SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 58
Downloaden Sie, um offline zu lesen
Hepatectomia laparoscópica para tumores hepáticos malignos:
              indicações e resultados em oito casos ressecados
              Sergio Renato Pais Costa, Sergio Luiz Melo Araujo, Olímpia Alves Teixeira Lima,
              Alexandre Chartuni Pereira Teixeira, Marcio Almeida Paes, Marcio Lobo


              Avaliação da acurácia da ferramenta de gerenciamento de risco
              nutricional utilizada no Hospital Regional da Unimed Fortaleza: TIR
              Renata de Carvalho Nogueira, Henrique Jorge Maia Costa


              Avaliação clínica da síndrome mão-pé em ambulatório de oncologia
              submetido a tratamento com imunoterápicos
              Sergio Altino Franzi


              Estudo quantitativo das células de Langerhans no carcinoma
              escamocelular in situ do colo uterino: análise morfométrica e
              imuno-histoquímica
              Wanúzia Keyla Miranda Moreira, Paula Carvalho Abreu e Lima,
              Maria do Carmo Carvalho de Abreu e Lima


              A associação de esquema de quimioterapia e radioterapia no
              tratamento do carcinoma de nasofaringe avançado: revisão
              da literatura e apresentação da experiência de um centro de
              oncologia pediátrica
              Ana Virginia Lopes de Souza, Ana Paula Martinho Eckert, Renata Monteiro Caran,
              Fernando Tognato Ladeia, Eliana Monteiro Caran


              Tratamento locorregional em melanoma cutâneo. Infusão isolada
              de membros
              Francisco A. Belfort


              Síndrome de Meigs: relato de um caso
              Luiz Eugênio de Andrade Filho, Caroline Kíssilla Pereira Pascoal,
              Trycia Martins Salviano


              Leiomiossarcoma de veia cava inferior: relato de caso
              Leonardo Danilo Lopes Alves, Gustavo Henrique Smaniotto, Isidoro José Cestari,
              Raul Fernando Pizzatto, Sérgio Araquem Ferreira




capa.indd 1                                                                                     12/7/10 12:27:01 PM
RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010




                                                                                            HEPATECTOMIA LAPAROSCÓPICA PARA TUMORES HEPÁTICOS MALIGNOS:
                                                                                            INDICAÇÕES E RESULTADOS EM OITO CASOS RESSECADOS
                                                                                            SERGIO RENATO PAIS COSTA, SERGIO LUIZ MELO ARAUJO, OLÍMPIA ALVES TEIXEIRA LIMA,
                                                                                            ALEXANDRE CHARTUNI PEREIRA TEIXEIRA, MARCIO ALMEIDA PAES, MARCIO LOBO


                                                                                            AVALIAÇÃO DA ACURÁCIA DA FERRAMENTA DE GERENCIAMENTO DE RISCO
                                                                                            NUTRICIONAL UTILIZADA NO HOSPITAL REGIONAL DA UNIMED FORTALEZA: TIR
                                                                                            RENATA DE CARVALHO NOGUEIRA, HENRIQUE JORGE MAIA COSTA


                                                                                            AVALIAÇÃO CLÍNICA DA SÍNDROME MÃO-PÉ EM AMBULATÓRIO DE ONCOLOGIA
                                                                                            SUBMETIDO A TRATAMENTO COM IMUNOTERÁPICOS
                                                                                            SERGIO ALTINO FRANZI


                                                                                            ESTUDO QUANTITATIVO DAS CÉLULAS DE LANGERHANS NO CARCINOMA
                                                                                            ESCAMOCELULAR IN SITU DO COLO UTERINO: ANÁLISE MORFOMÉTRICA E
                                                                                            IMUNO-HISTOQUÍMICA
                                                                                            WANÚZIA KEYLA MIRANDA MOREIRA, PAULA CARVALHO ABREU E LIMA,
                                                                                            MARIA DO CARMO CARVALHO DE ABREU E LIMA


                                                                                            A ASSOCIAÇÃO DE ESQUEMA DE QUIMIOTERAPIA E RADIOTERAPIA NO
                                                                                            TRATAMENTO DO CARCINOMA DE NASOFARINGE AVANÇADO: REVISÃO
                                                                                            DA LITERATURA E APRESENTAÇÃO DA EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO DE
                                                                                            ONCOLOGIA PEDIÁTRICA
                                                                                            ANA VIRGINIA LOPES DE SOUZA, ANA PAULA MARTINHO ECKERT, RENATA MONTEIRO CARAN,
                                                                                            FERNANDO TOGNATO LADEIA, ELIANA MONTEIRO CARAN


                                                                                            TRATAMENTO LOCORREGIONAL EM MELANOMA CUTÂNEO. INFUSÃO ISOLADA
                                                                                            DE MEMBROS
                                                                                            FRANCISCO A. BELFORT




                      SOCIEDADE BRASILEIRA DE
                                                                                            SÍNDROME DE MEIGS: RELATO DE UM CASO
                                                                                            LUIZ EUGÊNIO DE ANDRADE FILHO, CAROLINE KÍSSILLA PEREIRA PASCOAL,
                                                                                            TRYCIA MARTINS SALVIANO


                                                                                            LEIOMIOSSARCOMA DE VEIA CAVA INFERIOR: RELATO DE CASO
                                                                                            LEONARDO DANILO LOPES ALVES, GUSTAVO HENRIQUE SMANIOTTO, ISIDORO JOSÉ CESTARI,
                                                                                            RAUL FERNANDO PIZZATTO, SÉRGIO ARAQUEM FERREIRA




                          CANCEROLOGIA
                                                                                   Publicação Oficial da SBC
                        Departamento de Cancerologia                                      ISSN 1415-6725
                        da Associação Médica Brasileira                         ANO XII - No 44 - 4° Trimestre de 2010




             CORPO EDITORIAL
             Editor-Chefe                                             Hiran C. Fernando (Estados Unidos)
                                                                      Universidade de Boston
             Ricardo César Pinto Antunes (SP)
             Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo      Hirokazu Nagawa (Japão)
             Diretor do Instituto Paulista de Cancerologia (IPC)      Universidade de Tóquio

                                                                      Hugo Marsiglia (França)
             Editores Associados                                      Institut Gustave Roussy

             Agliberto Barbosa de Oliveira (SP)                       Joji Kitayama (Japão)
             Intituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho        Universidade de Tóquio

             Eduardo Dias de Moraes (BA)                              José Edson Pontes (Estados Unidos)
             Núcleo de Oncologia da Bahia                             Detroit Medical Center
             Hiram Silveira Lucas (RJ)                                Mário F. Bruno (Argentina)
             Hospital Mario Kröeff                                    Sociedade Argentina de Cancerologia
             Lair Barbosa de Castro Ribeiro (BA)
                                                                      Nelson Tsuno (Japão)
             Sociedade Brasileira de Cancerologia
                                                                      Universidade de Tóquio
             Pedro Wilson Leitão Lima (CE)
             Universidade Federal do Ceará                            Ricardo Sales dos Santos (Estados Unidos)
                                                                      Universidade de Boston
             Roberto Gomes (ES)
             Universidade Federal do Espírito Santo                   Rodrigo Erlich (Estados Unidos)
                                                                      Gisinger Fox Chase Cancer Center

                                                                      Yoshihiro Morya (Japão)
             Comitê Internacional
                                                                      National Cancer Center
             Benedict Daly (Estados Unidos)
             Universidade de Boston
                                                                      Comitê Nacional
             Charles Balch (Estados Unidos)
             Johns Hopkins Institute for Clinical and Translational   Ademir Torres Abrão (SP)
             Research                                                 Instituto Paulista de Cancerologia




                                                                                                                                                                              201


201-204-Editorial.indd 201                                                                                                                                                    12/13/10 12:06:47 PM
RSBC - ANO XII - No 44- 4o TRIMESTRE - 2010




                       Adonis Carvalho (PE)                                                   João Carlos Sampaio Góes (SP)
                       Hospital do Câncer de Pernambuco                                       Instituto Brasileiro de Controle do Câncer

                       Amândio Soares Fernandes Jr. (MG)                                      Luiz Antônio Negrão Dias (PR)
                       Hospital Felicio Rocho                                                 Hospital Erasto Gaertner

                       Antonio André Magoulas Perdicaris (SP)                                 Maria José Alves (SP)
                       Universidade Metropolitana de Santos                                   Hospital do Servidor Público do
                                                                                              Estado de São Paulo
                       Carla Ismael (RJ)
                       Sociedade Franco Brasileira de Oncologia                               Marianne Pinotti (SP)
                                                                                              Universidade de São Paulo
                       David Hirza Erlich (SP)
                       Instituto de Oncologia David Erlich                                    Ricardo Cesarino Brandão (SP)
                                                                                              Fundação Amaral Carvalho
                       Flávio Daniel Saavedra Tomasich (PR)
                                                                                              Roberto Porto Fonseca (MG)
                       Universidade Federal do Paraná
                                                                                              Sociedade Brasileira de Cancerologia
                       José Francisco de Mattos Farah                                         Sergio B. Hatschbach (PR)
                       Universidade Federal de São Paulo                                      Hospital Erasto Gaertner
                       Gildete Sales Lessa (BA)                                               Sérgio Renato Paes Costa (DF)
                       Instituto de Oncologia da Bahia                                        Universidade Federal de São Paulo
                       Guilherme Mendes Filho (SP)                                            Simão Grossmann (RS)
                       Instituto Paulista de Cancerologia                                     Centro de Mama do Hospital Santa Rita
                       Helio Vitelli (SP)                                                     William Eduardo Nogueira Soares (SE)
                       Hospital Beneficência Portuguesa                                       Instituto de Oncologia San Giovanni
                       José Getulio Segalla (SP)                                              Roberto Camargo (SP)
                       Hospital Amaral Carvalho                                               Universidade de São Paulo
                       José Luiz Amorim Carvalho (PA)                                         Victor Arias (SP)
                       Hospital Ofir Loiola                                                   Universidade de São Paulo




                       EXPEDIENTE
                       A revista RSBC é órgão oficial de divulgação científica da Sociedade Brasileira de Cancerologia.Publicação editada e reproduzida pela
                       Solução & Marketing Editora e Publicidade Ltda. Diretor responsável: Acyr José Teixeira - Gerente Comercial: Fábio Lifschitz -
                       Jor nalista responsável: Thuane Vieira, Mtb 55118 - Diagramação: Alex Andrade - Enza Lofrano - Coordenação: Patrícia Brito.
                       Rua das Prímulas, 21 - Mirandópolis - CEP: 04052-090 - São Paulo (SP) - Tel/ Fax.: (11) 5070-4899. E-mail: solucao@solucaoambito.com.br




                202


201-204-Editorial.indd 202                                                                                                                               12/13/10 12:06:48 PM
RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010




      SOCIEDADE BRASILEIRA DE
      CANCEROLOGIA
                                                              EDITORIAL
                                                                   A Revista da Sociedade Brasileira de Cancerologia
      Departamento de Cancerologia                            chega à sua 44ª edição com muito a comemorar: o sucesso
      da Associação Médica Brasileira
                                                              em levar à opinião médica, informações de qualidade
                                                              no que se refere aos avanços que tivemos nas últimas
      DIRETORIA 2006-2009                                     décadas, conquistas em pesquisa, prevenção, diagnóstico
      Presidente                                              e tratamento do câncer. Uma história que estamos
      Roberto Porto Fonseca (MG)                              acompanhando bem de perto, com a certeza de que
                                                              vivemos tempos melhores.
      Vice-presidentes
      Ricardo César Pinto Antunes (SP)
      Sérgio Bruno Bonatto Hatschbach (PR)                         Neste exemplar contamos com trabalhos originais,
      Marcos Antônio Lima Polonia (RJ)                        revisão e relatos de casos que foram cuidadosamente
      Pedro Wilson Leitão Lima (CE)                           selecionados a fim de proporcionar uma oportunidade
      Manoel Jesus Pinheiro Coelho (AM)
                                                              de atualização rápida e fácil, indispensável para tomadas
      Secretário Geral                                        decisões na busca de bons resultados; assim como permitir
      Robson Freitas de Moura (BA)                            elucidação de dúvidas ou o levantamento de novos
                                                              questionamentos sobre pontos controversos, a adoção de
      Secretários Adjuntos
      Ricardo Cesarino Brandão (SP)                           novas condutas, o emprego de técnicas mais eficientes e a
      Wagner Brant Moreira (MG)                               prescrição de tratamentos mais efetivos.

      Tesoureiro Geral
      Luiz José Sampaio de Araújo (BA)
                                                                  Se alguma dessas formas conseguirmos ajudá-los, nosso
                                                              objetivo terá sido alcançado.
      Tesoureira Adjunta
      Maria Lúcia Martins Batista (BA)
                                                                  Pelo empenho de cada um dos colaboradores: sinceros
      Conselho Superior                                       agradecimentos, aos leitores: bom proveito, à todos: nossos
                                                              maiores desejos de um Feliz Natal e um Próspero ano de
      Presidente
                                                              2011!!!
      Lair Barbosa de Castro Ribeiro (BA)

      Conselheiros                                            Ricardo César Pinto Antunes
      Adonis R. L. de Carvalho (PE)
                                                              Editor Chefe
      Hiram Silveira Lucas (RJ)
      Luiz Carlos Calmon Teixeira (BA)
      Roberto Gomes (ES)

      Secretaria Executiva
      Rua Pará, 197 – Pituba
      CEP 41830-000 – Salvador – BA
      Tels.: (71) 3240-4868 – Fax.: (71) 3248-9134
      E-mail: socancer@lognet.com.br socancer@lognet.com.br
      Site: www.sbcancer.org.br - www.sbcancer.org.br

      Reconhecida da utilidade Pública Federal:
      Decreto no 73.729 de 4 de março de 1974.
      CGC: 13.525.266/0001-08



                                                                                                                                     203


201-204-Editorial.indd 203                                                                                                            12/13/10 12:06:48 PM
RSBC - ANO XII - No 44- 4o TRIMESTRE - 2010




                SUMÁRIO

                Original

                Hepatectomia laparoscópica para tumores hepáticos malignos: indicações e resultados
                em oito casos ressecados
                Sergio Renato Pais Costa, Sergio Luiz Melo Araujo, Olímpia Alves Teixeira Lima, Alexandre Chartuni Pereira Teixeira, Marcio Almeida Paes, Marcio Lobo       205


                Avaliação da acurácia da ferramenta de gerenciamento de risco nutricional utilizada
                no Hospital Regional da Unimed Fortaleza: TIR
                Renata de Carvalho Nogueira, Henrique Jorge Maia Costa                                                                                                      213


                Avaliação clínica da síndrome mão-pé em ambulatório de oncologia submetido
                a tratamento com imunoterápicos
                Sergio Altino Franzi                                                                                                                                        219


                Estudo quantitativo das células de Langerhans no carcinoma escamocelular
                in situ do colo uterino: análise morfométrica e imuno-histoquímica
                Wanúzia Keyla Miranda Moreira, Paula Carvalho Abreu e Lima, Maria do Carmo Carvalho de Abreu e Lima                                                         225



                Revisão

                A associação de esquema de quimioterapia e radioterapia no tratamento do carcinoma
                de nasofaringe avançado: revisão da literatura e apresentação da experiência de um
                centro de oncologia pediátrica
                Ana Virginia Lopes de Souza, Ana Paula Martinho Eckert, Renata Monteiro Caran, Fernando Tognato Ladeia, Eliana Monteiro Caran                               235


                Tratamento locorregional em melanoma cutâneo. Infusão isolada de membros
                Francisco A. Belfort                                                                                                                                        242



                Relato de Caso

                Síndrome de Meigs: relato de um caso
                Luiz Eugênio de Andrade Filho, Caroline Kíssilla Pereira Pascoal, Trycia Martins Salviano                                                                   245


                Leiomiossarcoma de veia cava inferior: relato de caso
                Leonardo Danilo Lopes Alves, Gustavo Henrique Smaniotto, Isidoro José Cestari, Raul Fernando Pizzatto, Sérgio Araquem Ferreira                              248


                Instruções para publicação dos artigos                                                                                                                      254
                Dicas de Leitura e Eventos                                                                                                                                  255



                204


201-204-Editorial.indd 204                                                                                                                                              12/13/10 12:06:48 PM
Costa SRP et al.                                                                                   RSBC - ANO XII - No 44 -4o TRIMESTRE - 2010 - 205-212




      Original / Original


      Hepatectomia laparoscópica para tumores hepáticos malignos:
      Indicações e resultados em oito casos ressecados

      Laparoscopic hepatectomy from hepatic malignant tumors:
      Indications and results of eight resectable cases



      Sergio Renato Pais Costa1                     Resumo
      Sergio Luiz Melo Araujo2                      Introdução: Com a evolução da cirurgia minimamente invasiva, as hepatectomias lapa-
      Olimpia Alves Teixeira Lima3                  roscópicas têm se mostrado uma alternativa interessante para o cirurgião hepático. Vanta-
      Alexandre Chartuni Pereira                    gens como pouco sangramento intraoperatório, baixa morbidade, curto tempo de internação,
      Teixeira4                                     retorno precoce as atividades laborais e bons resultados cosméticos têm sido constante-
      Marcio Almeida Paes5                          mente observados.Objetivo: Avaliar os resultados precoces e tardios das hepatectomias
      Marcio Lobo Guimarães6                        laparoscópicas para o tratamento de câncer em um Centro Privado Terciário em Brasília,
                                                    Distrito Federal no Brasil. Pacientes e Métodos: Os autores relatam uma série de
                                                    oito doentes submetidos à hepatectomias laparoscópicas realizadas por uma única equipe
                                                    cirúrgica do Hospital Santa Lúcia – em Brasília, Brasil. A idade variou de 32 a 61 anos
                                                    com média de 51 anos. Foram cinco homens e três mulheres. As doenças tratadas foram:
                                                    cistoadenoma (n=1), hepatocarcinoma (n=2) e metástases (n=5). A lesão foi solitária
                                                    em 4 casos (50%) e múltipla em 4 ( 50%). A média do tamanho das lesões foi 4,5cm
                                                    (variação de 1,8cm a 12cm). Resultados: Foram quatro hepatectomias maiores (2 hemi-
                                                    hepatectomias esquerdas e 2 hemi-hepatectomias direitas) e quatro menores (2 setorectomias
                                                    posteriores direitas, 1 setorectomia lateral esquerda e 1 monosegmentectomia do V). A
                                                    média de tempo cirúrgico foi de 275 minutos (variação de 90 a 360 minutos). A média de
                                                    sangramento intraoperatório foi de 250 ml (variação de 100ml a 1000ml). Um doente foi
                                                    transfundido (12,5%). Não houve mortalidade e nenhum doente foi reoperado. A morbida-
                                                    de pós-operatória foi 12% (n=1) e incluiu complicação inespecífica (pneumonia lobar). A
                                                    mediana de internação foi de quatro dias (variação de 2 a 7 dias). A mediana de retorno as
                                                    atividades cotidianas foi de 13 dias (variação de 7 a 20 dias). A mediana de seguimento



      1 - Médico Cirurgião Oncológico do Hospital Santa Lúcia – Brasília – Distrito Federal. Doutorando e Mestre em Cirurgia pela UNIFESP-EPM.
      2 - Médico Cirurgião Geral do Hospital Santa Lúcia – Brasília – Distrito Federal.
      3 - Médica Cirurgiã Geral do Hospital Santa Lúcia - Mestre em Cirurgia pela FEPAR (Faculdade Evangêlica do Paraná).
      4 - Médica Cirurgiã Geral do Hospital Santa Lúcia – Brasília – Distrito Federal, Mestrando em cirurgia pela UNIFESP-EPM.
      5 - Médico Oncologista Clinico do Hospital Santa Lúcia – Brasília – Distrito Federal.
      6 - Médico Radiologista do Hospital Santa Lúcia - Brasília – Distrito Federal.

