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1 von 44
Paraskeva, J. M. (Org.) (2011).
Estudos Culturais, Poder e
Educação. Mangualde: Edições
Pedago.
Tecnologia e Comunicação Educacional II – 2012/2013
Patti Lather; Robert; Cameron McCarthy;
Jennifer Logue e William Pinar. 1
Parte
complementar
Os fundamentos/o
nexo dos estudos
culturais: Um
movimento
emergente no
campo da educação
Capítulo
complementar
Economias de
identidade:
Estudos Culturais e
um currículo para a
criação de espaço
CAPÍTULO
ESCOLHIDO PELO
GRUPO.
Introdução
C
Group
Shoot the elephant:
Identidades
antagonistas,
nostalgia neo-
marxista e passados
impiedosos
Capítulo
Complementar
Recolocar os
estudos culturais
nos estudos
curriculares
Capítulo
Complementar
Capítulo I Capítulo II
Estudos Culturais, Poder e Educação
CapítuloIII Capítulo IV
2
Parte complementar «Educação e Poder», Maurício Gonçalves Saliba
Estudos Culturais, Poder e Educação
As raízes dos estudos culturais emergem na década de 50 no Reino
Unido, pela mão de intelectuais ligados às áreas das
humanidades, nomeadamente a literatura e a media.
Os Estudos Culturais prendem-se com as formas históricas de consciência ou
subjectividade, ou formas subjectivas nas quais vivemos, relacionam-se com o
lado subjectivo das relações sociais.
Surge assim um novo campo académico, que se alastra pelas mais diversas
áreas:
Economia politica, comunicação, filosofia, sociologia, teoria literária, teoria dos
media, antropologia cultural, estudos museológicos, crítica da arte, ciência
política e as suas implicações nos fenómenos culturais.
3
Estudos Culturais, Poder e Educação
Os estudos culturais defendiam a cultura como um espaço de múltiplas
batalhas políticas e ideológicas. Assim os Estudos Culturais começaram a
investigar manifestações como o rock and rol, musica folk, cinema, televisão, e
mais recentemente manifestações de massas como o hip-hop, grafite, etc.
No fundo, os Estudos Culturais preocupam-se em interpretar não só a forma
como determinadas manifestações culturais se localizam mas a forma como
tais manifestações interatuam com dinâmicas ideológicas, de
classe, raça, género, orientação sexual e nacionalidade.
Os Estudos Culturais invadem o campo da educação e do currículo.
4
Estudos Culturais, Poder e Educação
Os capítulos que estruturam este livro ajudam-nos a compreender melhor, pois vão ao
encontro de questões anteriormente levantadas e ajuda-nos, também, a compreender as
embaraçosas questões subjacentes à emergência dos Estudos Culturais, bem como o
interface estudos culturais e educação e o currículo.
Patti Lather, em Os fundamentos/o
nexo dos estudos culturais: Um
movimento emergente no campo
da educação(Cap.I), analisa os
Estudos Culturais no âmbito da
organização e cultura escolares.
Robert J. Helfenbein, Jr, em
Economias de identidade: Estudos
culturais e um currículo para a
criação(Cap.II), analisa como os
alunos utilizam, no fim das aulas, as
instalações da escola.
5
Estudos Culturais, Poder e Educação
William Pinar em Recolocar os estudos culturais
nos estudos curriculares(Cap.IV), salienta a
mudança para os Estudos Culturais durante os anos
90, que foi provavelmente, demasiado abrupta para
um campo que, vinte anos antes, tinha sido
reconceptualizado.
Cameron McCarthy e Jennifer Logue em Shoot the
elephant: Identidades antagónicas, nostalgia neo-
marxista e passados impiedosos (Cap.III), questiona a
importância de se perceber o que é que está em causa no
dialogismo cultural contemporânea e discursos académicos
do marxismo cultural.
6
Estudos Culturais, Poder e Educação – Cap. I
•Este capítulo situa a formação dos Estudos Culturais em Educação (ECE);
•A sua história apresenta tendências contraditórias num dos primeiros locais
onde os ECE estão a ser articulados, os fundamentos educativos;
•A autora centra-se mais onde estão os ECE do que o que são os ECE;
•Para explorar a “adequação” dos estudos culturais à organização e à cultura
das escolas, a autora debruça-se sobre o que estes estão a fazer em termos de
processos de construção e destruição através de um estudo de caso sobre o
esforço programático para repensar os fundamentos educativos.
Introdução ao Capítulo I
7
Estudos Culturais, Poder e Educação
O capítulo está
dividido em três
subtemas:
Os Estudos Culturais nas escolas:
um estudo de caso.
Terreno contestado: O que
aconteceu à Filosofia?
Teorização dos estudos culturais em educação: Estaremos
a criar um melhor lugar para os fundamentos educativos?
8
Estudos Culturais, Poder e Educação
Os estudos Culturais nas escolas: um estudo de caso
 Wright descreve as convergências e as divergências entre os estudos culturais e os
estudos culturais da educação em termos de justiça social, relações de
poder, identificações e identidades nacionais e raciais, diferença e diversidade social e
cultura popular;
 A autora deste capítulo, através dos arquivos da história repensa os estudos dos
fundamentos em educação na Ohio State University.
• Em 1998, aprovação a nível universitário: O programa dos ECE foi aprovado, após
uma luta baseada na ideia de que uma “subespecialização” em ECE iria tirar o lugar a
qualquer programa que pudesse vir a desenvolver nas artes e nas ciências. A chave da
aprovação do processo foi uma carta de Donmoyer, diretor da Escola de Política Educativa
e liderança. Este argumentou que a existência não deveria ser um problema, uma vez que
“a educação é um campo da política pública e não uma disciplina académica.
Foram enumerados vários locais de abordagem dos estudos culturais na educação, bem
como jornais e coleções de livros como uma forma de “situar a nossa instituição na
vanguarda de um movimento emergente no campo da educação.”
9
Estudos Culturais, Poder e Educação
Os estudos Culturais nas escolas: um estudo de caso
 Em 1990-1995, as guerras do cânone em educação: Conseguir a aprovação da
Universidade não foi tarefa fácil.
O terreno curricular e a identidade em mudança do termo “fundamentos” faz parte da
guerra de culturas existentes nas universidades relativamente ao cânone tradicional e a
disputa pela centralidade. A disputa pelo termo “fundamentos” está no centro das guerras
de cânone em educação. O College Curriculum Committe decidiu que nenhuma das áreas
programáticas (exemplo: “Fundamentos Humanísticos” que inclui as disciplinas: História e
Filosofia) poderia utilizar o termo “fundamentos” no título. Questões de
viabilidade, duplicação do programa e redundância do curso formam desde logo levantadas.
