O documento discute como a tecnologia está interferindo nas práticas de leitura. Apresenta como a atenção e retenção para conteúdos lineares está menor, enquanto a concentração para conteúdos dinâmicos é maior. Também debate se essas mudanças são boas ou ruins e seu impacto no cérebro e cognição.
2. 10 anos atrás leitura significava
basicamente papel
hoje há novas formas de leitura, a
maior parte direcionada pela
tecnologia de vanguarda
como a tecnologia interfere nas
minhas práticas de leitura?
4. distração vs concentração: supõe-se
que a distração está na web, mas na
verdade o que me distrai e não atrai
mais a minha atenção são livros
não consigo me concentrar mais em
livros...
5. mas não só livros....
menor concentração para
apresentações lineares, extensas
maior concentração para
apresentações dinâmicas, velozes
14. a web altera a nossa rede neural
(Nicholas Carr, 2008); tese plausível
mas as pesquisas empíricas a respeito
ainda são inconclusíveis...
a pergunta então permanece: o cérebro
funciona diferente quando lemos uma
história e quando navegamos na web?
15. o cyberespaço é diferente do espaço da literatura
(Sven Birkerts, 2008); condições opostas de sentiência
cyberespaço:múltiplas conexões entre um volume
imenso de informações e a sua imediatez
espaço da literatura: processos sofisticados que
impulsionam a compreensão e inclui habilidades
dedutivas, análise crítica, reflexão e insight
dois modelos de imersão experiencial no mundo por
meio da linguagem
17. se a discussão é em favor da excepcionalidade da leitura,
onde reside toda a beleza, então precisamos nos lembrar
que nós de fato lemos na internet
bem, então talvez a grandeza não consista na leitura em si,
mas nos livros (Kevin Kelly, 2008)
e para concluir que a internet é ruim para a disseminação
de conhecimentos científicos ou experimentais, você teria
que abordar esse tema diretamente (Shirky, 2008)
[obviamente, um assunto diferente da influência da web na
cognição]
18. Eu leio o tempo inteiro. Na verdade, nunca li tanto
19. toda tecnologia do passado que conseguiu aumentar o número
de produtores e consumidores de material escrito, do alfabeto e
o papiro até o telégrafo e o livro de bolso, tem sido boa para a
humanidade. Pode ser que um meio que radicalmente amplia a
nossa capacidade de criar e compartilhar documentos escritos
vai acabar sendo ruim para a humanidade. Mas esse seria o
primeiro caso, nos três mil anos entre o alfabeto fenício e agora
(Clay Shirky, 08)
20. Sempre que a abundância de material escrito explode, a
qualidade média do material escrito cai, como um efeito
colateral do volume. Novas formas começam provisórias e
incompletas, e só podem competir por atenção com a
literatura mais antiga entre as pessoas que valorizam a
experimentação. A abundância propriamente cria uma
distração conforme as pessoas lidam com a sobrecarga
de informações. Instituições surgidas em torno da
escassez anterior alertam, muitas vezes corretamente, para
o fim da sociedade como a conhecemos. E o ato de
institucionalização da nova abundância exige mudanças
complexas, e ocasionalmente, revolucionárias (Shirky, 08)
21. a tendência é que novas formas de expressão surjam.
Precisamos perder a ingenuidade de achar que a tecnologia
não afeta a nossa essência
22. Mas e o e-reader? Quando você está lendo um livro
no Kindle, como que isso difere de lê-lo na web?
Ou da leitura da versão impressa do mesmo livro?
23. Mas o primeiro e-book é de 40 anos atrás. Por que só
despontaram hoje? - Tecnologia
Após meses de reuniões, Bezos e a equipe do Amazon
concordaram com um conceito particular: a melhor coisa
sobre um livro é que ele desaparece. Você começa a ler, e
não percebe o livro físico em si, apenas as palavras e
idéias sobre a página
Concluiram que o aparelho deveria desaparecer,
exatamente como um livro físico, mas ao mesmo tempo
você deveria ser capaz de realizar coisas que nunca
poderia fazer com um livro físico
24.
