O documento descreve a trajetória do SINSAÚDE (Sindicato dos Profissionais da Saúde de Campinas e Região) entre 1938 e 2000, desde sua fundação até conquistas importantes. Ele destaca a organização dos trabalhadores da saúde na década de 1930, a fundação oficial do sindicato em 1944, e as dificuldades enfrentadas durante a ditadura militar entre 1964-1984.
2. A cidade, a saúde
e o sindicato
A Ferrovia, ao potencializar as
atividades de comércio,
serviços e indústria da cidade,
transformou Campinas num
importante centro de saúde
do interior paulista já no final
do século XIX.
3. A região da Estação da Paulista, em poucas
décadas, transforma-se em área de
entroncamento de quatro ferrovias
(Paulista, Mogiana, Ramal Férreo e
posteriormente, Sorocabana), além de
portal de entrada/saída do interior do
Estado de São Paulo, circulando
regularmente em seu pátio, milhões de
saca de café, alimentos, ferramentas,
instrumentos, artigos diversos, além de
passageiros procedentes das mais diversas
áreas
Nas imediações da Estação, bairros de trabalhadores, escolas, fábricas, cortumes, etc.. Ganharam vida e história
4. Nas imediações da Estação da Paulista estrutura-se nas primeiras décadas do século
XX, uma rede de atendimento médico de abrangência regional com diferentes
especialidades. Entre os estabelecimentos, constam os hospitais Beneficiência
Portuguesa, Penido Bournier, Vera Cruz, Socorros Mútuos, entre outros.
5. Os trabalhadores
A ferrovia, o café, a
indústria... promovem
também uma forte
mudança populacional ao
possibilitar a fixação de
migrantes das mais
variadas partes do mundo.
Mas, neste processo de
crescimento,
permaneceram as marcas
centenárias de uma cidade
segregada entre senhores
e trabalhadores .
6.
7. Com a crise do café, a
cidade alcança outros
padrões de
desenvolvimento
A cidade de Campinas em 1929, em
pleno contexto da crise internacional
do café, encontrava-se em
crescimento, apresentando uma
malha urbana bem adensada e já
distante da passagem dos trilhos. A
cidade rica permaneceria
concentrada nas imediações dos
antigos largos e praças, mantendo-se
as populações trabalhadoras e mais
pobres em suas porções mais
distantes, e por vezes íngremes e
insalubres. A continuidade da malha,
por sua vez, facilitava e garantia um
melhor aproveitamento da infra-
estrutura urbana.
8. A partir da década de 1930, a
cidade se torna cada vez mais
independente da dinâmica e da
produção rural; da mesma
forma, a dinâmica rural se faz
redefinida pelas necessidades
da vida e da economia urbana.
E nesta trajetória, a malha
urbana continu a crescer,
acompanhada agora por uma
crescente especulação
imobiliária que transformou as
características originais do
município.
A região central, além de
alterações motivadas pela
mudança de hábitos e costumes,
sofre uma rápida e profunda
verticalização de seu espaço,
motivada tanto pela concentração
de serviços na região, como pela
especulação imobiliária. Em
poucas décadas, edificações e
espaços centenários são
Largo do Carmo (antigo
derrubados, restando os últimos
Largo da Matriz Velha,
exemplares em cenários
marco zero da cidade) na
compeltamente
década de 1940
descontextualizados.
9.
10. As projeções – e desejos – de crescimento
da cidade se revelariam tão positivas, que
o poder municipal resolve contratar (em
meados dos anos 1930) os trabalhos do
engenheiro e urbanista Prestes Maia para
pensar e intervir de maneira planejada em
sua malha urbana; destes estudos,
nasceriam orientações que por várias
décadas promoveram modificações na
região central.
No alto, foto aérea da região central,
podendo-se observar à esquerda o traçado
dos 3 arruamentos originais (Luzitana, Dr.
Quirino e Barão de Jaguara). Ao lado, um dos
desenhos propostos – e posteriormente
executado – por Prestes Maia para a região
da Estação da Paulista.
