síntese crítica de dois textos:
BARBERÀ, E. (2006) “Aportaciones de la tecnología a la e-Evaluación”. RED. Revista de Educación a Distancia, Año V. Número monográfico VI. http://www.um.es/ead/red/M6/
PRIMO, Alex (2006) "Avaliação em processos de educação problematizadora online". In: Marco Silva; Edméa Santos. (Org.). Avaliação da aprendizagem em educação online. São Paulo: Loyola, v. , p. 38-49. http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/EAD5.pdf
Proposta De Modelo De AvaliaçãO De Um Curso Online
Perspectivas sobre avaliação pedagógica: a avaliação das aprendizagens em contexto online
1. PERSPECTIVAS SOBRE AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA:
A avaliação das aprendizagens em contexto online
Maria João Sobral
Maria João Leal
2. Perspectivas sobre avaliação pedagógica:
a avaliação das aprendizagens em contexto online
INTRODUÇÃO
A avaliação está intimamente ligada ao modelo de aprendizagem escolhido. Isto é
válido tanto para o ensino presencial como para o ensino online. Esta é a premissa do
texto de Primo.
Dependente do modelo também as ferramentas utilizadas terão de ser adequadas. Se
num modelo assente em transmissão de conhecimentos será necessárias ferramentas
de avaliação automática, já num modelo construtivista serão as ferramentas de
comunicação em grupo que ganham importância. É sobre os contributos da tecnologia
na avaliação que nos trata o texto de Barberá.
AVALIAÇÃO EM PROCESSOS DE EDUCAÇÃO PROBLEMATIZADORA
ONLINE
O modelo “bancário” de educação a distância
Aquisição do conhecimento (3 vertente):
1. Associacionismo empirista (aquisição exógena)
A transmissão do professor é valorizada e o aluno é visto como receptor. Nesta
vertente a avaliação visa medir a retenção da informação e a capacidade do aluno
em repetir o que foi dito.
2. Inatismo e maturação interna
A aprendizagem é incentivada por situações de desiquilibrio/equilíbrio. Neste caso
a avaliação é focada no processo de construção o conhecimento
3. Construtivismo (Piaget)
Paulo Freire utiliza o termo concepção “bancária” da educação à abordagem que
encara o aluno como um receptor de informação (deposito de conhecimento) e
considera que é um instrumento de opressão.
Segundo Piaget (2002) as avaliações aplicadas por modelos pedagógicos que
valorizam a reprodução e não a construção das aprendizagens vão valorizar os alunos
que mais se adequam ao modelo pedagógico em causa e a fraude é maior.
A aplicação o modelo “bancário” num contexto online, encontra-se em cursos de
influência behaviorista consubstancializados em programas informáticos em que o
aluno interage com uma aplicação fechada e com avaliações estandardizadas como
testes de escolha múltipla corrigidos pela própria aplicação com alertas instantâneos
como reforço. Este modelo permite a massificação da aprendizagem dado que a
interacção com o professor é diminuta.
Educação dialógica e problematizadora
No construtivismo piagetiano o foco da aprendizagem está na produção/ criação.
Demo (1998, p. 10) refere a confusão de conceitos e práticas: entre informar e formar;
treinar e educar; ensinar e aprender. Este autor refere que o conhecimento com base
na memorização torna-se obsoleto e que é a habilidade na construção e renovação é
permanente.
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3. Perspectivas sobre avaliação pedagógica:
a avaliação das aprendizagens em contexto online
Freire (2001a) defende uma educação problematizadora, com base em actividades
deliberadas para a procura de soluções perante problemas relevantes. Os educandos
passam primeiro pela compreensão do problema para partir para a resolução.
Neste modelo, a avaliação não se centra no produto final mas implica a análise de
todo o processo construtivo. O ciberespaço é utilizado para a construção do
conhecimento desenvolvimento um diálogo mediado pelo computador.
O papel do formador é fundamental na mediação e promoção do debate e para
instigar o trabalho dos formandos.
Construção social do conhecimento e avaliação online
De acordo com a concepção apriorista, a capacidade cognitiva do ser humano já se
encontra pré-formada, pelo que o papel social da escola será proporcionar a
interacção do aluno com o professor.
Piaget contraria esta ideia referindo que a inteligência não é inata mas elaborada
progressivamente, pelo que o conhecimento terá de se focar na acção. Refere ainda a
importância do não isolamento e da necessidade de colaboração e intercambio entre
os indivíduos. O grupo terá de interagir e avaliar as contribuições dos colegas criando
desequilíbrios através das opiniões diferentes, que implicarão reconstruções
cognitivas. A internet é um meio eficaz para a criação de uma comunidade de trabalho
que era defendida por Piaget.
