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PONTA GROSSA - PARANÁ
2010
Priscila Larocca
Desirée Salles Rosa
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
METODOLOGIA DO
TRABALHO ACADÊMICO
LICENCIATURA EM
Pedagogia
CRÉDITOS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD
Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PR
Tel.: (42) 3220 3163
www.nutead.org
2011
Todos os direitos reservados ao Ministério d Educação
Sistema Universidade Aberta do Brasil
Colaboradores em Informática
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Ficha catalográfica elaborada pelo Setor Tratamento da Informação BICEN/UEPG.
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Clícia Bührer Martins – Coordenadora de Tutoria
Colaborador Financeiro
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Colaboradora de Planejamento
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	 Larocca, Priscila
L326m Metodologia do Trabalho Acadêmico / Priscila Larocca e 	
	Desirée Salles Rosa. Ponta Grossa : UEPG/ NUTEAD,2011.
	 127p. il.
	 Licenciatura em Pedagogia - Ensino à distância.
1. Trabalho Científico - modalidades. 2. Trabalhos Científicos –
	Normalização Técnica. 3. Divulgação e publicação científica.
	 4. Seminários. I. Rosa, Desirée Salles. II. T.
CDD : 001.42
APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL
AUniversidade Estadualde PontaGrossaéumainstituiçãode ensino
superior estadual, democrática, pública e gratuita, que tem por missão
responder aos desafios contemporâneos, articulando o global com o local,
a qualidade científica e tecnológica com a qualidade social e cumprindo,
assim, o seu compromisso com a produção e difusão do conhecimento,
com a educação dos cidadãos e com o progresso da coletividade.
No contexto do ensino superior brasileiro, a UEPG se destaca tanto
nas atividades de ensino, como na pesquisa e na extensão Seus cursos
de graduação presenciais primam pela qualidade, como comprovam os
resultados do ENADE, exame nacional que avalia o desempenho dos
acadêmicos e a situa entre as melhores instituições do país.
A trajetória de sucesso, iniciada há mais de 40 anos, permitiu que
a UEPG se aventurasse também na educação a distância, modalidade
implantada na instituição no ano de 2000 e que, crescendo rapidamente,
vem conquistando uma posição de destaque no cenário nacional.
Atualmente, a UEPG é parceira do MEC/CAPES/FNED na execução
do programas Pró-Licenciatura e do Sistema Universidade Aberta do
Brasil e atua em 38 polos de apoio presencial, ofertando, diversos cursos
de graduação, extensão e pós-graduação a distância nos estados do
Paraná, Santa Cantarina e São Paulo.
Desse modo, a UEPG se coloca numa posição de vanguarda,
assumindo uma proposta educacional democratizante e qualitativamente
diferenciada e se afirmando definitivamente no domínio e disseminação
das tecnologias da informação e da comunicação.
Os nossos cursos e programas a distância apresentam a mesma
carga horária e o mesmo currículo dos cursos presenciais, mas se utilizam
de metodologias, mídias e materiais próprios da EaD que, além de serem
mais flexíveis e facilitarem o aprendizado, permitem constante interação
entre alunos, tutores, professores e coordenação.
Esperamos que você aproveite todos os recursos que oferecemos
para promover a sua aprendizagem e que tenha muito sucesso no curso
que está realizando.
A Coordenação
SUMÁRIO
■■ PALAVRAS DAS PROFESSORAS 7
■■ OBJETIVOS E EMENTA 9
OTRABALHO CIENTÍFICO 11
■■ SEÇÃO 1 - CARACTERIZAÇÃO DA CIÊNCIA E DO TRABALHO CIENTÍFICO 13
■■ SEÇÃO 2 - A ESTRUTURA LÓGICA DO TRABALHO CIENTÍFICO 16
■■ SEÇÃO 3 - FORMAS DE RACIOCÍNIO E TRATAMENTO DO OBJETO DE ESTUDO NO TRABALHO
CIENTÍFICO 21
■■ SEÇÃO 4 - A ELABORAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS: DEMONSTRAÇÃO,
ARGUMENTAÇÃO, LINGUAGEM E NORMALIZAÇÃO TÉCNICA 24
MODALIDADES DE TRABALHOS CIENTÍFICOS 35
■■ SEÇÃO 1 - MONOGRAFIAS, DISSERTAÇÕES E TESES 37
■■ SEÇÃO 2 - O RESUMO COMO TRABALHO ACADÊMICO  41
■■ SEÇÃO 3 - A ELABORAÇÃO DE RESENHAS 48
NORMALIZAÇÃO TÉCNICA DE TRABALHOS
CIENTÍFICOS 59
■■ SEÇÃO 1 - ASPECTOS TÉCNICOS E OPERACIONAIS DA REDAÇÃO DE TRABALHOS
CIENTÍFICOS 61
■■ SEÇÃO 2 - USO DE CITAÇÕES, SISTEMAS DE CHAMADA E NOTAS  65
■■ SEÇÃO 3 - A ELABORAÇÃO DAS REFERÊNCIAS 74
DIVULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO CIENTÍFICA 83
■■ SEÇÃO 1 - OS ESPAÇOS DE DIVULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO 84
■■ SEÇÃO 2 - ARTIGOS CIENTÍFICOS, ENSAIOS E PAPERS 89
■■ SEÇÃO 3 - A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA 93
SEMINÁRIOS 109
■■ SEÇÃO 1 - A TÉCNICA DO SEMINÁRIO  110
■■ BIBLIOGRAFIA  117
■■ AUTO-AVALIAÇÃO 119
■■ NOTAS SOBRE OS AUTORES					 127
PALAVRAS DAS PROFESSORAS
Quando iniciamos uma graduação universitária, precisamos ter em
conta que uma das principais exigências desse nível de formação, não
importa sobre qual disciplina ou área de conhecimento estejamos nos
debruçando, refere-se à necessidade de elaborar trabalhos científicos.
Na escolaridade anterior é comum que trabalhos dos estudantes
apresentem cópias literais de trechos e afirmativas de autores que foram
retirados dos livros das bibliotecas, ou da Internet, sem que haja, por
parte de quem faz o trabalho, qualquer preocupação em dar-lhes o devido
crédito. Embora indevidas, práticas dessa natureza são relativamente
frequentes entre os estudantes, sendo muitas vezes toleradas pelos
professores, quando se trata de alunos crianças ou ainda muito jovens.
Uma vez que os estudantes universitários são adultos e têm em vista
a formação profissional, é preciso superar tais práticas, pois o trabalho
científico não admite a cópia e deve alcançar cada vez mais autonomia e
cientificidade, tanto no conteúdo, quanto na forma.
Neste livro, preocupamo-nos em trazer até você subsídios de
metodologia científica a fim de orientá-lo/a para a elaboração, divulgação
e publicação de diferentes tipos de trabalhos que você será solicitado/a
fazer na sua vida acadêmica.
O livro contém conteúdos e atividades relativas ao trabalho
científico, à sua elaboração, estrutura, raciocínio e modalidades
que o caracterizam. Com ele você aprenderá a elaborar resumos
e resenhas, compreenderá a importância da normalização técnica
dos trabalhos científicos e será solicitado a exercitá-la. O livro traz,
ainda, conhecimentos relativos a diferentes espaços de divulgação
e publicação científica, à redação de artigos, ensaios e papers,
tratando, finalmente, da comunicação científica e da realização de
seminários.
Estamos certas de que você terá um excelente aproveitamento e
esperamos que este livro contribua efetivamente para que a sua formação
acadêmica e profissional seja
Profas. Priscila Larocca e Desirée Salles Rosa.
OBJETIVOS E EMENTA
Objetivos
Ao término de seus estudos nesta disciplina, esperamos que você seja capaz
de:
■■ Caracterizar ciência e trabalho científico.
■■ Distinguir entre conhecimento do senso comum e conhecimento científico.
■■ Reconhecer que o trabalho científico é produzido com base em uma
metodologia científica.
■■ Analisar o processo lógico do trabalho científico.
■■ Refletir sobre a importância da demonstração e da argumentação no
trabalho científico.
■■ Utilizar linguagem adequada na elaboração de trabalhos científicos.
■■ Buscar o significado de vocábulos desconhecidos nos dicionários e obras
especializadas.
■■ Utilizar a normalização técnica para estruturar e redigir os textos de
trabalhos acadêmicos.
■■ Reconhecer a importância da normalização técnica para a padronização do
formato e da apresentação de citações e referenciais bibliográficos utilizados
nos trabalhos acadêmicos.
■■ Identificar as características das diferentes modalidades de trabalho
científico: monografia, dissertação, tese, resumo e resenha.
■■ Identificar os elementos que compõem o resumo.
■■ Analisar os tipos de resumo: descritivo, analítico, misto e crítico.
■■ Compreender o papel da resenha bibliográfica como trabalho acadêmico.
■■ Identificar os elementos necessários para a elaboração de resenhas.
■■ Compreender a divulgação do trabalho científico como instrumento de
correção e avanço do trabalho científico, bem como de sua socialização.
■■ Identificar objetivos e formatos de diferentes tipos de eventos científicos.
■■ Compreender a importância das revistas científicas na divulgação do
conhecimento.
■■ Compreender a importância das publicações científicas para o avanço da
ciência.
■■ Reconhecer as principais formas de publicação científica e suas
características.
■■ Observar as normas técnicas próprias de diferentes revistas científicas, no
tocante à submissão de trabalhos.
■■ Identificar as principais características dos artigos e ensaios.
■■ Compreender a importância da comunicação científica, sua finalidade,
estrutura e estágios.
■■ Reconhecer o seminário como estratégia formativa.
■■ Identificar o papel de cada componente na realização de seminários
acadêmicos.
■■ Utilizar o roteiro do seminário em situações práticas.
Ementa
■■ O trabalho científico. Modalidades de trabalhos científicos: monografias,
resenhas, resumos, dissertações e teses. Elaboração de trabalhos científicos.
Normalização técnica de trabalhos científicos. Publicações científicas (artigos,
comunicações de pesquisa, ensaios, papers). Seminários.
O TRABALHO CIENTÍFICO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Caracterizar ciência e trabalho científico.
■■ Distinguir conhecimento do senso comum de conhecimento
científico.
■■ Reconhecer que o trabalho científico é produzido com base em
uma metodologia científica.
■■ Analisar o processo lógico do trabalho científico.
■■ Refletir sobre a argumentação.
ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1: Caracterização da ciência e do trabalho científico
■■ SEÇÃO 2: A estrutura lógica do trabalho científico	
■■ SEÇÃO 3: Formas de raciocínio e tratamento do objeto de
estudo no trabalho científico
■■ SEÇÃO 4: A elaboração de trabalhos científicos: demonstração,
argumentação, linguagem e normalização técnica
UNIDADEI
UniversidadeAbertadoBrasil
12
UNIDADE 1
PARA INÍCIO DE CONVERSA
Nesta unidade, caracterizamos o pensamento e o trabalho científico,
pois na educação superior você será chamado constantemente a pensar de
maneiracientífica,aproduzireaanalisartrabalhosquedevemsesituardentro
dasprerrogativasdoconhecimentocientífico.Porisso,énecessárioquevocê
compreendabemasexposiçõesquefaremosnestaunidadesobreoqueéecomo
seapresentaumtrabalhocientífico,equepasseautilizar,aolongodasuavida
acadêmica, as contribuições que trazemos aqui para você.
Todos nós sabemos que o homem, como ser inteligente que é,
produz conhecimentos nas mais diversas situações da vida diária.
Contudo, é preciso compreender que os conhecimentos científicos
diferem substancialmente daqueles que são produzidos e divulgados no
cotidiano das relações sociais espontâneas, caracterizados habitualmente
como conhecimentos de senso comum.
A rigorosidade em sua produção, publicação e divulgação é
provavelmenteacaracterísticamaisdistintivaemarcantedoconhecimento
científico. Daí porque a questão metodológica se impõe como seu
alicerce, permitindo-nos afirmar que todo conhecimento científico deve
ser produzido a partir de uma metodologia científica.
Isto significa que, cada vez que você tiver que produzir um trabalho
científico em sua vida acadêmica, será essencial levar em conta que ele
exigirá a redação e apresentação de um texto portador de características
próprias. Tais características deverão ser atendidas ao lado de outras que
se referem aos conteúdos específicos das áreas de conhecimento sobre os
quais o seu trabalho também se fundamentará. Essas características se
referem:
•	 à estrutura dissertativa e articulada do texto do trabalho
científico;
•	 às formas de raciocínio e de tratamento que você deve utilizar
em relação ao seu objeto de estudo;
•	 aos modos de elaborar e fundamentar as demonstrações e
argumentações que você pretende realizar;
•	 ao uso adequado do vocabulário; e, finalmente,
•	 à obediência à normalização técnica para a redação e
apresentação do seu trabalho científico.
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
UNIDADE 1
13
Na vida cotidiana, o homem produz conhecimentos de acordo
com suas necessidades de resolver problemas práticos. A esse tipo de
conhecimento costumamos chamar senso-comum.
Osenso-comuméumconhecimentoformadoporinúmerastentativas
e erros; muitas vezes é atravessado pelas nossas intuições, por hábitos que
adquirimos ou por tradições e crenças veiculados de maneira espontânea
em nosso cotidiano social. O fato é que o conhecimento de senso comum
é também passado de geração para geração, por meio do aprendizado
que os mais novos vão acumulando através da orientação dos mais velhos
e experientes. Todavia, esse tipo de conhecimento não é suficiente para
atender às exigências de desenvolvimento da humanidade, pois, em sua
espontaneidade, o senso comum não é um conhecimento sistematizado,
organizado, além de ser atravessado por tradições, crenças e superstições
que fogem ao domínio da razão.
Embora originado nos problemas cotidianos, os homens
desenvolveram outro tipo de conhecimento mais sistemático, formal e
controlado,quediferesubstancialmentedosensocomum,poiséproduzido
de maneira não espontânea. A esse conhecimento denominamos
“conhecimento científico”, sendo sua produção denominada “trabalho
científico”.
O conhecimento de senso comum difere do conhecimento científico,
construído sobre as bases da ciência.
A ciência, segundo Bock (1989, p.19), “compõe-se de um conjunto
de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo),
expresso através de uma linguagem precisa e rigorosa.”
SEÇÃO 1
CARACTERIZAÇÃO DA CIÊNCIA E DO TRABALHO
CIENTÍFICO
As quatro seções que compõem esta primeira unidade de estudo
tratam, portanto, dessas características. Ao estudá-las, você observará
que cada uma delas comporta desdobramentos, explicações e reflexões
que você deve analisar e fixar, sem esquecer de realizar as atividades
previstas para esta unidade, ao final das quatro seções. Bom proveito na
leitura e vamos ao trabalho!
UniversidadeAbertadoBrasil
14
UNIDADE 1
Para ser científico, o conhecimento
deve ser obtido de modo programado,
sistemático e controlado, possibilitando
que a experiência que o produziu possa ser
reproduzida, checada em sua validade, e
até mesmo refutada. É dessa forma que o
saber científico poderá ser transmitido, verificado, negado, utilizado, e
até mesmo reconstruído, pois uma das mais importantes características
de um conhecimento científico está na possibilidade de sua continuidade.
Segundo Bock (1989), “um novoconhecimento é produzido sempre a partir
de algo anteriormente desenvolvido. Nega-se, reafirma-se, descobrem-se
novos aspectos e assim a ciência avança.” (p.19).
Observe, no quadro que se segue, as características próprias
do conhecimento científico e reflita sobre as diferenças entre essas
características e as do conhecimento de senso comum.
SENSO COMUM CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Todo ser humano, de qualquer nível cultural. Especialistas de áreas diferentes da ciência.
Ocasional, assistemático, ametódico. Programado, sistemático e metódico.
Noções são baseadas em especulação
e são raramente submetidas a qualquer
espécie de teste de exatidão.
Requer clareza e exatidão: definições
operacionais e verificações de possíveis
erros.
Suas explicações são superficiais e muitas
vezes sem comprovação.
É explicativo – (causas, consequências e
relações com outros fenômenos).
É superficial – conhece a realidade somente
em sua aparência – baseia-se em opiniões.
É mais profundo, atêm-se aos fatos e
também os transcende (busca relações com
outros fatos).
Não tem intenção de formular um conjunto
de conhecimento ordenado e comprovado.
Busca e aplica leis. Leis válidas para
os casos que ocorrerem nas mesmas
condições.
Não questiona, não analisa, aceita
passivamente, sem análise.
É crítico, rigoroso, objetivo, prova sua ideia,
demonstra – é verificável.
A comunicação é baseada em preferências,
opiniões, muitas vezes de forma persuasiva.
É comunicável – sua comunicação é
informativa e não expressiva. Seu propósito
é comunicar e não seduzir.
Não dá para prever eventos futuros da
mesma forma.
Pode fazer predições, prognósticos.
Sujeito a erro. Menor possibilidade de erro.
Quadro comparativo extraído de Di Domenico e Cassetari (2002, p. 58).
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
UNIDADE 1
15
Podemos perceber, neste quadro, que uma das chaves para a
construção do conhecimento científico situa-se na questão metodológica.
Assim, não importa a área de conhecimentos de que estejamos tratando,
todo conhecimento, para ser científico, deve ser produzido sobre as
bases de uma metodologia científica.
Veja o que diz Bock sobre o
conhecimento científico:
Objeto específico, linguagem
rigorosa, métodos e técnicas
específicas, processo cumulativo do
conhecimento, objetividade fazem da
ciência uma forma de conhecimento
que supera em muito o conhecimento
espontâneo do senso comum. Esse conjunto de características é o que
permite que denominemos de científico a um conjunto de conhecimentos.
(BOCK, 1989, p.19, grifos da autora).
Os aspectos metodológicos do trabalho científico se tornam
gradativamente mais importantes, na medida em que os
estudantes se familiarizam com as convenções e regras da
comunidade científica e ganham experiência na produção do
conhecimento.
Veja, agora, como podemos conceituar o trabalho científico:
Para Severino (2002), do ponto de vista lógico, o trabalho científico é
um discurso que, em geral, assume a forma dissertativa e visa demonstrar,
mediante argumentos, uma tese, que é uma solução proposta para um
problema, relativo a determinado tema.
O objetivo de demonstrar uma tese ou uma ideia é, portanto, a razão
de ser do trabalho científico, e isso é feito por meio de argumentos, ou seja,
pela “articulação de ideias e fatos, portadores de razões que comprovem
aquilo que se quer demonstrar.” (SEVERINO, 2002, p.183).
Notamos, portanto, que o trabalho científico se funda sobre o
alicerce de um processo reflexivo lógico, o qual irá se materializar num
texto que deve ser portador de um discurso completo, cuja forma mais
usual é a dissertativa.
Assim, você não deve esquecer que:
“... o trabalho científico assume a forma dissertativa, pois seu
objetivo é demonstrar, mediante argumentos, uma tese, que é uma solução
UniversidadeAbertadoBrasil
16
UNIDADE 1
proposta para um problema, relativo a determinado tema.” (SEVERINO,
2002, p.183, grifos do autor).
Vimos que o trabalho científico deve apresentar-se como um discurso
completo e articulado. Isso impõe a necessidade de uma estrutura lógica
para a sua apresentação. Como a dissertação é o formato mais comum
do trabalho científico, vejamos o que diz Medeiros (1997, p. 199) a esse
respeito: “Denomina-se dissertativo todo texto que apresenta um juízo
valorativo sobre um fato, ou acontecimento, ou uma opinião sobre um
objeto ou ação, ou uma visão subjetiva sobre um assunto.”
Ao pretendermos produzir um trabalho científico, devemos prestar atenção em certos requisitos que
devem ser atendidos no processo de produção do nosso texto. Vejam agora, quais são eles:
REQUISITOS PARA A PRODUÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO
- a estrutura do trabalho
- o raciocínio e o tratamento do objeto
- a demonstração e a argumentação
- o vocabulário
- as normas técnicas da redação científica
Como você pode verificar, todos esses requisitos se referem unicamente ao aspecto metodológico
da produção do trabalho científico. Devemos lembrar que há, ainda, o aspecto dos conteúdos que
o trabalho abordará. Estes serão objeto dos seus estudos nas diferentes disciplinas do seu curso,
mediante a orientação dos seus professores.
Nas seções que se seguem, cada um desses requisitos será explicitado.
No conceito de texto dissertativo fica evidente que o trabalho a ser produzido deve expressar a
elaboração de um ou mais pontos de vista de quem o escreve acerca do objeto em estudo. Se não
for assim, podemos entender que o trabalho não trará contribuições efetivas ao estudo do problema
e da temática abordados, configurando-se, apenas, como um simples apanhado de informações ou
conclusões Nas seções que se seguem, cada um desses requisitos será explicitado.
SEÇÃO 2
A ESTRUTURA LÓGICA DO TRABALHO CIENTÍFICO
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
UNIDADE 1
17
A estrutura lógica de uma dissertação comporta três elementos
articulados entre si: introdução, desenvolvimento e conclusão.
Veremos, na sequência, cada um dos elementos do texto dissertativo.
A introdução do trabalho científico
A introdução tem a função de
preparar o leitor para a problematização
que se vai desenvolver ao longo do
trabalho. Com a introdução, evitamos
entrar no problema de maneira abrupta,
pois contextualizamos o objeto em
estudo para o leitor, levando em conta elementos como a temática, sua
delimitação na forma de questões ou problematizações a serem estudadas,
os objetivos do trabalho, sua relevância, possíveis hipóteses que temos
sobre o problema, ideias, conceitos ou referenciais centrais da abordagem
que faremos e a metodologia de pesquisa utilizada.
A introdução poderá trazer uma rápida revisão da bibliografia
existente sobre o problema em questão, mas há quem prefira proceder à
revisão da literatura logo no início do desenvolvimento do trabalho.
No final da introdução, devemos sempre anunciar quais são as
partes ou subdivisões existentes no trabalho.
INTRODUÇÃO,
DESENVOLVIMENTO
E CONCLUSÃO: esses
elementos devem estar
presentes tanto em
trabalhos sob forma de
ensaio, como em trabalhos
de comunicação de
pesquisas. A diferença é
que os trabalhos científicos
na forma de ensaios não
comportam a descrição da
metodologia de pesquisa.
Leia com atenção o que diz Severino (2002, p. 82-83) sobre a introdução de um trabalho científico:
A introdução, quando for o caso, levanta o estado da questão,
mostrando o que já foi escrito a respeito do tema e assinalando a
relevância e o interesse do trabalho. Em todos os casos, manifesta as
intenções do autor e os objetivos do trabalho, enunciando seu tema,
seu problema, sua tese e os procedimentos que serão adotados para
o desenvolvimento do raciocínio. (...) Lendo a introdução, o leitor
deve sentir-se esclarecido a respeito do teor da problematização do
tema do trabalho, assim como a respeito da natureza do raciocínio a
ser desenvolvido. Evitem-se intermináveis retrospectos históricos, a
apresentação precipitada dos resultados, os discursos grandiloquentes.
Deve ser sintética e versar única e exclusivamente sobre a temática
intrínseca do trabalho. Note-se que é a última parte do trabalho a ser
escrita. (grifos do autor).
UniversidadeAbertadoBrasil
18
UNIDADE 1
A introdução possui certas características que devemos atender.