11. mudanças no campo da saúde
(1930 – 1940)
Criação da Secretaria de Estado da Educação e
da Saúde Pública (1931) e do Departamento de
Saúde (1938) que retoma a educação sanitária e
os centros de saúde nos diversos Distritos
Sanitários (suspensos em 1931), instalando
também diversos Hospitais Psiquiátricos e de
Postos de Assistência Médico Sanitária (1942)
Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs):
atendimento por setor produtivo (ferroviários,
bancários, etc..) em hospitais e consultórios
credenciados
A Lei n.° 378, de 13 de janeiro de 1937, instituiu o
CNS e reformulou o Ministério da Educação e Saúde
Pública, e debatia apenas questões internas. Nesse
período, o Estado não oferecia assistência médica, a
não ser em casos especiais, como tuberculose,
hanseníase e doença mental
12. Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e
Empregados em Hospitais e Casas de Saúde de Campinas e Região
1938
carta sindical concedida pelo Ministério do
Emprego e Trabalho ao pedido feito por um grupo
de 20 trabalhadores
Profissionalização da
categoria
Sindicato dos Profissionais de Enfermagem,
Técnicos, Duchistas, Massagistas e Empregados
em Hospitais e Casas de Saúde de Campinas e
Região
Valorização da força
de trabalho
Em outubro de 1938, foi formada a organização por meio de carta sindical concedida pelo
Ministério do Emprego e Trabalho ao pedido de um grupo de 20 trabalhadores de
trabalhadores da Saúde, liderados por Vitório Chináglia.
O documento é o primeiro registro da ação dos trabalhadores da saúde que buscavam
valorização da sua força de trabalho e a profissionalização da categoria, e apresentava 36
propostas de sindicalização.
13. Fundação oficial do
SINSAÚDE
no processo de 1941,
expedido em setembro
de 1944
14. Os primeiros registros mostram que em 1940 o Sinsaúde possuía 130 associados.
sendo 59 mulheres. Nesta mesma década, diretores ligados ao Partido Comunista
são perseguidos e a agremiação colocada na ilegalidade
Oriundos das classes operárias, os funcionários da saúde dos anos 30/40 se faziam
presentes em número significativo nos cuidados prestados aos pacientes de
hospitais, casas de saúde e santas casas e, por isso mesmo, dependiam dos
salários para sobreviver. Equivocadamente, ainda eram tratados como ‘voluntários’
e, por essa razão, submetidos a baixos salários e jornadas de trabalho exaustivas.
Desde sua fundação, as lideranças da saúde colocam o debate acerca da
humanização do trabalho na área da saúde e a necessidade de melhoria dos
salários e jornadas mais curtas de trabalho como as principais metas da entidade.
A adesão à entidade foi crescente nos anos seguintes e decai na década de 60, o
que se justifica pelos reveses da política brasileira que atingiram drasticamente o
movimento sindical após o golpe militar de 1964.
15.
16. transformações da saúde na década
de 1950
• Criação da Secretaria de Estado da Saúde
Pública e da Assistência Social (final da década
de 1940): multiplicação das unidades de saúde
na capital e no interior, com atendimento, em
especial, das populações carentes (não
atendidas pelos IAPs);
• Os Institutos de Aposentadoria e Pensões
começam a organizar a assistência médico-
hospitalar em Campinas (ferroviários,
comerciários, funcionários dos transportes
coletivos) junto à Casa de Saúde (1952),
Beneficiência Portuguesa, Hospital Irmãos
Penteado, Maternidade de Campinas, Clínica
Santo Antônio, Clínica Pierro, Penido Burnier e
Hospital Vera Cruz;
• Campinas: 198 médicos de várias
especialidades, 23 estabelecimentos de saúde
(15 hospitais, 3 clínicas, 1 dispensário, 3 serviços
oficiais de saúde pública com 1686 leitos em
uma população de 155.358 habitantes
18. 1964
Foi a partir dos anos 1950/1960, o
crescimento urbano deixou de se
fazer contínuo, entrando em cena
um processo de
ocupação/especulação do solo
que buscaria transformar áreas
rurais em urbanas sem oferecer
condições infra-estruturais. Como
resultado, a malha urbana
passaria a contar com inúmeros
“vazios”, encarecendo seu
processo de desenvolvimento e
expondo a população a imensas
dificuldades.