Desta forma, acabou-se por ter duas áreas de estudos dos Fundamentos; uma com
denominada de Estudos Culturais em Educação. Outra, com o título de Estudos Gerais
Profissionais.
10
Estudos Culturais, Poder e Educação
Os estudos Culturais nas escolas: um estudo de caso
Em 1998-2002, Fundamentos sociais e culturais: Alunos confundidos e
esforços frustrados na comunicação de uma imagem coerente de nós
próprios.
Foi desta forma que nos movemos quando ocorreram cortes orçamentais
e mudanças de pessoal. Alguns diriam que tais medidas eram necessárias
em termos de sobrevivência do programa, para nos unirmos nos
Fundamentos Sociais e Culturais.
11
Estudos Culturais, Poder e Educação
Terreno contestado: O que aconteceu à Filosofia?
O conceito de “Fundamentos Sociais da Educação”
tem uma história institucional distinta que se refere
aos fenómenos culturais subjacentes às ideias e
práticas educativas de qualquer sociedade e à área
de estudo interdisciplinar que foi desenvolvida
expressamente para mobilizar os professores para o
estudo desses fenómenos culturais.
Como Tozer salienta, os fundamentos da Educação
são um conceito ambíguo. Descreve-os como “um
campo confuso e frequentemente marginalizado”,
por vezes transformando-se em Fundamentos
Sociais da Educação.
12
Estudos Culturais, Poder e Educação
Terreno contestado: O que aconteceu à Filosofia?
Tozer aponta o ressurgimento da
Filosofia Social nos anos 80 e
recomenda um afastamento do
“significado estritamente definido
por associação” da área.
Apelando à “teorização pós-moderna
feminista, neo-marxista, crítica, de
identidade e pós-colonial”, encoraja
ainda uma evolução contínua rumo a
“uma nova “práxis filosófica/educativa
“ que envolva os filósofos da educação
nas necessidades práticas do ensino.
“Tornar o filósofo prático” e “tornar a prática
filosófica”, tem como efeito deixar os seus
colegas“ ‘analíticos’ a pensar o que terá
acontecido à Filosofia” à medida que a área se
move em direções mais culturais. O que se
desloca nesta movimentação é um tipo de
filosofia que exclui os contextos políticos
institucionais e retóricos da produção e
receção do conhecimento. Esta é a Filosofia
que se tentou transformar a si mesmo numa
Ciência da Natureza, ao defender que a
verdade é apenas acessível pelo método
científico. 13
Estudos Culturais, Poder e Educação
Teorização dos estudos culturais em educação: Estaremos a criar um
melhor lugar para os fundamentos educativos?
“Qualquer pessoa que encare os estudos culturais de forma séria enquanto
prática intelectual, deve sentir a sua efemeridade, a sua
insubstancialidade, quão pouco ela inscreve, quão pouco somos capazes de
mudar ou de conseguir que uma pessoa faça algo”. (Stuart Hall, citado em
Shepperson & Tomaselli, 2004, p.263)
14
Estudos Culturais, Poder e Educação, Cap. II (Capítulo de grupo)
O capítulo está
dividido cinco
partes:
Cenário
Introdução
Os Estudos Culturais e a Identidade
Geografia Crítica
História do lugar e o currículo de WELL
15
Estudos Culturais, Poder e Educação
Este projeto analisa como os alunos utilizam, no fim das
aulas, as instalações de um laboratório de computadores.
Realizaram-se entrevistas e observações a alunos do
laboratório de computadores, refletido como os alunos
criam uma economia de identidades que funciona na sua
escola e na comunidade.
O presente capítulo expõe uma investigação que “Nasceu
do interesse pela juventude, pela formação da identidade
dos jovens e pela forma como as pessoas se envolvem no
processo de criação de espaço”. (Massey, 1995)
16
Estudos Culturais, Poder e Educação
Cenário
O laboratório de computadores do WELL;
“Inglês, Espanhol, Vietnamia
(julgo), académica, geek dos
computadores, punk rock e hip-hop são línguas
que ecoam na sala”;
“(…)Um rápido exame aos monitores demonstrou
que a maioria esta na internet, alguns no correio
eletrónico, e um pequeno número estava em
programas de processamento de texto ou em
folhas de cálculo”. 17
Estudos Culturais, Poder e Educação
Este estudo utiliza os estudos culturais e a geografia crítica centrando-se na
forma como os alunos, que participam nos serviços pós-aulas do WELL (William
Edenton Learning Lab), se posicionam face aos serviços prestados, aos contextos
mais abrangentes da sua escola e à comunidade urbana;
É aqui que este estudo sugere que o WELL, representa um plano único de
intersecções de identidade, espaço e lugar para o jovens que o frequentam;
Para o autor, o espaço é um conceito importante nas suas observações. Este
considera que o espaço em questão era diferente da escola do outro lado da
rua, diferente do parque de estacionamento ou da loja de conveniência que
outros miúdos frequentavam, diferente dos outros laboratórios de computadores
que tinha observado. Este espaço era diferente, e diferente no sentido em que
era definido por fronteiras e divisões.
Introdução
18
Estudos Culturais, Poder e Educação
O WELL, criado em 1996, na Carolina do Norte, proporciona, após as
aulas, um laboratório de computadores aos alunos da Holden High School e
as escolas públicas do concelho.
Este espera tornar-se um modelo para os centros comunitários que
completem o espaço entre a escola e a sociedade pelo uso da tecnologia.
Este programa não-lucrativo visa facilitar um espaço onde os alunos possam
complementar o seu trabalho e as suas aptidões académicas.
Introdução
19
Estudos Culturais, Poder e Educação
Os quatro grandes temas (Materialismo, Anti-Essencialismo, Construtivismo e
Contextualização Radical), no desenvolvimento dos estudos culturais servem para
analisar as respostas dos alunos que se envolvem nos diversos discursos de WELL. Além
disso, os estudos Culturais servem como um ponto de partida para a exploração da
identidade do espaço e da criação de espaço, centrais nas trajetórias da Geografia Crítica;
Para Carlson e Dimitriadis (2003), “A educação não é, de um ponto de vista
progressista, tanto sobre a transmissão do conhecimento quanto a formação da
identidade”;
A formação da identidade é entendida como a operação fundamental nestas
experiencias vivas das escolas, uma operação que ocorre em espaços particulares e de
forma disputada, com estruturas que não foram feitas por si, e numa história de cultura e
poder complexa;
A cultura também não pode ser confundida com a etnia ou com geografica
particulares, mas pode ser considerada como “Processo social essencial, que cria ‘modos
de vida´ específicos e diferentes .
Estudos Culturais e a Identidade
20
Estudos Culturais, Poder e Educação
Geografia Crítica
Seguir a Geografia Crítica significa preocupar-se com as relações do
espaço, lugar e identidade.
