos lhe beijasse a face com todo o amor filial. Se ela contasse perderia a efeito . Seria preciso que a criança lhe beijasse no rosto por sua livre e espontânea vontade . E assim ficaram os dois conversando durante mais de duas horas, até que tinha ficado bem escuro. o menino pediu que a bruxa o levantasse um pouco para que ele pudesse ver estrelas. A bruxa pegou o menino pela cintura, levantou ate o parapeito onde se encontrava as grades da prisão e dali o menino pode ver as estrelas. Os seus olhos perscrutaram todo o horizonte a procura de uma estrela bonita, quando viu cintilando no céu uma bem grande, falou bem alto: - óh minha estrela amiga, ajude-me a sair deste castelo para que eu possa fazer com que o coração de meu pai não seja tão ruim assim. Ajude-me minha estrela você é minha única esperança . Enquanto o menino ia dizendo estas coisas, a ‘bruxa’ pode constatar a bondade em seu coração. Quando já estava bem cansado pediu a fada para desce-lo, o que ela fez com todo o cuidado para que ele não se machucasse. quando já se encontrava no chão agradeceu a fada e deu-lhe um beijo na testa dizendo: - muito obrigado por tudo, você é a pessoa mais bonita que eu já vi em toda minha vida. No momento exato em que o menino acabara de pronunciar estas palavras e dar lhe um beijo no rosto, um estrondo muito grande se deu ali dentro da prisão e uma luz muito clara, começou a iluminar ao redor da fada que havia se transformado de bruxa em fada. Foi o milagre do beijo da criança. A praga que havia sido lançada sobre ela há mais de quinhentos anos, tinha desaparecido para sempre. As sentinelas do palácio ouviram o barulho e vieram correndo até a prisão. uando chegaram lá a fada e o menino estavam deitados fingindo que estavam dormindo . Do lado de fora da prisão ninguém podia ver a luz que estava ao redor da fada , Só o menino podia ver . Como ninguém conseguiu descobrir o que havia acontecido, ficaram todos apavorados e até mesmo o rei ficou com medo. Dentro da prisão o menino se encontra deitado nos braços da fada que estava contando toda a história de sua longa vida. falou-lhe da praga que avia sido lançada sobre ela e a maneira como a mesma poderia desaparecer. e agora, dizia a fada- vou poder fazer o que você quiser.- qual é o seu maior desejo? perguntou-lhe a fada.- o meu maior desejo é estar 20 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 21. 21 perto de minha mãe e depois gostaria que meu pai não fosse tão ruim como tem sido para todos nós. - Todos os seus desejos serão realizados, porém, devemos faze-los de tal maneira que o rei não descubra que eu estou protegendo você. - Esta bom assim? perguntou-lhe a fada- claro que sim, concordou o menino. era preciso traçar os planos para que tudo fosse feito naquela noite. quando amanhecesse o dia tudo já deveria estar completamente transformado, ele iria viver feliz junto d sua mãe e o coração de seu pai deixaria de ser perverso como era. - mas como fazer? perguntou-lhe o menino.—você ficará dormindo até que eu possa com minha varinha mágica que tem poder para fazer tudo aquilo que eu deseje , transportar você e depois a seu pai para minha floresta sem nome. atendendo o pedido da boa fada, o menino e deitou se no chão e fechou os olhos , esperando que ela lhe tocasse com a varinha de condão. Era tão bonita aquela fada que dava gosto viver sempre ao lado dela. Ela era de uma altura de um metro e meio, o corpo muito bonito, a cinturinha fina, sua roupa era branca como a cor das nuvens e bordada com fios de ouro e prata. na sua cintura havia um cinto muito largo que era de um ouro tão brilhante que chegava a doer nos olhos da gente. Os seus cabelos eram muito longos e bonitos, chegava quase a altura das pernas. O menino já estava deitado no chão a espera da fada que ia transportá-lo à floresta sem nome. Então o menino perguntou : “porque floresta sem nome ? e a fada respondeu “ - por que é você que dará o nome a ela .”. a fada pegou sua varinha mágica e começou a tocar sobre a testa do menino e pronunciando as palavras:- menino, filho de rei preso no calabouço junto comigo, durma um sono profundo que vou levá-lo a floresta encantada , onde ninguém de fora tem permissão para entrar . só pode entrar nela quem souber da porta secreta, e esta porta secreta, só eu sei onde ela se encontra, e só eu posso permitir, que as pessoas entre em seu interior, como eu vou fazer com você. Quando a fada acabava de dizer estas , o menino estava dormindo um sono profundo. Então a fada fez um sinal com sua vara mágica e abriu um buraco muito grande na parede do castelo. Por aquela passagem puderam sair a fada e o menino. Eles saíram voando, bastava que ela tocasse o menino com sua varinha mágica e ele voava junto com ela. Voaram muito alto, quase junto das estrelas. depois desceram em uma floresta muito escura. A floresta era a morada da fada. Ali era cheio de animais, mas todos eles eram animais mansos que a fada criava para que eles brincassem com todos os meninos que ela levasse lá. Assim que chegou lá , acordou-o dizendo que ele já se encontrava no meio da floresta sem nome, e 21 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 22. 