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CRÔNICAS NO SARESP Profª. Adriana Carrion
TEXTO 1- RECADO AO SENHOR 903
Vizinho,
Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que
me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento.
Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente
reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O
regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a
Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar
no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir
quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos
reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003,
me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo
1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números são
comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e
funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da
maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em
diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão;
ao meu número) será convidado a se retirar às 21:45, e explicarei: o 903 precisa repousar das
22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua,
onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela
só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita,
ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.
Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem
batesse à porta do outro e dissesse: "Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua
casa. Aqui estou". E o outro respondesse: "Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe de meu
vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é
bela".
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho
entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas
árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.
BRAGA, Rubem. Recado ao senhor 903. In: Para gostar de ler. Crônicas. 12 ed. São Paulo:
Ática, 1989. v. 1. p. 74-75.
01. Ao receber a reclamação do vizinho, o morador do 1003
(A) alega que a Lei e a Polícia estão a favor do vizinho.
(B) critica o fato de o vizinho ter reclamado do barulho.
(C) fica desolado e reconhece que o vizinho tem razão.
(D) ignora a visita do zelador que lhe mostrava a carta.
02. Ao mencionar a possibilidade de “sonhar com outra vida e outro mundo” o narrador
imagina um mundo em que todos
(A) acordassem sempre às três horas da manhã.
(B) ignorassem que a vida é curta e a lua é bela.
(C) pudessem viver dançando, cantando e bebendo.
(D) vivessem felizes e solidários com os semelhantes.
03. No texto, a identificação dos moradores por meio de números sugere
(A) a relação impessoal entre vizinhos.
(B) a amizade entre vizinhos do prédio.
(C) a solidariedade entre as pessoas.
(D) a hostilidade entre os homens.
04. Pode-se afirmar que este texto é uma crônica porque
(A) objetiva esclarecer e orientar as pessoas.
(B) procura colher informações sobre os vizinhos.
(C) trata de forma pessoal e bem humorada um fato cotidiano.
(D) visa a convencer o leitor a mudar o seu comportamento.
05. A ideia em torno da qual o texto se organiza é a
(A) amizade existente entre os moradores.
(B) relação conflituosa entre vizinhos de prédios.
(C) responsabilidade do zelador pelo silêncio.
(D) importância dos regulamentos dos edifícios.
TEXTO 2- Cascas de barbatimão
Eu ia para Araxá, isto foi em 1936, ia fazer uma reportagem para um jornal de Belo
Horizonte.
O trem parou numa estação, ficou parado muito tempo, ninguém sabia por quê.
Saltei para andar um pouco lá fora. Fazia um mormaço chato. Vi uma porção de cascas de
árvores. Perguntei o que era aquilo, e me responderam que eram cascas de barbatimão que
estavam ali para secar. Voltei para meu assento no trem e ainda esperei parado algum tempo.
A certa altura peguei um lápis e escrevi no meu caderno: “Cascas de barbatimão secando ao
sol.”
Perguntei a algumas pessoas para que serviam aquelas cascas. Umas não sabiam; outras
disseram que era para curtir couro, e ainda outras explicaram que elas davam uma tinta
avermelhada muito boa.
Como repórter, sempre tomei notas rápidas, mas nunca formulei uma frase assim para abrir a
matéria - “cascas de barbatimão secando ao sol.” Não me lembro nunca de ter aproveitado
esta frase. Ela não tem nada de especial, não é de Euclides da Cunha, meu Deus, nem de
Machado de
Assis; podia ser mais facilmente do primeiro Afonso Arinos, aquele do buriti. Ela me surgiu
ali, naquela estaçãozinha da Oeste de Minas, não sei se era Divinópolis ou Formiga.
Um dia, quando eu for chamado a dar testemunho sobre a minha jornada na face da terra,
que poderei afirmar sobre os homens e as coisas do meu tempo? Talvez me ocorra apenas
isto, no meio de tantas fatigadas lembranças: “cascas de barbatimão secando ao sol.”
(Rubem Braga. Recado de primavera. Rio de Janeiro: Record, 7.ed, 1998, p.175)
1. Considere os três primeiros parágrafos do texto. É correto afirmar que o elemento que
desencadeia o desenvolvimento da história está
(A) na necessidade de esclarecer os leitores de um jornal, com informações exatas a
respeito de um fato qualquer.
(B) na parada do trem por um tempo além do previsto, numa das estações do percurso
feito regularmente.
