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Apostila para o Curso 
de Desenho e Pintura 
Resumida 
Curso de Desenho e Pintura 
Essa apostila é destinada para o blog: 
http:alesfester.blogspot.com, com o objetivo no 
auxílio para o curso de desenho e pintura 
particular 
Fester, Alexandre 
13/3/2010
Índice: 
Os primeiros passos para aprender a desenhar 
Os modelos em gesso 
As três fases principais do desenho de um gesso. 
Os seis estágios de um desenho 
As leis do claro-escuro 
Desenho da flor-de-lis com modelo em gesso. 
Desenho de um ramo de louro com modelo em gesso. 
Noções para o desenho do natural. 
Desenho de ânforas 
As linhas sensíveis 
Estudo de uma cabeça em gesso de forma simplificada 
Como desenhar uma cabeça do natural em diversas posições 
Cabeça de perfil 
Desenho de uma cabeça com modelo vivo 
Como devem ser tratados os fundos 
Estudos de fragmentos: 
Estudo de fragmentos: 
Noções acerca da anatomia e proporções do corpo humano 
Equivalência entre as medidas das partes anteriores e 
posteriores. 
A mulher e a beleza da 
Graça. 
O homem; beleza
No aspecto de sua força. 
A presença de certos ossos e músculos 
Os músculos 
Músculos da cabeça 
Músculos do tronco 
Descrição: músculos do tronco 
Músculos dos membros inferiores 
Músculos dos membros superiores 
Desenho de um nu com modelo vivo 
Composição de um modelo de nu com o auxílio de corpos 
geométricos 
Outro exemplo de desenho de um nu com modelo vivo 
Divisão geométrica do mesmo conjunto 
Equivalência das linhas 
Outras noções para o desenho de um nu 
Apresentação dos corpos sólidos e do nu segundo os 
Diferentes pontos de vistas 
Os problemas do claro-escuro 
Terceira fase de um desenho de nu 
Perspectiva cônica 
Perspectiva isométrica; 
Introdução a cor óptica geométrica 
Fontes de luz e velocidade da luz 
A natureza da luz 
Reflexão
Iluminação 
Cor 
Cores quentes: 
Cores frias: 
Coordenadas cromadas 
Classificação círculo “r” 
Círculos cromáticos: 
Classificação
Apostila Resumida 
Curso de Desenho e Pintura 
Os Primeiros Passos Para Aprender a 
Desenhar 
Na realidade, as primeiras lições de desenho são idênticas em 
todas as especialidades. Vale dizer que tanto o estudante de belas-artes 
como o simples desenhista amador se iniciará de igual modo, 
fazendo os seus primeiros estudos com modelos muito simples, de 
gesso, que lhes permitam, ao mesmo tempo, o adestramento da 
mão, cuja lentidão requer certo tempo para obedecer á mente e as 
observações fundamentais para o prosseguimento da 
aprendizagem. 
Para desenhar em os objetos vistos ou imaginados é preciso 
adestra a mão, exercitar o olho e cultivar a mente, tudo ao mesmo 
tempo. 
O primeiro cuidado do desenhista, ao iniciar um desenho, deve ser 
a margem e a centralização do modelo no papel. Traçam-se para 
isso duas linhas diagonais e uma linha vertical e horizontal no papel 
e assim localizadas o centro do mesmo, procede-se á distribuição 
harmônica das diversas partes do modelo, ou composição. 
Devemos convir que a boa apresentação do modelo é 
imprescindível, pois é sabido que um bom desenho, sendo mal 
apresentado perde parte de seu valor. 
Além disso, deve-se observar que o objeto a representar tem as 
suas características próprias, que se exprimem por meio de forma e 
da cor. 
“Procure não se esquecer de que o desenho sempre produz 
uma versão aproximada do elemento que ele está retratando,
mesmo quando executado por alguém altamente capacitado para 
está arte”. 
OS MODELOS EM GESSO 
Propusemo-nos apresentar neste curso três modelos em 
gesso completamente distintos em suas formas, a fim de despertar 
maiores interesse e facilitar a compreensão das pessoas que se 
iniciam no desenho. Contudo, será conveniente esclarecer que em 
caso algum o estudante copiará diretamente os desenhos, 
limitando-se, ante, a tomá-los por guias no exercício do traçado 
geométrico, que é fundamental em todos os modelos. 
Pelas razões expostas, recorrerá o estudante de desenho 
aos ditos modelos - ou a outros - em gesso, a fim de investigar 
pessoalmente o traçado geométrico que lhes é próprio, e que 
permite caracterizá-los segundo a forma que possuam. Assim, em 
alguns casos o modelo poderá - subdividir-se em figuras 
geométricas: triângulos, quadrados, losangos, retângulos, círculos, 
etc. Seja como for, está provado que com este processo elementar-se 
assegura o bom resultado de um desenho, com enormes 
vantagens, que proporciona, o copiar um modelo do natural. 
AS TRÊS FASES PRINCIPAIS DO 
DESENHO DE UM GESSO. 
A figura 1 nos mostra um modelo em gesso que representa 
um limão rodeado por algumas folhas de limoeiro.
Na primeira fase dedicar-se-á o estudante a estabelecer, tão 
exatamente quando possível, as proporções do modelo, para o que 
inscreverá o conjunto em figuras geométricas. Em seguida 
subdividirá este conjunto de elementos em grupos de figuras 
geométricas menores. E assim caminhará do todo para as partes, 
evitando os erros e proporções a que conduz a falta de método. 
O caso inverso - quando se pretende desenhar começando 
pelas partes para chegar ao todo - é um grave erro, porque o 
desenho nunca sai na medida que se deseja, o que muito desanima 
o desenhista. 
Pode-se observar que, neste modelo, o limão e as folhas 
foram representados sobre um plano que é quase um quadrado. 
Na figura 2 podemos apreciar a segunda fase do desenho do 
mesmo modelo, da figura 1 na primeira das fases cuidamos 
particularmente das proporções; na segunda passaremos ao 
desenho das formas do limão e das folhas com maior riqueza de 
por menores.
Uma vez determinados os contornos, poderemos pensar 
nos contrastes de luz e sombra, ou seja, no claro-escuro do 
desenho, e para isso desenharemos a superfície ocupada pelas 
sombras mais intensas do modelo, assim como as projetadas por 
este sobre o fundo. 
A figura 3 nos mostra o desenho completo, com suas luzes e 
sombras terminadas. 
Na figura 2 havíamos iniciado o estudo do claro-escuro; indicando, 
aproximadamente, a superfície ocupada pelas sombras mais
intensas; cuidaremos agora do desenho das meias-tintas, que 
servem de passagem entre a luz e a sombra. 
O desenho das tintas que compõem o claro-escuro será feito 
sob a forma de planos simples. Ao mesmo tempo, iremos 
reforçando o tom das sombras mais intensas, para ajustá-las ao 
modelo: assim como iremos desenhando os planos ocupados pela 
luz, e os seus reflexos principais. Com a precedente descrição das 
fazes de um desenho, fica demonstrado que todo modelo se 
compõe de linhas de contorno, superfícies de claro-escuro e não 
sendo de gesso branco, de cor. 
Manda a experiência que se apresente ao estudante de 
desenho, para os seus primeiros exercícios, modelos de gesso 
branco, a fim de facilitar-lhe a compreensão do claro-escuro; mas 
convém recordar que, em qualquer caso, o desenho de um 
contorno de um modelo é sempre o problema mais importante, e 
que dito contorno se compõe sempre de linhas retas, curvas, que 
bradas, mistas, etc. 
OS SEIS ESTÁGIOS DE UM DESENHO 
(1°) Estágio: São linhas de andaime, levantamento e estrutura 
do projeto. Centralização, organização dos espaços.
(2°) Estágio: Construção do desenho, usando variações de 
linhas de luz, meias-tintas e de sombra. 
(3º) Estágio: Parte artesanal do desenho em que se trata de 
linhas de luz, meias-tintas e de sombra.
(4º) Estágio: Estudo da luz e sombra pela leitura de suas 
linhas.
(5º) Estágio: Divisão das “Grandes Massas”, em que escalas 
monocromáticas “usa-se o termo Claro” que em disciplina 
chamamos “Tom Alto” e escuro “Tom Baixo”. 
(6°) Estágio: São as manifestações de todos os detalhes 
necessários, o final dos estágios onde a pintura é recomendável.
AS LEIS DO CLARO-ESCURO 
O claro-escuro (tom alto e tom baixo) de um modelo pode 
condensar-se em leis já muito antigas e precisas, visto que 
todo modelo tem plano de luz, planos de sombras próprias 
e planas de sombras projetadas. Com estes elementos 
básicos se determina o relevo de um modelo, e por isso 
dizemos que o relevo de um modelo constitui a essência 
mesma de um desenho artístico: sem ele, nada mais é o 
desenho que uma figura geométrica. 
É preciso saber sobre TONALIDADE E INTENSIDADE: 
Tonalidade; nuança, matiz. 
Intensidade; que pede aplicação intensa, por ter de se fazer 
em prazo curto. Associadas, porém, produzem efeitos 
diferentes de quando isoladas. 
As sombras de um modelo determinam-lhe as formas 
internas, e sem elas teríamos apenas o seu contorno. O 
conjunto formado pelos planos de luz, sombras e contornos 
determinam o modelo, que, com a indicação de todos os 
seus relevos, se nos apresenta com o seu aspecto real. 
A luz que se projeta sobre um modelo deve estar sempre 
de um lado do mesmo para que se obtenham os planos de 
luz, de sombra e os tons das meias-tintas, que exprimem a 
transição entre luz e a sombra, unindo suavemente estes 
extremos. 
Além do que ficou dito, chamaremos a atenção do
estudante de desenho para os chamados reflexos, que são 
débeis luzes indiretas, cuja presença permite separar as 
sombras próprias de um corpo das que são por ele 
projetadas. Os reflexos estão sempre colocados no lado 
oposto ao da luz, e se acentuam porque esta se projeta 
sobre algum plano vizinho ao volume em que aparece essa 
débil luz indireta, evitando deste modo que as sombras 
próprias e as projetadas formem uma só mancha escura, o 
que daria ao desenho o aspecto de coisa plana. 
DESENHO DA FLOR-DE-LIS COM 
MODELO EM GESSO. 
Na figura 4 podemos observar um modelo em gesso da flor-de-lis 
estilizada, que ao tempo da monarquia francesa foi usada como símbolo da 
realeza. Na sua primeira faze, pode-se observar que o propósito do 
desenhista foi, sobretudo o de centralizar, no papel, o objeto a desenhar, 
destarte apresentando convenientemente o seu modelo. 
Como a flor-de-lis foi modelada sobre uma superfície redonda, que 
lhe serve de fundo, desenharemos o círculo, para em seguida localizar a 
flor. Repare-se que as três partes de que estas se compõem unam-se por 
uma cinta, cuja borda superior passa um pouco abaixo do diâmetro 
horizontal do circulo referido; por outro lado, o diâmetro vertical como que
servem de eixo central para a distribuição harmônica das ditas partes. 
Podemos ver também que o modelo apresenta muitas linhas curvas; para 
determinar bem o grau de intensidade das mesmas, devemos compará-las 
constantemente com as linhas retas auxiliares mais próximas. 