22 que ele agora deveria ficar ali enquanto ela voltaria até a palácio e procuraria trazer o rei também. a fada desapareceu imediatamente. o menino ficou deitado debaixo de uma grande arvore . A floresta era toda diferente das que ele já tinha visto. Os animais que habitavam aquela floresta eram todos muito bonitos e o mais interessante era que eles falavam a língua do menino. Estava ele nesta observação , quando de repente ouviu um ruído interrompido por outro mais forte e mais grosso que parecia a voz de uma vaca. Quando olhou para o lado, viu que todas as folhas das arvores estavam viradas para o lado dele como que observando aquela criatura filho de homem. E todas saudavam o menino,desejando-lhe muitas felicidades. Algumas plantas perguntavam a ele de onde ele tinha vindo, ao que ele respondia ser filho de um rei muito ruim e estava ali porque a fada dona daquele bosque o havia trazido em um sono muito profundo. As árvores mais velhas diziam que de vez em quando a fada trazia até aquele bosque uma criança que se encontrava triste no reino do mundo . Diziam também para o menino que ele podia ficar sossegado que nada de ruim lhe aconteceria, e que todas a árvores estavam felizes com a sua chegada. depois de ouvir as palavras das árvores, menino se lembrou que não comia há dois dias, e então falou com uma das arvores mais velhas :- a senhora podia me arrumar um pouco de comida? - que eu não como nada ha dois dias ? - estou com uma fome danada:- a árvore mais velha respondeu-lhe imediatamente : claro que posso. Se você tivesse falado há mais tempo já teria mandado trazer. E em seguida mandou que as outras árvores levassem ao menino as melhores frutas daquela floresta. E uma das arvorezinhas que pareciam filhas das grandes, veio até onde se encontrava o menino e lhe entregou umas frutas muito gostosas. algumas das meninas árvores , ficaram até gostando dele por que ele era muito bonito e simpático. Uma delas não saiu mais de seu lado e a toda hora ficava perguntando-lhe , se não queria mais frutas. depois quando já estava satisfeito e não tinha mais fome, veio uma comissão de árvores, cerca de duzentas delas, cada uma de uma espécie diferente. era uma reunião de árvores que habitavam um vale que se encontrava muito próximo dali e vinham lhe trazer boas vindas , dizendo-lhes que naquela noite seguinte daria uma grande festa 22 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 23. 23 em sua homenagem.o menino ficou muito contente , mas ficou pensando na sua mãe que deveria estar esperando por ele em casa pensava na volta da fada que deveria trazer seu pai à floresta encantada para que seu coração deixasse de ser tão ruim como era. as árvores estavam ouvindo a voz do menino e iam abanando as folhas como quem estivesse dizendo alguma coisa. . Quando ele acabou de falar, elas responderam que a fada não voltaria senão dentro três dias , pois ela já sabiam do caso de seu pai e era bem difícil convencer o rei tirar alguma maldade em seu coração. De nada adiantaria tentar modificar o coração do rei. Pois ele também era vítima de feitiçaria de uma bruxa muito cruel. E as árvores iam contando tudo sobre a sua vida e a vida do rei no palácio . O menino ficava espantado como as árvores sabiam de tudo. E elas diziam para ele que as verdadeiras arvores se transformarão em fadas. Então quer dizer que as fadas são transformações de árvores? perguntou o menino. E elas responderam: - sim nós somos transformadas em fadas quando atingimos a idade de quinhentos anos. Depois de vivermos todo este tempo, produzindo frutos e flores para todas as crianças que são trazidas para aqui; a nossa rainha nos transforma em fada e nós passamos a andar pelo mundo fazendo o bem e a justiça para todos os que precisam delas. portanto meu filho, não tenha medo, nós estamos aqui para fazer tudo para a sua felicidade, amanhã à noite daremos uma grande homenagem a você que hoje nos visita. O menino ia ouvindo as palavras das árvores e sentia realmente que estava feliz , Por ser ele o primeiro menino do palácio que estava no bosque encantado das árvores, tendo para sua companhia uma arvorezinha que o acompanhava por todos os lugares para onde ia. depois de ouvir todas as conversas das árvores, elas se retiraram lembrando-lhe da festa da noite seguinte, agora ele devia dormir até quando o dia clareasse. enquanto isso a fada que tinha se dirigido a seu castelo, tinha encontrado muita dificuldade, pois o rei descobriu que o menino havia desaparecido e ele queria por a culpa nos guardas por não terem vigiado direito a porta da prisão. estava uma verdadeira confusão no palácio. Todos corriam de um lado para o outro como um bando de loucos a procura do menino que havia desaparecido. Ninguém tinha explicação para o buraco que aparecera na parede da prisão. Apenas supunham que o pequeno prisioneiro havia fugido por ali. Mas com toda aquela altura como poderia ter saído sem se machucar? - era a 23 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 24. 24 pergunta que todos faziam aflitos, principalmente a mãe do menino. Quando ela se encontrava chorando em seu quarto debruçada sobre o travesseiro que já estava todo molhado em lágrimas, a fada entrou no seu quarto sem ser notada pela mãe do menino , ela apenas sentiu que havia outra pessoa dentro do quarto mas não podia ver ninguém, a fada que se encontrava invisível foi aparecendo aos poucos na sua presença. a princípio, apenas uma luz amarela foi enchendo o quarto e em seguida a luz tomou forma de uma pessoa que logo pode ser identificada pela mãe do menino como sendo a fada. a rainha foi tomada de um grande susto, mas como a boa fada começou a falar-lhe com brandura, ela começou a se acalmar. Então a fada disse para a mãe do menino.