Para os geógrafos
críticos , o espaço é um
conceito de
individuação.
O lugar é a comunidade
localizada - repleta de
significado para os que
aí se encontram.
A identidade reflete e
reage às relações de
poder .
21
Estudos Culturais, Poder e Educação
 A discrição dos alunos que frequentam o WELL relaciona-se com noções de lugar
distinto do espaço que é feito em contexto de formações mais amplas, descreve um
conjunto de relações. O lugar é uma ideia;
 O WELL distingue-se a trabalhos académicos, mas não tem nenhum currículo
definido, o que significa que, geralmente os alunos se vigiam a si próprios. É um lugar em
que os próprios alunos desempenham um papel na criação do seu significado;
 A Geografia Crítica pode-nos ajudar a compreender este lugar específico e o currículo
que descreve as experiências dos alunos que o frequentam;
Os alunos que frequentam o WELL têm uma vida extremamente instável .
Todos sabemos a dificuldade da mudança da residência quando se é novo (novos
amigos, novos vizinhos, e o mais assustador de tudo, uma nova escola). São estas
condições que permitiram um currículo do não - currículo, abrindo um espaço para estes
alunos construírem ativamente, talvez mais livremente, o seu próprio currículo e
construírem o seu próprio lugar.
História de Lugar e o Currículo do WELL
22
Estudos Culturais, Poder e Educação
Emily, uma rapariga afro-americana de 16 anos, começou a sua história
fazendo uma comparação com a escola que anteriormente frequentava.
A história desta jovem carateriza o currículo de WELL. No caso de Emily,
o WELL proporciona um espaço para jogar com a identidade e explorar
as possibilidades que lhe são negadas do outro lado da rua.
O autor refere que os conceito de raça, cultura e identidade, são no
WELL, abertos à contestação e à rearticulação. Este, apresenta o
exemplo de uma outra afro-americana, Sharia, onde esta afirma que
“têm de compreender que raça – apesar de parecer uma coisa estúpida
– é apenas cor e um pouco de cultura”.
Frequentemente, os alunos diziam que os espaços do WELL
eram abertos a este tipo de conversa sobre a raça.
23
Estudos Culturais, Poder e Educação, Cap. III
Os estudos culturais de acordo com Fiske, “tratam a criação e a circulação
dos significados nas sociedades industriais”.
24
Estudos Culturais, Poder e Educação
Calamidade conceptual e lapso lexical: quem preenche as lacunas?
A falta de unidade e fluidez das diferentes
realidades das nações e em todo mundo não
são, nem podem estar contidas nos
conceitos que temos e com os quais se
articulam.
A linguagem, que assume uma enorme
importância, pois não serve apenas para articular
e delimitar um conjunto de critérios para
estabelecer se se pertence ou não a uma
determinada tradição, ou antes, onde se pertence
em relação a ela, parece frequentemente reforçar
as estruturas sociais que invoca subverter.
25
Estudos Culturais, Poder e Educação
Saltar léxico: representação literária e cinematográfica.
Pai de Billy Elliot: Ballet?
Billy Elliot: Qual é o problema do ballet?
Pai de Billy Elliot: Qual é o problema do BALLET?
Billy Elliot: É perfeitamente normal…
Pai de Billy Elliot: Perfeitamente NORMAL?... Para raparigas, não para rapazes; Billy… Os
rapazes jogam futebol, boxe… Não dançam o maldito Ballet!
Billy Elliot: O que é que os rapazes jogam ? Não vejo qual é o problema…
Pai de Billy Elliot: Vês sim!!!
Billy Elliot: Não, não vejo!!!
Pai de Billy Elliot: Claro que vês!!!... Quem é que pensas que sou?
Billy Elliot: Pai, o que estás a dizer… (Extraído de Billy Elliot)
26
Estudos Culturais, Poder e Educação
As representações cinematográficas contemporâneas
oferecem descrições complexas das circunstâncias
transformadoras da existência mercantilizada da classe
operária, revelando falhas contraditórias e múltiplas.
No exemplo, assistimos ao desafio das noções de
passado e da tradição da classe operária.
Não existe a possibilidades de regressar ao
passado, apenas se pode romper com as tradições e
revisão da hierarquia da distancia cultural.
27
Estudos Culturais, Poder e Educação
Conclusão: Transformar contextos, transformar tradições e
transformar identidades
Há um nivelamento de culturas e de tradições integradas na expansão global dos mercados.
Este novo modelo de poder poderá agora ser apelidado de “integração”. É o que Foucault
descreve como modelo de poder “produtivo” e não “repressivo”. Ou seja, colocam as tradições
lado a lado.
Por fim, a nova divisão internacional do trabalho, o movimento e a migração, o trabalho da
imaginação da maioria das pessoas, impulsionados pela informatização, pela internet, pela cultura
popular – abriram tradições derramando as entranhas de muitos indivíduos por todo o mundo.
“Não te esqueças que o que chamamos de realidade hoje foi apenas imaginação ontem”
( José Saramago, El Hombre Duplicado, 2002)
28
Estudos Culturais, Poder e Educação, Cap. IV
 Existe uma mudança nos estudo culturais nos últimos anos, onde as linhas mestres
desta disciplina precisam de ser articuladas
 Apesar das considerações das classes estarem a desaparecer existe uma preocupação
do valor educativo dos burgueses à classe operária. As disciplinas até aqui estão agora
incorporadas nesta disciplina;
 O autor cita no que se refere ao estudar o conhecimento académico e a cultura
popular, com a individualidade e a sociedade, é impedido de discutir a questão por si
só;
 Juntamente com o social e pessoal, o cultural está a ser estudado pela psicanálise;
 O autor aborda um filme “ Ricochete”, que embora não psicanalítico permite analisar
uma série de questões.
29
Estudos Culturais, Poder e Educação
 Analisa a raça e centra-se no corpo do homem negro;
 Existe um mundo homoerótico;
 Existe uma negação do desejo sexual do homem branco pelo negro e a ascensão social
do homem negro intensifica esse desejo;
 Existe uma inversão social em que o homem branco é o bárbaro e o homem negro é o
viril, cumpridor da lei e da moral, elegante, distinto e racional.
P.S. : é um filme, que embora existem questões económicas, políticas e familiares, está
acima de tudo questões raciais em jogo.
“Ricochete”
30
Estudos Culturais, Poder e Educação
Alexander (1996)
“a câmara afirma que todos nós queremos
olhar para os homens negros, quer sejamos
homossexuais ou heterossexuais, brancos ou
negros, homens ou mulheres.”
A verdadeira razão para olhar é o sexo.
31
Estudos Culturais, Poder e Educação
A cultura popular é uma forma de identidade para os
estudos culturais.
“Os estudos culturais são, então, uma importante
especialização dentro dos estudos curriculares.