(C) no desconhecimento dos demais viajantes sobre as propriedades oferecidas pelas
cascas de certas árvores.
(D) na falta de informações precisas dos responsáveis, a respeito de problemas ocorridos
durante uma viagem.
2. A continuidade do texto se baseia
(A) nas diferentes opiniões emitidas por algumas pessoas a respeito da utilidade das cascas
de barbatimão.
(B) na alternância entre a 1ª pessoa verbal, para marcar a visão pessoal do autor e a 3ª
pessoa, como um narrador de fora dos acontecimentos.
(C) na seqüência de presente, passado e futuro, respectivamente, marcada pelos tempos
verbais, que garante o desenvolvimento cronológico do assunto.
(D) no uso da frase entre aspas, sempre repetida, que une a narrativa da viagem a uma
reflexão pessoal, na segunda
parte do texto.
3. O hábito de tomar notas rápidas, como afirma o cronista, se deve à circunstância de
(A) viajar constantemente, por lugares que desconhecia.
(B) estar sujeito a contratempos, em suas viagens.
(C) ser ele um repórter, atento a fatos interessantes.
(D) dar testemunho dos fatos ocorridos em sua vida.
4. "Cascas de barbatimão secando ao sol."
Em relação à frase acima, está correto o que se afirma:
(A) No final do texto, o cronista atribui a ela um sentido figurado, relacionando-a ao sentido
da vida, diferente do sentido com que aparece no final do 1º parágrafo.
(B) A frase está empregada sempre em seu sentido próprio, como cascas de um tipo de
árvore, todas as vezes em que surge no contexto.
(C) A frase apresenta sentido figurado, sempre que é repetida no contexto, simbolizando as
dificuldades da vida.
(D) O cronista não consegue atribuir sentido à frase, por ignorar a utilidade das cascas de
barbatimão.
5. A intenção do autor, insistindo no uso das aspas, em uma das frases do texto, é:
(A) repetir informações obtidas em outros autores.
(B) valorizar o conhecimento popular a respeito de uma árvore.
(C) assinalar o caráter singular da frase.
(D) realçar a pouca importância do seu sentido no contexto.
6. A citação de autores consagrados em nossa literatura permite afirmar que o cronista
(A) avalia com ironia a si mesmo e aquilo que escreve, como se sua obra não tivesse valor
literário.
(B) cria uma situação de humor involuntário, atribuindo algo sem importância a Machado
de Assis.
(C) sabe, com desprezo, que não consegue escrever uma obra longa e de vulto, como o
fezEuclides da Cunha.
(D) se considera também um importante defensor da cultura brasileira, respeitando os
costumes populares.
TEXTO 3- O SINO E O SONO
Pareceu-me ouvir um sino bater: consultei o relógio. Uma hora da madrugada!
Para quem quer sair do hotel, aí pelas sete horas, é preciso aproveitar o tempo e
dormir bem.
(Eu tenho uma amiga que sempre verifica de que são feitos os colchões dos
hotéis. Penso nisto porque este não me parece muito cômodo.)
A noite me infunde um sentimento de infinita humildade: entre as outras
orações, cada um de nós podia dizer ainda: “Deus, recebe-me em Teus braços,
toma conta de mim, sou, na Tua vontade, como um pássaro caído no mar!” Mas é
curioso: neste quarto de hotel essas palavras e esses sentimentos não produzem
aquele efeito de aconchego e ternura que parecem palpáveis no ambiente da minha
casa! Até as paredes são diferentes em sensibilidade – penso. E fecho os olhos
pensando.
(É verdade que eu não uso travesseiro. Mas seria difícil usar travesseiros
como estes. De que serão feitos? Aquela minha amiga examina os travesseiros,
também.)
O sino torna a bater. Ah! Estamos perto de um relógio que marca todos os
quartos de hora! Meu Deus, como o tempo voa! É preciso dormir antes que seja
uma hora e meia...
(Mas esta cama acaba logo ali ... Se eu medisse um metro e oitenta, não me
seria possível ocupá-la! Que coisa estranha: no infinito da noite e do sono, este
limite de madeira, ameaçador! Mas uma noite passa depressa, não tem
importância. No entanto, como é difícil descansar assim!)
(Novamente o sino bate: uma hora e meia!)
Recordo vários métodos de conciliar o sono. Deixar o corpo solto como um
vestido abandonado. Ir pensando em coisas cada vez mais distantes: a rua, a
cidade, a estrada, o país, o Mundo, o espaço, a eternidade ...
(Mas o sino bate uma hora e quarenta e cinco minutos!)
