2. A educação a distância se caracteriza como uma modalidade
de educação que promove situações de aprendizagem em
que professores e estudantes não compartilham os mesmos
espaços e tempos curriculares, comuns nas situações de
aprendizagem presencial.
Para tanto, é necessária a utilização de uma multiplicidade
de recursos tecnológicos que ajam como interfaces
mediadoras na relaçãoprofessor/estudante/conhecimento.
3. Educação a distância (EAD) pode ser entendida como
o conjunto de métodos instrucionais nos quais as ações
do professor são executadas a partir das ações dos
alunos, incluindo aquelas situações continuadas que
podem ser feitas além do presencial e cuja comunicação
é facilitada por meios impressos, eletrônicos, mecânicos
e outros, beneficiando-se do planejamento, direção e
instrução da organização do ensino.
(MOORE, 1983)
4. Elementos centrais para caracterizar a EAD):
separação física entre professor e aluno, que a distingue do ensino
presencial
influência da organização educacional (planejamento,
sistematização, plano, projeto e organização dirigida aos interesses do
aluno)
utilização de meios técnicos de comunicação
previsão de uma comunicação de mão dupla, interacional
possibilidade de encontros ocasionais com propósitos didáticos de
socialização
(KEEGAN,1991)
5. Gerações da EAD Tecnologias utilizadas
Primeira geração – 1850 a 1960 Começa via papel impresso e, anos mais
tarde, ganha a participação do rádio e da TV
Característica: uma tecnologia predominante
Segunda geração – 1960 a 1985 Fitas de áudio, TV, fitas de vídeo, fax e papel
impresso.
Características: múltiplas tecnologias, sem
computadores
Terceira geração – 1985 a 1995 Correio eletrônico, papel impresso, sessões
de chat, mediante uso de computadores,
Internet, cd, videoconferência e fax.
Características: múltiplas tecnologias,
incluindo computadores e redes de
computadores
6. Gerações de EAD Tecnologias utilizadas
Quarta geração – 1995 a 2005 Correio eletrônico, chat, computador,
Internet, transmissões em banda larga,
interação por vídeo e ao vivo,
videoconferência, fax, papel impresso
Características: múltiplas tecnologias
incluindo o começo das tecnologias
computacionais de banda larga
Quinta geração Identificada por James C. Taylor como
sendo a reunião de tudo o que a quarta
geração oferece mais a comunicação via
computadores com sistema de respostas
automatizadas, além de acesso via portal a
processos institucionais. Enquanto a quarta
geração é determinada pela aprendizagem
flexível, a quinta é determinada por
aprendizagem flexível inteligente.
7. A educação online é “o conjunto de ações de ensino-
aprendizagem desenvolvidas por meio de meios telemáticos,
como a internet, a videoconferência e a teleconferência”
(MORAN, 2003, p. 40).
Educação online é o conjunto de ações de ensino e
aprendizagem ou atos de currículo mediados por
interfaces digitais que potencializam práticas
comunicacionais interativas e hipertextuais.
(SANTOS, 2010)
8. A educação online não equivale à educação a
distância. Um curso por correspondência é a distância
e não é online. Por outro lado, não podemos confundir
a educação online só com cursos pela Internet e
somente pela Internet no modo texto.
MORAN, 2006
Nas práticas tradicionais de EaD, os materiais ou
recursos tecnológicos configuram-se como elementos
auto-suficientes, tornando-se o centro de todo o
processo.
(SANTOS, 2005)
Mais do que uma mera evolução das gerações de EAD a
educação online deve ser entendida como um fenômeno
da cibercultura
(SANTOS, 2010)
9. Cibercultura: forma sociocultural que emerge da relação simbiótica
entre sociedade, a cultura e as novas tecnologias de base microeletrônica
que surgiram com a convergência das telecomunicações com a informática
na década de 70.
