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RESUMO
	 Na maioria dos estudos de comu-
nidade no Brasil e no mundo, a prevalência
de depressão em um ano ficou na faixa de 8
a 12%, havendo associação com ser mulher
e solteira, com o pico de prevalência no fi-
nal da meia-idade. Em cuidados primários,
a prevalência de depressão chegou a 16%
no Rio. Utilizando-se a medida mais am-
pla de “morbidade psiquiátrica menor” ou
“transtornos mentais comuns”, fica-se em
torno de 50%. Os Episódios Depressivos
foram a principal causa de incapacidade
(ou seja, sem incluir o impacto da morta-
lidade), em medidas internacionais, desde
1990, tanto para homens e mulheres, como
para países desenvolvidos ou não. O índi-
ce de reconhecimento de depressão pelos
clínicos gerais situa-se em torno de 42%.
Os casos graves e com maior incapacida-
de social e os com apresentação psicoló-
gica seriam mais facilmente identificados
pelos clínicos. Os estudos de intervenções
demonstram a efetividade da ênfase nas
primeiras semanas de tratamento da de-
pressão, com o estabelecimento de um pla-
no terapêutico e cuidados para a garantia
da adesão. O papel do “médico pessoal”,
garantindo o seguimento longitudinal do
paciente, como na Estratégia da Saúde da
Família, no Brasil, possibilita a atuação
junto aos aspectos psicossociais da clien-
tela.
PALAVRAS-CHAVE: Depressão; Epide-
miologia; Atenção Primária à Saúde.
INTRODUÇÃO
	 São poucos os estudos epidemio-
lógicos de prevalência geral de doenças
mentais em comunidade geral realizados
em nosso país. O primeiro foi realizado
em 1991, em três grandes centros urba-
nos – Brasília, São Paulo e Porto Alegre1
.
Até 2007, permanecia como único estudo
de abrangência nacional entre nós2
. No
mundo, a situação não é muito diferente.
Estudos realizados no final dos anos 80
e primeira metade dos anos 90, dois nos
Estados Unidos, o ECA (Epidemiological
Catchment Area) e o NCS (National Co-
morbidity Survey), e um na Grã-Bretanha,
o The National Survey of Psychiatric Mor-
bidity in Great Britain são colocados como
os mais abrangentes3
.
	 No campo da atenção primária, a
situação é diferente no mundo, com uma
Luiz A.B.Villano
Abdon L.G.Nanhay
DEPRESSÃO:
EPIDEMIOLOGIA
E
ABORDAGEM
EM CUIDADOS
PRIMÁRIOS DE SAÚDE
10 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ
produção científica continuada a respeito
do tema. Existe maior facilidade operacio-
nal para a realização dos estudos de preva-
lência, e exigência dos operadores de pres-
tação de serviços em saúde, públicos ou
privados. Quanto aos estudos internacio-
nais, no entanto, um estudo multicêntrico
da Organização Mundial de Saúde (OMS)
de 1992, o Psychological Problems in Ge-
neral Health Care (PPGHC), em 15 centros
de todos os continentes, exceto a Oceania,
incluindo o Rio de Janeiro, ainda é con-
siderado o mais abrangente4
. O trabalho
no Brasil foi desenvolvido pelos autores
deste artigo e outros investigadores, tendo
como campo o Ambulatório de Medicina
Integral (AMI) do HUPE. Entre nós, este
estudo ainda é o único que apresentou dis-
criminação de prevalências por nosologia5
.
O campo geral “cuidados primários/trans-
tornos mentais” apresenta uma vastíssima
coleção de estudos no mundo, incluindo
ensaios clínicos com metodologia de úl-
tima geração. No Brasil, alguns centros,
incluindo a UERJ, conseguem ter padrão
internacional.
	 Também são importantíssimos os
estudos que colocam os transtornos men-
tais e, especificamente, a depressão entre
as doenças mais incapacitantes, como o de
Üstün e cols6
.
	 Um aspecto bastante ressaltado na
literatura internacional é o do reconheci-
mento dos problemas de saúde mental pe-
los profissionais de saúde geral, incluindo
os de cuidados primários. Parece crescer
a evidência de que, sem a conjugação de
esforços de capacitação para lidar com o
problema, os desfechos são pífios. Ensaios
comparando formatos diversos desta ca-
pacitação mostram que a persistência dos
canais de interlocução ensino-aprendizado
é fator fundamental7,8
.
	 Nesse sentido, cabe ressaltar a
especificidade do caráter do cuidado pri-
mário. O conceito e a prática dos cuida-
dos primários de saúde (cuidados básicos,
posto de saúde, medicina integral, clínica
geral, medicina de família e assemelhados)
situa-se na franja do indefinido, do possí-
vel, do vir-a-ser, ao lado da obrigação de
atendimento ao princípio da integralidade
do cuidado. Não pode contar com a certeza
e o fechamento em si mesma, próprios da
especialização, quando esta atua de forma
viciada. Esta filosofia dá o embasamento
para a reflexão sobre a responsabilidade
pelos aspectos de saúde/doença mental dos
pacientes dos médicos não psiquiatras. É
dos próprios médicos gerais, na medida
em que puder continuar fazendo parte do
alvo conjunto de suas atuações terapêuti-
cas. Passa a ser necessária a interferência
do especialista em saúde mental, quando
esses aspectos se destacam de tal forma
que confundem, inibem essa ação geral
ou, mesmo com a manutenção da clareza
do julgamento clínico, passam a demandar
uma atenção diferenciada, não pertinente
em termos institucionais no nível do cui-
dado primário.
	 O objetivo deste trabalho é apre-
sentar dados e considerações a respeito dos
pontos acima abordados, no que diz respei-
to à depressão – epidemiologia e papel dos
cuidados primários.
MAGNITUDE DO PROBLEMA:
PREVALÊNCIA
	 Nos estudos brasileiros de comu-
nidade, a prevalência no último ano para
“Estados depressivos” foi de 1,5%, 1,3%
e 6,7%, respectivamente para Brasília,
São Paulo e Porto Alegre, para uma pre-
valência geral de transtornos mentais de
34,1%, 19,0% e 33,7%, no estudo multi-
cêntrico nacional de comunidade de 19911
.
Na Cidade de São Paulo, foi realizado um
levantamento em dois bairros, em época
aproximada (1996). A prevalência de um
Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
Ano 10, Janeiro a Março de 2011 11
Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
ano para Episódio Depressivo foi de 7,1%
(com 3,5% para homens e 6,7% para mu-
lheres) e a de Distimia 1,4% (1,1% homens
e 1,7% mulheres), para uma prevalência
geral de 18,8%9
.
	 Em revisão de 2002, de estudos
epidemiológicos com base populacional
no mundo, as prevalências de episódios
depressivos variaram de 2,2% a 5,4% (úl-
timos 30 dias), 3,5% a 10,3% (último ano)
e 3,7% a 15,7% (na vida)10
. No início dos
anos 2000, foi realizado um importante
estudo epidemiológico multicêntrico de
comunidade em dez países da América do
Norte, América do Sul, Europa e Ásia [In-
ternational Consortium of Psychiatric Epi-
demiology (ICPE) Surveys]. Na maioria
deles, a prevalência na vida para Episódio
Depressivo Maior  ficou na faixa de 8% a
12%. O Japão teve a menor taxa de pre-
valência - 3% na vida11
, como no estudo
PPGHC da OMS, em cuidados primários –
2,6%, no último mês12
. Houve associação
com ser mulher e solteira. Os membros de
coortes mais recentes tiveram maior pre-
valência na vida, mas com menor persis-
tência do diagnóstico. A comorbidade com
transtornos de ansiedade esteve presente
de forma importante em todos os países.
Estes últimos precederam a depressão,
especialmente os transtornos de Pânico e
de Ansiedade Generalizada11
. Outro estu-
do multicêntrico de comunidade da OMS
alguns anos mais recente [World Mental
Health (WMH) surveys] separou as infor-
mações sobre prevalência nos últimos 12
meses de depressão (Transtorno Depressi-
vo Maior e Distimia) para os nove países
desenvolvidos (5,7%) e os seis em desen-
volvimento (5,2%). Em ambos, depressão
teve maior taxa que os demais transtornos
estudados (além do Transtorno Bipolar, os
dos grupos de transtornos de ansiedade e
de controle de impulsos). Diferença gri-
tante foi demonstrada entre os países para
a procura de tratamento para o transtorno
nos últimos 12 meses – 29% no grupo dos
desenvolvidos e 8% nos em desenvolvi-
mento13
. Outra informação importante é a
idade de início dos transtornos mentais. No
estudo ICPE da OMS, a mediana da idade
de início ficou na faixa de 20 a 25 anos na
maioria dos centros11
. O outro estudo mul-
ticêntrico de comunidade da OMS citado
(WMH) mostrou que os coeficientes de
prevalência têm uma distribuição bastante
uniforme entre os centros, sendo baixos até
a adolescência, com uma ascensão linear
até o final da meia-idade e declínio poste-
rior. A mediana de idade de início variou
bastante, entre 25 e 45 anos. O intervalo
interquartil do 25o
. ao 75o
. percentil de to-
dos os centros atingiu 17 a 65 anos. Estes
valores são muito próximos ao do grupo
de transtornos de ansiedade composto por
Transtorno de Pânico, Transtorno de An-
siedade Generalizada e Transtorno de Es-
tresse Pós-Traumático14
.