Continuo a recordar. Como se dorme mais facilmente? Sobre o lado direito ou
o esquerdo? Ah, onde foi que eu li que é bom pensar nas pontas dos pés, para
desviar a circulação etc. ... etc.? E quem disse que é bom tomar um copo de leite
morno com bolachas, ao deitar, para o sono vir mais depressa?
(O sino bate duas horas.)
Duas horas! Agora dormirei com certeza. Já estou cansada de lutar com o
comprimento da cama, com os pensamentos sobre a arte de dormir ... Fechai-vos,
olhos meus, e esqueçamos tudo ...
(Ah, mas o sino bate duas e um quarto!)
Que idéia, construir-se um hotel em cima de um sino! E este sino onde fica?
Abro a janela para ver. O sino está na minha frente. É um gigantesco relógio, que
me fita com todos os seus números e ponteiros. Belo de ver. Belo de ouvir,
também. Mas...
(E são duas e meia ...)
E não há nada a fazer, o sino vai batendo de quarto em quarto, de hora em
hora, todas as horas da noite ... três, quatro, cinco ...
Talvez Olavo Bilac tenha pousado por aqui, alguma vez, e, desistindo de
dormir, tenha tomado de um papel e começado a escrever:
“No ar sossegado um sino canta,
Um sino canta no ar sombrio ...”
É quase sempre assim: sobre uma adversidade, abre-se a flor da poesia. O
som da poesia. Um sino muito alto, no meio da noite, no meio do sono ...
MEIRELES, Cecília. Escolha o seu sonho. (crônicas). 25 ed. Rio de Janeiro: Record,
2002, p.109 – 111.
01. O texto deixa claro que a narradora pretende dormir e
(A) fica com saudade de seu lar.
(B) busca hospedar-se em um chalé.
(C) incomoda-se com barulhos externos.
(D) hospeda-se próximo à casa da amiga.
02. Os parágrafos se sucedem intercalados por trechos entre parênteses,
recurso pelo qual a narradora
(A) expressa o aborrecimento que lhe causa o sino.
(B) transcreve a fala de outro personagem.
(C) insere comentários paralelos.
(D) desenvolve narrativa central.
03. No período “Que ideia, construir um hotel em cima de um sino!”, o trecho
grifado e o ponto de exclamação ressaltam sentimentos de
(A) perplexidade e discordância.
(B) admiração e júbilo.
(C) conivência e resistência.
D) repúdio e aceitação.
04. O tratamento dado ao tema e o modo como as informações são organizadas
permitem classificar o texto como uma
(A) crônica reflexiva, que avalia criticamente um assunto polêmico ,
apresentando opiniões e argumentos.
(B) crônica narrativa, que recupera condensadamente fatos e impressões
experimentados por um sujeito.
(C) crônica jornalística, que comenta objetivamente um acontecimento
relevante da atualidade.
(D) crônica de viagem, que relata detalhadamente as descobertas de uma
experiência de deslocamento.
5.Pode-se dizer que o que motivou a escrita da crônica foi a
(A) amizade.
(B) humildade.
(C) novidade.
D) oposicão.
.
TEXTO4- Apelo Dalton Trevisan
Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias,
para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa
de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o
prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua
perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou
debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, e até o canário ficou
mudo. Para não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos.
Uma hora da noite eles se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua presença a
todas as aflições do dia, como a última luz na varanda.
E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero na
salada – o meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas
violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na
camisa, calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de nós
sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando.
Venha para casa, Senhora, por favor.
Fonte: TREVISAN, Dalton. Apelo. In: BOSI, Alfredo (Org.). O conto
brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1975..
1. Para não demonstrar que estava sentindo falta da companheira, o
narrador
a) colocava água nas violetas da janela.
b) deixava a luz da varanda acesa.
c) permitia jornais se acumularem no chão.
d) saía para beber com os amigos.
e) Ficava na conversa de esquina.
2. Expressões como “leite coalhou”, “corredor deserto”, “canário mudo”
foram usadas para simbolizar o modo pelo qual
a) o narrador era sempre descuidado com a casa.
b) a ausência da mulher se tornou insuportável.
c) o narrador ignorava a ausência da mulher.
d) os objetos e animais sentiam a falta da mulher.
e) o narrador não gostava de solidão.