Uma delas é a brevidade, ou seja, na introdução não nos alongamos em
discussões ou análises, mas fazemos um panorama geral do trabalho,
utilizando uma linguagem objetiva e breve, pressupondo que haverá
um desenvolvimento das ideias mais adiante, ao longo do trabalho.
Sendo assim, a introdução exige capacidade de síntese, razão pela qual
é preferível escrever a introdução depois da redação definitiva das outras
partes do trabalho (desenvolvimento e conclusão).
Outra característica importante que uma boa introdução deve
apresentar é que ela deve ser motivadora, pois essa parte do trabalho,
além de permitir uma breve visão do seu todo, deve ainda despertar o
interesse de quem o vai ler.
Vejamos os componentes da estrutura interna de uma introdução:
•	 Introdução
•	 Proposição da temática e apresentação da problematização em
estudo;
•	 Apresentação do(s) objetivo(s) do trabalho;
•	 Apresentação da justificativa ou relevância do trabalho;
•	 Breveposicionamentodashipóteses(sehouver)edasideiascentrais
do trabalho;
•	 Breveelucidaçãosobreametodologiautilizada(emcasodetrabalhos
de pesquisa);
•	 Revisão de literatura (bibliografia existente sobre o tema);
•	 Anúncio das partes ou subdivisões que compõem o trabalho.
A ordem desses componentes internos não é fixa, tal como
propusemos aqui, mas é uma decisão de quem vai escrever o texto. O
importante é que todos os elementos necessários à compreensão global
do trabalho estejam presentes em sua introdução.
	
O desenvolvimento do trabalho científico
Comumente chamado de “corpo do trabalho”, nessa parte
desenvolvemos a(s) ideia(s) que anunciamos na introdução,
fundamentando-a(s) por meio de argumentos teóricos e empíricos.
Para Medeiros (1997, p. 202):
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
UNIDADE 1
19
O desenvolvimento é um elemento da estrutura do texto
que busca examinar fatos extrínsecos e intrínsecos. (...) ao
desenvolver as idéias, parte-se da investigação de formas
externas para o exame de idéias internas. A argumentação
utilizada para ambos os exames inclui análises de prós e
contras, para que o leitor saia convencido da leitura. As
opiniões não bastam; é preciso examinar os fatos e interpretá-
los, bem como não deixar nada subentendido. Se possível,
apresente-se farta exemplificação.
Isso significa que o desenvolvimento de um trabalho científico
deve comportar argumentos lógicos, coerentes e bem estruturados, e
não se reduz a simples exposição de opiniões pessoais ou a um apanhado
de ideias acerca de determinado tema por parte de quem apresenta o
trabalho.
Mesmo as opiniões, no caso dos trabalhos científicos, precisam ser
fundamentadaslogicamente,comargumentosconvincenteserespaldados
por teorias e/ou fatos que possam ser comprovados.
Disso deriva que o trabalho científico deve ser fundamentado em
outros trabalhos igualmente científicos. Emerge daí a importância de o
estudante ter realizado uma boa revisão de literatura, pois quando esta é
bem feita, o desenvolvimento do tema é extremamente favorecido.
Vejamos o que diz Severino (2002, p.83) sobre o desenvolvimento
de um trabalho científico:
A fase de fundamentação lógica do tema deve ser exposta
e provada; a reconstrução racional tem por objetivo
explicar, discutir e demonstrar. Explicar é tornar evidente
o que estava implícito, obscuro ou complexo; é descrever,
classificar e definir. Discutir é comparar as várias posições
que se entrechocam dialeticamente. Demonstrar é aplicar a
argumentação apropriada à natureza do trabalho. É partir de
verdades garantidas para novas verdades.
Então, não podemos esquecer as três ações importantes no
desenvolvimento de um trabalho científico:
EXPLICAR Descrever, classificar e definir.
DISCUTIR Comparar as várias posições.
DEMONSTRAR Aplicaraargumentaçãoapropriada.
REVISÃO DE
LITERATURA: Busca
exaustiva de bibliografia
referente ao tema em
estudo. Em geral, faz-se
a busca por meio das
palavras-chave ou de
descritores relativos ao
tema.
UniversidadeAbertadoBrasil
20
UNIDADE 1
A estrutura do desenvolvimento deverá ser planejada antes que
comecemos a escrevê-lo. Essa estrutura poderá comportar subdivisões
em tópicos, itens, seções, capítulos, etc. É importante lembrar também
que os títulos e subtítulos utilizados no trabalho precisam ser portadores
de sentido, ou seja, retratem a ideia exata do conteúdo referente àquela
unidade do trabalho.
A conclusão do trabalho científico
Como é a última parte do trabalho, cabe à conclusão confirmar
ou não as hipóteses levantadas na introdução (quando essas existem),
e/ou retomar os objetivos traçados e as problematizações levantadas,
procurando respondê-los para o leitor. Assim, a conclusão é uma síntese
das considerações ou resultados mais relevantes obtidos através da
pesquisa realizada para o trabalho.
Em geral, é nessa parte do trabalho que aquele que escreve
manifesta seu ponto de vista, nunca, porém, como mera opinião, mas
como inferências que derivam das argumentações e demonstrações
efetuadas ao longo do trabalho.
A conclusão deverá compor-se de um texto breve e trazer uma
rápida recapitulação dos resultados obtidos na pesquisa. Para Severino
(2002, p.83):
Se o trabalho visar resolver uma tese-problema e se, para
tal, o autor desenvolver uma ou várias hipóteses, através
do raciocínio, a conclusão aparecerá como um balanço do
empreendimento. O autor manifestará seu ponto de vista
sobre os resultados obtidos, sobre o alcance dos mesmos. (...)
Quando o trabalho é essencialmente analítico e comporta
uma pesquisa positiva sobre o pensamento de outros autores,
esta conclusão pode ser fundamentalmente crítica. Quando,
porém a crítica é mais desenvolvida, entrará no corpo do
trabalho como um capítulo.
Atualmente, o termo “Conclusão”
vem sendo substituído por outras
expressões, como “Considerações
finais”, “Aprendizados da caminhada”,
“Últimas palavras”, etc. O que é
importante considerar é que, sendo
um texto finalizador do trabalho, os
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
UNIDADE 1
21
resultados devem ser destacados em função dos objetivos traçados, num
sentido de síntese e de apreciação.
A conclusão poderá, ainda, apontar perspectivas em aberto, em
relação ao tema problematizado.
SEÇÃO 3
FORMAS DE RACIOCÍNIO E TRATAMENTO DO OBJETO DE
ESTUDO NO TRABALHO CIENTÍFICO
Quando redigimos um trabalho científico, valemo-nos de certas formas
de raciocínio e de determinados tratamentos ao objeto de estudo sobre o qual
nos debruçamos. Esse processo implica a demonstração das ideias por meio
de argumentos através dos quais buscaremos comprovar aquilo a que nos
propusemos. Como diz Demo (2005, p. 103), “na prática, ciência é a arte de
argumentar”.
Para demonstrar bem as ideias, as argumentações precisam ser
redigidas de modo simples, claro, preciso e conciso, pois o trabalho científico
não é uma obra poética ou literária. A principal finalidade do trabalho
científico é comunicar aos pares (professores e colegas da mesma área ou
áreas correlatas) uma pesquisa realizada.
Yoshida (2006) adverte que, na redação científica, “ao aplicar seu estilo
pessoal ao texto, os autores precisam tomar cuidado para não contaminá-lo
com excesso de verborragia, rebuscamento, erudição e gongorismo. Deve-se
evitar inversões de frases, trocadilhos e metáforas.”
Os raciocínios
Severino (2002) explica que, quando argumentamos, nos baseamos
nas conclusões dos nossos raciocínios. O processo de raciocinar, por sua vez,
implica operações mentais específicas, pois, durante o raciocínio, ordenamos
juízos e conceitos de modo a obter um novo conhecimento a partir de um
antigo. Raciocinar implica, portanto, passar de um conhecimento para outro.
Esse processo, segundo o autor, comporta duas fases: uma fase antecedente e
uma fase consequente, devendo existir entre elas um nexo lógico.
Notemos, então, que:
CONCISO: resumido,
exato, em poucas palavras.
GONGORISMO: A
expressão gongorismo
se refere ao excesso de
metáforas, antíteses,
trocadilhos e alusões
clássicas. A palavra provem
da escola espanhola de
poesia de Luís de Góngora
y Argote.
UniversidadeAbertadoBrasil
22
UNIDADE 1
O antecedente compõe-se de uma ou várias premissas e o
conseqüente constitui-se de uma conclusão. A afirmação da
conclusãoéfeitaàmedidaquedecorreoudependedaspremissas.
A relação lógica de conhecimentos prévios a conhecimentos até
entãonãoafirmadoséumarelaçãodeconseqüência.SEVERINO,
2002, p.192).
Vejamos, agora, as duas formas lógicas de raciocínio: o raciocínio
dedutivo e o raciocínio indutivo.
O raciocínio dedutivo parte de premissas, princípios ou fatos já aceitos
(chamados universais) para chegar a uma conclusão particular. Procede do
geral para o particular.
Exemplo de dedução:
Todos os homens são mortais. (premissa geral).
Paulo é homem.
Paulo é mortal. (conclusão particular).
O raciocínio indutivo parte de fatos ou premissas particulares para
chegar a uma conclusão mais universal, ou seja, procede de fatos particulares
para chegar a uma generalização.
Exemplo de indução:
João morreu, Maria morreu, Pedro morreu. (fatos particulares)
Os seres humanos são mortais. (conclusão geral).
RACIOCÍNIO DEDUTIVO RACIOCÍNIO INDUTIVO
GERAL PARTICULAR PARTICULAR GERAL
Essas são as formas de raciocínio que você utilizará para a realização dos seus trabalhos
científicos, as quais figurarão como elementos importantes do seu processo de argumentação. Então,
não esqueça:
“O raciocínio é um processo de pensamento pelo qual conhecimentos são logicamente encadeados
de maneira a produzirem novos conhecimentos.” (SEVERINO, 2002, p.183).
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
UNIDADE 1
23
As formas de tratar o objeto de estudo
Uma vez compreendidas as formas de raciocínio que você utilizará
nos trabalhos científicos, podemos abordar as formas de tratar o objeto de
estudo.
O objeto de estudo a que nos referimos pode ser uma ideia, um
problema, um conceito ou um texto e as formas de tratá-lo são a análise e a
síntese.
A análise é um processo de decomposição do objeto em estudo em
suas partes constitutivas. Ao procedermos a uma análise nós tomamos o todo,
dividimos, discriminamos e isolamos cada parte que o compõe, de modo a
torná-lo mais simples. Como explica Severino (2002, p.193):
A análise é um pré-requisito para uma classificação. Esta se
baseia em caracteres que definem critérios para a distribuição
das partes em determinadas ordens. Não é outra coisa que se
manifesta quando um texto é esquematizado, estruturado: as
divisões seguem determinados critérios que não podem ser
mudados arbitrariamente. Para se descobrir tais caracteres
procede-se analiticamente.
Isso significa que ao analisarmos um texto, por exemplo, nós buscamos
conheceremseuconteúdooscritériosqueorientamassuaspossíveisdivisões.
A síntese é um processo que recompõe o todo a partir de suas partes.
Para Severino (2002, p.193), na síntese, “o objeto decomposto pela análise
é recomposto, reconstituindo-se a sua totalidade”. Como uma totalidade, a
síntese permite formar uma visão de conjunto, uma visão global das relações
existentes entre as partes, conferindo a essas relações um sentido unificador.
Tanto a análise como a síntese são processos lógicos da inteligência
humana, que se seguem a uma visão indiferenciada ou sincrética das coisas.
Veja abaixo o esquema explicativo:
VISÃO
SINCRÉTICA
DO TODO
DECOMPOSIÇÃO
EM PARTES
ANÁLISE
RECOMPOSIÇÃO
DO TODO
SÍNTESE
Agora que você já sabe o que são análise e síntese, preste
atenção às solicitações que seus professores farão quanto aos trabalhos
científicos: uma análise pressupõe decomposição em partes; uma síntese,
recomposição do todo.
UniversidadeAbertadoBrasil
24
UNIDADE 1
Já vimos que o trabalho acadêmico deverá assumir a forma dissertativa,
procedendo à demonstração de uma tese ou ideia, mediante argumentos
apropriados.	 Você já aprendeu que o conhecimento, para ser científico,
deve identificar-se com um conjunto de procedimentos lógicos e formais,
planejadosesistematizados,queseutilizadecritériosrigorososparaprocessar
asinformações.Sendoassim,adimensãometodológicadotrabalhocientífico,
seu formato e sua redação devem ser objetos de permanente interesse
acadêmico. Conforme nos diz Medeiros (1997, p. 33): “Será chamada
pesquisa científica se sua realização for objeto de investigação planejada,
desenvolvida e redigida conforme normas metodológicas consagradas pela
ciência.”
Isto é importante porque um dos principais pressupostos da pesquisa
científica é a sua socialização, ou seja, sua divulgação primeiramente
nos meios acadêmicos e posteriormente nos não acadêmicos. Por isso, se
realizamos um trabalho que se pretende científico, devemos ter em mente a
elaboração do texto que relatará esse trabalho, uma vez que outras pessoas
terão acesso ao trabalho científico por meio do texto redigido pelo(s) seu(s)
autor(es).
Daí a necessidade de quem redige o trabalho científico empenhar-se
para garantir que o leitor compreenda, a partir da mediação do texto escrito,
todo o processo realizado no trabalho em discussão.
SEÇÃO 4
A ELABORAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS:
DEMONSTRAÇÃO, ARGUMENTAÇÃO, LINGUAGEM E
NORMALIZAÇÃO TÉCNICA
Entre os aspectos de significativa importância para que você realize um bom
trabalho científico destacam-se:
•	 	 a demonstração;
•	 	 a argumentação;
•	 	 a linguagem;
•	 	 a normalização técnica exigida para a sua redação.
Trataremos, a seguir, de cada um desses aspectos.
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
UNIDADE 1
25
1. A demonstração e a argumentação
A demonstração visa comprovar a tese ou a ideia problematizada
em seu trabalho e só pode ser realizada por meio do uso de argumentos. A
demonstração pressupõe etapas no tratamento do objeto de estudo. Segundo
Severino (2002, p.184): “A demonstração da tese é realizada mediante uma
sequência de argumentos, cada um provando uma etapa do discurso.”
Geralmente, os modos mais usuais de demonstração utilizam-se
de argumentações que seguem o raciocínio dedutivo. A demonstração
consiste, pois, em um processo reflexivo e articulado, pois liga ideias e fatos,
comprovando o que se quer demonstrar. (SEVERINO, 2002).
Por causa da frequente confusão que as pessoas fazem em torno dos
termos demonstração e argumentação, Severino (2002) procura distingui-los,
esclarecendo que a demonstração é, na verdade, o conjunto sequenciado de
operações lógicas que, de conclusão em conclusão, chega a uma conclusão
final procurada; enquanto isso, a argumentação é a própria operação ou
atividade executada durante a demonstração. Argumentar é, então, operar
com argumentos.
No trabalho científico as principais fontes de argumentação são duas:
a evidência racional e a evidência dos fatos.
A evidência racional funda-se na utilização da racionalidade lógica,
implicando desdobramentos racionais/lógicos nos raciocínios que são
trazidos no interior da argumentação.
A evidência factual, por sua vez, corresponde à apresentação dos fatos
propriamente ditos, que comprovam as ideias que estão em questão.
No trabalho científico, a evidência dos fatos é imprescindível.
Geralmente essa evidência é trazida com a denominação “dados empíricos”
e se refere, por exemplo, ao uso de estatísticas e dados resultantes de
levantamentos de campo, de laboratórios, etc.
Vejamos, a seguir, o que Severino (2002, p.186) define e recomenda em
relação à argumentação:
Argumentar consiste, pois, em apresentar uma tese, caracterizá-
la devidamente, apresentar provas ou razões que estão a seu
favor e concluir, se for o caso, pela sua validade. Para evitar que
fiquem abertas margens para dúvidas, devem ser examinadas
eventualmente as razões contrárias, tentando-se refutar a tese e
prevenindo-se de objeções.
Mediante o exposto, você poderá concluir que o discurso dissertativo,
RACIOCÍNIO DEDUTIVO:
Lembre-se de que o
raciocínio dedutivo parte
de princípios ou fatos já
aceitos para chegar a
uma conclusão particular.
Procede do geral para o
particular.
UniversidadeAbertadoBrasil
26
UNIDADE 1
característico do trabalho científico,
precisa ser redigido conforme o
encadeamento das argumentações
que compõem a demonstração. Esse
encadeamento se refere à apresentação,
defesa e/ou refutação de ideias ou fatos
pertinentes ao tema, compondo um
processo lógico, racional, que leva a conclusões válidas.
2. A linguagem e a normalização técnica na redação do
trabalho científico
A elaboração do trabalho científico está diretamente relacionada à
observânciadecertosprocedimentos,entreosquaissãobastanteimportantes:
o uso de um repertório linguístico adequado e a redação em obediência às
chamadas “normas técnicas”.
Segundo Oliveira (2006), cada vez mais se exige dos estudantes que
produzam seus trabalhos de acordo com as normas e a metodologia do
trabalho científico. Em virtude dessa exigência, muitos estudantes criam
expectativasemtornodemodelosoureceitasaseguir,julgandoque,seguindo
um modelo, obterão pleno sucesso na elaboração dos seus trabalhos.
Infelizmente, nem sempre os estudantes percebem que alguns
poucos modelos utilizados como exemplos não dão conta do universo de
possibilidades e/ou dificuldades que podem se apresentar no campo dos
trabalhos acadêmicos. Assim, será necessário que o estudante se disponha
a estar constantemente adequando os seus trabalhos, procurando utilizar
uma linguagem correta, um vocabulário mais rico e apropriado à área de
conhecimento em questão, bem como fazendo uso da normalização técnica
exigida para estruturar e redigir o texto.
Nesse sentido, você precisa dispor-se a praticar a redação e a busca
de vocábulos desconhecidos nos dicionários, nas obras indicadas por seus
professores, como também a consultar, a cada trabalho, as normas técnicas
nos manuais de normalização bibliográfica.
A importância da linguagem
Ao tratarmos da importância metodológica da linguagem, é útil lembrar
ainda que as formas de linguagem culta e técnica são as requeridas para a
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
UNIDADE 1
27
redação do trabalho acadêmico, uma vez que este se caracteriza como um
ato de comunicação formal. Por causa disso, não é apropriada a utilização da
linguagem coloquial (linguagem tal como falada no cotidiano) nos trabalhos
acadêmicos.
Você já estudou que a linguagem culta é aquela que obedece padrões
e convenções da língua, respeita as regras gramaticais e é frequentemente
adquirida mediante as experiências de escolarização do sujeito e também
por meio das suas práticas de leitura.
Devemos considerar que a leitura é um fator dos mais relevantes para
melhorar o nosso vocabulário e a correção da nossa linguagem em geral.
Lembremos Medeiros (1997), que afirma que a ampliação do nosso
vocabulário caminha paralelamente ao nosso desempenho da leitura: quem
lê pouco, em geral, tem vocabulário reduzido.
A linguagem culta difere da linguagem coloquial que é utilizada nas
relações informais do dia a dia. A linguagem coloquial serve a propósitos
comunicativos bem diferentes daqueles que um trabalho acadêmico exige,
daí porque não se preocupa em seguir as normas da língua e admite,
inclusive, o uso de gírias, expressões populares e incorreções gramaticais.
(SARMENTO, 2000).
A utilização de uma linguagem técnica pressupõe a especialização
referente a cada área de conhecimento. Esta é a razão pela qual podemos
encontrar muitos dicionários especializados, os quais devemos procurar para
compreender o uso de uma ou mais palavras no contexto de determinada
área de conhecimento ou formação.
Como o vocabulário técnico corresponde à linguagem específica de
cada área de conhecimento, muitas vezes encontramos um mesmo vocábulo
com significados distintos, cada qual derivado de uma área de conhecimento
diferente. É importante, por isso, que o estudante esteja atento e perceba
essas variações de significado.
NÃO ESQUEÇA!
O desenvolvimento da
capacidade do estudante
de compreender e
interpretar textos passa
pela ampliação do seu
vocabulário.
LINGUAGEM CULTA: Não
é demais lembrar que a
norma culta da língua é
também a mais valorizada
do ponto de vista social.
UniversidadeAbertadoBrasil
28
UNIDADE 1
Além disso, como apresentamos tendência a escrever de maneira
coloquial, é importante proceder a uma ou mais revisões do texto antes
de entregá-lo ao professor. Essas revisões devem se tornar um hábito do
estudante, tendo em vista corrigir e melhorar a linguagem, procurando
aproximar-se mais e mais da linguagem culta.
Portanto, ao tratarmos da elaboração dos trabalhos acadêmicos, o bom
repertório vocabular é um requisito indispensável.
A importância da normalização técnica
A questão da normalização técnica é outro requisito indispensável à
elaboração dos trabalhos acadêmicos, pois, como diz Oliveira (2006, p. 11):
O estudante acadêmico que tiver oportunidade de elaborar seus
trabalhos escolares, mesmo que de pequeno porte, de acordo
com os critérios metodológicos mínimos exigidos ao trabalho
científico, terá a possibilidade de, paulatinamente, apropriar-se
dessa prática.
Nessa citação, vemos que a autora ressalta a importância de praticar
os critérios metodológicos do trabalho científico, mesmo nos trabalhos
acadêmicos de pequeno porte. Dentre tais critérios temos a utilização das
normas técnicas, as quais o estudante deverá se acostumar a usar. Por
isso, você deve ter, em sua biblioteca pessoal, um manual de normas para
consultar sempre que tiver alguma dúvida.
A procura de palavras desconhecidas no dicionário é, de fato, um hábito salutar e dos mais
importantes para a ampliação do vocabulário. Contudo, nem sempre é suficiente, pois o sentido de uma
palavra em um texto depende muito do contexto em que ela se insere. Assim, prestando atenção ao
contexto, também podemos chegar ao sentido da palavra.
Em alguns textos, palavras desconhecidas são esclarecidas pelo autor logo a seguir, por meio de
outra palavra com o mesmo sentido.
Outro aspecto importante a destacar na ampliação do vocabulário é a necessidade de o estudante
possuir referências históricas, geográficas e sociais para poder compreender o significado de certas
palavras, pois um bom “conhecimento de mundo” permite que interpretemos com maior facilidade os
diferentes contextos e, assim, cheguemos à interpretação das palavras. Para este conhecimento de
mundo é importante que o estudante desenvolva o hábito de consultar textos históricos, atlas, mapas,
enciclopédias, etc. A leitura de obras literárias é também um meio valioso para o desenvolvimento do
nosso vocabulário.
MANUAL DE NORMAS:
A UEPG – Universidade
Estadual de Ponta Grossa
tem o seu manual. Você
deverá conhecê-lo
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
UNIDADE 1
29
Os manuais de normas técnicas funcionam à semelhança dos
dicionários, ou seja, você deverá consultá-los sistematicamente, sempre que
alguma dúvida se apresentar. Com o uso frequente do manual de normas,
certamente você passará a utilizá-las com naturalidade e autonomia na
redação dos seus trabalhos.