A figura 5 nos dá a apresentação completa do modelo. Exibe já todas 
as suas linhas de contorno bem definidas; por isso foram apagadas, nessa 
fase, as linhas auxiliares que servem como diagrama. Os contornos foram 
apurados e, simultaneamente, esboçou-se o claro-escuro, desenhando-se as 
sombras principais e posteriormente as sombras projetadas. 
Na figura 6 observamos que o claro-escuro do modelo está 
completo. Nela se determinam, com a intensidade própria, os planos 
de luz, as sombras próprias do modelo das que ao mesmo projeta. 
Isso permite, ao mesmo tempo, aumentar o relevo zona em que 
se do modelo.
DESENHO DE UM RAMO DE LOURO 
COM MODELO EM GESSO. 
A figura 7 representa um modelo cujas folhas de louro estão 
representadas sobre um plano de forma retangular, o que o 
distingue do modelo do limão - o da figura 1 - que foi feito sobre 
uma superfície quase quadrada, ou da flor-de-lis - figura 4 que se 
apresenta sobre um fundo circular. Na figura 7, já referida, pode-se 
notar que o conjunto das folhas de louro está quase totalmente 
inscrito numa figura geométrica muito simples, o losango, ou rombo. 
As linhas dos eixos do rombo servem para determinar a posição 
das folhas de louro e sua distribuição dentro do conjunto. 
Recordemos ainda uma vez que se deve partir do todo para as 
partes. Por isso, neste caso, uma vez desenhado as linhas do 
losango que encerra o conjunto das folhas, ditas figuras são 
subdivididas em outras menores, até chegar-se ao desenho das 
folhas soltas. Procedendo-se assim, pode-se ter a certeza da boa 
distribuição, sem correr o risco de ter que começar de novo o 
trabalho, apo terminá-lo. Esta é a grande vantagem desse método,
que consiste em partir dos grupos maiores para os detalhes. De 
outro modo o mais provável é que o desenho resulte defeituoso. 
A figura 8 indica uma nova etapa do desenho. Aqui - a exemplo 
dos modelos anteriores - já se apagaram as linhas auxiliares que 
servem para a construção do desenho. Isto faz com que vejamos 
depuradas as linhas do contorno de cada folha. Assinalam-se, 
além disso, as sombras mais importantes, correspondentes a 
esta fase do desenvolvimento de um desenho, não só as próprias 
como as projetadas.
Na figura 9 aparece o modelo completamente desenhado. 
Nele podemos apreciar o jogo harmônico das formas, cujos planos 
estão banhados pela luz, em alguns casos, e envoltos pelas 
sombras e meias-tintas, em outros.
As sombras que aparecem na figura 8 foram reforçadas; e, 
para evitar a separação violenta entre os planos de luz e os de 
sombra, distribuíram-se convenientemente as meias-tintas, 
estabelecendo-se a suave transição entre aqueles dois extremos. 
NOÇÕES PARA O DESENHO DO 
NATURAL. 
Já está o leitor bem informado da grande utilidade da 
geometria como auxiliar no desenho de relevo em gesso. Adiante 
veremos como nos ajudam a desenhar cabeças em gesso, cabeças 
de modelos vivos, nus, ânforas, etc. Agora comprovaremos o eficaz 
auxílio que nos proporciona na reprodução, no papel, de elementos 
de botânica.
Muitas flores, folhas, etc., podem ser perfeitamente inscritas 
em figuras geométricas regulares. Temos um exemplo na folha de 
parreira, representado pela figura A da ilustração número 10. Sua 
forma não pode aproximar-se mais da do pentágono que encerra; e 
um cacho de uvas imita geralmente a forma de um triângulo. 
Também a folha da figueira tem a forma de um pentágono. 
Outras vezes a figura geométrica é formada por várias folhas 
de um ramo ou galho; por exemplo, na roseira, em geral cada ramo 
compõe um triângulo, como se pode ver na figura B da ilustração 
referida. Certas variedades de roseiras têm suas pequenas folhas 
agrupadas em forma de pentágono (figura C). 
As folhas de girassol parecem um triângulo (figura D), ao 
passo que a flor propriamente é um círculo perfeito, tanto no cálice 
como na corola. 
A vistosa florífera anual chamada zínia ou flor-de-papel tem 
suas folhas encerradas num triângulo isósceles (figura E) e suas 
flores circulares, vistam de cima, formam um triângulo eqüilátero 
quando vistas de lado (figura F). 
Se contemplarmos com atenção as flores de cana, que 
conhecemos vulgarmente pelo nome de cana-do-brejo,
verificaremos que, vistas de perfil, forma, na sua altura total, um 
triângulo eqüilátero (figura G). 
O Junquilho, essa pequenina flor de perfume tão penetrante, 
tem a forma de dois triângulos eqüiláteros superiores, e as três 
pétalas que integram um dos ditos triângulos são de conformações 
diferentes das que compõem o outro (figura H). 
As folhas do nenúfar são círculos perfeitos, de cujo centro 
nasce o pecíolo (figura I). 
Para desenhar um raminho de campis radicans (a trepadeira 
de vistosas flores alaranjadas ou vermelhadas em forma de corneta, 
que se apresentam agrupadas sob forma de racimos) traçaremos 
em retângulo (figura J), ao passo que para estudar um de seus 
pimpolhos desenharemos primeiramente um triângulo com base 
invertida (figura K) e, finalmente, para copiar a flor desabrochada, 
recorreremos também a um triangulo, mas de proporções 
diferentes, dada à amplitude de diâmetro da corola (figura L). 
No desenho de frutos, raízes, árvores, é conveniente recorrer 
também á geometria, para resolver os problemas de construção das 
figuras. 
Como é natural, nem todos os frutos, plantas, flores, folhas, 
etc., tem exatamente a forma de figuras geométricas regulares, mas 
a construção inicial das mesmas, com o auxílio de linhas 
geométricas, vem a ser um grande fator do bom êxito do desenho. 
A figura 11 nos dá um exemplo dessa geometrização no 
estudo de uma haste de cana-do-brejo desenhada do natural. 
No pequeno esboço que se vê a esquerda, procuramos 
demonstrar a geometrização inicial deste trabalho. O grupo formado 
pelas flores e pimpolhos ocupa uma superfície semelhante a um 
retângulo, um de cujos lados, prolongados, nos indica - 
aproximadamente - o limite superior, esquerdo da folha. A linha que, 
partindo do Ângulo superemos dedicar-nos ao estudo minucioso e 
detalhado do contorno de cada rebento, flor, etc.
Para atingirmos esse objetivo devemos aguçar a nossa 
observação com a finalidade de dar a cada elemento a 
característica que lhe é própria: linhas retas ou linhas onduladas; 
rigidez nos cálices, graça nas corolas, amplitude nas folhas, etc. 
Fica assim suficientemente demonstrado que a proporção de 
qualquer modelo que nos é apresentado para o desenho pode ser 
sempre resolvida de modo satisfatório, se forem observados 
rigorosamente os ensinamentos que acabamos de dar sobre a 
geometrização dos espaços. 
A figura 8 indica uma nova etapa do desenho. Aqui - a exemplo 
dos modelos anteriores - já se apagaram as linhas auxiliares que 
servem para a construção do desenho. Isto faz com que vejamos 
depuradas as linhas do contorno de cada folha. Assinalam-se, 
além disso, as sombras mais importantes, correspondentes a 
esta fase do desenvolvimento de um desenho, não só as próprias 
como as projetadas.
Na figura 9 aparece o modelo completamente desenhado. 
Nele podemos apreciar o jogo harmônico das formas, cujos planos 
estão banhados pela luz, em alguns casos, e envoltos pelas 
sombras e meias-tintas, em outros. 
As sombras que aparecem na figura 8 foram reforçadas; e, para 
evitar a separação violenta entre os planos de luz e os de sombra, 
distribuíram-se convenientemente as meias-tintas, estabelecendo-se 
a suave transição entre aqueles dois extremos.
DESENHO DE ÂNFORAS 
As múltiplas aplicações da geometria nos permitem desenhar 
os modelos de ânforas, cujo conjunto oferecemos com seus 
respectivos traçados geométricos, a fim de facilitar a tarefa do 
desenhista. Estudá-los-emos, de propósito, sem sombras, para 
compreender melhor a elegância de suas linhas. 
A figura 12 nos mostra uma ânfora, cujo volume dominante e 
suas asas estão inscritos num retângulo horizontal. 
Depois de traçadas as diagonais no papel, para centralizar o 
desenho, poderão desenhar o retângulo citado. Para isso 
traçaremos uma linha vertical que passe pelo centro da folha, o qual 
é indicado pelo ponto de interseção das duas diagonais. Esta 
vertical nos servirá de eixo em torno do qual gira a ânfora, e 
permitir-nos-á desenhar com toda a correção os dois perfis do 
modelo, os quais, como é obvio, devem ser exatamente iguais entre 
si. Essa perfeição é indispensável, por tratar-se de um modelo de 
revolução, pois sua forma corpórea é obtida com o auxílio de um 
torno giratório.
A altura do retângulo cabe, assim, aproximadamente, uma vez 
e meia na largura do mesmo. Obtida esta medida com exatidão, 
passaremos a medir o espaço que há entre a linha superior do 
retângulo e a borda externa da boca da ânfora. Veremos que é igual 
á quarta parte da largura do retângulo. Acima da boca aparece a 
asa da parte posterior. Este espaço, adicionado á altura do gargalo 
e da boca, nos dá a medida da largura desta última, a cada um dos 
lados do eixo, ou seja, a metade da largura total. A boca é de um 
diâmetro muito maior que o do gargalo; este, na sua parte mais 
delgada, tem apenas uma largura que cabe três vezes e meia na 
horizontal do retângulo inicial. Com este sistema de referencias 
comparativas entre as diversas partes de um todo, prosseguiremos 
até completar o desenho do modelo, com o seu bojo, as asas, o pé 
dividido em várias moldurinhas etc. 
Na figura 13 podemos apreciar outro tipo de Ânfora. 
Apesar de ser um modelo na aparência mais difícil, ser-nos-á 
mais fácil desenhá-lo, sobretudo no começo, por estar encerrado 
num retângulo muito mais fácil de proporcionar. Com efeito, é um 
retângulo composto de dois quadrados. A linha vertical que - como 
exemplo anterior -traçamos perpendicularmente a ponto de 
cruzamento das duas diagonais será a da união dos dois quadrados 
e o eixo do modelo. Bastar-nos-á traçar a horizontal na metade da 
altura do retângulo, a qual deve coincidi com o ponto de cruzamento
das diagonais e da vertical, para obter com exatidão a medida da 
altura do pé da ânfora, bem como a do seu bojo, e ainda o lugar de 
união destes dois setores do mesmo modelo. Basta-nos traçar a 
horizontal na metade da altura do retângulo, a qual deve coincidir 
com o ponto de cruzamento das diagonais e da vertical, para obter 
com exatidão a medida da altura do pé da ânfora, bem como a do 
seu bojo, e ainda o lugar de união destes dois setores do mesmo 
modelo. O diâmetro menor do pé cabe duas vezes e meia a sua 
altura, e a largura total da base é igual á terça parte da largura do 
retângulo. 