      Instituição: Hospital Santa Lúcia - Brasília – Distrito Federal.

      Conflitos de Interesse: não existem.

      Correspondência: Sergio Renato Pais Costa
      E-mail: srenatopaiscosta@hotmail.com



                                                                                                                                                         205


205-212-Hepatectomia lapar.indd 205                                                                                                                        12/7/10 12:21:39 PM
Hepatectomia laparoscópica para tumores hepáticos malignos: indicações e resultados em oito casos ressecados                  RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010 - 205-212




                                                                             foi de 15 meses (variação de 1 a 27 meses). Não houve recidiva de lesão. Conclusão:
                                                                             A hepatectomia laparoscópica representa um método cirúrgico seguro de tratamento para
                                                                             neoplasias hepáticas malignas. Nessa pequena serie apresentou mortalidade nula e baixa
                                                                             morbidade associado a um bom resultado estético.

                                                                             Unitermos: laparoscopia, hepatectomia, neoplasias hepáticas/cirurgia, metástase
                                                                             neoplásica.


                                                                             Background
                                                                             Introduction: With evolution of minimally invasive surgery, laparoscopic hepatectomies
                                                                             have been shown an interesting alternative for hepatic surgeon. Advantages such small
                                                                             intra-operative bleeding, low morbidity, short postoperative course, early recovery for working
                                                                             and good cosmetics results have been frequently observed. Aim – To evaluate both short
                                                                             and long term results of laparoscopic hepatectomies in Tertiary Private Center in Brasilia,
                                                                             Distrito Federal, Brazil. Patients and Methods: Authors reported a eight patient’s
                                                                             series of laparoscopic hepatectomy performed by single surgical team in Tertiary Private
                                                                             Center – Santa Lucia Hospital (Brasília - Brazil) between 2007 and 2010. Age ranged
                                                                             32 between 63 years old (mean age = 51 years-old). There were five men and three women.
                                                                             Diseases that were treated: cistoadenoma (n=1), hepatocarcinoma (n=2) and metastasis
                                                                             (n=5). Tumor was solitary in 4 cases (50%) and multiple in 4 (50%). Mean lesion size
                                                                             measured was 4,5cm (range, 3-12cm). Results: There were four major hepatectomies
                                                                             (2 right hemi-hepatectomy and 2 left hemi-hepatectomy) and four minor hepatectomies (two
                                                                             right posterior sectionectomy, 1 left lateral sectionectomy and 1 monosegmentectomy of SV).
                                                                             Mean surgical time was 275 minutes (range, 90-360 minutes). Mean blood loss was 250
                                                                             ml (range 100-1000 ml). One patient received a transfusion (12%). No operative mor-
                                                                             tality or subsequent operation occurred. The postoperative morbidity rate was 12% (n=1)
                                                                             and included nonspecific complication (pneumonia). Median hospital stay was 4 days
                                                                             (range 2-7 days). Median of normal activities return was 13 days (range 7-20 days).
                                                                             Median follow-up period was 15 months (1-27 months). There was no lesion recurrence.
                                                                             Conclusion: Laparoscopic hepatectomy represents a safe surgical approach to hepatic
                                                                             malign neoplasms. In this small series presented both null mortality and low morbidity
                                                                             associated with a good cosmetic result.

                                                                             Keywords: laparoscopy, hepatectomy, liver neoplasms, neoplasm metastases.



               Introdução
                   Hepatectomia laparoscópica (HL) foi descrita pela                                                   roscópica em virtude da combinação da complexidade
               primeira vez em 1992 por Gagner e Cols(1) e representa                                                  anatômica das ressecções hepáticas associada à falta de
               um conceito inovador: uma cirurgia de grande porte                                                      cirurgiões com experiência em laparoscopia avançada
               associado a potencial sangramento realizada por uma                                                     e cirurgia hepática. Como regra geral, HL apresenta
               via minimamente invasiva. Em 1996, coube a Azagra e                                                     várias vantagens frente a cirurgia aberta. As principais
               cols(2) realizarem a primeira ressecção hepática anatô-                                                 são: menor dor pós-operatória, mobilização precoce,
               mica. Estes autores realizaram com sucesso uma seto-                                                    íleo mínimo, realimentação precoce e curto tempo de
               rectomia lateral esquerda (SLE) em uma paciente com                                                     internação. Inicialmente foram realizadas com segu-
               adenoma hepático nos segmentos II e III. A HL tem                                                       rança hepatectomias menores para lesões superficiais.
               sido considerada a última fronteira da cirurgia lapa-                                                   Com o avanço dos instrumentos laparoscópicos e


               206


205-212-Hepatectomia lapar.indd 206                                                                                                                                                   12/7/10 12:21:40 PM
Costa SRP et al.                                                                           RSBC - ANO XII - No 44 -4o TRIMESTRE - 2010 - 205-212




      grampeadores para transecção do parênquima hepáti-                do presente estudo. Demais casos de afecções benignas
      co associados ainda a um aumento na experiência com               foram excluídos da presente amostra.. O acesso lapa-
      ressecções hepáticas complexas por videolaparoscopia              roscópico foi escolhido em virtude do tamanho, etiolo-
      como hepatectomias maiores (3 ou mais segmentos he-               gia da lesão e localização. Como regra geral, tumores
      páticos) houve um crescimento importante no número                volumosos, próximos a estruturas vasculares maiores e
      dessas operações(3-21). Recentemente, HL tem sido reali-          de localização central foram excluídos dessa amostra e
      zada com mínima morbidade e baixa mortalidade em                  foram operados de forma tradicional.
      centros de referência(3,4,7,17,18,21,22).                             As hepatectomias foram definidas de acordo com
          Atualmente, alguns autores têm considerado a via              os critérios previamente definidos pela International
      laparoscópica como preferencial tanto para tumores be-            Hepato-Pancreato-Biliary Association (IHPBA) de
      nignos quanto malignos(3-5,17,18,21). Mesmo lesões de difícil     acordo com a terminologia oriunda da Classificação
      acesso no lobo hepático direito podem ser satisfatoria-           de Couinaud. Assim, hepatectomia maior foi definida
      mente ressecadas de modo seguro por tal via com baixos            como ressecção de 3 ou mais segmentos. Ultrassono-
      índices de conversão e morbidade(7,17). Desta maneira, a          grafia (US), tomografia computadorizada (TC) e resso-
      via laparoscópica inicia uma nova era na cirurgia he-             nância magnética (RNM) de abdômen foi realizada em
      patobiliar minimamente invasiva. No entanto, exceto               todos os doentes. Foi realizado ainda PET-Scan e mar-
      alguns poucos estudos, a maioria das publicações apre-            cadores tumorais antígeno carcinoembrionário (CEA),
      senta um número relativamente pequeno de doentes.                 Alfa-fetoproteína (AFP) e Ca 19,9 em todos os casos.
      Em contrapartida já está bem estabelecido na literatura               A técnica operatória bem como a disposição dos
      que em doentes selecionados, HL se realizada por equi-            portais foi individualizada para cada tipo de ressec-
      pe especializada em cirurgia hepática e laparoscópica             ção e baseada em princípios técnicos previamente
      avançada é segura e apresenta resultados idênticos a ci-          descritos(5,6,15,24,25) Como regra geral, os procedimentos
      rurgia aberta(4,5,17,18,21).                                      foram realizados com pneumoperitonio de 12 mm hg
          Atualmente, para neoplasias malignas, estudos têm             e ótica de 30 graus com 3, 4 ou 5 trocateres (Figuras
      sugerido que não há diferença entre a HL ou hepatec-              1, 2) de acordo com o tipo de ressecção, preferência do
      tomia aberta (HÁ) em relação a metástases nos portais,            cirurgião e localização da lesão. O cirurgião principal à
      margens, recorrência local - sistêmica ou ainda sobrevi-          direita ou entre as pernas do paciente. Como regra ge-
      da em longo prazo(13,14,17,18,22,23). Em nosso meio, raros re-    ral as hemi-hepatectomias foram realizadas por acesso
      latos de caso(8,18,22,27,28) e uma série de quatro
      doentes com metástases colorretais (MCR)
      submetidas a LH tem demonstrado a eficá-
      cia e segurança da técnica(20).
          O objetivo do presente estudo foi des-
      crever os resultados precoces e tardios de
      uma pequena série de oito doentes com
      tumores malignos hepáticos submetidos à
      HL todas realizadas por uma única equipe
      cirúrgica de um hospital referência privado
      de Brasília, Distrito Federal, Brasil.

      Pacientes e Métodos
          Entre Junho de 2007 e Outubro de
      2010, 16 LH foram realizadas pela equi-
      pe de cirurgia do Hospital Santa Lúcia de
      Brasília. Todas as cirurgias foram realiza-
      das sempre pela mesma equipe (dos auto-
      res do presente estudo) sendo o cirurgião
      responsável (Costa SRP) presente em todas
      operações. Destas 16 HL, oito foram devi-          Figura 1. Disposição dos portais – Setorectomia Posterior Direita
      do a neoplasias malignas sendo o objetivo          (SVI+VII) + incisão para retirada da peça.



                                                                                                                                                 207


205-212-Hepatectomia lapar.indd 207                                                                                                                12/7/10 12:21:41 PM
Hepatectomia laparoscópica para tumores hepáticos malignos: indicações e resultados em oito casos ressecados                       RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010 - 205-212




                                                                                                                       realizada com o bis-
                                                                                                                       turi bipolar do tipo
                                                                                                                       Ligasure (Ethicon) de
                                                                                                                       10mm (Figura 3) e
                                                                                                                       para ligadura de es-
                                                                                                                       truturas maiores (vas-
                                                                                                                       culares ou biliares)
                                                                                                                       foram usados clips
                                                                                                                       metálicos. Pedículos Figura 3. Transecção Hepática
                                                                                                                       portais e veias hepá- com Ligasure de 10mm
                                                                                                                       ticas foram seladas (Hemihepatectomia Direita).
                                                                                                                       com uso de grampea-
                                                                                                                       dor endoscópico com carga vascular (Endogia – 30mm
                                                                                                                       – vascular type) conforme preconizado por Gumbs e
                                                                                                                       Cols(16). Exceto três casos cujos doentes apresentavam in-
                                                                                                                       cisão abdominal prévia devido a cirurgia aberta, a peça
                                                                                                                       cirúrgica foi ressecada por incisão transversa infraum-
                                                                                                                       bilical tipo Pfannenstiel (Figura 1). Nestes três casos a
                                                                                                                       peça foi retirada por uma incisão subcostal direita em
                                                                                                                       um caso e laparotomia mediana (Figura 2) nos demais.
                                                                                                                       Todo espécime foi sacado dentro de um endobag ou
                                                                                                                       luva hermeticamente fechada. Geralmente, drenos não
                                                                                                                       foram utilizados. Quando necessário foi utilizado dreno
                                                                                                                       de sucção a vácuo (em três casos).
               Figura 2. Posição dos Portais – Hemi-hepatectomia
                                                                                                                       Resultados
               Esquerda.
                                                                                                                           Características dos doentes estão demonstradas na
                                                                                                                       tabela 1. Exames radiológicos pré-operatórios reve-
               extra-hepático com dissecção, isolamento e indivi-                                                      laram lesão sólida em sete doentes (87%) e cística em
               dualização com posterior ligadura dos elementos hilares                                                 uma doente (13%). Três doentes realizaram biópsia pré-
               (3,5,6)
                      , enquanto nas ressecções segmentares foram todas                                                operatória ( percutânea em dois casos e laparoscópica
               realizadas por acesso intra-hepático conforme descrito                                                  em 1 caso). Em um caso de hepatocarcinoma (HCC) foi
               por Machado e Cols(19,20,24,25). A transecção hepática foi                                              realizado biópsia por congelação intraoperatória, pois o


                Tabela 1. Características dos Pacientes

                                                                                                                                       Diâmetro maior     Localização Seg-
                         Caso                   Gênero                    Idade                  Etiologia                    Número                                                     ASA
                                                                                                                                          lesão (cm)      mentos Hepáticos
                           1                        F                       63                 Cistadenoma                      1             12             VI/VII/VIII                   1
                           2                        M                       63                      HCC                         1              3                VI/VII                     2
                           3                        M                       61                      MCR                         2             3,5              II/III/IV                   1
                           4                        F                       32                     MNCR                         2              3                 II/III                    1
                           5                        F                       43                     MNCR                         3              3                VI/VII                     1
                           6                        M                       63                      HCC                         1              3                   V                       2
                           7                        F                       40                      MCR                         1              5               II/III/IV                   1
                           8                        F                       43                      MRC                         3              4              V/VI/VII                     1
                M – Masculino, F- Feminino, HCC – Hepatocarcinoma, MRC – Metástase Colorretal , MNCR – Metástase Não-colorretal,
                ASA – American Society of Anesthesiologists.



               208


205-212-Hepatectomia lapar.indd 208                                                                                                                                                        12/7/10 12:21:43 PM
Costa SRP et al.                                                                              RSBC - ANO XII - No 44 -4o TRIMESTRE - 2010 - 205-212




      doente apresentava características radiológicas suspeitas   rie. A morbidade foi de 12% (n=1). A única complica-
      (lesão hipervascular heterogênea na RNM), no entanto        ção ocorreu na paciente com cistoadenoma biliar gi-
      os marcadores eram limítrofes (alfa-fetoproteína). Nesta    gante que foi submetida a hemi-hepatectomia direita.
      série, a biópsia do tumor pré ou intraoperatória foi se-    A mesma apresentou pneumonia lobar resolvida com
      guida de certeza diagnóstica em todos os casos. Um caso     antibioticoterapia endovenosa (Tabela 3). Não houve
      de metástase não-colorrretal (MNCR), cujo tumor pri-        complicações específicas como fístula biliar ou insu-
      mário operado previamente (dez anos) foi de um adeno-       ficiência hepática. Não houve reintervenção. A reali-
      carcinoma de delgado foi enviado para analise imuno-        mentação foi iniciada em todos doentes no primeiro dia
      histoquimica qual confirmou tratar-se do mesmo tumor
      primário. No caso do cistoadenoma, este tumor já havia      Tabela 2.
      sido biopsiado também por videolaparoscopia em outro
                                                                   Tipos de Hepatectomias                                 Número de doentes
      serviço e encaminhado para a presente equipe.
           A cirurgia laparoscópica foi realizada com sucesso      Hemihepatectomia direita                                         2
      em todos doentes. Não houve conversão nesta série. Ti-       Hemihepatectomia esquerda                                        2
      pos e detalhes das hepatectomias estão demonstradas na
      tabelas 2 e 3. Foram realizadas quatro hepatectomias         Setorectomia Lateral Esquerda (S II+III)                          1
      maiores (Figura 4) e quatro menores (Figura 5). So-          Setorectomia posterior direita (S VI +VII)                       2
      mente uma doente foi transfundida. A mesma que foi           Segmentectomia do V (SV)                                          1
      submetida à hemi-hepatectomia direita por um cistoa-
      denoma gigante de lobo direito (operado previamente          Total                                                            8
      por duas vezes). Esta doente já tinha sido submetida a
      colecistectomia aberta há 20 anos devido a uma colecis-
                                                                  Tabela 3.
      tite aguda complicada
      e inclusive já apresenta-                                    Resultados das Cirurgias                               Número de doentes
      va uma incisão subcos-
      tal direita. Esta doente                                     Clampeamento hilar                                             0 (8)
      recebeu 3 unidades de                                        Sangramento Intra-operatório ml,
      concentrados de glóbu-                                                                                                 250 (100-1000)
                                                                   média (variação)
      los. Três doentes foram                                      Transfusão de Concentrado de Hemácias                           1 (8)
      drenados (os drenos
      foram retirados entre o                                      Duração da Cirurgia, min, media (variação)                 205 (90-360)
      terceiro e quinto dia de                                     Peso da peça cirurgica gr média (variação)                285 (57-1040)
      pós-operatório).
           A mediana do tem-
      po cirúrgico foi de 275                                     Tabela 4.
      minutos. Não houve Figura 4. Hemihepatectomia
      mortalidade nesta sé- esquerda – metástases.                 Resultados pós-operatórios imediatos                 Número de doentes (%)
                                                                   Morbidade                                                     1 (12%)
                                                                   Reoperação                                                    0 (0%)
                                                                   Complicação hepatica especifica *                             0 (0%)
                                                                   Complicação não-específica (menor)                 1 (12%) – Pneumonia Lobar
                                                                   Mortalidade                                                   0 (0%)
                                                                   Permanência Hospitalar, d, mediana
                                                                                                                                 4 (2-7)
                                                                   (variação)
                                                                   Índice de Satisfação com cirurgia                             6 (67%)
                                                                   excelente – boa razoável                                      2 (33%)
                                                                   Retorno às atividades cotidianas, d,
                                                                                                                                13 (7-20)
      Figura 5. Setorectomia Posterior Direita (SVI+VII) por       mediana (variação)
      HCC.                                                        • Sangramento, insuficiência hepatica e fístula biliar.