	 No âmbito dos cuidados primários
de saúde, em nosso meio, o já citado estu-
do multicêntrico da OMS ainda é o único a
trazer informações sobre a distribuição de
diagnósticos da CID-10. A prevalência ge-
ral no último mês dos transtornos psiquiá-
tricos estudados (os não psicóticos – gru-
pos de ansiedade, depressão, somatização
e abuso ou dependência de álcool) atingiu
38%. A prevalência de Episódio Depres-
sivo Atual (incluindo episódios atuais de
Depressão Recorrente) foi de 16%, sendo
6% para homens e 20% para mulheres,
diferença com significância estatística. A
prevalência de Distimia foi de 2,5%, com
1% para homens e 3% para mulheres5
. A
distribuição por idade deste grupo de diag-
nósticos evidenciou uma progressão inver-
sa, com significância estatística (26% para
15-30 anos; 19% para 31-50 anos e 12%
para 51-60 anos)15
. Para os demais 14 cen-
tros participantes do estudo, a prevalência
de depressão variou de 3% em Nagasaki a
30% em Santiago12
.
12 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ
Os diagnósticos constituintes dos
grupos de ansiedade, depressão e somatiza-
ção são, muitas vezes, difíceis de discrimi-
nar nos ambientes de prática clínica geral,
não psiquiátrica. O capítulo V da Classifi-
cação Internacional de Doenças, 10ª. Revi-
são (CID-10)16
oferece, em cada um desses
grupos, diversas opções de inclusão, além
dos diagnósticos seminais de Ansiedade
(Transtorno de Ansiedade Generalizada),
Depressão (Episódio Depressivo) e Soma-
tização (Transtorno de Somatização). Des-
de os trabalhos pioneiros de levantamento
epidemiológico de morbidade psiquiátrica
em comunidade e cuidados primários esses
transtornos não psicóticos foram agrupa-
dos sob a terminologia de “morbidade psi-
quiátrica menor”17
ou “transtornos mentais
comuns”18
. A validação de instrumentos de
rastreamento, mais simples que os pesados
questionários diagnósticos psiquiátricos,
permite fornecer estimativas confiáveis
para esse conjunto. Assim, no citado traba-
lho no Ambulatório de Medicina Integral
do HUPE, o valor foi de 46%15
. Estudo
mais recente, com clientela de unidades do
Programa de Saúde da Família (PSF) em
Petrópolis, também realizado por grupo de
pesquisa da UERJ, encontrou 56%19
. Em
área abrangida pelo PSF, mas com amostra
de comunidade, em São Paulo, o número
foi 25%20
.
MAGNITUDE DO PROBLEMA:
INCAPACIDADE SOCIAL
	 Em 1990, a OMS apresentou
um primeiro estudo sobre Incapacidade,
o Global Burden of Disease (GBD). Os
Episódios Depressivos ou Transtornos
Depressivos Unipolares (F32 e F33 da
CID-10) foram a principal causa de inca-
pacidade (ou seja, sem incluir o impacto da
mortalidade), sendo responsáveis por 11%
do total dos anos vividos com incapacida-
de (YLD: years lived with disability). Com
relação ao impacto geral do adoecimento,
ou seja, incluindo os casos fatais, ficaram
em quarto lugar, com a responsabilidade de
4% do total de anos de vida ajustados para
incapacidade (DALYs: disability adjusted
life years)21 apud 6
. Dez anos após, continua
como principal responsável pela carga não
fatal de doença, com 12% do YLDs total e
continua como a quarta causa principal da
carga geral de doença, com 4% do DALYs
total. Para esta medida, existe diferença de
gênero, continuando como a quarta causa
entre as mulheres (6%), mas passando para
a sétima entre os homens (3%). Também
existe diferença entre os países de acordo
com grau de desenvolvimento econômico
– nos de renda alta representa 9%, enquan-
to nos de renda média e baixa esse número
é 4%. No continente americano, é 8%, fi-
cando como a principal causa, e na África
é 1%, passando para o 13o
. lugar6
. Para os
YLD, ou seja, sem considerar a mortalida-
de, em 2004 continua em primeiro lugar
para homens e mulheres (8% e 13%, res-
pectivamente) e para os dois grupos de pa-
íses (15% - renda alta e 10% - renda média
e baixa)22
. Dados de 1998 confirmam que
os transtornos neuropsiquiátricos detêm a
maior parcela de contribuição do DALYs
total no Brasil (19%), primazia que se
mantém em todas as regiões23
. Novamente
no estudo WMH, o instrumento diagnós-
tico continha uma medida de incapacida-
de específica para cada transtorno inves-
tigado. A proporção dos que pontuaram
incapacidade grave para depressão foi de
66% nos países desenvolvidos e 52% nos
em desenvolvimento, diferença estatistica-
mente significativa. Cabe assinalar que, no
que diz respeito à hipertensão arterial, esse
número foi de 5% para os desenvolvidos
e 24% para os em desenvolvimento e para
asma 8% e 27%, respectivamente14
. O es-
tudo PPGHC da OMS também pôde evi-
denciar a magnitude da incapacidade entre
Ano 10, Janeiro a Março de 2011 13
Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
os pacientes de cuidados gerais de saúde
com diagnóstico de Depressão: 39% ti-
nham incapacidade relacionada ao desem-
penho do papel social e 46% autorreferiam
incapacidade física24
. Esses achados foram
confirmados em outro estudo nacional em
cuidados primários fazendo parte de um
estudo multicêntrico internacional (LIDO
– Longitudinal Investigation of Depres-
sion Outcomes), que mostrou que pacien-
tes com mais sintomas depressivos tinham
mais comprometimento do funcionamento
físico e psicológico e avaliavam sua quali-
dade de vida e saúde geral como pior25
.
RECONHECIMENTO PELO
MÉDICO GERAL
	 Os médicos clínicos gerais as-
sistentes, no Rio de Janeiro, no estudo
PPGHC da OMS, reconheceram como
tendo problema psicológico 44% dos casos
de Episódio Depressivo Atual e 66% dos
casos de Distimia5
. Para os demais cen-
tros participantes do mesmo estudo, esse
número para Episódio Depressivo Atual
variou muito entre os quinze centros par-
ticipantes: três centros têm de 70% a 74%,
cinco estão na faixa de 56% a 62%, três na
de 40% a 44% e os demais de 19% a 28%.
Os autores apresentam dados que sugerem
que os centros com um modelo mais in-
dividualizado de atendimento (seguimento
pelo mesmo médico, com sistema de pron-
tuário e agendamento das consultas) têm
índices de identificação maiores26
.
	 A questão da acuidade do clínico
geral para o reconhecimento dos proble-
mas de saúde mental é abordada de dife-
rentes formas na literatura. Um trabalho
recente, de São Paulo comparou clínicos
que utilizavam um instrumento diagnós-
tico próprio para cuidados primários, com
psiquiatras usando critérios-padrão do
DSM. Foram estudados sintomas de de-
pressão específicos. O que mais se distan-
ciou da avaliação dos psiquiatras (razão de
verossimilhança) foi o de agitação/retardo
psicomotor, pelo número de falsos positi-
vos. O que mais se aproximou foi o de pen-
samentos suicidas. Interessante notar que
a presença de doença somática faz dimi-
nuir em muito a sensibilidade para ideias
de menos-valia e culpa (91% para 67%)27
.
Outros estudos já demonstraram que os
casos graves e com maior incapacidade
social e os com apresentação psicológica
são mais facilmente identificados pelos
clínicos. Foi feito um estudo de seguimen-
to dos 948 pacientes diagnosticados com
Depressão Maior nos quinze centros do
estudo PPGHC. 42% foram reconhecidos
e diagnosticados corretamente pelo mé-
dico geral. Esses pacientes tinham maio-
res escores de desconforto psicológico e
incapacidade, e obtiveram maior redução
do desconforto psicológico na avaliação
de 3 meses. No seguimento de 12 meses,
não houve continuidade nessa diferença a
favor dos casos reconhecidos. Esse grupo
e o dos não reconhecidos para depressão
passaram a não diferir quanto à mudança
nessa medida ou no status diagnóstico. Os
autores ressaltaram que esses achados e
os de estudos semelhantes sugeririam que
aumentar o reconhecimento de depressão é
apenas o primeiro passo em direção à abor-
dagem mais adequada28
.
DIAGNÓSTICO PELO MÉDICO
GERAL
	 Para os médicos clínicos gerais
assistentes, no estudo da OMS no Rio de
Janeiro, a prevalência do conjunto de diag-
nósticos de depressão foi de 10%, sendo
13% para as mulheres e 3% para os ho-
mens. Esses números mantêm alguma
proximidade com a dimensão da preva-
lência geral e a distribuição entre os sexos
14 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ
Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
dada pelo instrumento de pesquisa (16%;
20% e 6%)15
. Além da análise da valida-
de (sensibilidade e especificidade frente
ao instrumento diagnóstico de pesquisa)
pode-se estudar a atuação diagnóstica do
clínico per se. Quais os critérios que levam
o médico geral diagnosticar ou não um
caso como positivo para depressão? Quais
as características diferenciais dos critérios
diagnósticos estabelecidos? Não se pode
esquecer que o único instrumento de diag-
nóstico positivo em psiquiatria é a avalia-
ção clínica. Os exames médicos comple-
mentares são utilizados para a pesquisa de
alterações específicas, que poderiam uni-
camente incluir a manifestação psicopato-
lógica como transtorno mental orgânico. A
pesquisa, incluindo metodologia de análise
qualitativa, pode buscar caracterizar esses
dois subgrupos em que o médico discor-
da do instrumento diagnóstico – os falsos
negativos, que são identificados pelo ins-
trumento diagnóstico mas não se revelam
ao clínico geral, o oposto ocorrendo para
os falsos positivos. Em estudo onde os
prestadores de cuidados primários foram
exclusivamente enfermeiros ou curandei-
ros (traditional medical practitioners), na
África Subsahariana, enveredam por este
caminho, trazendo dados que colocam os
falsos positivos como tendo problemas so-
ciais e espirituais como motivo para con-
sulta, não contemplados pelo instrumento
diagnóstico, e os falsos negativos como
tendo sintomas em menor número e qua-
litativamente diversos (mais subjetivos)
daqueles apresentados pelos considerados
doentes mentais de acordo com os critérios
locais29
. Pode-se levantar a hipótese de
haver diferença na validade de face (face
validity) entre instrumento diagnóstico e
prestador de serviço, diferença esta que
nesse caso do contraste europeu/africano
seria mais radical. Tal linha de investiga-
ção parece mostrar que existe uma racio-
nalidade para o reconhecimento ou não de
problemas psiquiátricos por parte do médi-
co não psiquiatra, o que poderia demandar
o desenvolvimento de uma tecnologia de
treinamento bem mais elaborada do que a
simples informação sobre critérios diag-
nósticos.