25. Embora o livro "desapareça", o que os editores não têm
prestado muita atenção é o que conduziu previamente as
mudanças na indústria da música e do cinema:
o dispositivo
Há três maneiras de se ganhar dinheiro a partir do
dispositivo de mídia: re-venda do conteúdo, a venda do
aparelho, propriamente, e o licenciamento de como o
conteúdo é codificado
Existem três tipos básicos de dispositivos tentando
substituir o produto impresso: o computador, o celular e o
"leitor de e-books" (Kindle, Sony Reader, Nook)
26.
27. Se o custo de um Kindle (e-readers) cair, e se a facilidade
de compra e armazenamento de livros e conteúdo textual
(especialmente rss) através dele puder destituir a
comodidade de comprar e armazenar livros físicos, então o
consumidor poderá, finalmente, descobrir que o apelo
tangível pelo livro impresso e outros dispositivos de leitura
não é tão difícil de ser superado
Do lado da experiência de leitura, o e-reader caiu em um
terreno instável, também. Para as pessoas que amam os
livros, existem alguns elementos tangiveis e intangíveis que
um dispositivo eletrônico nunca vai ser completamente
capaz de reproduzir
29. certamente há muito hype e em longo prazo o
Kindle pode não "mudar o mundo", mas o
modelo chegou para ficar
a minha geração talvez seja a última a
enxergar o o livro impresso como o ápice da
cultura humana
30.
31.
32. Nunca se produziram tantos livros impressos no mundo (há
controvérsias, na verdade se trata mais de um long tail), mas os
tomos de Harry Potter, Senhor do Anéis e Crepúsculo estão aí
Se há uma queda geral no nível cultural, se hoje vemos até
pessoas das artes e das idéias com formação geral deficiente,
não é por causa de alguma incompatibilidade fundamental entre
o homem contemporâneo e a superfície impressa. O que há é
uma perda do valor desse conceito, “formação”, num mundo
tão bombardeado de informações e de tantas horas perdidas
em trânsito, distração e consumismo. Pois quem deseja tomar
contato com o que se escreveu de melhor no passado tem
ampla oferta de produtos e eventos (Daniel Piza, 2009)
33.
34. Se a internet, com seus recursos de som, imagem, busca
e interatividade, tem o potencial – ainda não realizado – de
levar a narrativa a um hibridismo tridimensional em que
provavelmente já não caberá falar de “literatura”, talvez o
Kindle e semelhantes venham a trabalhar no sentido
contrário, o de preservar as formas literárias que nos foram
legadas pela tradição. Aquilo não é papel, mas e daí? A
matéria-prima dos escritores não é a celulose.
Por trás de sua aparência moderninha, os e-readers são
na verdade engenhocas produndamente conservadoras –
paladinos digitais do livro como o conhecemos
(Sérgio Rodrigues, 2009)
35. A boa literatura é uma questão de identidade,
não consigo imaginar-me lendo um livro como
"A Montanha Mágica" hoje.
Se a densidade de um clássico é a
sublimação da individualidade, então a
pergunta que se coloca é: hiperconectados
perdemos este distanciamento necessário?
(Fabiano Caruso, 2009)
36. No final das contas é politicamente
correto dizer que as coisas podem
coexistir e não são excludentes,
digital vs impresso
E que cada pessoa tem a
responsabilidade individual sobre como a
leitura digital impacta a sua cognição
37. Outra coisa que eu queria falar é...
impressão sob demanda é diferente de
auto-publicação
Meu sonho particular é poder imprimir livros
unitários, preço justo, com conteúdo customizado e
qualidade gráfica
Eu por exemplo tenho uma tag no delicious (leituras)
que se acumula com o tempo e eventualmente
poderia se tornar um livro impresso