Na parte superior da ânfora notamos dois setores de características 
bem diferentes; m, encerrado entre duas linhas retas horizontais, e 
o outro terminado em forma quase semicircular, o que traduz o 
fundo côncavo do modelo. A altura destes dois setores não é uma 
só, como a primeira é um pouco menor que a inferior, sendo a 
medida de sua altura igual ao espaço existente ao dois lados da 
boca, deste a borda desta até o ponto mais saliente das asas. 
Embora pareça impossível, as ânforas das figuras 14 e 15 
estão inscritas dentro de uma figura geométrica: um retângulo 
formado pela união de três quadrados iguais. Começaremos 
estudando a exemplo da ilustração 14. 
A linha vertical traçada no centro do papel assinala a metade do 
quadrado central e é o eixo da ânfora. A largura total desse 
quadrado é igual á largura máxima da base. Esta, na sua altura 
total, corresponde á quarta parte da altura do retângulo em duas
partes iguais nos indica o nascimento das asas, que quase atinge o 
ângulo superior em ambos os lados. Uma vez mais marcamos a 
quarta parte da altura do retângulo, mas agora na parte superior do 
mesmo. Com isto teremos estabelecido o lugar que ocupa a 
horizontal divisória dos dois espaços maiores do modelo que 
estamos estudando, assim como o nascimento das asas na sua 
parte superior. A distância entre a linha vertical do retângulo e o 
extremo da boca cabe aproximadamente cinco vezes no diâmetro 
desta. 
Para desenhar a ânfora da figura 15 tomaremos o papel em sentido 
vertical. Traçadas as diagonais, marcamos, com o auxílio de uma 
linha vertical, a metade justa do papel. 
Como nos exercícios anteriores, esta nos servirá não só pra a boa 
localização do modelo, como do eixo para o mesmo. Com a ajuda 
da linha horizontal que coincide com a união das outras linhas já 
traçadas, estaremos aptos a localizar perfeitamente o desenho, no 
que se refere á sua altura. Já dissemos que o modelo está inscrito 
num retângulo que tem as mesmas proporções do que foi apreciado 
no exercício anterior. Temo-lo agora em posição vertical. Podemos 
observar sem esforços que o quadrado da parte superior contém o 
gargalo, a boca e a asa, e que o seu lado inferior marca o limite do
volume maior, ou seja, do corpo da ânfora. Este, no seu diâmetro, 
ocupa toda a largura do retângulo. A largura da base se pode 
comparar á distancia que vai da borda do gargalo donde sai à asa 
até o limite direito do retângulo, pois é o dobro desta medida. O 
gargalo, na sua maior espessura, é igual á metade da largura 
superior da boca, e na sua parte superior que é mais estreita, tem 
um tamanho equivalente á quarta parte do retângulo básico. Desta 
mesma maneira mediremos as proporções dos pormenores 
restantes. E assim teremos obtido o desenho correto de três tipos 
clássicos de ânforas. 
As Linhas Sensíveis 
Ao começar a aplicação do desenho das ânforas, dissemos 
que era conveniente não sombreá-las, mas simplesmente, 
desenhar-lhes os contornos e detalhes de construção, para não 
enfraquecer as características de suas linhas. 
Sabemos também que, deste modo, com freqüência se fazem 
retratos, muitos dos quais nem por isso deixam de possuir notável 
qualidade artística. Entre os artistas de épocas passadas podem 
citar Ingres, que realizou grande parte de sua obra - talvez a mais 
importante com essa técnica de desenho. Em nossos dias, grandes 
artistas praticam também esse método. 
Sem embargo, notamos que a essas obras não falta expressão. O 
segredo está na sensibilidade da linha. Vale dizer: quando fazemos 
um croqui ou bosquejo, traçamo-lo com linhas do mesmo caráter. 
Ao aperfeiçoar o desenho, as linhas serão mais seguras, melhores 
traçadas e ajustadas ao modelo, mas serão sempre iguais entre si, 
em grossura. Se observarmos, no entanto, alguns desses bons 
trabalhos a que nos referimos, vermos que a linha é variável 
conforme sejam a luz, a sombra, as meias-tintas, etc., ou mesmo a 
qualidade ou natureza do objeto que representam. Assim, por 
exemplo, no retrato de uma pessoa vestida, os traços do rosto não 
serão do mesmo caráter que os traços que representam as vestes; 
em se tratando de roupas de homem, estas serão desenhadas -
falando de maneira geral - com linhas mais espessas e rígidas, e 
assim por diante. Os cabelos não serão representados por linhas da 
mesma força que as usadas para desenhar o rosto, etc. Se o 
modelo tem uma boca de muita força expressiva, como seja 
volume, amplitude, etc., não a desenharemos com linhas da mesma 
espessura e intensidade que as empregadas no traçado de uma 
boca pequena, de lábios finos, etc. Tudo isto contribuirá para que se 
obtenham trabalho de qualidade, um retrato expressivo, sem 
necessidade das sombras, meias-tintas, etc., nem tampouco da cor. 
Com toda aprendizagem convém começar com os modelos mais 
simples, aplicaremos esta técnica interessantíssima em nossos 
desenhos das ânforas. Aqui a utilizamos tão - somente para indicar 
os contrastes de luz e sombra. 
Todos os modelos apreciados recebem a luz de cima. Assinalemos, 
então, com uma linha delgada, todos os planos os quais a luz incide 
em cheio: borda das bocas, parte superior das asas, etc., e com 
uma linha mais grossa indiquemos a sombra na parte inferior do 
corpo mesmo dos vasos, assim como o plano em sombras das 
asas, molduras, etc. Estas espessuras, quando se trata de corpos 
redondos, em que não se verifica uma busca mudanças de luz e 
sombra, mas apenas a menos perceptível transição de um destes 
extremos para o outro, se com a sua grossura variável a idéia da 
meia-tinta. 
Dessa mesma maneira se obtém magníficos trabalhos de ciências 
naturais, nos quais, sem tirar ao estudo a menor parcela de seu 
caráter científico, o desenho se apresenta com o atrativo de sua 
qualidade artística. 
ESTUDO DE UMA CABEÇA EM 
GESSO DE FORMA SIMPLIFICADA
Apresentamos como modelo uma cabeça em gesso de 
grandes planos simples. Convém recordar que este exercício 
preliminar, no estudo do modelo vivo, é sumamente vantajoso para 
o estudante, pois lhe permite compreender melhor a forma geral 
que compõem, uma cabeça e descobrir sua arquitetura própria, 
antes de enfrentar os problemas do modelo vivo, problemas um 
tanto mais difíceis de resolver para quem se iniciam na arte de 
desenhar. Acresce que, quando os problemas da construção de 
uma cabeça houverem sido compreendidos e resolvidos no modelo 
de gesso, essas dificuldades irão sendo superadas metodicamente, 
e em pouco estará o estudante apto a desenhar o modelo vivo com 
maior segurança. Conhecido o sistema de desenhar uma cabeça 
recorrendo á geometria, aplicaremos este mesmos conhecimentos 
a toda as outras cabeças, não só as de gesso como as de modelos 
vivos, ás quais chegaremos após ter desenhado vários modelos 
diferentes de gesso, a fim de compreendermos inteiramente suas 
invariáveis leis de construção. 
Na figura 16 temos a primeira etapa do desenho. 
Em primeiro lugar foram traçadas as duas diagonais numa 
folha inteira de papel canson, usando-se para isso um carvão 
afilado em bisel (recorde-se o que foi dito antes, acerca do papel de 
lixa colado a uma tabuinha, etc.); com este mesmo instrumento se 
executará todo o desenho até a sua conclusão, pois o carvão 
oferece a vantagem de permitir apagar facilmente qualquer erro
com os esfuminhos, tal como ensinamos anteriormente, ao nos 
referirmos aos materiais utilizados para desenhar. 
Uma vez traçadas as duas diagonais, para centralizar o 
modelo e dar-lhe uma boa apresentação na superfície total do 
papel, passaremos a desenhar primeiramente a cabeça. 
Traçaremos, para isso, uma oval, visto que toda as cabeças podem, 
a bem dizer inscritas dentro das formas de um ovo. 
Quando se vão desenhar apenas a cabeça e o pescoço, 
coloca-se a oval no centro do papel, pois o restante constitui 
meramente pormenores de construção. Por outro lado, quando se 
deseja reproduzir também um pouco de busto, centraliza-se o 
modelo calculando-o em seu tamanho de conjunto: neste caso a 
cabeça ficará sempre na metade superior do papel. Desta 
centralização dependerá também a boa proporção dos espaços 
livres que cercam o desenho. 
Localizada a forma geométrica dentro da qual se pode 
inscrever a figura humana vista de frente, passaremos ao desenho 
do pescoço (e por último, se for o caso, desenharemos o busto) 
distribuindo destarte, harmonicamente, as massas mais importantes 
do conjunto, isto é a cabeça, (pescoço e busto), sem nos 
preocuparmos de maneira alguma com as minúcias (OLHOS, 
NARIZ, BOCA, ORELHAS OU PREGAS DE UM VERTIDO, ETC.), 
ATÉ ATINGIR A SEGUNDA FASE, NA QUAL CONSIDERAREMOS 
A CONVENIÊNCIA DE INCLUIR NOS DESENHOS TODOS OS 
DETALHES CITADOS. 
Dados estes primeiros passos, traçaremos dentro da oval o 
eixo central que servirá para indicar a posição da cabeça (toda de 
frente, três quartos, etc.). Em seguida traçaremos nos lugares 
próprios - três linhas mais, que sendo perpendiculares ao eixo, 
passam pelos olhos, pelo nariz e pela boca, respectivamente. Estas 
linhas construtivas permitem estabelecer com propriedades a 
direção, proporção, etc., dos detalhes de um rosto. 
Na figura 17 apresenta o modelo na segunda fase do 
desenho.
Todos os pormenores foram perfeitamente desenhados, tendo 
sido esboçadas as obras próprias, bem como a sombra projetada. 
Já se eliminaram as linhas diagonais, os eixos, as linhas 
perpendiculares, etc., pois todas elas nada mais são que linhas 
construtivas, isto é, linha que fazem às vezes dos andaimes de um 
edifício em construção a obra se aproxima de seu término. 
Nesta segunda etapa do trabalho convém deixar concluído o 
desenho, a fim de que em seguida se possa cuidar exclusivamente 
do claro-escuro, de maneira que os planos de luz, as meias-tintas e 
os escuros se combinem harmonicamente dentro do conjunto do 
modelo. Os planos bastante simplificados dessa cabeça de gesso 
permitem estudar, em primeiro lugar, o problema do desenho em 
seu aspecto construtivo, Simplificando também o problema do claro-escuro, 
em virtude da presença dos grandes planos, nele mão se 
apresentam os pequeninos detalhes que via de regra, distraem o 
estudante, afastando-o do caminho que o leva á solução do 
problema básico da forma. Assim, a pouco e pouco, vai-se 
adquirindo a segurança necessária para desenhar o modelo vivo 
sem tropeços de espécie alguma.
Os olhos já aprenderam a ver, a inteligência a raciocinar, e as 
mãos, mais destras, a executar o desenho cada vez com maior 
desenvoltura. 
Na figura 18 temos o modelo na terceira etapa de sua evolução. 