(LEMOS, 2003)
A pregnância de manifestações ligadas à cibercultura decorre
fundamentalmente de dois fenômenos relacionados às TIC:
a digitalização
a interconexão mundial de computadores com o
desenvolvimento do protocolo www por Bernes-Lee de que
resultou a Internet
10. A digitalização é possível para as mais variadas formas de
linguagem: sons, imagens, gráficos, textos, enfim uma
infinidade de informações. Digitalizada, a informação se
reproduz, circula, se modifica e se atualiza em diferentes
interfaces.
Nesse contexto a informação se torna o principal ingrediente
de nossa organização social, e os fluxos de mensagens e
imagens facilitados pelas conexões entre computadores via
Internet vão consolidar a tessitura em rede da estrutura social
(CASTELLS, 1999 ).
11. Com a emergência da “sociedade em rede” , novos espaços digitais e
virtuais de aprendizagem vêm se estabelecendo a partir do acesso e do uso
criativo das novas tecnologias da comunicação e da informação. Novas
relações com o saber vêm se instituindo num processo híbrido entre
humanos e objetos técnicos tecendo teias complexas de relacionamentos e
aprendizagens.
Ter clareza e entender o atual paradigma comunicacional e a cibercultura
é fundamental para podermos atuar e formar professores e professoras
capazes de dialogar com esse novo aluno que emerge da cibercultura.
12.
13. O que muda então com a educação online?
Além da auto- aprendizagem, as interfaces dos ambientes virtuais de
aprendizagem (AVA) permitem a interatividade e a aprendizagem
colaborativa, ou seja, além de aprender com o material, o
participante aprende na dialógica com outros sujeitos envolvidos –
professores, tutores e principalmente outros cursistas – através de
processos de comunicação síncronos e assíncronos (fórum de discussão,
lista, chats, blogs, webfólios entre outros).
Isso é revolucionário, inclusive quebra e transforma o conceito de
distância.
14. Interatividade ou mais comunicacional é atitude de partilhar
saberes intervindo no discurso do outro, produzindo coletivamente a
mensagem, a comunicação e a aprendizagem.
15. FUNDAMENTOS DA INTERATIVIDADE:
Participação-intervenção: participar não é apenas responder "sim" ou
"não" ou escolher uma opção dada, significa modificar a mensagem.
Bidirecionalidade-hibridação: a comunicação é produção
conjunta da emissão e da recepção, é co-criação, os dois pólos codificam e
decodificam.
Permutabilidade-potencialidade: a comunicação supõe múltiplas redes
articulatórias de conexões e liberdade de trocas, associações e
significações.
(SILVA, 2000)
17. Tecnologias digitais mais utilizadas nas práticas de
Educação Online:
• Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA)
• Teleconferências
• Videoconferências
18. AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM (AVA)
Um ambiente virtual é um espaço fecundo de significação onde seres
humanos e objetos técnicos interagem potencializando a construção de
conhecimento, logo a aprendizagem. (SANTOS, 2005)
É possível encontrar no ciberespaço comunidades que utilizam o
mesmo AVA com uma variedade incrível de práticas e posturas
pedagógicas e comunicacionais. Tais práticas podem ser tanto
instrucionistas, quanto interativas e cooperativas.
19. Os ambientes virtuais agregam uma das características fundantes da internet: a
convergência de mídias, ou seja, a capacidade de hibridizar e permutar num
mesmo ambiente várias mídias.
Mídia é todo o suporte que veicula a mensagem expressada por uma
multiplicidade de linguagens (sons, imagens, gráficos, textos em geral).
Em alguns casos suporte e linguagem se hibridizam. Em outras palavras é a
união das tecnologias da informática e suas aplicações com as tecnologias das
telecomunicações e com as diversas formas de expressão,
linguagens. Podemos citar como exemplos: uso de vídeos, tv interativa,
cinema, rádio, além das mídias próprias da internet e dos AVAs: chats, fóruns
de discussão, diários eletrônicos, blogs, etc.