(…) Sem estes, os estudos culturais tornam-se
apenas uma “moda” passageira (…)”.
Concluindo,
32
Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar
«Educação e Poder», Maurício Gonçalves Saliba
 Tema: Papel da escola moderna como reprodutora do sistema capitalista.
 Escola: é vista como uma instituição indispensável para a consolidação dos
direitos individuais e para o progresso da humanidade - palco de luta política
– aparelho ideológico.
 Ideologia: fabricação do sujeito obediente, útil e dócil.
33
Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar
1. Escola como formadora do «homem novo»
Jonh Locke – politica liberal – «o estado não
tem autoridade para governar como deseja,
os indivíduos renunciam ao direito de poder
executivo, mas só o consentimento dos
cidadãos legitima o poder.»
Segundo Locke, a sociedade não pode ser
de súditos e analfabetos «ler e escrever é a
condição básica para o novo homem
cidadão que através do consentimento
outorga poderes e legitima a ação dos
governantes»
Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar
1. Escola como formadora do «homem novo»
 Rosseu pensou no novo homem como «livre, feliz e respeitando
a liberdade dos outros procurando conciliar os interesses
particulares e gerais» – a formação desse novo homem passava
pelo projecto de uma escola nova e de uma pedagogia que
transformaria os indivíduos em cidadãos.
 A instrução obrigatória constitui uma possibilidade única de
fazer que todas as crianças, seja qual for a sua origem, vivam do
mesmo modo e, nesse sentido, formem uma comunidade ainda
que por alguns anos. A educação para todos, agenciada pelo
estado, é pressuposta da utopia da igualdade. Uma proposta de
escola laica, gratuita, obrigatória para ambos os sexos e pública
passa a ganhar força durante a Revolução Francesa.
Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar
1. Escola como formadora do «homem novo»
 Boto, afirmava que «o homem novo deveria ser, pois, educado pela pátria e
para a nação», alicerçando-se na crença de que a racionalização, a ciência e
a instrução assegurariam a liberdade da consciência e a felicidade.
 A burguesia, ao criar os sistemas nacionais de ensino, definiu a
escolarização obrigatória, gratuita e laica como condições para a
consolidação da ordem democrática.
Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar
2- A escola como espaço de luta política
 Segundo os teóricos da luta de classes, a luta política passa
efectivamente pela conquista ideológica das classes populares
e, dessa forma, a escola torna-se palco dessa batalha. Além do
campo da disputa política, toda a crítica à escola dar-se-á em termos
pedagógicos, ou seja, «como» e «o que» será ensinado nas escolas.
 A educação tem assumido uma variedade enorme de formas:
religiosa, tradicional, nacionalista, liberal, etc... Todas essas reformas
educacionais baseavam-se em práticas e pressupostos ortodoxos da
modernidade, baseados na crença na escola como instrumento
transmissor de conhecimentos e verdades.
Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar
2- A escola como espaço de luta política
 Conclui-se que a importância política da educação reside na sua função de
socialização do conhecimento;
 O poder sempre esteve em lugares de fácil visibilidade, e dava-se de forma
repressiva ou ideológica;
Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar
2- A escola como espaço de luta política
Para Foucault, o Estado moderno já nasce com o desejo de governar e controlar
toda a sociedade, ou seja, o Estado moderno tem que resolver o problema da
governabilidade. O mais importante para o sistema é que o adulto seja
domesticado e que suas funções produtivas sejam executadas sem resistências ou
desvios. Desse modo, a disciplina quebra a resistência dos indivíduos ao trabalho
desumanizante do capitalismo, criando o indivíduo útil e dócil, cujo tempo de vida
se transformou em força de trabalho.
O indivíduo moralmente apto a viver no sistema capitalista, é aquele que se
regule, em primeiro lugar pelo hábito criado na mecânica dos gestos e condutas,
em segundo lugar, pela culpa, pelo sentimento de desvio moral com relação ao
social, em terceiro lugar, pelo julgamento dos seus pares e iguais. O indivíduo
assim formado tende a reagir, diante de qualquer reação afetiva ou
comportamental discordante do seu meio, com uma extrema sensação de
desconforto e aflição.
Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar
Para formar o indivíduo apto a viver no sistema capitalista e
industrial, a escola tem um papel fundamental:
 1º: função de controlar o tempo das pessoas, encarrega-se da quase totalidade do
tempo de vida das pessoas. Antes de colocar o seu tempo à disposição do
mercado de trabalho, essas pessoas colocam-no à disposição da escola, que as
treinará e as disciplinará para o trabalho rotineiro da produção.
 2º: função de controlar o corpo dos indivíduos. É necessário que os indivíduos não
aceitem apenas colocar o seu tempo à disposição do trabalho, mas também que
adquiram aptidões e qualidades. O corpo dos indivíduos deve ser formado,
qualificado como corpo capaz de trabalhar.
 3º: função da micropenalidade, ou seja, o poder que se tem de punir e
recompensar. No interior dessa instituição funciona um micro poder judiciário,
onde um pequeno tribunal permanentemente julga, avalia, classifica e compara.
Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar
 Em suma, a luta política por uma sociedade mais justa e
igualitária, passa efectivamente pela escola. Mas, apesar de
importante, não está restrita apenas a uma disputa
ideológica. A dominação dá-se de forma mais sutil e
dissimulada. Temos que conhecer todo esse processo de
dominação para termos um interesse constante na liberdade.
Para isso, como educadores, devemos construir, na relação
com o aluno ou com o outro, condições menos opressivas,
onde possa ser cultivada a capacidade do indivíduo de
modelar a sua vida e a sua existência. Só assim poderemos
criar um modelo de escola que permita aos alunos o acesso
aos valores hedonistas, lúdicos e criativos.
Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar
Considerações Finais
 Consagrada historicamente como um direito fundamental, neutralizou-se o
direito à educação e jamais se pensou nas relações de poder no ato pedagógico.
 Sabemos que não há saída sem a educação e, principalmente, a transmissão do
conhecimento acumulado. Mas com certeza, para uma sociedade mais justa e
igualitária, precisamos deixar de acreditar em instituições neutras, uma vez que
estão sempre inseridas nas relações de poder. É preciso que os profissionais das
mais diversas áreas da ciência tenham a capacidade de compreender a sociedade
como uma rede de poder e de conflitos. É preciso desconfiar da análise do poder
que estejam centradas apenas nas relações económicas ou no Estado e procurá-las
nas práticas quotidianas.
Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar
Referências Bibliográficas
 Paraskeva, J. M. (Org.) (2011). Estudos Culturais, Poder e Educação. Mangualde:
Edições Pedago;
 SALIBA, Mauricio Gonçalves (2008). Educaçao e Poder. Trabalho publicado
nos Anais do XVII Congresso Nacional do CONPEDI, Brasilia, 20 a 22 de Dezembro.