Seu aspecto nos demonstra que está rigorosamente acabado. 
Observar-se á que luz que o envolve está situada ao lado esquerdo 
do desenhista. Sobre este ponto diremos que é de suma utilidade 
variar o foco de luz conforme o modelo, de modo que umas vezes 
seja iluminada da esquerda para a direita, outra na sentida inversa. 
Em alguns casos convém igualmente que o foco de luz parta de 
baixo para cima, ou vice-versa, a fim de variar a apresentação do 
desenho, submetendo ao estudante, ao mesmo tempo, novos 
problemas plásticos. Destarte ele adquiriu a aptidão para procurar a 
posição mais conveniente da luz, que lhe permita destacar 
nitidamente os relevos do modelado, em vez de prejudicá-lo com 
uma iluminação imprópria. Esse problema da posição da luz leva-nos 
a salientar a conveniência do uso de um foco de luz artificial, 
como meio de evitar que o estudante tropece nos obstáculos de 
uma luz débil, sobre o modelo. Assim também lhe será possível
fugir á constante modificação dos tons do claro-escuro, quase 
imprescindível quando o modelo é iluminado pela luz natural que 
penetra por uma janela ou porta. Esta luz natural varia 
constantemente, em virtude da sua própria natureza: em certos dias 
de sol, é brilhante, mas já o não é nos dias nublados, chuvosos, 
assim como não permanece igual no decurso de um mesmo dia. 
O que aqui dissemos, com respeito á correta iluminação do 
modelo, explica o fato de na maioria das escolas de belas-artes e 
estabelecimentos congêneres, nos quais se procura proporcionar 
aos estudantes todas as comodidades, os modelos serem sempre 
iluminados com luz artificial, sobretudo os modelos de gesso, como 
o único meio de evitar a perda de tempo que acarretam os 
numerosos dias de mau tempo no ano escolar. 
A experiência aconselha a desenhar também modelos 
iluminados com luz natural, alternando com outros iluminados com 
luz artificial, a fim de habituar a vista a perceber os tons delicados 
do claro-escuro. A luz natural oferece tons mais suaves e 
transparentes, e o fato de não se notar bem o limite entre os tons de 
luz e sombra oferece maiores dificuldades de realização. 
Para iluminar o modelo com luz artificial convém que o 
desenhista lance mão de um foco de luz móvel. Caso não disponha 
de um braço articulado nem de uma lâmpada de pé, poderá 
improvisar um foco de luz com um cone de papelão, ou de folha-de-flandres, 
que é ainda melhor, adaptado a uma lâmpada comum. A 
parte interna do cone pode ser pintada de branco, para aumentar a 
intensidade da luz sobre o modelo. Deste modo se evita também 
que a luz se torne incômoda para o observador. 
Animados sempre do propósito de misturar ao estudante os 
conhecimentos mais completos, e ao mesmo tempo fáceis de 
compreender, aconselhá-la-emos a variar a técnica dos trabalhos, 
valendo-se para isso dos diversos materiais de desenho. Assim 
dominará, aos poucos, todos os meios de expressão plástica. Mas 
para isso convém efetuar vários desenhos inteiramente a carvão, 
alternando-os com outros inteiramente a lápis, de preferência um 
lápis bem macio, a fim de que a linha seja sensível, e o claro-escuro
apresente certa frescura, nos tons suaves como nos fortes 
procurando sempre não lacerar nem sujar o papel. Isto requer, da 
parte do executante, um maior cuidado de observação. Deste o 
começo de um desenho a lápis, sua preocupação será 
constantemente a mesma, isto é: traçar sempre linhas suaves, visto 
que o tom mais escuro se pode obter em seguida cruzando as 
linhas: finalmente, bastará reforçar alguns tons, para indicar os 
acentos gerais, e assim teremos um desenho de aspecto 
espontâneo pela frescura delicadeza de sua realização. Deve-se 
usar uma borracha macia para não empastar o lápis nem danificar a 
superfície do papel. Recordemos, para concluir, que os planos de 
luz devem ser limitados com linhas muito tênuas, no começo de um 
desenho, para que não seja preciso depois apagá-los, danificando o 
papel, máxime se o modelo for de gesso, muito embora ditos planos 
já se combinam com o branco do papel. Como já tivemos a ocasião 
de dizer, usar-se-á Ingles branco, se o desenho for a lápis usar o 
papel canson, e o papel Ingles para o carvão. 
Como desenhar uma cabeça do natural em 
diversas posições 
DAMOS neste capítulo dois exemplos (figuras 19 e 20), com o 
fim de facilitar a tarefa do estudante no desenho da cabeça 
humana. 
Aconselhamo-lo, uma vez mais, a recorrer sempre à geometria, 
para construir bem o seu modelo. 
Na primeira das figuras temos a cabeça vista de frente: é uma oval.
Observe-se que a dita oval foi dividida em duas partes iguais 
por meio de um eixo central, que neste caso é vertical, pela posição 
da cabeça; feito isto, o mesmo eixo, ou linha média, foi subdividido 
por seu turno em quatro partes, traçando-se três linhas 
perpendiculares a ele (veja-se a figura). A primeira divisão serve 
para limitar o espaço correspondente à massa do cabelo; segue-se 
o segundo espaço, que ajuda a colocar os olhos no lugar devido, e 
a terceira linha determina a medida do nariz, conseguindo-se 
destarte a perfeita proporção de uma cabeça. 
A linha horizontal que passa pelos olhos se divide em cinco 
partes iguais. Isto nos permitirá estabelecer a largura da base do 
nariz, que é igual ao espaço que existe entre ambos os olhos 
(medido entre os canais lacrimais); esta medida corresponde 
também à largura da cada um dos olhos. 
Sabemos que as variações da natureza são inúmeras: com 
estas medidas auxiliares não fazemos mais do que ajudar-nos a 
nós mesmos na tarefa de ajustar as medidas em casa caso, para 
achar o verdadeiro caráter do modelo, já que umas pessoas têm o 
nariz maior que o de outras, os olhos m, ais ou menos próximos um 
do outro, ou mesmo colocados em posições especiais, segundo as 
particularidades da raça a que pertençam, etc.; para esse ajuste 
nas medidas, procedemos a comparações constantes entre o 
modelo vivo e estes cânones.
Outra indicação muito importante nos oferece a mesma figura, 
deixando-nos ver claramente que a largura do pescoço, com 
pequenas variantes em cada modelo, é igual ao espaço que existe 
entre os cantos externos dos olhos. Sendo assim, pode-se dizer 
que a largura do pescoço – falando de maneira geral – é igual a três 
vezes a largura de um olho, a não ser o das pessoas de pescoço 
muito grosso, caso em que se calcula maior número de medidas 
(referimo-nos sempre à largura do olho). Também a largura da boca 
pode-se dar como sendo, aproximadamente, igual à largura de um 
olho e meio, medida aquela entre as comissuras dos lábios; de 
modo que, se estivermos em presença de uma pessoa de boca 
grande, aumentaremos a medida na proporção necessária. 
Colocação da boca fechada, em sua altura mais da medida 
tomada entre o nariz e o queixo. A linha que se traçar nesse lugar 
servirá para separar os lábios. 
Cabeça de Perfil 
A figura 20 apresenta um modelo visto de perfil.
Convém sempre traçar uma linha reta em frente ao rosto, 
porque nos servirá de guia para construir o perfil da cabeça, 
considerando a saliência dos ossos da fronte ou do maxilar inferior, 
o nariz, etc. Dita linha reta será vertical, quando a cabeça estiver 
levantada, olhando o infinito; do contrário cairá obliquamente, para 
frente ou para trás, conforme a posição do modelo. Quando à 
colocação da orelha no lugar que lhe é próprio, relativamente à 
altura, podemos observar que sua medida, em geral, é igual ao 
espaço compreendido entre as sobrancelhas e o nariz. Para colocar 
ao mesmo tempo a orelha em seu lugar, sem correr o risco de que 
o seu pavilhão não coincida com o conduto auditivo, convém traçar 
um quadrado na parte superior da cabeça: com a horizontal da base 
do nariz se levanta uma vertical até a abóbada do crânio, sobre a 
qual traçamos a horizontal que une as duas verticais paralelas, 
completando assim o quadrado. Em seguida localizaremos a orelha 
tal como se vê na gravura. 
No modelo Vivo, observaremos bem se os órgãos dos 
sentidos estão colocados tal como nas referidas figuras ou, se não 
o estiverem, as diferenças próprias de cada fisionomia. Feita esta 
observação, agiremos de acordo com a que ela nos houver 
revelado. 
Esta geometrização da cabeça vem a ser de uma grande 
utilidade, visto que por meio dos espaços divididos podemos 
proporcionar perfeitamente qualquer modelo, servindo-nos cada um 
deles para comparações com o resto da obra, bem como para ter 
uma razoável visão do conjunto. 
Repetimos especialmente o que já ficou dito, no tocante ás 
medidas que servem para ajustar as proporções de um modelo: 
cada modelo tem as suas medidas próprias, e os procedimentos 
geométricos que aconselhamos servirão apenas de exemplo para 
orientar melhor o estudante na tarefa de sua predileção. Em 
nenhum caso se pretenderá aplicar essas mesmas medidas a todos 
os modelos: elas são-nos utilíssimas como guias pois, como já 
dissemos, nos ensinam a raciocinar aguça em nós a observação 
correta com a qual vamos adquirindo a segurança no desenho, mas 
usadas como infalíveis nos conduziriam ao malogro, tornando 
nossos desenhos inexpressivos, destituídos de caráter individual.
Desenho de uma cabeça com modelo 
vivo 
As Figuras 21, 22 e 23 são expressivas, no que se refere ao 
aspecto de cada uma das fases do desenho de uma cabeça 
utilizando um modelo vivo. 
Nelas podemos apreciar claramente o processo de sua 
construção, já estudado ao nos referirmos ao desenho de uma 
cabeça de gesso e nos cânones. 
Como sempre, quando nos dispomos nos dispomos a 
desenhar uma cabeça de modelo vivo, começamos por traçar as 
diagonais, a fim de, em primeiro lugar, resolver o problema da 
apresentação e centralização correta do desenho. 
A figura 23 põe-nos diante de um modelo no qual a cabeça 
predomina ao busto. É obra de um distinto estudante de desenho, e 
revela a notável sensibilidade de seu autor, assim como o seu 
incontestável domínio dos meios de expressão. 
Ao dito aluno, impressionou-lhe fortemente o espírito a força 
construtiva da cabeça do modelo, assim como a sua expressão. Por 
isso prescindiu do desenho o busto, e centralizou o modelo de 
modo que o centro da oval do rosto coincide com o centro do papel. 
Para a realização da primeira etapa do desenho da cabeça do 
modelo vivo, seguiremos exatamente os passos indicados para o 
desenho da cabeça de gesso: uma vez traçada a oval, passaremos 
ao desenho do pescoço, estabelecendo-lhe o mais perfeitamente 
possível as proporções de largura e altura, comparando as medidas 
com as dadas anteriormente. 
Desenhada esta parte, teremos estabelecido as massas mais 
importantes da obra. Observe-se que, antes de desenhar os 
detalhes, é necessário traçar as linhas auxiliares que indicamos na 
figura 21; destarte se colocarão corretamente os olhos, a boca, as 
orelhas, etc.