- não tenha medo que eu só vim fazer-lhe o bem . - Não precisa ficar chorando, o seu filho se encontra em um lugar muito seguro na minha floresta sem nome. Eu vim aqui porque ele me pediu que fizesse todo o possível para que o coração de seu pai não fosse mais tão ruim como tem sido até agora. Ao ouvir aquela voz mansa da fada a mãe do menino parou de chorar e perguntou como ele estava, se estava com fome, se tinha chorado muito e se estava gostando do lugar para onde tinha sido levado. A fada respondeu que ele se encontrava muito bem protegido no meio de uma floresta sem nome onde era tratado com muito carinho pelas árvores mais novas que lhe traziam para comer muitas frutas e que lhe contavam muitas histórias. como a mãe ficara calma diante da notícia do filho, a fada lhe disse que para terminar a missão , era preciso levar o rei até a floresta encantada, a fim de que pudesse assistir na noite do dia seguinte a festa da dança das árvores. Pois só assim, o coração do rei se amoleceria e ele voltaria a ser bom como antes de ser lançado sobre ele a praga da bruxa má . A mãe concordou que deveria levá-lo, mas como poderia faze-lo? - se o rei não aceitava ordens de ninguém e se encontrava muito furioso pela fuga do menino? durante algum tempo ficaram as duas pensando o que deveria ser feito. a fada que era muito boa, pediu a mãe que também desse alguma opinião sobre a retirada do rei do palácio e levá-lo até a floresta encantada. as duas ficaram conversando até quando a luz do sol já se punha do lado de fora. parece que naquele dia o sol veio mais feliz por saber que o menino se encontrava a salvo, e em breve o coração do rei se transformaria, desaparecendo feitiçaria. a notícia do menino não havia sido dada a todos mas apenas as pessoas mais chegadas da rainha . o rei nem por sombra deveria saber onde ele se encontrava, senão ficaria mais furioso ainda. depois de pensarem muito , a fada disse:- óh .. para que a bruxaria de seu marido desapareça, é preciso que o mesmo seja levado à floresta antes do anoitece. então 24 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 25. 25 a rainha disse que tinha uma idéia. na hora que o rei fosse almoçar, devia ser colocado em sua comida, um pózinho que fizesse com que lhe dormisse bastante , assim a fada poderia levá-lo à florestasem nome. essa idéia foi bem aceita pela fada que disse trazer com ela um pó que serviria bem para o caso. então tudo ficou combinado para que na hora do almoço não se esquecesses do que haviam combinado Naquele dia , o almoço fora servido fora da hora que seria o normal, devido a confusão que reinava no castelo. aqueles que ainda não tinham tido ainda a noticia do menino., encontravam-se bem tristes, pensando que havia lhe acontecido alguma coisa de mal, e essas pessoas eram bem poucas que sabiam, por que a fada pedira a rainha que só contasse esse segredo aos que fossem de muita confiança dela . caso contrário o rei acabaria descobrindo e colocaria todo o plano em ruína. a cara do rei não se encontrava muito triste como os outros, mas nos seus olhos saiam chispas de fogo, demonstrando o ódio que ia em seu coração. Na hora do almoço, a fada já tinha dado a rainha , o pó mágico que haveria de fazer o rei dormir até as seis horas da tarde, antes do sol entrar. o mais interessante é que a fada não aparecia para todos no palácio, e sim para a rainha somente . muitas vezes ela andava ao lado da rainha conversando com a mesma sem que ninguém soubesse . esse era um dos segredos das fadas , de ficar invisível para quem elas quisessem. A rainha foi a cozinha e entregou o pó a um dos empregados de confiança para que colocasse na comida do rei no momento em que fosse servido. todos estavam sentados à mesa, muito já tinham comido, quando o rei começou a sentir uma dor de cabeça e dai a pouco caiu em sono profundo na própria sala de refeições. imediatamente foi transportado para a sua cama, por que ele estava apenas dormindo como foi constatado pelos médicos do palácio. a rainha sabendo de tudo mandou que dois guardas ficassem a porta de seu quarto e que não deixassem ninguém entrar até o dia seguinte. o rei dormia um sono profundo, ninguém tinha coragem de acordá-lo. afinal se ele fazia tanta maldade com os outros, por que acordá-lo então? seria melhor para todos que ele continuasse dormindo por muito tempo ainda. dentro do quarto junto com o rei se encontrava apenas a boa fada., invisível, tomando conta dele para que nada de ruim lhe acontecesse. às seis horas em ponto, o rei seria levado para a floresta encantada onde se daria toda a transformação. como a rainha viu que parte do plano já estava pronto e que dali a pouco a fada havia de levá-lo para bem longe dali; ela começou a dizer a todo mundo que no dia seguinte o rei 25 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 26. 26 se levantaria completamente transformado e não seria mais tão ruim como fora até então. mas ninguém acreditava no que ela dizia. pois como? se durante muito tempo ele tinha sido o pior rei existente em toda a região. mas ela continuava a dizer : - esperem até amanhã que vocês verão o que há de acontecer. infelizmente não posso dizer-lhes de que maneira isto irá acontecer, basta esperar o raia do sol do dia seguinte. enquanto toda s confusão reinava dentro do palácio com o sono misterioso do rei, dentro do quarto a fada via que estava na hora de levá-lo para o local onde haveria de se dar a grande mudança em sua vida. assim que ela viu que o sol já estava declinando, lançou sua varinha mágica sobre o corpo do rei e foi dizendo as palavras - rei, rei, rei, vamos passear, bem devagarinho para você não acordar. e os dois começaram a voar. saíram pela janela, tendo a fada com sua varinha sobre o corpo do rei para que ele não caísse, e foram voando até sumir. voaram até pertinho do sol. depois desceram. quando chegaram na floresta encantada, o sol desapareceu. a fada colocou o rei no meio de uma clareira onde ele ficou dormindo até escurecer. naquela noite a luz da lua saiu muito mais bonita do que nas noites anteriores . dai a pouco o rei começou a acordar . e como viu aquela grande quantidade de arvores ao seu lado, pensou que estava sonhando. como já estava quase na hora da festa