Nem todos percebem isso, mas a normalização técnica científica
é muito necessária na vida em sociedade. Exemplos de sua necessidade
estão na construção das casas e prédios, nos transportes que utilizamos, nas
estradas e nas pontes pelas quais passamos, em nossa alimentação, dentre
outras necessidades do cotidiano que requerem certos padrões a serem
seguidos.
Esse também é o caso dos trabalhos
científicos que se destinam à divulgação de
ideias e de achados de pesquisa. Desse modo,
você deverá concluir que a normalização
técnica dos trabalhos acadêmicos tem a sua
razão de ser porque deriva da necessidade
de padronizar o formato e a apresentação
das referências utilizadas pelos autores de
trabalhos científicos.
Segundo Oliveira (2006, p.1):
A uniformidade dos trabalhos acadêmicos permite uma fácil
identificação, tanto desses trabalhos, enquanto característica
da produção intelectual de uma instituição de ensino superior
– IES, quanto dos elementos necessários à referenciação dessas
obras como fonte bibliográfica para pesquisas futuras.
Por referência entende-se: “... o conjunto padronizado de elementos
descritivos, retirados de um documento, que permite a sua identificação
individual.” (ABNT/NBR 6023/2002 apud OLIVEIRA. 2006, p. 9).
A normalização de trabalhos científicos é feita pela ABNT - Associação
Brasileira de Normas Técnicas, que é o órgão nacional responsável pela
normalização técnica e científica.
UniversidadeAbertadoBrasil
30
UNIDADE 1
Nesta unidade, você estudou a respeito do trabalho científico. Observou que devemos distinguir entre
o conhecimento produzido pelo senso comum e o conhecimento produzido pela ciência, reconhecendo
este último como fruto do trabalho científico que é produzido a partir de uma metodologia científica.
Do ponto de vista da forma, o trabalho científico assume a estrutura dissertativa, e tem o objetivo de
demonstrar, mediante argumentos, uma tese ou uma ideia.
Em função de sua forma dissertativa, o trabalho científico constitui-se como um texto articulado
com introdução, desenvolvimento e conclusão. Fazem parte da estrutura lógica do trabalho científico as
formas de raciocínio e de tratamento do objeto em estudo.
O raciocínio é o processo de pensamento pelo qual encadeamos logicamente conhecimentos, de
modo a produzir novos conhecimentos. As formas de raciocínio são duas: a dedutiva, que parte de
premissas ou fatos já aceitos (gerais), chegando a uma conclusão particular; e a indutiva, que parte de
premissas particulares para chegar a uma generalização.
Como formas de abordar o objeto de estudo temos a análise e a síntese. Por meio da análise
decompomos o objeto de estudo em suas partes constitutivas; por meio da síntese recompomos o todo
do objeto em estudo a partir de suas partes constitutivas.
O conhecimento científico deve fundamentar-se em um conjunto de procedimentos lógicos, formais,
planejados e sistematizados. Sendo, assim, em sua elaboração ganham importância os seguintes
aspectos, que todo estudante deve observar: a demonstração e a argumentação, o vocabulário e as
normas técnicas de apresentação, e a redação do trabalho científico.
A demonstração pressupõe um conjunto de operações lógicas seqüenciadas, que vão de conclusão
em conclusão, para chegar a uma conclusão final. A argumentação se refere às operações executadas
na demonstração. Toda argumentação deve se fundamentar em evidências lógicas ou em evidências
empíricas.
Ao elaborar um trabalho científico, você deverá observar, ainda, a utilização de uma linguagem
adequada, sem rebuscamentos, porém correta, valendo-se da linguagem culta e técnica. Deverá, enfim,
redigir e apresentar o seu trabalho obedecendo as normas técnicas da ABNT – Associação Brasileira
de Normas Técnicas –, em virtude da necessidade de padronização do formato e da apresentação das
referências utilizadas pelos autores.
Uma vez que a revisão de literatura é um procedimento indispensável para que você
escreva um bom desenvolvimento nos seus trabalhos científicos, você precisa saber como procurar
bibliografias em web sites. A referência a seguir é de um pequeno texto, acessível pelo Scielo, que foi
publicado na Revista Psicologia Escolar Educacional. Você deve fazer uma leitura atenta dele.
BARIANI, Isabel Cristina Dib et al. Orientações para busca bibliográfica on-line. Psicologia escolar
educacional, dez. 2007, vol.11, no. 2, p. 427-429. ISSN 1413-8557.
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
UNIDADE 1
31
Fundada em 1940, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão
responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento
tecnológico brasileiro.
É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como único Foro Nacional de
Normalização, através da Resolução n.º 07, do CONMETRO, de 24.08.1992.
É membro fundador da ISO (International Organization for Standardization), da COPANT
(Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de Normalização).
A ABNT é a única e exclusiva representante no Brasil das seguintes entidades internacionais:
ISO (International Organization for Standardization), IEC (International Electrotechnical Comission); e
das entidades de normalização regional COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e a
AMN (Associação Mercosul de Normalização).
FONTE: www.abnt.org.br
Faça a leitura de um artigo escrito por uma bibliotecária sobre a normalização nas publicações
científicas. O artigo aborda a importância das normas técnicas e da linguagem no trabalho científico.
ROTHER, Edna T. O papel da normalização nas publicações científicas. Revista brasileira
de oftalmologia. Rio de Janeiro: 2007. Vol. 66 n. 4. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.
php?pid=S0034-72802007000400001script=sci_arttext Acesso em: 15/04/2009.
Procure também:
CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO DE SANTA MARIA. Manual de Normas do
Centro Universitário Franciscano. Santa Maria: 2005. Disponível em: http://www.unifra.br/cursos/
economia/downloads/Normas_UNIFRA_versao1.pdf
Acesso em: 15/04/2009.
HAMMES, Érico J. - Orientações e normas para trabalhos científicos. Faculdade de Teologia da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: 2009. Disponível em http://www.
pucrs.br/fateo/normas.pdf Acesso em 13/04/2009.
1. Faça a distinção entre o conhecimento produzido pelo senso comum e o conhecimento produzido
pela ciência, preenchendo o quadro que se segue, a partir das solicitações feitas na 1ª. coluna.
UniversidadeAbertadoBrasil
32
UNIDADE 1
Solicitações Senso comum Conhecimentocientífico
Como se apresenta
quantoàcomunicação?
Quaisascaracterísticas
do conhecimento
produzido?
Quem produz?
Como é produzido?
Como se apresenta
quanto ao erro?
2. Quais os requisitos necessários à produção do trabalho científico? Escreva nas linhas:
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
3. Explique, com as suas palavras, o conceito de trabalho científico.
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
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UNIDADE 1
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4. Estude a seção 2 – A estrutura lógica do trabalho científico. A seguir, coloque no quadro que se segue
as características recomendadas para cada um dos elementos do texto dissertativo.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
5. Escreva um pequeno texto sobre a importância da demonstração, da argumentação, do vocabulário
e das normas técnicas na redação do trabalho científico.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
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UNIDADE 1
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UNIDADE 2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
ROTEIRO DE ESTUDOS
UNIDADEII
MODALIDADES DE
TRABALHOS CIENTÍFICOS
■■ identificar as características das diferentes modalidades de
trabalho científico: monografia, dissertação, tese, resumo e resenha.
repercussões na prática pedagógica.
■■ SEÇÃO 1: Monografias, dissertações e teses
■■ SEÇÃO 2: O resumo como trabalho acadêmico
■■ SEÇÃO 3: A elaboração de resenhas
UniversidadeAbertadoBrasil
36
UNIDADE 2
PARA INÍCIO DE CONVERSA
As orientações metodológicas que apresentamos a você nesta
unidade possuem um caráter prático e diferenciam-se (umas das outras)
em função do tipo de trabalho científico que temos em vista.
Você já estudou, na unidade I, que o trabalho científico se caracteriza
como um discurso materializado na forma de um texto dissertativo (com
introdução, desenvolvimento e conclusão), que deve retratar um processo
reflexivo lógico. O objetivo de todo trabalho científico é demonstrar uma
tese, com o uso de argumentos, sendo que essa tese corresponde à solução
para um problema, incluso em determinada temática. (SEVERINO, 2002).
Todas essas afirmações sobre o trabalho científico continuam
valendo aqui. Todavia, nesta unidade, você aprenderá as diferentes
modalidades de trabalhos científicos.
A seção 1 trata das monografias, dissertações e teses. Embora
suas nomenclaturas sejam diferenciadas, essas três formas de trabalho
científico são monográfico, porque fazem a abordagem de um único
assunto ou tema problematizado. Sendo assim, o que as diferencia é
apenas o nível acadêmico em que o autor do trabalho se encontra.
A seção 2 aborda o resumo, tratando-o tanto do ponto de vista de
um trabalho acadêmico solicitado sobre um texto, por exemplo, como
do ponto de vista técnico-científico, quando se trata da redação de um
resumo contido em trabalhos de comunicação científica, seja em artigos,
seja em eventos científicos.
A seção 3 desenvolve orientações sobre a elaboração de resenhas,
distinguindo o tipo descritivo do tipo crítico e trazendo possibilidades de
roteiros que você poderá seguir.
Desejamos a você um ótimo aproveitamento desta unidade, e
que encontre as orientações que necessita para elaborar seus trabalhos
acadêmicos.
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
37
UNIDADE 2
SEÇÃO 1
MONOGRAFIAS, DISSERTAÇÕES E TESES
Os trabalhos acadêmicos científicos distinguem-se pelos objetivos
que pretendemos atingir, pela natureza do objeto de estudo, e pelas
especificidades das áreas do conhecimento humano que os presidem.
Estudiosos de metodologia científica, como Medeiros (1997) e Severino
(2002), apontam como principais tipos de trabalhos científicos: os resumos,
as resenhas e as monografias, incluindo nessas últimas as dissertações e as
teses.
Apesar da grande utilização do termo “monografia” no meio
acadêmico, percebemos facilmente que há uma grande confusão quanto ao
seu uso correto. Muitos utilizam a palavra monografia para fazer referência
ao chamado TCC – Trabalho de Conclusão de Curso, que é solicitado ao final
de grande parte dos cursos de graduação.
Outros utilizam a expressã
o monografia fazendo referência,
exclusivamente, ao trabalho de iniciação
à pesquisa exigido na finalização de
um curso de pós-graduação lato sensu
(especialização). Mas, quando se trata
da pós-graduação stricto sensu, utilizam
amplamente os termos “dissertação” para
o trabalho de pesquisa, exigido para obtenção do título de mestre, e “tese”
para o trabalho de pesquisa exigido para obter o título de doutor.
Todavia, em todos os casos exemplificados temos trabalhos
monográficos, o que significa que do TCC à tese de doutorado estamos
tratando de monografias. Veja o que diz Medeiros (1997, p.183) sobre isso:
... não há razão para se falar em três níveis: monografia,
dissertaçãoetese.Otrabalhodegraduaçãodevesermonográfico,
assim como o apresentado para a obtenção dos títulos de mestre
e doutor. Os três tipos de trabalhos são dissertativos, bem como
pode aparecer em todos eles a defesa de uma tese.
Vejamos essa questão de modo mais detalhado:
O que define a característica monográfica do trabalho, na verdade,
não é o nível acadêmico em que o sujeito autor do trabalho se encontra.
UniversidadeAbertadoBrasil
38
UNIDADE 2
A definição do caráter monográfico
do trabalho científico está vinculada à
abordagem de um único assunto, ou
tema problematizado, o qual deve ter
um tratamento apropriado. É isto que
Severino caracteriza como “exigência
da especificação”, típica dos trabalhos
monográficos, pois, para ele: “Os
trabalhos científicos serão monográficos na medida em que satisfizerem
à exigência da especificação, ou seja, na razão direta de um tratamento
estruturado de um único tema, devidamente especificado e delimitado.”
(SEVERINO, 2002, p.129, grifos nossos).
Assim, a delimitação temática, a profundidade do estudo sobre esse
tema, o seu tratamento metodológico são questões que caracterizam o
trabalho monográfico.
Medeiros (1997, p.183) traz uma definição semelhante, dizendo que:
“Monografia é uma dissertação que trata de um assunto particular, de forma
sistemática e completa. Esta é a sua característica essencial.”
Diante dessas considerações, podemos então afirmar que um trabalho
será monográfico quando apresentar:
•	 o estudo de um tema específico, com problemática bem delimitada;
•	 o tratamento do tema/problema com profundidade;
•	 a adequação metodológica;
•	 a estrutura dissertativa (estrutura tripartida: introdução,
desenvolvimento e conclusão).
Como, mesmo nos diferentes casos, estamos tratando de monografias,
Medeiros (1997) esclarece que muitos autores da área metodológica
costumam fazer distinção entre duas tipologias básicas, a fim de evitar
confusões quando tratamos dos tipos de monografias: as monografias
escolares e as monografias científicas.
Por monografia escolar, o autor entende o trabalho cuja função é
apenas a de iniciação à pesquisa; enquanto o termo monografia científica
seria restrito aos trabalhos que trazem resultados de estudo original de um
tema delimitado e de conformidade com a metodologia da ciência.
Em face dessa distinção, as monografias efetivadas durante o período
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
39
UNIDADE 2
Veja o que Severino (2002, p. 130) afirma a respeito desses trabalhos:
Essestrabalhossãoexigíveiseexigidosduranteoscursosdegraduação,
como parte do próprio processo didático, ao contrário das dissertações,
teses e ensaios que, embora possam ser trabalhos acadêmicos, são
resultados de uma pesquisa ampla, profunda, rigorosa, autônoma e
pessoal.	
de graduação universitária teriam a prerrogativa de monografia escolar
porque, para estas, não se exigem a profundidade e a originalidade que são
exigidas na dissertação de mestrado e na tese de doutorado. Isto porque as
monografias realizadas durante a graduação constituem parte do próprio
processo pedagógico e formativo do curso e se integram às atividades
acadêmicas das diferentes disciplinas.
Para as monografias realizadas na graduação, Severino prefere utilizar o
termo “trabalho didático”. Para o autor, esses trabalhos são inerentes à formação
técnico-científica do estudante universitário, uma vez que conduzem o aluno à
busca de elementos complementares à formação, em fontes adequadas e diversas,
sem que seja exigido o critério da originalidade.
Assim, esses trabalhos, em geral, possuem caráter recapitulativo,
podendo o estudante, através do estudo, proceder a sínteses de conclusões de
autores, encontrados em fontes já conhecidas. Para Severino (2002, p. 130): “O
que qualifica este tipo de trabalho é o uso correto do material preexistente, a
maneira adequada de tratá-lo para que traga alguma contribuição inteligente à
aprendizagem.” (grifos nossos).
As dissertações de mestrado e teses de doutorado, como tipos especiais de
monografias (científicas) também possuem suas características próprias. Vamos
conhecê-las.
Segundo Severino (2002), a tese de doutorado é o tipo mais
representativo de trabalho científico monográfico, uma vez que aborda
um único tema, exige a pesquisa cientificamente concebida, com
instrumentos metodológicos específicos e adequação à(s) área(s) de
UniversidadeAbertadoBrasil
40
UNIDADE 2
Veja o que diz Medeiros (1997, p. 184) sobre as características e a estrutura da monografia científica.
São características da monografia, a sistematicidade e completude, a unidade temática, a
investigação pormenorizada e exaustiva dos fatos, a profundidade, a metodologia, a originalidade
e a contribuição da pesquisa para a ciência. Embora alguns autores considerem a extensão, sua
característica essencial, seu princípio regulador básico é a delimitação do assunto e o nível da pesquisa.
conhecimento em que o tema/problema se situa. Além disso, na tese de
doutorado exige-se a colocação e a solução de problemas, havendo, em
seu desenvolvimento, a demonstração de hipóteses e o convencimento do
leitor por meio da fundamentação nas evidências dos fatos e da coerência
do raciocínio.	
A pesquisa realizada para a tese de doutorado, sempre abordando
um tema/problema bem delimitado, pode utilizar diferentes fontes e
formas de tratamento.
Por exemplo, pode ser documental ou de campo, experimental
ou histórica. Independentemente disto, e em todos os casos, a tese de
doutorado deverá trazer contribuições relevantes e significativas para
a(s) área(s) de conhecimento em que seu tema se situa, ou seja, deverá
gerar conhecimento novo a respeito daquele tema/problema, fazendo
progredir a ciência.
A dissertação de mestrado, por sua vez, cumprindo as mesmas
exigências da monografia científica, e elaborada segundo as diretrizes
metodológicas e técnicas do trabalho científico, diferencia-se da tese
de doutorado pelo caráter de originalidade do trabalho. Veja o que diz
Severino sobre a dissertação:
Tratando-se de um trabalho ainda vinculado a uma fase de
iniciação à ciência, de um exercício diretamente orientado,
primeira manifestação de um trabalho pessoal de pesquisa,
não se pode exigir da dissertação de mestrado o mesmo
nível de originalidade e o mesmo alcance de contribuições
ao progresso e desenvolvimento da ciência em questão.
(SEVERINO, 2002, p.151).
Portanto, a dissertação de mestrado não precisa, necessariamente,
ser um trabalho original, mas deve constituir-se em trabalho científico
rigoroso.
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
41
UNIDADE 2
SEÇÃO 2
O RESUMO COMO TRABALHO ACADÊMICO
A elaboração do resumo de um texto, como trabalho comumente
solicitado no ensino superior, é de grande valia do ponto de vista do
processo de aprendizagem dos estudantes, tanto no ensino, quanto na
pesquisa científica.
Ao elaborar o resumo, o estudante deverá extrair as ideias nele
contidas, permanecendo fiel a essas ideias, porém apresentando-as de
maneira própria, sintetizada, seletiva e articulada.
Vejamos algumas conceituações de resumo:
Resumo é, (...), uma apresentação concisa de elementos relevantes
de um texto; um procedimento de reduzir um texto sem destruir-lhe
o conteúdo. Constitui-se em forma prática de estudo que participa
ativamente da aprendizagem, uma vez que favorece a retenção das
informações básicas. (MEDEIROS, 1997, p. 120).
O resumo do texto é, na realidade, uma síntese das idéias e não das
palavras do texto. Não se trata de uma “miniaturização” do texto.
Resumindo um texto com as próprias palavras, o estudante mantém-
se fiel às idéias do autor sintetizado. (SEVERINO, 2002, p.131).
O resumo é a apresentação concisa e frequentemente seletiva do
texto, destacando-se os elementos de maior interesse e importância,
isto é, as principais idéias do autor da obra.	
A finalidade do resumo consiste na difusão das informações contidas
em livros, artigos, teses, etc, permitindo a quem o ler resolver sobre
a conveniência ou não de consultar o texto completo. (MARCONI e
LAKATOS, 2001, p.72).
Neste último caso, o resultado depende dos objetivos previamente fixados.
A estrutura da monografia compreende introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução,
o pesquisador formula claramente o objeto da investigação. Apresenta sinteticamente a questão a
ser solucionada. Portanto, há necessidade de problematizar a realidade para se buscar uma solução.
Se não há problemas para resolver, não há por que iniciar a pesquisa e a redação da monografia.
Na introdução, ainda, apresentam-se a justificativa do trabalho e a metodologia utilizada na pesquisa
(levantamento bibliográfico, pesquisa de campo, uso de questionários, pesquisa de laboratório) e faz-se
referência à literatura relativa ao assunto, anteriormente publicada.
Escrita a introdução, o pesquisador passa para nova etapa da monografia: o desenvolvimento, que
compreende explicação, discussão e demonstração. Portanto, etapa de exposição dos fundamentos
lógicos do trabalho realizado; etapa de explicitação, de esclarecimento, de análise, de supressão do
ambíguo, de exame e demonstração do raciocínio, de apresentação de provas, de argumentação.
Finalmente, a conclusão retoma as pré-conclusões anteriormente expostas em variadas partes
do texto, e reforça a linha de pensamento que dá sustentação à monografia. Nesse momento, o
pesquisador procura firmar a unidade temática, as ideias contidas na exposição. Trata-se de um resumo
das conclusões espalhadas pela monografia, uma síntese das ideias defendidas na obra.
UniversidadeAbertadoBrasil
42
UNIDADE 2
Uma vez que você já entendeu que o resumo é um texto novo, feito
com as palavras próprias do estudante sobre outro texto (livro, capítulo,
artigo, dissertação, tese ou outro), fiel, todavia, às ideias do autor,
passemos, agora, a observar aspectos referentes à técnica de elaboração
de resumos.
a) Elementos que não podem faltar
no resumo
Quatro elementos devem estar
presentes no resumo que você elaborar
sobre o trabalho de um autor ou pesquisador
(seja livro, capítulo, artigo, dissertação, tese
ou outro). Esses elementos são os seguintes:
O assunto.
O assunto refere-se à temática ou problemática delimitada pelo
autor do texto que você vai resumir. Para encontrá-lo, responda à seguinte
pergunta: De que trata o texto?
O(s) objetivo(s).
O(s) objetivo(s) corresponde(m) às pretensões, intenções ou metas
que o autor do texto pretende atingir com seu trabalho. Ao captar os
objetivos do autor ou pesquisador, você apontará para a natureza do
trabalho realizado por ele. Em geral, os objetivos estão relacionados com
o tema ou problemática(s) delimitadas(s) pelo autor. Mas, nem sempre
os objetivos aparecem redigidos de maneira clara e direta. Muitas vezes,
você terá que inferir as intenções do autor do trabalho, a partir das
problemáticas que ele anuncia, das justificativas que permeiam o trabalho
ou, ainda, daquilo que o autor aponta como relevância do seu estudo.
Ao apontarmos ou redigirmos um ou mais objetivos, devemos tomar
cuidado na escolha do verbo mais adequado para caracterizar a ação
pretendida. Essa recomendação tanto serve para ajudar você a observar
e captar objetivos já redigidos no trabalho de alguém, como serve para
ajudá-lo a traçar os objetivos dos trabalhos científicos que você vai
redigir, como por exemplo, na redação de um artigo científico ou um
ensaio.
Santos (1999, p. 61- 62) traz uma significativa contribuição a esse
ARTIGO CIENTÍFICO
OU ENSAIO: Essas são
modalidades de trabalhos
científicos que são
utilizados para proceder a
publicações científicas.
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
43
UNIDADE 2
respeito, pois ele procede a uma classificação de verbos de conformidade
com estágios cognitivos que expressam ações pretendidas.
Verifique os estágios e os verbos que o autor indica:
•	 Estágio de conhecimento – Se expressa em verbos como
apontar, citar, classificar, conhecer, definir, descrever,
identificar, reconhecer, relatar.
•	 Estágio de compreensão – Em verbos como compreender,
concluir, deduzir, demonstrar, determinar, diferenciar, discutir,
interpretar, localizar, reafirmar.
•	 Estágio de aplicação – Em verbos como aplicar, desenvolver,
empregar, estruturar, operar, organizar, praticar, selecionar,
traçar.
•	 Estágio de análise – Em verbos como analisar, comparar,
criticar, debater, diferenciar, discriminar, examinar, investigar,
provar.
•	 Estágio de síntese – Em verbos como compor, construir,
documentar, especificar, esquematizar, formular, produzir,
propor, reunir, sintetizar.
•	 Estágio de avaliação – Em verbos como argumentar, avaliar,
contrastar, decidir, escolher, estimar, julgar, medir, selecionar.