                                                                                                                                                    209


205-212-Hepatectomia lapar.indd 209                                                                                                                   12/7/10 12:21:44 PM
Hepatectomia laparoscópica para tumores hepáticos malignos: indicações e resultados em oito casos ressecados                     RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010 - 205-212




               pós-operatório (6 ou 12 horas dependendo do tipo de                                                     gias minimamente invasivas. HL leva a uma redução do
               ressecção). A mediana de permanência hospitalar foi de                                                  trauma tecidual que pode estar associada a diminuição
               4 dias (variação 2-7 dias). Todos doentes utilizaram ape-                                               da dor pós-operatória, redução das aderências teci-
               nas dipirona no pós-operatório precoce. Nenhum doen-                                                    duais, encurtamento da permanência hospitalar e retor-
               te utilizou opioides em sua analgesia pós-operatória. A                                                 no precoce as atividades cotidianas(3,4,7,13). Mais recente-
               mediana de retorno às atividades cotidianas foi de 13                                                   mente, em três estudos caso-controle publicados(17,18,23)
               dias (variação de 7-20). Apenas um doente apresentou                                                    e um estudo de coorte(5) têm sido demonstrado a supe-
               margens microscopicamente comprometidas (apesar da                                                      rioridade da HL com menor sangramento, morbidade,
               margem macroscópica de 1cm e congelação intraope-                                                       complicações pós-operatórias. Ainda, especificamente
               ratória negativa).                                                                                      para neoplasias malignas não tem sido observado alte-
                    Tratou-se de um doente com HCC fibrolamelar nos                                                    rações quanto aos índices de recorrência tumoral nem
               segmentos VI-VII e que foi submetido a uma setorecto-                                                   de sobrevida(17,8,23). Além disso, as vantagens cosméticas
               mia posterior direita (ressecção regrada dos segmentos                                                  são indubitáveis. Realimentação precoce também re-
               VI-VII). Este paciente apresentava esteatose importante                                                 presenta uma grande vantagem quando consideramos
               e optou-se pela bissegmentectomia VI-VII, haja vista                                                    que uma hepatectomia de uma maneira geral é uma
               que uma hemi-hepatectomia direita seria de alto risco                                                   operação de grande porte.
               de complicação pós-operatória. Contudo, subsequente-                                                         Por estas razões, a abordagem laparoscópica deve
               mente, este doente seguiu uma segmentectomia do seg-                                                    ser lembrada como excelente opção também para as
               mento V por videolaparoscopia com sucesso, sem com-                                                     neoplasias hepáticas malignas(4,5,10,12,17,18,21). De acordo
               plicações e com margens livres de acometimento neo-                                                     com vários autores, o uso da via laparoscópica não deve
               plásico. Até o término deste estudo, ele estava bem e sem                                               modificar ou alterar os princípios nem as indicações
               recidiva tumoral (13 meses). A mediana de seguimento                                                    cirúrgicas nos tumores hepáticos(3,13,16,18,21). Esses princí-
               foi de 14 meses (variação de 1-27 meses). Não houve re-                                                 pios da cirurgia hepática aberta devem ser estritamente
               corrência tumoral em nenhum dos doentes até o final                                                     respeitados.
               deste estudo. Todos apresentaram boa qualidade de vida                                                       Em que pese o ceticismo inicial no que tange o tra-
               após a cirurgia avaliado por questionário específico.                                                   tamento das neoplasias hepáticas malignas por esta via
                                                                                                                       de acesso, atualmente HL tem sido frequentemente
               Discussão                                                                                               realizada com segurança e eficácia. Diversos autores
                   HL representa uma evolução continuada da cirur-                                                     têm considerado inclusive a via laparoscópica tão segu-
               gia minimamente invasiva, avanços na experiência em                                                     ra quanto a convencional(1,13,17,18,21). Para lesões situadas
               procedimentos laparoscópicos mais complexos aliado a                                                    no lobo esquerdo, muitos autores têm considerado a HL
               aprimoramento técnico e inovação tecnológica tem sido                                                   como abordagem inicial de eleição em centros referên-
               responsáveis pela aplicabilidade clínica relevante dessa                                                cia principalmente para cirurgiões com experiência na
               abordagem no tratamento das neoplasias hepáticas tan-                                                   técnica(3,4,5,18,27). Campos e Cols(4) recentemente publica-
               to benignas quanto malignas(17). A experiência cirúrgi-                                                 ram uma série de ressecções laparoscópicas a esquerda
               ca requerida para HL tem evoluído em paralelo com a                                                     e observaram claras vantagens dessa via de abordagem.
               adaptação das técnicas laparoscópicas a essas operações.                                                Paralelamente, Carswell e Cols(5) em estudo de coorte
               Dissecção das estruturas hilares, reparo vascular e biliar,                                             prospectivo no qual compararam a via laparoscópica
               mobilização do fígado e transecção do parênquima são                                                    versus a via aberta (especificamente para setorectomia
               tecnicamente mais trabalhosas e potencialmente mais                                                     lateral esquerda - S II-III) observaram a superioridade
               perigosas que qualquer outro procedimento cirúrgico                                                     da HL em virtude do menor uso de analgésicos opioides
               laparoscópico já previamente realizado. Hemi-hepatec-                                                   e menor tempo de internação hospitalar. Na presente
               tomias anatômicas requerem um claro conhecimento                                                        casuística, foi observado que nenhum doente da amos-
               da anatomia hepática em geral, experiência em cirur-                                                    tra (n=8) recebeu analgésicos opioides no pós-operató-
               gia hepatobiliar avançada e adicionalmente habilidade                                                   rio, somente analgésicos comuns e especificamente para
               em dissecar por tal via estruturas biliares e vasculares                                                ressecções a esquerda (n=4) todos foram de alta até o
               maiores(12,16,17,20,21).                                                                                terceiro dia pós-operatório.
                   Em que pese os obstáculos e desafios, HL apresenta                                                       Zhang e Cols(21) em uma série de 78 pacientes não
               muitas vantagens em relação às HA. As maiores van-                                                      realizaram nenhuma conversão e tampouco observa-
               tagens das HL são aquelas pertinentes a todas as cirur-                                                 ram complicações pós-operatórias. Apenas quatro do-


               210


205-212-Hepatectomia lapar.indd 210                                                                                                                                                      12/7/10 12:21:44 PM
Costa SRP et al.                                                                      RSBC - ANO XII - No 44 -4o TRIMESTRE - 2010 - 205-212




      entes receberam transfusão (5%). Na presente série em          ta grandes incisões que são habitualmente empregadas
      que pese pequena ede resultados preliminares, também           na cirurgia tradicional para a abordagem do pedículo
      não foram observadas complicações específicas como             posterior direito(7). No entanto, as ressecções hepáticas
      sangramento ou fistula biliar. Houve apenas uma com-           a direita por videolaparoscopia têm sido consideradas
      plicação menor não-especifica (uma pneumonia lobar)            mais dificultosas quando comparadas a esquerda por
      totalizando 12% de morbidade global. Essa doente iclu-         autores com vasta experiência, talvez por este motivo
      sive foi a única que recebeu transfusão (porcentagem de        alguns deles tem considerado a técnica “hand-assited”
      pacientes transfundidos de 12%) e que também apre-             como boa opção tática principalmente para os tumo-
      sentava a maior lesão dessa série (um tumor de 12cm            res volumosos e próximos a grandes vasos(13,14,17). Com
      no lobo direito). Essa doente ainda havia sido operada         acúmulo de experiência, mais recentemente tem havido
      anteriormente duas vezes em outros serviços. Machado           uma maior liberdade nas indicações de HL à direita.
      e Cols(24) em nosso meio observaram numa casuística de         Cho e Cols(7) publicaram recentemente uma série com
      7 doentes com ressecções a direita, um caso de fistula         resultados satisfatórios somente de ressecções a direita.
      biliar que foi tratada conservadoramente sem reper-            Para a setorectomia posterior direita, na presente série,
      cussões maiores totalizando uma morbidade global de            os autores têm preferido o acesso intra-hepático como
      14%. Em casuísticas maiores, o índice de complicações          descrito em nosso meio por Machado e Cols(24). Esta téc-
      tem variado de 0% a 10%(3,4,13,17,18,21,22) na dependência     nica é segura e minimiza tanto o sangramento quanto o
      do tamanho do tumor, experiência da equipe e tipo de           tempo intraoperatório.
      ressecção (maior - menor ou direita - esquerda). Quando             Kofron e Cols(17), em uma série grande de 300 doen-
      considerado, por exemplo, somente ressecções a direita,        tes, compararam os resultados concomitantes (coorte
      a morbidade tem sido proporcionalmente maior assim             contemporâneo) entre hepatectomia aberta (HA) e mi-
      como descrito previamente por Koffron e Cols(17). Estes        nimamente invasiva (laparoscópica, híbrida, “hand-as-
      autores em uma série de 300 doentes operados por ci-           sisted”) no mesmo serviço sendo todos os doentes ope-
      rurgia minimamente invasiva, observaram que as ressec-         rados pela mesma equipe. Reportaram a superioridade
      ções a direita foram mais trabalhosas do ponto de vista        da técnica minimamente invasiva ante a via aberta. As
      técnico, com tempo cirúrgico maior e risco de conver-          principais vantagens observadas foram: menor tempo
      são. Cho e Cols(7) observaram 28% de morbidade global          operatório, menor sangramento, menos transfusão, me-
      considerando somente ressecções a direita, em casuística       nor permanência hospitalar, menor índice de compli-
      relevante de 46 doentes submetidos a HL direita.               cações e menor índice de recorrência de malignidade.
           Na presente série, não houve reoperações fato tam-        Estes autores concluíram que os resultados do grupo da
      bém observado tanto por Zangh e Cols(21) quanto por            cirurgia minimamente invasiva foram comparavelmente
      Machado e Cols(20, 24, 26). O índice de conversão na lite-     favoráveis ante a abordagem aberta clássica. Em estudo
      ratura tem variado de 0%-15%(16,21) e depende obvia-           previamente publicado pelo presente autor(28) em uma
      mente do tipo de ressecção, experiência da equipe e ta-        série de hepatectomia aberta para metástases (n=30)
      manho da lesão. Na presente série foi nula e similar aos       onde a maioria dos doentes foram operados pelo mesmo
      resultados observados por Zangh e Cols(21) e Machado           cirurgião sênior (Costa SRP), a mortalidade global foi de
      e Cols(20,24) casuísticas estas onde não houveram conver-      3%, enquanto a morbidade foi de 46%. Dezesseis por
      sões também.                                                   cento dos doentes foram reoperados e 44% receberam
           Embora as ressecções a direita sejam tecnicamente         transfusão, a mediana de sangramento foi de 800ml.
      mais trabalhosas, com acúmulo da experiência e pro-                 Embora os resultados sejam difíceis de serem com-
      gressão da curva de aprendizado, alguns autores já tem         parados com esta pequena série laparoscópica do mes-
      considerado a via laparoscópica como de eleição mesmo          mo autor por vários motivos e viéses (resultados preli-
      para tumores localizados no lobo direito (em casos sele-       minares na série laparoscópica versus resultados consa-
      cionados) inclusive em lesões posicionadas nos segmen-         grados na técnica aberta além de um maior número de
      tos de mais difícil acesso como VII-VIII(7,17). Nesta série,   ressecções maiores, tumores mais volumosos, doentes
      mais da metade das ressecções foi a direita incluindo          mais graves em virtude da idade e do estado nutricional
      duas hemi-hepatectomias direitas, duas setorectomias           na serie aberta aliado ainda a ausência de testes estatís-
      posteriores direita (SVI-VII) e uma monosegmentec-             ticos específicos e comparativos entre as mesmas), quan-
      tomia do segmento V. A grande vantagem HL para                 do analisadas as duas séries quase contemporâneas,
      ressecção das lesões posteriores a direita e que se evi-       pode-se obervar que a série laparoscópica apresenta


                                                                                                                                             211


205-212-Hepatectomia lapar.indd 211                                                                                                           12/7/10 12:21:44 PM
Hepatectomia laparoscópica para tumores hepáticos malignos: indicações e resultados em oito casos ressecados                                 RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010 - 205-212




               nítidas vantagens. Respectivamente, menor mortalidade                                                   7.	 Cho JY, Han HS, Yoon YS, Shin SH. Outcomes of Laparoscopic Liver Resection for
                                                                                                                           Lesions located in the Right Side of the Liver. Arch Surg 2009; 144 (1): 25-9.
               (0% versus 3%), morbidade (12% versus 46%), transfu-
                                                                                                                       8.	 Cugat E, Marco C. Cirugía laparoscópica del hígado. Una opción madura ? Cir Esp.
               sões (12% versus 44%), perda sanguínea (250 ml versus                                                       2009; 85(4): 193-5.
               800ml) e reoperações (0% versus 16%). Em nosso meio,
                                                                                                                       9.	 Costa SRP, Araujo SM, Lima OAT, Lobo M. Hemi-hepatectomia esquerda lap-
               poucas publicações sobre HL tem sido observadas. No                                                         aroscópica para o abscesso hepático piogênico: relato de caso. Brasília Méd 2010;
               entanto, Machado e Cols(20,24) também observaram mor-                                                       48(2): 265-9.
               talidade nula e resultados similares a presente série. Fato                                             10.	, Wiedekher JC, Ekermman M, Kondo W, Silveira FP, Fedrizzi F, Reimann A. Seg-
               este também observado na literatura em geral, onde es-                                                      mentectomia Lateral Esquerda Laparoscópica em Hemangioma Hepático. Ver Bras
                                                                                                                           Videocir 2004; 2(2): 83-7.
               tudos mais recentes têm demonstrado índices nulos de
                                                                                                                       11.	D´Albuquerque LAC, Herman P. Hepatectomia por videolaparoscopia. Realidade ?
               mortalidade(3,4,13,17,18,21,22).                                                                            Arq Gastroenterol 2006; 43(3): 243-6.
                    Até o presente momento, especificamente para os                                                    12.	Dulucq JL, Wintringer P, Stabilini C, Berticelli J, Mahajna A. Laparoscopic Liver
               tumores hepáticos malignos, em que pese à ausência de                                                       resections: A single center experience. Surg Endosc 2005: 19: 886-91.
               estudos com nível de evidência maior, os atuais e dis-                                                  13.	Herman P, Coelho FF, Lupinacci RM, Perini MV, Machado MAC, DAlbuquerque,
               poníveis têm sugerido que não haver diferença entre as                                                      Cecconello I. Ressecções Hepáticas por Videolaproscopia. Arq Brás Cir Dig 2009;
               hepatectomias laparoscópicas versus as abertas em re-                                                       22(4): 226-32.

