O documento resume as políticas externas dos Estados Unidos sob os governos de George Bush, Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama, com foco nas diferentes abordagens entre multilateralismo e unilateralismo. Bush pai e Clinton priorizaram mais o multilateralismo, enquanto Bush filho adotou postura mais unilateralista após os ataques de 11 de setembro. Já Obama buscou reforçar o compromisso dos EUA com organizações internacionais e potências globais.
2. Aula 03 – EUA
1. George Bush (1989 a 1992)
2. Bill Clinton (1993 a 2000)
3. George W. Bush (2001 a 2008)
4. Barack Obama (2009 a 2012)
3. 1.1 George Bush (Ásia)
. 3 correntes para nova estratégia pós-Guerra Fria
1) Isolacionismo
2) Internacionalismo Multilateral (divisão dos custos internacionais)
3) Internacionalismo Unilateral (momento propício para expansão da hegemonia)
. Durante governo Bush prevalece o Internacionalismo Multilateral
. Bush: “um homem da Guerra Fria”, vice-presidente de Reagan
. Foco de ajustes nas RI inicialmente na Ásia e Europa e depois nas Américas
. Preocupação com crescente protagonismo do Japão – renovação dos tratados de segurança bilateral
(Japan-US Security Treaty – JUST)
. Relativo silêncio sobre acontecimentos na China (manifestações na praça da Paz Celestial)
. Proposição da APEC (Comunidade Econômica da Ásia Pacífico) com objetivo de reintegrar economia dos
EUA no pacífico
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4. 1.2 George Bush (Europa e Oriente Médio)
. Manutenção da OTAN
- substituição da política de contenção (URSS não mais existente) pela estabilização regional
- expansão da atuação a nível mundial
. Razões da manutenção da OTAN
- pilar de segurança européia
- presença contínua dos EUA na Europa
- diminuição de gastos individuais por Estado
- anteparo à presença russa e estabilização política dos países do leste europeu
. Operação Tempestade do Deserto
- reação da ONU contra invasão do Kwait pelo Iraque
- ação rápida (37 dias) leva cessar-fogo e retirada das tropas do Iraque no Kwait
- ONU não avança para destituir Saddam (preocupação de vácuo de poder e de custos para manter por
muito tempo as tropas no Iraque)
- para comunidade internacional a ação foi um sucesso
- para setores neoconservadores americanos a ação foi fracasso parcial pois Saddam não foi retirado do
poder
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5. 1.3 George Bush – disputas com Neocons
. Neocons lançam documento “Defense Planning Guidance – DPG”
- Unilateralismo prevalecendo sobre Multilateralismo
- EUA deveria aproveitar momento unipolar para avançar liderança
- Regionalização e Globalização seriam fenômenos limitadores dos interesses dos EUA
- EUA deveria retomar construção de escudo antimísseis
- EUA deveria impedir surgimento de potências rivais regionais
- EUA deveria expandir áreas de influência – principalmente na Eurásia
- EUA deveria controlar reservas energéticas na Eurásia
. DPG foi abafado pela presidência após jornais americanos terem “vazado” e publicado o
documento
. Neocons se reorganizam e se aproximam de temas religiosos e valores sociais – serão base de
sustentação para a campanha de George W. Bush em 2000
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6. 2.1 Bill Clinton - disputas internas com Neocons
. Pressões e críticas dos aliados e de setores conservadores no início do governo Clinton
- crises pré-existentes (Iugoslávia, Somália, Haiti)
- ataque terrorista ao World Trade Center (1993)
- distanciamento das grandes potências (UE, China)
- inabilidade em avançar com reformas internas (economia e saúde)
. Devido às pressões Clinton forçado a rever postura e lança estratégia do “Engajamento e Expansão–
E&E” (1993)
. Prioridades da E&E
1) Fortalecimento das democracias de mercado
2) Incentivo à implementação de novas democracias e livres mercados
3) Impedir ascensão dos Estados hostis à democracia, e incentivar sua liberação
4) Agenda humanitária p/ integração das regiões menos favorecidas ao sistema internacional de
democracias
. Tática de cooperação e da contenção dos Estados bandidos e falidos – ao contrário dos Neocons que
previam a mudança de regime através da força
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7. 2.2 Bill Clinton - disputas internas com Neocons
. Eleições de 1995 Neocons reconquistam maioria no Legislativo
. Clinton recupera popularidade apesar de derrota nas eleições de 1995
- ação presidencial no episódio do atentado terrorista em Oklahoma por grupo fundamentalista americano
- negociação Acordos de Dayton – divisão da Iugoslávia em Estados autônomos (Sérvia, Bosnia, Croácia e
Montenegro)
. Continuam conflitos contra republicanos com o fechamento do governo pela não aprovação do orçamento pelo
Congresso
. Clinton consegue reeleição
. Processo de impeachment pelo escândalo Monica Lewinski
- apesar de ter conseguido se manter no poder, o impeachment gerou endurecimento da política externa e à
fragmentação do partido democrata