A articulação das ideias
A articulação das ideias é o elemento correspondente ao processo
de desenvolvimento do texto ou obra em questão, e diz respeito aos
seguintes aspectos que o leitor deverá captar no resumo: - Quais são as
partes fundamentais do trabalho? O que é tratado em cada uma? - Como
se dá a progressão das ideias do autor? - Qual é a correlação entre as
partes do texto?
As conclusões do autor da obra resumida
A parte conclusiva deverá ser redigida na finalização do resumo
e se refere exclusivamente às conclusões (ainda que provisórias)
retiradas pelo autor do trabalho. Aqui é importante observar que não
se trata de o leitor colocar suas próprias conclusões, nem de emitir
juízos de valor sobre o texto do autor, mas, sim, de apresentar ao leitor as
reflexões, as descobertas, e os juízos que o autor traz como resultado do
desenvolvimento do seu trabalho.
b) Recomendações para a redação do resumo
No que diz respeito ao aspecto da forma de redação do resumo,
você deverá prestar atenção às seguintes recomendações:
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44
UNIDADE 2
Utilizar linguagem objetiva, ou seja, evitar floreios, rebuscamentos,
metáforas, analogias, etc, procurando sempre tratar do assunto de modo
direto.
Não fazer juízo crítico. O resumo não comporta juízo crítico ou
interpretação subjetiva de quem o redige. Se esse caso for desejável,
deve-se fazer uma resenha crítica e não um resumo. Por isso, é
importante lembrar que a característica essencial do resumo, como
trabalho acadêmico, é sintetizar as ideias de um autor ou um pesquisador
para apresentá-lo numa comunicação posterior, ou, simplesmente para
apreender suas ideias principais.
O resumo deve ser autossuficiente, de modo que não seja necessária
a consulta do texto original. Isso significa que entre as características do
resumo estão a de que deve ser inteligível por si mesmo e, ainda, visar
economia de tempo para quem o lê. Assim, o leitor do resumo somente
buscará o trabalho original se tiver em vista algum interesse especial. É
lendo o resumo que o leitor avalia se o texto ou obra em questão (um livro,
um capítulo, um artigo, uma dissertação ou tese) serve ou não aos seus
interesses acadêmicos ou merece ser lido na íntegra.
Não plagiar.
A repetição ou cópia de frases inteiras, tal qual aparecem no texto
original, é chamada de plágio. O plágio é crime que está previsto em lei.
(Lei nº. 9.610, de 19/02/1998). Para não incorrer no plágio, você deve
dar atenção especial à redação dos resumos e das paráfrases, ou fazer
citações. Contudo, sempre deverá referenciar o autor ou autores que lhe
serviram de fundamento.
Respeitar a ordem em que ideias e fatos são apresentados pelo autor.
Ao elaborar o resumo, você deverá respeitar a subordinação das
ideias e fatos tal como colocada pelo autor. Todavia, fará isso de forma
condensada e com suas próprias palavras. É importante lembrar, ainda,
que o resumo não é um amontoado de trechos retirados do texto original,
como também não é um fragmento deste.
Evitar o uso de parágrafos no interior do texto do resumo.
PLÁGIO: Assinar ou tomar
como seu, o trabalho
literário ou científico de
outrem.
CITAÇÕES: As citações de
autores e as referências
são normalizadas pela
ABNT. Veja as regras para
fazê-las no Manual de
Normalização da UEPG.
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
45
UNIDADE 2
Medeiros (1997) aponta que esta orientação é dada pela ABNT e
significa que o texto do resumo é escrito em um único parágrafo.
c) Tipos de resumo
Marconi e Lakatos (2001) reconhecem três tipos de resumos:
indicativo ou descritivo; informativo ou analítico; e resumo crítico.
Medeiros (1997) acrescenta a esses, um tipo misto de resumo, que
denomina informativo-indicativo. Veja, em seguida, as características de
cada tipo.
1. O resumo do tipo indicativo ou descritivo
Esse tipo de resumo destina-se a apresentar ao leitor apenas as
partes ou componentes mais importantes do texto (ou obra), como se
fosse uma espécie de sumário narrativo. Em geral, a maioria das frases
desse tipo de resumo é curta. Veja o exemplo que Medeiros (1997, p. 119)
oferece desse tipo de resumo:
ROCCO, Maria Thereza Fraga. Crise na linguagem: a redação
no vestibular. São Paulo: Mestre Jou, 1981, 184 p.
Estudo realizado sobre redações de vestibulandos da FUVEST.
Examina os textos com base nas novas tendências dos estudos
da linguagem, que buscam erigir uma gramática do texto, uma
teoria do texto. São objeto de seu estudo a coesão, o clichê,
a frase feita, o “não-texto” e o discurso indefinido. Parte de
conjecturas e indagações, apresenta os critérios para a análise,
o candidato, o texto e farta exemplificação.
Nesse exemplo, você pode notar que se trata de uma narração
simples, que não apresenta dados quantitativos e qualitativos. Dá, apenas,
uma visão bem geral do texto em questão.
2. O resumo do tipo informativo ou analítico
O tipo informativo ou analítico se detém mais na exploração do
conteúdo e dos componentes ou ideias principais da obra. É o tipo que
dispensa a consulta à obra original. Em virtude da sua inteligibilidade, ou
autossuficiência, podemos qualificá-lo como um “bom” resumo. Marconi
UniversidadeAbertadoBrasil
46
UNIDADE 2
Note o que dizem as autoras sobre esse tipo de resumo:
Sendo uma apresentação condensada do texto, esse tipo de resumo
não deve conter comentários pessoais ou julgamentos de valor, da
mesma maneira que não deve formular críticas. Deve ser seletivo
e não mera repetição de todas as idéias do autor. Utilizam-se, de
preferência, as próprias palavras de quem fez o resumo; quando cita
as do autor, apresenta-as entre aspas. Não sendo uma enumeração de
tópicos, o resumo informativo ou analítico deve ser composto de uma
seqüência corrente de frases concisas. Ao final do resumo, indicam-
se as palavras-chave do texto. (...) Deve-se dar preferência à forma
impessoal. (MARCONI e LAKATOS, 2001, p.74, ênfases na fonte).
e Lakatos (2001) salientam os seguintes elementos, que não podem faltar
no resumo do tipo informativo ou analítico:
•	 o assunto de que trata o texto e os seus objetivos;
•	 métodos e técnicas utilizados no estudo;
•	 resultados e conclusões.
Na sequência, apresentamos a você o exemplo de Medeiros (1997,
p. 119). Observe que o exemplo que se segue se refere à mesma obra
analisada para o resumo do tipo indicativo. Compare as duas formas e
observe bem as diferenças.
ROCCO, Maria Thereza Fraga. Crise na linguagem: a
redação no vestibular. São Paulo; Mestre Jou, 1981. 184 p.
Examina 1500 redações de candidatos a vestibulares (1978),
obtidas da FUVEST. O livro resultou de uma tese de doutoramento
apresentada à USP em maio de 1981. Objetiva caracterizar a
linguagem escrita dos vestibulandos e a existência de uma crise na
linguagem escrita, particularmente desses indivíduos. Escolheu
redações de vestibulandos pela oportunidade de obtenção de
um corpus homogêneo. Sua hipótese inicial é a da existência de
uma possível crise na linguagem e, através do estudo, estabelecer
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
47
UNIDADE 2
3. O resumo do tipo informativo/indicativo
Medeiros (1997) explica que esse é um tipo misto que contém
características dos dois tipo de resumo já vistos. O autor salienta que esse
tipo misto pode dispensar a leitura do texto original no que se refere às
conclusões, mas não em relação aos demais aspectos. Isso significa que o
tipo misto se detém mais em explicações sobre as conclusões do texto e é
mais econômico nas demais partes.
4. O resumo do tipo crítico
	 O resumo crítico é aquele que traz comentários a respeito do texto
original. Também é chamado de resenha ou recensão. Normalmente é
redigido por especialistas, podendo corresponder a diferentes tipos
de interpretações e/ou análises: da forma, do conteúdo, da lógica, da
argumentação, etc. O estudo da resenha será feito em uma seção a
parte, que lhe é especialmente destinada em virtude da frequência das
solicitações de resenha pelos professores no ensino superior. Desse modo,
na seção 3 – A elaboração de resenhas – você terá a oportunidade de se
aprofundar nesse tipo de trabalho acadêmico.
relações entre os textos e o nível de estruturação mental de seus
produtores. Entre os problemas, ressaltam-se a carência de nexos,
de continuidade e quantidade de informações, ausência de
originalidade. Também foram objeto de análise condições externas
como família, escola, cultura, fatores sociais e econômicos. Um
dos critérios utilizados para a análise é a utilização do conceito de
coesão. A autora preocupa-se ainda com a progressão discursiva,
com o discurso tautológico, as contradições lógicas evidentes, o
nonsense, os clichês, as frases feitas. Chegou à conclusão de que
34,8% dos vestibulandos demonstram incapacidade de domínio dos
termos relacionais; 16,9% apresentam problemas de contradições
lógicas evidentes. A redundância ocorreu em 15,2% dos textos. O
uso excessivo de clichês e frases feitas aparece em 69% dos textos.
Somente em 40 textos verificou-se a presença de linguagem
criativa. Às vezes o discurso estrutura-se com frases bombásticas,
pretensamente de efeito. Recomenda a autora que uma das formas
de combater a crise estaria em se ensinar a refazer o discurso falho
e a buscar a originalidade, valorizando o devaneio.
UniversidadeAbertadoBrasil
48
UNIDADE 2
SEÇÃO 3
A ELABORAÇÃO DE RESENHAS
Comotrabalhoacadêmico,aelaboraçãodeumaresenhabibliográfica
tem um grande valor pedagógico, pois, para fazê-la, o estudante deverá
sintetizar e selecionar os conteúdos de um artigo científico ou de um
livro recentemente publicado.
Na vivência científica dos pesquisadores, a resenha tem o papel de
funcionar como uma primeira tomada de conhecimento sobre o conteúdo
de obras recém- colocadas no mercado, ou mesmo de artigos publicados
nos últimos números das revistas científicas. É através da resenha que o
leitor toma conhecimento prévio do conteúdo de um texto, podendo, por
meio dela, avaliar se vale a pena utilizá-lo na bibliografia de um dado
trabalho científico, ou, simplesmente, adquiri-lo para a sua leitura.
Embora tratemos aqui especificamente da resenha cujos objetos
podem ser livros e artigos – também denominada de análise bibliográfica
ou resenha bibliográfica - é interessante que você saiba que também
podem ser objetos de uma resenha um filme, uma peça de teatro, uma
obra cultural, etc. (MEDEIROS, 1007, p.136). Todavia, tais casos fogem
ao escopo do presente texto.
a) Tipos de resenha
Medeiros (1997) e Severino (2002) admitem dois tipos de resenha:
a resenha descritiva ou informativa, caracterizada pela mera exposição
do conteúdo da obra analisada; e a resenha crítica, caracterizada por uma
apreciação do resenhista acerca da obra em questão, ou de certos aspectos
dela.
Marconi e Lakatos (2001) entendem a resenha como sendo sempre,
e necessariamente, “crítica”. Estas autoras não mencionam outro tipo de
resenha que não seja a crítica. Veja, a seguir, o que as autoras afirmam
sobre o conceito e a finalidade da resenha, e note o aspecto crítico que as
autoras ressaltam:
Vejamos, a seguir, como você poderá estruturar a sua resenha crítica.RESENHISTA é quem
escreve a resenha. Se é
você que vai fazê-lo, você
será o resenhista.
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49
UNIDADE 2
b) A estrutura da resenha crítica
A seguir você terá dois roteiros de diferentes autores de metodologia
científica, que podem ser utilizados quando você precisar fazer uma
resenha. Note, com bastante atenção, os itens que cada autor sugere
como elementos que devem compô-la.
Entretanto, quando você for escrever suas resenhas, você deve
compreender ainda que o texto não deve ser repartido em tópicos e
subdivisões, tais como os que nós trouxemos nos roteiros que servem de
exemplos. Esses roteiros têm apenas uma finalidade didática, e servem
para levá-lo a compreender quais são os elementos a serem abordados.
Na verdade, a única separação visível das partes da resenha será entre a
referência bibliográfica e o restante do texto.
Resenha crítica é uma descrição minuciosa que compreende certo número de fatos: é a
apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formulação de
um conceito de valor do livro feitos pelo resenhista.
A resenha, em geral, é elaborada por um cientista que, além do conhecimento sobre o assunto,
tem capacidade de juízo crítico. Também pode ser realizada por estudantes; nesse caso, como um
exercício de compreensão e crítica.
A finalidade de uma resenha é informar ao leitor, de maneira objetiva e cortês, sobre o assunto
tratado no livro, evidenciando a contribuição do autor: novas abordagens, novos conhecimentos, novas
teorias. A resenha visa, portanto, a apresentar uma síntese das idéias fundamentais da obra.
O resenhista deve resumir o assunto e apontar as falhas e os erros de informação encontrados,
sem entrar em muitos pormenores e, ao mesmo tempo, tecer elogios aos méritos da obra, desde que
sinceros e ponderados. (MARCONI e LAKATOS, 2001, p. 90).
Ao analisarmos os dois casos (resenha descritiva e resenha crítica), logo percebemos que
ambos comportam o resumo da obra, a apresentação dos objetivos do autor, o destaque à temática
ou problemática delimitada, bem como o devido destaque às suas partes ou ideias principais, mas
é apenas na resenha crítica que acrescentamos o item de apreciação ou comentário crítico que o
resenhista faz do texto que leu.
Arespeito do(s) comentário(s) crítico(s) que o resenhista fará sobre a obra, é importante lembrar
que este(s) se refere(m) tanto aos aspectos positivos como aos negativos. Severino (2002) sugere que
o comentário crítico seja a última parte do texto da resenha, após a exposição de todo o conteúdo.
Todavia, dependendo da habilidade de escrita e da competência do resenhista, as críticas podem ser
feitas de modo difuso; à medida que ele vai expondo, vai também tecendo os comentários críticos.
Outro aspecto valioso que deve ser lembrado a respeito da crítica na elaboração de uma
resenha é que esta deve se destinar única e exclusivamente às ideias e posições do autor, jamais à
sua pessoa. Ou seja, as críticas são dirigidas às ideias, e não ao autor.
Também é importante deixar claro que o resenhista deve assumir responsavelmente as críticas
que fizer, trazendo ao seu texto argumentos e fundamentações consistentes, baseadas no seu estudo
de outras teorias e/ou outros autores. Deve evitar, também, a crítica que expressa simplesmente um
gosto pessoal, no estilo “gostei”, “não gostei”, “acho que...”.
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UNIDADE 2
1º. Exemplo de roteiro de resenha, sugerido por Marconi e Lakatos
(2001, p. 91-92):
1. Referência bibliográfica:
Autor(es)
Título (subtítulo)
Imprensa (local de edição, editora, data)
Número de páginas
Ilustrações (tabelas, gráficos, fotos, etc.)
2. Credenciais do autor:
Informações gerais sobre o autor
Autoridade no campo científico
Quem fez o estudo?
Quando? Por quê? Onde?
3. Conhecimento:
Resumo detalhado das ideias principais
De que trata a obra? O que diz?
Possui alguma característica especial?
Como foi abordado o assunto?
Exige conhecimentos prévios para entendê-la?
4. Conclusão do autor:
O autor traz conclusões?
Onde foram colocadas? (final do livro ou dos capítulos?)
Quais foram?
5. Quadro de referências do autor:
Modelo teórico
Que teoria serviu de embasamento?
Qual o método utilizado?
6. Apreciação:
a) Julgamento da obra:
Como se situa o autor em relação:
- às escolas ou correntes científicas, filosóficas, culturais?
- às circunstâncias culturais, sociais, econômicas, históricas, etc.?
b) Mérito da obra:
Qual a contribuição dada?
Ideias verdadeiras, originais, criativas?
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
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UNIDADE 2
Conhecimentos novos amplos, abordagem diferente?
c) Estilo:
Conciso, objetivo, simples?
Claro, preciso, coerente?
Linguagem correta?
Ou o contrário?
d) Forma:
Lógica, sistematizada?
Há originalidade e equilíbrio na disposição das partes?
e) Indicação da obra:
A quem é dirigida: grande público, especialistas, estudantes?
2º. Exemplo de roteiro de resenha, sugerido por Medeiros (1997, p. 136-
137):
Referência bibliográfica:
- Autor
- Título da obra
- Elementos de imprenta (local da edição, editora, data)
- Número de páginas.
- Formato
Exemplo:
GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna: aprenda a
escrever, aprendendo a pensar. 8. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1980.
522 p. 14 x 21 cm.
1. Credenciais do autor:
- Informações sobre o autor, nacionalidade, formação universitária,
títulos, livro ou artigo publicado.
2. Resumo da obra (digesto):
- Resumo das ideias principais da obra. De que trata o texto? Qual é sua
característica principal? Exige algum conhecimento prévio para entendê-
la? Descrição do conteúdo dos capítulos ou partes da obra.
3. Conclusões da autoria:
- Quais as conclusões a que o autor chegou?
4. Metodologia da autoria:
- Que métodos utilizou? Dedutivo? Indutivo? Histórico? Comparativo?
Estatístico?
- Que técnicas utilizou? Entrevista? Questionários?
UniversidadeAbertadoBrasil
52
UNIDADE 2
5. Quadro de referência do autor:
- Que teoria serve de apoio ao estudo apresentado? Qual o modelo teórico
utilizado?
6. Crítica do resenhista (apreciação):
- Julgamento da obra. Qual a contribuição da obra? As ideias são originais?
Como é o estilo do autor: conciso, objetivo, simples? Idealista? Realista?
7. Indicações do resenhista:
- A quem é dirigida a obra? A obra é endereçada a que disciplina? Pode
ser adotada em algum curso? Qual?
Você deve ter observado que os dois exemplos de roteiros que acabou
de ler são muito semelhantes. Diferem apenas na forma de abordagem
dos seus autores. Se você prestar atenção a cada item do roteiro, verá que
um complementa o outro.
	 Outro detalhe importante diz respeito à frequente confusão que
muitos estudantes fazem entre resenha e resumo. Se você analisar todos
os itens que compõem uma resenha, você notará que o resumo é apenas
um elemento estrutural da resenha, ou seja, resumo e resenha não se
confundem, pois o primeiro (resumo) está incluso no segundo (resenha).
	 É bom lembrar também que o resumo não comporta juízo crítico
ou valorativo, enquanto a resenha admite abordagens na forma de
apreciação crítica que o resenhista fará sobre certos elementos da obra.
MetodologiadoTrabalhoAcadêmico
53
UNIDADE 2
Como você já viu, nesta unidade caracterizamos as modalidades de trabalhos acadêmicos
científicos, considerando que estes se diferenciam em função dos objetivos a atingir, da natureza do
objeto de estudo e das especificidades das áreas de conhecimento.
Você estudou que, embora a nomenclatura “monografia” seja utilizada para trabalhos de final de
graduação e pós-graduação lato sensu, também as dissertações e teses, que são trabalhos de pós-
graduação stricto sensu, são monografias.
Para Severino (2002), chamamos monografia o trabalho científico que recebe tratamento estruturado
de um único tema problematizado e delimitado. Medeiros (1997) considera a monografia como uma
dissertação que trata de um tema ou assunto particular, de forma sistemática e completa. Desse modo,
podemos considerar que todo trabalho monográfico deve apresentar:
•	 o estudo de um tema ou problema bem delimitado;
•	 o tratamento desse tema ou problema de modo profundo;
•	 a adequação metodológica (sistemática e completa);
•	 a estrutura dissertativa (que impõe a estrutura tripartida: introdução, desenvolvimento e
conclusão).
As dissertações e teses são tipos especiais de monografias que exigem maior rigorosidade teórica
e metodológica no estudo da problematização em pauta. Enquanto a dissertação de mestrado possui
um caráter de primeira manifestação pessoal de pesquisa, a tese deve ser original, ou seja, deve gerar
conhecimento novo a respeito do tema ou problema em foco, de modo a contribuir para o avanço da
ciência.
O resumo e a resenha são tipos de trabalhos acadêmicos científicos comumente solicitados no
ensino superior.
O resumo é um texto conciso, a ser escrito com palavras próprias, que contenha a síntese das
ideias do seu autor. Ao escrever um resumo, você deverá extrair as ideias do texto lido, sendo-lhes
fiel, porém apresentando-as de modo próprio, sintetizado, articulado e seletivo. Não podem faltar no
resumo: o assunto, os objetivos do autor, a articulação das ideias, e as conclusões a que o autor
chegou. Algumas recomendações são importantes para a elaboração do seu resumo: usar linguagem
objetiva; não fazer juízo crítico, nem interpretação subjetiva; buscar a autossuficiência, de modo a não
gerar consulta ao texto original para o leitor; não plagiar; respeitar a ordem das ideias e fatos tais como
apresentados; e, finalmente, utilizar um único parágrafo.
O resumo comporta possibilidades ou tipos, de acordo com seus objetivos: indicativo ou descritivo,
informativo ou analítico, tipos mistos e o tipo crítico, sendo que este último se assemelha à resenha.
A resenha ou análise bibliográfica é um texto com características próprias, que não se confunde
com o resumo da obra, embora o contenha. Seu papel é funcionar, para o leitor, como uma primeira
tomada de conhecimento sobre o conteúdo de certas obras, geralmente recém-publicadas, para avaliar
se vale a pena utilizá-las na bibliografia de um trabalho científico e/ou se é necessário proceder a sua
leitura total. Em função disso, a resenha também comporta: as credenciais do autor, a apresentação da
obra, a apreciação do conteúdo, da forma, do estilo e do mérito, geralmente finalizando com a indicação
do público para o qual a obra pode ser dirigida.
O texto da resenha não comporta subdivisões, a não ser entre a referência bibliográfica e o corpo
do texto.
Esperamos que os seus estudos nesta unidade venham a contribuir para que você compreenda os
objetivos e elabore corretamente seus trabalhos científicos.
UniversidadeAbertadoBrasil
54
UNIDADE 2
Não deixe de ler o artigo: Evitando o plágio: orientações metodológicas e dicas gerais, escrito pelo
Prof. Fernando Manuel Pacheco Botelho. Você poderá encontrá-lo em: http://www.doctumtec.com.br/
doctum/unidades/guarapari/artigos/document.2006-10-24.3703092288
1. Enumere, a seguir, características que permitem denominar um trabalho de monográfico:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2. Leia o texto com atenção e faça o que se pede a seguir:
Como podemos prevenir o abuso de drogas na adolescência?
Implicações educacionais
Evely Boruchovitch
Doutora em Psicologia Educacional
UNICAMP
	
Trata-se de tarefa árdua, como aponta Bucher (1986), pois nos obriga a indagar e a refletir
sobre a questão de como prevenir o uso de drogas entre eles, tendo em vista que vivemos num contexto
social que favorece o consumo maciço das mesmas.
Todavia, alguns esforços vêm sendo empreendidos nesse sentido. A educação preventiva
contra as drogas tem se baseado no uso de três estratégias: 1) Persuasão moral, 2) Disseminação de
informação fatual e 3) Promoção e desenvolvimento da competência social nos adolescentes (White,
1989).