               lação a implantes na incisão ou nos portais, recorrência                                                14.	Gagner M, rogula T, Selzer D. Laparoscopic liver resection: benefits and controversies.
                                                                                                                           Surg Clin North Am 2004; 84: 451-62.
               local ou sistêmica, margens livres ou mesmo sobrevida
                                                                                                                       15.	Gigot JF, Gilneur D, Azagra JS, Goergen M, Ceuterik M, Morino M, Etienne J, Mar-
               em longo prazo(13,14,20,21,24,25). No entanto, há poucos es-                                                escaux J, Mutter D, van Krunckelsen L, Descottes B, Valleix D, Lachachi F, Bertrand
               tudos controlados com nível de evidência ainda não                                                          C, Mansvelt B, Hubens G, Saey J, Shockmel R, under the auspices of the Hepatobiliary
               ideal. No entanto, séries históricas não tem demonstra-                                                     and Pancreatic Section of the Royal Belgian Society of Surgery and the Belgian Group for
                                                                                                                           Endoscopic Surgery. Laparoscopic liver resection for malignant liver tumours: preliminary
               do diferença entre HL ou HA para neoplasias malignas.                                                       results of a multicenter European study. Ann Surg 2002; 236(1): 90-7.
               Entretanto deve-se considerá-los com cautela devendo                                                    16.	Gumbs AA, Gayet B, Gagner M. Laparoscopic liver resection: When to use the laparo-
               haver uma rigorosa seleção na indicação cirúrgica do                                                        scopic stapler device. HPB 2008; 10: 296-303.
               enfermo para HL enquanto se aguarda novos estudos                                                       17.	 Kofron AJ, Auffenberg BS, Kung R, Abecassis M. Evaluation of 300 Minimally
               com metodologia mais rigorosa para responder melhor                                                         Invasive Liver Resections at a Single Institution. Ann Surg 2007; 246( 3): 385-94.
               tais questões.                                                                                          18.	Lee KF, Cheung YS, Chong CN, Tsang YYY, Ng WWC, Ling E, Wong J, Lai PBS.
                                                                                                                           Laparoscopic versus open hepatectomy for liver tumours: a case control study. Hong
                                                                                                                           Kong Med J 2007; 13(6): 442-8.
               Conclusão
                                                                                                                       19.	Machado MAC, Makdissi FF, Surjan RCT, Teixeira ARF, Bacchella T, Machado
                  A hepatectomia laparoscópica (HL) representa um                                                          MCC. Hepatectomia Direita por Videolaparoscopia. Rev Col Bras Cir 2007; 34(3):
               método cirúrgico seguro de tratamento para neoplasias                                                       189-92.
               hepáticas malignas. Nessa pequena série apresentou                                                      20.	Machado MAC, Makdissi FF, almeida FAR, Luiz-Neto M, Martins ACA, Machado
               mortalidade nula e baixa morbidade associado a um                                                           MCC. Hepatectomia Laparoscopica no Tratamneto das Metástases Hepáticas. Arq
                                                                                                                           Gastroenterol 208; 45(4): 330-2.
               bom resultado estético.
                                                                                                                       21.	Zhang L, Chen YJ, Shang CZ, Zhang HW, Huang ZJ. Total laparoscopic liver resec-
                                                                                                                           tion in 78 patients. World J Gastroenterol 2009; 15(45): 5727-31.
               Recebido: 24/09/2010                                                                                    22.	Pilgrim CHC, To H, Usatoff V, Evans PM. Laparoscopic hepatectomy is a safe
               Aprovado: 10/11/2010                                                                                        procedure for cancer patients. HPB 2009; 11: 247-51.
                                                                                                                       23.	Nguyen KV, Geller DA. Is Laparoscopic Liver Resection Safe and Comparable to Open
               Referências                                                                                                 Liver Resection for Hepatocellular Carcinoma? Ann Surg Oncol 2009; 16: 1765-7.
               1.	 Gagner M, Rheault M, Dubuc J. Laparoscopic partial hepatectomy for liver tumour.                    24.	 Machado MAC, Makdissi FF, Galvão FH, Machado MCC. Intrahepatic Glis-
                   Surg Endosc 1992; 6: 99.                                                                                sonian approach for laparoscopic right segmental liver resections. Am J Surg 2008;
                                                                                                                           196: e38-e42.
               2.	 Azagra JS, Goergen M, Gilbart E, Jacobs D. Laparoscopic anatomical (hepatic) left
                   lateral segmentectomy-technical aspects. Surg Endosc 1996; 10: 758-61.                              25.	Laparoscopic Resection of left liver segments using intrahepatic Glissonian approach.
                                                                                                                           Machado MAC, Makdissi FF, Surjan RC, Herman P, Teixeira AR, Machado MCC.
               3.	 Ardito F, Tayar C, Laurent A, Karoui M, Loriau J, Cherqui D. Laparoscopic Liver                         Surg Endosc 2009; 23: 2615-9.
                   Resection for Benign Disease. Arch Surg 2007; 142 (12): 1188-1193.
                                                                                                                       26.	 Machado MAC, Makdissi FF, Herman P, Surjan RC. Intrahepatic Glissonian Ap-
               4.	 Campos RR, Hernández CM, Conesa AL, Abellán B, Pérez PP, Paricio PP. La                                 proach for Pure Laparoscopic Left Hemihepatectomy. J Lap & Adv Surg Tec 2010;
                   ressección laparoscópica de los segmentos del lóbulo izquierdo debe ser el abordaje inicial             20(2): 1-2.
                   em centros com experiência. Cir Esp. 2009; 85 (4): 214-21.
                                                                                                                       27.	 Kofron AJ, Geller D, Gamblin TC. Lparoscopic liver surgery: shifting the management
               5.	 Carswell KA, Sagias FG, Murgatroyd B, Rela M, Heaton N, Patel AG. Lparoscopic                           of liver tumors. Hepatology 2006; 44: 1694-700.
                   versus open left lateral segmentectomy. BMC Surgery 2009; 9 (14): 1-9.
                                                                                                                       28.	Costa SRP, Horta SHC, Henriques AC, Waisberg J, Speranzini MB. Hepatectomia
               6.	 Cherqui D, Husson E, Hammoud R. Laparoscopic liver resections: A feasebility study                      para o tratamento de metástases colorretais e não-colorretais: Análise Comparativa em
                   in 30 patients. Ann Surg 2000; 232 (6): 753-62.                                                         30 casos operados. Rev Bras Colo-Proctol 2009; 29 (2): 216-25.




               212


205-212-Hepatectomia lapar.indd 212                                                                                                                                                                   12/7/10 12:21:45 PM
Nogueira RDC et al.                                                                                    RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010 - 213-218




      Original / original


      Avaliação da acurácia da ferramenta de gerenciamento de risco
      nutricional utilizada no Hospital Regional da Unimed Fortaleza: TIR

      Evaluation of the accuracy of nutritional risk management tool used in
      Regional Hospital Unimed Fortaleza: TIR



      Renata de Carvalho Nogueira1                Resumo
      Henrique Jorge Maia Costa2                  Há três anos, utilizamos uma ferramenta de triagem nutricional que sinaliza, precocemente,
                                                  pacientes que se beneficiam de intervenção nutricional. Essa ferramenta é facilmente aplicada
                                                  por médicos, enfermeiros ou nutricionistas. É de rápida aplicação, abrangente, observa fatores
                                                  que modificam a evolução, fornece uma classificação acessível, para que se construam estratégias.
                                                  Nosso objetivo é avaliar a acurácia da ferramenta utilizada no Hospital Regional da Unimed
                                                  de Fortaleza, chamada TIR (Termo de Identificação de Risco), demonstrar sua alta sensibi-
                                                  lidade, para que possamos aceitar o risco de ver mais espaçadamente os pacientes com pouca
                                                  probabilidade de desnutrição e, mais frequentemente, os de alto risco. Uma avaliação transversal
                                                  e prospectiva, realizada com 50 pacientes da Unidade de Oncologia do Hospital, em tratamento
                                                  antineoplásico, com Índice de Karnofsky maior de 70, internados consecutivamente no período de
                                                  julho a setembro de 2010. Aplicados o TIR e a Avaliação Subjetiva Global (ASG), ambos com-
                                                  parados com medidas antropométricas CB e CMB, acrescidos da perda de peso, foram realizados
                                                  testes estatísticos para se verificar a existência de relação entre os métodos e os valores medidos
                                                  em cada amostra. O teste entre Pearson e regressão linear demonstrou que há correlação entre os
                                                  métodos, tendo o TIR maior sensibilidade, já que observado menor número de falsos negativos.

                                                  Unitermos: desnutrição, risco nutricional, hospital.


                                                  Abstract
                                                  From three years to nowadays, we have used a nutritional screening tool which signalizes preco-
                                                  ciously, patients who benefit from nutritional intervention. This tool is easily applied by doctors,
                                                  nurses or dietitians. It is quickly applied, embracing, observes factors that modify the evolution
                                                  and provides an accessible classification that permits the construction of strategies. Our goal is to
                                                  evaluate the accuracy of the tool used at the Regional Hospital Unimed Fortaleza, called “TIR”
                                                  ( Risk Identification Term), demonstrate its high sensivity, able to allow us to accept the risk to



      1 - Nutricionista Graduada pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Especialista em Nutrição Clínica pela Universidade Estadual do Ceará
      (UECE) e nutricionista do Hospital Regional da Unimed Fortaleza.
      2- Mestre em Clínica Médica pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Especialista em Terapia Nutricional pela Sociedade Brasileira de Nutrição
      Enteral e Parenteral (SBNPE), Especialista em Terapia Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMBI) e coordenador da Equipe
      Multidisciplinar de Terapia Nutricional do Hospital Regional Unimed Fortaleza.

      Correspondência: Henrique Jorge Maia Costa
      E-mail: hjmcnutrologo@hotmail.com.



                                                                                                                                                               213


213-218-Avaliação da acurácia.indd 213                                                                                                                       12/7/10 12:22:29 PM
Avaliação da acurácia da ferramenta de gerenciamento de risco nutricional utilizada no Hospital Regional da Unimed Fortaleza: TIR   RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010 - 213-218




                                                                                monitor more sparingly patients with little probability of innutrition and more frequently those
                                                                                with high risk. A cross-sectional and prospective evaluation was conducted with 50 patients in
                                                                                the Oncology Unit in anticancer treatment, with a Karnofsky index above 70, admitted conse-
                                                                                cutively during the period from July to September 2010. Applied “TIR” and Subjective Global
                                                                                Assessment, both compared with CB and CMB anthropometric measures and plus weight loss.
                                                                                Applied statistical tests to verify the existence of a relationship between methods and the values
                                                                                measured in each sample. Applied Pearson correlation test and linear regression showing a corre-
                                                                                lation between the methods, TIR having greater sensitivity, fewest false negatives viewed.

                                                                                Keywords: malnutrition, hospitals, risk, mass screening.




                 Introdução
                       O Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional                                                      trição pode ser decisiva para a sobrevida do paciente.
                 (IBRANUTRI, 2001)(1) revelou que pacientes interna-                                                        Dessa forma, a triagem nutricional inicial sinalizaria,
                 dos com diagnóstico de câncer têm frequência quase                                                         precocemente, pacientes que poderiam beneficiar-se de
                 três vezes maior de desnutrição aos demais, incluindo o                                                    terapia nutricional. Reconhecemos, então, a necessida-
                 câncer como um fator de risco para o desenvolvimento                                                       de do serviço de criar uma ferramenta que nos indique
                 inadequado do estado nutricional (ULSENHEIMER,                                                             o risco nutricional, empregada em todos os pacientes do
                 SILVA, FORTUNA, 2007)(2).                                                                                  hospital dentro das primeiras 48 horas de internação e
                       A desnutrição calórico-protéica é a mais frequente                                                   que ainda fosse aplicada por mais de um tipo de profis-
                 comorbidade no câncer e a caquexia é inerente às                                                           sional: médicos, enfermeiros ou nutricionistas.
                 formas disseminadas de quase todas as entidades dessa                                                           Para isso, são características necessárias da tal fer-
                 natureza. As enfermidades malignas comprometem                                                             ramenta: rápida aplicação, abrangência, observância
                 o estado geral e nutricional através de múltiplas vias,                                                    de fatores que modificam a evolução (sendo estes mo-
                 relacionadas a mecanismos ligados à doença ou à                                                            dificáveis ou não), e classificatória (tornando, também,
                 própria terapêutica utilizada (GEVAERD et al, 2008)                                                        acessível, esta classificação, para que se construam es-
                 (3)
                    . A oferta de nutriente depende do entendimento de                                                      tratégias). A esta ferramenta chamaremos TIR (Termo
                 quanto o paciente necessita e de quanto ele consegue                                                       de Identificação de Risco), que consiste na aplicação do
                 tolerar e absorver – é imperativo oferecer o mais próximo                                                  seguinte questionário:
                 possível do tolerável.                                                                                     1. Perda de peso, não intencional, nos últimos
                       Em pacientes oncológicos, a desnutrição hospitalar                                                   três meses?
                 é uma realidade esperada. Portanto, deveremos estar                                                        2. Redução da ingestão alimentar?
                 preparados para reconhecê-la. Contudo, a própria                                                           Se sim:
                 avaliação nutricional torna-se imprecisa quando a                                                          a) Por falta de apetite.
                 velocidade de evolução da doença é maior à velocidade                                                      b) Problemas digestivos.
                 com que percebemos e reagimos às alterações.                                                               c) Dificuldade de deglutição e/ou mastigação.
                       O objetivo do uso de métodos de avaliação do                                                         3. Defina, intuitivamente, sua avaliação do pa-
                 risco nutricional em hospitais é justamente aprimorar a                                                    ciente como:
                 percepção de fatores que, em um futuro próximo, irão                                                       a) Grave.
                 modificar o desfecho da terapia nutricional. Diferentes                                                    b) Moderadamente grave.
                 instrumentos têm sido propostos para avaliar o risco                                                       c) Não grave.
                 nutricional. No entanto, o emprego de parte desses                                                         4. Esteve internado nos últimos três meses?
                 instrumentos apresenta limitações, como: (a) falta de                                                      5. Considera que será difícil sua adaptação à ali-
                 validação, (b) uso exclusivo de critérios subjetivos, (c)                                                  mentação hospitalar?
                 inclusão de pacientes selecionados, (d) pouca praticidade                                                  6. Alterações do nível de consciência ou compor-
                 e (e) necessidade de avaliação por nutricionista.                                                          tamental que dificultem a alimentação?
                       A detecção precoce do risco nutricional e da desnu-                                                  7. Não é capaz de alimentar-se sozinho.


                 214


213-218-Avaliação da acurácia.indd 214                                                                                                                                                    12/7/10 12:22:29 PM
Nogueira RDC et al.                                                                 RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010 - 213-218




           Este trabalho teve com objetivo avaliar a acurácia da   co Nutricional (TIR), ferramenta adotada pela Equipe
      utilização do TIR no Hospital Regional da Unimed de          Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN) do
      Fortaleza, sendo ferramenta de alta sensibilidade, ainda     hospital, tratando-se de um formulário específico cuja
      que com menor especificidade, para que possamos acei-        classificação foi avaliada através do risco de desnutri-
      tar o risco de ver mais espaçadamente os pacientes com       ção hospitalar como baixo quando um ou nenhum item
      pouca probabilidade de desnutrição e mais frequente-         foram detectado, médio para dois ou três itens e alto
      mente os pacientes com alto risco de desnutrição.            quando foram detectados mais de três itens. Sendo de
           O presente estudo foi realizado de forma quantita-      fácil aplicação, boa concordância entre diferentes pro-
      tiva, constituindo-se uma avaliação transversal e pros-      fissionais da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutri-
      pectiva, realizada com pacientes internados na Unidade       cional, rápida aprendizagem e preenchimento (EDING-
      de Oncologia e Hematologia do Hospital Regional da           TON, J. et al, 2000 (9); STRATTON, R. J. et al, 2004(10);
      Unimed Fortaleza, Ceará, após aprovação pelo Comitê          GUIGOZ et al, 1994(11) e 1996) (12).
      de Ética da Universidade Estadual do Ceará (UECE)
      (Nº Processo 10031184-9, FR: 332599). Foram elegíveis        Embasamento científico e uso da ferramenta
      50 pacientes, maiores de 19 anos de idade, de ambos               O TIR foi baseado em quatro outras ferramentas:
      os sexos, em tratamento antineoplásico (cirúrgico ou         Malnutrition Screening Tool (MST), Nutrition Risk Score
      sistêmico), com Índice de Karnofsky maior a 70, com          (MRS), Malnutrition Universal Screening Tool (MUST) e
      diagnóstico clínico de neoplasia e internados consecu-       Mini Nutritional Assessment (MNA). Ele é composto por
      tivamente no período de julho a setembro de 2010. Os         sete perguntas que buscam indícios de perda de peso,
      dados foram coletados incluindo perfil social e clínico,     de sintomas digestivos, de quadros neurológicos ou
      sexo, idade, tipos de neoplasias, avaliação nutricional      comportamentais, de situação que tornem mais difícil
      subjetiva e objetiva, estilo de vida e doenças associadas.   a alimentação ou de tratamento doença crônica.
           Para a realização dos dados antropométricos, foram      Deixando um “espaço” para a avaliação intuitiva do
      coletados dados como peso atual (PA) (kg) e peso habitual    profissional avaliador, para que sua percepção possa se
      (PH) (kg), para a determinação da variação e percentual      expressar na ferramenta e que tenha um peso.
      de perda de peso classificada como perda significativa de         Para que se possa entender a origem das perguntas
      peso e perda de peso grave (BLACBURN&BISTRIAN,               utilizadas no TIR, analisaremos pergunta por pergunta
      1997)(4). Foi aferida altura (m) para determinação do        destacando sua origem: 1. Perda de peso, não intencio-
      Índice de Massa Corporal – IMC (kgm²), com o qual            nal, nos últimos três meses? (MST), (NRS), (MUST),
      os pacientes foram classificados como desnutridos, com       (MNA); 2. Redução da ingestão alimentar? Se sim: a)
      excesso de peso ou eutróficos (OMS, 1997)(5).                Por falta de apetite, b) Problemas digestivos, c) Dificul-
           Para a dobra cutânea triciptal (DCT), os pacientes      dade de deglutição e/ou mastigação. (MST), (NRS),
      foram classificados como desnutridos, eutróficos ou com      (MNA);  3. Defina, intuitivamente, sua avaliação do pa-
      sobrepeso (DUARTE, 2007)(6). Já para a circunferência        ciente como: a) Grave, b) moderadamente grave, c) não
      do braço (CB), os resultados foram elencados também          grave (NRS); 4. Esteve internado nos últimos três meses?
      como desnutridos, eutróficos ou com sobrepeso,               (MNA); 5. Considera que será difícil sua adaptação à
      seguindo NHANES I (National Health and Nutrition             alimentação hospitalar? Guia para completar a (MNA);
      Examination Survey), e a circunferência muscular do          6. Alterações do nível de consciência ou comportamen-
      braço (CMB), avaliando resultado de desnutridos e            tal que dificulte a alimentação? (MNA); e 7. Não é capaz
      eutróficos, seguindo parâmetros descritos por Blacburn       de alimentar-se sozinho. (MST), (NRS), (MNA).
      e Thornton (1979)(7).                                             Essa ferramenta, aplicada pela primeira vez no Hos-
           A avaliação nutricional subjetiva foi realizada uti-    pital Regional da Unimed de Fortaleza (HRU), já vem
      lizando-se duas ferramentas: 1) A Avaliação Subjetiva        sendo utilizada há três anos. Hoje, o TIR faz parte do
      Global (ASG), que foi aplicada até 48 horas após inter-      Plano de Admissão Multidisciplinar do hospital – por-
      nação do paciente e cujos resultados foram analisados        tanto, aplicada a todos os pacientes.
      através do somatório total de pontos e categorizados              Quando o TIR anuncia risco moderado ou grave, a
      como bem nutrido (resultados < 17 pontos), modera-           ASG é aplicada, gerando um plano de acompanhamento.
      damente desnutrido (resultados entre 17 e 22 pontos) e       A equipe percebeu que alguns pacientes com TIR
      gravemente desnutrido (resultados > 22 pontos) (WAIT-        moderado ou grave recebiam diagnóstico de eutrofia
      ZBERG, 2009)(8); e 2) O Termo de Identificação de Ris-       pela ASG, porém, com a evolução, deparava-se com