. Neocons ampliam ação via Project for the New American Century (PNAC)
- ações de mídia e no fortalecimento de sua participação no partido republicano visando eleções presidenciais
de 2000
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8. 2.3 Bill Clinton – Multilateralismo
. Estratégia associando geopolítica à geoeconomia
. Promoção do livre-comércio por meio de negociações multilaterais da OMC
. Incentivo à integração regional na Ásia com a APEC e nas Américas com a ALCA
. Reforço de influência pelo aumento de ajuda humanitária (Doutrina Clinton)
- intervenção na crise asiática
- intervenção nas crises do México, Rússia e Brasil (1998/1999)
- intervenções humanitárias na Guerra do Kosovo - em conjunto com forças de paz da ONU (1999)
. Internacionalismo Multilateral
- redução de custos e compromissos associados à liderança internacional
- compartilhamento de tarefas com UE e China
- “Engajamento seletivo”
. Tática de “engajar para conter”
- negociações para inclusão da China na OMC
- fortalecimento das OIGs
- ampliação da OTAN (cúpula de Madrid 1997) – Rep. Tcheca, Hungria e Polônia
- parceria estratégica Clinton-Yeltsin – Conselho Rússia-OTAN em 1999
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9. 2.4 Bill Clinton - retrocesso no Multilateralismo
. EUA não demonstraram disposição para intervir em situações humanitárias na África
- continente africano marginalizado na agenda estratégica
- Guerras em Ruanda, Serra Leoa, Somália
. Embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia atacadas (ataques atribuídos à Al-Qaeda)
- EUA bombardeiam alvos no Sudão identificados como redutos da Al-Qaeda
- internacionalmente os ataques foram considerados unilaterais
- internamente os ataques foram considerados tentativa de demonstrar força e minimizar ofensiva dos neocons
e deviar atenção do caso Monica Lewinski
. Reversão das políticas em relação ao Irã e ao Iraque
- política inicial de contenção do Irã e do Iraque por meios políticos e incentivos econômicos é questionado
pelos conservadores
- Após Saddam Hussein barrar entrada de inspetores da ONU, EUA e UK bombardeiam Iraque (Operação
Raposa do Deserto)
- Crise interna com ONU devido aos ataques ao Iraque
. Retrocesso nas relações com Irã, Coréia do Norte e Cuba
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10. 3.1 George W. Bush – política NEOCON
. Contradições internas e externas levadas ao extremo durante os mandatos de Bush
. Equipe de governo com nomes-chave do círculo de poder neoconservador:
- Dick Cheney (Vice-presidente)
- Condoleezza Rice (Assessor de Segurança Nacional)
- Donald Rumsfeld (Departamento de Defesa – DOD)
- Collin Powell (Departamento de Estado – DOS) – moderado
. Política Neocon de Bush
. No Plano Externo:
- Recusa em assinar Protocolo de Quioto
- Recusa em aderir ao Tribunal Penal Internacional
- Choques políticos com grandes potencias européias, Rússia e China
- Retrocesso nas ações Multilaterais
. No Plano Interno
- Redução de programas sociais
- Indicação de juízes conservadores para Suprema Corte
- Alocação de fundos para programas educacionais e culturais de teor religioso
. Atentados de 11/09 permitiram a radicalização da política Neocon e a mudança de foco do foco do Estado
- Guerra global contra o Terror (GWT)
- guerras contra os Estados bandidos e falidos
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11. 3.2 George W. Bush – GWT
. Consequências dos atentados de 11 de setembro
- Operação Liberdade Duradoura (Afeganistão)
- Aumento da popularidade de Bush para acima de 90%
- Preocupante tolerância com medidas de restrição aos direitos humanos e às liberdades individuais:
- Ato Patriótico (poderes especiais ao executivo e suas agências - CIA, FBI – para
espionar, prender, interrogar)
- Tortura autorizada – com complacência do Departamento de Justiça
- Criação do USNorthCom (Comando do Norte)
- Assassinato do brasileiro Jean Charles na Inglaterra
. Lançamento da nova agenda estratégica no Quadrennial Defense Review
- terrorismo internacional como principal inimigo
- opção pela “defesa ofensiva” (base da Doutrina Bush de 2002)
. Doutrina Bush (Nova Estratégia de Segurança Nacional - NSS-2002)
- inspirada no DPG e no PNAC (era Bush pai)
- Prevenção ao terrorismo internacional
- Eixo do Mal (estados bandidos: Iraque, Irã e Coréia do Norte), depois Cuba, Síria e Líbia
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12. 3.3 George W. Bush – Guerra do Iraque
. Com a Doutrina Bush foi desconstruída a idéia do Multilateralismo
. Segundo a DB “neste novo mundo, o único caminho para a paz e a segurança é a ação”
. A DB de prevenção e o clima de medo internacional levou à guerra do Iraque - “guerra preventiva” (março de 2003)
. Bush conseguiu aprovação interna (opinião pública e Congresso) mas CSONU e comunidade internacional não aprovou as
ações militares dos EUA
. Racha entre comunidade internacional e os EUA contra a guerra do Iraque
- “Coalizão da Vontade”: EUA, UK (e alguns países de menor expressão como Portugal, Espanha e Bulgária)