43
Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar
Discentes: Carolina Silva, Bárbara Gomes, Nádia Almeida, Sandra
Silva e Tatiana Miranda.
Docente: Lia Raquel Oliveira
Fim!!
44

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Apresentação

  • 1. Paraskeva, J. M. (Org.) (2011). Estudos Culturais, Poder e Educação. Mangualde: Edições Pedago. Tecnologia e Comunicação Educacional II – 2012/2013 Patti Lather; Robert; Cameron McCarthy; Jennifer Logue e William Pinar. 1
  • 2. Parte complementar Os fundamentos/o nexo dos estudos culturais: Um movimento emergente no campo da educação Capítulo complementar Economias de identidade: Estudos Culturais e um currículo para a criação de espaço CAPÍTULO ESCOLHIDO PELO GRUPO. Introdução C Group Shoot the elephant: Identidades antagonistas, nostalgia neo- marxista e passados impiedosos Capítulo Complementar Recolocar os estudos culturais nos estudos curriculares Capítulo Complementar Capítulo I Capítulo II Estudos Culturais, Poder e Educação CapítuloIII Capítulo IV 2 Parte complementar «Educação e Poder», Maurício Gonçalves Saliba
  • 3. Estudos Culturais, Poder e Educação As raízes dos estudos culturais emergem na década de 50 no Reino Unido, pela mão de intelectuais ligados às áreas das humanidades, nomeadamente a literatura e a media. Os Estudos Culturais prendem-se com as formas históricas de consciência ou subjectividade, ou formas subjectivas nas quais vivemos, relacionam-se com o lado subjectivo das relações sociais. Surge assim um novo campo académico, que se alastra pelas mais diversas áreas: Economia politica, comunicação, filosofia, sociologia, teoria literária, teoria dos media, antropologia cultural, estudos museológicos, crítica da arte, ciência política e as suas implicações nos fenómenos culturais. 3
  • 4. Estudos Culturais, Poder e Educação Os estudos culturais defendiam a cultura como um espaço de múltiplas batalhas políticas e ideológicas. Assim os Estudos Culturais começaram a investigar manifestações como o rock and rol, musica folk, cinema, televisão, e mais recentemente manifestações de massas como o hip-hop, grafite, etc. No fundo, os Estudos Culturais preocupam-se em interpretar não só a forma como determinadas manifestações culturais se localizam mas a forma como tais manifestações interatuam com dinâmicas ideológicas, de classe, raça, género, orientação sexual e nacionalidade. Os Estudos Culturais invadem o campo da educação e do currículo. 4
  • 5. Estudos Culturais, Poder e Educação Os capítulos que estruturam este livro ajudam-nos a compreender melhor, pois vão ao encontro de questões anteriormente levantadas e ajuda-nos, também, a compreender as embaraçosas questões subjacentes à emergência dos Estudos Culturais, bem como o interface estudos culturais e educação e o currículo. Patti Lather, em Os fundamentos/o nexo dos estudos culturais: Um movimento emergente no campo da educação(Cap.I), analisa os Estudos Culturais no âmbito da organização e cultura escolares. Robert J. Helfenbein, Jr, em Economias de identidade: Estudos culturais e um currículo para a criação(Cap.II), analisa como os alunos utilizam, no fim das aulas, as instalações da escola. 5
  • 6. Estudos Culturais, Poder e Educação William Pinar em Recolocar os estudos culturais nos estudos curriculares(Cap.IV), salienta a mudança para os Estudos Culturais durante os anos 90, que foi provavelmente, demasiado abrupta para um campo que, vinte anos antes, tinha sido reconceptualizado. Cameron McCarthy e Jennifer Logue em Shoot the elephant: Identidades antagónicas, nostalgia neo- marxista e passados impiedosos (Cap.III), questiona a importância de se perceber o que é que está em causa no dialogismo cultural contemporânea e discursos académicos do marxismo cultural. 6
  • 7. Estudos Culturais, Poder e Educação – Cap. I •Este capítulo situa a formação dos Estudos Culturais em Educação (ECE); •A sua história apresenta tendências contraditórias num dos primeiros locais onde os ECE estão a ser articulados, os fundamentos educativos; •A autora centra-se mais onde estão os ECE do que o que são os ECE; •Para explorar a “adequação” dos estudos culturais à organização e à cultura das escolas, a autora debruça-se sobre o que estes estão a fazer em termos de processos de construção e destruição através de um estudo de caso sobre o esforço programático para repensar os fundamentos educativos. Introdução ao Capítulo I 7
  • 8. Estudos Culturais, Poder e Educação O capítulo está dividido em três subtemas: Os Estudos Culturais nas escolas: um estudo de caso. Terreno contestado: O que aconteceu à Filosofia? Teorização dos estudos culturais em educação: Estaremos a criar um melhor lugar para os fundamentos educativos? 8
  • 9. Estudos Culturais, Poder e Educação Os estudos Culturais nas escolas: um estudo de caso  Wright descreve as convergências e as divergências entre os estudos culturais e os estudos culturais da educação em termos de justiça social, relações de poder, identificações e identidades nacionais e raciais, diferença e diversidade social e cultura popular;  A autora deste capítulo, através dos arquivos da história repensa os estudos dos fundamentos em educação na Ohio State University. • Em 1998, aprovação a nível universitário: O programa dos ECE foi aprovado, após uma luta baseada na ideia de que uma “subespecialização” em ECE iria tirar o lugar a qualquer programa que pudesse vir a desenvolver nas artes e nas ciências. A chave da aprovação do processo foi uma carta de Donmoyer, diretor da Escola de Política Educativa e liderança. Este argumentou que a existência não deveria ser um problema, uma vez que “a educação é um campo da política pública e não uma disciplina académica. Foram enumerados vários locais de abordagem dos estudos culturais na educação, bem como jornais e coleções de livros como uma forma de “situar a nossa instituição na vanguarda de um movimento emergente no campo da educação.” 9
  • 10. Estudos Culturais, Poder e Educação Os estudos Culturais nas escolas: um estudo de caso  Em 1990-1995, as guerras do cânone em educação: Conseguir a aprovação da Universidade não foi tarefa fácil. O terreno curricular e a identidade em mudança do termo “fundamentos” faz parte da guerra de culturas existentes nas universidades relativamente ao cânone tradicional e a disputa pela centralidade. A disputa pelo termo “fundamentos” está no centro das guerras de cânone em educação. O College Curriculum Committe decidiu que nenhuma das áreas programáticas (exemplo: “Fundamentos Humanísticos” que inclui as disciplinas: História e Filosofia) poderia utilizar o termo “fundamentos” no título. Questões de viabilidade, duplicação do programa e redundância do curso formam desde logo levantadas. Desta forma, acabou-se por ter duas áreas de estudos dos Fundamentos; uma com denominada de Estudos Culturais em Educação. Outra, com o título de Estudos Gerais Profissionais. 10
  • 11. Estudos Culturais, Poder e Educação Os estudos Culturais nas escolas: um estudo de caso Em 1998-2002, Fundamentos sociais e culturais: Alunos confundidos e esforços frustrados na comunicação de uma imagem coerente de nós próprios. Foi desta forma que nos movemos quando ocorreram cortes orçamentais e mudanças de pessoal. Alguns diriam que tais medidas eram necessárias em termos de sobrevivência do programa, para nos unirmos nos Fundamentos Sociais e Culturais. 11