começar em homenagem ao menino, algumas dar árvores vieram trazer comida e água ao rei. quando ele viu uma arvore lhe oferecendo comida e água, pensou que estivesse louco ou que estava tendo um pesadelo . algumas delas para fazerem mais medo ainda ao rei diziam com aquela voz rouca:- boa noite sua majestade. e todas elas se curvavam diante dele, colocando os seus galhos no chão. mesmo com todo o medo que sentia, ele comeu a comida que lhe era oferecido, pois dentro em breve pensava que iria acordar. enquanto isso o menino do alto de uma grande árvore, observava tudo o que acontecia com seu pai. a lua já se encontrava bem no alto mais ou menos meia noite, era hora de iniciar a grande dança de árvores. O rei que se encontrava deitado, pensando que estivesse sonhando, levantara de medo quando viu as árvores se moverem ao lado dele e dizerem com sua voz rouca:- agora nós vamos iniciar a grande festa em homenagem ao filho do rei que se encontra aqui junto de nós. quando o rei viu falar sobre seu filho , que ele estava ali, sentiu desmaiar de remorso pelo que tinha feito ao pequeno e notou que tudo aquilo não era sonho, e sim realidade . a festa começou , era um barulho infernal, no meio da mata. todas a árvores cantavam e dançavam ao lado do rei . ele se contorcia de grande 26 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 27. 27 medo que havia se apoderado do mesmo . queria gritar, mas não tinha forças para isso.depois de ver desfilar diante dele quase todas as espécies de plantas da floresta sem nome, ele ouviu uma voz que dizia assim:- senhor rei , se quiser ver seu filho de cinco anos que você mandou prender dentro da prisão , será preciso você fazer um juramento a todas essas árvores que estão aqui, e ele imediatamente aparecerá a seu lado. você concorda com isto? respondeu o rei .- claro que sim , eu não sabia por que fazia toda essa maldade. eu estava enfeitiçado. perdoe-me árvore, mãe de todas as arvores, eu juro como nunca mais farei maldade com mais ninguém deste mundo. assim que o rei acabou de pronunciar essas palavras, o seu filho que estava vendo e ouvindo tudo lá do alto de uma grande figueira , desceu e chegou perto de seu pai beijando-o dos pés a cabeça. e o rei dizia:- perdoe-me meu filho por tudo que fiz a você. e o menino respondeu:- o senhor sempre esteve perdoado meu pai, eu sabia que o senhor não era tão mau assim , apenas o feitiço que foi lançado há muitos anos sobre sua pessoa é que fazia isto, de agora em diante será tudo diferente, falou o rei, toda a minha fortuna será colocada a disposição dos pobres para que possa fazer do meu reino o paraíso das crianças. enquanto o rei estava dizendo essas coisas, as árvores pararam de cantar e dançar para poderem ouvir direito o que ele dizia., ao seu filho,.estavam nesta conversa quando o menino pediu ao pai para este ir chamar uma pessoa muito amiga que estava também ali por perto. o menino saiu dali a pouco voltou com a fada. ela estava iluminada com a luz branca da lua e trazia em sua cabeça uma coroa de luz. então o menino explicou como que tinha acontecido tudo aquilo, que a fada tinha sido sua protetora durante todo aquele tempo que se encontrava fora de casa. o rei agradeceu muito a fada e pediu-lhe desculpas por tudo o que acontecera. o rei agradeceu muito a fada e como ela era muito boa, disse que não era nada, pois a sua missão na terra era fazer todo o povo feliz, desde as crianças até mesmo os reis e rainhas. Estavam os três conversando, quando as arvores pediram licença para continuar a festa em homenagem a todas as crianças do mundo. e a festa continuou, agora com muito mais alegria, pois o rei com seu filho e a fada se encontravam sentados assistindo a grande festa que continuou até o raiar do dia. todas as árvores dançaram desfilando diante deles. o rei e o menino ainda estavam surpresos pois pensavam que as árvores eram imóveis, como eles as tinham visto em outros locais. o rei também 27 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 28. 28 ficou muito contente com a festa e pediu a fada que o levasse para casa, pois ele já estava sentindo saudade de todos seu reino. Antes que ele partisse a fada falou com o menino:- meu filho, o que acabou de ver , foi um privilégio que não poderá mais ser repetido, mas se você quiser ver as árvores dançar não precisa vir até aqui, quando você estiver com outros meninos brincando em qualquer bosque ou floresta, não se preocupe, este espetáculo você tornará a ver. basta que você queira e tenha bondade em seu coração e todas as árvores dançarão. - adeus meu filho, adeus meu querido rei. e dizendo isso, pediu aos dois que fechassem os olhos pois tão logo eles tornasses a abri-los, já estariam deitados na cama do palácio . imediatamente obedeceram e quando tornaram a abrir os olhos os dois estavam deitados na cama onde o rei havia se deitado no dia anterior. Eram seis horas da manhã , já estava quase na hora do sol nascer, quando foram lá chamar o rei pensando que ele ainda estava com aquele mau humor do dia anterior. mas verificaram com grande surpresa que estavam todos enganados, pois o rei recebeu-os muito bem e pediu perdão a todos por tudo que tinha feito de mal a eles, desde a rainha, sua esposa, até seus empregados e escravos. os outros filhos do rei vieram para junto dele e a partir daquele dia o rei começou a contar-lhes muitas histórias todas as noites. desde aquele dia a vida naquele castelo modificou - se completamente. e os meninos cresceram e viveram o resto de sua infância felizes até tornarem-se adultos. naquela noite após contar a história da dança das árvores, o silêncio desceu sobre o acampamento. não se ouvia mais o crepitar do fogo, todos dormiam a sono solto. apenas permanecia acordado, sebastião, que ainda não tinha sono. era interessante a maneira como eles deixavam o acampamento durante a noite, sem a menor vigilância por parte dos garotos ou mesmo por parte de sebastião que nunca dormia nas barracas como faziam os meninos. o seu lugar de dormir era sempre no alto de uma colina ou no pé de uma grande árvore. a única proteção que tinha era deixar a fogueira acesa à noite toda para afugentar algum animal selvagem. de duas em duas horas um deles se levantava e vinha colocar mais lenha no fogo para que ele ficasse acesso até o dia seguinte, era a única preocupação dos meninos. Sebastião que nunca dormia no acampamento, subia no alto de uma colina existente perto do acampamento logo após verificar que os garotos já estavam 28 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 29. 