- “Eixo da Paz”: Alemanha, França e Rússia (e vários países como Brasil que defendiam solução diplomática)
. Em pouco mais de um mês, Saddam foi deposto e foge de Bagdá – sendo capturado, julgado e condenado à morte pelas
forças da Coalizão em dezembro de 2003
. Deposição de Saddam trouxe um vácuo de poder no Iraque e levou o país ao caos
. Pressionados pela continuidade da violência interna, EUA buscam ajuda da ONU que enviam missão ao Iraque
. Lider da missão da ONU, o brasileiro Sérgio Viera de Mello foi vítima de atentado ao QG da ONU em agosto de 2004
. Fracasso em estabelecer transição rápida no Afeganistão e no Iraque faz com que as ações dos EUA sejam contidas
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13. 3.4 George W. Bush – Segundo mandato (2005 a 2008)
. Apesar dos problemas externos, Bush consegue se reeleger
- fragilidade do candidato democrata John Kerry
- medo de novos ataques
- controle da máquina pública
. Manutenção de Rumsfeld à frente do DOD
. Substituição de Collin Powell por Condoleezza Rice no DOS
- sinais de divisão sobre a NSS
- ala mais conservadora mantendo postura ofensiva
- Rice priorizou postura de reconciliação com o Multilateralismo
- Multilateralismo Assertivo – reaproximação com potências, países emergentes, OIGs
- Diplomacia Transformacional – programa de ajuda às nações falidas para a transição democrática
. Democratas recuperam a maioria no Legislativo em 2006 e iniciam mudanças para desmontar governo conservador de Bush
- substituição de Rumsfeld no DOD
- tentativa de derrubar o Ato Patriótico e revisão de Guantánamo e Abu Graib
. Final de governo marcado por crises internas e externas, perda de influência internacional e hegemonia
. Crise econômica de 2008 tornou-se determinante para eleição de 2008
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14. 4.1 Barack Obama – diferenças de postura frente a Bush
. Novo perfil da equipe – novos compromissos nos campos internos e externos
- Hillary Clinton no DOS
- Robert Gates mantido no DOD
. País dividido com forte oposição dos Neocons
. Propostas de reformas internas
- setor energético (foco nas discussões sobre meio ambiente e diminuição da dependência do petróleo)
- investimentos em infra-estrutura
- ajustes nos programas sociais (incluindo criação de sistema universal de saúde)
- aumento da regulação dos mercados financeiros
- revisão das políticas de direitos humanos de Bush (negociações para fim do Ato Patriótico, abolição da tortura,
fechamento de Guantánamo)
. Política externa – compromisso com Internacionalismo Multilateral
- ação diplomática para reforçar diferenças de postura frente presidência anterior
- revisão das ações na GWT
- política de “poder inteligente”: mundo interdependente, necessidade de combinar poder duro e brando
- reaproximação com mundo islâmico
- reaproximação com potências e com emergentes
- declarações em viagens internacionais pela promoção da democracia e respeito às diferenças
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15. 4.2 Barack Obama – Doutrina Obama NSS 2010
. Revisão das missões e campanhas militares (cronograma para saída do Afeganistão e Iraque)
. Uso do termo GWT foi gradualmente abandonado
. Doutrina Obama: “o mundo que desejamos”
- preocupação com ameaças diversas (crises econômicas e sociais)
- terrorismo permanece como grande preocupação mas deixa de ser foco único
- manutenção de preocupação com proliferação nuclear
- preocupação com segurança energética
- preocupação com novas ameaças – como guerra cibernética
. Conclusão de acordo com a Rússia para novo tratado de redução nuclear (novo START)
. Obama comunica à Rússia intenção de abandonar projeto escudo antimísseis na Europa
oriental
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16. 4.3 Barack Obama – Internacionalismo Multilateral
. Reaproximação com parceiros tradicionais – UE e Japão
. Aproximação com potências emergentes regionais – BRICS
. Expansão das ações da OTAN e plano estratégico de “Defesa Inteligente”
- modernização para atuação na prevenção de conflitos
- Engajamento Ativo e Defesa Moderna
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17. 4.4 Barack Obama – Desafios
. Internamente
- novo avanço dos Neocons e do Tea Party (ultra-direita)
- perda de maioria na Câmara
- dificuldades de aprovação do orçamento no Congresso
. Externamente
- Primavera Árabe
- Ação direta com intervenção na Líbia
- Ação indireta com negociações no Egito
- Acomodação em relação aos aliados Iêmen, Bahrein, Emirados Árabes, Arábia Saudita
. Operação secreta para morte de Osama Bin Laden no Paquistão
. Preocupação com emergência da China – especialmente “novo colonialismo” na África
. Pressões sobre países emergentes
- EUA não reconhecem BRICS como bloco, preferindo negociar na dimensão interestatal
- estratégia do “pivô asiático”, buscando dinamizar aliança com Japão
- retomada da APEC e formação de uma “Parceria Transpacífica” (TPP – Transpacific Partnership)
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