                                                                                                                                            215


213-218-Avaliação da acurácia.indd 215                                                                                                    12/7/10 12:22:29 PM
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas
Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas

Weitere ähnliche Inhalte

Empfohlen

2024 State of Marketing Report – by Hubspot
2024 State of Marketing Report – by Hubspot2024 State of Marketing Report – by Hubspot
2024 State of Marketing Report – by HubspotMarius Sescu
 
Everything You Need To Know About ChatGPT
Everything You Need To Know About ChatGPTEverything You Need To Know About ChatGPT
Everything You Need To Know About ChatGPTExpeed Software
 
Product Design Trends in 2024 | Teenage Engineerings
Product Design Trends in 2024 | Teenage EngineeringsProduct Design Trends in 2024 | Teenage Engineerings
Product Design Trends in 2024 | Teenage EngineeringsPixeldarts
 
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental Health
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental HealthHow Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental Health
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental HealthThinkNow
 
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdf
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdfAI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdf
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdfmarketingartwork
 
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024Neil Kimberley
 
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)contently
 
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024Albert Qian
 
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie InsightsSocial Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie InsightsKurio // The Social Media Age(ncy)
 
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024Search Engine Journal
 
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
5 Public speaking tips from TED - Visualized summarySpeakerHub
 
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd Clark Boyd
 
Getting into the tech field. what next
Getting into the tech field. what next Getting into the tech field. what next
Getting into the tech field. what next Tessa Mero
 
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search IntentGoogle's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search IntentLily Ray
 
Time Management & Productivity - Best Practices
Time Management & Productivity -  Best PracticesTime Management & Productivity -  Best Practices
Time Management & Productivity - Best PracticesVit Horky
 
The six step guide to practical project management
The six step guide to practical project managementThe six step guide to practical project management
The six step guide to practical project managementMindGenius
 
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...RachelPearson36
 

Empfohlen (20)

2024 State of Marketing Report – by Hubspot
2024 State of Marketing Report – by Hubspot2024 State of Marketing Report – by Hubspot
2024 State of Marketing Report – by Hubspot
 
Everything You Need To Know About ChatGPT
Everything You Need To Know About ChatGPTEverything You Need To Know About ChatGPT
Everything You Need To Know About ChatGPT
 
Product Design Trends in 2024 | Teenage Engineerings
Product Design Trends in 2024 | Teenage EngineeringsProduct Design Trends in 2024 | Teenage Engineerings
Product Design Trends in 2024 | Teenage Engineerings
 
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental Health
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental HealthHow Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental Health
How Race, Age and Gender Shape Attitudes Towards Mental Health
 
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdf
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdfAI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdf
AI Trends in Creative Operations 2024 by Artwork Flow.pdf
 
Skeleton Culture Code
Skeleton Culture CodeSkeleton Culture Code
Skeleton Culture Code
 
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
PEPSICO Presentation to CAGNY Conference Feb 2024
 
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
Content Methodology: A Best Practices Report (Webinar)
 
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
How to Prepare For a Successful Job Search for 2024
 
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie InsightsSocial Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
Social Media Marketing Trends 2024 // The Global Indie Insights
 
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
Trends In Paid Search: Navigating The Digital Landscape In 2024
 
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
5 Public speaking tips from TED - Visualized summary
 
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
ChatGPT and the Future of Work - Clark Boyd
 
Getting into the tech field. what next
Getting into the tech field. what next Getting into the tech field. what next
Getting into the tech field. what next
 
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search IntentGoogle's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
Google's Just Not That Into You: Understanding Core Updates & Search Intent
 
How to have difficult conversations
How to have difficult conversations How to have difficult conversations
How to have difficult conversations
 
Introduction to Data Science
Introduction to Data ScienceIntroduction to Data Science
Introduction to Data Science
 
Time Management & Productivity - Best Practices
Time Management & Productivity -  Best PracticesTime Management & Productivity -  Best Practices
Time Management & Productivity - Best Practices
 
The six step guide to practical project management
The six step guide to practical project managementThe six step guide to practical project management
The six step guide to practical project management
 