29 acomodados em suas barracas. ali chegando, fez a sua prece como de costume e ficou admirando as estrelas que brilhavam no infinito e era esta a única maneira dele conseguir toda a resistência necessária para a caminhada através do campo. apesar de sebastião se afastar do acampamento, nenhum dos meninos sabia o que ele fazia lá em cima e nem mesmo onde ele dormia. depois de fazer os exercícios dirigiu-se até uma árvore, subiu a sua copa e procurou se acomodar em uma rede que havia colocado ali para esse fim. cobriu-se com dois cobertores e dormiu durante cinco horas seguidas,. quando deu o sinal de amanhecer o dia, sebastião saiu e foi para o alto da colina onde ficou mirando o sol nascente até a hora que o mesmo saiu. até hoje nenhum dos meninos conseguiu ver como ele consegue ficar tanto tempo mirando as luzes do sol sem se pestanejar. muitas vezes os meninos viam-no naquela altitude de silêncio e contemplação, e não tinham o mínimo de coragem de fazer o menor comentário a respeito. apenas olhavam distraidamente para onde ele se encontrava. aquilo era o suficiente para que demonstrassem o máximo de confiança em seu mestre. o desfile dos mortos no dia seguinte , tudo aconteceu como se o mundo fosse novo, não foi feito o menor comentário sobre o dia anterior e cada um cumpria a sua obrigação em relação ao campo. naquela manhã o orvalho subia como fumaça tornando branco todo o vale, quando as luzes do sol batiam nas sua gotas de orvalho, resplandeciam em verdadeiro arco íris. à sombra da floresta, uma aragem fria chegava a cortar os ossos da gente . e mesmo com todo esse frio, os meninos tiveram coragem para um banho no riacho.. o único que estava com medo era o viking que pedia sempre ao sebastião que segurasse a sua mão com medo i ir para o fundo, ou ser arrastado pela correnteza. após banho, todo se entreteram o estômago com uma água doce de rapadura e um pouco de farinha que ainda sobrava dos outros dias . estavam ele ainda tomando a sua refeição matinal quando viram ao longe uma porção de urubus que voavam em todas as direções numa distância bem longe do acampamento . logo imaginaram uma série de coisas. um dizia que era um boi morto, outro falava que talvez fosse um matadouro que havia ali pois nas cidades do interior os matadouros são longe das ruas para afastar o mau cheiro. e ainda tinha alguns que pensavam na possibilidade de haver alguma pessoa morta ali. uma interrogação pairou nos olhos de todos. tudo para ele era motivo de expectativa, afinal estavam em contato com a natureza em todo seu esplendor . 29 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 30. 30 sebastião disse que a melhor maneira de descobrirem era ir ate o local e verificar o que realmente estava acontecendo. ficou combinado que dois companheiros deviam ficar tomando conta do acampamento, enquanto sebastião e os outros garotos iam até o local para averiguarem o que tinha acontecido. sebastião mais cinco garotos partiram radiantes de felicidade para descobrirem todo aquele mistério. afinal eles iam ter a primeira aventura no campo. a distância que tinham de vencer era de mais ou menos de cinco ou seis quilômetros. e o caminho era todo emaranhado em volta do ria que em determinadas curvas sua correnteza era mais forte fazendo com que os meninos sentissem medo. a vegetação era rasteira por todo aquele caminho. apenas arbustos retorcidos e de ponto em ponto uma árvore servindo de abrigo e sombra para o gado na época da seca. a medida que avançavam, em todas as direções avistavam urubus que esvoaçavam em volta do local para onde se dirigiam. ao subir um pequeno morro, puderam vislumbrar o quadro mais dantesco que até hoje puderam ver em sua vidas. havia caído ali um avião muito grande, que perdera sua rota e todos os passageiros e tripulantes estavam mortos. era um mau cheiro horrível que exalava a mais de duzentos metros.- todos mortos. foi a expressão que saia da boca de todos.- como podia ter acontecido uma coisa dessas sem que nós tivéssemos ouvido o barulho? perguntou sebastião. mas os meninos que são inteligentes viram logo que aquele desastre de avião já tinha sido há dois dias, em virtude do estado de decomposição dos cadáveres. vejam como os urubus estão estraçalhando os corpos. disse um dos meninos. - è preciso fazer alguma coisa, vamos chegar mais perto e ver como se encontra. foi preciso colocar lenços no nariz de todos, tal era o mau cheiro. ninguém ficou para trás. todos chegaram perto. o avião se encontrava quase todo destruído, e os corpos se espalhavam por uma área de mais de cem metros. havia ali um total de vinte e oito pessoas mortas. pois os meninos puderam contar pelas cabaças que iam encontrando, corpo inteiro não era possível contar devido as mutilações . verificaram que havia dezenove homens , quatro crianças e cinco mulheres. era preciso fazer alguma coisa, e a primeira idéia que tiveram foi a de avisar as autoridades da cidade que ficava a uns cinqüenta quilômetros. sebastião determinou que dois dos meninos partissem em direção a cidade para avisaras autoridade, enquanto ele e os outros três ficariam tomando conta dos corpos para que os urubus não os devorassem. talvez as autoridades já estejam á caminho, mas como vou saber? o negócio era partir naquela mesma hora. se as autoridades estivessem a caminho eles 30 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 31. 