3. Pela ordem, com o decorrer dos dias, o narrador experimentou os
seguintes sentimentos:
a) alegria, solidão, prazer
b) alívio, desespero, indiferença.
c) prazer, indiferença, alívio.
d) tristeza, desânimo, saudade.
e) satisfação, saudade, angústia
04-Observando atentamente o modo de construção do enunciado, é
possível pressupor que o conflito da narrativa, da ótica do personagem, é
motivado pelo fato de este
A) sentir-se incapaz para realizar as tarefas domésticas.
B) ter sido abandonado pela companheira.
C) entristecer-se pelo fato de seu canário ter ficado mudo.
D) ter perdido os amigos

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  • 1. CRÔNICAS NO SARESP Profª. Adriana Carrion TEXTO 1- RECADO AO SENHOR 903 Vizinho, Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão; ao meu número) será convidado a se retirar às 21:45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio. Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: "Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou". E o outro respondesse: "Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela". E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz. BRAGA, Rubem. Recado ao senhor 903. In: Para gostar de ler. Crônicas. 12 ed. São Paulo: Ática, 1989. v. 1. p. 74-75. 01. Ao receber a reclamação do vizinho, o morador do 1003 (A) alega que a Lei e a Polícia estão a favor do vizinho. (B) critica o fato de o vizinho ter reclamado do barulho. (C) fica desolado e reconhece que o vizinho tem razão. (D) ignora a visita do zelador que lhe mostrava a carta.
  • 2. 02. Ao mencionar a possibilidade de “sonhar com outra vida e outro mundo” o narrador imagina um mundo em que todos (A) acordassem sempre às três horas da manhã. (B) ignorassem que a vida é curta e a lua é bela. (C) pudessem viver dançando, cantando e bebendo. (D) vivessem felizes e solidários com os semelhantes. 03. No texto, a identificação dos moradores por meio de números sugere (A) a relação impessoal entre vizinhos. (B) a amizade entre vizinhos do prédio. (C) a solidariedade entre as pessoas. (D) a hostilidade entre os homens. 04. Pode-se afirmar que este texto é uma crônica porque (A) objetiva esclarecer e orientar as pessoas. (B) procura colher informações sobre os vizinhos. (C) trata de forma pessoal e bem humorada um fato cotidiano. (D) visa a convencer o leitor a mudar o seu comportamento. 05. A ideia em torno da qual o texto se organiza é a (A) amizade existente entre os moradores. (B) relação conflituosa entre vizinhos de prédios. (C) responsabilidade do zelador pelo silêncio. (D) importância dos regulamentos dos edifícios. TEXTO 2- Cascas de barbatimão Eu ia para Araxá, isto foi em 1936, ia fazer uma reportagem para um jornal de Belo Horizonte. O trem parou numa estação, ficou parado muito tempo, ninguém sabia por quê. Saltei para andar um pouco lá fora. Fazia um mormaço chato. Vi uma porção de cascas de árvores. Perguntei o que era aquilo, e me responderam que eram cascas de barbatimão que estavam ali para secar. Voltei para meu assento no trem e ainda esperei parado algum tempo. A certa altura peguei um lápis e escrevi no meu caderno: “Cascas de barbatimão secando ao sol.” Perguntei a algumas pessoas para que serviam aquelas cascas. Umas não sabiam; outras disseram que era para curtir couro, e ainda outras explicaram que elas davam uma tinta avermelhada muito boa. Como repórter, sempre tomei notas rápidas, mas nunca formulei uma frase assim para abrir a matéria - “cascas de barbatimão secando ao sol.” Não me lembro nunca de ter aproveitado esta frase. Ela não tem nada de especial, não é de Euclides da Cunha, meu Deus, nem de Machado de