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
 

Resumos de artigos sobre tratamentos e síndromes oncológicas

  • 1. Hepatectomia laparoscópica para tumores hepáticos malignos: indicações e resultados em oito casos ressecados Sergio Renato Pais Costa, Sergio Luiz Melo Araujo, Olímpia Alves Teixeira Lima, Alexandre Chartuni Pereira Teixeira, Marcio Almeida Paes, Marcio Lobo Avaliação da acurácia da ferramenta de gerenciamento de risco nutricional utilizada no Hospital Regional da Unimed Fortaleza: TIR Renata de Carvalho Nogueira, Henrique Jorge Maia Costa Avaliação clínica da síndrome mão-pé em ambulatório de oncologia submetido a tratamento com imunoterápicos Sergio Altino Franzi Estudo quantitativo das células de Langerhans no carcinoma escamocelular in situ do colo uterino: análise morfométrica e imuno-histoquímica Wanúzia Keyla Miranda Moreira, Paula Carvalho Abreu e Lima, Maria do Carmo Carvalho de Abreu e Lima A associação de esquema de quimioterapia e radioterapia no tratamento do carcinoma de nasofaringe avançado: revisão da literatura e apresentação da experiência de um centro de oncologia pediátrica Ana Virginia Lopes de Souza, Ana Paula Martinho Eckert, Renata Monteiro Caran, Fernando Tognato Ladeia, Eliana Monteiro Caran Tratamento locorregional em melanoma cutâneo. Infusão isolada de membros Francisco A. Belfort Síndrome de Meigs: relato de um caso Luiz Eugênio de Andrade Filho, Caroline Kíssilla Pereira Pascoal, Trycia Martins Salviano Leiomiossarcoma de veia cava inferior: relato de caso Leonardo Danilo Lopes Alves, Gustavo Henrique Smaniotto, Isidoro José Cestari, Raul Fernando Pizzatto, Sérgio Araquem Ferreira capa.indd 1 12/7/10 12:27:01 PM
  • 2. RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010 HEPATECTOMIA LAPAROSCÓPICA PARA TUMORES HEPÁTICOS MALIGNOS: INDICAÇÕES E RESULTADOS EM OITO CASOS RESSECADOS SERGIO RENATO PAIS COSTA, SERGIO LUIZ MELO ARAUJO, OLÍMPIA ALVES TEIXEIRA LIMA, ALEXANDRE CHARTUNI PEREIRA TEIXEIRA, MARCIO ALMEIDA PAES, MARCIO LOBO AVALIAÇÃO DA ACURÁCIA DA FERRAMENTA DE GERENCIAMENTO DE RISCO NUTRICIONAL UTILIZADA NO HOSPITAL REGIONAL DA UNIMED FORTALEZA: TIR RENATA DE CARVALHO NOGUEIRA, HENRIQUE JORGE MAIA COSTA AVALIAÇÃO CLÍNICA DA SÍNDROME MÃO-PÉ EM AMBULATÓRIO DE ONCOLOGIA SUBMETIDO A TRATAMENTO COM IMUNOTERÁPICOS SERGIO ALTINO FRANZI ESTUDO QUANTITATIVO DAS CÉLULAS DE LANGERHANS NO CARCINOMA ESCAMOCELULAR IN SITU DO COLO UTERINO: ANÁLISE MORFOMÉTRICA E IMUNO-HISTOQUÍMICA WANÚZIA KEYLA MIRANDA MOREIRA, PAULA CARVALHO ABREU E LIMA, MARIA DO CARMO CARVALHO DE ABREU E LIMA A ASSOCIAÇÃO DE ESQUEMA DE QUIMIOTERAPIA E RADIOTERAPIA NO TRATAMENTO DO CARCINOMA DE NASOFARINGE AVANÇADO: REVISÃO DA LITERATURA E APRESENTAÇÃO DA EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO DE ONCOLOGIA PEDIÁTRICA ANA VIRGINIA LOPES DE SOUZA, ANA PAULA MARTINHO ECKERT, RENATA MONTEIRO CARAN, FERNANDO TOGNATO LADEIA, ELIANA MONTEIRO CARAN TRATAMENTO LOCORREGIONAL EM MELANOMA CUTÂNEO. INFUSÃO ISOLADA DE MEMBROS FRANCISCO A. BELFORT SOCIEDADE BRASILEIRA DE SÍNDROME DE MEIGS: RELATO DE UM CASO LUIZ EUGÊNIO DE ANDRADE FILHO, CAROLINE KÍSSILLA PEREIRA PASCOAL, TRYCIA MARTINS SALVIANO LEIOMIOSSARCOMA DE VEIA CAVA INFERIOR: RELATO DE CASO LEONARDO DANILO LOPES ALVES, GUSTAVO HENRIQUE SMANIOTTO, ISIDORO JOSÉ CESTARI, RAUL FERNANDO PIZZATTO, SÉRGIO ARAQUEM FERREIRA CANCEROLOGIA Publicação Oficial da SBC Departamento de Cancerologia ISSN 1415-6725 da Associação Médica Brasileira ANO XII - No 44 - 4° Trimestre de 2010 CORPO EDITORIAL Editor-Chefe Hiran C. Fernando (Estados Unidos) Universidade de Boston Ricardo César Pinto Antunes (SP) Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo Hirokazu Nagawa (Japão) Diretor do Instituto Paulista de Cancerologia (IPC) Universidade de Tóquio Hugo Marsiglia (França) Editores Associados Institut Gustave Roussy Agliberto Barbosa de Oliveira (SP) Joji Kitayama (Japão) Intituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho Universidade de Tóquio Eduardo Dias de Moraes (BA) José Edson Pontes (Estados Unidos) Núcleo de Oncologia da Bahia Detroit Medical Center Hiram Silveira Lucas (RJ) Mário F. Bruno (Argentina) Hospital Mario Kröeff Sociedade Argentina de Cancerologia Lair Barbosa de Castro Ribeiro (BA) Nelson Tsuno (Japão) Sociedade Brasileira de Cancerologia Universidade de Tóquio Pedro Wilson Leitão Lima (CE) Universidade Federal do Ceará Ricardo Sales dos Santos (Estados Unidos) Universidade de Boston Roberto Gomes (ES) Universidade Federal do Espírito Santo Rodrigo Erlich (Estados Unidos) Gisinger Fox Chase Cancer Center Yoshihiro Morya (Japão) Comitê Internacional National Cancer Center Benedict Daly (Estados Unidos) Universidade de Boston Comitê Nacional Charles Balch (Estados Unidos) Johns Hopkins Institute for Clinical and Translational Ademir Torres Abrão (SP) Research Instituto Paulista de Cancerologia 201 201-204-Editorial.indd 201 12/13/10 12:06:47 PM
  • 3. RSBC - ANO XII - No 44- 4o TRIMESTRE - 2010 Adonis Carvalho (PE) João Carlos Sampaio Góes (SP) Hospital do Câncer de Pernambuco Instituto Brasileiro de Controle do Câncer Amândio Soares Fernandes Jr. (MG) Luiz Antônio Negrão Dias (PR) Hospital Felicio Rocho Hospital Erasto Gaertner Antonio André Magoulas Perdicaris (SP) Maria José Alves (SP) Universidade Metropolitana de Santos Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo Carla Ismael (RJ) Sociedade Franco Brasileira de Oncologia Marianne Pinotti (SP) Universidade de São Paulo David Hirza Erlich (SP) Instituto de Oncologia David Erlich Ricardo Cesarino Brandão (SP) Fundação Amaral Carvalho Flávio Daniel Saavedra Tomasich (PR) Roberto Porto Fonseca (MG) Universidade Federal do Paraná Sociedade Brasileira de Cancerologia José Francisco de Mattos Farah Sergio B. Hatschbach (PR) Universidade Federal de São Paulo Hospital Erasto Gaertner Gildete Sales Lessa (BA) Sérgio Renato Paes Costa (DF) Instituto de Oncologia da Bahia Universidade Federal de São Paulo Guilherme Mendes Filho (SP) Simão Grossmann (RS) Instituto Paulista de Cancerologia Centro de Mama do Hospital Santa Rita Helio Vitelli (SP) William Eduardo Nogueira Soares (SE) Hospital Beneficência Portuguesa Instituto de Oncologia San Giovanni José Getulio Segalla (SP) Roberto Camargo (SP) Hospital Amaral Carvalho Universidade de São Paulo José Luiz Amorim Carvalho (PA) Victor Arias (SP) Hospital Ofir Loiola Universidade de São Paulo EXPEDIENTE A revista RSBC é órgão oficial de divulgação científica da Sociedade Brasileira de Cancerologia.Publicação editada e reproduzida pela Solução & Marketing Editora e Publicidade Ltda. Diretor responsável: Acyr José Teixeira - Gerente Comercial: Fábio Lifschitz - Jor nalista responsável: Thuane Vieira, Mtb 55118 - Diagramação: Alex Andrade - Enza Lofrano - Coordenação: Patrícia Brito. Rua das Prímulas, 21 - Mirandópolis - CEP: 04052-090 - São Paulo (SP) - Tel/ Fax.: (11) 5070-4899. E-mail: solucao@solucaoambito.com.br 202 201-204-Editorial.indd 202 12/13/10 12:06:48 PM
  • 4. RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010 SOCIEDADE BRASILEIRA DE CANCEROLOGIA EDITORIAL A Revista da Sociedade Brasileira de Cancerologia Departamento de Cancerologia chega à sua 44ª edição com muito a comemorar: o sucesso da Associação Médica Brasileira em levar à opinião médica, informações de qualidade no que se refere aos avanços que tivemos nas últimas DIRETORIA 2006-2009 décadas, conquistas em pesquisa, prevenção, diagnóstico Presidente e tratamento do câncer. Uma história que estamos Roberto Porto Fonseca (MG) acompanhando bem de perto, com a certeza de que vivemos tempos melhores. Vice-presidentes Ricardo César Pinto Antunes (SP) Sérgio Bruno Bonatto Hatschbach (PR) Neste exemplar contamos com trabalhos originais, Marcos Antônio Lima Polonia (RJ) revisão e relatos de casos que foram cuidadosamente Pedro Wilson Leitão Lima (CE) selecionados a fim de proporcionar uma oportunidade Manoel Jesus Pinheiro Coelho (AM) de atualização rápida e fácil, indispensável para tomadas Secretário Geral decisões na busca de bons resultados; assim como permitir Robson Freitas de Moura (BA) elucidação de dúvidas ou o levantamento de novos questionamentos sobre pontos controversos, a adoção de Secretários Adjuntos Ricardo Cesarino Brandão (SP) novas condutas, o emprego de técnicas mais eficientes e a Wagner Brant Moreira (MG) prescrição de tratamentos mais efetivos. Tesoureiro Geral Luiz José Sampaio de Araújo (BA) Se alguma dessas formas conseguirmos ajudá-los, nosso objetivo terá sido alcançado. Tesoureira Adjunta Maria Lúcia Martins Batista (BA) Pelo empenho de cada um dos colaboradores: sinceros Conselho Superior agradecimentos, aos leitores: bom proveito, à todos: nossos maiores desejos de um Feliz Natal e um Próspero ano de Presidente 2011!!! Lair Barbosa de Castro Ribeiro (BA) Conselheiros Ricardo César Pinto Antunes Adonis R. L. de Carvalho (PE) Editor Chefe Hiram Silveira Lucas (RJ) Luiz Carlos Calmon Teixeira (BA) Roberto Gomes (ES) Secretaria Executiva Rua Pará, 197 – Pituba CEP 41830-000 – Salvador – BA Tels.: (71) 3240-4868 – Fax.: (71) 3248-9134 E-mail: socancer@lognet.com.br socancer@lognet.com.br Site: www.sbcancer.org.br - www.sbcancer.org.br Reconhecida da utilidade Pública Federal: Decreto no 73.729 de 4 de março de 1974. CGC: 13.525.266/0001-08 203 201-204-Editorial.indd 203 12/13/10 12:06:48 PM
  • 5. RSBC - ANO XII - No 44- 4o TRIMESTRE - 2010 SUMÁRIO Original Hepatectomia laparoscópica para tumores hepáticos malignos: indicações e resultados em oito casos ressecados Sergio Renato Pais Costa, Sergio Luiz Melo Araujo, Olímpia Alves Teixeira Lima, Alexandre Chartuni Pereira Teixeira, Marcio Almeida Paes, Marcio Lobo 205 Avaliação da acurácia da ferramenta de gerenciamento de risco nutricional utilizada no Hospital Regional da Unimed Fortaleza: TIR Renata de Carvalho Nogueira, Henrique Jorge Maia Costa 213 Avaliação clínica da síndrome mão-pé em ambulatório de oncologia submetido a tratamento com imunoterápicos Sergio Altino Franzi 219 Estudo quantitativo das células de Langerhans no carcinoma escamocelular in situ do colo uterino: análise morfométrica e imuno-histoquímica Wanúzia Keyla Miranda Moreira, Paula Carvalho Abreu e Lima, Maria do Carmo Carvalho de Abreu e Lima 225 Revisão A associação de esquema de quimioterapia e radioterapia no tratamento do carcinoma de nasofaringe avançado: revisão da literatura e apresentação da experiência de um centro de oncologia pediátrica Ana Virginia Lopes de Souza, Ana Paula Martinho Eckert, Renata Monteiro Caran, Fernando Tognato Ladeia, Eliana Monteiro Caran 235 Tratamento locorregional em melanoma cutâneo. Infusão isolada de membros Francisco A. Belfort 242 Relato de Caso Síndrome de Meigs: relato de um caso Luiz Eugênio de Andrade Filho, Caroline Kíssilla Pereira Pascoal, Trycia Martins Salviano 245 Leiomiossarcoma de veia cava inferior: relato de caso Leonardo Danilo Lopes Alves, Gustavo Henrique Smaniotto, Isidoro José Cestari, Raul Fernando Pizzatto, Sérgio Araquem Ferreira 248 Instruções para publicação dos artigos 254 Dicas de Leitura e Eventos 255 204 201-204-Editorial.indd 204 12/13/10 12:06:48 PM
  • 6. Costa SRP et al. RSBC - ANO XII - No 44 -4o TRIMESTRE - 2010 - 205-212 Original / Original Hepatectomia laparoscópica para tumores hepáticos malignos: Indicações e resultados em oito casos ressecados Laparoscopic hepatectomy from hepatic malignant tumors: Indications and results of eight resectable cases Sergio Renato Pais Costa1 Resumo Sergio Luiz Melo Araujo2 Introdução: Com a evolução da cirurgia minimamente invasiva, as hepatectomias lapa- Olimpia Alves Teixeira Lima3 roscópicas têm se mostrado uma alternativa interessante para o cirurgião hepático. Vanta- Alexandre Chartuni Pereira gens como pouco sangramento intraoperatório, baixa morbidade, curto tempo de internação, Teixeira4 retorno precoce as atividades laborais e bons resultados cosméticos têm sido constante- Marcio Almeida Paes5 mente observados.Objetivo: Avaliar os resultados precoces e tardios das hepatectomias Marcio Lobo Guimarães6 laparoscópicas para o tratamento de câncer em um Centro Privado Terciário em Brasília, Distrito Federal no Brasil. Pacientes e Métodos: Os autores relatam uma série de oito doentes submetidos à hepatectomias laparoscópicas realizadas por uma única equipe cirúrgica do Hospital Santa Lúcia – em Brasília, Brasil. A idade variou de 32 a 61 anos com média de 51 anos. Foram cinco homens e três mulheres. As doenças tratadas foram: cistoadenoma (n=1), hepatocarcinoma (n=2) e metástases (n=5). A lesão foi solitária em 4 casos (50%) e múltipla em 4 ( 50%). A média do tamanho das lesões foi 4,5cm (variação de 1,8cm a 12cm). Resultados: Foram quatro hepatectomias maiores (2 hemi- hepatectomias esquerdas e 2 hemi-hepatectomias direitas) e quatro menores (2 setorectomias posteriores direitas, 1 setorectomia lateral esquerda e 1 monosegmentectomia do V). A média de tempo cirúrgico foi de 275 minutos (variação de 90 a 360 minutos). A média de sangramento intraoperatório foi de 250 ml (variação de 100ml a 1000ml). Um doente foi transfundido (12,5%). Não houve mortalidade e nenhum doente foi reoperado. A morbida- de pós-operatória foi 12% (n=1) e incluiu complicação inespecífica (pneumonia lobar). A mediana de internação foi de quatro dias (variação de 2 a 7 dias). A mediana de retorno as atividades cotidianas foi de 13 dias (variação de 7 a 20 dias). A mediana de seguimento 1 - Médico Cirurgião Oncológico do Hospital Santa Lúcia – Brasília – Distrito Federal. Doutorando e Mestre em Cirurgia pela UNIFESP-EPM. 2 - Médico Cirurgião Geral do Hospital Santa Lúcia – Brasília – Distrito Federal. 3 - Médica Cirurgiã Geral do Hospital Santa Lúcia - Mestre em Cirurgia pela FEPAR (Faculdade Evangêlica do Paraná). 4 - Médica Cirurgiã Geral do Hospital Santa Lúcia – Brasília – Distrito Federal, Mestrando em cirurgia pela UNIFESP-EPM. 5 - Médico Oncologista Clinico do Hospital Santa Lúcia – Brasília – Distrito Federal. 6 - Médico Radiologista do Hospital Santa Lúcia - Brasília – Distrito Federal. Instituição: Hospital Santa Lúcia - Brasília – Distrito Federal. Conflitos de Interesse: não existem. Correspondência: Sergio Renato Pais Costa E-mail: srenatopaiscosta@hotmail.com 205 205-212-Hepatectomia lapar.indd 205 12/7/10 12:21:39 PM
  • 7. Hepatectomia laparoscópica para tumores hepáticos malignos: indicações e resultados em oito casos ressecados RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010 - 205-212 foi de 15 meses (variação de 1 a 27 meses). Não houve recidiva de lesão. Conclusão: A hepatectomia laparoscópica representa um método cirúrgico seguro de tratamento para neoplasias hepáticas malignas. Nessa pequena serie apresentou mortalidade nula e baixa morbidade associado a um bom resultado estético. Unitermos: laparoscopia, hepatectomia, neoplasias hepáticas/cirurgia, metástase neoplásica. Background Introduction: With evolution of minimally invasive surgery, laparoscopic hepatectomies have been shown an interesting alternative for hepatic surgeon. Advantages such small intra-operative bleeding, low morbidity, short postoperative course, early recovery for working and good cosmetics results have been frequently observed. Aim – To evaluate both short and long term results of laparoscopic hepatectomies in Tertiary Private Center in Brasilia, Distrito Federal, Brazil. Patients and Methods: Authors reported a eight patient’s series of laparoscopic hepatectomy performed by single surgical team in Tertiary Private Center – Santa Lucia Hospital (Brasília - Brazil) between 2007 and 2010. Age ranged 32 between 63 years old (mean age = 51 years-old). There were five men and three women. Diseases that were treated: cistoadenoma (n=1), hepatocarcinoma (n=2) and metastasis (n=5). Tumor was solitary in 4 cases (50%) and multiple in 4 (50%). Mean lesion size measured was 4,5cm (range, 3-12cm). Results: There were four major hepatectomies (2 right hemi-hepatectomy and 2 left hemi-hepatectomy) and four minor hepatectomies (two right posterior sectionectomy, 1 left lateral sectionectomy and 1 monosegmentectomy of SV). Mean surgical time was 275 minutes (range, 90-360 minutes). Mean blood loss was 250 ml (range 100-1000 ml). One patient received a transfusion (12%). No operative mor- tality or subsequent operation occurred. The postoperative morbidity rate was 12% (n=1) and included nonspecific complication (pneumonia). Median hospital stay was 4 days (range 2-7 days). Median of normal activities return was 13 days (range 7-20 days). Median follow-up period was 15 months (1-27 months). There was no lesion recurrence. Conclusion: Laparoscopic hepatectomy represents a safe surgical approach to hepatic malign neoplasms. In this small series presented both null mortality and low morbidity associated with a good cosmetic result. Keywords: laparoscopy, hepatectomy, liver neoplasms, neoplasm metastases. Introdução Hepatectomia laparoscópica (HL) foi descrita pela roscópica em virtude da combinação da complexidade primeira vez em 1992 por Gagner e Cols(1) e representa anatômica das ressecções hepáticas associada à falta de um conceito inovador: uma cirurgia de grande porte cirurgiões com experiência em laparoscopia avançada associado a potencial sangramento realizada por uma e cirurgia hepática. Como regra geral, HL apresenta via minimamente invasiva. Em 1996, coube a Azagra e várias vantagens frente a cirurgia aberta. As principais cols(2) realizarem a primeira ressecção hepática anatô- são: menor dor pós-operatória, mobilização precoce, mica. Estes autores realizaram com sucesso uma seto- íleo mínimo, realimentação precoce e curto tempo de rectomia lateral esquerda (SLE) em uma paciente com internação. Inicialmente foram realizadas com segu- adenoma hepático nos segmentos II e III. A HL tem rança hepatectomias menores para lesões superficiais. sido considerada a última fronteira da cirurgia lapa- Com o avanço dos instrumentos laparoscópicos e 206 205-212-Hepatectomia lapar.indd 206 12/7/10 12:21:40 PM