  • 12. Estudos Culturais, Poder e Educação Terreno contestado: O que aconteceu à Filosofia? O conceito de “Fundamentos Sociais da Educação” tem uma história institucional distinta que se refere aos fenómenos culturais subjacentes às ideias e práticas educativas de qualquer sociedade e à área de estudo interdisciplinar que foi desenvolvida expressamente para mobilizar os professores para o estudo desses fenómenos culturais. Como Tozer salienta, os fundamentos da Educação são um conceito ambíguo. Descreve-os como “um campo confuso e frequentemente marginalizado”, por vezes transformando-se em Fundamentos Sociais da Educação. 12
  • 13. Estudos Culturais, Poder e Educação Terreno contestado: O que aconteceu à Filosofia? Tozer aponta o ressurgimento da Filosofia Social nos anos 80 e recomenda um afastamento do “significado estritamente definido por associação” da área. Apelando à “teorização pós-moderna feminista, neo-marxista, crítica, de identidade e pós-colonial”, encoraja ainda uma evolução contínua rumo a “uma nova “práxis filosófica/educativa “ que envolva os filósofos da educação nas necessidades práticas do ensino. “Tornar o filósofo prático” e “tornar a prática filosófica”, tem como efeito deixar os seus colegas“ ‘analíticos’ a pensar o que terá acontecido à Filosofia” à medida que a área se move em direções mais culturais. O que se desloca nesta movimentação é um tipo de filosofia que exclui os contextos políticos institucionais e retóricos da produção e receção do conhecimento. Esta é a Filosofia que se tentou transformar a si mesmo numa Ciência da Natureza, ao defender que a verdade é apenas acessível pelo método científico. 13
  • 14. Estudos Culturais, Poder e Educação Teorização dos estudos culturais em educação: Estaremos a criar um melhor lugar para os fundamentos educativos? “Qualquer pessoa que encare os estudos culturais de forma séria enquanto prática intelectual, deve sentir a sua efemeridade, a sua insubstancialidade, quão pouco ela inscreve, quão pouco somos capazes de mudar ou de conseguir que uma pessoa faça algo”. (Stuart Hall, citado em Shepperson & Tomaselli, 2004, p.263) 14
  • 15. Estudos Culturais, Poder e Educação, Cap. II (Capítulo de grupo) O capítulo está dividido cinco partes: Cenário Introdução Os Estudos Culturais e a Identidade Geografia Crítica História do lugar e o currículo de WELL 15
  • 16. Estudos Culturais, Poder e Educação Este projeto analisa como os alunos utilizam, no fim das aulas, as instalações de um laboratório de computadores. Realizaram-se entrevistas e observações a alunos do laboratório de computadores, refletido como os alunos criam uma economia de identidades que funciona na sua escola e na comunidade. O presente capítulo expõe uma investigação que “Nasceu do interesse pela juventude, pela formação da identidade dos jovens e pela forma como as pessoas se envolvem no processo de criação de espaço”. (Massey, 1995) 16
  • 17. Estudos Culturais, Poder e Educação Cenário O laboratório de computadores do WELL; “Inglês, Espanhol, Vietnamia (julgo), académica, geek dos computadores, punk rock e hip-hop são línguas que ecoam na sala”; “(…)Um rápido exame aos monitores demonstrou que a maioria esta na internet, alguns no correio eletrónico, e um pequeno número estava em programas de processamento de texto ou em folhas de cálculo”. 17
  • 18. Estudos Culturais, Poder e Educação Este estudo utiliza os estudos culturais e a geografia crítica centrando-se na forma como os alunos, que participam nos serviços pós-aulas do WELL (William Edenton Learning Lab), se posicionam face aos serviços prestados, aos contextos mais abrangentes da sua escola e à comunidade urbana; É aqui que este estudo sugere que o WELL, representa um plano único de intersecções de identidade, espaço e lugar para o jovens que o frequentam; Para o autor, o espaço é um conceito importante nas suas observações. Este considera que o espaço em questão era diferente da escola do outro lado da rua, diferente do parque de estacionamento ou da loja de conveniência que outros miúdos frequentavam, diferente dos outros laboratórios de computadores que tinha observado. Este espaço era diferente, e diferente no sentido em que era definido por fronteiras e divisões. Introdução 18
  • 19. Estudos Culturais, Poder e Educação O WELL, criado em 1996, na Carolina do Norte, proporciona, após as aulas, um laboratório de computadores aos alunos da Holden High School e as escolas públicas do concelho. Este espera tornar-se um modelo para os centros comunitários que completem o espaço entre a escola e a sociedade pelo uso da tecnologia. Este programa não-lucrativo visa facilitar um espaço onde os alunos possam complementar o seu trabalho e as suas aptidões académicas. Introdução 19
  • 20. Estudos Culturais, Poder e Educação Os quatro grandes temas (Materialismo, Anti-Essencialismo, Construtivismo e Contextualização Radical), no desenvolvimento dos estudos culturais servem para analisar as respostas dos alunos que se envolvem nos diversos discursos de WELL. Além disso, os estudos Culturais servem como um ponto de partida para a exploração da identidade do espaço e da criação de espaço, centrais nas trajetórias da Geografia Crítica; Para Carlson e Dimitriadis (2003), “A educação não é, de um ponto de vista progressista, tanto sobre a transmissão do conhecimento quanto a formação da identidade”; A formação da identidade é entendida como a operação fundamental nestas experiencias vivas das escolas, uma operação que ocorre em espaços particulares e de forma disputada, com estruturas que não foram feitas por si, e numa história de cultura e poder complexa; A cultura também não pode ser confundida com a etnia ou com geografica particulares, mas pode ser considerada como “Processo social essencial, que cria ‘modos de vida´ específicos e diferentes . Estudos Culturais e a Identidade 20
  • 21. Estudos Culturais, Poder e Educação Geografia Crítica Seguir a Geografia Crítica significa preocupar-se com as relações do espaço, lugar e identidade. Para os geógrafos críticos , o espaço é um conceito de individuação. O lugar é a comunidade localizada - repleta de significado para os que aí se encontram. A identidade reflete e reage às relações de poder . 21
  • 22. Estudos Culturais, Poder e Educação  A discrição dos alunos que frequentam o WELL relaciona-se com noções de lugar distinto do espaço que é feito em contexto de formações mais amplas, descreve um conjunto de relações. O lugar é uma ideia;  O WELL distingue-se a trabalhos académicos, mas não tem nenhum currículo definido, o que significa que, geralmente os alunos se vigiam a si próprios. É um lugar em que os próprios alunos desempenham um papel na criação do seu significado;  A Geografia Crítica pode-nos ajudar a compreender este lugar específico e o currículo que descreve as experiências dos alunos que o frequentam; Os alunos que frequentam o WELL têm uma vida extremamente instável . Todos sabemos a dificuldade da mudança da residência quando se é novo (novos amigos, novos vizinhos, e o mais assustador de tudo, uma nova escola). São estas condições que permitiram um currículo do não - currículo, abrindo um espaço para estes alunos construírem ativamente, talvez mais livremente, o seu próprio currículo e construírem o seu próprio lugar. História de Lugar e o Currículo do WELL 22
