1. Lição nº 1 do Curso de Catecúmenos – Igreja Presbiteriana em Erechim 1
Pr. Mauro Filgueiras Filho – revisão em 24/03/2013
A Revelação de Deus
Introdução
Na aula de hoje aprenderemos sobre as duas principais maneiras que Deus
se deu a conhecer. Revelação significa “tirar o véu”, isto é, fazer conhecido o que
estava oculto. Deus se revelou. Disso nós perguntamos: Como Deus se revela? O
que nos ensina a revelação de Deus? Qual é o papel da revelação de Deus? E qual
a revelação que pode nos trazer salvação? Com estas questões em mente
buscaremos aprender, na Bíblia, as respostas.
1. A Revelação Geral de Deus
Chamamos de Revelação Geral aquela revelação de Deus na obra da sua
criação. Toda a criação carrega a marca do seu Criador. É impossível abrir os olhos
e não enxergar uma polegada que seja que não carregue o “carimbo” de Deus. Por
isso disse Davi: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia
as obras das suas mãos.” (Sl 19.1) e Asafe: “Os céus anunciam a sua justiça,
porque é o próprio Deus que julga.” (Sl 50.6). Por causa dessa revelação, o
homem é indesculpável diante de Deus (Rm 1.18-32), visto que Deus faz uso da sua
criação para dar testemunho de si mesmo (At 14.17)
Mesmo com a evidência da existência de Deus no mundo, há os que a
negam, como os ateus. Negam a verdade, mesmo estando ela estampada diante
dos seus olhos; pelo que disse Davi: “Diz o insensato no seu coração: Não há
Deus. Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem.” (Sl
14.1).
1.1. Criação ou Natureza?
Natureza é aquilo que possui fonte de existência em si mesma. É a força ativa
que tem poder de se estabelecer por si mesma. Sob a perspectiva bíblica não existe
natureza, mas criação, porque a natureza não vive por si mesma e nem é
independente. Por esta razão não concordamos com o conceito “Mãe Natureza”,
porque a natureza só tem razão de ser e de existir porque Deus a criou e a sustém
(Sl 104.27-29).
1.2. O Louvor da Criação
A criação louva o nome de Deus quando ela desempenha o papel para o qual
ela foi criada. O pássaro louva a Deus porque ele desempenha a função que Deus
lhe deu para cumprir (Sl 84.3; Mt 6.26). O processo da fotossíntese louva a Deus
porque ela libera oxigênio para a respiração, dando oportunidade de vida a toda
criação. Ela também cumpre a função para a qual foi criada. O céu, o mar, a terra e
tudo o que neles há louvam a Deus porque estão onde Deus quer que estejam e
fazem o que Deus quer que façam; estão na ordem da criação de Deus (ver Gn 1.1-
25; Sl 93.1; 150.1ss; Am 5.8).
2. Lição nº 1 do Curso de Catecúmenos – Igreja Presbiteriana em Erechim 2
Pr. Mauro Filgueiras Filho – revisão em 24/03/2013
1.3. O propósito da criação
A criação de Deus é maravilhosa, mas não é suficiente para nos ensinar tudo
o que precisamos saber, visto não ser este o seu propósito. A criação não ensina
sobre a vontade de Deus, porque ela não foi feita para isso, mas para testemunhar
do seu Criador. A criação testemunha a existência de Deus (Dt 4.26; Is 1.2). Ela
também é serva de Deus como revelação de sua providência e cuidado (Gn 2.5-6;
Mt 6.11, 25-29).
No que se refere à revelação salvífica, a criação é limitada porque ela não
pode ensinar todas as verdades concernentes a Deus: sua vontade, seu caráter, sua
lei, seu evangelho, etc. A criação também não ensina sobre o homem, o que ele é e
o que ele deve fazer para agradar a Deus. Por isso, a criação deve ser respeitada de
acordo com o propósito que ela foi criada, que é testemunhar a Deus, seu Criador.
Nesse sentido, a resposta do Catecismo Maior, nº 2 é: “A própria luz da natureza no
homem, e as obras de Deus, claramente testificam que existe um Deus; porém, só a
sua Palavra e o seu Espírito o revelam de um modo suficiente e eficaz, aos homens,
para a sua salvação”.
2. Revelação Especial de Deus
Chamamos de Revelação Especial a revelação de Deus por meio da sua
Palavra. Como disse Bruce Milne “A revelação especial demonstra as maneiras
como Deus se faz conhecido com uma clareza e plenitude que superam em muito a
revelação geral”.1 Também na Confissão de Fé de Heidelberg, no art. 2: “Deus se
faz conhecer, ainda mais clara e plenamente, por sua sagrada e divina Palavra, isto
é, tanto quanto nos é necessário nesta vida, para sua glória e para a salvação dos
que lhe pertencem”.