  • 8. Costa SRP et al. RSBC - ANO XII - No 44 -4o TRIMESTRE - 2010 - 205-212 grampeadores para transecção do parênquima hepáti- do presente estudo. Demais casos de afecções benignas co associados ainda a um aumento na experiência com foram excluídos da presente amostra.. O acesso lapa- ressecções hepáticas complexas por videolaparoscopia roscópico foi escolhido em virtude do tamanho, etiolo- como hepatectomias maiores (3 ou mais segmentos he- gia da lesão e localização. Como regra geral, tumores páticos) houve um crescimento importante no número volumosos, próximos a estruturas vasculares maiores e dessas operações(3-21). Recentemente, HL tem sido reali- de localização central foram excluídos dessa amostra e zada com mínima morbidade e baixa mortalidade em foram operados de forma tradicional. centros de referência(3,4,7,17,18,21,22). As hepatectomias foram definidas de acordo com Atualmente, alguns autores têm considerado a via os critérios previamente definidos pela International laparoscópica como preferencial tanto para tumores be- Hepato-Pancreato-Biliary Association (IHPBA) de nignos quanto malignos(3-5,17,18,21). Mesmo lesões de difícil acordo com a terminologia oriunda da Classificação acesso no lobo hepático direito podem ser satisfatoria- de Couinaud. Assim, hepatectomia maior foi definida mente ressecadas de modo seguro por tal via com baixos como ressecção de 3 ou mais segmentos. Ultrassono- índices de conversão e morbidade(7,17). Desta maneira, a grafia (US), tomografia computadorizada (TC) e resso- via laparoscópica inicia uma nova era na cirurgia he- nância magnética (RNM) de abdômen foi realizada em patobiliar minimamente invasiva. No entanto, exceto todos os doentes. Foi realizado ainda PET-Scan e mar- alguns poucos estudos, a maioria das publicações apre- cadores tumorais antígeno carcinoembrionário (CEA), senta um número relativamente pequeno de doentes. Alfa-fetoproteína (AFP) e Ca 19,9 em todos os casos. Em contrapartida já está bem estabelecido na literatura A técnica operatória bem como a disposição dos que em doentes selecionados, HL se realizada por equi- portais foi individualizada para cada tipo de ressec- pe especializada em cirurgia hepática e laparoscópica ção e baseada em princípios técnicos previamente avançada é segura e apresenta resultados idênticos a ci- descritos(5,6,15,24,25) Como regra geral, os procedimentos rurgia aberta(4,5,17,18,21). foram realizados com pneumoperitonio de 12 mm hg Atualmente, para neoplasias malignas, estudos têm e ótica de 30 graus com 3, 4 ou 5 trocateres (Figuras sugerido que não há diferença entre a HL ou hepatec- 1, 2) de acordo com o tipo de ressecção, preferência do tomia aberta (HÁ) em relação a metástases nos portais, cirurgião e localização da lesão. O cirurgião principal à margens, recorrência local - sistêmica ou ainda sobrevi- direita ou entre as pernas do paciente. Como regra ge- da em longo prazo(13,14,17,18,22,23). Em nosso meio, raros re- ral as hemi-hepatectomias foram realizadas por acesso latos de caso(8,18,22,27,28) e uma série de quatro doentes com metástases colorretais (MCR) submetidas a LH tem demonstrado a eficá- cia e segurança da técnica(20). O objetivo do presente estudo foi des- crever os resultados precoces e tardios de uma pequena série de oito doentes com tumores malignos hepáticos submetidos à HL todas realizadas por uma única equipe cirúrgica de um hospital referência privado de Brasília, Distrito Federal, Brasil. Pacientes e Métodos Entre Junho de 2007 e Outubro de 2010, 16 LH foram realizadas pela equi- pe de cirurgia do Hospital Santa Lúcia de Brasília. Todas as cirurgias foram realiza- das sempre pela mesma equipe (dos auto- res do presente estudo) sendo o cirurgião responsável (Costa SRP) presente em todas operações. Destas 16 HL, oito foram devi- Figura 1. Disposição dos portais – Setorectomia Posterior Direita do a neoplasias malignas sendo o objetivo (SVI+VII) + incisão para retirada da peça. 207 205-212-Hepatectomia lapar.indd 207 12/7/10 12:21:41 PM
  • 9. Hepatectomia laparoscópica para tumores hepáticos malignos: indicações e resultados em oito casos ressecados RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010 - 205-212 realizada com o bis- turi bipolar do tipo Ligasure (Ethicon) de 10mm (Figura 3) e para ligadura de es- truturas maiores (vas- culares ou biliares) foram usados clips metálicos. Pedículos Figura 3. Transecção Hepática portais e veias hepá- com Ligasure de 10mm ticas foram seladas (Hemihepatectomia Direita). com uso de grampea- dor endoscópico com carga vascular (Endogia – 30mm – vascular type) conforme preconizado por Gumbs e Cols(16). Exceto três casos cujos doentes apresentavam in- cisão abdominal prévia devido a cirurgia aberta, a peça cirúrgica foi ressecada por incisão transversa infraum- bilical tipo Pfannenstiel (Figura 1). Nestes três casos a peça foi retirada por uma incisão subcostal direita em um caso e laparotomia mediana (Figura 2) nos demais. Todo espécime foi sacado dentro de um endobag ou luva hermeticamente fechada. Geralmente, drenos não foram utilizados. Quando necessário foi utilizado dreno de sucção a vácuo (em três casos). Figura 2. Posição dos Portais – Hemi-hepatectomia Resultados Esquerda. Características dos doentes estão demonstradas na tabela 1. Exames radiológicos pré-operatórios reve- extra-hepático com dissecção, isolamento e indivi- laram lesão sólida em sete doentes (87%) e cística em dualização com posterior ligadura dos elementos hilares uma doente (13%). Três doentes realizaram biópsia pré- (3,5,6) , enquanto nas ressecções segmentares foram todas operatória ( percutânea em dois casos e laparoscópica realizadas por acesso intra-hepático conforme descrito em 1 caso). Em um caso de hepatocarcinoma (HCC) foi por Machado e Cols(19,20,24,25). A transecção hepática foi realizado biópsia por congelação intraoperatória, pois o Tabela 1. Características dos Pacientes Diâmetro maior Localização Seg- Caso Gênero Idade Etiologia Número ASA lesão (cm) mentos Hepáticos 1 F 63 Cistadenoma 1 12 VI/VII/VIII 1 2 M 63 HCC 1 3 VI/VII 2 3 M 61 MCR 2 3,5 II/III/IV 1 4 F 32 MNCR 2 3 II/III 1 5 F 43 MNCR 3 3 VI/VII 1 6 M 63 HCC 1 3 V 2 7 F 40 MCR 1 5 II/III/IV 1 8 F 43 MRC 3 4 V/VI/VII 1 M – Masculino, F- Feminino, HCC – Hepatocarcinoma, MRC – Metástase Colorretal , MNCR – Metástase Não-colorretal, ASA – American Society of Anesthesiologists. 208 205-212-Hepatectomia lapar.indd 208 12/7/10 12:21:43 PM
  • 10. Costa SRP et al. RSBC - ANO XII - No 44 -4o TRIMESTRE - 2010 - 205-212 doente apresentava características radiológicas suspeitas rie. A morbidade foi de 12% (n=1). A única complica- (lesão hipervascular heterogênea na RNM), no entanto ção ocorreu na paciente com cistoadenoma biliar gi- os marcadores eram limítrofes (alfa-fetoproteína). Nesta gante que foi submetida a hemi-hepatectomia direita. série, a biópsia do tumor pré ou intraoperatória foi se- A mesma apresentou pneumonia lobar resolvida com guida de certeza diagnóstica em todos os casos. Um caso antibioticoterapia endovenosa (Tabela 3). Não houve de metástase não-colorrretal (MNCR), cujo tumor pri- complicações específicas como fístula biliar ou insu- mário operado previamente (dez anos) foi de um adeno- ficiência hepática. Não houve reintervenção. A reali- carcinoma de delgado foi enviado para analise imuno- mentação foi iniciada em todos doentes no primeiro dia histoquimica qual confirmou tratar-se do mesmo tumor primário. No caso do cistoadenoma, este tumor já havia Tabela 2. sido biopsiado também por videolaparoscopia em outro Tipos de Hepatectomias Número de doentes serviço e encaminhado para a presente equipe. A cirurgia laparoscópica foi realizada com sucesso Hemihepatectomia direita 2 em todos doentes. Não houve conversão nesta série. Ti- Hemihepatectomia esquerda 2 pos e detalhes das hepatectomias estão demonstradas na tabelas 2 e 3. Foram realizadas quatro hepatectomias Setorectomia Lateral Esquerda (S II+III) 1 maiores (Figura 4) e quatro menores (Figura 5). So- Setorectomia posterior direita (S VI +VII) 2 mente uma doente foi transfundida. A mesma que foi Segmentectomia do V (SV) 1 submetida à hemi-hepatectomia direita por um cistoa- denoma gigante de lobo direito (operado previamente Total 8 por duas vezes). Esta doente já tinha sido submetida a colecistectomia aberta há 20 anos devido a uma colecis- Tabela 3. tite aguda complicada e inclusive já apresenta- Resultados das Cirurgias Número de doentes va uma incisão subcos- tal direita. Esta doente Clampeamento hilar 0 (8) recebeu 3 unidades de Sangramento Intra-operatório ml, concentrados de glóbu- 250 (100-1000) média (variação) los. Três doentes foram Transfusão de Concentrado de Hemácias 1 (8) drenados (os drenos foram retirados entre o Duração da Cirurgia, min, media (variação) 205 (90-360) terceiro e quinto dia de Peso da peça cirurgica gr média (variação) 285 (57-1040) pós-operatório). A mediana do tem- po cirúrgico foi de 275 Tabela 4. minutos. Não houve Figura 4. Hemihepatectomia mortalidade nesta sé- esquerda – metástases. Resultados pós-operatórios imediatos Número de doentes (%) Morbidade 1 (12%) Reoperação 0 (0%) Complicação hepatica especifica * 0 (0%) Complicação não-específica (menor) 1 (12%) – Pneumonia Lobar Mortalidade 0 (0%) Permanência Hospitalar, d, mediana 4 (2-7) (variação) Índice de Satisfação com cirurgia 6 (67%) excelente – boa razoável 2 (33%) Retorno às atividades cotidianas, d, 13 (7-20) Figura 5. Setorectomia Posterior Direita (SVI+VII) por mediana (variação) HCC. • Sangramento, insuficiência hepatica e fístula biliar. 209 205-212-Hepatectomia lapar.indd 209 12/7/10 12:21:44 PM
  • 11. Hepatectomia laparoscópica para tumores hepáticos malignos: indicações e resultados em oito casos ressecados RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010 - 205-212 pós-operatório (6 ou 12 horas dependendo do tipo de gias minimamente invasivas. HL leva a uma redução do ressecção). A mediana de permanência hospitalar foi de trauma tecidual que pode estar associada a diminuição 4 dias (variação 2-7 dias). Todos doentes utilizaram ape- da dor pós-operatória, redução das aderências teci- nas dipirona no pós-operatório precoce. Nenhum doen- duais, encurtamento da permanência hospitalar e retor- te utilizou opioides em sua analgesia pós-operatória. A no precoce as atividades cotidianas(3,4,7,13). Mais recente- mediana de retorno às atividades cotidianas foi de 13 mente, em três estudos caso-controle publicados(17,18,23) dias (variação de 7-20). Apenas um doente apresentou e um estudo de coorte(5) têm sido demonstrado a supe- margens microscopicamente comprometidas (apesar da rioridade da HL com menor sangramento, morbidade, margem macroscópica de 1cm e congelação intraope- complicações pós-operatórias. Ainda, especificamente ratória negativa). para neoplasias malignas não tem sido observado alte- Tratou-se de um doente com HCC fibrolamelar nos rações quanto aos índices de recorrência tumoral nem segmentos VI-VII e que foi submetido a uma setorecto- de sobrevida(17,8,23). Além disso, as vantagens cosméticas mia posterior direita (ressecção regrada dos segmentos são indubitáveis. Realimentação precoce também re- VI-VII). Este paciente apresentava esteatose importante presenta uma grande vantagem quando consideramos e optou-se pela bissegmentectomia VI-VII, haja vista que uma hepatectomia de uma maneira geral é uma que uma hemi-hepatectomia direita seria de alto risco operação de grande porte. de complicação pós-operatória. Contudo, subsequente- Por estas razões, a abordagem laparoscópica deve mente, este doente seguiu uma segmentectomia do seg- ser lembrada como excelente opção também para as mento V por videolaparoscopia com sucesso, sem com- neoplasias hepáticas malignas(4,5,10,12,17,18,21). De acordo plicações e com margens livres de acometimento neo- com vários autores, o uso da via laparoscópica não deve plásico. Até o término deste estudo, ele estava bem e sem modificar ou alterar os princípios nem as indicações recidiva tumoral (13 meses). A mediana de seguimento cirúrgicas nos tumores hepáticos(3,13,16,18,21). Esses princí- foi de 14 meses (variação de 1-27 meses). Não houve re- pios da cirurgia hepática aberta devem ser estritamente corrência tumoral em nenhum dos doentes até o final respeitados. deste estudo. Todos apresentaram boa qualidade de vida Em que pese o ceticismo inicial no que tange o tra- após a cirurgia avaliado por questionário específico. tamento das neoplasias hepáticas malignas por esta via de acesso, atualmente HL tem sido frequentemente Discussão realizada com segurança e eficácia. Diversos autores HL representa uma evolução continuada da cirur- têm considerado inclusive a via laparoscópica tão segu- gia minimamente invasiva, avanços na experiência em ra quanto a convencional(1,13,17,18,21). Para lesões situadas procedimentos laparoscópicos mais complexos aliado a no lobo esquerdo, muitos autores têm considerado a HL aprimoramento técnico e inovação tecnológica tem sido como abordagem inicial de eleição em centros referên- responsáveis pela aplicabilidade clínica relevante dessa cia principalmente para cirurgiões com experiência na abordagem no tratamento das neoplasias hepáticas tan- técnica(3,4,5,18,27). Campos e Cols(4) recentemente publica- to benignas quanto malignas(17). A experiência cirúrgi- ram uma série de ressecções laparoscópicas a esquerda ca requerida para HL tem evoluído em paralelo com a e observaram claras vantagens dessa via de abordagem. adaptação das técnicas laparoscópicas a essas operações. Paralelamente, Carswell e Cols(5) em estudo de coorte Dissecção das estruturas hilares, reparo vascular e biliar, prospectivo no qual compararam a via laparoscópica mobilização do fígado e transecção do parênquima são versus a via aberta (especificamente para setorectomia tecnicamente mais trabalhosas e potencialmente mais lateral esquerda - S II-III) observaram a superioridade perigosas que qualquer outro procedimento cirúrgico da HL em virtude do menor uso de analgésicos opioides laparoscópico já previamente realizado. Hemi-hepatec- e menor tempo de internação hospitalar. Na presente tomias anatômicas requerem um claro conhecimento casuística, foi observado que nenhum doente da amos- da anatomia hepática em geral, experiência em cirur- tra (n=8) recebeu analgésicos opioides no pós-operató- gia hepatobiliar avançada e adicionalmente habilidade rio, somente analgésicos comuns e especificamente para em dissecar por tal via estruturas biliares e vasculares ressecções a esquerda (n=4) todos foram de alta até o maiores(12,16,17,20,21). terceiro dia pós-operatório. Em que pese os obstáculos e desafios, HL apresenta Zhang e Cols(21) em uma série de 78 pacientes não muitas vantagens em relação às HA. As maiores van- realizaram nenhuma conversão e tampouco observa- tagens das HL são aquelas pertinentes a todas as cirur- ram complicações pós-operatórias. Apenas quatro do- 210 205-212-Hepatectomia lapar.indd 210 12/7/10 12:21:44 PM
  • 12. Costa SRP et al. RSBC - ANO XII - No 44 -4o TRIMESTRE - 2010 - 205-212 entes receberam transfusão (5%). Na presente série em ta grandes incisões que são habitualmente empregadas que pese pequena ede resultados preliminares, também na cirurgia tradicional para a abordagem do pedículo não foram observadas complicações específicas como posterior direito(7). No entanto, as ressecções hepáticas sangramento ou fistula biliar. Houve apenas uma com- a direita por videolaparoscopia têm sido consideradas plicação menor não-especifica (uma pneumonia lobar) mais dificultosas quando comparadas a esquerda por totalizando 12% de morbidade global. Essa doente iclu- autores com vasta experiência, talvez por este motivo sive foi a única que recebeu transfusão (porcentagem de alguns deles tem considerado a técnica “hand-assited” pacientes transfundidos de 12%) e que também apre- como boa opção tática principalmente para os tumo- sentava a maior lesão dessa série (um tumor de 12cm res volumosos e próximos a grandes vasos(13,14,17). Com no lobo direito). Essa doente ainda havia sido operada acúmulo de experiência, mais recentemente tem havido anteriormente duas vezes em outros serviços. Machado uma maior liberdade nas indicações de HL à direita. e Cols(24) em nosso meio observaram numa casuística de Cho e Cols(7) publicaram recentemente uma série com 7 doentes com ressecções a direita, um caso de fistula resultados satisfatórios somente de ressecções a direita. biliar que foi tratada conservadoramente sem reper- Para a setorectomia posterior direita, na presente série, cussões maiores totalizando uma morbidade global de os autores têm preferido o acesso intra-hepático como 14%. Em casuísticas maiores, o índice de complicações descrito em nosso meio por Machado e Cols(24). Esta téc- tem variado de 0% a 10%(3,4,13,17,18,21,22) na dependência nica é segura e minimiza tanto o sangramento quanto o do tamanho do tumor, experiência da equipe e tipo de tempo intraoperatório. ressecção (maior - menor ou direita - esquerda). Quando Kofron e Cols(17), em uma série grande de 300 doen- considerado, por exemplo, somente ressecções a direita, tes, compararam os resultados concomitantes (coorte a morbidade tem sido proporcionalmente maior assim contemporâneo) entre hepatectomia aberta (HA) e mi- como descrito previamente por Koffron e Cols(17). Estes nimamente invasiva (laparoscópica, híbrida, “hand-as- autores em uma série de 300 doentes operados por ci- sisted”) no mesmo serviço sendo todos os doentes ope- rurgia minimamente invasiva, observaram que as ressec- rados pela mesma equipe. Reportaram a superioridade ções a direita foram mais trabalhosas do ponto de vista da técnica minimamente invasiva ante a via aberta. As técnico, com tempo cirúrgico maior e risco de conver- principais vantagens observadas foram: menor tempo são. Cho e Cols(7) observaram 28% de morbidade global operatório, menor sangramento, menos transfusão, me- considerando somente ressecções a direita, em casuística nor permanência hospitalar, menor índice de compli- relevante de 46 doentes submetidos a HL direita. cações e menor índice de recorrência de malignidade. Na presente série, não houve reoperações fato tam- Estes autores concluíram que os resultados do grupo da bém observado tanto por Zangh e Cols(21) quanto por cirurgia minimamente invasiva foram comparavelmente Machado e Cols(20, 24, 26). O índice de conversão na lite- favoráveis ante a abordagem aberta clássica. Em estudo ratura tem variado de 0%-15%(16,21) e depende obvia- previamente publicado pelo presente autor(28) em uma mente do tipo de ressecção, experiência da equipe e ta- série de hepatectomia aberta para metástases (n=30) manho da lesão. Na presente série foi nula e similar aos onde a maioria dos doentes foram operados pelo mesmo resultados observados por Zangh e Cols(21) e Machado cirurgião sênior (Costa SRP), a mortalidade global foi de e Cols(20,24) casuísticas estas onde não houveram conver- 3%, enquanto a morbidade foi de 46%. Dezesseis por sões também. cento dos doentes foram reoperados e 44% receberam Embora as ressecções a direita sejam tecnicamente transfusão, a mediana de sangramento foi de 800ml. mais trabalhosas, com acúmulo da experiência e pro- Embora os resultados sejam difíceis de serem com- gressão da curva de aprendizado, alguns autores já tem parados com esta pequena série laparoscópica do mes- considerado a via laparoscópica como de eleição mesmo mo autor por vários motivos e viéses (resultados preli- para tumores localizados no lobo direito (em casos sele- minares na série laparoscópica versus resultados consa- cionados) inclusive em lesões posicionadas nos segmen- grados na técnica aberta além de um maior número de tos de mais difícil acesso como VII-VIII(7,17). Nesta série, ressecções maiores, tumores mais volumosos, doentes mais da metade das ressecções foi a direita incluindo mais graves em virtude da idade e do estado nutricional duas hemi-hepatectomias direitas, duas setorectomias na serie aberta aliado ainda a ausência de testes estatís- posteriores direita (SVI-VII) e uma monosegmentec- ticos específicos e comparativos entre as mesmas), quan- tomia do segmento V. A grande vantagem HL para do analisadas as duas séries quase contemporâneas, ressecção das lesões posteriores a direita e que se evi- pode-se obervar que a série laparoscópica apresenta 211 205-212-Hepatectomia lapar.indd 211 12/7/10 12:21:44 PM