Repare-se que na figura 19 determinamos a oval mediante o 
conhecido procedimento geométrico; mas ao desenhar um rosto 
traçamos a mão livre, isto é, sem o auxílio de compasso ou 
qualquer outro instrumento, porque nossos olhos e mão já estão 
treinados para desenhá-lo com segurança e desenvoltura. 
Desenhada a oval, traçamos a linha média e – como já 
explicamos – dividimo-la em quatro partes, de acordo com as 
proporções do modelo, a fim de situar convenientemente os olhos, o 
nariz, a boca, as orelhas, etc. 
Chamamos particularmente a atenção do leitor para o fato de 
que essas linhas são sempre perpendiculares à linha mediana, de 
sorte que, se a cabeça está direita, elas serão horizontais; por outro 
lado, se a cabeça está inclinada, como o eixo está igualmente 
inclinado as linhas dos olhos, da boca, etc., cairão obliquamente. 
Completamos, pois, a centralização e o esboço do modelo. 
Em seguida cuidaremos de ajustar o mais corrente possível cada 
um dos detalhes, com p objetivo de não só lhes dar a colocação 
devida como também atribuir-lhe as suas características próprias. 
Estamos em presença de um modelo cujos traços 
fisionômicos são a bem dizer grosseiros, podendo-se observar 
facilmente que o nariz é mais largo do que o comum, e achatado do 
dorso, sendo as orelhas também um pouco grandes, etc. 
Tendo acentuado todos os pormenores, acrescentaremos ao
desenho o tom mais forte do claro-escuro, como se vê na gravura. 
Nesta podemos notar que o lado esquerdo do rosto, assim como o 
mesmo lado do pescoço, está envolvido em intensa sombra (figura 
22). 
Nesta fase do desenho, no que se refere ao claro-escuro, 
cuidaremos particularmente de dar o tom de 
sombra dominante e as principais meias-tintas, reservando-nos 
para, na terceira etapa, reforçar os detalhes do 
modelado e assinalar a sombra projetada. 
Uma terceira figura (23) nos mostra o desenho já 
concluído.
Nela podemos ver os traços firmes com que foram 
desenhados todos os planos que compõem a cabeça. 
Como se pode observar, o foco de luz está colocado 
ao lado direito e por cima do modelo, de maneira que a 
frente é a massa mais luminosa, por estar mais perto do 
foco; vemos também que a massa do pescoço, por ser o 
ponto mais distante do foco de luz, está completamente 
envolta em tons sombrios e meias-tintas; não se vê no 
pescoço um só plano de luz intensa, precisamente por 
causa da distância a que ele se acha da mesma luz. 
Por isso existem - rigorosamente ordenados em 
escalas tonais de claro-escuro – uma série de planos 
situados entre a fronte e o pescoço, ou seja, entre a maior 
intensidade de luz e de sombra. Ditos planos estão 
envoltos em suaves meias-tintas, que estabelecem a 
ligação, gradual dos dois extremos, modelando, ao mesmo 
tempo, delicadamente, todos os planos do rosto. 
Assim como a meia-tinta suaviza completamente o 
modelado, colocou o autor do desenho uns traços sobre o 
fundo, para estabelecer mais completa unidade entre os
tons do claro-escuro do modelado e o branco do papel do 
fundo. Fica o modelo – por assim dizer – sustentado pelo 
fundo. Resta dizer que o trabalho apreciado foi feito com 
lápis macio.
COMO DEVEM SER TRATADOS OS 
FUNDOS 
Rembrandt Titus sentado à secretária, o/t, 77x63 cm 
É comum verem-se desenhos nos quais o respectivo 
autor revela o mais completo desinteresse pelos fundos. 
Consideramos isso um erro de concepção porque o fundo 
de um quadro é parte integrante dele. O mesmo acontece 
com relação ao desenho a que se deve acrescentar a 
sombra projetada, a fim de obter a profundidade necessária 
e causar a sensação do volume do modelo. Isto contribui 
para dar a idéia da terceira dimensão. Trabalhamos sobre 
uma superfície plana, e devemos procurar o efeito do 
volume e profundidade do modelo, isto é, devemos 
representar não só as medidas de comprimento e altura 
dos corpos, mas também a sua espessura. 
Em certos casos, desenhistas inexperientes encher toda a
superfície do papel de um só tom de carvão, antes de 
começar o desenho, para em seguida irem obtendo os 
planos de luz e as meias-tintas, e afinal reforçarem as 
sombras mais intensas. 
É verdadeiramente absurda tal invenção do sistema 
do desenho: em primeiro lugar, porque prepararmos para 
trabalhar uma superfície de papel totalmente cansada: 
além de que, ao tentar obter as luzes com o esfuminho que 
substitui bem o miolo de pão, de tal modo se empastam os 
tons, que o papel fica parecendo sujo; ao contrário, se para 
desenhar procedendo a sujo: ao contrário, se para 
desenhar procedemos da maneira indicada, adquire o 
desenho outra qualidade, e provoca sensação de uma obra 
mais espontânea, pela delicadeza de sua realização. 
Acresce que, seguindo a boa orientação indicada, vai o 
desenhista adquirindo maior firmeza no traço, 
enriquecendo maior firmeza no traço, e enriquecendo, 
simultaneamente, os seus dotes de observação pessoal. 
Sempre haverá tempo para dar o tom do fundo depois 
de concluído o desenho do modelo. 
Só assim se consegue um trabalho de aspecto 
genuinamente agradável. 
ESTUDOS DE FRAGMENTOS: 
Membros Superiores 
Os membros superiores são formados pelos braços, 
antebraços e mãos. Os inferiores referem-se ás coxas, pernas e 
pés. Tanto uns quanto os outros são responsáveis 
conjuntamente pela locomoção e equilíbrio do corpo humano, 
efetuando uma série de movimentos necessários para a 
existência dos seres humanos. 
Propusemo-nos a 
estudar as características que 
possuem os fragmentos do 
corpo humano; para isso 
apreciaremos somente os 
membros superiores e
inferiores, sem nos 
estendermos do estudo de 
outros (como o tronco, a 
pélvis, etc. fragmentos.), que 
demandaria muitíssimo 
espaço, ao mesmo tempo em 
que nos levaria a trabalhos 
cuja profundidade escapa aos 
propósitos deste breve curso. 
No desenho dos braços e 
pernas de um nu é preciso 
tomar certas precauções, para 
que não se desrespeite a 
proporção entre os membros 
superiores e inferiores, com 
prejuízo do conjunto; e esta é 
a razão pela qual 
aconselhamos a observar 
muito bem as medidas dos 
ditos membros em relação ao 
todo. Suponhamos a tarefa de 
desenhar um membro superior 
(figura 24). 
As figuras 25 e 26 nos 
mostram aspectos distintos do 
trabalho. Na primeira fase do 
desenho, podemos notar 
facilmente a inclinação natural 
de todo o membro superior, 
quando visto de frente: 
observe-se que os desenhos 
foram inscritos em linhas 
geométricas que facilitam a 
tarefa do desenhista. Temos 
uma idéia disso no quadro que 
encerra o conjunto, o qual nos 
serve de referência, permitindo 
a linha vertical estabelecer o 
grau de inclinação da linha
oblíqua que, partindo do 
ombro, atinge a articulação do 
pulso. Temos uma idéia disso 
no quadro que encerra o 
conjunto, o qual nos serve de 
referência, permitindo a linha 
vertical estabelecer o grau de 
inclinação da linha oblíqua 
que, partindo do ombro, atinge 
a articulação do pulso. 
As linhas oblíquas 
citadas, que abrange o 
conjunto formado pelo braço e 
pelo antebraço, nos ponta 
claramente as características 
do membro superior muito 
embora o braço forme um 
ângulo obtuso com o 
antebraço. Na primeira das 
figuras como se pode ver, foi 
traçado um eixo central no 
braço e o outro no antebraço; 
estes eixos ocupam o lugar 
correspondente aos ossos: O 
úmero para o braço, e o 
cúbito e o rádio para o 
antebraço. Cumpre ter em 
mente que os ossos do 
antebraço são mais curtos que 
o osso do braço, e que por 
esse mesmo motivo a medida 
do braço é sempre maior que 
do antebraço. 
Como o leitor pode 
facilmente advertir, traçamos 
uma série de linhas que 
cruzam o braço e o antebraço 
da esquerda para a direita, 
com o fim de subdividir a 
massa geral; para que estas 
medidas sejam realmente 
úteis, convém compará-las, na
qualidade de medidas de 
largura, com o comprimento 
total do membro superior, 
quando estivermos 
desenhando os braços 
isoladamente. 
Quando pretendermos 
desenhar os braços, e estes 
fizerem parte do conjunto que 
desejamos reproduzir, por ser 
uma parte do nu, levaremos 
muito particularmente em 
conta que as diversas linhas 
traçadas perpendicularmente 
ao eixo do braço e do 
antebraço prestam um grande 
serviço o estudante, ensinando 
a comparar as diversas 
medidas de largura com o que 
estabelecemos ao mesmo 
tempo a espessura da zona 
em que se cruzam as linhas. 
No que se refere ás medidas 
de distância entre umas e 
outras, recomendamos 
compará-las sempre com a 
medida da cabeça do mesmo 
modelo, a fim de fugir a 
especulações científicas que 
poderiam, traduzir-se em 
complicações na tarefa do 
desenho. Por isso dizemos 
verbi gratia, que entre a 
articulação do ombro e de uma 
cabeça é um terço; por 
conseguinte, dividindo-se este 
espaço em duas partes iguais, 
estabeleceremos outras linhas 
divisórias, que nos fornecerá 
um ponto de referência em 
relação á axila, nos casos em 
que o braço se apresenta 
pendido. Da mesma maneira 
se estabelece à grossura deste 
no lugar em que a forma entra 
pela inserção do músculo 
deltóide que forma o ombro.
No antebraço, vê-se 
outra linha perpendicular ao 
seu eixo; ela determina a 
maior largura da região. Outra 
linha semelhante se encontra 
na articulação do pulso: linha 
estas, ambas, que a um só 
tempo nos indicam a largura 
do lugar em que se encontram 
e nos convidam a refletir sobre 
as espessuras de cada uma 
das regiões que elas 
assinalam, conduzindo-nos 
destarte á noção de que a 
forma humana deve, ser vista 
em suas três dimensões, para 
poder ser representada 
plasticamente na tela ou na 
escultura. Se aos fragmentos 
referidos acrescentarmos a 
mão, teremos três medidas da 
cabeça, a contar da axila até o 
dedo médio da mão aberta. 
ESTUDO DE FRAGMENTOS: 
Membros Inferiores 
Para determinar as 
medidas da perna procedemos 
tal como o fizemos em relação 
aos braços, isto é, se 
tomarmos o total do membro 
inferior, compreendendo a 
coxa, a perna e o pé, teremos 
quatro vezes a medida da 
cabeça, a contar do relevo que 
apresenta o trocanter maior do 
fêmur até a planta do pé. Estas 
medidas podem, em seguida, 
ser subdivididas do seguinte 
modo: duas medidas da 
cabeça do plano em que se 
apóia um pé até a rótula, e 
outras duas medidas da 
cabeça a contar da rótula até o 
trocanter maior do fêmur. 