Pallof e Pratt (1999) discutem justamente a construção de comunidades de
aprendizagem através do computador sendo que o sucesso das aprendizagens
depende da interacção dentro da comunidade.
Neste contexto, considera-se que avaliação não deve ficar apenas a cargo do
professor, mas deve ser dada voz aos outros estudantes que reconhecem a
importância do trabalho dos colegas para a sua aprendizagem. Por isso, o professor
deve ter em conta a reacção do grupo a um determinado trabalho no momento de
avaliar. Também pode ser pedido ao grupo que destaque aspectos relevantes do
trabalho para ajudar nesta avaliação.
Fagundes et al (1999) sugerem a publicação dos trabalhos na Web precisamente para
permitir os comentários dos outros colegas e para que seja viável a recepção de
feedback pelos pares que podem levar à reconstrução do próprio trabalho.
A discussão em rede promove a confrontação de ideias e a reflexão sobre as mesmas.
Léa Fagundes (Comunicação Pessoal, 2002) defende que a bibliografia do curso deve
iniciar vazia e ser construída ao longo do curso com a cooperação de todos.
Uma aplicação do construtivismo na aprendizagem online é a construção de projectos
de aprendizagem em que um grupo procura a resposta as questões que levanta e
pesquisa nesse sentido contrariando um ensino massificado e igual para todos.
Fagundes et al (1999, p. 24) sugerem a organização de portefólios que auxiliam na
autoavaliação ajudando a analisar não só o produto final mas também o processo.
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4. Perspectivas sobre avaliação pedagógica:
a avaliação das aprendizagens em contexto online
CONTRIBUTOS DA TECNOLOGIA NA E-AVALIAÇÃO
Este texto pretende responder a uma questão fundamental:
- A tecnologia acarreta novas especificidades no campo da avaliação ou trata-se
apenas duma adaptação do que se faz no presencial?
Para isso, começa-se por analisar a avaliação das aprendizagens em contextos
virtuais (pontos fortes e fracos) e os efeitos da avaliação das aprendizagens.
Seguidamente, o texto vai incidir sobre o conceito de avaliação adaptado aos
contextos virtuais, para responder então às questões:
Que contributos dá a tecnologia na e-avaliação?
Há alguma mudança significativa?
Qual é? Que sentido tem?
Por fim, o estudo debruça-se na importância da avaliação das aprendizagens em
contextos virtuais. De facto, se a avaliação é importante em qualquer contexto
formativo, parece ser mesmo fundamental em contexto virtual, já que, na maioria dos
casos, a aprendizagem online é baseada na contínua proposta de tarefas – avaliação
contínua.
Avaliação da prática educativa virtual
São apontados os seguintes pontos fortes:
Flexibilidade temporal e espacial (principalmente na comunicação assíncrona)
Organização do estudo
Facilidade de acesso à informação online
Quanto aos pontos fracos:
Inflexibilidade instrucional – um “curso” acaba por se assemelhar a um
aglomerado de tarefas realizadas.
Retorno qualitativo do professor e dos alunos face aos conteúdos, bem como,
relacionado com este aspecto, os critérios de avaliação e comunicação de
resultados.
Analisando os pontos fortes e fracos apontados, percebe-se que os pontos fortes
estão mais relacionados com a planificação e estrutura do curso, enquanto que os
pontos fracos referem-se a aspectos ligados à avaliação e comunicação.
Influências da avaliação
O autor destaca três influências da avaliação no processo de ensino aprendizagem:
Motivação (externa) dos alunos face à perspectiva de avaliação. O facto de
saber-se avaliado despoleta no aluno uma atenção e interesse redobrados no
processo.
Consolidação da avaliação como um momento particular do processo ensino-
aprendizagem e não apenas um acontecimento que se situa no final do
processo.
A avaliação exerce o poder de modelar o processo de ensino-aprendizagem,
apontando aos alunos directrizes de actuação para ajustar o seu desempenho.
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5. Perspectivas sobre avaliação pedagógica:
a avaliação das aprendizagens em contexto online
Conceito multidimensional sobre a avaliação
Importa ainda esclarecer o conceito de avaliação nas várias dimensões desta no
processo ensino-aprendizagem:
Avaliação das aprendizagens
Avaliação para a aprendizagem, referindo-se ao diálogo entre professor e
aluno e à importância do feedback para o avanço do processo.