  • 13. Hepatectomia laparoscópica para tumores hepáticos malignos: indicações e resultados em oito casos ressecados RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010 - 205-212 nítidas vantagens. Respectivamente, menor mortalidade 7. Cho JY, Han HS, Yoon YS, Shin SH. Outcomes of Laparoscopic Liver Resection for Lesions located in the Right Side of the Liver. Arch Surg 2009; 144 (1): 25-9. (0% versus 3%), morbidade (12% versus 46%), transfu- 8. Cugat E, Marco C. Cirugía laparoscópica del hígado. Una opción madura ? Cir Esp. sões (12% versus 44%), perda sanguínea (250 ml versus 2009; 85(4): 193-5. 800ml) e reoperações (0% versus 16%). Em nosso meio, 9. Costa SRP, Araujo SM, Lima OAT, Lobo M. Hemi-hepatectomia esquerda lap- poucas publicações sobre HL tem sido observadas. No aroscópica para o abscesso hepático piogênico: relato de caso. Brasília Méd 2010; entanto, Machado e Cols(20,24) também observaram mor- 48(2): 265-9. talidade nula e resultados similares a presente série. Fato 10. , Wiedekher JC, Ekermman M, Kondo W, Silveira FP, Fedrizzi F, Reimann A. Seg- este também observado na literatura em geral, onde es- mentectomia Lateral Esquerda Laparoscópica em Hemangioma Hepático. Ver Bras Videocir 2004; 2(2): 83-7. tudos mais recentes têm demonstrado índices nulos de 11. D´Albuquerque LAC, Herman P. Hepatectomia por videolaparoscopia. Realidade ? mortalidade(3,4,13,17,18,21,22). Arq Gastroenterol 2006; 43(3): 243-6. Até o presente momento, especificamente para os 12. Dulucq JL, Wintringer P, Stabilini C, Berticelli J, Mahajna A. Laparoscopic Liver tumores hepáticos malignos, em que pese à ausência de resections: A single center experience. Surg Endosc 2005: 19: 886-91. estudos com nível de evidência maior, os atuais e dis- 13. Herman P, Coelho FF, Lupinacci RM, Perini MV, Machado MAC, DAlbuquerque, poníveis têm sugerido que não haver diferença entre as Cecconello I. Ressecções Hepáticas por Videolaproscopia. Arq Brás Cir Dig 2009; hepatectomias laparoscópicas versus as abertas em re- 22(4): 226-32. lação a implantes na incisão ou nos portais, recorrência 14. Gagner M, rogula T, Selzer D. Laparoscopic liver resection: benefits and controversies. Surg Clin North Am 2004; 84: 451-62. local ou sistêmica, margens livres ou mesmo sobrevida 15. Gigot JF, Gilneur D, Azagra JS, Goergen M, Ceuterik M, Morino M, Etienne J, Mar- em longo prazo(13,14,20,21,24,25). No entanto, há poucos es- escaux J, Mutter D, van Krunckelsen L, Descottes B, Valleix D, Lachachi F, Bertrand tudos controlados com nível de evidência ainda não C, Mansvelt B, Hubens G, Saey J, Shockmel R, under the auspices of the Hepatobiliary ideal. No entanto, séries históricas não tem demonstra- and Pancreatic Section of the Royal Belgian Society of Surgery and the Belgian Group for Endoscopic Surgery. Laparoscopic liver resection for malignant liver tumours: preliminary do diferença entre HL ou HA para neoplasias malignas. results of a multicenter European study. Ann Surg 2002; 236(1): 90-7. Entretanto deve-se considerá-los com cautela devendo 16. Gumbs AA, Gayet B, Gagner M. Laparoscopic liver resection: When to use the laparo- haver uma rigorosa seleção na indicação cirúrgica do scopic stapler device. HPB 2008; 10: 296-303. enfermo para HL enquanto se aguarda novos estudos 17. Kofron AJ, Auffenberg BS, Kung R, Abecassis M. Evaluation of 300 Minimally com metodologia mais rigorosa para responder melhor Invasive Liver Resections at a Single Institution. Ann Surg 2007; 246( 3): 385-94. tais questões. 18. Lee KF, Cheung YS, Chong CN, Tsang YYY, Ng WWC, Ling E, Wong J, Lai PBS. Laparoscopic versus open hepatectomy for liver tumours: a case control study. Hong Kong Med J 2007; 13(6): 442-8. Conclusão 19. Machado MAC, Makdissi FF, Surjan RCT, Teixeira ARF, Bacchella T, Machado A hepatectomia laparoscópica (HL) representa um MCC. Hepatectomia Direita por Videolaparoscopia. Rev Col Bras Cir 2007; 34(3): método cirúrgico seguro de tratamento para neoplasias 189-92. hepáticas malignas. Nessa pequena série apresentou 20. Machado MAC, Makdissi FF, almeida FAR, Luiz-Neto M, Martins ACA, Machado mortalidade nula e baixa morbidade associado a um MCC. Hepatectomia Laparoscopica no Tratamneto das Metástases Hepáticas. Arq Gastroenterol 208; 45(4): 330-2. bom resultado estético. 21. Zhang L, Chen YJ, Shang CZ, Zhang HW, Huang ZJ. Total laparoscopic liver resec- tion in 78 patients. World J Gastroenterol 2009; 15(45): 5727-31. Recebido: 24/09/2010 22. Pilgrim CHC, To H, Usatoff V, Evans PM. Laparoscopic hepatectomy is a safe Aprovado: 10/11/2010 procedure for cancer patients. HPB 2009; 11: 247-51. 23. Nguyen KV, Geller DA. Is Laparoscopic Liver Resection Safe and Comparable to Open Referências Liver Resection for Hepatocellular Carcinoma? Ann Surg Oncol 2009; 16: 1765-7. 1. Gagner M, Rheault M, Dubuc J. Laparoscopic partial hepatectomy for liver tumour. 24. Machado MAC, Makdissi FF, Galvão FH, Machado MCC. Intrahepatic Glis- Surg Endosc 1992; 6: 99. sonian approach for laparoscopic right segmental liver resections. Am J Surg 2008; 196: e38-e42. 2. Azagra JS, Goergen M, Gilbart E, Jacobs D. Laparoscopic anatomical (hepatic) left lateral segmentectomy-technical aspects. Surg Endosc 1996; 10: 758-61. 25. Laparoscopic Resection of left liver segments using intrahepatic Glissonian approach. Machado MAC, Makdissi FF, Surjan RC, Herman P, Teixeira AR, Machado MCC. 3. Ardito F, Tayar C, Laurent A, Karoui M, Loriau J, Cherqui D. Laparoscopic Liver Surg Endosc 2009; 23: 2615-9. Resection for Benign Disease. Arch Surg 2007; 142 (12): 1188-1193. 26. Machado MAC, Makdissi FF, Herman P, Surjan RC. Intrahepatic Glissonian Ap- 4. Campos RR, Hernández CM, Conesa AL, Abellán B, Pérez PP, Paricio PP. La proach for Pure Laparoscopic Left Hemihepatectomy. J Lap & Adv Surg Tec 2010; ressección laparoscópica de los segmentos del lóbulo izquierdo debe ser el abordaje inicial 20(2): 1-2. em centros com experiência. Cir Esp. 2009; 85 (4): 214-21. 27. Kofron AJ, Geller D, Gamblin TC. Lparoscopic liver surgery: shifting the management 5. Carswell KA, Sagias FG, Murgatroyd B, Rela M, Heaton N, Patel AG. Lparoscopic of liver tumors. Hepatology 2006; 44: 1694-700. versus open left lateral segmentectomy. BMC Surgery 2009; 9 (14): 1-9. 28. Costa SRP, Horta SHC, Henriques AC, Waisberg J, Speranzini MB. Hepatectomia 6. Cherqui D, Husson E, Hammoud R. Laparoscopic liver resections: A feasebility study para o tratamento de metástases colorretais e não-colorretais: Análise Comparativa em in 30 patients. Ann Surg 2000; 232 (6): 753-62. 30 casos operados. Rev Bras Colo-Proctol 2009; 29 (2): 216-25. 212 205-212-Hepatectomia lapar.indd 212 12/7/10 12:21:45 PM
  • 14. Nogueira RDC et al. RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010 - 213-218 Original / original Avaliação da acurácia da ferramenta de gerenciamento de risco nutricional utilizada no Hospital Regional da Unimed Fortaleza: TIR Evaluation of the accuracy of nutritional risk management tool used in Regional Hospital Unimed Fortaleza: TIR Renata de Carvalho Nogueira1 Resumo Henrique Jorge Maia Costa2 Há três anos, utilizamos uma ferramenta de triagem nutricional que sinaliza, precocemente, pacientes que se beneficiam de intervenção nutricional. Essa ferramenta é facilmente aplicada por médicos, enfermeiros ou nutricionistas. É de rápida aplicação, abrangente, observa fatores que modificam a evolução, fornece uma classificação acessível, para que se construam estratégias. Nosso objetivo é avaliar a acurácia da ferramenta utilizada no Hospital Regional da Unimed de Fortaleza, chamada TIR (Termo de Identificação de Risco), demonstrar sua alta sensibi- lidade, para que possamos aceitar o risco de ver mais espaçadamente os pacientes com pouca probabilidade de desnutrição e, mais frequentemente, os de alto risco. Uma avaliação transversal e prospectiva, realizada com 50 pacientes da Unidade de Oncologia do Hospital, em tratamento antineoplásico, com Índice de Karnofsky maior de 70, internados consecutivamente no período de julho a setembro de 2010. Aplicados o TIR e a Avaliação Subjetiva Global (ASG), ambos com- parados com medidas antropométricas CB e CMB, acrescidos da perda de peso, foram realizados testes estatísticos para se verificar a existência de relação entre os métodos e os valores medidos em cada amostra. O teste entre Pearson e regressão linear demonstrou que há correlação entre os métodos, tendo o TIR maior sensibilidade, já que observado menor número de falsos negativos. Unitermos: desnutrição, risco nutricional, hospital. Abstract From three years to nowadays, we have used a nutritional screening tool which signalizes preco- ciously, patients who benefit from nutritional intervention. This tool is easily applied by doctors, nurses or dietitians. It is quickly applied, embracing, observes factors that modify the evolution and provides an accessible classification that permits the construction of strategies. Our goal is to evaluate the accuracy of the tool used at the Regional Hospital Unimed Fortaleza, called “TIR” ( Risk Identification Term), demonstrate its high sensivity, able to allow us to accept the risk to 1 - Nutricionista Graduada pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Especialista em Nutrição Clínica pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e nutricionista do Hospital Regional da Unimed Fortaleza. 2- Mestre em Clínica Médica pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Especialista em Terapia Nutricional pela Sociedade Brasileira de Nutrição Enteral e Parenteral (SBNPE), Especialista em Terapia Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMBI) e coordenador da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional do Hospital Regional Unimed Fortaleza. Correspondência: Henrique Jorge Maia Costa E-mail: hjmcnutrologo@hotmail.com. 213 213-218-Avaliação da acurácia.indd 213 12/7/10 12:22:29 PM
  • 15. Avaliação da acurácia da ferramenta de gerenciamento de risco nutricional utilizada no Hospital Regional da Unimed Fortaleza: TIR RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010 - 213-218 monitor more sparingly patients with little probability of innutrition and more frequently those with high risk. A cross-sectional and prospective evaluation was conducted with 50 patients in the Oncology Unit in anticancer treatment, with a Karnofsky index above 70, admitted conse- cutively during the period from July to September 2010. Applied “TIR” and Subjective Global Assessment, both compared with CB and CMB anthropometric measures and plus weight loss. Applied statistical tests to verify the existence of a relationship between methods and the values measured in each sample. Applied Pearson correlation test and linear regression showing a corre- lation between the methods, TIR having greater sensitivity, fewest false negatives viewed. Keywords: malnutrition, hospitals, risk, mass screening. Introdução O Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional trição pode ser decisiva para a sobrevida do paciente. (IBRANUTRI, 2001)(1) revelou que pacientes interna- Dessa forma, a triagem nutricional inicial sinalizaria, dos com diagnóstico de câncer têm frequência quase precocemente, pacientes que poderiam beneficiar-se de três vezes maior de desnutrição aos demais, incluindo o terapia nutricional. Reconhecemos, então, a necessida- câncer como um fator de risco para o desenvolvimento de do serviço de criar uma ferramenta que nos indique inadequado do estado nutricional (ULSENHEIMER, o risco nutricional, empregada em todos os pacientes do SILVA, FORTUNA, 2007)(2). hospital dentro das primeiras 48 horas de internação e A desnutrição calórico-protéica é a mais frequente que ainda fosse aplicada por mais de um tipo de profis- comorbidade no câncer e a caquexia é inerente às sional: médicos, enfermeiros ou nutricionistas. formas disseminadas de quase todas as entidades dessa Para isso, são características necessárias da tal fer- natureza. As enfermidades malignas comprometem ramenta: rápida aplicação, abrangência, observância o estado geral e nutricional através de múltiplas vias, de fatores que modificam a evolução (sendo estes mo- relacionadas a mecanismos ligados à doença ou à dificáveis ou não), e classificatória (tornando, também, própria terapêutica utilizada (GEVAERD et al, 2008) acessível, esta classificação, para que se construam es- (3) . A oferta de nutriente depende do entendimento de tratégias). A esta ferramenta chamaremos TIR (Termo quanto o paciente necessita e de quanto ele consegue de Identificação de Risco), que consiste na aplicação do tolerar e absorver – é imperativo oferecer o mais próximo seguinte questionário: possível do tolerável. 1. Perda de peso, não intencional, nos últimos Em pacientes oncológicos, a desnutrição hospitalar três meses? é uma realidade esperada. Portanto, deveremos estar 2. Redução da ingestão alimentar? preparados para reconhecê-la. Contudo, a própria Se sim: avaliação nutricional torna-se imprecisa quando a a) Por falta de apetite. velocidade de evolução da doença é maior à velocidade b) Problemas digestivos. com que percebemos e reagimos às alterações. c) Dificuldade de deglutição e/ou mastigação. O objetivo do uso de métodos de avaliação do 3. Defina, intuitivamente, sua avaliação do pa- risco nutricional em hospitais é justamente aprimorar a ciente como: percepção de fatores que, em um futuro próximo, irão a) Grave. modificar o desfecho da terapia nutricional. Diferentes b) Moderadamente grave. instrumentos têm sido propostos para avaliar o risco c) Não grave. nutricional. No entanto, o emprego de parte desses 4. Esteve internado nos últimos três meses? instrumentos apresenta limitações, como: (a) falta de 5. Considera que será difícil sua adaptação à ali- validação, (b) uso exclusivo de critérios subjetivos, (c) mentação hospitalar? inclusão de pacientes selecionados, (d) pouca praticidade 6. Alterações do nível de consciência ou compor- e (e) necessidade de avaliação por nutricionista. tamental que dificultem a alimentação? A detecção precoce do risco nutricional e da desnu- 7. Não é capaz de alimentar-se sozinho. 214 213-218-Avaliação da acurácia.indd 214 12/7/10 12:22:29 PM
  • 16. Nogueira RDC et al. RSBC - ANO XII - No 44 - 4o TRIMESTRE - 2010 - 213-218 Este trabalho teve com objetivo avaliar a acurácia da co Nutricional (TIR), ferramenta adotada pela Equipe utilização do TIR no Hospital Regional da Unimed de Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN) do Fortaleza, sendo ferramenta de alta sensibilidade, ainda hospital, tratando-se de um formulário específico cuja que com menor especificidade, para que possamos acei- classificação foi avaliada através do risco de desnutri- tar o risco de ver mais espaçadamente os pacientes com ção hospitalar como baixo quando um ou nenhum item pouca probabilidade de desnutrição e mais frequente- foram detectado, médio para dois ou três itens e alto mente os pacientes com alto risco de desnutrição. quando foram detectados mais de três itens. Sendo de O presente estudo foi realizado de forma quantita- fácil aplicação, boa concordância entre diferentes pro- tiva, constituindo-se uma avaliação transversal e pros- fissionais da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutri- pectiva, realizada com pacientes internados na Unidade cional, rápida aprendizagem e preenchimento (EDING- de Oncologia e Hematologia do Hospital Regional da TON, J. et al, 2000 (9); STRATTON, R. J. et al, 2004(10); Unimed Fortaleza, Ceará, após aprovação pelo Comitê GUIGOZ et al, 1994(11) e 1996) (12). de Ética da Universidade Estadual do Ceará (UECE) (Nº Processo 10031184-9, FR: 332599). Foram elegíveis Embasamento científico e uso da ferramenta 50 pacientes, maiores de 19 anos de idade, de ambos O TIR foi baseado em quatro outras ferramentas: os sexos, em tratamento antineoplásico (cirúrgico ou Malnutrition Screening Tool (MST), Nutrition Risk Score sistêmico), com Índice de Karnofsky maior a 70, com (MRS), Malnutrition Universal Screening Tool (MUST) e diagnóstico clínico de neoplasia e internados consecu- Mini Nutritional Assessment (MNA). Ele é composto por tivamente no período de julho a setembro de 2010. Os sete perguntas que buscam indícios de perda de peso, dados foram coletados incluindo perfil social e clínico, de sintomas digestivos, de quadros neurológicos ou sexo, idade, tipos de neoplasias, avaliação nutricional comportamentais, de situação que tornem mais difícil subjetiva e objetiva, estilo de vida e doenças associadas. a alimentação ou de tratamento doença crônica. Para a realização dos dados antropométricos, foram Deixando um “espaço” para a avaliação intuitiva do coletados dados como peso atual (PA) (kg) e peso habitual profissional avaliador, para que sua percepção possa se (PH) (kg), para a determinação da variação e percentual expressar na ferramenta e que tenha um peso. de perda de peso classificada como perda significativa de Para que se possa entender a origem das perguntas peso e perda de peso grave (BLACBURN&BISTRIAN, utilizadas no TIR, analisaremos pergunta por pergunta 1997)(4). Foi aferida altura (m) para determinação do destacando sua origem: 1. Perda de peso, não intencio- Índice de Massa Corporal – IMC (kgm²), com o qual nal, nos últimos três meses? (MST), (NRS), (MUST), os pacientes foram classificados como desnutridos, com (MNA); 2. Redução da ingestão alimentar? Se sim: a) excesso de peso ou eutróficos (OMS, 1997)(5). Por falta de apetite, b) Problemas digestivos, c) Dificul- Para a dobra cutânea triciptal (DCT), os pacientes dade de deglutição e/ou mastigação. (MST), (NRS), foram classificados como desnutridos, eutróficos ou com (MNA);  3. Defina, intuitivamente, sua avaliação do pa- sobrepeso (DUARTE, 2007)(6). Já para a circunferência ciente como: a) Grave, b) moderadamente grave, c) não do braço (CB), os resultados foram elencados também grave (NRS); 4. Esteve internado nos últimos três meses? como desnutridos, eutróficos ou com sobrepeso, (MNA); 5. Considera que será difícil sua adaptação à seguindo NHANES I (National Health and Nutrition alimentação hospitalar? Guia para completar a (MNA); Examination Survey), e a circunferência muscular do 6. Alterações do nível de consciência ou comportamen- braço (CMB), avaliando resultado de desnutridos e tal que dificulte a alimentação? (MNA); e 7. Não é capaz eutróficos, seguindo parâmetros descritos por Blacburn de alimentar-se sozinho. (MST), (NRS), (MNA). e Thornton (1979)(7). Essa ferramenta, aplicada pela primeira vez no Hos- A avaliação nutricional subjetiva foi realizada uti- pital Regional da Unimed de Fortaleza (HRU), já vem lizando-se duas ferramentas: 1) A Avaliação Subjetiva sendo utilizada há três anos. Hoje, o TIR faz parte do Global (ASG), que foi aplicada até 48 horas após inter- Plano de Admissão Multidisciplinar do hospital – por- nação do paciente e cujos resultados foram analisados tanto, aplicada a todos os pacientes. através do somatório total de pontos e categorizados Quando o TIR anuncia risco moderado ou grave, a como bem nutrido (resultados < 17 pontos), modera- ASG é aplicada, gerando um plano de acompanhamento. damente desnutrido (resultados entre 17 e 22 pontos) e A equipe percebeu que alguns pacientes com TIR gravemente desnutrido (resultados > 22 pontos) (WAIT- moderado ou grave recebiam diagnóstico de eutrofia ZBERG, 2009)(8); e 2) O Termo de Identificação de Ris- pela ASG, porém, com a evolução, deparava-se com 215 213-218-Avaliação da acurácia.indd 215 12/7/10 12:22:29 PM