20. 1966 - Acaba a estabilidade no emprego e cria-
se o FGTS
Em 1964, todas as categorias Retomada do movimento operário.
profissionais organizadas sofreram
Cria-se o Movimento Intersindical anti-Arrocho
a intervenção militar em suas (MIA). Participaram os sindicatos dos
entidades sindicais. Apesar disso, metalúrgicos de São Paulo, Santo André,
a base do SINSAÚDE conseguiu Guarulhos, Campinas e Osasco para colocar
abrir espaço para dar um fim ao arrocho salarial. Só o sindicato de
continuidade à organização da Osasco propunha avanços fora dos limites
categoria, lançando as primeiras impostos pelo Ministério do Trabalho.
edições do jornal
“ESPARADRAPO”, numa alusão de 1968 - Greve de Osasco, sob o comando de
José Ibrahim. Iniciada em 16 de julho, com a
protesto à falta de liberdade de
ocupação da Cobrasma. No dia seguinte, o
expressão e , ao mesmo tempo, Ministério do Trabalho declarou a ilegalidade
um nome que buscava identidade da greve e determinou a intervenção no
com o trabalho do setor. Até hoje sindicato. quatro dias depois, os operários
esse jornal é a principal retornam ao trabalho. Em outubro de 1968 a
ferramenta de comunicação com greve em Contagem também contra o arrocho
os trabalhadores. salarial, que também foi reprimida, vencendo
o movimento quatro dias depois.
21. O ESPARADRAPO na
década de 1970, em
plena ditadura militar
Com a destituição da diretoria sindical, Doraci Silva foi indicado interventor pelo governo.
Após alguns anos ocupando a presidência do Sindicato ele foi eleito pela categoria para
permanecer no cargo, só saindo em 1984.
Nesse período de turbulência, o trabalho sindical ganhou contornos assistencialistas e as
ações trabalhistas ficaram paralisadas. O profissional da saúde volta a ver seu trabalho
sendo confundido com o voluntarismo, característico da ação humanitária e filantrópica,
desenvolvida por senhoras da sociedade e religiosas do início do século 20.
22. Novas mudanças da saúde entre os anos 1960 a 1980
• 1965: 17 hospitais privados lucrativos ou
filantrópicos, com 2264 leitos;
• Criação de Empresas médicas/ medicina de
grupos: SAMCIL e UNIMED (1970)
• Atendimento Público: Pronto Socorro
(transformado no Hospital Mário Gatti em
1973), Posto Central e 6 Postos Distritais
Municipais. Entre 1977/1978, criação de 8
700000 novos postos de saúde em bairros periférios
(4 estaduais e 4 municipais) e 2 hospitais
600000
universitários (PUCC e UNICAMP);
500000
400000
• Criação do Centro Médico de Campinas
população
300000 (1971, pela Fundação Robert Bosch) e do
200000 Centro Infantil Dr. Boldrini (anos 1980)
100000
0
1886 1940 1960 1970 1980
24. 1984
Chapa Unidade & Ação:
nova gestão sindical
• nova política de sindicalização
da categoria: campanha garante
o dobro de sócios no final do
ano. De 2728 sócios, passa-se a
contar com 6000 sócios
reestruturação e criação de novas sub-sedes
8912 associados
O fortalecimento da entidade foi estratégico para garantir os avanços que a nova diretoria,
empossada em 1984, pretendia para os trabalhadores. E eles aconteceram como comprovam
alguns dos benefícios conquistados ao longo dos anos. Ainda em 1985, o Sinsaúde garantiu aos
trabalhadores o pagamento do adicional de insalubridade. Implantou ainda uma política de
comunicação com a renovação gráfica do Jornal Esparadrapo, o que garantiu o prêmio de melhor
publicação da imprensa sindical.Com a organização e mobilização da categoria, novas conquistas se
somaram.
25. Em 1986 foram
oficializados os pisos
salariais diferenciados
por função.
Em 1987, foram inauguradas novas
subsedes e iniciado o processo de
reforma do Clube de Campo Anna
Nery, na Estrada Campinas-Monte Mor.
26. Greve
geral de
1989 que
durou 40
dias em
toda base
sindical
Unificação da jornada especial de
trabalho acontece nesta greve
29. Fevereiro de 1995 Greve de 11 dias no
Hospital Celso Pierro
(PUC-Campinas)
30. Em 1990, a diretoria adquire o terreno
onde seria construída a Colônia de
Férias Recanto da Saúde, em Peruíbe,
cuja inauguração acontece em 1991.
Entre 1996 e 2000, implanta-se o
programa educacional
denominado Projeto Educação na
Saúde (PES), base para a criação, pelo
Sinsaúde, do Instituto de Saúde
Integrada (ISI), em 30 de agosto de
2005.