  • 3. Assis; podia ser mais facilmente do primeiro Afonso Arinos, aquele do buriti. Ela me surgiu ali, naquela estaçãozinha da Oeste de Minas, não sei se era Divinópolis ou Formiga. Um dia, quando eu for chamado a dar testemunho sobre a minha jornada na face da terra, que poderei afirmar sobre os homens e as coisas do meu tempo? Talvez me ocorra apenas isto, no meio de tantas fatigadas lembranças: “cascas de barbatimão secando ao sol.” (Rubem Braga. Recado de primavera. Rio de Janeiro: Record, 7.ed, 1998, p.175) 1. Considere os três primeiros parágrafos do texto. É correto afirmar que o elemento que desencadeia o desenvolvimento da história está (A) na necessidade de esclarecer os leitores de um jornal, com informações exatas a respeito de um fato qualquer. (B) na parada do trem por um tempo além do previsto, numa das estações do percurso feito regularmente. (C) no desconhecimento dos demais viajantes sobre as propriedades oferecidas pelas cascas de certas árvores. (D) na falta de informações precisas dos responsáveis, a respeito de problemas ocorridos durante uma viagem. 2. A continuidade do texto se baseia (A) nas diferentes opiniões emitidas por algumas pessoas a respeito da utilidade das cascas de barbatimão. (B) na alternância entre a 1ª pessoa verbal, para marcar a visão pessoal do autor e a 3ª pessoa, como um narrador de fora dos acontecimentos. (C) na seqüência de presente, passado e futuro, respectivamente, marcada pelos tempos verbais, que garante o desenvolvimento cronológico do assunto. (D) no uso da frase entre aspas, sempre repetida, que une a narrativa da viagem a uma reflexão pessoal, na segunda parte do texto. 3. O hábito de tomar notas rápidas, como afirma o cronista, se deve à circunstância de (A) viajar constantemente, por lugares que desconhecia. (B) estar sujeito a contratempos, em suas viagens. (C) ser ele um repórter, atento a fatos interessantes. (D) dar testemunho dos fatos ocorridos em sua vida. 4. "Cascas de barbatimão secando ao sol." Em relação à frase acima, está correto o que se afirma: (A) No final do texto, o cronista atribui a ela um sentido figurado, relacionando-a ao sentido da vida, diferente do sentido com que aparece no final do 1º parágrafo. (B) A frase está empregada sempre em seu sentido próprio, como cascas de um tipo de árvore, todas as vezes em que surge no contexto. (C) A frase apresenta sentido figurado, sempre que é repetida no contexto, simbolizando as dificuldades da vida.
  • 4. (D) O cronista não consegue atribuir sentido à frase, por ignorar a utilidade das cascas de barbatimão. 5. A intenção do autor, insistindo no uso das aspas, em uma das frases do texto, é: (A) repetir informações obtidas em outros autores. (B) valorizar o conhecimento popular a respeito de uma árvore. (C) assinalar o caráter singular da frase. (D) realçar a pouca importância do seu sentido no contexto. 6. A citação de autores consagrados em nossa literatura permite afirmar que o cronista (A) avalia com ironia a si mesmo e aquilo que escreve, como se sua obra não tivesse valor literário. (B) cria uma situação de humor involuntário, atribuindo algo sem importância a Machado de Assis. (C) sabe, com desprezo, que não consegue escrever uma obra longa e de vulto, como o fezEuclides da Cunha. (D) se considera também um importante defensor da cultura brasileira, respeitando os costumes populares. TEXTO 3- O SINO E O SONO Pareceu-me ouvir um sino bater: consultei o relógio. Uma hora da madrugada! Para quem quer sair do hotel, aí pelas sete horas, é preciso aproveitar o tempo e dormir bem. (Eu tenho uma amiga que sempre verifica de que são feitos os colchões dos hotéis. Penso nisto porque este não me parece muito cômodo.) A noite me infunde um sentimento de infinita humildade: entre as outras orações, cada um de nós podia dizer ainda: “Deus, recebe-me em Teus braços, toma conta de mim, sou, na Tua vontade, como um pássaro caído no mar!” Mas é curioso: neste quarto de hotel essas palavras e esses sentimentos não produzem aquele efeito de aconchego e ternura que parecem palpáveis no ambiente da minha casa! Até as paredes são diferentes em sensibilidade – penso. E fecho os olhos pensando. (É verdade que eu não uso travesseiro. Mas seria difícil usar travesseiros como estes. De que serão feitos? Aquela minha amiga examina os travesseiros, também.) O sino torna a bater. Ah! Estamos perto de um relógio que marca todos os quartos de hora! Meu Deus, como o tempo voa! É preciso dormir antes que seja uma hora e meia... (Mas esta cama acaba logo ali ... Se eu medisse um metro e oitenta, não me seria possível ocupá-la! Que coisa estranha: no infinito da noite e do sono, este limite de madeira, ameaçador! Mas uma noite passa depressa, não tem importância. No entanto, como é difícil descansar assim!) (Novamente o sino bate: uma hora e meia!)