	 O objetivo não deve ser o de au-
mentar a identificação de problemas psi-
cológicos de forma mecânica, acrítica.
Todo cuidado deve ser tomado para, pelo
menos, manter-se o relativamente pequeno
número de falsos positivos que os médicos
clínicos conseguem obter nos estudos – a
identificação errônea (em excesso) de um
problema psiquiátrico pode bloquear a ne-
cessária investigação clínica geral. A inter-
venção pode ser útil para indicar parte dos
casos pela CID-10 não identificados pelo
profissional de cuidados primários (falsos
negativos), porém poderá fazer com que
o médico passe a incluir entre seus posi-
tivos uma parcela daqueles que correta-
mente tinha considerado como negativos
para morbidade psiquiátrica. Uma questão
importante para a formação e prática mé-
dicas, é a da não identificação de um trans-
torno mental orgânico, apontando-o como
um transtorno psiquiátrico funcional, e não
procedendo à confirmação diagnóstica e ao
tratamento da alteração orgânica de base.
	 Uma possibilidade de trabalho
conjunto, que vem sendo aplicada no Bra-
sil, é o do apoio matricial, com equipes
especializadas de saúde mental atuando
no campo da saúde da família. Esta atua-
ção tenta fugir do modelo tradicional de
referência/contrarreferência, com ativida-
des de consultoria técnico-pedagógicas,
consultas conjuntas, e ações assistenciais
especializadas, em grupo, ainda com parti-
cipação conjunta. É possível o atendimen-
to psicológico ou psiquiátrico individual,
realizado pelo especialista, idealmente li-
mitado no tempo30
.
Ano 10, Janeiro a Março de 2011 15
Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE
SAÚDE
	 Quanto à abordagem terapêutica,
no estudo da OMS no HUPE, entre os ca-
sos que os médicos assistentes reconhece-
ram como tendo um problema psicológico
e que tinham um diagnóstico de pesqui-
sa de Depressão, somente 5% receberam
antidepressivos, enquanto a 34% foram
prescritos tranquilizantes5
. Também em
cuidados primários e com um desenho na-
turalístico observacional, em Porto Alegre,
ao final dos anos 90, entre 179 pacientes
com diagnóstico de pesquisa de depressão,
ao final de nove meses, 42% ainda apre-
sentavam este diagnóstico e 68%, sinto-
mas depressivos. Somente 25% apresen-
taram remissão completa dos sintomas.
73% não receberam qualquer tratamento
específico durante o estudo e apenas 9%
foram tratados com dose adequada de anti-
depressivo. Cabe assinalar que os médicos
clínicos foram avisados por carta sobre o
diagnóstico de depressão, logo que este foi
estabelecido. Também chama a atenção a
“negativação” do diagnóstico em 58% dos
pacientes (apesar da remissão completa
dos sintomas ocorrer em apenas 25% dos
casos), mesmo com a pouca mobilização
dos clínicos para o tratamento específico31
.
A utilização de dose adequada de antide-
pressivo, provavelmente, aumentaria a
taxa de remissão completa de sintomas,
objetivo importante, uma vez que a “clíni-
ca da depressão” em cuidados primários é
composta por quadros leves e subclínicos.
O termo “limítrofes” seria mais adequado,
uma vez que quase sempre existe sofri-
mento que demanda e justifica a atuação
clínica. Neste trabalho, o estudo da autoa-
valiação da qualidade de vida mostrou que
não houve aumento da avaliação positiva
ao final do período de observação (54% no
início e 50% ao final), apesar da relativa
melhoria sintomatológica31
. A complexi-
dade do campo indica a necessidade do
desenvolvimento de estudos mais sofis-
ticados, conjugando metodologia quanti-
tativa e qualitativa, buscando avaliar di-
mensões específicas de satisfação intra e
extraencontro clínico. Uma hipótese seria
a de que o tratamento (precoce) dos casos
leves evitaria a progressão da doença men-
tal, no sentido da gravidade dos sintomas
e da incapacidade (prevenção secundária).
O médico geral é o que está mais próximo
para essa atuação imediata, que se preten-
de resolutiva. Os pacientes com situações
psicopatológicas mais graves, não identi-
ficadas e não tratadas, certamente, já es-
tão vivenciando problemas junto a seus
médicos gerais, incluindo os relativos à
condução do trabalho terapêutico geral e,
provavelmente, já necessitariam de algu-
ma intervenção especializada, quer como
apoio (supervisão, consulta conjunta, ma-
triciamento) e/ou atendimento direto.
	 Essa característica dos cuidados
primários indica também a necessidade do
estímulo à utilização da abordagem psicos-
social.
ESTUDO DE INTERVENÇÕES NO
CAMPO DA SAÚDE MENTAL EM
CUIDADOS PRIMÁRIOS
	 Diversos estudos abordam a eficá-
cia de intervenções buscando melhora dos
resultados terapêuticos. O título de um ar-
tigo de um dos mais profícuos grupos de
investigadores desse campo, do Estado de
Washington, nos EUA, resume uma das
vias de atuação. Sua tradução livre seria
“Atuação colaborativa visando atendimen-
to das diretrizes de tratamento – impacto
na depressão em cuidados primários”. As
intervenções visando atingir um objetivo
prévia e externamente definido incluíram
incremento da características e frequência
das consultas nas primeiras 4 a 6 semanas
16 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ
Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
– consulta 1 e 3 com o médico de cuidados
primários e 2 e 4 com um psiquiatra. Havia
também seguimento contínuo da aderên-
cia à prescrição medicamentosa durante
as fases de continuação e manutenção do
tratamento. Foram apresentados materiais
escritos e gravados como estratégia de
educação em saúde. Houve aumento sig-
nificativo da aderência à prescrição tanto
para os casos de Depressão Maior como
para Depressão Menor, mas somente para
os primeiros houve aumento da satisfação
com o atendimento e indicadores efetivos
de melhoria da depressão32
. Dois pontos
da discussão do artigo merecem serem
ressaltados. A resposta diferencial entre
os casos definidos de depressão e os limí-
trofes, onde inclui-se a Depressão Menor
do DSM, com o rigor medicamentoso e
informativo, parece indicar a necessidade
de abordagem também diferencial entre os
dois grupos. Um caminho de pesquisa se-
ria a valorização da abordagem psicosso-
cial para os casos limítrofes e talvez os de
depressão leve. O outro ponto, na verda-
de correlato, mostra como o investimento
em tempo, principalmente nas primeiras 4
a 6 semanas de tratamento, com o conse-
quente conhecimento mais íntimo do caso
e o acompanhamento rígido da aderência
à medicação, mesmo sem a inclusão de
abordagem psicossocial outra que não a
educação para a saúde, pode propiciar me-
lhoria significativa nos casos mais graves.
	 Um estudo na Inglaterra ofere-
ceu quatro opções de tratamento, de for-
ma aleatória, a pacientes encaminhados
pelos médicos gerais, com diagnóstico
de depressão confirmado por instrumento
padronizado – terapia de resolução de pro-
blemas feita pelo médico geral pesquisa-
dor, ou pelo enfermeiro pesquisador, medi-
cação antidepressiva e terapia de resolução
de problemas pelo enfermeiro pesquisador,
exclusivamente medicação antidepressiva
pelo médico geral pesquisador. Como re-
sultado, os pacientes mostraram melhoras
claras em 12 meses (cerca de dois terços)
em todos os grupos, mantida em avaliação
de seguimento de 52 meses. Os autores
ressaltam a indicação de que a combina-
ção dos tratamentos não é mais eficaz que
o tratamento isolado, e que a abordagem
psicoterápica (pelo médico ou pelo en-
fermeiro, todos os dois com treinamento
específico) é tão adequada quanto a medi-
camentosa. Observam que a formação na
técnica psicoterápica seria obrigatória, e
portanto deveria haver este recurso para in-
dicação pelo médico geral. A possibilidade
de formação do médico para aplicação da
técnica ainda precisaria ser estudada. Tam-
bém é importante a existência de disposi-
ção por parte do paciente em participar de
um processo onde é exigida sua colabora-
ção ativa. Esse ponto colocaria limitações
para a inclusão dos casos mais graves. O
artigo traz uma explicação sucinta do pro-
cesso psicoterápico, que ocorreria em seis
estágios: esclarecimento e definição dos
problemas; escolha de objetivos alcançá-
veis; geração de propostas de resolução;
escolha das propostas; implementação das
propostas escolhidas; avaliação. A primei-
ra sessão dura uma hora e as demais trinta
minutos. Os autores ressaltam que, com
essa proposta, os pacientes obtêm uma
sinalização clara quanto à necessidade de
seu próprio envolvimento no processo te-
rapêutico33
.
	 Os dois estudos citados valorizam
o investimento nas consultas iniciais, com
o planejamento terapêutico claro, e garan-
tia da adesão. Parecem indicar que a de-
pressão grave em si não traz impedimento
para o atendimento exclusivo pelo clínico
geral. A chamada refratariedade à abor-
dagem farmacológica, de origem consti-
tucional biológica e/ou de personalidade,
bem como dificuldades de caracterização
diagnóstica podem constituir os pontos de
maior dificuldade. Por outro lado, os casos
Ano 10, Janeiro a Março de 2011 17
Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
mais leves parecem ter boa resposta à psi-
coterapia, que pode ter um formato espe-
cífico, diferente daquele tradicional, este
último certamente exigido para os casos de
comprometimento importante da persona-
lidade. Com efeito, outro estudo mais re-
cente, este na América do Sul, mostrou que
a inclusão nas sete primeiras semanas em
grupos de psicoeducação (somado a me-
dicação para os casos graves) trouxe mais
benefícios terapêuticos que o tratamento
usual pelo clínico34
.
