Este documento fornece instruções detalhadas sobre como construir fantoches de luva na sala de aula, incluindo como fazer as cabeças, roupas, cenários e encenar uma peça de teatro. Explica os materiais necessários como pasta de papel ou madeira e como modelar, pintar e colocar cabelos nas cabeças dos fantoches. Também discute como fazer roupas usando tecidos reciclados e como criar cenários e adereços coloridos.
2. Quando representamos
uma peça de teatro com
fantoches escondemo-nos
atrás da barraquinha e
quem aparece frente ao
público é um boneco.
Assim, até o mais tímido
pode dar largas à sua
criatividade e o mais
esquecido pode dizer, sem
tropeçar, o texto que pode
ter decorado ou mesmo
escarrapachado à frente
do nariz, colado na parede
interior da barraca.
3. Fases do projecto
Escolha do texto.
Construção das cabeças dos fantoches.
Execução dos fatos.
Execução dos cenários.
Execução dos adereços.
Encenação
4. Escolha do Texto
O texto pode ser construído a partir de uma ideia surgida
em discussão na turma, em Formação Cívica, em Área de
Projecto ou decorrente do Projecto Curricular da Turma.
Esta possibilidade tem várias vantagens ( o tema
interessar a todos, promover a interdisciplinaridade, entre
outras ) mas encerra alguns riscos. Por vezes, os textos
podem apresentar fraca qualidade.
Procurando na Biblioteca da Escola ou em sites didácticos
podemos encontrar textos dramáticos, escritos por
profissionais, para todos os gostos e versando diversos
assuntos que, podem ser adaptados, com sucesso, ao teatro
de fantoches.
5. Quando decidimos construir fantoches, logo temos que
tomar várias decisões:
- Que materiais usar?
As cabeças dos fantoches podem ser feitas de vários
materiais:
- Podem, por exemplo ser esculpidas em madeira, cortiça
ou esferovite;
ou
- Podem ser modeladas num material que seja leve e tenha
plasticidade como as pastas de madeira ou de papel.
Construção do Fantoche :
A Cabeça
6. O recurso à modelação é o que mais se adequa aos alunos
do 2º Ciclo.
A pasta de madeira é um material mais sofisticado
( seca em pouco tempo e perde pouco volume ao secar –
enruga menos ) mas o seu custo é, relativamente elevado.
A pasta de papel, embora mais “rude “, é económica
( custa o preço da cola para papéis de parede), é fruto do
trabalho dos alunos e ecologicamente correcta, quando
proveniente da reciclagem de papel, por exemplo, de jornal
ou de listas telefónicas ( papeis com pouca goma ).
7. Depois de escolhido o texto, apresentam-se duas opções:
- Cada aluno vai construir uma personagem da história
que foi escolhida para ser representada a partir de uma
recolha de imagens bidimensionais ( pesquisa fotográfica
própria, fotografias de jornais ou revistas, fotocópias de
livros, etc. )
- Cada aluno vai construir um actor ( seu “ alter ego “
feito a partir da sua fotografia digital captada de frente
e de perfil ) que irá interpretar uma personagem do texto
escolhido.
8. Em ambos os casos, o
projecto que servirá de
base à execução do
fantoche em três
dimensões, deve ser
desenhado de frente e
de perfil, numa folha de
papel cavalinho, A3 ou
A4, dividida ao meio na
horizontal, de modo a
estarem sempre
presentes as vistas
frontal e lateral.
9. Durante a execução da cabeça do fantoche, a folha do
projecto deve estar protegida dentro de uma “ mica” ou
de um saco de plástico transparente.
10. Preparação do material
A reciclagem, o reaproveitamento e o recurso a materiais
não convencionais pode ser um dos objectivos deste
projecto.
11. Como suporte, nas fases
de modelação e pintura da
cabeça do fantoche,
podemos utilizar garrafas
grandes, de água ou de
refrigerante, com areia ou
brita ( convém selar a zona
de corte com fita cola
grossa para evitar
acidentes).
12. As cabeças são modeladas em volta de uma meia de senhora
( lycra ou mousse ) com duas ou três mãos cheias de
serradura e um pedaço de cana ( cortada junto aos nós ) ou
de pau de vassoura espetado. Também se pode utilizar tubo
de plástico mas, nesse caso, as extremidades devem ser
seladas, por exemplo, com rolhas.
13. Preparação da pasta
Rasgam-se os jornais em pequenos pedaços, junta-se
água ( de preferência quente ) e tritura-se com uma
varinha mágica grande.
14. Põe-se a escorrer num
joeiro para libertar a
maior parte da água e
espreme-se formando
pequenas bolas.
15. A seguir, desfazem-se as bolas de pasta húmida em
pequenos pedaços e junta-se cola e amassa-se até obter
uma pasta plástica e uniforme. A cola que mais vantagens
apresenta é a de papéis de parede ( apenas, raramente,
alguns alunos apresentam reacções alérgicas que se
ultrapassam usando “ luvas de médico “) .
16. A cola de madeira
produz uma pasta mais
resistente e que seca mais
depressa. Por ter uma
secagem rápida, pega-se às
mãos durante a modelação,
pelo que se torna
desaconselhável.
É conveniente amassar a
pasta conforme se vai
utilizando já que, depois de
adicionada a cola, a pasta
tem de ser guardada
dentro de um saco de
plástico e tem tendência a
apodrecer.
17. A serradura é hidrófila e
suga a água e a cola da
pasta, fazendo-a perder
plasticidade. Para evitar
que a cabeça se
desmanche durante o
processo de modelação,
humedece-se o suporte da
cabeça antes de o cobrir
com uma camada uniforme
de pasta .
Modelação da Cabeça
18. Seguidamente vai-se
acrescentando pasta e
modelando a cabeça,
procurando seguir o
desenho com as vistas
frontal e lateral, que deve
estar sempre presente.