  • 5. Recordo vários métodos de conciliar o sono. Deixar o corpo solto como um vestido abandonado. Ir pensando em coisas cada vez mais distantes: a rua, a cidade, a estrada, o país, o Mundo, o espaço, a eternidade ... (Mas o sino bate uma hora e quarenta e cinco minutos!) Continuo a recordar. Como se dorme mais facilmente? Sobre o lado direito ou o esquerdo? Ah, onde foi que eu li que é bom pensar nas pontas dos pés, para desviar a circulação etc. ... etc.? E quem disse que é bom tomar um copo de leite morno com bolachas, ao deitar, para o sono vir mais depressa? (O sino bate duas horas.) Duas horas! Agora dormirei com certeza. Já estou cansada de lutar com o comprimento da cama, com os pensamentos sobre a arte de dormir ... Fechai-vos, olhos meus, e esqueçamos tudo ... (Ah, mas o sino bate duas e um quarto!) Que idéia, construir-se um hotel em cima de um sino! E este sino onde fica? Abro a janela para ver. O sino está na minha frente. É um gigantesco relógio, que me fita com todos os seus números e ponteiros. Belo de ver. Belo de ouvir, também. Mas... (E são duas e meia ...) E não há nada a fazer, o sino vai batendo de quarto em quarto, de hora em hora, todas as horas da noite ... três, quatro, cinco ... Talvez Olavo Bilac tenha pousado por aqui, alguma vez, e, desistindo de dormir, tenha tomado de um papel e começado a escrever: “No ar sossegado um sino canta, Um sino canta no ar sombrio ...” É quase sempre assim: sobre uma adversidade, abre-se a flor da poesia. O som da poesia. Um sino muito alto, no meio da noite, no meio do sono ... MEIRELES, Cecília. Escolha o seu sonho. (crônicas). 25 ed. Rio de Janeiro: Record, 2002, p.109 – 111. 01. O texto deixa claro que a narradora pretende dormir e (A) fica com saudade de seu lar. (B) busca hospedar-se em um chalé. (C) incomoda-se com barulhos externos. (D) hospeda-se próximo à casa da amiga. 02. Os parágrafos se sucedem intercalados por trechos entre parênteses, recurso pelo qual a narradora (A) expressa o aborrecimento que lhe causa o sino. (B) transcreve a fala de outro personagem. (C) insere comentários paralelos. (D) desenvolve narrativa central. 03. No período “Que ideia, construir um hotel em cima de um sino!”, o trecho grifado e o ponto de exclamação ressaltam sentimentos de (A) perplexidade e discordância. (B) admiração e júbilo. (C) conivência e resistência. D) repúdio e aceitação.
  • 6. 04. O tratamento dado ao tema e o modo como as informações são organizadas permitem classificar o texto como uma (A) crônica reflexiva, que avalia criticamente um assunto polêmico , apresentando opiniões e argumentos. (B) crônica narrativa, que recupera condensadamente fatos e impressões experimentados por um sujeito. (C) crônica jornalística, que comenta objetivamente um acontecimento relevante da atualidade. (D) crônica de viagem, que relata detalhadamente as descobertas de uma experiência de deslocamento. 5.Pode-se dizer que o que motivou a escrita da crônica foi a (A) amizade. (B) humildade. (C) novidade. D) oposicão.
  • 7. . TEXTO4- Apelo Dalton Trevisan Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho. Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua presença a todas as aflições do dia, como a última luz na varanda. E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero na salada – o meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa, calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor. Fonte: TREVISAN, Dalton. Apelo. In: BOSI, Alfredo (Org.). O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1975.. 1. Para não demonstrar que estava sentindo falta da companheira, o narrador a) colocava água nas violetas da janela. b) deixava a luz da varanda acesa. c) permitia jornais se acumularem no chão. d) saía para beber com os amigos. e) Ficava na conversa de esquina. 2. Expressões como “leite coalhou”, “corredor deserto”, “canário mudo” foram usadas para simbolizar o modo pelo qual a) o narrador era sempre descuidado com a casa. b) a ausência da mulher se tornou insuportável. c) o narrador ignorava a ausência da mulher. d) os objetos e animais sentiam a falta da mulher. e) o narrador não gostava de solidão. 3. Pela ordem, com o decorrer dos dias, o narrador experimentou os seguintes sentimentos: a) alegria, solidão, prazer b) alívio, desespero, indiferença.
  • 8. c) prazer, indiferença, alívio. d) tristeza, desânimo, saudade. e) satisfação, saudade, angústia 04-Observando atentamente o modo de construção do enunciado, é possível pressupor que o conflito da narrativa, da ótica do personagem, é motivado pelo fato de este A) sentir-se incapaz para realizar as tarefas domésticas. B) ter sido abandonado pela companheira. C) entristecer-se pelo fato de seu canário ter ficado mudo. D) ter perdido os amigos