20. Os ambientes virtuais de aprendizagem se estruturam em dois conjuntos
fundamentais de interfaces:
Interfaces faces de conteúdo
Interfaces de comunicação
21. Interfaces de conteúdo são os dispositivos que permitem produzir,
disponibilizar e compartilhar conteúdo em diversos formatos e
linguagens (textos, áudio, imagens estáticas e dinâmicas) mixadas ou
não.
Interfaces de comunicação são aquelas que favorecem a
interatividade entre os interlocutores podendo ser síncronas, isto é, de
comunicação em tempo real (chats, e webconferências) ou
assíncronas, de comunicação em diferentes tempos (e-mails, fóruns,
wikis, listas de discussão, etc.)
22. AVA Organização/autora Endereço www
AulaNet PUC-RJ http://guiaaulanet.eduweb.com.br
(Brasil)
Blackboard Blackboard http://www.blackboard.com
(EUA)
CoSE Staffordshire University
(UK Reino Unido)
http://www.staffs.ac.uk/case
Moodle AUSTRÁLIA http://www.moodle.org
Teleduc Unicamp NIED (Brasil) http://www.hera.nied.unicamp.br/tele
duc/
WebCT WebCT, Univ. British http://webct.com
Alguns AVAs disponíveis no mercado e no ciberespaço
gratuitamente
23. Deve-se ter em conta que conteúdo e comunicação são elementos
híbridos e imbricados na Educação online: conteúdos são construídos
pelos interlocutores que, dialogicamente, produzem sentidos e
significados mediados pelas interfaces síncrona e assíncronas de
comunicação.
Por isso não se deve conceber conteúdo apenas como informação para
autoestudo ou como material didático construído previamente pelo
professor ou pela equipe de produção. Aqui a regra é co-criar,
colaborar; receptor e emissor se fundem na pragmática comunicacional
todos-todos.
24. O grande desafio da educação online é pois garantir que os conteúdos e
situações de aprendizagem contemplem o potencial pedagógico,
comunicacional e tecnológico do computador online bem como das
disposições de interatividade próprias dos ambientes virtuais de
aprendizagem.
É por via do desenho didático que se torna possível o planejamento,
produção e operacionalização de conteúdos e situações de aprendizagem
que estruturam processos de construção de conhecimento na sala de aula
online
25. O desenho didático deve contemplar uma
intencionalidade pedagógica que garanta a educação
online como obra aberta, plástica, fluída, hipertextual
e interativa.
(SILVA, 2010)
26. EAD (o modelo que
prevalece)
EOL (possibilidades na
Web 2.0)
Desenho didático dos
conteúdos e atividades de
aprendizagem
Pré-definido, fechado, linear,
controlado por uma fonte emissora.
Textos, multimídia e audiovisuais
unidirecionais
Pré-definido e redefinido de
forma colaborativa, co-
regulada. Hipertextos, multi e
hipermídia multidirecional, em
rede.
Tecnologias de informação
e comunicação (TIC)
Tecnologias unidirecionais e reativas
(impressos, rádio, TV, DVD e até o
computador online quando
subutilizadas em suas potencialidades
comunicacionais e hipertextuais).
Modelo um-todos
Tecnologias interativas online
(computador, celular, internet
em múltiplas interfaces (chats,
fóruns, wikis, blogs, fotos,
Twitter, Facebook. Orkut,
videologs, etc.) para expressão
uni, bi e multidirecional em
rede. Modelo todos-todos.
Pedagogia Instrucionista, transmissiva, tarefista,
aprendizagem solitária, auto-
instrução, avaliação somativa
Construcionista,
interacionismo, interatividade e
colaboração. Avaliação
formativa e somativa
27. EAD (o modelo que
prevalece)
EOL (possibilidades na
Web 2.0)
Mediação da
aprendizagem
Relações assimétricas, verticais:
autor/emissor separado de
aprendiz/receptor. Cursista não
interage com cursista.
Relações horizontais: hibridização
e co-autoria. Os cursistas se
encontram com o docente e
constroem a comunicação e o
conhecimento.
Avaliação da
aprendizagem
Avaliação unidirecional, professor
avalia alunos. Pontual e somativa.