As figuras 27, 28 e 29 nos 
mostram o membro inferior 
visto, assim como o braço,
em suas três fases evolutivas. 
Na primeira das citadas 
figuras vê-se o membro inferior 
na etapa inicial do desenho, 
isto é na fase puramente 
geométrica; na fase seguinte 
se esboçam as massas 
principais do claro-escuro e 
por fim, na terceira fase, se 
apresenta completamente 
acabado o claro-escuro, 
podendo-se então observar, 
bem definidos, os planos de 
luz, as meias-tintas, e as 
sombras mais intensas que 
modelam a forma. 
Na primeira das 
ilustrações citadas vemos que 
o membro inferior está inscrito 
num retângulo vertical, no qual 
foram traçadas linhas oblíquas 
que cercam, em toda a sua 
extensão, o membro inferior, 
como que o envolvendo numa 
espécie de caixa; pelo centro 
do membro inferior foi traçada 
também uma linha obliqua que 
termina no pé, em forma de 
triangulo, a qual nos dá 
imediatamente uma idéia da 
arquitetura deste. Uma vez 
traçadas as linhas oblíquas já 
citadas, ocuparemos em 
desenhar uma série de linhas 
horizontais que dividem a coxa 
e a perna em diversos lugares; 
uma destas medidas indica a 
articulação do joelho, as 
demais assinalam a maior ou 
menor largura da coxa, 
conforme seja necessário para 
compreender o 
desenvolvimento da forma 
nessa região.
A perna oferece as 
mesmas características: 
vemos que nela foram 
traçadas linhas que 
determinam a largura máxima 
da forma na barriga da perna; 
e de igual modo se indica a 
largura que tem ela na sua 
articulação com o pé. Estas 
divisões nos permitem traçar 
as linhas curvas que exigem 
os relevos, tanto os da coxa 
como os da perna. Cabe aqui 
recordar que à distância que 
medeia entre as ditas linhas 
nós obteremos sempre 
recorrendo á medida da 
cabeça do mesmo modelo; e 
insistimos em que tais medidas 
se devem tomar usando 
sempre como módulo a 
cabeça do mesmo modelo, 
porque acreditamos estar 
assim prestando um grande 
serviço ao estudante, 
poupando-lhe a investigação 
de numerosos cânones usados 
deste a antiguidade. Parece-nos 
muito mais fácil tomar o 
modulo da cabeça do próprio 
modelo, porque deste modo se 
lhe irá acentuando as
características, visto que os 
cânones antigos sempre 
serviram de preferência para 
determinar um tipo ideal, 
atendendo ás concepções 
estéticas de cada uma das 
épocas históricas. 
Na figura seguinte 28 
temos a coxa, a perna e o pé 
com a indicação sintética de 
seu claro-escuro; 
Nesta segunda fase foram claramente separadas as massas de luz 
e as sombras mais intensas, reservando-se para a terceira etapa 
(figura 29) o acréscimo das meias-tintas, bem como o reforço das 
sobras mais intensas, de maneira a deixar bem nítida o modelado.
Não se esqueça, além 
do mais, de que o sombreado 
deve ser trabalhado de modo 
que os relevos tenham sua 
expressão própria, procurando 
dar-se unidade aos planos 
com o auxílio das meias-tintas. 
Se observarmos essas regras 
do sombreamento, evitaremos 
o aspecto desagradável que 
tem as formas humanas 
incorretamente representadas 
em certos quadros ou 
esculturas, nos quais o autor 
arredonda todo o modelado, 
como se estivesse 
configurando cilindros. De fato 
talvez não se conheça nada 
mais inexpressivo do que uma 
perna ou um braço com o 
aspecto de um cilindro, sendo 
certo que tal defeito denota no 
autor do desenho uma falta de 
compreensão da forma, que é 
de ser expressiva e em caso 
algum provoca a sensação da 
redondeza completa. Toda 
forma tem sempre, ao lado do 
seu plano arredondado, um 
plano que pode ser reto ou 
apenas curvo, resultado da 
combinação de ambos o seu 
equilíbrio perfeito, que é uma 
das causas da riqueza da 
obra. Da expressividade de 
cada traço resulta, afinal, a 
expressividade da obra no seu 
todo.
NOÇÕES ACERCA DA ANATOMIA E 
PROPORÇÕES DO CORPO HUMANO 
Ao entrar no estudo da anatomia artística, devemos dizer 
que o tema será apenas artístico, devemos dizer que o 
tema será apenas superficialmente tratado, porque para 
aprofundá-lo precisaríamos de um espaço enorme, que, 
como já ficou dito, aqui nos falta. Não obstante, 
abordaremos a matéria por entendermos que o seu estudo, 
mesmo ligeiro, é imprescindível á realização de desenhos 
com um sentido plástico superior. Apreciamos, para 
começar, as figuras 30 e 31. 
Nelas podemos notar uma identidade construtiva com os 
modelos de nus apresentados anteriormente. 
Apresentamos uma vista anterior e outra posterior, com o 
fim de dar ao leitor uma idéia geral da construção interna 
do corpo humano. Em certas regiões assinalamos, de 
propósito, a situação dos ossos, para que as pessoas
interessadas nessas disciplinas possam observar com 
facilidade a posição ocupada pelos mesmos dentro da 
massa muscular, demonstrando ao mesmo tempo em que 
são precisamente os ossos que, formando o esqueleto 
humano, nos dão as proporções entre si. 
Para não confundir o leitor procuramos simplificar-lhe a 
tarefa, poupando-lhe penosas buscas científicas; por isso 
repetimos o conselho dado em parágrafos anteriores: deve-se 
usar a medida da cabeça, isto é, sua altura, para que 
nos sirva de modulo. E o repetiremos tantas vezes quanto 
nos pareça necessário. Neste caso veremos que a figura 
anatômica apresentada mede sete cabeças e meia. 
Existem modelos, do tipo chamado longilíneo, que medem 
até, de altura, oito vezes a medida da cabeça. A figura que 
estamos apreciando pode ser classificada como do tipo 
mesolíneo; além destes dois existe um terceiro tipo 
humano, de baixa estatura, chamada brevilíneo. 
Voltando ao nosso modelo anatômico, vemos que foi 
construído tomando-se a cabeça como modulo ou unidade 
de medida. Podemos assim observar que a segunda 
medida da cabeça chega aos peitorais, a terceira atinge o 
umbigo, uma quarta chega ao músculo que passa por baixo 
do trocanter maior do fêmur, uma quinta nos indica o ponto 
situado acima do joelho. Daqui toma a sexta medida, que 
vai dar na barriga das pernas, atingindo a sétima um ponto 
acima dos tornozelos, e completando-se a altura total do 
corpo com uma medida correspondente a meia cabeça, a 
qual termina no plano de apoio dos pés.
Nelas podemos notar uma 
identidade construtiva com os 
modelos de nus apresentados 
anteriormente. Apresentamos 
uma vista anterior e outra 
posterior, com o fim de dar ao 
leitor uma idéia geral da 
construção interna do corpo 
humano. Em certas regiões 
assinalamos, de propósito, a 
situação dos ossos, para que 
as pessoas interessadas 
nessas disciplinas possam 
observar com facilidade a 
posição ocupada pelos 
mesmos dentro da massa 
muscular, demonstrando ao 
mesmo tempo em que são 
precisamente os ossos que, 
formando o esqueleto humano, 
nos dão as proporções entre 
si. 
Para não confundir o leitor 
procuramos simplificar-lhe a 
tarefa, poupando-lhe penosas 
buscas científicas; por isso 
repetimos o conselho dado em 
parágrafos anteriores: deve-se 
usar a medida da cabeça, isto 
é, sua altura, para que nos 
sirva de modulo. E o 
repetiremos tantas vezes 
quanto nos pareça necessário. 
Neste caso veremos que a 
figura anatômica apresentada 
mede sete cabeças e meia. 
Existem modelos, do tipo 
chamado longilíneo, que
medem até, de altura, oito 
vezes a medida da cabeça. A 
figura que estamos apreciando 
pode ser classificada como do 
tipo mesolíneo; além destes 
dois existe um terceiro tipo 
humano, de baixa estatura, 
chamada brevilíneo. 
Voltando ao nosso 
modelo anatômico, vemos que 
foi construído tomando-se a 
cabeça como modulo ou 
unidade de medida. Podemos 
assim observar que a segunda 
medida da cabeça chega aos 
peitorais, a terceira atinge o 
umbigo, uma quarta chega ao 
músculo que passa por baixo 
do trocanter maior do fêmur, 
uma quinta nos indica o ponto 
situado acima do joelho. Daqui 
toma a sexta medida, que vai 
dar na barriga das pernas, 
atingindo a sétima um ponto 
acima dos tornozelos, e 
completando-se a altura total 
do corpo com uma medida 
correspondente a meia 
cabeça, a qual termina no 
plano de apoio dos pés. 
EQUIVALÊNCIA ENTRE AS MEDIDAS 
DAS PARTES ANTERIORES E 
POSTERIORES. 
É fácil observar que 
entre as medidas de cabeça 
da parte anterior e as mesmas 
da parte posterior do corpo 
humano há coincidências 
muito notáveis. Assim, por 
exemplo, a linha que limita o 
segundo espaço na figura vista 
de frente, ou seja, a que toca o 
peitoral, coincide com a 
amoplata na figura posterior; e 
prosseguindo nesta ordem 
comparativa vemos que a 
terceira linha traçada na figura 
anterior, e que passa pelo 
umbigo, coincide com a parte 
alta da pélvis na figura 
posterior. 
Uma medida da cabeça 
tem também a altura total da 
pélvis, pois vemos que sua 
medida coincide com a linha 
que marca a quarta divisão na 
parte anterior, de modo que 
esta medida assinala, por
baixo, a região glútea. 
Chegado a este ponto, deter-nos- 
emos um pouco para 
explicar o seguinte: dividindo-se 
em duas partes iguais o 
quarto espaço, e traçando-se 
uma linha paralela, veremos 
que esta coincide com o centro 
do corpo, ao mesmo tempo em 
que, de ambos os lados, 
assinala a parte superior do 
trocanter maior do fêmur e 
divide os glúteos em duas 
partes iguais. 
Se tomarmos está última linha 
como ponto de partida para 
marcar novas medidas de 
cabeça, poderemos observar 
que duas cabeças abaixo 
ficam o ponto de articulação 
dos joelhos. Isto equivale a 
dizer que, para bem 
proporcionar um modelo, 
cumpre ter em mente que 
entre o trocanter maior do 
fêmur e a articulação do 
joelho, vão duas medidas de 
cabeça. Prosseguindo, 
veremos que tem também 
duas medidas de cabeça à 
distância que vai do joelho á 
planta do pé; de sorte que, se 
subdividirmos estes espaços, 
teremos a localização exata 
dos múculos gemelos que 
formam a barriga da 
perna.Com as medidas que 
acabamos de estudar temos 
assegurado as proporções do 
modelo, no que se refere á sua 
altura. Agora cuidaremos de 
comparar as mesmas medidas 
de cabeça com a largura do 
modelo, e veremos, então, que 
a largura entre os ombros é 
igual a duas medidas de 
cabeça; sendo de uma cabeça 
e meia, na pélvis, entre um 
trocanter e outro. 