31 voltariam junto, caso contrário, deveriam chegar até a cidade. ao passarem pelo , deviam avisar os dois meninos do acontecido e dizer-lhes para ficarem ali nos esperando que a tarde viriam para jantar. os meninos partiram, sebastião e três meninos ficaram tomando conta dos destroços . o trabalho deles era impedir que as aves de rapina devorassem os corpos. quem mais trabalhou nessa operação foi lobato que corria de um lado para outro com a maior facilidade por ser pequeno e por ser atleta de corrida. muitas vezes via-se uma disputa entre urubus e um de nossos heróis que impediam a todo o custo que os urubus estraçalhassem mais corpos. realmente era um quadro estarrecedor para qualquer pessoa humana. principalmente para uns garotos que tinham saído pela primeira vez de casa. só mesmo os fracos cairiam diante uma situação dessas . porém como eles estavam junto de sebastião, não tiveram medo, pois o mesmo de hora em hora falava com eles que era preciso coragem e que somente eles que estavam ali poderiam fazer aquele serviço. sebastião sempre dizia para os meninos que aquele dia era o mais importante até hoje na vida de todos ele; pois afinal,estavam fazendo uma coisa muito importante que faria com que eles fossem lembrados por toda a vida. o que estará acontecendo agora com nossos companheiro que partiram para a cidade? foi a de lobato quando parou um pouco para descansar. mas não teve tempo de descansar muito pois sebastião mostrou-lhe um urubu que se dirigia em direção ao corpo de uma criança. e imediatamente ele correu e espantou o urubu, mas assim que voltou , sebastião lhe disse que devia descansar um pouco, enquanto isso os dois meninos tratavam de fazer o trabalho. então sebastião lhe disse que os meninos teriam bastante possibilidade de atingirem a cidade , pois o rufino que é inteligente e resolverá qualquer problema que surja pela frente. enquanto isso os nossos companheiro que partiram para cidade já se encontravam bem longe do local do desastre e estão bem satisfeito da sua missão. afinal estavam prestando algum serviço e era isso que eles queriam . já tinham vencido quase dez quilômetros, quando depararam com um grupo de soldados. um dos meninos se escondeu no meio do mato e o outro ficou na beira da estrada para falar com eles, caso fossem inimigos, o outro correria até o acampamento e avisaria os outros que ficaram lá. como os soldados poderiam querer saber o que ele fazia naquela região, ele procurou assanhar os cabelos, jogou fora os sapatos, posou terra no rosto e assim 31 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 32. 32 poder passar por um menino da região. tudo isso era observado pelo seu companheiro que se encontrava a uma distância de 20 metros no meio do mato. nisso os soldados já se encontravam a uma distancia de 50 metros, e o nosso herói fingindo ser um menino daquela zona , foi lhes dando passagem, chegando para o canto, quando os mesmos estavam bem perto. quando os soldados viram-no , perguntaram se ele não tinha visto alguns urubus voando ali por perto. por esta pergunta o menino pode observar tratar-se de uns dos soldados que buscavam destroços do avião. como eram amigos não era mais preciso ter medo. então respondeu-lhes que ia a cidade justamente para avisar sobre um desastre de avião que tinham encontrado a uma dezena de quilômetros dali. e que lá já tinham alguns dos seus colegas tomando conta para que os urubus não estraçalhassem mais os corpos que lá se encontravam . e que eles poderia servir de guia para eles. então o menino deu um assobio e o seu colega saiu do meio do mato. quando o sargento viu sair aquele menino do meio da moita, perguntou de que se tratava. ao que o menino respondeu tratar-se de um de seus companheiros que estava ali escondidos pensou que os soldados fossem inimigos. então os soldados riram e disse que agora ele iam juntos até o local do desastre. junto aos soldados vinha também uma turma de salvamento formado por voluntários da cidade de esperança. como já sabiam que não havia sobreviventes, mandaram que dois dos mesmos voltassem até a cidade para avisar que não havia nenhuma pessoa viva. eram quinze horas de um dia de sol bem quente anunciando uma noite fria. o trabalho de remoção dos corpos deveria começar ainda aquela noite. eles traziam redes onde seriam colocados os corpos para serem levados à cidade mais perto que era a cidade de esperança a cerca de vinte quilômetros. chegaram ao local do desastre já quase noite. sebastião e os meninos mudaram a acampamento para perto do local do desastre. estavam todos descansando de um dia árdua de trabalho e a noite caia mansa , fúnebre e triste. a turma de salvamento deu início a remoção dos corpos até as oito horas da noite, não podendo mais continuar por causa do frio. ali mesmo os soldados armaram acampamento. grandes lampiões foram acessos e depois de colocar guardas nos quatro cantos do acampamento. todos foram dormir . sebastião e os meninos ficaram também observando o movimento dos soldados e depois se recolheram. 32 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 33. 