	 O médico de cuidados primários,
entendido como o profissional responsá-
vel por uma população adscrita, a quem
presta cuidados continuados, que no Brasil
corresponde à estratégia da saúde de famí-
lia, pode ter papel-chave na identificação,
acolhimento e intervenção dialogante, nos
momentos de conflitos e desconforto psi-
cossociais. Para isso, requer-se a valori-
zação do papel da consulta médica como
instrumento tecnológico preciso, capaz de
resolutividade per se. Shepherd e cols., nos
idos de 1966, faziam uma ligação direta
entre a função deste médico de comuni-
cação com o paciente e a possibilidade de
manejo dos então ainda chamados “trans-
tornos neuróticos”. Valoriza, neste sentido,
seu papel de educador e de participante de
uma equipe de saúde pública, visando a
abordagem do paciente integral35
, consti-
tuindo-se como médico pessoal (personal
doctor)36 apud 35
.
CONCLUSÕES
	 Na maioria dos estudos de comu-
nidade no Brasil e no mundo, a prevalência
de depressão em um ano ficou na faixa de
8 a 12%. Embora a taxa entre os países
desenvolvidos e em desenvolvimento seja
uniforme, a procura para tratamento foi de
29% nos primeiros e somente 8% nos se-
gundos. Houve associação com ser mulher
e solteira. O pico de prevalência seria o fi-
nal da meia-idade, com a idade de início
principalmente entre 25 e 45 anos.
	 Em cuidados primários, a preva-
lência de depressão chegou a 16% no Rio,
variando de 3% em Nagasaki a 30% em
Santiago. Utilizando-se a medida mais am-
pla de “morbidade psiquiátrica menor” ou
“transtornos mentais comuns” fica-se em
torno de 50%.
	 Os Episódios Depressivos foram a
principal causa de incapacidade (ou seja,
sem incluir o impacto da mortalidade), em
medidas internacionais, desde 1990, tanto
para homens e mulheres, como para países
desenvolvidos ou não.
	 O índice de reconhecimento de
depressão pelos clínicos gerais varia bas-
tante entre os centros, mas situa-se em tor-
no de 42%. Os casos graves e com maior
incapacidade social e os com apresentação
psicológica seriam mais facilmente identi-
ficados pelos clínicos.
	 Estudos demonstram que existe
uma racionalidade para o reconhecimen-
to ou não de problemas psiquiátricos por
parte do médico não psiquiatra, o que po-
deria demandar o desenvolvimento de uma
tecnologia de treinamento bem mais ela-
borada do que a simples informação sobre
critérios diagnósticos. No Brasil, o apoio
matricial, com equipes especializadas de
saúde mental, atua diretamente no campo
da saúde da família, buscando incrementar
a avaliação e a atuação terapêutica no nível
local.
	 A atuação terapêutica específi-
ca dos médicos de cuidados primários é
bastante tímida. Os estudos de interven-
ções demonstram a efetividade da ênfase
nas primeiras semanas de tratamento da
depressão, com o estabelecimento de um
plano terapêutico e cuidados para a garan-
tia da adesão. A possibilidade de trabalhos
psicoterápicos específicos foi também
mostrada.
18 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ
Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
O papel do “médico pessoal”, ga-
rantindo o seguimento longitudinal do pa-
ciente, como na proposta da estratégia da
saúde da família, no Brasil, possibilita ao
médico atuação junto aos aspectos psicos-
sociais de sua clientela.
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Lancet 2003;361:995–1000.
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Psychiatric Illness in General Practice. London:
Oxford University Press; 1966. 215p.
36.Fox TF. The personal doctor. Lancet 1960; i, 743.
ABSTRACT
In most community studies in Brazil and
worldwide, the prevalence of depression
in one year was in the range of 8 to 12%
and was associated with being female and
unmarried, with peak prevalence in late
middle age. In primary care the prevalence
of depression reached 16% in Rio. Using
the broadest measure of ‘minor psychia-
tric disorders or mental distress is around
50%. The depressive episodes were the
leading cause of disability (ie, not inclu-
ding the impact of mortality), on interna-
tional measures since 1990 for both men
and women, as for developed countries or
not. The rate of recognition of depression
by general practitioners is situated around
42%. Severe cases and greater social disa-
bility and those with psychological presen-
tation would be more easily identified by
clinicians. Intervention studies show the
effectiveness of  the emphasis in the first
weeks of treatment for depression, with the
establishment of a treatment plan and care
for the guarantee of adherence. The role of
the “personal doctor”, ensuring longitudi-
nal follow-up of the patient, as is the case
in the Family Health Strategy in Brazil,
allows to work with the psychosocial as-
pects of the clientele.
KEYWORDS: Depression; Epidemiolo-
gy; Primary Health Care.
20 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ
Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
TITULAÇÃO DOS AUTORES
Luiz Augusto Brites Villano
Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Médicas/
UERJ; Mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medi-
cina Social da UERJ; Doutor em Psiquiatria e Psicologia
Médica pela Universidade Federal de São Paulo.
Abdon L.G. Nanhay
Professor Docente da Secretaria Estadual de Educação do
Rio de Janeiro; Médico pela Faculdade de Ciências Médi-
cas/UERJ.
Amaury José da Cruz Junior
Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Perícias Mé-
dicas; Médico da Equipe do Proexa/UERJ; Médico Perito
Judicial; Médico do Trabalho.
André Luiz Carvalho Netto
Médico psiquiatra, com Residência na especialidade no
HUPE/UERJ.
Emylucy M P Paradela
Professora visitante do Departamento de Medicina Inter-
na da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ; Mestre e
Doutora em Saúde Pública pelo Instituto de Medicina So-
cial da UERJ; Especialista em Geriatria pela Associação
Medica Brasileira.
Gabriela Serfaty
Médica Residente de Psiquiatria do HUPE/UERJ.
Lilian Oliveira e Cruz de Aragão
Psicóloga do HUPE/UERJ.
Marcos C.F. Baptista
Médico psiquiatra e psicanalista. Professor colaborador
e Coordenador do Setor de Psicoterapia e Psicanálise da
UDA de Psiquiatria/FCM/UERJ.
Osvaldo Luiz Saide
Livre-Docente e Professor Adjunto de Psiquiatria; Coor-
denador do PROEXA – Programa de Extensão em Alco-
ologia (UERJ).
Sheila Abramovitch
Professora adjunta de Psiquiatria da Infância e Adolescên-
cia da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ.
Silvana A.T. Ferreira
Doutora em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina
Social da UERJ; Professora da disciplina de Psiquiatria do
Departamento de Especialidades Médicas da Faculdade
de Medicina da UERJ.
Thaís Simões
Médica psiquiatra, com Curso de Especialização na espe-
cialidade na FCM/UERJ.