No tocante ás medidas 
proporcionais dos braços, 
vêem que os mesmos medem 
três cabeças e uma fração; as 
medidas colocadas sobre a 
linha auxiliar que parte da 
borda inferior da articulação do 
braço com o ombro e alcança 
o dedo médio nos dizem 
claramente que o braço é 
anatomicamente mais largo 
que o antebraço. Quanto a 
essas medidas que 
oferecemos ao leitor, 
repetimos uma vez mais o 
conselho já dado já dado: não 
as devemos usar á maneira de 
cânon rigoroso, mas, antes, 
como guia para estabelecer a 
relação que existe entre elas e 
o modelo vivo, e das quais nos 
valemos no momento de 
realizar uma obra. Do contrário 
cairíamos no erro de desenhar 
todos os modelos coma as
mesmas proporções. Isto, por 
outro lado, privaria a nossa 
produção de variedades, o que 
está em desacordo com os 
ensinamentos da natureza, 
cuja riqueza é infinitamente 
variada. 
Outra observação digna 
de registro é a que se refere á 
relação existente entre as 
medidas do corpo feminino, e 
as do corpo masculino. É sem 
dúvida muito notável a 
diferença de medidas entre as 
formas de ambos os sexos. 
Conhecidas estas estarão 
aptos a desenhar ambos os 
tipos de nus, dando a cada um 
as suas características 
próprias, evitando, ao mesmo 
tempo, o aspecto híbrido de 
certas figuras.
A MULHER E A BELEZA DA 
GRAÇA. 
O HOMEM; BELEZA 
NO ASPECTO DE SUA FORÇA. 
Muito se tem discutido por causa da beleza. Há quem 
diga que a mulher reúne em si a beleza mais pura; mas há 
também quem afirme que o homem é mais formoso, 
porque em toda a escola zoológica o macho é sempre mais 
vistoso, na sua plumagem, galhardia, etc. Na realidade, 
essas descrições estéticas não nos levam a parte alguma, 
parecendo-nos, antes, de certo modo absurdas. Ao nosso 
ver, há um princípio estético superior, que assim podemos 
exprimir: a beleza da mulher representa a graça sobre a 
terra, representando o homem, em compensação à beleza 
da força. Vale dizer, pois, que cada um tem a sua própria 
beleza, e que ambos se completam, sem admitir 
comparações impróprias.
Haveria de ser muito desagradável um quadro ou uma 
escultura cujo autor houvesse emprestado ás mulheres um 
caráter varonil, ou vice-versa. Tal aberração seria 
repudiada pelos nossos sentimentos normais, que 
reclamam sempre a verdade na sua própria natureza. 
Em virtude destes princípios estéticos, vejamos quais 
são as características dominantes em cada sexo. O nu 
feminino, quando bem proporcionando, demonstra-nos, por 
exemplo, que a largura dos ombros é quase igual à largura 
da pélvis, podendo ser um pouco maior ou um pouco 
menor, conforme o gosto do artista. Em troca, o nu do 
homem nos indica claramente, desde o desenho das 
figuras egípcias, que este tem os ombros muito mais largos 
que sua própria pélvis; de maneira, portanto, que estes 
termos de comparação não admitem a menor dúvida. 
Outra característica de ordem geral, que se pode 
observar no corpo feminino, além daquelas elementares, 
cuja forma o instinto natural nos revela, é a de ser a pele da 
mulher mais grossa, e o seu tecido adiposo envolvente dar 
ao modelado exterior uma aparência mais voluptuosa. 
Características estas que, acrescentadas á redondeza do 
pescoço, ou ao pequeno tamanho de sua rótula, que no 
modelado faz o joelho feminino parecer mais graciosos e 
suaves, estão em oposição ás formas do homem, que tem 
os músculos mais acentuados, em virtude de ser a sua pele 
mais delgada em todo o corpo; em cujo pescoço avulta o 
relevo da cartilagem tireóide, vulgarmente chamada pomo-de- 
adão; e em cujo joelho logo se descobre que é maior o 
volume da rótula. Estas pequenas coisas fazem com que o 
modelado do nu masculino seja mais anguloso, de 
músculos mais altos, em virtude da posição da clavícula, 
etc.
A PRESENÇA DE CERTOS OSSOS E 
MÚSCULOS 
Destacamos alguns ossos que formam o esqueleto humano, 
nos quais se hão de apoiar os músculos que á maneira de 
revestimento desse maravilhoso edifício humano, determinam as 
formas exteriores. Recordemos que os ossos além de dar-nos a 
armação, fazem às vezes de alavancas que são movidas pelos 
músculos, representando este a força. Ditos músculos são estriados 
ou voluntários e obedecem a ás ordens emanadas do sistema 
nervoso central. Os ossos determinam ainda as proporções do 
corpo humano. Conhecendo os ossos e a posição que ocupam, 
será mais fácil construir e proporcionar as formas de um nu. Na 
cabeça, por exemplo, sua estrutura óssea nos diz do caráter racial, 
pois seus pômulos, fronte, maxilar, etc., são subcutâneos. 
A caixa torácica ao mesmo tempo em que protege os órgãos 
internos, serve de apoio a numerosos músculos volumosos, como 
os peitorais, dorsais, oblíquos, etc., que por seu turno servem para 
dar movimento aos braços; essa caixa torácica é sustentada pela 
coluna vertebral, que facilita todos os movimentos, por ser formada 
por pequenas peças ósseas chamadas vértebras; e estas, 
finalmente, se amalgamam, formando pela parte posterior à pélvis, 
que é mais larga na mulher, sendo mais alta no homem. Os ossos 
da pélvis servem para proteger os órgãos internos e dar apoio a 
músculos muito potentes, como os glúteos maiores, que são muito 
desenvolvidos no homem, pois são os que permitem ao ser 
humano, manter-se na posição vertical. Tais ossos, nas suas partes 
laterais, o ilíaco, e por trás, o sacro e o cóccix. Os ossos da pélvis 
recebem em sua cavidade a cabeça do fêmur, o único osso que 
sustenta a massa muscular da coxa. Este osso tem uma curvatura 
anterior que, por ser acentuada, tal como a dos sabres antigos, lhe 
imprime a convexidade anterior, que lhe é característica. O fêmur 
se torna visível por estar logo abaixo da pele no trocanter maior, 
onde tomamos as medidas para dividir o modelo em duas partes 
iguais, e também no joelho, onde aparecem os pequenos relevos de 
seus côndilos. Além disso, o joelho oferece outros relevos com a 
presença da rótula, que desliza á frente do fêmur, acompanhando 
sempre a tíbia em seus movimentos quando a perna se flexiona, 
por estar presa a está por meio do ligamento rotuliano.
A perna é sustentada por dois ossos: a tíbia e o perônio; o primeiro 
destes ossos está colocado na parte interna, e tem uma 
característica que lhe é próprio, pois embaixo mesmo da pele fica a 
sua face interna, cuja curva de concavidade interior modela a está 
de forma inconfundível. O perônio é mais delgado e termina mais 
embaixo, ao articular-se com o pé; por este motivo o movimento do 
pé, para fora, não pode ser tão amplo como o é para dentro; a tíbia 
e o perônio, além de permitirem a inserção de músculos que 
movem o pé, articulam-se com os ossos deste. 
A presença dos ossos nas articulações faz com que nestes lugares 
as formas sejam mais apertadas e as modeladas mais duras, como 
acontece nos joelhos, nos tornozelos, no cotovelo e no pulso. Como 
o fizemos ao estudar os membros inferiores, que dividimos em 
quatro partes, a saber, pélvis, coxa, perna e pé, dividirão agora os 
membros superiores, cujo esqueleto é formado pelos ossos do 
ombro, do braço, do antebraço e da mão. 
O braço pende articulando-se com a amoplata, é formado de um só 
osso, o úmero, isto é, assemelha-se nesse, particular á coxa, cuja 
arquitetura interna é formada unicamente pelo fêmur; o antebraço, 
como a perna, é formado de dois ossos: o cúbito, por dentro, e o 
rádio, por fora; a disposição de ambos estes ossos merece ser 
estudada especialmente, porque quando a mão está com a palma 
voltada para frente os ossos do antebraço são paralelos entre si; 
modificando-se, no entanto, completamente, a sua posição, se fizer 
girar as mãos. Neste caso, produz-se um movimento deveras 
notável, entre os ossos do antebraço: acontece que o rádio, 
conservando-se unido ao cúbito, na sua parte superior gira 
igualmente o seu corpo á medida que girarmos a mão, de modo que 
a extremidade inferior do cúbito aparece no lado de fora, quando a 
mão girou completamente. 
OS MÚSCULOS 
Acerca dos músculos, dizemos alguma coisa que 
consideramos fundamentais para o estudo razoável das formas. O 
esqueleto humano é completamente revestidos pelos músculos 
estriados, também chamados voluntários por obedecerem á nossa 
vontade. Dito músculos se distinguem dos involuntários, que
compõem os órgãos internos e que são lisos, isto é, não tem fibras 
que os acionem voluntariamente, tendo outra função específica. Ao 
desenhar o modelo do corpo humano devemos conhecer certos 
detalhes de sua anatomia para uso em nosso trabalho. Ocupar-nos-emos 
de maneira sumária dos músculos voluntários, por serem os 
que nos revelam os diversos aspectos da forma humana, tal como 
nos é dado vê-la exteriormente. 
MÚSCULOS DA CABEÇA 
Nos músculos estriados ou voluntários da cabeça 
distinguiremos duas categorias, e o faremos porque, é 
justamente no rosto que se manifestam os vários estados 
emotivos da pessoa. Ao redor dos órgãos dos sentidos 
estão situados os músculos mímicos, que denotam 
expressões distintas; assim, por exemplo, o músculo 
frontal, quando contraído por um estímulo, exprime a 
atenção, o assombro, etc. O zigomático maior exprime os 
estados de alegria, riso, etc., levantando a comissura dos 
lábios e aproximando-os das maçãs do rosto; o zigomático 
menor por outro lado, exprime o contrário; pois a ele cabe 
dar expressão aos estados de tristeza e ao pranto. 
Em torno dos olhos se encontram os músculos articulares, 
que exprimem, com as suas fibras superiores, a meditação, 
a reflexão, etc., e com as fibras inferiores o sorriso (como é 
bem notável no rosto da Gioconda, de Leonardo da Vinci 
músculos que compõem a boca exprimem o assobio, o 
beijo, etc).
No rosto, além destes e outros músculos dos chamados mímicos, 
encontram-se os chamados mastigadores, cuja virtude essencial é a de 
mover o maxilar inferior, apertando-o contra o superior, quando estamos 
mastigando alimentos. 