33 no dia seguinte á seis horas da manhã já tinham reiniciado o trabalho de remoção dos corpos. eram mais de cem homens trabalhando no local fúnebre. ao meio dia em ponto, já tinham terminado toda a remoção, colocando os corpos em sacos , esteira e até mesmo em caixões pequenos. imediatamente saíram em direção à cidade que ficava a quinze quilômetros. As primeiras luzes do sol já começavam a surgir no horizonte . a princípio apenas uma nesga de luz branca , amarelada, depois foi aumentando lentamente até se tornar claro. antes que o sol saísse , para os homens rumo à cidade de esperança em cortejo fúnebre, levando vinte e oito corpos do avião sinistrado. naquele dia tudo correu como se assistisse a uma cerimonia macabra. o sol saiu claro e radiante , mas tão logo viu pelo campo a cerimônia da marcha fúnebre, tratou-se de esconder -se por entre as nuvens, dando ao dia um ambiente triste. os urubus ainda voavam sobre o local do desastre a procura de algum resto de cadáver . naquela manhã nem os pássaros vieram saudar o novo . todos fugiram com medo do cortejo fúnebre, como se morte fosse a única coisa desagradável da vida. cinco meninos marcharam bem a frente do cortejo a fim de comunicar o povo da cidade. enquanto isso sebastião e os outros meninos iam juntos ao cortejo, que naquela manhã fria de julho, passeava pelos campos cobertos de orvalhos. Sebastião ao passar pelos campos que acamparam em noites anteriores, lembrava juntamente com os garotos, aquelas noites sentados à beira do fogo, contavam história e sonhavam um dia edificar os seus ideais. lembravam todos os sonhos mais variados possíveis. e agora a sombra da morte rondava a vida, à sombra de um sol que não saiu. que força misteriosa é essa que envolve o espírito do homem? porque será que nunca chegamos ao fim do nosso ideal? - oh, como a tristeza se abate sobre mm. e o meu espírito na maior confusão contempla a morte desfilar pelos campos afora. e ele continuava a cismar... viver , morrer ? qual a grande diferença? se a maioria daqueles que carregam os corpos não sabem por que vivem. quem diria que há duas noites passadas , nós brincávamos alegres por esses mesmos 33 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 34. 34 campos onde agora, silencioso como um sepulcro, nós fazemos a morte desfilar ao nosso lado? será que todos os planos foram desfeito? assim ia pensando sebastião e talvez os outros meninos também pensavam, pois eles estavam muito calado, quando as nuvens começaram a formar no céu imagens, como que nos dando um aviso. podemos nós acreditar na visão fantástica do nada que descreve diante nossos olhos as mensagens das nuvens? esses eram a multidão de pensamentos que sebastião pensava enquanto caminhava no meio dos homens que conduziam os caixões com destroços humanos em meio ao mais fúnebre silêncio. descansavam de meia em meia hora. o caminho era tortuoso e cheio de pedras. parecia que após uma curva nós encontraríamos o fim da estrada anunciando a cidade, mas não era assim. depois de uma curva, surgia um caminho que era longo e parecia não ter fim. as montanhas ao longe, cobriam-se de nuvens escuras, inspirando o culto dos mortos que desfilavam pelo campo. os pássaros não cantavam como nos dias anteriores em que os meninos ali brincavam. estavam com medo dos homens que palmilhavam seus caminhos. no primeiro dia conseguiram vencer somente vinte quilômetros. à noite acenderam grandes fogueira e ali mesmo ao lado dos mortos deitaram-se para descansar até o dia seguinte. no dia seguinte marcharam mais de 10 quilômetros carregando os corpos e, na estação já estava o trem aguardando os corpos para serem enviados para a cidade de esperança. - depois que tudo foi colocado no vagão de carga do trem, os meninos e sebastião entraram no carro de passageiro com poltronas e sentavam aguardando a partida do trem com a carga fúnebre o trem partiu, a princípio devagarinho, depois ganhou mais velocidade. enquanto o trem corria cortando as montanhas e morros que lhe parecia a frente, sebastião despejava os olhos para a paisagem que corria pela janela do comboio. admirando as flores e as folhas dos pé de mamonas,mergulhava o seu espírito na mais completa meditação. porque estavam eles naquele trem? que fizemos nestes últimos dias de acampamento? estaremos nós vivendo uma vida cheia de ilusão ? não é isto que eu quero pensar, e sim coisas bem diferente que não sei explicar. hoje não consigo centralizar o meu pensamento numa coisa firme como naquelas noites de campo onde eu inventava história umas 34 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 35. 35 atrás da outra. será que a loucura está tomando conta do meu cérebro? não, isto também não pode ser. sinto como se tivesse a força total do universo. nos meus? será que estou tão forte assim como digo estar? tudo isto ia pensando sebastião enquanto os garotos dormiam a sono solto aproveitando o balanço do trem também o sono foi chegando ao chefe, era assim como os garotos chamavam e ele acabou dormindo e dormiu. no sono sonhou que tinha voltado à sua infância . tinha então cinco anos de idade quando ainda morava lá em passabém. seu pai está carpinando roça até as seis horas . de repente passa pela estrada os caçadores o convidas também para ir com ele:- “ como é seu mané o sinhô não vai caçá com a gente ?” “-pois é , hoje eu não posso ir porque preciso terminar um pedaço de terra que precisa ser limpo “ tá bem, entonce , inté minhã” . os caçadores partiram e o sr manoel permaneceu no trabalho por mais meia hora. sebastião que contava cinco anos de idade mal feitos já ajudava o seu pai juntamente com seus irmãos mais velhos. era um total de 6 meninos e 4 meninas dentro de casa. as meninas por sua vez ajudava no trabalho de casa juntamente com sua mãe : naquela tarde , quando o sol já havia se posto no horizonte, viram