Ano 10, Janeiro a Março de 2011 9

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DEPRESSÃO: EPIDEMIOLOGIA E ABORDAGEM EM CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE

  • 1. RESUMO Na maioria dos estudos de comu- nidade no Brasil e no mundo, a prevalência de depressão em um ano ficou na faixa de 8 a 12%, havendo associação com ser mulher e solteira, com o pico de prevalência no fi- nal da meia-idade. Em cuidados primários, a prevalência de depressão chegou a 16% no Rio. Utilizando-se a medida mais am- pla de “morbidade psiquiátrica menor” ou “transtornos mentais comuns”, fica-se em torno de 50%. Os Episódios Depressivos foram a principal causa de incapacidade (ou seja, sem incluir o impacto da morta- lidade), em medidas internacionais, desde 1990, tanto para homens e mulheres, como para países desenvolvidos ou não. O índi- ce de reconhecimento de depressão pelos clínicos gerais situa-se em torno de 42%. Os casos graves e com maior incapacida- de social e os com apresentação psicoló- gica seriam mais facilmente identificados pelos clínicos. Os estudos de intervenções demonstram a efetividade da ênfase nas primeiras semanas de tratamento da de- pressão, com o estabelecimento de um pla- no terapêutico e cuidados para a garantia da adesão. O papel do “médico pessoal”, garantindo o seguimento longitudinal do paciente, como na Estratégia da Saúde da Família, no Brasil, possibilita a atuação junto aos aspectos psicossociais da clien- tela. PALAVRAS-CHAVE: Depressão; Epide- miologia; Atenção Primária à Saúde. INTRODUÇÃO São poucos os estudos epidemio- lógicos de prevalência geral de doenças mentais em comunidade geral realizados em nosso país. O primeiro foi realizado em 1991, em três grandes centros urba- nos – Brasília, São Paulo e Porto Alegre1 . Até 2007, permanecia como único estudo de abrangência nacional entre nós2 . No mundo, a situação não é muito diferente. Estudos realizados no final dos anos 80 e primeira metade dos anos 90, dois nos Estados Unidos, o ECA (Epidemiological Catchment Area) e o NCS (National Co- morbidity Survey), e um na Grã-Bretanha, o The National Survey of Psychiatric Mor- bidity in Great Britain são colocados como os mais abrangentes3 . No campo da atenção primária, a situação é diferente no mundo, com uma Luiz A.B.Villano Abdon L.G.Nanhay DEPRESSÃO: EPIDEMIOLOGIA E ABORDAGEM EM CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE 10 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ
  • 2. produção científica continuada a respeito do tema. Existe maior facilidade operacio- nal para a realização dos estudos de preva- lência, e exigência dos operadores de pres- tação de serviços em saúde, públicos ou privados. Quanto aos estudos internacio- nais, no entanto, um estudo multicêntrico da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 1992, o Psychological Problems in Ge- neral Health Care (PPGHC), em 15 centros de todos os continentes, exceto a Oceania, incluindo o Rio de Janeiro, ainda é con- siderado o mais abrangente4 . O trabalho no Brasil foi desenvolvido pelos autores deste artigo e outros investigadores, tendo como campo o Ambulatório de Medicina Integral (AMI) do HUPE. Entre nós, este estudo ainda é o único que apresentou dis- criminação de prevalências por nosologia5 . O campo geral “cuidados primários/trans- tornos mentais” apresenta uma vastíssima coleção de estudos no mundo, incluindo ensaios clínicos com metodologia de úl- tima geração. No Brasil, alguns centros, incluindo a UERJ, conseguem ter padrão internacional. Também são importantíssimos os estudos que colocam os transtornos men- tais e, especificamente, a depressão entre as doenças mais incapacitantes, como o de Üstün e cols6 . Um aspecto bastante ressaltado na literatura internacional é o do reconheci- mento dos problemas de saúde mental pe- los profissionais de saúde geral, incluindo os de cuidados primários. Parece crescer a evidência de que, sem a conjugação de esforços de capacitação para lidar com o problema, os desfechos são pífios. Ensaios comparando formatos diversos desta ca- pacitação mostram que a persistência dos canais de interlocução ensino-aprendizado é fator fundamental7,8 . Nesse sentido, cabe ressaltar a especificidade do caráter do cuidado pri- mário. O conceito e a prática dos cuida- dos primários de saúde (cuidados básicos, posto de saúde, medicina integral, clínica geral, medicina de família e assemelhados) situa-se na franja do indefinido, do possí- vel, do vir-a-ser, ao lado da obrigação de atendimento ao princípio da integralidade do cuidado. Não pode contar com a certeza e o fechamento em si mesma, próprios da especialização, quando esta atua de forma viciada. Esta filosofia dá o embasamento para a reflexão sobre a responsabilidade pelos aspectos de saúde/doença mental dos pacientes dos médicos não psiquiatras. É dos próprios médicos gerais, na medida em que puder continuar fazendo parte do alvo conjunto de suas atuações terapêuti- cas. Passa a ser necessária a interferência do especialista em saúde mental, quando esses aspectos se destacam de tal forma que confundem, inibem essa ação geral ou, mesmo com a manutenção da clareza do julgamento clínico, passam a demandar uma atenção diferenciada, não pertinente em termos institucionais no nível do cui- dado primário. O objetivo deste trabalho é apre- sentar dados e considerações a respeito dos pontos acima abordados, no que diz respei- to à depressão – epidemiologia e papel dos cuidados primários. MAGNITUDE DO PROBLEMA: PREVALÊNCIA Nos estudos brasileiros de comu- nidade, a prevalência no último ano para “Estados depressivos” foi de 1,5%, 1,3% e 6,7%, respectivamente para Brasília, São Paulo e Porto Alegre, para uma pre- valência geral de transtornos mentais de 34,1%, 19,0% e 33,7%, no estudo multi- cêntrico nacional de comunidade de 19911 . Na Cidade de São Paulo, foi realizado um levantamento em dois bairros, em época aproximada (1996). A prevalência de um Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde Ano 10, Janeiro a Março de 2011 11
  • 3. Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde ano para Episódio Depressivo foi de 7,1% (com 3,5% para homens e 6,7% para mu- lheres) e a de Distimia 1,4% (1,1% homens e 1,7% mulheres), para uma prevalência geral de 18,8%9 . Em revisão de 2002, de estudos epidemiológicos com base populacional no mundo, as prevalências de episódios depressivos variaram de 2,2% a 5,4% (úl- timos 30 dias), 3,5% a 10,3% (último ano) e 3,7% a 15,7% (na vida)10 . No início dos anos 2000, foi realizado um importante estudo epidemiológico multicêntrico de comunidade em dez países da América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia [In- ternational Consortium of Psychiatric Epi- demiology (ICPE) Surveys]. Na maioria deles, a prevalência na vida para Episódio Depressivo Maior ficou na faixa de 8% a 12%. O Japão teve a menor taxa de pre- valência - 3% na vida11 , como no estudo PPGHC da OMS, em cuidados primários – 2,6%, no último mês12 . Houve associação com ser mulher e solteira. Os membros de coortes mais recentes tiveram maior pre- valência na vida, mas com menor persis- tência do diagnóstico. A comorbidade com transtornos de ansiedade esteve presente de forma importante em todos os países. Estes últimos precederam a depressão, especialmente os transtornos de Pânico e de Ansiedade Generalizada11 . Outro estu- do multicêntrico de comunidade da OMS alguns anos mais recente [World Mental Health (WMH) surveys] separou as infor- mações sobre prevalência nos últimos 12 meses de depressão (Transtorno Depressi- vo Maior e Distimia) para os nove países desenvolvidos (5,7%) e os seis em desen- volvimento (5,2%). Em ambos, depressão teve maior taxa que os demais transtornos estudados (além do Transtorno Bipolar, os dos grupos de transtornos de ansiedade e de controle de impulsos). Diferença gri- tante foi demonstrada entre os países para a procura de tratamento para o transtorno nos últimos 12 meses – 29% no grupo dos desenvolvidos e 8% nos em desenvolvi- mento13 . Outra informação importante é a idade de início dos transtornos mentais. No estudo ICPE da OMS, a mediana da idade de início ficou na faixa de 20 a 25 anos na maioria dos centros11 . O outro estudo mul- ticêntrico de comunidade da OMS citado (WMH) mostrou que os coeficientes de prevalência têm uma distribuição bastante uniforme entre os centros, sendo baixos até a adolescência, com uma ascensão linear até o final da meia-idade e declínio poste- rior. A mediana de idade de início variou bastante, entre 25 e 45 anos. O intervalo interquartil do 25o . ao 75o . percentil de to- dos os centros atingiu 17 a 65 anos. Estes valores são muito próximos ao do grupo de transtornos de ansiedade composto por Transtorno de Pânico, Transtorno de An- siedade Generalizada e Transtorno de Es- tresse Pós-Traumático14 . No âmbito dos cuidados primários de saúde, em nosso meio, o já citado estu- do multicêntrico da OMS ainda é o único a trazer informações sobre a distribuição de diagnósticos da CID-10. A prevalência ge- ral no último mês dos transtornos psiquiá- tricos estudados (os não psicóticos – gru- pos de ansiedade, depressão, somatização e abuso ou dependência de álcool) atingiu 38%. A prevalência de Episódio Depres- sivo Atual (incluindo episódios atuais de Depressão Recorrente) foi de 16%, sendo 6% para homens e 20% para mulheres, diferença com significância estatística. A prevalência de Distimia foi de 2,5%, com 1% para homens e 3% para mulheres5 . A distribuição por idade deste grupo de diag- nósticos evidenciou uma progressão inver- sa, com significância estatística (26% para 15-30 anos; 19% para 31-50 anos e 12% para 51-60 anos)15 . Para os demais 14 cen- tros participantes do estudo, a prevalência de depressão variou de 3% em Nagasaki a 30% em Santiago12 . 12 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ
  • 4. Os diagnósticos constituintes dos grupos de ansiedade, depressão e somatiza- ção são, muitas vezes, difíceis de discrimi- nar nos ambientes de prática clínica geral, não psiquiátrica. O capítulo V da Classifi- cação Internacional de Doenças, 10ª. Revi- são (CID-10)16 oferece, em cada um desses grupos, diversas opções de inclusão, além dos diagnósticos seminais de Ansiedade (Transtorno de Ansiedade Generalizada), Depressão (Episódio Depressivo) e Soma- tização (Transtorno de Somatização). Des- de os trabalhos pioneiros de levantamento epidemiológico de morbidade psiquiátrica em comunidade e cuidados primários esses transtornos não psicóticos foram agrupa- dos sob a terminologia de “morbidade psi- quiátrica menor”17 ou “transtornos mentais comuns”18 . A validação de instrumentos de rastreamento, mais simples que os pesados questionários diagnósticos psiquiátricos, permite fornecer estimativas confiáveis para esse conjunto. Assim, no citado traba- lho no Ambulatório de Medicina Integral do HUPE, o valor foi de 46%15 . Estudo mais recente, com clientela de unidades do Programa de Saúde da Família (PSF) em Petrópolis, também realizado por grupo de pesquisa da UERJ, encontrou 56%19 . Em área abrangida pelo PSF, mas com amostra de comunidade, em São Paulo, o número foi 25%20 . MAGNITUDE DO PROBLEMA: INCAPACIDADE SOCIAL Em 1990, a OMS apresentou um primeiro estudo sobre Incapacidade, o Global Burden of Disease (GBD). Os Episódios Depressivos ou Transtornos Depressivos Unipolares (F32 e F33 da CID-10) foram a principal causa de inca- pacidade (ou seja, sem incluir o impacto da mortalidade), sendo responsáveis por 11% do total dos anos vividos com incapacida- de (YLD: years lived with disability). Com relação ao impacto geral do adoecimento, ou seja, incluindo os casos fatais, ficaram em quarto lugar, com a responsabilidade de 4% do total de anos de vida ajustados para incapacidade (DALYs: disability adjusted life years)21 apud 6 . Dez anos após, continua como principal responsável pela carga não fatal de doença, com 12% do YLDs total e continua como a quarta causa principal da carga geral de doença, com 4% do DALYs total. Para esta medida, existe diferença de gênero, continuando como a quarta causa entre as mulheres (6%), mas passando para a sétima entre os homens (3%). Também existe diferença entre os países de acordo com grau de desenvolvimento econômico – nos de renda alta representa 9%, enquan- to nos de renda média e baixa esse número é 4%. No continente americano, é 8%, fi- cando como a principal causa, e na África é 1%, passando para o 13o . lugar6 . Para os YLD, ou seja, sem considerar a mortalida- de, em 2004 continua em primeiro lugar para homens e mulheres (8% e 13%, res- pectivamente) e para os dois grupos de pa- íses (15% - renda alta e 10% - renda média e baixa)22 . Dados de 1998 confirmam que os transtornos neuropsiquiátricos detêm a maior parcela de contribuição do DALYs total no Brasil (19%), primazia que se mantém em todas as regiões23 . Novamente no estudo WMH, o instrumento diagnós- tico continha uma medida de incapacida- de específica para cada transtorno inves- tigado. A proporção dos que pontuaram incapacidade grave para depressão foi de 66% nos países desenvolvidos e 52% nos em desenvolvimento, diferença estatistica- mente significativa. Cabe assinalar que, no que diz respeito à hipertensão arterial, esse número foi de 5% para os desenvolvidos e 24% para os em desenvolvimento e para asma 8% e 27%, respectivamente14 . O es- tudo PPGHC da OMS também pôde evi- denciar a magnitude da incapacidade entre Ano 10, Janeiro a Março de 2011 13 Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
  • 5. os pacientes de cuidados gerais de saúde com diagnóstico de Depressão: 39% ti- nham incapacidade relacionada ao desem- penho do papel social e 46% autorreferiam incapacidade física24 . Esses achados foram confirmados em outro estudo nacional em cuidados primários fazendo parte de um estudo multicêntrico internacional (LIDO – Longitudinal Investigation of Depres- sion Outcomes), que mostrou que pacien- tes com mais sintomas depressivos tinham mais comprometimento do funcionamento físico e psicológico e avaliavam sua quali- dade de vida e saúde geral como pior25 . RECONHECIMENTO PELO MÉDICO GERAL Os médicos clínicos gerais as- sistentes, no Rio de Janeiro, no estudo PPGHC da OMS, reconheceram como tendo problema psicológico 44% dos casos de Episódio Depressivo Atual e 66% dos casos de Distimia5 . Para os demais cen- tros participantes do mesmo estudo, esse número para Episódio Depressivo Atual variou muito entre os quinze centros par- ticipantes: três centros têm de 70% a 74%, cinco estão na faixa de 56% a 62%, três na de 40% a 44% e os demais de 19% a 28%. Os autores apresentam dados que sugerem que os centros com um modelo mais in- dividualizado de atendimento (seguimento pelo mesmo médico, com sistema de pron- tuário e agendamento das consultas) têm índices de identificação maiores26 . A questão da acuidade do clínico geral para o reconhecimento dos proble- mas de saúde mental é abordada de dife- rentes formas na literatura. Um trabalho recente, de São Paulo comparou clínicos que utilizavam um instrumento diagnós- tico próprio para cuidados primários, com psiquiatras usando critérios-padrão do DSM. Foram estudados sintomas de de- pressão específicos. O que mais se distan- ciou da avaliação dos psiquiatras (razão de verossimilhança) foi o de agitação/retardo psicomotor, pelo número de falsos positi- vos. O que mais se aproximou foi o de pen- samentos suicidas. Interessante notar que a presença de doença somática faz dimi- nuir em muito a sensibilidade para ideias de menos-valia e culpa (91% para 67%)27 . Outros estudos já demonstraram que os casos graves e com maior incapacidade social e os com apresentação psicológica são mais facilmente identificados pelos clínicos. Foi feito um estudo de seguimen- to dos 948 pacientes diagnosticados com Depressão Maior nos quinze centros do estudo PPGHC. 42% foram reconhecidos e diagnosticados corretamente pelo mé- dico geral. Esses pacientes tinham maio- res escores de desconforto psicológico e incapacidade, e obtiveram maior redução do desconforto psicológico na avaliação de 3 meses. No seguimento de 12 meses, não houve continuidade nessa diferença a favor dos casos reconhecidos. Esse grupo e o dos não reconhecidos para depressão passaram a não diferir quanto à mudança nessa medida ou no status diagnóstico. Os autores ressaltaram que esses achados e os de estudos semelhantes sugeririam que aumentar o reconhecimento de depressão é apenas o primeiro passo em direção à abor- dagem mais adequada28 . DIAGNÓSTICO PELO MÉDICO GERAL Para os médicos clínicos gerais assistentes, no estudo da OMS no Rio de Janeiro, a prevalência do conjunto de diag- nósticos de depressão foi de 10%, sendo 13% para as mulheres e 3% para os ho- mens. Esses números mantêm alguma proximidade com a dimensão da preva- lência geral e a distribuição entre os sexos 14 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
  • 6. dada pelo instrumento de pesquisa (16%; 20% e 6%)15 . Além da análise da valida- de (sensibilidade e especificidade frente ao instrumento diagnóstico de pesquisa) pode-se estudar a atuação diagnóstica do clínico per se. Quais os critérios que levam o médico geral diagnosticar ou não um caso como positivo para depressão? Quais as características diferenciais dos critérios diagnósticos estabelecidos? Não se pode esquecer que o único instrumento de diag- nóstico positivo em psiquiatria é a avalia- ção clínica. Os exames médicos comple- mentares são utilizados para a pesquisa de alterações específicas, que poderiam uni- camente incluir a manifestação psicopato- lógica como transtorno mental orgânico. A pesquisa, incluindo metodologia de análise qualitativa, pode buscar caracterizar esses dois subgrupos em que o médico discor- da do instrumento diagnóstico – os falsos negativos, que são identificados pelo ins- trumento diagnóstico mas não se revelam ao clínico geral, o oposto ocorrendo para os falsos positivos. Em estudo onde os prestadores de cuidados primários foram exclusivamente enfermeiros ou curandei- ros (traditional medical practitioners), na África Subsahariana, enveredam por este caminho, trazendo dados que colocam os falsos positivos como tendo problemas so- ciais e espirituais como motivo para con- sulta, não contemplados pelo instrumento diagnóstico, e os falsos negativos como tendo sintomas em menor número e qua- litativamente diversos (mais subjetivos) daqueles apresentados pelos considerados doentes mentais de acordo com os critérios locais29 . Pode-se levantar a hipótese de haver diferença na validade de face (face validity) entre instrumento diagnóstico e prestador de serviço, diferença esta que nesse caso do contraste europeu/africano seria mais radical. Tal linha de investiga- ção parece mostrar que existe uma racio- nalidade para o reconhecimento ou não de problemas psiquiátricos por parte do médi- co não psiquiatra, o que poderia demandar o desenvolvimento de uma tecnologia de treinamento bem mais elaborada do que a simples informação sobre critérios diag- nósticos. O objetivo não deve ser o de au- mentar a identificação de problemas psi- cológicos de forma mecânica, acrítica. Todo cuidado deve ser tomado para, pelo menos, manter-se o relativamente pequeno número de falsos positivos que os médicos clínicos conseguem obter nos estudos – a identificação errônea (em excesso) de um problema psiquiátrico pode bloquear a ne- cessária investigação clínica geral. A inter- venção pode ser útil para indicar parte dos casos pela CID-10 não identificados pelo profissional de cuidados primários (falsos negativos), porém poderá fazer com que o médico passe a incluir entre seus posi- tivos uma parcela daqueles que correta- mente tinha considerado como negativos para morbidade psiquiátrica. Uma questão importante para a formação e prática mé- dicas, é a da não identificação de um trans- torno mental orgânico, apontando-o como um transtorno psiquiátrico funcional, e não procedendo à confirmação diagnóstica e ao tratamento da alteração orgânica de base. Uma possibilidade de trabalho conjunto, que vem sendo aplicada no Bra- sil, é o do apoio matricial, com equipes especializadas de saúde mental atuando no campo da saúde da família. Esta atua- ção tenta fugir do modelo tradicional de referência/contrarreferência, com ativida- des de consultoria técnico-pedagógicas, consultas conjuntas, e ações assistenciais especializadas, em grupo, ainda com parti- cipação conjunta. É possível o atendimen- to psicológico ou psiquiátrico individual, realizado pelo especialista, idealmente li- mitado no tempo30 . Ano 10, Janeiro a Março de 2011 15 Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