  • 23. Estudos Culturais, Poder e Educação Emily, uma rapariga afro-americana de 16 anos, começou a sua história fazendo uma comparação com a escola que anteriormente frequentava. A história desta jovem carateriza o currículo de WELL. No caso de Emily, o WELL proporciona um espaço para jogar com a identidade e explorar as possibilidades que lhe são negadas do outro lado da rua. O autor refere que os conceito de raça, cultura e identidade, são no WELL, abertos à contestação e à rearticulação. Este, apresenta o exemplo de uma outra afro-americana, Sharia, onde esta afirma que “têm de compreender que raça – apesar de parecer uma coisa estúpida – é apenas cor e um pouco de cultura”. Frequentemente, os alunos diziam que os espaços do WELL eram abertos a este tipo de conversa sobre a raça. 23
  • 24. Estudos Culturais, Poder e Educação, Cap. III Os estudos culturais de acordo com Fiske, “tratam a criação e a circulação dos significados nas sociedades industriais”. 24
  • 25. Estudos Culturais, Poder e Educação Calamidade conceptual e lapso lexical: quem preenche as lacunas? A falta de unidade e fluidez das diferentes realidades das nações e em todo mundo não são, nem podem estar contidas nos conceitos que temos e com os quais se articulam. A linguagem, que assume uma enorme importância, pois não serve apenas para articular e delimitar um conjunto de critérios para estabelecer se se pertence ou não a uma determinada tradição, ou antes, onde se pertence em relação a ela, parece frequentemente reforçar as estruturas sociais que invoca subverter. 25
  • 26. Estudos Culturais, Poder e Educação Saltar léxico: representação literária e cinematográfica. Pai de Billy Elliot: Ballet? Billy Elliot: Qual é o problema do ballet? Pai de Billy Elliot: Qual é o problema do BALLET? Billy Elliot: É perfeitamente normal… Pai de Billy Elliot: Perfeitamente NORMAL?... Para raparigas, não para rapazes; Billy… Os rapazes jogam futebol, boxe… Não dançam o maldito Ballet! Billy Elliot: O que é que os rapazes jogam ? Não vejo qual é o problema… Pai de Billy Elliot: Vês sim!!! Billy Elliot: Não, não vejo!!! Pai de Billy Elliot: Claro que vês!!!... Quem é que pensas que sou? Billy Elliot: Pai, o que estás a dizer… (Extraído de Billy Elliot) 26
  • 27. Estudos Culturais, Poder e Educação As representações cinematográficas contemporâneas oferecem descrições complexas das circunstâncias transformadoras da existência mercantilizada da classe operária, revelando falhas contraditórias e múltiplas. No exemplo, assistimos ao desafio das noções de passado e da tradição da classe operária. Não existe a possibilidades de regressar ao passado, apenas se pode romper com as tradições e revisão da hierarquia da distancia cultural. 27
  • 28. Estudos Culturais, Poder e Educação Conclusão: Transformar contextos, transformar tradições e transformar identidades Há um nivelamento de culturas e de tradições integradas na expansão global dos mercados. Este novo modelo de poder poderá agora ser apelidado de “integração”. É o que Foucault descreve como modelo de poder “produtivo” e não “repressivo”. Ou seja, colocam as tradições lado a lado. Por fim, a nova divisão internacional do trabalho, o movimento e a migração, o trabalho da imaginação da maioria das pessoas, impulsionados pela informatização, pela internet, pela cultura popular – abriram tradições derramando as entranhas de muitos indivíduos por todo o mundo. “Não te esqueças que o que chamamos de realidade hoje foi apenas imaginação ontem” ( José Saramago, El Hombre Duplicado, 2002) 28
  • 29. Estudos Culturais, Poder e Educação, Cap. IV  Existe uma mudança nos estudo culturais nos últimos anos, onde as linhas mestres desta disciplina precisam de ser articuladas  Apesar das considerações das classes estarem a desaparecer existe uma preocupação do valor educativo dos burgueses à classe operária. As disciplinas até aqui estão agora incorporadas nesta disciplina;  O autor cita no que se refere ao estudar o conhecimento académico e a cultura popular, com a individualidade e a sociedade, é impedido de discutir a questão por si só;  Juntamente com o social e pessoal, o cultural está a ser estudado pela psicanálise;  O autor aborda um filme “ Ricochete”, que embora não psicanalítico permite analisar uma série de questões. 29
  • 30. Estudos Culturais, Poder e Educação  Analisa a raça e centra-se no corpo do homem negro;  Existe um mundo homoerótico;  Existe uma negação do desejo sexual do homem branco pelo negro e a ascensão social do homem negro intensifica esse desejo;  Existe uma inversão social em que o homem branco é o bárbaro e o homem negro é o viril, cumpridor da lei e da moral, elegante, distinto e racional. P.S. : é um filme, que embora existem questões económicas, políticas e familiares, está acima de tudo questões raciais em jogo. “Ricochete” 30
  • 31. Estudos Culturais, Poder e Educação Alexander (1996) “a câmara afirma que todos nós queremos olhar para os homens negros, quer sejamos homossexuais ou heterossexuais, brancos ou negros, homens ou mulheres.” A verdadeira razão para olhar é o sexo. 31
  • 32. Estudos Culturais, Poder e Educação A cultura popular é uma forma de identidade para os estudos culturais. “Os estudos culturais são, então, uma importante especialização dentro dos estudos curriculares. (…) Sem estes, os estudos culturais tornam-se apenas uma “moda” passageira (…)”. Concluindo, 32
  • 33. Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar «Educação e Poder», Maurício Gonçalves Saliba  Tema: Papel da escola moderna como reprodutora do sistema capitalista.  Escola: é vista como uma instituição indispensável para a consolidação dos direitos individuais e para o progresso da humanidade - palco de luta política – aparelho ideológico.  Ideologia: fabricação do sujeito obediente, útil e dócil. 33
  • 34. Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar 1. Escola como formadora do «homem novo» Jonh Locke – politica liberal – «o estado não tem autoridade para governar como deseja, os indivíduos renunciam ao direito de poder executivo, mas só o consentimento dos cidadãos legitima o poder.» Segundo Locke, a sociedade não pode ser de súditos e analfabetos «ler e escrever é a condição básica para o novo homem cidadão que através do consentimento outorga poderes e legitima a ação dos governantes»
  • 35. Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar 1. Escola como formadora do «homem novo»  Rosseu pensou no novo homem como «livre, feliz e respeitando a liberdade dos outros procurando conciliar os interesses particulares e gerais» – a formação desse novo homem passava pelo projecto de uma escola nova e de uma pedagogia que transformaria os indivíduos em cidadãos.  A instrução obrigatória constitui uma possibilidade única de fazer que todas as crianças, seja qual for a sua origem, vivam do mesmo modo e, nesse sentido, formem uma comunidade ainda que por alguns anos. A educação para todos, agenciada pelo estado, é pressuposta da utopia da igualdade. Uma proposta de escola laica, gratuita, obrigatória para ambos os sexos e pública passa a ganhar força durante a Revolução Francesa.