umas pessoas pelo caminho que divisava as terras do sr manoel com a estrada: imediatamente o nosso amigo se dirigiu para ele tratava. o sr nem imaginava o que foi que aconteceu , o sr se lembra do filho da marocas ? aquele que é meio doido ? pois é ele sumiu de casa hoje de dia e até agora não foi encontrado. o filho de dona marocas era chamado de jorginho e muito conhecido pelo povo daquela vila. era uma espécie de menino que todos zombavam : chamavam-no ; o que fazia ficar mais furioso ainda. desde pequeno que o jorginho era meio abobado, por ter sofrido uma doença muito grave : não morrera . “ mas ficou doido” como dizia o povo. certa vez burlou a vigilância da mãe e dos irmãos e fugira de casa . Foi procurado por todos durante o dia sendo inútil a busca. Naquela noite a vila ficou em desespero. . Eram homens á cavalo procurando o menino por toda a parte. No dia seguinte caçadores saíram bem cedo para a caçada 35 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 36. 36 matinal, ainda estava bem escuro quando passando por um caminho depararam com um vulto mexendo no meio do mato. Com a ânsia de levar para a casa a caça do almoço daquele dia , não se lembraram do menino que havia fugido de casa na véspera. Fizeram pontaria e atiraram: Em seguida ouviu-se um grito de dor . Era o Jorginho que estava deitado no meio da mata. Os dois caçadores correram para perto do menino e com desespero viram que tinham atirado no filho de dona Marocas. Que seria daquela pobre criatura dali pela frente? O menino não morrera, levaram-no para o hospital da cidade onde ficou muito tempo tratando do ferimento recebido. E como havia recebido um tiro na cabeça ficou com uma parte do corpo paralisado: Só conseguia andar com uma perna pulando feito saci. Era um menino já com quinze anos, e agora acontecia aquilo. Fugira de casa, se arrastando pelo meio do mato , sabe lá deus como ‘ se pelo menos ele morresse acabaria com o sofrimento de dona marocas” era o que dizia uns já outros diziam que era castigo pois sua mãe fora muito perversa para os seus escravos. Estavam todos na porta da venda discutindo a vida do menino quando surgiu um rapazinho dizendo que o jorginho estava morto no rio mordido por uma cobra cascavel. Ao pronunciar a palavra cascavel Sebastião que dormia e sonhava, acordou rapidamente pois o trem estava chegando ao seu destino . Era finda a primeira viagem de experiência com os nossos heróis. Dali por diante teríamos de esperar . a primeira viagem havia terminado. Aquilo foi o início. O fim seria maravilhoso. Outro acampamento Eram 13 horas . as nossas sombras já começavam a caminhar para o oriente. O Sol , que não estava muito quente por ser inverno, mostrava-se vermelho como um tomate. Falei com todos os meninos: - Vocês estão vendo aquela serra que parece encontrar com o azul do céu? - Estamos vendo sim , responderam todos . Pois é ali em cima que nós vamos . Portanto tratemos de caminhar pois a viagem é longa. Á nossa frente uma porteira que dividia a cidade com o pasto . Além do pasto só avistamos os caminhos primitivos feito pelos pés dos animais e dos homens que por ali passavam . Com o Barros á frente seguimos “ a coluna por um’’ . a princípio eles conversaram sobre os mais variados assuntos ; depois o silencio foi quebrando á 36 EM BUSCA DA CAVERNA.
  • 37. 37 medida que o cansaço da caminhada chegava. sabendo que tinham dez dia para andar , era preciso aprender a andar en silêncio, só assim evitava o cansaço. De um lado e de outro do caminho só grama rasteira. hora por outra um curso dágua atravessava a nossa frente, onde os animais saciavam a sua sede, e á margem dos mesmo florescia lírio do campo e ‘’ chapéu de couro’’. chapéu de couro é uma planta medicinal que serve também como chá adoçado com mel. depois de andarmos seis quilômetros vimos na nossa frente uma coisa muito grande que se movia a uma distancia de 500 metros. paramos para afirmar a vista, e só quando a mesma já estava bem perto , notamos que era uma grande boiada. ela estava sendo trazido pelos vaqueiro , que de longe já houvemos seus gritos. diante daquele espetáculo todo os meninos pararam e começaram a observar . só então eu lembrei que podia haver boi bravo ali no meio daquela boiada. imediatamente sebastião deu ordem aos meninos para que se misturassem no meio dos arbustos, e ficassem imóvel o mais tempo possível pois ele já observara que alguns bois já estavam de orelha em pé à procura de alguém para atacar . assim fizeram. cada um se escondeu o mais depressa como pode por detrás da árvores. e sebastião lhes disse ainda que se algum touro chegar perto de vocês não tenham medo e nem corram procurem fitar-lhe bem nos olhos e não serão molestados. porém o viking que é o mais novo , com apenas nove anos de idade, tremia de medo como uma’’vara verde’’ e dizia para sebastião: - eu tenho medo do boi me pegar, deixa eu ficar perto de você.—não precisa ter medo respondeu sebastião faça como eu lhe disse: -- fite-o bem nos olhos e não se mova. por via das dúvidas fique aqui perto de mim que eu lhe ensinarei como fazer. como os meninos estava atrás do arbusto e sem se mexer. os animais passaram bem perto deles sem vê-los. mas quando passou perto de viking , ele se moveu tanto que chamou a atenção de um touro preto. sebastião viu que era ora de fazer a prova com o menino e disse bem baixinho para ele:- calma viking, tenha coragem e tudo sairá bem . segure na minha mão e na hora que o boi estiver bem perto faça o que eu mandar. assim fizeram , e o touro veio se aproximando cada vez mais do dois amigos e bufava pelas narinas ‘’incendiadas’’ . nisso o nosso amigo falou no ouvido do menino:- é agora. olhe bem nos olhos dele , 37 EM BUSCA DA CAVERNA.