Avaliação como aprendizagem, no sentido em que propicia uma análise e
reflexão das práticas educativas realizadas pelos próprios alunos.
Avaliação a partir da aprendizagem, ou seja, a avaliação do ponto de partida
da aprendizagem de um novo conhecimento.
Contribuições das TIC
A avaliação automática
Através de bases de dados que dão ao aluno feedback automático. Este tipo de
avaliação tem grandes vantagens e desvantagens: o facto da resposta ser imediata é
a grande vantagem, permite ao aluno corrigir e regular o desempenho. O limite ou
desvantagem refere-se à débil interacção professor-aluno e consequente fraca relação
social.
A Avaliação enciclopédica
A elaboração de trabalhos monográficos tem diferentes perspectivas para alunos e
professores. Para os alunos, este tipo de avaliação permite o acesso a uma grande
quantidade de informação, sendo esta a grande vantagem. Mas este facto encerra
uma desvantagem clara (ou perigo) na perspectiva do professor – o plágio.
A Avaliação colaborativa
Os trabalhos colaborativos (fóruns, trabalhos de grupo, debates, chats…) são variados
e estão amplamente reconhecidas as suas vantagens para o ensino online, no
entanto, acarretam uma dificuldade de avaliação objectiva ao processo de trabalho,
não tanto ao produto final.
É importante levar em linha de conta outros aspectos do processo de avaliação e não
apenas centrarmo-nos nos instrumentos de avaliação utilizados: os objectivos da
avaliação, critérios de avaliação, a classificação, etc. Todos estes factores não são
banais e precisam de um planeamento muito cuidado para conseguir uma real
alteração das práticas educativas. Um dos aspectos mais importantes é a
comunicação de resultados aos alunos, no sentido em que serve para clarificar e tem
a função mais normativa da avaliação.
Feedback virtual como direito e como dever
O retorno virtual abre muitas campos de necessária revisão e chama a atenção para
os estudantes sobre a qualidade das suas contribuições, por exemplo, informa-os das
diferenças entre participar e interagir (Moore y Kearsley, 1996). Muitos sistemas
virtuais têm em consideração apenas a participação (quantidade de mensagens) e não
a interacção (efectiva contribuição para o avanço da tarefa colaborativa), mas é
importante, na avaliação online, valorizar este aspecto.
Num sistema de avaliação completo, devemos ainda incluir outro sentido do feedback,
a resposta do aluno face ao feedback recebido.
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6. Perspectivas sobre avaliação pedagógica:
a avaliação das aprendizagens em contexto online
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo Primo, é num modelo construtivista, em que o conhecimento se desenvolve
de forma colaborativa que as aprendizagens são mais significativas. A avaliação neste
modelo necessita de ferramentas especificas que hoje se tornaram vulgares na
internet, como é o caso dos fóruns e dos blogs.
A avaliação é feita dentro da comunidade e para a comunidade contrabalançando com
as situações de avaliação em que o feedback é criado pela própria aplicação e nos
modelos em que a avaliação cabe apenas ao formador.
Avaliar online não parece ser tão diferente de avaliar num regime presencial. Passa
por definir objectivos, critérios e escolher os instrumentos mais adequados. O que a
avaliação online nos trás são novos recursos para metodologias já testadas.
Alguns desses recursos podemos dizer que são específicos do online tal como os
mini-testes e que podem ter uma importância grande nos processos de auto-regulação
da aprendizagem em particular quando se usam modelos mais vocacionados para a
auto-aprendizagem. Outros recursos existem, como, por exemplo, a utilização de
Blogs (individuais ou colectivos) ou dos Wiki, quando se trabalha com modelos mais
colaborativos; ou ainda os Portfólios Electrónicos.
Outro aspecto que ganha maior relevo online é o feedback. O feedback que é dado
pelo grupo ao longo do percurso é uma forma rica de contribuir para a avaliação
formativa de cada aluno, contribuindo ainda para a auto-avaliação e reconstrução das
aprendizagens.
BIBLIOGRAFIA
BARBERÀ, E. (2006) “Aportaciones de la tecnología a la e-Evaluación”. RED. Revista
de Educación a Distancia, Año V. Número monográfico VI.
http://www.um.es/ead/red/M6/
PRIMO, Alex (2006) "Avaliação em processos de educação problematizadora online".
In: Marco Silva; Edméa Santos. (Org.). Avaliação da aprendizagem em educação
online. São Paulo: Loyola, v. , p. 38-49. http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/EAD5.pdf
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