Trabalhos e testes individuais
durante e no fim do curso
Autoavaliação, coavaliação e
hetero avaliação. Somativa e
formativa. Definição coletiva de
critérios e rubricas de avaliação.
Uso de múltiplas interfaces para
avaliação de participação (wikis,
fóruns, mapas colaborativos,
webquests, blogs, chat, podcasting,
etc.)
28. Uma estratégia para ampliar o potencial de interação que
pode ser desenvolvido pela rede telemática, seria a
valorização da figura do professor/tutor ou mediador
considerado enquanto agente de aprendizagem com a
função de manter o aluno realizando o ciclo de
aprendizagem.
(VALENTE, 2002).
O professor propõe e conduz atividades de construção do
conhecimento por meio de estratégias significativas. Essas
estratégias consistem em atividades facilitadoras da
aprendizagem que prevêem o uso do raciocínio indutivo e
diante delas o aluno é orientado a fazer descobertas, a
chegar à conclusões e a sistematizá-las, construindo assim
significativamente o conhecimento.
29. QUESTÕES PROBLEMÁTICAS EM EDUCAÇÃO
ONLINE
Subutlização das potencialidades do computador
Na Educação Virtual é a comunicação e a interatividade que determinam
o diferencial pedagógico, o que para muitos ainda não está claro. Em
Azevedo encontra-se que:
...a origem desta dificuldade reside numa visão limitada do que é a
Internet e do que são as novas tecnologias da informação e da
comunicação. Predomina o aspecto "informação" sobre a "comunicação"
na percepção de muitos. Enxerga-se muito mais as possibilidades de
distribuição e organização da informação que as possibilidades de
comunicação mediada por computador, especialmente de interação
coletiva.
(AZEVEDO, 2002)
30. Aproveitamento mercadológico de empresas e instituições de ensino
comprometendo a qualidade das redes disponíveis e ausência de serviços
de suporte
Políticas públicas que buscam a massificação e interiorização da
universidade
Dificuldade discente em manter uma postura passiva na situação de
aprendizagem
Uso do computador pelos professores e imersão na cibercultura
Infrastrutura
31. ALGUMAS SOLUÇÕES PARA ASSEGURAR QUALIDADE NA
EDUCAÇÃO ONLINE
Formação de professores
Os professores precisam ser formados para o uso crítico e criativo dos
meios de comunicação e ultrapassar a mera racionalidade tecnológica,
entendendo os meios como ferramentas de comunicação e não de simples
transmissão, promovendo o diálogo e a participação, para gerar e potenciar
novos emissores ao invés de contribuir para o crescimento de emissores
passivos
(KAPLÚN, 1999)
32. Abordagem seletiva de contextos de formação
• Disciplinas específicas em nível de graduação ou ensino médio –
flexibilidade de horários
• Formação continuada de professores, médicos e outros profissionais
• Formação corporativa
• Pós-graduação
Processos de avaliação assentes em critérios e
indicadores objetivos (MEC)
33. As novas tecnologias quando utilizadas atentando para o componente
pedagógico podem criar circunstâncias nas quais a expressão dos
indivíduos seja mais ampla e a aprendizagem contemple outros aspectos
além do lógico-formal, tais como o estético e o emocional, isto porque,
a formação de redes de pessoas interagindo facilita a exploração de
outras dimensões do ser humano.
VALENTE, 2002
34. Qualquer desenvolvimento tecnológico pode significar uma resposta a
determinados problemas, a ampliação de nossas possibilidades de
atuação e a criação de novos contextos para a ação, ao mesmo tempo
que apresenta novos desafios e – se não o assumirmos de forma
mecânica – possibilita a revisão de nossas teorias e nossas práticas. As
TICs não são exceção, pelo que, para os educadores, podem ser apenas
um conjunto de ferramentas caras – só ao alcance de alguns – para
continuar fazendo praticamente o mesmo, ou um recurso para a análise,
avaliação e a melhora das propostas educativas.
(SANCHO, 2010)