  • 7. ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE Quanto à abordagem terapêutica, no estudo da OMS no HUPE, entre os ca- sos que os médicos assistentes reconhece- ram como tendo um problema psicológico e que tinham um diagnóstico de pesqui- sa de Depressão, somente 5% receberam antidepressivos, enquanto a 34% foram prescritos tranquilizantes5 . Também em cuidados primários e com um desenho na- turalístico observacional, em Porto Alegre, ao final dos anos 90, entre 179 pacientes com diagnóstico de pesquisa de depressão, ao final de nove meses, 42% ainda apre- sentavam este diagnóstico e 68%, sinto- mas depressivos. Somente 25% apresen- taram remissão completa dos sintomas. 73% não receberam qualquer tratamento específico durante o estudo e apenas 9% foram tratados com dose adequada de anti- depressivo. Cabe assinalar que os médicos clínicos foram avisados por carta sobre o diagnóstico de depressão, logo que este foi estabelecido. Também chama a atenção a “negativação” do diagnóstico em 58% dos pacientes (apesar da remissão completa dos sintomas ocorrer em apenas 25% dos casos), mesmo com a pouca mobilização dos clínicos para o tratamento específico31 . A utilização de dose adequada de antide- pressivo, provavelmente, aumentaria a taxa de remissão completa de sintomas, objetivo importante, uma vez que a “clíni- ca da depressão” em cuidados primários é composta por quadros leves e subclínicos. O termo “limítrofes” seria mais adequado, uma vez que quase sempre existe sofri- mento que demanda e justifica a atuação clínica. Neste trabalho, o estudo da autoa- valiação da qualidade de vida mostrou que não houve aumento da avaliação positiva ao final do período de observação (54% no início e 50% ao final), apesar da relativa melhoria sintomatológica31 . A complexi- dade do campo indica a necessidade do desenvolvimento de estudos mais sofis- ticados, conjugando metodologia quanti- tativa e qualitativa, buscando avaliar di- mensões específicas de satisfação intra e extraencontro clínico. Uma hipótese seria a de que o tratamento (precoce) dos casos leves evitaria a progressão da doença men- tal, no sentido da gravidade dos sintomas e da incapacidade (prevenção secundária). O médico geral é o que está mais próximo para essa atuação imediata, que se preten- de resolutiva. Os pacientes com situações psicopatológicas mais graves, não identi- ficadas e não tratadas, certamente, já es- tão vivenciando problemas junto a seus médicos gerais, incluindo os relativos à condução do trabalho terapêutico geral e, provavelmente, já necessitariam de algu- ma intervenção especializada, quer como apoio (supervisão, consulta conjunta, ma- triciamento) e/ou atendimento direto. Essa característica dos cuidados primários indica também a necessidade do estímulo à utilização da abordagem psicos- social. ESTUDO DE INTERVENÇÕES NO CAMPO DA SAÚDE MENTAL EM CUIDADOS PRIMÁRIOS Diversos estudos abordam a eficá- cia de intervenções buscando melhora dos resultados terapêuticos. O título de um ar- tigo de um dos mais profícuos grupos de investigadores desse campo, do Estado de Washington, nos EUA, resume uma das vias de atuação. Sua tradução livre seria “Atuação colaborativa visando atendimen- to das diretrizes de tratamento – impacto na depressão em cuidados primários”. As intervenções visando atingir um objetivo prévia e externamente definido incluíram incremento da características e frequência das consultas nas primeiras 4 a 6 semanas 16 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
  • 8. – consulta 1 e 3 com o médico de cuidados primários e 2 e 4 com um psiquiatra. Havia também seguimento contínuo da aderên- cia à prescrição medicamentosa durante as fases de continuação e manutenção do tratamento. Foram apresentados materiais escritos e gravados como estratégia de educação em saúde. Houve aumento sig- nificativo da aderência à prescrição tanto para os casos de Depressão Maior como para Depressão Menor, mas somente para os primeiros houve aumento da satisfação com o atendimento e indicadores efetivos de melhoria da depressão32 . Dois pontos da discussão do artigo merecem serem ressaltados. A resposta diferencial entre os casos definidos de depressão e os limí- trofes, onde inclui-se a Depressão Menor do DSM, com o rigor medicamentoso e informativo, parece indicar a necessidade de abordagem também diferencial entre os dois grupos. Um caminho de pesquisa se- ria a valorização da abordagem psicosso- cial para os casos limítrofes e talvez os de depressão leve. O outro ponto, na verda- de correlato, mostra como o investimento em tempo, principalmente nas primeiras 4 a 6 semanas de tratamento, com o conse- quente conhecimento mais íntimo do caso e o acompanhamento rígido da aderência à medicação, mesmo sem a inclusão de abordagem psicossocial outra que não a educação para a saúde, pode propiciar me- lhoria significativa nos casos mais graves. Um estudo na Inglaterra ofere- ceu quatro opções de tratamento, de for- ma aleatória, a pacientes encaminhados pelos médicos gerais, com diagnóstico de depressão confirmado por instrumento padronizado – terapia de resolução de pro- blemas feita pelo médico geral pesquisa- dor, ou pelo enfermeiro pesquisador, medi- cação antidepressiva e terapia de resolução de problemas pelo enfermeiro pesquisador, exclusivamente medicação antidepressiva pelo médico geral pesquisador. Como re- sultado, os pacientes mostraram melhoras claras em 12 meses (cerca de dois terços) em todos os grupos, mantida em avaliação de seguimento de 52 meses. Os autores ressaltam a indicação de que a combina- ção dos tratamentos não é mais eficaz que o tratamento isolado, e que a abordagem psicoterápica (pelo médico ou pelo en- fermeiro, todos os dois com treinamento específico) é tão adequada quanto a medi- camentosa. Observam que a formação na técnica psicoterápica seria obrigatória, e portanto deveria haver este recurso para in- dicação pelo médico geral. A possibilidade de formação do médico para aplicação da técnica ainda precisaria ser estudada. Tam- bém é importante a existência de disposi- ção por parte do paciente em participar de um processo onde é exigida sua colabora- ção ativa. Esse ponto colocaria limitações para a inclusão dos casos mais graves. O artigo traz uma explicação sucinta do pro- cesso psicoterápico, que ocorreria em seis estágios: esclarecimento e definição dos problemas; escolha de objetivos alcançá- veis; geração de propostas de resolução; escolha das propostas; implementação das propostas escolhidas; avaliação. A primei- ra sessão dura uma hora e as demais trinta minutos. Os autores ressaltam que, com essa proposta, os pacientes obtêm uma sinalização clara quanto à necessidade de seu próprio envolvimento no processo te- rapêutico33 . Os dois estudos citados valorizam o investimento nas consultas iniciais, com o planejamento terapêutico claro, e garan- tia da adesão. Parecem indicar que a de- pressão grave em si não traz impedimento para o atendimento exclusivo pelo clínico geral. A chamada refratariedade à abor- dagem farmacológica, de origem consti- tucional biológica e/ou de personalidade, bem como dificuldades de caracterização diagnóstica podem constituir os pontos de maior dificuldade. Por outro lado, os casos Ano 10, Janeiro a Março de 2011 17 Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
  • 9. mais leves parecem ter boa resposta à psi- coterapia, que pode ter um formato espe- cífico, diferente daquele tradicional, este último certamente exigido para os casos de comprometimento importante da persona- lidade. Com efeito, outro estudo mais re- cente, este na América do Sul, mostrou que a inclusão nas sete primeiras semanas em grupos de psicoeducação (somado a me- dicação para os casos graves) trouxe mais benefícios terapêuticos que o tratamento usual pelo clínico34 . O médico de cuidados primários, entendido como o profissional responsá- vel por uma população adscrita, a quem presta cuidados continuados, que no Brasil corresponde à estratégia da saúde de famí- lia, pode ter papel-chave na identificação, acolhimento e intervenção dialogante, nos momentos de conflitos e desconforto psi- cossociais. Para isso, requer-se a valori- zação do papel da consulta médica como instrumento tecnológico preciso, capaz de resolutividade per se. Shepherd e cols., nos idos de 1966, faziam uma ligação direta entre a função deste médico de comuni- cação com o paciente e a possibilidade de manejo dos então ainda chamados “trans- tornos neuróticos”. Valoriza, neste sentido, seu papel de educador e de participante de uma equipe de saúde pública, visando a abordagem do paciente integral35 , consti- tuindo-se como médico pessoal (personal doctor)36 apud 35 . CONCLUSÕES Na maioria dos estudos de comu- nidade no Brasil e no mundo, a prevalência de depressão em um ano ficou na faixa de 8 a 12%. Embora a taxa entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento seja uniforme, a procura para tratamento foi de 29% nos primeiros e somente 8% nos se- gundos. Houve associação com ser mulher e solteira. O pico de prevalência seria o fi- nal da meia-idade, com a idade de início principalmente entre 25 e 45 anos. Em cuidados primários, a preva- lência de depressão chegou a 16% no Rio, variando de 3% em Nagasaki a 30% em Santiago. Utilizando-se a medida mais am- pla de “morbidade psiquiátrica menor” ou “transtornos mentais comuns” fica-se em torno de 50%. Os Episódios Depressivos foram a principal causa de incapacidade (ou seja, sem incluir o impacto da mortalidade), em medidas internacionais, desde 1990, tanto para homens e mulheres, como para países desenvolvidos ou não. O índice de reconhecimento de depressão pelos clínicos gerais varia bas- tante entre os centros, mas situa-se em tor- no de 42%. Os casos graves e com maior incapacidade social e os com apresentação psicológica seriam mais facilmente identi- ficados pelos clínicos. Estudos demonstram que existe uma racionalidade para o reconhecimen- to ou não de problemas psiquiátricos por parte do médico não psiquiatra, o que po- deria demandar o desenvolvimento de uma tecnologia de treinamento bem mais ela- borada do que a simples informação sobre critérios diagnósticos. No Brasil, o apoio matricial, com equipes especializadas de saúde mental, atua diretamente no campo da saúde da família, buscando incrementar a avaliação e a atuação terapêutica no nível local. A atuação terapêutica específi- ca dos médicos de cuidados primários é bastante tímida. Os estudos de interven- ções demonstram a efetividade da ênfase nas primeiras semanas de tratamento da depressão, com o estabelecimento de um plano terapêutico e cuidados para a garan- tia da adesão. A possibilidade de trabalhos psicoterápicos específicos foi também mostrada. 18 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
