Este poema de Pablo Neruda descreve como o riso do seu amor o ajuda a superar os momentos mais difíceis e escuros da vida, trazendo-lhe alegria e esperança. O poeta pede que nunca lhe tire o riso, pois isso seria pior que ficar sem pão, ar ou luz. O riso do seu amor o faz sentir vivo e dá sentido à sua existência.

1. O teu riso Pablo Neruda

2. Tira-me o pão, se quiseres, tira-me o ar, mas não me tires o teu riso.

3. Não me tires a rosa, a lança que desfolhas, a água que de súbito brota da tua alegria, a repentina onda de prata que em ti nasce.

4. A minha luta é dura e regresso com os olhos cansados às vezes por ver que a terra não muda, mas ao entrar teu riso sobe ao céu a procurar-me e abre-me todas as portas da vida.

5. Meu amor, nos momentos mais escuros solta o teu riso e se de súbito vires que o meu sangue mancha as pedras da rua, ri, porque o teu riso será para as minhas mãos como uma espada fresca .

6. À beira do mar, no outono, teu riso deve erguer sua cascata de espuma, e na primavera, amor, quero teu riso como a flor que esperava, a flor azul, a rosa da minha pátria sonora.

7. Ri-te da noite, do dia, da lua, ri-te das ruas tortas da ilha, ri-te deste grosseiro rapaz que te ama, mas quando abro os olhos e os fecho, quando meus passos vão, quando voltam meus passos, nega-me o pão, o ar, a luz, a primavera, mas nunca o teu riso, porque então morreria.

8. NEFTALÍ RICARDO REYES, dito Pablo Neruda. Poeta chileno (Parral 1904, Santiago, 1973). Cônsul do Chile na Espanha e no México, eleito senador em 1945, foi embaixador na França (1970). Suas poesias da primeira fase são inspiradas por uma angústia altamente romântica. Passou por uma fase surrealista. Tornou-se marxista e revolucionário, sendo primeiramente a voz angustiada da República Espanhola e, depois das revoluções latino-americanas. Esteve no Brasil em diversas oportunidades, e, numa delas, declamou poemas seus perante grande massa popular concentrada no estádio do Pacaembu, em São Paulo.

9. FORMATAÇÃO: Mima Badan [email_address] MÚSICA: Smile - Execução: André Rieu (Repasse com os devidos créditos)