O poema descreve a recusa do autor em esquecer seu passado ("o que morreu"), afirmando que seu passado faz parte de quem ele é no presente e que negá-lo seria uma loucura, como negar a luz do dia após o anoitecer. Ele se vê como alguém em constante busca de si mesmo e parte integrante de tudo o que já viveu.

1. Soneto

2. O dia e a noite

3. Quando todos me dizem que é loucura Manter-se vivo aquilo que morreu,

4. Que eu erga uma fronteira ao que fui eu Com um salvo conduto ao que perdura…

5. Eu respondo que eu sou quem se procura E que eu sou tudo quanto aconteceu…

6. Não há fronteira em mim: se anoiteceu, Negar o claro dia é que é loucura.

7. Assim, o meu passado é uma alvorada Alada que perpassa em meu presente E me consente o mundo de eu ser eu…

8. E quando, em minha estrada, há pó e nada, A Deus estendo a mão e sigo em frente… Não há fronteira em mim: Amanheceu!

11. Soneto, dicção e formatação de Maria de Aguiar Marçalo Maria Inês.