A persuasão moral não é uma técnica eficaz, pois consiste em evitar que eles se engajem
no uso de drogas através de mensagens exageradas que apelam para o medo, criando um hiato na
comunicação entre adultos e adolescentes. Na realidade, técnicas que têm como objetivo promover o
medo podem ter efeitos opostos, principalmente quando se trata de adolescentes que têm necessidade
de explorar e correr riscos (Baumrind, 1985) e que não se deixariam (de se?) desviar de seus interesses
pelo medo (Bucher, 1986).
O simples ensino das propriedades farmacológicas das drogas e de seus efeitos psicoativos
também não tem sido capaz de eliminar ou diminuir o seu uso. Além das evidências que existem sobre a
dificuldade em se transformar o conhecimento científico em comportamento saudável (Carvalho,1990),
é bem verdade que o ensino científico dos malefícios das drogas, quando ocorre, acontece tarde
demais, tendo muitos adolescentes já até se tornado usuários.
A estratégia mais promissora na prevenção do uso de drogas tem sido a promoção e o
desenvolvimento da competência social do adolescente. Essa técnica se baseia na aprendizagem por
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  • 1. PONTA GROSSA - PARANÁ 2010 Priscila Larocca Desirée Salles Rosa EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA METODOLOGIA DO TRABALHO ACADÊMICO LICENCIATURA EM Pedagogia
  • 2. CRÉDITOS UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PR Tel.: (42) 3220 3163 www.nutead.org 2011 Todos os direitos reservados ao Ministério d Educação Sistema Universidade Aberta do Brasil Colaboradores em Informática Carlos Alberto Volpi Carmen Silvia Simão Carneiro Adilson de Oliveira Pimenta Júnior Projeto Gráfico Anselmo Rodrigues de Andrade júnior Colaboradores em EAD Dênia Falcão de Bittencourt Jucimara Roesler Colaboradores de Publicação Vera Marilha Domingues – Revisão Rosecler Pistum Pasqualini – Revisão Paulo Henrique de Ramos – Ilustração Eloíse Guenther – Diagramação Colaboradores Operacionais Carlos Alex Cavalcante Edson Luis Marchinski Thiago Barboza Taques João Carlos Gomes Reitor Carlos Luciano Sant’ana Vargas Vice-Reitor Ficha catalográfica elaborada pelo Setor Tratamento da Informação BICEN/UEPG. Pró-Reitoria de Assuntos Administrativos Ariangelo Hauer Dias – Pró-Reitor Pró-Reitoria de Graduação Graciete Tozetto Góes – Pró-Reitor Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância Leide Mara Schmidt – Coordenadora Geral Cleide Aparecida Faria Rodrigues – Coordenadora Pedagógica Sistema Universidade Aberta do Brasil Hermínia Regina Bugeste Marinho – Coordenadora Geral Cleide Aparecida Faria Rodrigues – Coordenadora Adjunta Elenice Parise Foltran – Coordenadora de Curso Clícia Bührer Martins – Coordenadora de Tutoria Colaborador Financeiro Luiz Antonio Martins Wosiack Colaboradora de Planejamento Silviane Buss Tupich Larocca, Priscila L326m Metodologia do Trabalho Acadêmico / Priscila Larocca e Desirée Salles Rosa. Ponta Grossa : UEPG/ NUTEAD,2011. 127p. il. Licenciatura em Pedagogia - Ensino à distância. 1. Trabalho Científico - modalidades. 2. Trabalhos Científicos – Normalização Técnica. 3. Divulgação e publicação científica. 4. Seminários. I. Rosa, Desirée Salles. II. T. CDD : 001.42
  • 3. APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL AUniversidade Estadualde PontaGrossaéumainstituiçãode ensino superior estadual, democrática, pública e gratuita, que tem por missão responder aos desafios contemporâneos, articulando o global com o local, a qualidade científica e tecnológica com a qualidade social e cumprindo, assim, o seu compromisso com a produção e difusão do conhecimento, com a educação dos cidadãos e com o progresso da coletividade. No contexto do ensino superior brasileiro, a UEPG se destaca tanto nas atividades de ensino, como na pesquisa e na extensão Seus cursos de graduação presenciais primam pela qualidade, como comprovam os resultados do ENADE, exame nacional que avalia o desempenho dos acadêmicos e a situa entre as melhores instituições do país. A trajetória de sucesso, iniciada há mais de 40 anos, permitiu que a UEPG se aventurasse também na educação a distância, modalidade implantada na instituição no ano de 2000 e que, crescendo rapidamente, vem conquistando uma posição de destaque no cenário nacional. Atualmente, a UEPG é parceira do MEC/CAPES/FNED na execução do programas Pró-Licenciatura e do Sistema Universidade Aberta do Brasil e atua em 38 polos de apoio presencial, ofertando, diversos cursos de graduação, extensão e pós-graduação a distância nos estados do Paraná, Santa Cantarina e São Paulo. Desse modo, a UEPG se coloca numa posição de vanguarda, assumindo uma proposta educacional democratizante e qualitativamente diferenciada e se afirmando definitivamente no domínio e disseminação das tecnologias da informação e da comunicação. Os nossos cursos e programas a distância apresentam a mesma carga horária e o mesmo currículo dos cursos presenciais, mas se utilizam de metodologias, mídias e materiais próprios da EaD que, além de serem mais flexíveis e facilitarem o aprendizado, permitem constante interação entre alunos, tutores, professores e coordenação. Esperamos que você aproveite todos os recursos que oferecemos para promover a sua aprendizagem e que tenha muito sucesso no curso que está realizando. A Coordenação
  • 4.
  • 5. SUMÁRIO ■■ PALAVRAS DAS PROFESSORAS 7 ■■ OBJETIVOS E EMENTA 9 OTRABALHO CIENTÍFICO 11 ■■ SEÇÃO 1 - CARACTERIZAÇÃO DA CIÊNCIA E DO TRABALHO CIENTÍFICO 13 ■■ SEÇÃO 2 - A ESTRUTURA LÓGICA DO TRABALHO CIENTÍFICO 16 ■■ SEÇÃO 3 - FORMAS DE RACIOCÍNIO E TRATAMENTO DO OBJETO DE ESTUDO NO TRABALHO CIENTÍFICO 21 ■■ SEÇÃO 4 - A ELABORAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS: DEMONSTRAÇÃO, ARGUMENTAÇÃO, LINGUAGEM E NORMALIZAÇÃO TÉCNICA 24 MODALIDADES DE TRABALHOS CIENTÍFICOS 35 ■■ SEÇÃO 1 - MONOGRAFIAS, DISSERTAÇÕES E TESES 37 ■■ SEÇÃO 2 - O RESUMO COMO TRABALHO ACADÊMICO 41 ■■ SEÇÃO 3 - A ELABORAÇÃO DE RESENHAS 48 NORMALIZAÇÃO TÉCNICA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS 59 ■■ SEÇÃO 1 - ASPECTOS TÉCNICOS E OPERACIONAIS DA REDAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS 61 ■■ SEÇÃO 2 - USO DE CITAÇÕES, SISTEMAS DE CHAMADA E NOTAS 65 ■■ SEÇÃO 3 - A ELABORAÇÃO DAS REFERÊNCIAS 74 DIVULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO CIENTÍFICA 83 ■■ SEÇÃO 1 - OS ESPAÇOS DE DIVULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO 84 ■■ SEÇÃO 2 - ARTIGOS CIENTÍFICOS, ENSAIOS E PAPERS 89 ■■ SEÇÃO 3 - A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA 93 SEMINÁRIOS 109 ■■ SEÇÃO 1 - A TÉCNICA DO SEMINÁRIO 110 ■■ BIBLIOGRAFIA 117 ■■ AUTO-AVALIAÇÃO 119 ■■ NOTAS SOBRE OS AUTORES 127
  • 6.
  • 7. PALAVRAS DAS PROFESSORAS Quando iniciamos uma graduação universitária, precisamos ter em conta que uma das principais exigências desse nível de formação, não importa sobre qual disciplina ou área de conhecimento estejamos nos debruçando, refere-se à necessidade de elaborar trabalhos científicos. Na escolaridade anterior é comum que trabalhos dos estudantes apresentem cópias literais de trechos e afirmativas de autores que foram retirados dos livros das bibliotecas, ou da Internet, sem que haja, por parte de quem faz o trabalho, qualquer preocupação em dar-lhes o devido crédito. Embora indevidas, práticas dessa natureza são relativamente frequentes entre os estudantes, sendo muitas vezes toleradas pelos professores, quando se trata de alunos crianças ou ainda muito jovens. Uma vez que os estudantes universitários são adultos e têm em vista a formação profissional, é preciso superar tais práticas, pois o trabalho científico não admite a cópia e deve alcançar cada vez mais autonomia e cientificidade, tanto no conteúdo, quanto na forma. Neste livro, preocupamo-nos em trazer até você subsídios de metodologia científica a fim de orientá-lo/a para a elaboração, divulgação e publicação de diferentes tipos de trabalhos que você será solicitado/a fazer na sua vida acadêmica. O livro contém conteúdos e atividades relativas ao trabalho científico, à sua elaboração, estrutura, raciocínio e modalidades que o caracterizam. Com ele você aprenderá a elaborar resumos e resenhas, compreenderá a importância da normalização técnica dos trabalhos científicos e será solicitado a exercitá-la. O livro traz, ainda, conhecimentos relativos a diferentes espaços de divulgação e publicação científica, à redação de artigos, ensaios e papers, tratando, finalmente, da comunicação científica e da realização de seminários. Estamos certas de que você terá um excelente aproveitamento e esperamos que este livro contribua efetivamente para que a sua formação acadêmica e profissional seja Profas. Priscila Larocca e Desirée Salles Rosa.
  • 8.
  • 9. OBJETIVOS E EMENTA Objetivos Ao término de seus estudos nesta disciplina, esperamos que você seja capaz de: ■■ Caracterizar ciência e trabalho científico. ■■ Distinguir entre conhecimento do senso comum e conhecimento científico. ■■ Reconhecer que o trabalho científico é produzido com base em uma metodologia científica. ■■ Analisar o processo lógico do trabalho científico. ■■ Refletir sobre a importância da demonstração e da argumentação no trabalho científico. ■■ Utilizar linguagem adequada na elaboração de trabalhos científicos. ■■ Buscar o significado de vocábulos desconhecidos nos dicionários e obras especializadas. ■■ Utilizar a normalização técnica para estruturar e redigir os textos de trabalhos acadêmicos. ■■ Reconhecer a importância da normalização técnica para a padronização do formato e da apresentação de citações e referenciais bibliográficos utilizados nos trabalhos acadêmicos. ■■ Identificar as características das diferentes modalidades de trabalho científico: monografia, dissertação, tese, resumo e resenha. ■■ Identificar os elementos que compõem o resumo. ■■ Analisar os tipos de resumo: descritivo, analítico, misto e crítico. ■■ Compreender o papel da resenha bibliográfica como trabalho acadêmico. ■■ Identificar os elementos necessários para a elaboração de resenhas. ■■ Compreender a divulgação do trabalho científico como instrumento de correção e avanço do trabalho científico, bem como de sua socialização. ■■ Identificar objetivos e formatos de diferentes tipos de eventos científicos. ■■ Compreender a importância das revistas científicas na divulgação do conhecimento. ■■ Compreender a importância das publicações científicas para o avanço da
  • 10. ciência. ■■ Reconhecer as principais formas de publicação científica e suas características. ■■ Observar as normas técnicas próprias de diferentes revistas científicas, no tocante à submissão de trabalhos. ■■ Identificar as principais características dos artigos e ensaios. ■■ Compreender a importância da comunicação científica, sua finalidade, estrutura e estágios. ■■ Reconhecer o seminário como estratégia formativa. ■■ Identificar o papel de cada componente na realização de seminários acadêmicos. ■■ Utilizar o roteiro do seminário em situações práticas. Ementa ■■ O trabalho científico. Modalidades de trabalhos científicos: monografias, resenhas, resumos, dissertações e teses. Elaboração de trabalhos científicos. Normalização técnica de trabalhos científicos. Publicações científicas (artigos, comunicações de pesquisa, ensaios, papers). Seminários.
  • 11. O TRABALHO CIENTÍFICO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM ■■ Caracterizar ciência e trabalho científico. ■■ Distinguir conhecimento do senso comum de conhecimento científico. ■■ Reconhecer que o trabalho científico é produzido com base em uma metodologia científica. ■■ Analisar o processo lógico do trabalho científico. ■■ Refletir sobre a argumentação. ROTEIRO DE ESTUDOS ■■ SEÇÃO 1: Caracterização da ciência e do trabalho científico ■■ SEÇÃO 2: A estrutura lógica do trabalho científico ■■ SEÇÃO 3: Formas de raciocínio e tratamento do objeto de estudo no trabalho científico ■■ SEÇÃO 4: A elaboração de trabalhos científicos: demonstração, argumentação, linguagem e normalização técnica UNIDADEI
  • 12. UniversidadeAbertadoBrasil 12 UNIDADE 1 PARA INÍCIO DE CONVERSA Nesta unidade, caracterizamos o pensamento e o trabalho científico, pois na educação superior você será chamado constantemente a pensar de maneiracientífica,aproduzireaanalisartrabalhosquedevemsesituardentro dasprerrogativasdoconhecimentocientífico.Porisso,énecessárioquevocê compreendabemasexposiçõesquefaremosnestaunidadesobreoqueéecomo seapresentaumtrabalhocientífico,equepasseautilizar,aolongodasuavida acadêmica, as contribuições que trazemos aqui para você. Todos nós sabemos que o homem, como ser inteligente que é, produz conhecimentos nas mais diversas situações da vida diária. Contudo, é preciso compreender que os conhecimentos científicos diferem substancialmente daqueles que são produzidos e divulgados no cotidiano das relações sociais espontâneas, caracterizados habitualmente como conhecimentos de senso comum. A rigorosidade em sua produção, publicação e divulgação é provavelmenteacaracterísticamaisdistintivaemarcantedoconhecimento científico. Daí porque a questão metodológica se impõe como seu alicerce, permitindo-nos afirmar que todo conhecimento científico deve ser produzido a partir de uma metodologia científica. Isto significa que, cada vez que você tiver que produzir um trabalho científico em sua vida acadêmica, será essencial levar em conta que ele exigirá a redação e apresentação de um texto portador de características próprias. Tais características deverão ser atendidas ao lado de outras que se referem aos conteúdos específicos das áreas de conhecimento sobre os quais o seu trabalho também se fundamentará. Essas características se referem: • à estrutura dissertativa e articulada do texto do trabalho científico; • às formas de raciocínio e de tratamento que você deve utilizar em relação ao seu objeto de estudo; • aos modos de elaborar e fundamentar as demonstrações e argumentações que você pretende realizar; • ao uso adequado do vocabulário; e, finalmente, • à obediência à normalização técnica para a redação e apresentação do seu trabalho científico.
  • 13. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico UNIDADE 1 13 Na vida cotidiana, o homem produz conhecimentos de acordo com suas necessidades de resolver problemas práticos. A esse tipo de conhecimento costumamos chamar senso-comum. Osenso-comuméumconhecimentoformadoporinúmerastentativas e erros; muitas vezes é atravessado pelas nossas intuições, por hábitos que adquirimos ou por tradições e crenças veiculados de maneira espontânea em nosso cotidiano social. O fato é que o conhecimento de senso comum é também passado de geração para geração, por meio do aprendizado que os mais novos vão acumulando através da orientação dos mais velhos e experientes. Todavia, esse tipo de conhecimento não é suficiente para atender às exigências de desenvolvimento da humanidade, pois, em sua espontaneidade, o senso comum não é um conhecimento sistematizado, organizado, além de ser atravessado por tradições, crenças e superstições que fogem ao domínio da razão. Embora originado nos problemas cotidianos, os homens desenvolveram outro tipo de conhecimento mais sistemático, formal e controlado,quediferesubstancialmentedosensocomum,poiséproduzido de maneira não espontânea. A esse conhecimento denominamos “conhecimento científico”, sendo sua produção denominada “trabalho científico”. O conhecimento de senso comum difere do conhecimento científico, construído sobre as bases da ciência. A ciência, segundo Bock (1989, p.19), “compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso através de uma linguagem precisa e rigorosa.” SEÇÃO 1 CARACTERIZAÇÃO DA CIÊNCIA E DO TRABALHO CIENTÍFICO As quatro seções que compõem esta primeira unidade de estudo tratam, portanto, dessas características. Ao estudá-las, você observará que cada uma delas comporta desdobramentos, explicações e reflexões que você deve analisar e fixar, sem esquecer de realizar as atividades previstas para esta unidade, ao final das quatro seções. Bom proveito na leitura e vamos ao trabalho!
  • 14. UniversidadeAbertadoBrasil 14 UNIDADE 1 Para ser científico, o conhecimento deve ser obtido de modo programado, sistemático e controlado, possibilitando que a experiência que o produziu possa ser reproduzida, checada em sua validade, e até mesmo refutada. É dessa forma que o saber científico poderá ser transmitido, verificado, negado, utilizado, e até mesmo reconstruído, pois uma das mais importantes características de um conhecimento científico está na possibilidade de sua continuidade. Segundo Bock (1989), “um novoconhecimento é produzido sempre a partir de algo anteriormente desenvolvido. Nega-se, reafirma-se, descobrem-se novos aspectos e assim a ciência avança.” (p.19). Observe, no quadro que se segue, as características próprias do conhecimento científico e reflita sobre as diferenças entre essas características e as do conhecimento de senso comum. SENSO COMUM CONHECIMENTO CIENTÍFICO Todo ser humano, de qualquer nível cultural. Especialistas de áreas diferentes da ciência. Ocasional, assistemático, ametódico. Programado, sistemático e metódico. Noções são baseadas em especulação e são raramente submetidas a qualquer espécie de teste de exatidão. Requer clareza e exatidão: definições operacionais e verificações de possíveis erros. Suas explicações são superficiais e muitas vezes sem comprovação. É explicativo – (causas, consequências e relações com outros fenômenos). É superficial – conhece a realidade somente em sua aparência – baseia-se em opiniões. É mais profundo, atêm-se aos fatos e também os transcende (busca relações com outros fatos). Não tem intenção de formular um conjunto de conhecimento ordenado e comprovado. Busca e aplica leis. Leis válidas para os casos que ocorrerem nas mesmas condições. Não questiona, não analisa, aceita passivamente, sem análise. É crítico, rigoroso, objetivo, prova sua ideia, demonstra – é verificável. A comunicação é baseada em preferências, opiniões, muitas vezes de forma persuasiva. É comunicável – sua comunicação é informativa e não expressiva. Seu propósito é comunicar e não seduzir. Não dá para prever eventos futuros da mesma forma. Pode fazer predições, prognósticos. Sujeito a erro. Menor possibilidade de erro. Quadro comparativo extraído de Di Domenico e Cassetari (2002, p. 58).
  • 15. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico UNIDADE 1 15 Podemos perceber, neste quadro, que uma das chaves para a construção do conhecimento científico situa-se na questão metodológica. Assim, não importa a área de conhecimentos de que estejamos tratando, todo conhecimento, para ser científico, deve ser produzido sobre as bases de uma metodologia científica. Veja o que diz Bock sobre o conhecimento científico: Objeto específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas específicas, processo cumulativo do conhecimento, objetividade fazem da ciência uma forma de conhecimento que supera em muito o conhecimento espontâneo do senso comum. Esse conjunto de características é o que permite que denominemos de científico a um conjunto de conhecimentos. (BOCK, 1989, p.19, grifos da autora). Os aspectos metodológicos do trabalho científico se tornam gradativamente mais importantes, na medida em que os estudantes se familiarizam com as convenções e regras da comunidade científica e ganham experiência na produção do conhecimento. Veja, agora, como podemos conceituar o trabalho científico: Para Severino (2002), do ponto de vista lógico, o trabalho científico é um discurso que, em geral, assume a forma dissertativa e visa demonstrar, mediante argumentos, uma tese, que é uma solução proposta para um problema, relativo a determinado tema. O objetivo de demonstrar uma tese ou uma ideia é, portanto, a razão de ser do trabalho científico, e isso é feito por meio de argumentos, ou seja, pela “articulação de ideias e fatos, portadores de razões que comprovem aquilo que se quer demonstrar.” (SEVERINO, 2002, p.183). Notamos, portanto, que o trabalho científico se funda sobre o alicerce de um processo reflexivo lógico, o qual irá se materializar num texto que deve ser portador de um discurso completo, cuja forma mais usual é a dissertativa. Assim, você não deve esquecer que: “... o trabalho científico assume a forma dissertativa, pois seu objetivo é demonstrar, mediante argumentos, uma tese, que é uma solução
  • 16. UniversidadeAbertadoBrasil 16 UNIDADE 1 proposta para um problema, relativo a determinado tema.” (SEVERINO, 2002, p.183, grifos do autor). Vimos que o trabalho científico deve apresentar-se como um discurso completo e articulado. Isso impõe a necessidade de uma estrutura lógica para a sua apresentação. Como a dissertação é o formato mais comum do trabalho científico, vejamos o que diz Medeiros (1997, p. 199) a esse respeito: “Denomina-se dissertativo todo texto que apresenta um juízo valorativo sobre um fato, ou acontecimento, ou uma opinião sobre um objeto ou ação, ou uma visão subjetiva sobre um assunto.” Ao pretendermos produzir um trabalho científico, devemos prestar atenção em certos requisitos que devem ser atendidos no processo de produção do nosso texto. Vejam agora, quais são eles: REQUISITOS PARA A PRODUÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO - a estrutura do trabalho - o raciocínio e o tratamento do objeto - a demonstração e a argumentação - o vocabulário - as normas técnicas da redação científica Como você pode verificar, todos esses requisitos se referem unicamente ao aspecto metodológico da produção do trabalho científico. Devemos lembrar que há, ainda, o aspecto dos conteúdos que o trabalho abordará. Estes serão objeto dos seus estudos nas diferentes disciplinas do seu curso, mediante a orientação dos seus professores. Nas seções que se seguem, cada um desses requisitos será explicitado. No conceito de texto dissertativo fica evidente que o trabalho a ser produzido deve expressar a elaboração de um ou mais pontos de vista de quem o escreve acerca do objeto em estudo. Se não for assim, podemos entender que o trabalho não trará contribuições efetivas ao estudo do problema e da temática abordados, configurando-se, apenas, como um simples apanhado de informações ou conclusões Nas seções que se seguem, cada um desses requisitos será explicitado. SEÇÃO 2 A ESTRUTURA LÓGICA DO TRABALHO CIENTÍFICO
  • 17. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico UNIDADE 1 17 A estrutura lógica de uma dissertação comporta três elementos articulados entre si: introdução, desenvolvimento e conclusão. Veremos, na sequência, cada um dos elementos do texto dissertativo. A introdução do trabalho científico A introdução tem a função de preparar o leitor para a problematização que se vai desenvolver ao longo do trabalho. Com a introdução, evitamos entrar no problema de maneira abrupta, pois contextualizamos o objeto em estudo para o leitor, levando em conta elementos como a temática, sua delimitação na forma de questões ou problematizações a serem estudadas, os objetivos do trabalho, sua relevância, possíveis hipóteses que temos sobre o problema, ideias, conceitos ou referenciais centrais da abordagem que faremos e a metodologia de pesquisa utilizada. A introdução poderá trazer uma rápida revisão da bibliografia existente sobre o problema em questão, mas há quem prefira proceder à revisão da literatura logo no início do desenvolvimento do trabalho. No final da introdução, devemos sempre anunciar quais são as partes ou subdivisões existentes no trabalho. INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO E CONCLUSÃO: esses elementos devem estar presentes tanto em trabalhos sob forma de ensaio, como em trabalhos de comunicação de pesquisas. A diferença é que os trabalhos científicos na forma de ensaios não comportam a descrição da metodologia de pesquisa. Leia com atenção o que diz Severino (2002, p. 82-83) sobre a introdução de um trabalho científico: A introdução, quando for o caso, levanta o estado da questão, mostrando o que já foi escrito a respeito do tema e assinalando a relevância e o interesse do trabalho. Em todos os casos, manifesta as intenções do autor e os objetivos do trabalho, enunciando seu tema, seu problema, sua tese e os procedimentos que serão adotados para o desenvolvimento do raciocínio. (...) Lendo a introdução, o leitor deve sentir-se esclarecido a respeito do teor da problematização do tema do trabalho, assim como a respeito da natureza do raciocínio a ser desenvolvido. Evitem-se intermináveis retrospectos históricos, a apresentação precipitada dos resultados, os discursos grandiloquentes. Deve ser sintética e versar única e exclusivamente sobre a temática intrínseca do trabalho. Note-se que é a última parte do trabalho a ser escrita. (grifos do autor).