As mãos são o principal
instrumento de trabalho e
devem ser humedecidas
com cola, conforme as
necessidade do trabalho.
Para modelar pormenores
utilizam-se teques, que
podem ser de cana.
19. Depois de modelada, a cabeça fica a secar. A secagem
dura alguns dias, dependendo da quantidade de pasta
aplicada e das condições atmosféricas.
Durante este tempo pode ser iniciada a execução dos
fatos, dos adereços e dos cenários.
Em caso de muita pressa na secagem da pasta, o
processo pode ser acelerado por exposição ao sol e vento
ou utilizando um termoventilador.
Depois de secas, as cabeças apresentam um aspecto
rugoso que pode ser minorado aplicando uma fina camada
de pasta.
De qualquer forma, para ficarem lisas, depois secas, as
cabeças devem ser lixadas.
20. Quando a pasta já está
seca retira-se o pau do
suporte ( ou cana, ou tubo )
e vaza-se a serradura.
Tendo absorvido parte da
cola e água, através da meia,
a serradura não se solta
facilmente. Uma chave de
fendas ou limatão podem
servir para a ajudar a
soltar-se.
A seguir à serradura sai a
meia e o cordel e ficamos
com a cabeça para ser lixada
e pintada
21. Pintura da Cabeça
As tintas a utilizar devem ser resistentes.
Com um pouco de paciência e um catálogo RAL,
podemos adquirir Tintas de Parede ou Esmalte Aquoso
muito próximas das Cores Primárias.
Com embalagens de iogurte, copos de gelado ou café,
etc, podemos fazer todas as cores de que necessitamos
para as cabeças, os cenários e os adereços. Nestes
últimos podemos conseguir bons resultados de pintura e
resistência utilizando guaches ou têmperas diluídas em
cola de papel de parede.
Assim, de forma simples e directa, entramos pela
Teoria da Cor, aprofundando a exploração conforme o
grupo/turma.
22. Enfiada no pau e equilibrada na garrafa, a cabeça pode
ser pintada.
23. Colocação de Cabelos
Caso não se opte por modelar e pintar o cabelo do
fantoche, podemos introduzir, na pasta seca e pintada,
fibras têxteis, normalmente lã.
Com um mini berbequim ou com o engenho de furar
perfura-se o couro cabeludo do fantoche, a espaços de 3
a 5 mm.
24. Corta-se a lã com comprimento igual ao dobro do
tamanho dos cabelos.
Dobram-se os fios ao meio e, com a ajuda de um arame
ou de um prego sem bico, introduzem-se nos furos onde
já se pôs uma gota de cola transparente.
Os cabelos devem ser colados por filas e, dependendo
da rapidez do executante, entre dois a cinco de cada
vez.
25. Depois de completa, a cabeleira pode cortada,
entrançada ou penteada, conforme o projecto inicial.
26. Execução dos Fatos
Dependendo do projecto e da abordagem do currículo,
os fatos dos fantoches podem ser feitos de várias
formas e materiais:
- Podem ser feitos tecendo um tear de cartão com a
forma do fato;
27. - Podem ser feitos em pano cru ou pano de lençol e
pintados conforme o projecto;
28. - Podem ser feitos a partir de tecidos reaproveitados,
cortados a partir de moldes.
29. Se cada um trouxer peças de roupa que já não servem
ou restos de tecidos, com esse “banco de material”,
linhas, agulhas, moldes e trabalho, pode-se executar a
roupa para os fantoches...
32. Execução dos Cenários e Adereços
A execução dos cenários permite pesquisar formas,
estruturar a sua apresentação e desenvolver o estudo da
cor.
Para além da aplicação
de cores primárias,
secundárias e
intermédias, conforme as
características do
grupo/turma, podem-se
trabalhar tons, texturas,
perspectiva, etc.
33. Os adereços, quer sejam objectos, quer sejam
personagens de menor importância, podem ser
executados em diversos materiais e utilizando técnicas
variadas.
34. A Encenação
Para apresentar a peça podem-se gravar as falas e os
sons e representar em “ playback “ ou representar ao
vivo.
A primeira opção pode permitir, com poucos meios,
uma boa qualidade de som quer na inteligibilidade do
texto, quer na introdução de sons e música. Para além
disso, libertos da necessidade de dizer o texto, os
actores podem concentrar-se, apenas, na
representação. No entanto, como este tipo de teatro
vive muito da interactividade, a apresentação pode
perder muito com esta opção.
35. Optando por apresentar a peça ao vivo, mesmo com o
texto muito bem lido e decorado no momento da
apresentação o nervosismo pode pregar partidas.
O texto impresso com letras grandes, com as falas
de cada personagem com cores diferentes e colado
em cartolinas que se penduram dentro da barraca, dá
segurança e liberta os actores para a representação.
Os actores podem, assim, interagir com o público
apenas se complicando o trabalho do sonoplasta.
36. Na apresentação da peça podem ser utilizadas
actividades de animação de rua como, por exemplo, um
cortejo com música e distribuição de panfletos, para
chamar os espectadores ao local da função.
A organização e forma do cortejo pode ser um
momento de interdisciplinaridade, com música, ginastas
e saltimbancos.
A elaboração dos panfletos constitui uma oportunidade
para os alunos conhecerem e utilizarem software básico
de desenho e composição gráfica como o “paint” ou o
“publisher”.
37. Nota final
Nesta apresentação foram exibidas fotografias de
situações de aula e de trabalhos realizados por alunos
de turmas dos 5º e 6º anos das Escolas Básicas 2/3
Jacinto Correia e Rio Arade onde formei par
pedagógico, respectivamente, com as Professoras
Manuela Mira e Leonor Ramos.