Por isso diz a Confissão de Fé de Westminster, capítulo 1, seção 1:
“Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência
manifestam de tal modo a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os
homens ficam inescusáveis, todavia não são suficientes para dar aquele
conhecimento de Deus e de sua vontade, necessário à salvação; por isso foi
o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e
declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação
e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da
Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi
igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna a Escritura Sagrada
indispensável, tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua
vontade ao seu povo.”
Crendo na Bíblia como revelação de Deus, ela torna-se a única regra de fé e
conduta para o cristão. Conforme encontramos na Confissão de Heidelberg, no art.5:
“Recebemos todos esses livros (os 66 livros da Bíblia), como sagrados e canônicos,
para regular, fundamentar e confirmar nossa fé”.
1
Bruce Milne, Conheça a Verdade, São Paulo, editora ABU, 1982, pp. 24-25.
3. Lição nº 1 do Curso de Catecúmenos – Igreja Presbiteriana em Erechim 3
Pr. Mauro Filgueiras Filho – revisão em 24/03/2013
2.1. Classificação dos Livros
A Bíblia possui 66 livros; 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento.
Deus é tão criativo, que ele se revelou de várias maneiras em sua Palavra. O Antigo
Testamento foi escrito em hebraico e aramaico, a língua dos judeus; e o Novo
Testamento foi escrito na língua grega. Os livros estão classificados da seguinte
maneira:
No Antigo Testamento:
5 Livros da Instrução Nº de capítulos Abreviatura
(Pentateuco)
Gênesis 50 Gn
Êxodo 40 Êx
Levítico 27 Lv
Números 36 Nm
Deuteronômio 34 Dt
12 Livros Históricos
Josué 24 Js
Juízes 21 Jz
Rute 4 Rt
1 Samuel 31 1 Sm
2 Samuel 24 2 Sm
1 Reis 22 1 Rs
2 Reis 25 2 Rs
1 Crônicas 29 1 Cr
2 Crônicas 36 2 Cr
Esdras 10 Ed
Neemias 13 Ne
Ester 10 Et
5 Livros Poéticos
Jó 42 Jó
Salmos 150 (não é capítulo, cada Salmo Sl
é individual).
Provérbios 31 Pv
Eclesiastes 12 Ec
Cantares 8 Ct
5 Profetas Maiores
Isaías 66 Is
Jeremias 52 Jr
Lamentações de Jeremias 5 Lm
Ezequiel 48 Ez
Daniel 12 Dn
12 Profetas Menores
Oséias 14 Os
Joel 3 Jl
Amós 9 Am
Obadias 1 Ob
Jonas 4 Jn
Miquéias 7 Mq
Naum 3 Na
Habacuque 3 Hc
Sofonias 3 Sf
Ageu 2 Ag
Zacarias 14 Zc
Malaquias 4 Ml
No Novo Testamento:
4. Lição nº 1 do Curso de Catecúmenos – Igreja Presbiteriana em Erechim 4
Pr. Mauro Filgueiras Filho – revisão em 24/03/2013
4 Evangelhos Nº de capítulos Abreviatura
Mateus 28 Mt
Marcos 16 Mc
Lucas 24 Lc
João 21 Jo
1 Livro Histórico
Atos dos Apóstolos 28 At
13 Cartas de Paulo
Romanos 16 Rm
1 Coríntios 16 1 Co
2 Coríntios 13 2 Co
Gálatas 6 Gl
Efésios 6 Ef
Filipenses 4 Fp
Colossenses 4 Cl
1 Tessalonicenses 5 1 Ts
2 Tessalonicenses 3 2 Ts
1 Timóteo 6 1 Tm
2 Timóteo 4 2 Tm
Tito 3 Tt
Filemom 1 Fm
1 Carta de Autor Desconhecido
Hebreus 13 Hb
7 Cartas Gerais
Tiago 5 Tg
1 Pedro 5 1 Pe
2 Pedro 3 2 Pe
1 João 5 1 Jo
2 João 1 2 Jo
3 João 1 3 Jo
Judas 1 Jd
1 Livro Profético
Apocalipse 22 Ap
2.2. Escritores e tempo
É difícil dizer quantos escritores há na Bíblia, mas podemos dizer que há
aproximadamente 36 autores diferentes, que escreveram durante 16 séculos. A
dificuldade está em saber quais são os autores de alguns livros, como por exemplo,
os livros de Samuel, de Reis e de Crônicas, que pode ter tido mais de um autor.
Conclusão
O ensino acerca da Revelação de Deus deve nos colocar em profunda
reflexão e adoração ao seu santo e bendito nome (Êx 20.7). Por isso, adoremos e
exaltemos a Deus, dando o devido valor à sua criação e adorando a Deus por toda
maravilha revelada; e apliquemos o nosso tempo, a nossa mente e o nosso coração
para o estudo da sua Palavra, pois somente assim podemos conhecê-lo como ele é,
para dar-lhe o devido louvor. Lembremo-nos das palavras dos salmos: “Antes o seu
prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite.” (Sl 1.2). E
também: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” (Sl 119.97).