  • 10. O papel do “médico pessoal”, ga- rantindo o seguimento longitudinal do pa- ciente, como na proposta da estratégia da saúde da família, no Brasil, possibilita ao médico atuação junto aos aspectos psicos- sociais de sua clientela. REFERÊNCIAS 1.Almeida-Filho N, Mari JJ, Coutinho E, França JF, Fernandes J, Andreoli SB, Busnello ED.. Brazili- an multicentric study of psychiatry morbidity. British Journal of Psychiatry. Br J Psychiatry. 1997 Dec; 171:524-9. 2.Mari JJ, Jorge MR, Kohn R. Epidemiologia dos transtornos psiquiátricos em adultos. In: Mello MF, Mello AAF, Kohn R, editores. Epidemiologia da saúde mental no Brasil. Porto Alegre: Artmed; 2007. p.119-41. 3.Lima MS. Epidemiologia e impacto social. Rev Bras Psiquiatr. 1999 May; 21(Depressão). p.11-5. 4.Üstün TB, Sartorius N. (Eds.). Mental illness in general health care: an international study. Chi chester, England: John Wiley & Sons;1995. 398p. 5.Villano LAB, Nanhay ALG, Moraes LR, Costa e Silva JA. Results from the Rio de Janeiro Centre. In: Üstün TB, Sartorius N. (Eds.). Mental illness in general health care: an international study. Chi- chester, England: John Wiley & Sons;1995. p. 227-45. 6.Üstün TB, Ayuso-Mateos JL, Chatterji S, Mathers C, Murray CJ. Global burden of depressive disor- ders in the year 2000. Br J Psychiatry 2004 May; 184:386-92. 7.Dowrick C. Advances in psychiatric treatment in primary care. Adv Psychiatric Treatment.2001;7: 1-8. 8.Gask L, Croft J. Methods of working with primary care. Adv Psychiatric Treatment. 2000;6:442-9. 9.Andrade L, Walters EE, Gentil V, Laurenti R. Pre valence of ICD-10 mental disorders in a catch- ment area in the city of São Paulo, Brazil. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol. 2002 Jul; 37(7): 316–25. 10.Vorcaro CMR, Uchoa E, Lima-Costa MFF. Pre- valência e características associadas à depressão revisão de estudos epidemiológicos com base populacional. J.bras.psiquiatr. 2002;167-82. 11.Andrade L, Caraveo-Anduaga JJ, Berglund P, et al. The epidemiology of major depressive episo- des: results from the International Consortium of Psychiatric Epidemiology (ICPE) Surveys. Int J Methods Psychiatr Res. 2003;12(1):3-21. 12.Goldberg DP, Lecrubier Y. Form and frequency of mental disorders across centres. In: Üstün TB, Sartorius N. (Eds.). Mental illness in general he- alth care: an international study. Chichester, En- gland: John Wiley & Sons;1995. p.322-34. 13.Ormel J, Petukhova M, Chatterji S, et al. Disabi- lity and treatment of specific mental and physic- al disorders across the world: Results from the WHO World Mental Health Surveys. Br JPsych- iatry. 2008 May;192(5):368-75. 14.Kessler RC, Aguilar-Gaxiola S, Alonso J, et al. The global burden of mental disorders: An up- date from the WHO World Mental Health (WMH) Surveys Epidemiol Psichiatr Soc. 2009 Jan–Mar; 18(1): 23–33 15.Villano LAB. Problemas psicológicos e morbida- de psiquiátrica em serviços de saúde não-psiqui- átricos: o ambulatório de clínica geral. [tese de doutorado]. São Paulo (SP): Universidade Fede- ral de São Paulo; 1998 16.Organização Mundial da Saúde. Classificação de transtornos mentais e do comportamento da CID 10. Trad.:Caetano D. Artmed:Porto Alegre.1993. 17.Mari JJ. Psychiatric morbidity in three primary medical care clinics in the city of São Paulo: Is- sues on the mental health of the urban poor. So- cial Psychiatry, 1987:22:129-38. 18.Goldberg D, Huxley P. Commom mental disor- ders: A bio-social model. London:Routledge, 1992 19.Fortes S, Villano LAB, Lopes C. Nosological profile and prevalence of common mental disor- ders of patients seen at the Family Health Pro- gram (FHP) units in Petrópolis, Rio de Janeiro. Rev. Bras. Psiquiatr. 2008; 30 (1): 32-7. 20.Maragno L, Goldbaum M, Gianini RJ, et al. Pre- valência de transtonos mentais comuns em po- pulações atendidas pelo Programa de Saúde da Família (Qualis) no Município de São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública. 2006; 22(8):1639- 48. 21.Murray CJL, Lopez A. Global Health Statistics: A Compendium of Incidence, Prevalence and Mortality Estimates for over 2000 Conditions. Cambridge: Harvard School of Public Health; 1996 22.WHO. The global burden of disease: 2004 update [Internet]. [acesso em 18 de maio de 2011] Dis- ponível em: www.who.int/healthinfo/global_ burden_disease/GBD_report_2004update_part3. pdf. 23.Schramm JMA, Oliveira AF, Leite IC, et al. Transição epidemiológica e o estudo de carga de doença no Brasil. Ciênc. saúde coletiva.2004; 9 (4). 24.Ormel J, Costa e Silva JA. The impact of psycho Ano 10, Janeiro a Março de 2011 19 Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
  • 11. pathology on disability and health perceptions.In Üstün TB, Sartorius N. (Eds.). Mental illness in general health care: an international study. Chi- chester, England: John Wiley & Sons;1995. p.335-46. 25.Fleck MPA, Lima AFBS*, Louzada S et al. As- sociação entre sintomas depressivos e funciona- mento social em cuidados primários à saúde.Rev Saúde Pública. 2002;36(4):431-8. 26.Üstün TB, Von Korff M. Primary mental health services: access and provision of care In: Üstün TB, Sartorius N. (Eds.). Mental illness in gene- ral health care: an international study. Chiches- ter, England: John Wiley & Sons;1995. p.347- 60. 27.Henriques SG, Fráguas R, Iosifescu DV et al. Re- cognition of depressive symptoms by physicians Clinics (Sao Paulo). 2009;64(7):629-35. 28.Simon GE, Goldberg D, Tiemens BG, Ustun TB. Outcomes of recognized and unrecognized de- pression in an international primary care study. Gen Hosp Psychiatry. 1999 Mar-Apr; 21(2):97- 105. 29.Patel V, Mann A. Ethic and emic criteria for non- psychotic mental disorder: a study of the CISR and care provider assessment in Harare. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol. 1997; 32(2):84- 9. 30.Tófoli LF, Fortes S. Apoio matricial de saúde mental na atenção primária no município de So- bral, CE: o relato de uma experiência. Sanare. 2007; 6 (2): 34-42. 31.Lima AFBS; Fleck MPA. Quality of life, diagno- sis, and treatment of patients with major depres- sion: a prospective cohort study in primary care. Rev. Bras. Psiquiatr. ahead of print Epub Mar 11,2011. 32.Katon W, Von Korff M, Lin E et al. Collaborati- ve Management to Achieve Treatment Guideli- nes - Impact on Depression in Primary Care. JAMA.1995 Ap; 273 (13):1026-31. 33.Mynors-Wallis LM, Gath DH, Day A, Baker F. Randomised controlled trial of problem solving treatment, antidepressant medication, and com- bined treatment for major depression in primary care . BMJ. 2000 Jan; 320(7226): 26–30. 34.Araya R, Rojas G, Fritsch R, et al. Treating de- pression in primary care in low-income women in Santiago, Chile: a randomised controlled trial. Lancet 2003;361:995–1000. 35.Shepherd M, Cooper B, Brown AC, Kalton G. Psychiatric Illness in General Practice. London: Oxford University Press; 1966. 215p. 36.Fox TF. The personal doctor. Lancet 1960; i, 743. ABSTRACT In most community studies in Brazil and worldwide, the prevalence of depression in one year was in the range of 8 to 12% and was associated with being female and unmarried, with peak prevalence in late middle age. In primary care the prevalence of depression reached 16% in Rio. Using the broadest measure of ‘minor psychia- tric disorders or mental distress is around 50%. The depressive episodes were the leading cause of disability (ie, not inclu- ding the impact of mortality), on interna- tional measures since 1990 for both men and women, as for developed countries or not. The rate of recognition of depression by general practitioners is situated around 42%. Severe cases and greater social disa- bility and those with psychological presen- tation would be more easily identified by clinicians. Intervention studies show the effectiveness of the emphasis in the first weeks of treatment for depression, with the establishment of a treatment plan and care for the guarantee of adherence. The role of the “personal doctor”, ensuring longitudi- nal follow-up of the patient, as is the case in the Family Health Strategy in Brazil, allows to work with the psychosocial as- pects of the clientele. KEYWORDS: Depression; Epidemiolo- gy; Primary Health Care. 20 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ Depressão: epidemiologia e abordagem em cuidados primários de saúde
  • 12. TITULAÇÃO DOS AUTORES Luiz Augusto Brites Villano Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Médicas/ UERJ; Mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medi- cina Social da UERJ; Doutor em Psiquiatria e Psicologia Médica pela Universidade Federal de São Paulo. Abdon L.G. Nanhay Professor Docente da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro; Médico pela Faculdade de Ciências Médi- cas/UERJ. Amaury José da Cruz Junior Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Perícias Mé- dicas; Médico da Equipe do Proexa/UERJ; Médico Perito Judicial; Médico do Trabalho. André Luiz Carvalho Netto Médico psiquiatra, com Residência na especialidade no HUPE/UERJ. Emylucy M P Paradela Professora visitante do Departamento de Medicina Inter- na da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ; Mestre e Doutora em Saúde Pública pelo Instituto de Medicina So- cial da UERJ; Especialista em Geriatria pela Associação Medica Brasileira. Gabriela Serfaty Médica Residente de Psiquiatria do HUPE/UERJ. Lilian Oliveira e Cruz de Aragão Psicóloga do HUPE/UERJ. Marcos C.F. Baptista Médico psiquiatra e psicanalista. Professor colaborador e Coordenador do Setor de Psicoterapia e Psicanálise da UDA de Psiquiatria/FCM/UERJ. Osvaldo Luiz Saide Livre-Docente e Professor Adjunto de Psiquiatria; Coor- denador do PROEXA – Programa de Extensão em Alco- ologia (UERJ). Sheila Abramovitch Professora adjunta de Psiquiatria da Infância e Adolescên- cia da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ. Silvana A.T. Ferreira Doutora em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da UERJ; Professora da disciplina de Psiquiatria do Departamento de Especialidades Médicas da Faculdade de Medicina da UERJ. Thaís Simões Médica psiquiatra, com Curso de Especialização na espe- cialidade na FCM/UERJ. Ano 10, Janeiro a Março de 2011 9