31. Hospital Celso
Pierro – Puc
Campinas,
em 1998
Assembléias lotadas na
Assembléias
aprovação das Pautas de
na porta dos
Reivindicações para os
hospitais
Dissídios Coletivos
32. A maior greve da categoria, com até 46 dias,
ocorreu em 1999, tendo a jornada especial com
folgas, 120 dias de licença-gestante, cesta básica
mensal e o auxílio-creche como as bandeiras de
luta. Os trabalhadores tiveram garantia desses
direitos e um aumento salarial histórico de
102,13%
Pouco a pouco, a entidade passa a
Com campanhas regulares, a adesão ao Sinsaúde representar os trabalhadores da área
apresentou um crescimento vertiginoso. Ao final da saúde em 172 cidades paulistas
de 25 anos (2009), 22 mil profissionais da saúde
são associados e a categoria é calculada em 30
mil trabalhadores. O índice de sindicalização é de
74%, o que demonstra que a representatividade
da entidade supera os níveis históricos de
sindicalização da própria categoria e também do
País.
36. PATRIMÔNIOS
• Clube de Campo Anna
Nery, em Monte-Mor;
• Rancho de Panorama
• Colônia de Férias Recanto
da Saúde, em Peruíbe.
37. RESUMO DAS PRINCIPAIS CONQUISTAS
DO SINSAÚDE PELA CATEGORIA
• Piso profissional por função
• Cesta Básica mensal
• Assistência Médica
• Anuênio
• Jornada especial de trabalho
• 100% nas horas trabalhadas em período de descanso
• Folgas mensais
• Dia do profissional da Saúde (12 de maio)
• Auxílio-Creche
• 120 dias de licença-gestante
• NR 32 e Adicional de Insalubridade
• Capacitação Profissional - ISI
38. • O Sinsaúde representa e proporciona meios que promovam social, cultural e economicamente
os trabalhadores e trabalhadoras da saúde. Atua politicamente junto aos órgãos
sindicais, governamentais e empresariais propondo ações que visam à organização dos
trabalhadores e trabalhadoras e à melhoria do sistema de saúde. Para atingir seus objetivos utiliza
todos os meios, ferramentas e tecnologias disponíveis, prestando seus serviços com qualidade e
excelência.
• Alcançaremos:
Padronização do atendimento e identidade visual em todas as unidades;
Unificação e ampliação dos benefícios sociais e ganhos salariais reais para a categoria;
Inserção política em todas as esferas e organismos de representação; e reconhecimento mundial.
• Por meio de:
Desenvolvimento e aprimoramento contínuo da capacitação de trabalhadores,
trabalhadoras, dirigentes e colaboradores sindicais nos níveis administrativo, técnico e político;
Estabelecimento de alianças com órgãos públicos e privados de representação nacional
e internacional;
Otimização da tecnologia da informação com ênfase na conectividade e interatividade entre
os vários órgãos do governo e de representação nacional e internacional; e com os trabalhadores
e trabalhadoras da saúde.
Organização interna e consolidação da aliança entre dirigentes e colaboradores sindicais;
e Consolidação das fontes de custeio para realização das atividades.
39. Ações sindicais
Hospital Celso Pierro – Puc-Campinas, em 1998
Assembléias na porta
Assembléias lotadas na
dos hospitais
aprovação das Pautas de
Reivindicações para os Dissídios
Coletivos
40. O Abraço na Saúde – Fev. 1995
Greve de 11 dias no Hospital Celso Pierro ( PUC-Campinas) foi capa do
Diário do Povo
42. Principais conquistas do SINSAÚDE na
luta pela categoria
• Piso profissional por função
• Adicional de Insalubridade
• Cesta Básica mensal
• Assistência Médica
• Anuênio
• Jornada especial de trabalho
• 100% nas horas trabalhadas em período de descanso
• Folgas mensais
• Dia do profissional da Saúde (12 de maio)
• Auxílio-Creche
• 120 dias de licença-gestante
• Capacitação profissional
43. indicalização - 74% dos trabalhadores são associados
Segundo estudos feitos com base em dados da
Organização Internacional do Trabalho (OIT),
nesta última década houve crescimento nos
índices de sindicalização no Brasil. Eles chegam
a 28,4% para os trabalhadores da rede privada
e 40,9% no setor público.
45. Mãe e Profissional do Ano
Homenagem
em Jundiaí, e
Campinas nos
idos das
décadas de
80/90
Rainha Hospitalar – concurso sindical histórico
que depois se transformou em Rei e Rainha
Hospitalar
50. Capacitação Profissional
Casa de Saúde Campinas Santa Casa de Campinas São Vicente de Paula de
Jundiaí
Inclusão digital Qualidade no atendimento Atendimento Psiquiátrico
2006 2005 2007
Projeto Educação na Saúde formou 16,9 mil profissionais entre os anos de 1997 e 2001 na
base estadual da Saúde