  • 18. UniversidadeAbertadoBrasil 18 UNIDADE 1 A introdução possui certas características que devemos atender. Uma delas é a brevidade, ou seja, na introdução não nos alongamos em discussões ou análises, mas fazemos um panorama geral do trabalho, utilizando uma linguagem objetiva e breve, pressupondo que haverá um desenvolvimento das ideias mais adiante, ao longo do trabalho. Sendo assim, a introdução exige capacidade de síntese, razão pela qual é preferível escrever a introdução depois da redação definitiva das outras partes do trabalho (desenvolvimento e conclusão). Outra característica importante que uma boa introdução deve apresentar é que ela deve ser motivadora, pois essa parte do trabalho, além de permitir uma breve visão do seu todo, deve ainda despertar o interesse de quem o vai ler. Vejamos os componentes da estrutura interna de uma introdução: • Introdução • Proposição da temática e apresentação da problematização em estudo; • Apresentação do(s) objetivo(s) do trabalho; • Apresentação da justificativa ou relevância do trabalho; • Breveposicionamentodashipóteses(sehouver)edasideiascentrais do trabalho; • Breveelucidaçãosobreametodologiautilizada(emcasodetrabalhos de pesquisa); • Revisão de literatura (bibliografia existente sobre o tema); • Anúncio das partes ou subdivisões que compõem o trabalho. A ordem desses componentes internos não é fixa, tal como propusemos aqui, mas é uma decisão de quem vai escrever o texto. O importante é que todos os elementos necessários à compreensão global do trabalho estejam presentes em sua introdução. O desenvolvimento do trabalho científico Comumente chamado de “corpo do trabalho”, nessa parte desenvolvemos a(s) ideia(s) que anunciamos na introdução, fundamentando-a(s) por meio de argumentos teóricos e empíricos. Para Medeiros (1997, p. 202):
  • 19. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico UNIDADE 1 19 O desenvolvimento é um elemento da estrutura do texto que busca examinar fatos extrínsecos e intrínsecos. (...) ao desenvolver as idéias, parte-se da investigação de formas externas para o exame de idéias internas. A argumentação utilizada para ambos os exames inclui análises de prós e contras, para que o leitor saia convencido da leitura. As opiniões não bastam; é preciso examinar os fatos e interpretá- los, bem como não deixar nada subentendido. Se possível, apresente-se farta exemplificação. Isso significa que o desenvolvimento de um trabalho científico deve comportar argumentos lógicos, coerentes e bem estruturados, e não se reduz a simples exposição de opiniões pessoais ou a um apanhado de ideias acerca de determinado tema por parte de quem apresenta o trabalho. Mesmo as opiniões, no caso dos trabalhos científicos, precisam ser fundamentadaslogicamente,comargumentosconvincenteserespaldados por teorias e/ou fatos que possam ser comprovados. Disso deriva que o trabalho científico deve ser fundamentado em outros trabalhos igualmente científicos. Emerge daí a importância de o estudante ter realizado uma boa revisão de literatura, pois quando esta é bem feita, o desenvolvimento do tema é extremamente favorecido. Vejamos o que diz Severino (2002, p.83) sobre o desenvolvimento de um trabalho científico: A fase de fundamentação lógica do tema deve ser exposta e provada; a reconstrução racional tem por objetivo explicar, discutir e demonstrar. Explicar é tornar evidente o que estava implícito, obscuro ou complexo; é descrever, classificar e definir. Discutir é comparar as várias posições que se entrechocam dialeticamente. Demonstrar é aplicar a argumentação apropriada à natureza do trabalho. É partir de verdades garantidas para novas verdades. Então, não podemos esquecer as três ações importantes no desenvolvimento de um trabalho científico: EXPLICAR Descrever, classificar e definir. DISCUTIR Comparar as várias posições. DEMONSTRAR Aplicaraargumentaçãoapropriada. REVISÃO DE LITERATURA: Busca exaustiva de bibliografia referente ao tema em estudo. Em geral, faz-se a busca por meio das palavras-chave ou de descritores relativos ao tema.
  • 20. UniversidadeAbertadoBrasil 20 UNIDADE 1 A estrutura do desenvolvimento deverá ser planejada antes que comecemos a escrevê-lo. Essa estrutura poderá comportar subdivisões em tópicos, itens, seções, capítulos, etc. É importante lembrar também que os títulos e subtítulos utilizados no trabalho precisam ser portadores de sentido, ou seja, retratem a ideia exata do conteúdo referente àquela unidade do trabalho. A conclusão do trabalho científico Como é a última parte do trabalho, cabe à conclusão confirmar ou não as hipóteses levantadas na introdução (quando essas existem), e/ou retomar os objetivos traçados e as problematizações levantadas, procurando respondê-los para o leitor. Assim, a conclusão é uma síntese das considerações ou resultados mais relevantes obtidos através da pesquisa realizada para o trabalho. Em geral, é nessa parte do trabalho que aquele que escreve manifesta seu ponto de vista, nunca, porém, como mera opinião, mas como inferências que derivam das argumentações e demonstrações efetuadas ao longo do trabalho. A conclusão deverá compor-se de um texto breve e trazer uma rápida recapitulação dos resultados obtidos na pesquisa. Para Severino (2002, p.83): Se o trabalho visar resolver uma tese-problema e se, para tal, o autor desenvolver uma ou várias hipóteses, através do raciocínio, a conclusão aparecerá como um balanço do empreendimento. O autor manifestará seu ponto de vista sobre os resultados obtidos, sobre o alcance dos mesmos. (...) Quando o trabalho é essencialmente analítico e comporta uma pesquisa positiva sobre o pensamento de outros autores, esta conclusão pode ser fundamentalmente crítica. Quando, porém a crítica é mais desenvolvida, entrará no corpo do trabalho como um capítulo. Atualmente, o termo “Conclusão” vem sendo substituído por outras expressões, como “Considerações finais”, “Aprendizados da caminhada”, “Últimas palavras”, etc. O que é importante considerar é que, sendo um texto finalizador do trabalho, os
  • 21. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico UNIDADE 1 21 resultados devem ser destacados em função dos objetivos traçados, num sentido de síntese e de apreciação. A conclusão poderá, ainda, apontar perspectivas em aberto, em relação ao tema problematizado. SEÇÃO 3 FORMAS DE RACIOCÍNIO E TRATAMENTO DO OBJETO DE ESTUDO NO TRABALHO CIENTÍFICO Quando redigimos um trabalho científico, valemo-nos de certas formas de raciocínio e de determinados tratamentos ao objeto de estudo sobre o qual nos debruçamos. Esse processo implica a demonstração das ideias por meio de argumentos através dos quais buscaremos comprovar aquilo a que nos propusemos. Como diz Demo (2005, p. 103), “na prática, ciência é a arte de argumentar”. Para demonstrar bem as ideias, as argumentações precisam ser redigidas de modo simples, claro, preciso e conciso, pois o trabalho científico não é uma obra poética ou literária. A principal finalidade do trabalho científico é comunicar aos pares (professores e colegas da mesma área ou áreas correlatas) uma pesquisa realizada. Yoshida (2006) adverte que, na redação científica, “ao aplicar seu estilo pessoal ao texto, os autores precisam tomar cuidado para não contaminá-lo com excesso de verborragia, rebuscamento, erudição e gongorismo. Deve-se evitar inversões de frases, trocadilhos e metáforas.” Os raciocínios Severino (2002) explica que, quando argumentamos, nos baseamos nas conclusões dos nossos raciocínios. O processo de raciocinar, por sua vez, implica operações mentais específicas, pois, durante o raciocínio, ordenamos juízos e conceitos de modo a obter um novo conhecimento a partir de um antigo. Raciocinar implica, portanto, passar de um conhecimento para outro. Esse processo, segundo o autor, comporta duas fases: uma fase antecedente e uma fase consequente, devendo existir entre elas um nexo lógico. Notemos, então, que: CONCISO: resumido, exato, em poucas palavras. GONGORISMO: A expressão gongorismo se refere ao excesso de metáforas, antíteses, trocadilhos e alusões clássicas. A palavra provem da escola espanhola de poesia de Luís de Góngora y Argote.
  • 22. UniversidadeAbertadoBrasil 22 UNIDADE 1 O antecedente compõe-se de uma ou várias premissas e o conseqüente constitui-se de uma conclusão. A afirmação da conclusãoéfeitaàmedidaquedecorreoudependedaspremissas. A relação lógica de conhecimentos prévios a conhecimentos até entãonãoafirmadoséumarelaçãodeconseqüência.SEVERINO, 2002, p.192). Vejamos, agora, as duas formas lógicas de raciocínio: o raciocínio dedutivo e o raciocínio indutivo. O raciocínio dedutivo parte de premissas, princípios ou fatos já aceitos (chamados universais) para chegar a uma conclusão particular. Procede do geral para o particular. Exemplo de dedução: Todos os homens são mortais. (premissa geral). Paulo é homem. Paulo é mortal. (conclusão particular). O raciocínio indutivo parte de fatos ou premissas particulares para chegar a uma conclusão mais universal, ou seja, procede de fatos particulares para chegar a uma generalização. Exemplo de indução: João morreu, Maria morreu, Pedro morreu. (fatos particulares) Os seres humanos são mortais. (conclusão geral). RACIOCÍNIO DEDUTIVO RACIOCÍNIO INDUTIVO GERAL PARTICULAR PARTICULAR GERAL Essas são as formas de raciocínio que você utilizará para a realização dos seus trabalhos científicos, as quais figurarão como elementos importantes do seu processo de argumentação. Então, não esqueça: “O raciocínio é um processo de pensamento pelo qual conhecimentos são logicamente encadeados de maneira a produzirem novos conhecimentos.” (SEVERINO, 2002, p.183).
  • 23. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico UNIDADE 1 23 As formas de tratar o objeto de estudo Uma vez compreendidas as formas de raciocínio que você utilizará nos trabalhos científicos, podemos abordar as formas de tratar o objeto de estudo. O objeto de estudo a que nos referimos pode ser uma ideia, um problema, um conceito ou um texto e as formas de tratá-lo são a análise e a síntese. A análise é um processo de decomposição do objeto em estudo em suas partes constitutivas. Ao procedermos a uma análise nós tomamos o todo, dividimos, discriminamos e isolamos cada parte que o compõe, de modo a torná-lo mais simples. Como explica Severino (2002, p.193): A análise é um pré-requisito para uma classificação. Esta se baseia em caracteres que definem critérios para a distribuição das partes em determinadas ordens. Não é outra coisa que se manifesta quando um texto é esquematizado, estruturado: as divisões seguem determinados critérios que não podem ser mudados arbitrariamente. Para se descobrir tais caracteres procede-se analiticamente. Isso significa que ao analisarmos um texto, por exemplo, nós buscamos conheceremseuconteúdooscritériosqueorientamassuaspossíveisdivisões. A síntese é um processo que recompõe o todo a partir de suas partes. Para Severino (2002, p.193), na síntese, “o objeto decomposto pela análise é recomposto, reconstituindo-se a sua totalidade”. Como uma totalidade, a síntese permite formar uma visão de conjunto, uma visão global das relações existentes entre as partes, conferindo a essas relações um sentido unificador. Tanto a análise como a síntese são processos lógicos da inteligência humana, que se seguem a uma visão indiferenciada ou sincrética das coisas. Veja abaixo o esquema explicativo: VISÃO SINCRÉTICA DO TODO DECOMPOSIÇÃO EM PARTES ANÁLISE RECOMPOSIÇÃO DO TODO SÍNTESE Agora que você já sabe o que são análise e síntese, preste atenção às solicitações que seus professores farão quanto aos trabalhos científicos: uma análise pressupõe decomposição em partes; uma síntese, recomposição do todo.
  • 24. UniversidadeAbertadoBrasil 24 UNIDADE 1 Já vimos que o trabalho acadêmico deverá assumir a forma dissertativa, procedendo à demonstração de uma tese ou ideia, mediante argumentos apropriados. Você já aprendeu que o conhecimento, para ser científico, deve identificar-se com um conjunto de procedimentos lógicos e formais, planejadosesistematizados,queseutilizadecritériosrigorososparaprocessar asinformações.Sendoassim,adimensãometodológicadotrabalhocientífico, seu formato e sua redação devem ser objetos de permanente interesse acadêmico. Conforme nos diz Medeiros (1997, p. 33): “Será chamada pesquisa científica se sua realização for objeto de investigação planejada, desenvolvida e redigida conforme normas metodológicas consagradas pela ciência.” Isto é importante porque um dos principais pressupostos da pesquisa científica é a sua socialização, ou seja, sua divulgação primeiramente nos meios acadêmicos e posteriormente nos não acadêmicos. Por isso, se realizamos um trabalho que se pretende científico, devemos ter em mente a elaboração do texto que relatará esse trabalho, uma vez que outras pessoas terão acesso ao trabalho científico por meio do texto redigido pelo(s) seu(s) autor(es). Daí a necessidade de quem redige o trabalho científico empenhar-se para garantir que o leitor compreenda, a partir da mediação do texto escrito, todo o processo realizado no trabalho em discussão. SEÇÃO 4 A ELABORAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS: DEMONSTRAÇÃO, ARGUMENTAÇÃO, LINGUAGEM E NORMALIZAÇÃO TÉCNICA Entre os aspectos de significativa importância para que você realize um bom trabalho científico destacam-se: • a demonstração; • a argumentação; • a linguagem; • a normalização técnica exigida para a sua redação. Trataremos, a seguir, de cada um desses aspectos.
  • 25. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico UNIDADE 1 25 1. A demonstração e a argumentação A demonstração visa comprovar a tese ou a ideia problematizada em seu trabalho e só pode ser realizada por meio do uso de argumentos. A demonstração pressupõe etapas no tratamento do objeto de estudo. Segundo Severino (2002, p.184): “A demonstração da tese é realizada mediante uma sequência de argumentos, cada um provando uma etapa do discurso.” Geralmente, os modos mais usuais de demonstração utilizam-se de argumentações que seguem o raciocínio dedutivo. A demonstração consiste, pois, em um processo reflexivo e articulado, pois liga ideias e fatos, comprovando o que se quer demonstrar. (SEVERINO, 2002). Por causa da frequente confusão que as pessoas fazem em torno dos termos demonstração e argumentação, Severino (2002) procura distingui-los, esclarecendo que a demonstração é, na verdade, o conjunto sequenciado de operações lógicas que, de conclusão em conclusão, chega a uma conclusão final procurada; enquanto isso, a argumentação é a própria operação ou atividade executada durante a demonstração. Argumentar é, então, operar com argumentos. No trabalho científico as principais fontes de argumentação são duas: a evidência racional e a evidência dos fatos. A evidência racional funda-se na utilização da racionalidade lógica, implicando desdobramentos racionais/lógicos nos raciocínios que são trazidos no interior da argumentação. A evidência factual, por sua vez, corresponde à apresentação dos fatos propriamente ditos, que comprovam as ideias que estão em questão. No trabalho científico, a evidência dos fatos é imprescindível. Geralmente essa evidência é trazida com a denominação “dados empíricos” e se refere, por exemplo, ao uso de estatísticas e dados resultantes de levantamentos de campo, de laboratórios, etc. Vejamos, a seguir, o que Severino (2002, p.186) define e recomenda em relação à argumentação: Argumentar consiste, pois, em apresentar uma tese, caracterizá- la devidamente, apresentar provas ou razões que estão a seu favor e concluir, se for o caso, pela sua validade. Para evitar que fiquem abertas margens para dúvidas, devem ser examinadas eventualmente as razões contrárias, tentando-se refutar a tese e prevenindo-se de objeções. Mediante o exposto, você poderá concluir que o discurso dissertativo, RACIOCÍNIO DEDUTIVO: Lembre-se de que o raciocínio dedutivo parte de princípios ou fatos já aceitos para chegar a uma conclusão particular. Procede do geral para o particular.
  • 26. UniversidadeAbertadoBrasil 26 UNIDADE 1 característico do trabalho científico, precisa ser redigido conforme o encadeamento das argumentações que compõem a demonstração. Esse encadeamento se refere à apresentação, defesa e/ou refutação de ideias ou fatos pertinentes ao tema, compondo um processo lógico, racional, que leva a conclusões válidas. 2. A linguagem e a normalização técnica na redação do trabalho científico A elaboração do trabalho científico está diretamente relacionada à observânciadecertosprocedimentos,entreosquaissãobastanteimportantes: o uso de um repertório linguístico adequado e a redação em obediência às chamadas “normas técnicas”. Segundo Oliveira (2006), cada vez mais se exige dos estudantes que produzam seus trabalhos de acordo com as normas e a metodologia do trabalho científico. Em virtude dessa exigência, muitos estudantes criam expectativasemtornodemodelosoureceitasaseguir,julgandoque,seguindo um modelo, obterão pleno sucesso na elaboração dos seus trabalhos. Infelizmente, nem sempre os estudantes percebem que alguns poucos modelos utilizados como exemplos não dão conta do universo de possibilidades e/ou dificuldades que podem se apresentar no campo dos trabalhos acadêmicos. Assim, será necessário que o estudante se disponha a estar constantemente adequando os seus trabalhos, procurando utilizar uma linguagem correta, um vocabulário mais rico e apropriado à área de conhecimento em questão, bem como fazendo uso da normalização técnica exigida para estruturar e redigir o texto. Nesse sentido, você precisa dispor-se a praticar a redação e a busca de vocábulos desconhecidos nos dicionários, nas obras indicadas por seus professores, como também a consultar, a cada trabalho, as normas técnicas nos manuais de normalização bibliográfica. A importância da linguagem Ao tratarmos da importância metodológica da linguagem, é útil lembrar ainda que as formas de linguagem culta e técnica são as requeridas para a
  • 27. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico UNIDADE 1 27 redação do trabalho acadêmico, uma vez que este se caracteriza como um ato de comunicação formal. Por causa disso, não é apropriada a utilização da linguagem coloquial (linguagem tal como falada no cotidiano) nos trabalhos acadêmicos. Você já estudou que a linguagem culta é aquela que obedece padrões e convenções da língua, respeita as regras gramaticais e é frequentemente adquirida mediante as experiências de escolarização do sujeito e também por meio das suas práticas de leitura. Devemos considerar que a leitura é um fator dos mais relevantes para melhorar o nosso vocabulário e a correção da nossa linguagem em geral. Lembremos Medeiros (1997), que afirma que a ampliação do nosso vocabulário caminha paralelamente ao nosso desempenho da leitura: quem lê pouco, em geral, tem vocabulário reduzido. A linguagem culta difere da linguagem coloquial que é utilizada nas relações informais do dia a dia. A linguagem coloquial serve a propósitos comunicativos bem diferentes daqueles que um trabalho acadêmico exige, daí porque não se preocupa em seguir as normas da língua e admite, inclusive, o uso de gírias, expressões populares e incorreções gramaticais. (SARMENTO, 2000). A utilização de uma linguagem técnica pressupõe a especialização referente a cada área de conhecimento. Esta é a razão pela qual podemos encontrar muitos dicionários especializados, os quais devemos procurar para compreender o uso de uma ou mais palavras no contexto de determinada área de conhecimento ou formação. Como o vocabulário técnico corresponde à linguagem específica de cada área de conhecimento, muitas vezes encontramos um mesmo vocábulo com significados distintos, cada qual derivado de uma área de conhecimento diferente. É importante, por isso, que o estudante esteja atento e perceba essas variações de significado. NÃO ESQUEÇA! O desenvolvimento da capacidade do estudante de compreender e interpretar textos passa pela ampliação do seu vocabulário. LINGUAGEM CULTA: Não é demais lembrar que a norma culta da língua é também a mais valorizada do ponto de vista social.
  • 28. UniversidadeAbertadoBrasil 28 UNIDADE 1 Além disso, como apresentamos tendência a escrever de maneira coloquial, é importante proceder a uma ou mais revisões do texto antes de entregá-lo ao professor. Essas revisões devem se tornar um hábito do estudante, tendo em vista corrigir e melhorar a linguagem, procurando aproximar-se mais e mais da linguagem culta. Portanto, ao tratarmos da elaboração dos trabalhos acadêmicos, o bom repertório vocabular é um requisito indispensável. A importância da normalização técnica A questão da normalização técnica é outro requisito indispensável à elaboração dos trabalhos acadêmicos, pois, como diz Oliveira (2006, p. 11): O estudante acadêmico que tiver oportunidade de elaborar seus trabalhos escolares, mesmo que de pequeno porte, de acordo com os critérios metodológicos mínimos exigidos ao trabalho científico, terá a possibilidade de, paulatinamente, apropriar-se dessa prática. Nessa citação, vemos que a autora ressalta a importância de praticar os critérios metodológicos do trabalho científico, mesmo nos trabalhos acadêmicos de pequeno porte. Dentre tais critérios temos a utilização das normas técnicas, as quais o estudante deverá se acostumar a usar. Por isso, você deve ter, em sua biblioteca pessoal, um manual de normas para consultar sempre que tiver alguma dúvida. A procura de palavras desconhecidas no dicionário é, de fato, um hábito salutar e dos mais importantes para a ampliação do vocabulário. Contudo, nem sempre é suficiente, pois o sentido de uma palavra em um texto depende muito do contexto em que ela se insere. Assim, prestando atenção ao contexto, também podemos chegar ao sentido da palavra. Em alguns textos, palavras desconhecidas são esclarecidas pelo autor logo a seguir, por meio de outra palavra com o mesmo sentido. Outro aspecto importante a destacar na ampliação do vocabulário é a necessidade de o estudante possuir referências históricas, geográficas e sociais para poder compreender o significado de certas palavras, pois um bom “conhecimento de mundo” permite que interpretemos com maior facilidade os diferentes contextos e, assim, cheguemos à interpretação das palavras. Para este conhecimento de mundo é importante que o estudante desenvolva o hábito de consultar textos históricos, atlas, mapas, enciclopédias, etc. A leitura de obras literárias é também um meio valioso para o desenvolvimento do nosso vocabulário. MANUAL DE NORMAS: A UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa tem o seu manual. Você deverá conhecê-lo
  • 29. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico UNIDADE 1 29 Os manuais de normas técnicas funcionam à semelhança dos dicionários, ou seja, você deverá consultá-los sistematicamente, sempre que alguma dúvida se apresentar. Com o uso frequente do manual de normas, certamente você passará a utilizá-las com naturalidade e autonomia na redação dos seus trabalhos. Nem todos percebem isso, mas a normalização técnica científica é muito necessária na vida em sociedade. Exemplos de sua necessidade estão na construção das casas e prédios, nos transportes que utilizamos, nas estradas e nas pontes pelas quais passamos, em nossa alimentação, dentre outras necessidades do cotidiano que requerem certos padrões a serem seguidos. Esse também é o caso dos trabalhos científicos que se destinam à divulgação de ideias e de achados de pesquisa. Desse modo, você deverá concluir que a normalização técnica dos trabalhos acadêmicos tem a sua razão de ser porque deriva da necessidade de padronizar o formato e a apresentação das referências utilizadas pelos autores de trabalhos científicos. Segundo Oliveira (2006, p.1): A uniformidade dos trabalhos acadêmicos permite uma fácil identificação, tanto desses trabalhos, enquanto característica da produção intelectual de uma instituição de ensino superior – IES, quanto dos elementos necessários à referenciação dessas obras como fonte bibliográfica para pesquisas futuras. Por referência entende-se: “... o conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite a sua identificação individual.” (ABNT/NBR 6023/2002 apud OLIVEIRA. 2006, p. 9). A normalização de trabalhos científicos é feita pela ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, que é o órgão nacional responsável pela normalização técnica e científica.