  • 36. Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar 1. Escola como formadora do «homem novo»  Boto, afirmava que «o homem novo deveria ser, pois, educado pela pátria e para a nação», alicerçando-se na crença de que a racionalização, a ciência e a instrução assegurariam a liberdade da consciência e a felicidade.  A burguesia, ao criar os sistemas nacionais de ensino, definiu a escolarização obrigatória, gratuita e laica como condições para a consolidação da ordem democrática.
  • 37. Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar 2- A escola como espaço de luta política  Segundo os teóricos da luta de classes, a luta política passa efectivamente pela conquista ideológica das classes populares e, dessa forma, a escola torna-se palco dessa batalha. Além do campo da disputa política, toda a crítica à escola dar-se-á em termos pedagógicos, ou seja, «como» e «o que» será ensinado nas escolas.  A educação tem assumido uma variedade enorme de formas: religiosa, tradicional, nacionalista, liberal, etc... Todas essas reformas educacionais baseavam-se em práticas e pressupostos ortodoxos da modernidade, baseados na crença na escola como instrumento transmissor de conhecimentos e verdades.
  • 38. Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar 2- A escola como espaço de luta política  Conclui-se que a importância política da educação reside na sua função de socialização do conhecimento;  O poder sempre esteve em lugares de fácil visibilidade, e dava-se de forma repressiva ou ideológica;
  • 39. Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar 2- A escola como espaço de luta política Para Foucault, o Estado moderno já nasce com o desejo de governar e controlar toda a sociedade, ou seja, o Estado moderno tem que resolver o problema da governabilidade. O mais importante para o sistema é que o adulto seja domesticado e que suas funções produtivas sejam executadas sem resistências ou desvios. Desse modo, a disciplina quebra a resistência dos indivíduos ao trabalho desumanizante do capitalismo, criando o indivíduo útil e dócil, cujo tempo de vida se transformou em força de trabalho. O indivíduo moralmente apto a viver no sistema capitalista, é aquele que se regule, em primeiro lugar pelo hábito criado na mecânica dos gestos e condutas, em segundo lugar, pela culpa, pelo sentimento de desvio moral com relação ao social, em terceiro lugar, pelo julgamento dos seus pares e iguais. O indivíduo assim formado tende a reagir, diante de qualquer reação afetiva ou comportamental discordante do seu meio, com uma extrema sensação de desconforto e aflição.
  • 40. Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar Para formar o indivíduo apto a viver no sistema capitalista e industrial, a escola tem um papel fundamental:  1º: função de controlar o tempo das pessoas, encarrega-se da quase totalidade do tempo de vida das pessoas. Antes de colocar o seu tempo à disposição do mercado de trabalho, essas pessoas colocam-no à disposição da escola, que as treinará e as disciplinará para o trabalho rotineiro da produção.  2º: função de controlar o corpo dos indivíduos. É necessário que os indivíduos não aceitem apenas colocar o seu tempo à disposição do trabalho, mas também que adquiram aptidões e qualidades. O corpo dos indivíduos deve ser formado, qualificado como corpo capaz de trabalhar.  3º: função da micropenalidade, ou seja, o poder que se tem de punir e recompensar. No interior dessa instituição funciona um micro poder judiciário, onde um pequeno tribunal permanentemente julga, avalia, classifica e compara.
  • 41. Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar  Em suma, a luta política por uma sociedade mais justa e igualitária, passa efectivamente pela escola. Mas, apesar de importante, não está restrita apenas a uma disputa ideológica. A dominação dá-se de forma mais sutil e dissimulada. Temos que conhecer todo esse processo de dominação para termos um interesse constante na liberdade. Para isso, como educadores, devemos construir, na relação com o aluno ou com o outro, condições menos opressivas, onde possa ser cultivada a capacidade do indivíduo de modelar a sua vida e a sua existência. Só assim poderemos criar um modelo de escola que permita aos alunos o acesso aos valores hedonistas, lúdicos e criativos.
  • 42. Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar Considerações Finais  Consagrada historicamente como um direito fundamental, neutralizou-se o direito à educação e jamais se pensou nas relações de poder no ato pedagógico.  Sabemos que não há saída sem a educação e, principalmente, a transmissão do conhecimento acumulado. Mas com certeza, para uma sociedade mais justa e igualitária, precisamos deixar de acreditar em instituições neutras, uma vez que estão sempre inseridas nas relações de poder. É preciso que os profissionais das mais diversas áreas da ciência tenham a capacidade de compreender a sociedade como uma rede de poder e de conflitos. É preciso desconfiar da análise do poder que estejam centradas apenas nas relações económicas ou no Estado e procurá-las nas práticas quotidianas.
  • 43. Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar Referências Bibliográficas  Paraskeva, J. M. (Org.) (2011). Estudos Culturais, Poder e Educação. Mangualde: Edições Pedago;  SALIBA, Mauricio Gonçalves (2008). Educaçao e Poder. Trabalho publicado nos Anais do XVII Congresso Nacional do CONPEDI, Brasilia, 20 a 22 de Dezembro. 43
  • 44. Estudos Culturais, Poder e Educação - Parte complementar Discentes: Carolina Silva, Bárbara Gomes, Nádia Almeida, Sandra Silva e Tatiana Miranda. Docente: Lia Raquel Oliveira Fim!! 44