  • 30. UniversidadeAbertadoBrasil 30 UNIDADE 1 Nesta unidade, você estudou a respeito do trabalho científico. Observou que devemos distinguir entre o conhecimento produzido pelo senso comum e o conhecimento produzido pela ciência, reconhecendo este último como fruto do trabalho científico que é produzido a partir de uma metodologia científica. Do ponto de vista da forma, o trabalho científico assume a estrutura dissertativa, e tem o objetivo de demonstrar, mediante argumentos, uma tese ou uma ideia. Em função de sua forma dissertativa, o trabalho científico constitui-se como um texto articulado com introdução, desenvolvimento e conclusão. Fazem parte da estrutura lógica do trabalho científico as formas de raciocínio e de tratamento do objeto em estudo. O raciocínio é o processo de pensamento pelo qual encadeamos logicamente conhecimentos, de modo a produzir novos conhecimentos. As formas de raciocínio são duas: a dedutiva, que parte de premissas ou fatos já aceitos (gerais), chegando a uma conclusão particular; e a indutiva, que parte de premissas particulares para chegar a uma generalização. Como formas de abordar o objeto de estudo temos a análise e a síntese. Por meio da análise decompomos o objeto de estudo em suas partes constitutivas; por meio da síntese recompomos o todo do objeto em estudo a partir de suas partes constitutivas. O conhecimento científico deve fundamentar-se em um conjunto de procedimentos lógicos, formais, planejados e sistematizados. Sendo, assim, em sua elaboração ganham importância os seguintes aspectos, que todo estudante deve observar: a demonstração e a argumentação, o vocabulário e as normas técnicas de apresentação, e a redação do trabalho científico. A demonstração pressupõe um conjunto de operações lógicas seqüenciadas, que vão de conclusão em conclusão, para chegar a uma conclusão final. A argumentação se refere às operações executadas na demonstração. Toda argumentação deve se fundamentar em evidências lógicas ou em evidências empíricas. Ao elaborar um trabalho científico, você deverá observar, ainda, a utilização de uma linguagem adequada, sem rebuscamentos, porém correta, valendo-se da linguagem culta e técnica. Deverá, enfim, redigir e apresentar o seu trabalho obedecendo as normas técnicas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas –, em virtude da necessidade de padronização do formato e da apresentação das referências utilizadas pelos autores. Uma vez que a revisão de literatura é um procedimento indispensável para que você escreva um bom desenvolvimento nos seus trabalhos científicos, você precisa saber como procurar bibliografias em web sites. A referência a seguir é de um pequeno texto, acessível pelo Scielo, que foi publicado na Revista Psicologia Escolar Educacional. Você deve fazer uma leitura atenta dele. BARIANI, Isabel Cristina Dib et al. Orientações para busca bibliográfica on-line. Psicologia escolar educacional, dez. 2007, vol.11, no. 2, p. 427-429. ISSN 1413-8557.
  • 31. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico UNIDADE 1 31 Fundada em 1940, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como único Foro Nacional de Normalização, através da Resolução n.º 07, do CONMETRO, de 24.08.1992. É membro fundador da ISO (International Organization for Standardization), da COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de Normalização). A ABNT é a única e exclusiva representante no Brasil das seguintes entidades internacionais: ISO (International Organization for Standardization), IEC (International Electrotechnical Comission); e das entidades de normalização regional COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e a AMN (Associação Mercosul de Normalização). FONTE: www.abnt.org.br Faça a leitura de um artigo escrito por uma bibliotecária sobre a normalização nas publicações científicas. O artigo aborda a importância das normas técnicas e da linguagem no trabalho científico. ROTHER, Edna T. O papel da normalização nas publicações científicas. Revista brasileira de oftalmologia. Rio de Janeiro: 2007. Vol. 66 n. 4. Disponível em http://www.scielo.br/scielo. php?pid=S0034-72802007000400001script=sci_arttext Acesso em: 15/04/2009. Procure também: CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO DE SANTA MARIA. Manual de Normas do Centro Universitário Franciscano. Santa Maria: 2005. Disponível em: http://www.unifra.br/cursos/ economia/downloads/Normas_UNIFRA_versao1.pdf Acesso em: 15/04/2009. HAMMES, Érico J. - Orientações e normas para trabalhos científicos. Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: 2009. Disponível em http://www. pucrs.br/fateo/normas.pdf Acesso em 13/04/2009. 1. Faça a distinção entre o conhecimento produzido pelo senso comum e o conhecimento produzido pela ciência, preenchendo o quadro que se segue, a partir das solicitações feitas na 1ª. coluna.
  • 32. UniversidadeAbertadoBrasil 32 UNIDADE 1 Solicitações Senso comum Conhecimentocientífico Como se apresenta quantoàcomunicação? Quaisascaracterísticas do conhecimento produzido? Quem produz? Como é produzido? Como se apresenta quanto ao erro? 2. Quais os requisitos necessários à produção do trabalho científico? Escreva nas linhas: _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 3. Explique, com as suas palavras, o conceito de trabalho científico. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________
  • 33. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico UNIDADE 1 33 4. Estude a seção 2 – A estrutura lógica do trabalho científico. A seguir, coloque no quadro que se segue as características recomendadas para cada um dos elementos do texto dissertativo. INTRODUÇÃO DESENVOLVIMENTO CONCLUSÃO 5. Escreva um pequeno texto sobre a importância da demonstração, da argumentação, do vocabulário e das normas técnicas na redação do trabalho científico. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________
  • 35. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico 35 UNIDADE 2 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM ROTEIRO DE ESTUDOS UNIDADEII MODALIDADES DE TRABALHOS CIENTÍFICOS ■■ identificar as características das diferentes modalidades de trabalho científico: monografia, dissertação, tese, resumo e resenha. repercussões na prática pedagógica. ■■ SEÇÃO 1: Monografias, dissertações e teses ■■ SEÇÃO 2: O resumo como trabalho acadêmico ■■ SEÇÃO 3: A elaboração de resenhas
  • 36. UniversidadeAbertadoBrasil 36 UNIDADE 2 PARA INÍCIO DE CONVERSA As orientações metodológicas que apresentamos a você nesta unidade possuem um caráter prático e diferenciam-se (umas das outras) em função do tipo de trabalho científico que temos em vista. Você já estudou, na unidade I, que o trabalho científico se caracteriza como um discurso materializado na forma de um texto dissertativo (com introdução, desenvolvimento e conclusão), que deve retratar um processo reflexivo lógico. O objetivo de todo trabalho científico é demonstrar uma tese, com o uso de argumentos, sendo que essa tese corresponde à solução para um problema, incluso em determinada temática. (SEVERINO, 2002). Todas essas afirmações sobre o trabalho científico continuam valendo aqui. Todavia, nesta unidade, você aprenderá as diferentes modalidades de trabalhos científicos. A seção 1 trata das monografias, dissertações e teses. Embora suas nomenclaturas sejam diferenciadas, essas três formas de trabalho científico são monográfico, porque fazem a abordagem de um único assunto ou tema problematizado. Sendo assim, o que as diferencia é apenas o nível acadêmico em que o autor do trabalho se encontra. A seção 2 aborda o resumo, tratando-o tanto do ponto de vista de um trabalho acadêmico solicitado sobre um texto, por exemplo, como do ponto de vista técnico-científico, quando se trata da redação de um resumo contido em trabalhos de comunicação científica, seja em artigos, seja em eventos científicos. A seção 3 desenvolve orientações sobre a elaboração de resenhas, distinguindo o tipo descritivo do tipo crítico e trazendo possibilidades de roteiros que você poderá seguir. Desejamos a você um ótimo aproveitamento desta unidade, e que encontre as orientações que necessita para elaborar seus trabalhos acadêmicos.
  • 37. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico 37 UNIDADE 2 SEÇÃO 1 MONOGRAFIAS, DISSERTAÇÕES E TESES Os trabalhos acadêmicos científicos distinguem-se pelos objetivos que pretendemos atingir, pela natureza do objeto de estudo, e pelas especificidades das áreas do conhecimento humano que os presidem. Estudiosos de metodologia científica, como Medeiros (1997) e Severino (2002), apontam como principais tipos de trabalhos científicos: os resumos, as resenhas e as monografias, incluindo nessas últimas as dissertações e as teses. Apesar da grande utilização do termo “monografia” no meio acadêmico, percebemos facilmente que há uma grande confusão quanto ao seu uso correto. Muitos utilizam a palavra monografia para fazer referência ao chamado TCC – Trabalho de Conclusão de Curso, que é solicitado ao final de grande parte dos cursos de graduação. Outros utilizam a expressã o monografia fazendo referência, exclusivamente, ao trabalho de iniciação à pesquisa exigido na finalização de um curso de pós-graduação lato sensu (especialização). Mas, quando se trata da pós-graduação stricto sensu, utilizam amplamente os termos “dissertação” para o trabalho de pesquisa, exigido para obtenção do título de mestre, e “tese” para o trabalho de pesquisa exigido para obter o título de doutor. Todavia, em todos os casos exemplificados temos trabalhos monográficos, o que significa que do TCC à tese de doutorado estamos tratando de monografias. Veja o que diz Medeiros (1997, p.183) sobre isso: ... não há razão para se falar em três níveis: monografia, dissertaçãoetese.Otrabalhodegraduaçãodevesermonográfico, assim como o apresentado para a obtenção dos títulos de mestre e doutor. Os três tipos de trabalhos são dissertativos, bem como pode aparecer em todos eles a defesa de uma tese. Vejamos essa questão de modo mais detalhado: O que define a característica monográfica do trabalho, na verdade, não é o nível acadêmico em que o sujeito autor do trabalho se encontra.
  • 38. UniversidadeAbertadoBrasil 38 UNIDADE 2 A definição do caráter monográfico do trabalho científico está vinculada à abordagem de um único assunto, ou tema problematizado, o qual deve ter um tratamento apropriado. É isto que Severino caracteriza como “exigência da especificação”, típica dos trabalhos monográficos, pois, para ele: “Os trabalhos científicos serão monográficos na medida em que satisfizerem à exigência da especificação, ou seja, na razão direta de um tratamento estruturado de um único tema, devidamente especificado e delimitado.” (SEVERINO, 2002, p.129, grifos nossos). Assim, a delimitação temática, a profundidade do estudo sobre esse tema, o seu tratamento metodológico são questões que caracterizam o trabalho monográfico. Medeiros (1997, p.183) traz uma definição semelhante, dizendo que: “Monografia é uma dissertação que trata de um assunto particular, de forma sistemática e completa. Esta é a sua característica essencial.” Diante dessas considerações, podemos então afirmar que um trabalho será monográfico quando apresentar: • o estudo de um tema específico, com problemática bem delimitada; • o tratamento do tema/problema com profundidade; • a adequação metodológica; • a estrutura dissertativa (estrutura tripartida: introdução, desenvolvimento e conclusão). Como, mesmo nos diferentes casos, estamos tratando de monografias, Medeiros (1997) esclarece que muitos autores da área metodológica costumam fazer distinção entre duas tipologias básicas, a fim de evitar confusões quando tratamos dos tipos de monografias: as monografias escolares e as monografias científicas. Por monografia escolar, o autor entende o trabalho cuja função é apenas a de iniciação à pesquisa; enquanto o termo monografia científica seria restrito aos trabalhos que trazem resultados de estudo original de um tema delimitado e de conformidade com a metodologia da ciência. Em face dessa distinção, as monografias efetivadas durante o período
  • 39. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico 39 UNIDADE 2 Veja o que Severino (2002, p. 130) afirma a respeito desses trabalhos: Essestrabalhossãoexigíveiseexigidosduranteoscursosdegraduação, como parte do próprio processo didático, ao contrário das dissertações, teses e ensaios que, embora possam ser trabalhos acadêmicos, são resultados de uma pesquisa ampla, profunda, rigorosa, autônoma e pessoal. de graduação universitária teriam a prerrogativa de monografia escolar porque, para estas, não se exigem a profundidade e a originalidade que são exigidas na dissertação de mestrado e na tese de doutorado. Isto porque as monografias realizadas durante a graduação constituem parte do próprio processo pedagógico e formativo do curso e se integram às atividades acadêmicas das diferentes disciplinas. Para as monografias realizadas na graduação, Severino prefere utilizar o termo “trabalho didático”. Para o autor, esses trabalhos são inerentes à formação técnico-científica do estudante universitário, uma vez que conduzem o aluno à busca de elementos complementares à formação, em fontes adequadas e diversas, sem que seja exigido o critério da originalidade. Assim, esses trabalhos, em geral, possuem caráter recapitulativo, podendo o estudante, através do estudo, proceder a sínteses de conclusões de autores, encontrados em fontes já conhecidas. Para Severino (2002, p. 130): “O que qualifica este tipo de trabalho é o uso correto do material preexistente, a maneira adequada de tratá-lo para que traga alguma contribuição inteligente à aprendizagem.” (grifos nossos). As dissertações de mestrado e teses de doutorado, como tipos especiais de monografias (científicas) também possuem suas características próprias. Vamos conhecê-las. Segundo Severino (2002), a tese de doutorado é o tipo mais representativo de trabalho científico monográfico, uma vez que aborda um único tema, exige a pesquisa cientificamente concebida, com instrumentos metodológicos específicos e adequação à(s) área(s) de
  • 40. UniversidadeAbertadoBrasil 40 UNIDADE 2 Veja o que diz Medeiros (1997, p. 184) sobre as características e a estrutura da monografia científica. São características da monografia, a sistematicidade e completude, a unidade temática, a investigação pormenorizada e exaustiva dos fatos, a profundidade, a metodologia, a originalidade e a contribuição da pesquisa para a ciência. Embora alguns autores considerem a extensão, sua característica essencial, seu princípio regulador básico é a delimitação do assunto e o nível da pesquisa. conhecimento em que o tema/problema se situa. Além disso, na tese de doutorado exige-se a colocação e a solução de problemas, havendo, em seu desenvolvimento, a demonstração de hipóteses e o convencimento do leitor por meio da fundamentação nas evidências dos fatos e da coerência do raciocínio. A pesquisa realizada para a tese de doutorado, sempre abordando um tema/problema bem delimitado, pode utilizar diferentes fontes e formas de tratamento. Por exemplo, pode ser documental ou de campo, experimental ou histórica. Independentemente disto, e em todos os casos, a tese de doutorado deverá trazer contribuições relevantes e significativas para a(s) área(s) de conhecimento em que seu tema se situa, ou seja, deverá gerar conhecimento novo a respeito daquele tema/problema, fazendo progredir a ciência. A dissertação de mestrado, por sua vez, cumprindo as mesmas exigências da monografia científica, e elaborada segundo as diretrizes metodológicas e técnicas do trabalho científico, diferencia-se da tese de doutorado pelo caráter de originalidade do trabalho. Veja o que diz Severino sobre a dissertação: Tratando-se de um trabalho ainda vinculado a uma fase de iniciação à ciência, de um exercício diretamente orientado, primeira manifestação de um trabalho pessoal de pesquisa, não se pode exigir da dissertação de mestrado o mesmo nível de originalidade e o mesmo alcance de contribuições ao progresso e desenvolvimento da ciência em questão. (SEVERINO, 2002, p.151). Portanto, a dissertação de mestrado não precisa, necessariamente, ser um trabalho original, mas deve constituir-se em trabalho científico rigoroso.
  • 41. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico 41 UNIDADE 2 SEÇÃO 2 O RESUMO COMO TRABALHO ACADÊMICO A elaboração do resumo de um texto, como trabalho comumente solicitado no ensino superior, é de grande valia do ponto de vista do processo de aprendizagem dos estudantes, tanto no ensino, quanto na pesquisa científica. Ao elaborar o resumo, o estudante deverá extrair as ideias nele contidas, permanecendo fiel a essas ideias, porém apresentando-as de maneira própria, sintetizada, seletiva e articulada. Vejamos algumas conceituações de resumo: Resumo é, (...), uma apresentação concisa de elementos relevantes de um texto; um procedimento de reduzir um texto sem destruir-lhe o conteúdo. Constitui-se em forma prática de estudo que participa ativamente da aprendizagem, uma vez que favorece a retenção das informações básicas. (MEDEIROS, 1997, p. 120). O resumo do texto é, na realidade, uma síntese das idéias e não das palavras do texto. Não se trata de uma “miniaturização” do texto. Resumindo um texto com as próprias palavras, o estudante mantém- se fiel às idéias do autor sintetizado. (SEVERINO, 2002, p.131). O resumo é a apresentação concisa e frequentemente seletiva do texto, destacando-se os elementos de maior interesse e importância, isto é, as principais idéias do autor da obra. A finalidade do resumo consiste na difusão das informações contidas em livros, artigos, teses, etc, permitindo a quem o ler resolver sobre a conveniência ou não de consultar o texto completo. (MARCONI e LAKATOS, 2001, p.72). Neste último caso, o resultado depende dos objetivos previamente fixados. A estrutura da monografia compreende introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução, o pesquisador formula claramente o objeto da investigação. Apresenta sinteticamente a questão a ser solucionada. Portanto, há necessidade de problematizar a realidade para se buscar uma solução. Se não há problemas para resolver, não há por que iniciar a pesquisa e a redação da monografia. Na introdução, ainda, apresentam-se a justificativa do trabalho e a metodologia utilizada na pesquisa (levantamento bibliográfico, pesquisa de campo, uso de questionários, pesquisa de laboratório) e faz-se referência à literatura relativa ao assunto, anteriormente publicada. Escrita a introdução, o pesquisador passa para nova etapa da monografia: o desenvolvimento, que compreende explicação, discussão e demonstração. Portanto, etapa de exposição dos fundamentos lógicos do trabalho realizado; etapa de explicitação, de esclarecimento, de análise, de supressão do ambíguo, de exame e demonstração do raciocínio, de apresentação de provas, de argumentação. Finalmente, a conclusão retoma as pré-conclusões anteriormente expostas em variadas partes do texto, e reforça a linha de pensamento que dá sustentação à monografia. Nesse momento, o pesquisador procura firmar a unidade temática, as ideias contidas na exposição. Trata-se de um resumo das conclusões espalhadas pela monografia, uma síntese das ideias defendidas na obra.
  • 42. UniversidadeAbertadoBrasil 42 UNIDADE 2 Uma vez que você já entendeu que o resumo é um texto novo, feito com as palavras próprias do estudante sobre outro texto (livro, capítulo, artigo, dissertação, tese ou outro), fiel, todavia, às ideias do autor, passemos, agora, a observar aspectos referentes à técnica de elaboração de resumos. a) Elementos que não podem faltar no resumo Quatro elementos devem estar presentes no resumo que você elaborar sobre o trabalho de um autor ou pesquisador (seja livro, capítulo, artigo, dissertação, tese ou outro). Esses elementos são os seguintes: O assunto. O assunto refere-se à temática ou problemática delimitada pelo autor do texto que você vai resumir. Para encontrá-lo, responda à seguinte pergunta: De que trata o texto? O(s) objetivo(s). O(s) objetivo(s) corresponde(m) às pretensões, intenções ou metas que o autor do texto pretende atingir com seu trabalho. Ao captar os objetivos do autor ou pesquisador, você apontará para a natureza do trabalho realizado por ele. Em geral, os objetivos estão relacionados com o tema ou problemática(s) delimitadas(s) pelo autor. Mas, nem sempre os objetivos aparecem redigidos de maneira clara e direta. Muitas vezes, você terá que inferir as intenções do autor do trabalho, a partir das problemáticas que ele anuncia, das justificativas que permeiam o trabalho ou, ainda, daquilo que o autor aponta como relevância do seu estudo. Ao apontarmos ou redigirmos um ou mais objetivos, devemos tomar cuidado na escolha do verbo mais adequado para caracterizar a ação pretendida. Essa recomendação tanto serve para ajudar você a observar e captar objetivos já redigidos no trabalho de alguém, como serve para ajudá-lo a traçar os objetivos dos trabalhos científicos que você vai redigir, como por exemplo, na redação de um artigo científico ou um ensaio. Santos (1999, p. 61- 62) traz uma significativa contribuição a esse ARTIGO CIENTÍFICO OU ENSAIO: Essas são modalidades de trabalhos científicos que são utilizados para proceder a publicações científicas.
  • 43. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico 43 UNIDADE 2 respeito, pois ele procede a uma classificação de verbos de conformidade com estágios cognitivos que expressam ações pretendidas. Verifique os estágios e os verbos que o autor indica: • Estágio de conhecimento – Se expressa em verbos como apontar, citar, classificar, conhecer, definir, descrever, identificar, reconhecer, relatar. • Estágio de compreensão – Em verbos como compreender, concluir, deduzir, demonstrar, determinar, diferenciar, discutir, interpretar, localizar, reafirmar. • Estágio de aplicação – Em verbos como aplicar, desenvolver, empregar, estruturar, operar, organizar, praticar, selecionar, traçar. • Estágio de análise – Em verbos como analisar, comparar, criticar, debater, diferenciar, discriminar, examinar, investigar, provar. • Estágio de síntese – Em verbos como compor, construir, documentar, especificar, esquematizar, formular, produzir, propor, reunir, sintetizar. • Estágio de avaliação – Em verbos como argumentar, avaliar, contrastar, decidir, escolher, estimar, julgar, medir, selecionar. A articulação das ideias A articulação das ideias é o elemento correspondente ao processo de desenvolvimento do texto ou obra em questão, e diz respeito aos seguintes aspectos que o leitor deverá captar no resumo: - Quais são as partes fundamentais do trabalho? O que é tratado em cada uma? - Como se dá a progressão das ideias do autor? - Qual é a correlação entre as partes do texto? As conclusões do autor da obra resumida A parte conclusiva deverá ser redigida na finalização do resumo e se refere exclusivamente às conclusões (ainda que provisórias) retiradas pelo autor do trabalho. Aqui é importante observar que não se trata de o leitor colocar suas próprias conclusões, nem de emitir juízos de valor sobre o texto do autor, mas, sim, de apresentar ao leitor as reflexões, as descobertas, e os juízos que o autor traz como resultado do desenvolvimento do seu trabalho. b) Recomendações para a redação do resumo No que diz respeito ao aspecto da forma de redação do resumo, você deverá prestar atenção às seguintes recomendações:
  • 44. UniversidadeAbertadoBrasil 44 UNIDADE 2 Utilizar linguagem objetiva, ou seja, evitar floreios, rebuscamentos, metáforas, analogias, etc, procurando sempre tratar do assunto de modo direto. Não fazer juízo crítico. O resumo não comporta juízo crítico ou interpretação subjetiva de quem o redige. Se esse caso for desejável, deve-se fazer uma resenha crítica e não um resumo. Por isso, é importante lembrar que a característica essencial do resumo, como trabalho acadêmico, é sintetizar as ideias de um autor ou um pesquisador para apresentá-lo numa comunicação posterior, ou, simplesmente para apreender suas ideias principais. O resumo deve ser autossuficiente, de modo que não seja necessária a consulta do texto original. Isso significa que entre as características do resumo estão a de que deve ser inteligível por si mesmo e, ainda, visar economia de tempo para quem o lê. Assim, o leitor do resumo somente buscará o trabalho original se tiver em vista algum interesse especial. É lendo o resumo que o leitor avalia se o texto ou obra em questão (um livro, um capítulo, um artigo, uma dissertação ou tese) serve ou não aos seus interesses acadêmicos ou merece ser lido na íntegra. Não plagiar. A repetição ou cópia de frases inteiras, tal qual aparecem no texto original, é chamada de plágio. O plágio é crime que está previsto em lei. (Lei nº. 9.610, de 19/02/1998). Para não incorrer no plágio, você deve dar atenção especial à redação dos resumos e das paráfrases, ou fazer citações. Contudo, sempre deverá referenciar o autor ou autores que lhe serviram de fundamento. Respeitar a ordem em que ideias e fatos são apresentados pelo autor. Ao elaborar o resumo, você deverá respeitar a subordinação das ideias e fatos tal como colocada pelo autor. Todavia, fará isso de forma condensada e com suas próprias palavras. É importante lembrar, ainda, que o resumo não é um amontoado de trechos retirados do texto original, como também não é um fragmento deste. Evitar o uso de parágrafos no interior do texto do resumo. PLÁGIO: Assinar ou tomar como seu, o trabalho literário ou científico de outrem. CITAÇÕES: As citações de autores e as referências são normalizadas pela ABNT. Veja as regras para fazê-las no Manual de Normalização da UEPG.
  • 45. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico 45 UNIDADE 2 Medeiros (1997) aponta que esta orientação é dada pela ABNT e significa que o texto do resumo é escrito em um único parágrafo. c) Tipos de resumo Marconi e Lakatos (2001) reconhecem três tipos de resumos: indicativo ou descritivo; informativo ou analítico; e resumo crítico. Medeiros (1997) acrescenta a esses, um tipo misto de resumo, que denomina informativo-indicativo. Veja, em seguida, as características de cada tipo. 1. O resumo do tipo indicativo ou descritivo Esse tipo de resumo destina-se a apresentar ao leitor apenas as partes ou componentes mais importantes do texto (ou obra), como se fosse uma espécie de sumário narrativo. Em geral, a maioria das frases desse tipo de resumo é curta. Veja o exemplo que Medeiros (1997, p. 119) oferece desse tipo de resumo: ROCCO, Maria Thereza Fraga. Crise na linguagem: a redação no vestibular. São Paulo: Mestre Jou, 1981, 184 p. Estudo realizado sobre redações de vestibulandos da FUVEST. Examina os textos com base nas novas tendências dos estudos da linguagem, que buscam erigir uma gramática do texto, uma teoria do texto. São objeto de seu estudo a coesão, o clichê, a frase feita, o “não-texto” e o discurso indefinido. Parte de conjecturas e indagações, apresenta os critérios para a análise, o candidato, o texto e farta exemplificação. Nesse exemplo, você pode notar que se trata de uma narração simples, que não apresenta dados quantitativos e qualitativos. Dá, apenas, uma visão bem geral do texto em questão. 2. O resumo do tipo informativo ou analítico O tipo informativo ou analítico se detém mais na exploração do conteúdo e dos componentes ou ideias principais da obra. É o tipo que dispensa a consulta à obra original. Em virtude da sua inteligibilidade, ou autossuficiência, podemos qualificá-lo como um “bom” resumo. Marconi
  • 46. UniversidadeAbertadoBrasil 46 UNIDADE 2 Note o que dizem as autoras sobre esse tipo de resumo: Sendo uma apresentação condensada do texto, esse tipo de resumo não deve conter comentários pessoais ou julgamentos de valor, da mesma maneira que não deve formular críticas. Deve ser seletivo e não mera repetição de todas as idéias do autor. Utilizam-se, de preferência, as próprias palavras de quem fez o resumo; quando cita as do autor, apresenta-as entre aspas. Não sendo uma enumeração de tópicos, o resumo informativo ou analítico deve ser composto de uma seqüência corrente de frases concisas. Ao final do resumo, indicam- se as palavras-chave do texto. (...) Deve-se dar preferência à forma impessoal. (MARCONI e LAKATOS, 2001, p.74, ênfases na fonte). e Lakatos (2001) salientam os seguintes elementos, que não podem faltar no resumo do tipo informativo ou analítico: • o assunto de que trata o texto e os seus objetivos; • métodos e técnicas utilizados no estudo; • resultados e conclusões. Na sequência, apresentamos a você o exemplo de Medeiros (1997, p. 119). Observe que o exemplo que se segue se refere à mesma obra analisada para o resumo do tipo indicativo. Compare as duas formas e observe bem as diferenças. ROCCO, Maria Thereza Fraga. Crise na linguagem: a redação no vestibular. São Paulo; Mestre Jou, 1981. 184 p. Examina 1500 redações de candidatos a vestibulares (1978), obtidas da FUVEST. O livro resultou de uma tese de doutoramento apresentada à USP em maio de 1981. Objetiva caracterizar a linguagem escrita dos vestibulandos e a existência de uma crise na linguagem escrita, particularmente desses indivíduos. Escolheu redações de vestibulandos pela oportunidade de obtenção de um corpus homogêneo. Sua hipótese inicial é a da existência de uma possível crise na linguagem e, através do estudo, estabelecer
  • 47. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico 47 UNIDADE 2 3. O resumo do tipo informativo/indicativo Medeiros (1997) explica que esse é um tipo misto que contém características dos dois tipo de resumo já vistos. O autor salienta que esse tipo misto pode dispensar a leitura do texto original no que se refere às conclusões, mas não em relação aos demais aspectos. Isso significa que o tipo misto se detém mais em explicações sobre as conclusões do texto e é mais econômico nas demais partes. 4. O resumo do tipo crítico O resumo crítico é aquele que traz comentários a respeito do texto original. Também é chamado de resenha ou recensão. Normalmente é redigido por especialistas, podendo corresponder a diferentes tipos de interpretações e/ou análises: da forma, do conteúdo, da lógica, da argumentação, etc. O estudo da resenha será feito em uma seção a parte, que lhe é especialmente destinada em virtude da frequência das solicitações de resenha pelos professores no ensino superior. Desse modo, na seção 3 – A elaboração de resenhas – você terá a oportunidade de se aprofundar nesse tipo de trabalho acadêmico. relações entre os textos e o nível de estruturação mental de seus produtores. Entre os problemas, ressaltam-se a carência de nexos, de continuidade e quantidade de informações, ausência de originalidade. Também foram objeto de análise condições externas como família, escola, cultura, fatores sociais e econômicos. Um dos critérios utilizados para a análise é a utilização do conceito de coesão. A autora preocupa-se ainda com a progressão discursiva, com o discurso tautológico, as contradições lógicas evidentes, o nonsense, os clichês, as frases feitas. Chegou à conclusão de que 34,8% dos vestibulandos demonstram incapacidade de domínio dos termos relacionais; 16,9% apresentam problemas de contradições lógicas evidentes. A redundância ocorreu em 15,2% dos textos. O uso excessivo de clichês e frases feitas aparece em 69% dos textos. Somente em 40 textos verificou-se a presença de linguagem criativa. Às vezes o discurso estrutura-se com frases bombásticas, pretensamente de efeito. Recomenda a autora que uma das formas de combater a crise estaria em se ensinar a refazer o discurso falho e a buscar a originalidade, valorizando o devaneio.
  • 48. UniversidadeAbertadoBrasil 48 UNIDADE 2 SEÇÃO 3 A ELABORAÇÃO DE RESENHAS Comotrabalhoacadêmico,aelaboraçãodeumaresenhabibliográfica tem um grande valor pedagógico, pois, para fazê-la, o estudante deverá sintetizar e selecionar os conteúdos de um artigo científico ou de um livro recentemente publicado. Na vivência científica dos pesquisadores, a resenha tem o papel de funcionar como uma primeira tomada de conhecimento sobre o conteúdo de obras recém- colocadas no mercado, ou mesmo de artigos publicados nos últimos números das revistas científicas. É através da resenha que o leitor toma conhecimento prévio do conteúdo de um texto, podendo, por meio dela, avaliar se vale a pena utilizá-lo na bibliografia de um dado trabalho científico, ou, simplesmente, adquiri-lo para a sua leitura. Embora tratemos aqui especificamente da resenha cujos objetos podem ser livros e artigos – também denominada de análise bibliográfica ou resenha bibliográfica - é interessante que você saiba que também podem ser objetos de uma resenha um filme, uma peça de teatro, uma obra cultural, etc. (MEDEIROS, 1007, p.136). Todavia, tais casos fogem ao escopo do presente texto. a) Tipos de resenha Medeiros (1997) e Severino (2002) admitem dois tipos de resenha: a resenha descritiva ou informativa, caracterizada pela mera exposição do conteúdo da obra analisada; e a resenha crítica, caracterizada por uma apreciação do resenhista acerca da obra em questão, ou de certos aspectos dela. Marconi e Lakatos (2001) entendem a resenha como sendo sempre, e necessariamente, “crítica”. Estas autoras não mencionam outro tipo de resenha que não seja a crítica. Veja, a seguir, o que as autoras afirmam sobre o conceito e a finalidade da resenha, e note o aspecto crítico que as autoras ressaltam: Vejamos, a seguir, como você poderá estruturar a sua resenha crítica.RESENHISTA é quem escreve a resenha. Se é você que vai fazê-lo, você será o resenhista.
  • 49. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico 49 UNIDADE 2 b) A estrutura da resenha crítica A seguir você terá dois roteiros de diferentes autores de metodologia científica, que podem ser utilizados quando você precisar fazer uma resenha. Note, com bastante atenção, os itens que cada autor sugere como elementos que devem compô-la. Entretanto, quando você for escrever suas resenhas, você deve compreender ainda que o texto não deve ser repartido em tópicos e subdivisões, tais como os que nós trouxemos nos roteiros que servem de exemplos. Esses roteiros têm apenas uma finalidade didática, e servem para levá-lo a compreender quais são os elementos a serem abordados. Na verdade, a única separação visível das partes da resenha será entre a referência bibliográfica e o restante do texto. Resenha crítica é uma descrição minuciosa que compreende certo número de fatos: é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formulação de um conceito de valor do livro feitos pelo resenhista. A resenha, em geral, é elaborada por um cientista que, além do conhecimento sobre o assunto, tem capacidade de juízo crítico. Também pode ser realizada por estudantes; nesse caso, como um exercício de compreensão e crítica. A finalidade de uma resenha é informar ao leitor, de maneira objetiva e cortês, sobre o assunto tratado no livro, evidenciando a contribuição do autor: novas abordagens, novos conhecimentos, novas teorias. A resenha visa, portanto, a apresentar uma síntese das idéias fundamentais da obra. O resenhista deve resumir o assunto e apontar as falhas e os erros de informação encontrados, sem entrar em muitos pormenores e, ao mesmo tempo, tecer elogios aos méritos da obra, desde que sinceros e ponderados. (MARCONI e LAKATOS, 2001, p. 90). Ao analisarmos os dois casos (resenha descritiva e resenha crítica), logo percebemos que ambos comportam o resumo da obra, a apresentação dos objetivos do autor, o destaque à temática ou problemática delimitada, bem como o devido destaque às suas partes ou ideias principais, mas é apenas na resenha crítica que acrescentamos o item de apreciação ou comentário crítico que o resenhista faz do texto que leu. Arespeito do(s) comentário(s) crítico(s) que o resenhista fará sobre a obra, é importante lembrar que este(s) se refere(m) tanto aos aspectos positivos como aos negativos. Severino (2002) sugere que o comentário crítico seja a última parte do texto da resenha, após a exposição de todo o conteúdo. Todavia, dependendo da habilidade de escrita e da competência do resenhista, as críticas podem ser feitas de modo difuso; à medida que ele vai expondo, vai também tecendo os comentários críticos. Outro aspecto valioso que deve ser lembrado a respeito da crítica na elaboração de uma resenha é que esta deve se destinar única e exclusivamente às ideias e posições do autor, jamais à sua pessoa. Ou seja, as críticas são dirigidas às ideias, e não ao autor. Também é importante deixar claro que o resenhista deve assumir responsavelmente as críticas que fizer, trazendo ao seu texto argumentos e fundamentações consistentes, baseadas no seu estudo de outras teorias e/ou outros autores. Deve evitar, também, a crítica que expressa simplesmente um gosto pessoal, no estilo “gostei”, “não gostei”, “acho que...”.
  • 50. UniversidadeAbertadoBrasil 50 UNIDADE 2 1º. Exemplo de roteiro de resenha, sugerido por Marconi e Lakatos (2001, p. 91-92): 1. Referência bibliográfica: Autor(es) Título (subtítulo) Imprensa (local de edição, editora, data) Número de páginas Ilustrações (tabelas, gráficos, fotos, etc.) 2. Credenciais do autor: Informações gerais sobre o autor Autoridade no campo científico Quem fez o estudo? Quando? Por quê? Onde? 3. Conhecimento: Resumo detalhado das ideias principais De que trata a obra? O que diz? Possui alguma característica especial? Como foi abordado o assunto? Exige conhecimentos prévios para entendê-la? 4. Conclusão do autor: O autor traz conclusões? Onde foram colocadas? (final do livro ou dos capítulos?) Quais foram? 5. Quadro de referências do autor: Modelo teórico Que teoria serviu de embasamento? Qual o método utilizado? 6. Apreciação: a) Julgamento da obra: Como se situa o autor em relação: - às escolas ou correntes científicas, filosóficas, culturais? - às circunstâncias culturais, sociais, econômicas, históricas, etc.? b) Mérito da obra: Qual a contribuição dada? Ideias verdadeiras, originais, criativas?
  • 51. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico 51 UNIDADE 2 Conhecimentos novos amplos, abordagem diferente? c) Estilo: Conciso, objetivo, simples? Claro, preciso, coerente? Linguagem correta? Ou o contrário? d) Forma: Lógica, sistematizada? Há originalidade e equilíbrio na disposição das partes? e) Indicação da obra: A quem é dirigida: grande público, especialistas, estudantes? 2º. Exemplo de roteiro de resenha, sugerido por Medeiros (1997, p. 136- 137): Referência bibliográfica: - Autor - Título da obra - Elementos de imprenta (local da edição, editora, data) - Número de páginas. - Formato Exemplo: GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar. 8. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1980. 522 p. 14 x 21 cm. 1. Credenciais do autor: - Informações sobre o autor, nacionalidade, formação universitária, títulos, livro ou artigo publicado. 2. Resumo da obra (digesto): - Resumo das ideias principais da obra. De que trata o texto? Qual é sua característica principal? Exige algum conhecimento prévio para entendê- la? Descrição do conteúdo dos capítulos ou partes da obra. 3. Conclusões da autoria: - Quais as conclusões a que o autor chegou? 4. Metodologia da autoria: - Que métodos utilizou? Dedutivo? Indutivo? Histórico? Comparativo? Estatístico? - Que técnicas utilizou? Entrevista? Questionários?
  • 52. UniversidadeAbertadoBrasil 52 UNIDADE 2 5. Quadro de referência do autor: - Que teoria serve de apoio ao estudo apresentado? Qual o modelo teórico utilizado? 6. Crítica do resenhista (apreciação): - Julgamento da obra. Qual a contribuição da obra? As ideias são originais? Como é o estilo do autor: conciso, objetivo, simples? Idealista? Realista? 7. Indicações do resenhista: - A quem é dirigida a obra? A obra é endereçada a que disciplina? Pode ser adotada em algum curso? Qual? Você deve ter observado que os dois exemplos de roteiros que acabou de ler são muito semelhantes. Diferem apenas na forma de abordagem dos seus autores. Se você prestar atenção a cada item do roteiro, verá que um complementa o outro. Outro detalhe importante diz respeito à frequente confusão que muitos estudantes fazem entre resenha e resumo. Se você analisar todos os itens que compõem uma resenha, você notará que o resumo é apenas um elemento estrutural da resenha, ou seja, resumo e resenha não se confundem, pois o primeiro (resumo) está incluso no segundo (resenha). É bom lembrar também que o resumo não comporta juízo crítico ou valorativo, enquanto a resenha admite abordagens na forma de apreciação crítica que o resenhista fará sobre certos elementos da obra.
  • 53. MetodologiadoTrabalhoAcadêmico 53 UNIDADE 2 Como você já viu, nesta unidade caracterizamos as modalidades de trabalhos acadêmicos científicos, considerando que estes se diferenciam em função dos objetivos a atingir, da natureza do objeto de estudo e das especificidades das áreas de conhecimento. Você estudou que, embora a nomenclatura “monografia” seja utilizada para trabalhos de final de graduação e pós-graduação lato sensu, também as dissertações e teses, que são trabalhos de pós- graduação stricto sensu, são monografias. Para Severino (2002), chamamos monografia o trabalho científico que recebe tratamento estruturado de um único tema problematizado e delimitado. Medeiros (1997) considera a monografia como uma dissertação que trata de um tema ou assunto particular, de forma sistemática e completa. Desse modo, podemos considerar que todo trabalho monográfico deve apresentar: • o estudo de um tema ou problema bem delimitado; • o tratamento desse tema ou problema de modo profundo; • a adequação metodológica (sistemática e completa); • a estrutura dissertativa (que impõe a estrutura tripartida: introdução, desenvolvimento e conclusão). As dissertações e teses são tipos especiais de monografias que exigem maior rigorosidade teórica e metodológica no estudo da problematização em pauta. Enquanto a dissertação de mestrado possui um caráter de primeira manifestação pessoal de pesquisa, a tese deve ser original, ou seja, deve gerar conhecimento novo a respeito do tema ou problema em foco, de modo a contribuir para o avanço da ciência. O resumo e a resenha são tipos de trabalhos acadêmicos científicos comumente solicitados no ensino superior. O resumo é um texto conciso, a ser escrito com palavras próprias, que contenha a síntese das ideias do seu autor. Ao escrever um resumo, você deverá extrair as ideias do texto lido, sendo-lhes fiel, porém apresentando-as de modo próprio, sintetizado, articulado e seletivo. Não podem faltar no resumo: o assunto, os objetivos do autor, a articulação das ideias, e as conclusões a que o autor chegou. Algumas recomendações são importantes para a elaboração do seu resumo: usar linguagem objetiva; não fazer juízo crítico, nem interpretação subjetiva; buscar a autossuficiência, de modo a não gerar consulta ao texto original para o leitor; não plagiar; respeitar a ordem das ideias e fatos tais como apresentados; e, finalmente, utilizar um único parágrafo. O resumo comporta possibilidades ou tipos, de acordo com seus objetivos: indicativo ou descritivo, informativo ou analítico, tipos mistos e o tipo crítico, sendo que este último se assemelha à resenha. A resenha ou análise bibliográfica é um texto com características próprias, que não se confunde com o resumo da obra, embora o contenha. Seu papel é funcionar, para o leitor, como uma primeira tomada de conhecimento sobre o conteúdo de certas obras, geralmente recém-publicadas, para avaliar se vale a pena utilizá-las na bibliografia de um trabalho científico e/ou se é necessário proceder a sua leitura total. Em função disso, a resenha também comporta: as credenciais do autor, a apresentação da obra, a apreciação do conteúdo, da forma, do estilo e do mérito, geralmente finalizando com a indicação do público para o qual a obra pode ser dirigida. O texto da resenha não comporta subdivisões, a não ser entre a referência bibliográfica e o corpo do texto. Esperamos que os seus estudos nesta unidade venham a contribuir para que você compreenda os objetivos e elabore corretamente seus trabalhos científicos.
  • 54. UniversidadeAbertadoBrasil 54 UNIDADE 2 Não deixe de ler o artigo: Evitando o plágio: orientações metodológicas e dicas gerais, escrito pelo Prof. Fernando Manuel Pacheco Botelho. Você poderá encontrá-lo em: http://www.doctumtec.com.br/ doctum/unidades/guarapari/artigos/document.2006-10-24.3703092288 1. Enumere, a seguir, características que permitem denominar um trabalho de monográfico: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 2. Leia o texto com atenção e faça o que se pede a seguir: Como podemos prevenir o abuso de drogas na adolescência? Implicações educacionais Evely Boruchovitch Doutora em Psicologia Educacional UNICAMP Trata-se de tarefa árdua, como aponta Bucher (1986), pois nos obriga a indagar e a refletir sobre a questão de como prevenir o uso de drogas entre eles, tendo em vista que vivemos num contexto social que favorece o consumo maciço das mesmas. Todavia, alguns esforços vêm sendo empreendidos nesse sentido. A educação preventiva contra as drogas tem se baseado no uso de três estratégias: 1) Persuasão moral, 2) Disseminação de informação fatual e 3) Promoção e desenvolvimento da competência social nos adolescentes (White, 1989). A persuasão moral não é uma técnica eficaz, pois consiste em evitar que eles se engajem no uso de drogas através de mensagens exageradas que apelam para o medo, criando um hiato na comunicação entre adultos e adolescentes. Na realidade, técnicas que têm como objetivo promover o medo podem ter efeitos opostos, principalmente quando se trata de adolescentes que têm necessidade de explorar e correr riscos (Baumrind, 1985) e que não se deixariam (de se?) desviar de seus interesses pelo medo (Bucher, 1986). O simples ensino das propriedades farmacológicas das drogas e de seus efeitos psicoativos também não tem sido capaz de eliminar ou diminuir o seu uso. Além das evidências que existem sobre a dificuldade em se transformar o conhecimento científico em comportamento saudável (Carvalho,1990), é bem verdade que o ensino científico dos malefícios das drogas, quando ocorre, acontece tarde demais, tendo muitos adolescentes já até se tornado usuários. A estratégia mais promissora na prevenção do uso de drogas tem sido a promoção e o desenvolvimento da competência social do adolescente. Essa técnica se baseia na aprendizagem por