Tenha-se em mente que a boca se fecha fortemente para mastigar, mas 
antes se abre para receber os alimentos; neste caso veremos que ela se abre 
pela ação de pequenos músculos situados no pescoço, músculos que 
exercem uma função antagônica á dos mastigadores, situados nas partes 
laterais do maxilar inferior e sobre o osso, temporal. Por isso vemos que na 
frente se produz certo movimento, quando a pessoa fala ou mastiga; no 
pescoço aparecem os músculos superficiais, que pela parte anterior cobrem 
a laringe e pela posterior, as vértebras cervicais; os músculos da região 
anterior quando agem juntos movem a cabeça, fazendo-a baixar, pelo 
movimento de reflexão que lhe imprimem; por outro lado quando atuam de 
um só lado, ao contraírem-se fazem girar a cabeça para os lados opostos de 
sorte, que se contrai o músculo superficial do lado esquerdo, a cabeça gira 
para o lado direito, e vice-versa. Quando se contraem os músculos da 
região da nuca, estes fazem tombar a cabeça para trás, simultaneamente 
com o ato de realizar o movimento de extensão da mesma.
Músculos do Tronco 
No tronco aparecem os 
músculos de maior amplitude, 
que cobrem a caixa torácica, 
estando dispostos de maneira 
e poderem mover os braços 
para frente, quando estão 
contraídos os músculos 
dorsais: No ventre se encontra, 
superficialmente, um músculo 
abdominal que faz flexionar-se 
o tronco, e no dorso se acham, 
a cada um dos lados da coluna 
vertebral largo músculos que 
conversam eretos e troncos. 
Em todos esses casos vemos 
que o corpo humano pode 
realizar movimentos 
completos, graças á 
disposição dos músculos, pois 
que os da região anterior são 
antagonistas dos que se 
encontram na região posterior, 
e vice-versa, esta lei da 
natureza dispõe que uma 
região reúna os músculos 
flexores, e outra, os 
extensores, assegurando-se 
destarte o movimento 
completo, não só da cabeça, 
como do pescoço, do tronco, 
dos membros inferiores e dos 
membros superiores. 
Descrição: MÚSCULOS DO TRONCO
TRONCO: Parte do corpo 
humano, excetuados a 
cabeça, o pescoço e os 
membros; torso. Dividido em 
coluna vertebral e tórax. 
CAIXA TORÁCICA: Está 
situado no peito. Por ser um 
músculo largo, permite que 
o braço se aproxime do 
tórax. 
DORSAIS: É um músculo 
triangular, superficial, e em 
sua parte superior é coberto 
pelo músculo trapézio. É um 
músculo extensor e adutor. 
Juntamente com o músculo 
grande denteado, reveste as 
faces laterais do tórax, e 
insere-se nas vértebras, nas 
costelas e no úmero. Nos 
halterofilistas, é muito 
desenvolvido e conhecido 
como asa. 
VENTRE: 
ABDOMINAL: 
TRONCO: 
DORSO: 
COLUNA: 
VERTEBRAL: 
PESCOÇO: 
Músculos dos Membros Inferiores 
A pélvis, a coxa, a perna 
e o pé são cobertos por 
numerosos músculos, que lhes 
imprimem ação ao mesmo 
tempo em que lhes dão a sua 
forma externa. Na região 
posterior das pélvis se 
encontram os músculos mais 
volumosos do corpo humano; 
seu desenvolvimento é muito 
acentuado, pois graças á 
presença dos fortes glúteos o 
homem, genericamente 
falando, pode manter-se na 
posição vertical e ser um 
animal bípede. 
Os músculos da coxa 
estão dispostos de modo que, 
ao se contraírem, os da região 
anterior produzem a extensão 
da perna, como quando se dá 
um pontapé; e os posteriores a 
flexionam, fazendo-a dobrar-se 
contra a coxa. 
Na perna se encontram, em 
seguida, os músculos que 
atuam sobre o pé: os da 
frente dobram o pé sobre a
perna, ao passo que os de 
trás levantam o talão, e 
permitem ao modelo por 
serem na ponta dos pés. 
Os músculos do pé são 
muito numerosos e estão, na 
sua quase totalidade, situada 
nas regiões plantar, pois um 
único, do pé, propriamente, se 
encontra no dorso 
encontrando-se os demais na 
planta. 
A disposição dos 
músculos dos membros 
inferiores permite ao modelo 
assumir as poses mais 
variadas, convindo conhecer-lhe 
o mecanismo. Por 
exemplo: quando o modelo 
assume uma posição em que o 
vemos apoiar-se de um lado 
só, supondo-se que seja a 
perna direita que suporta o 
peso todo do corpo, seus 
músculos apresentar-se-ão 
contraídos do mesmo lado, ao 
passo que a perna esquerda 
estará suavemente flexionada 
e em repouso; compensando 
este movimento, veremos que 
á pélvis se levanta muito mais 
ao lado que suporta; e, por 
uma lei de equilíbrio, o corpo 
efetua um movimento 
compensatório, fazendo baixar 
os ombros precisamente no 
lado em que a pélvis se altera. 
Observe-se que somente 
são paralelas as linhas dos 
ombros e a pélvis nos casos 
em que o modelo vivo se apóia 
sobre as duas pernas, 
distribuindo por igual o peso do 
corpo. 
Músculos dos Membros Superiores 
Os músculos do ombro, 
do braço, do antebraço e da 
mão guardam certa relação 
com os dos membros 
inferiores. No ombro estão os 
músculos que cobrem a 
omoplata; formam o munhão 
do ombro e atuam sobre o 
resto do membro superior; no 
braço se encontram, pela
frente, os músculos flexores, 
entre eles o muito conhecido 
bíceps; por trás estão os 
extensores do antebraço; 
observamos que aqui os 
movimentos se realizam em 
sentido inverso do que 
estudamos em relação ás 
pernas, pois nelas a extensão 
está na face anterior, enquanto 
que o braço está na posterior. 
No antebraço estão 
situados os músculos que 
atuam sobre a mão ao mesmo 
tempo em que sobre ele; de 
maneira que acionando os da 
parte anterior permitem dobrar 
a mão. Os músculos desta se 
encontram, na sua quase 
totalidade, na palma, porque é 
com ela que realizamos os 
movimentos mais fortes, ao 
passo que no dorso da mão se 
acha apenas os que servem 
para abrir, o que não requer 
esforço algum. Daí, por tanto, 
reuniram igualmente em si 
mesmas, a planta do pé e a 
palma da mão, a quase 
totalidade dos músculos 
dessas regiões do corpo. 
Desenho de um Nu com Modelo Vivo 
Na figura 32 apresentamos um 
exemplo de como aplicar os 
conhecimentos da geometria 
para desenhar com 
propriedade um nu. 
De propósito, 
escolhemos para exemplo um 
dos mitos exercícios que os 
estudantes de belas-artes 
fazem diariamente, nas suas 
aulas de desenho de nu com o 
modelo vivo. Como se pode 
observar, o professor, no caso 
dado, compôs o modelo 
colocando-o em meio a um 
conjunto de sólidos 
geométricos. 
Com o fim de tornar mais 
interessante o conjunto, foram 
ali agrupados diversos corpos 
geométricos: prismas 
retangulares de várias 
medidas e proporções, os 
quais, ao mesmo tempo em 
que servem de apoio ao corpo 
humano, estabelecem o 
contraste necessário ao 
equilíbrio da composição. 
O desenho que estamos 
estudando nos mostra, na sua
parte inferior, um plano de 
certa amplitude: é a parte 
superior de um estrado de 
madeira onde os professores 
colocam o modelo, para que 
estudem os discípulos. 
Para dar-lhe ainda maior 
elevação, foi o modelo 
colocado sobre um prisma 
chato de madeira. Por trás 
dele se vê outro corpo 
geométrico: é um cilindro 
largo, isto é, uma coluna, a 
que se encostou outro prisma 
igual ao que serve de apoio ao 
modelo, mas colocado em 
posição diferente. No outro 
lado foi colocado também um 
sólido, a que se apóia um 
pano, que serve para unir os 
elementos geométricos, bem 
como para dar lugar ao 
traçado das linhas curvas, e 
assim estabelecer o contraste 
com as retas dos sólidos. 
Observaremos que, tanto o 
cilindro como os outros sólidos 
geométricos, ao mesmo tempo 
em que servem de apoio para 
o modelo - como no caso do 
cilindro, que á maneira de 
coluna, permite apoiar o braço 
direito - assinalam 
especialmente as linhas 
verticais, também chamadas 
linhas estáticas; o corpo do 
modelo, por seu turno, 
apresenta uma série de 
flexões, que vão marcando as 
linhas oblíquas, também 
chamadas linhas dinâmicas. 
Quando tivermos a 
intenção de dar a qualquer 
composição um aspecto 
agradável, convém estabelecer 
sempre certa equivalência 
entre as linhas, de maneira 
que as retas estejam perto das 
curvas, e vice-versa. Mediante 
esse contraste, as linhas se 
robustecem entre si. Este 
princípio fundamental das leis 
da composição tem aplicação 
constante em toda as obras de 
arte, quer se trata de quadros 
com representação da figura 
humana, quer se trate de 
paisagens, ou mesmo de 
esculturas, visto que as leis de 
equilíbrio são comuns a todas 
as artes plásticas. 
Ocupemo-nos de novo 
do desenho que nos revela a 
figura 32.
Vemos ali que o processo de sua realização oferece muita 
semelhança com todos os outros estudos realizados até este 
momento, quando, em virtude da disciplina intelectual que nos 
impusemos, chegamos ao ponto mais difícil da arte do desenho, 
como é o realizar um bom estudo do modelo vivo. Para obter um 
bom desenho deve o estudante pensar, antes de qualquer coisa na 
maneira de distribuir as massas mais importantes do conjunto, a fim 
de que não lhe ocorra, quando já estiver adiantado o trabalho, a 
desagradabilíssima surpresa de não caber a cabeça do modelo no 
papel; e isso acontece com freqüência ás pessoas que trabalham 
sem método, embora este destes tempos muito remotos e tinha 
sido aperfeiçoado pela moderna pedagogia do desenho. 
Por essa razão, aconselhamos colocar o conjunto de maneira 
harmônica, dentro da folha do papel, compreendido nele não só o 
modelo vivo, mas também os sólidos da composição apresentada 
como exemplo. 
Como se vê, o desenho foi muito bem apresentado pelo autor 
que se valeu de linhas retas para construir sua obra. Ditas linhas 
nos facilitam enormemente a tarefa, pois permitem ao mesmo 
tempo medir as partes do nu por meio de ângulos retos, e em
outros, ou ainda de obtusos, conforme a posição em que se achem 
os membros inferiores ou superiores. 
Uma das coisas que não nos devemos esquecer é colocar o 
ponto médio do nu, que em geral fica situado na altura da pélvis, se 
o modelo é de estatura da pélvis, se o modelo é de estatura 
comum. Este centro varia, se o modelo é muito baixo ou muito alto; 
mas em todos os casos convém procurar a parte média da figura, 
para traçar uma linha que nos permita ver com facilidades e as duas 
metades do modelo estão bem situadas no papel. Isto facilita muita 
a tarefa do estudante visto que seu olho ainda não tem a segurança 
necessária para abordar os conjuntos, cometendo por isso 
inúmeros erros nas proporções dos desenhos. 
Uma vez traçada a parte média do modelo, já estamos certos 
de que não nos faltará depois o papel para desenhar o resto do 
corpo, pois uma simples olhadela, calculando de antemão a 
superfície que desejamos ocupar, bastará para que o desenho 
venha a ser da medida desejada, e não de nenhuma outra. O 
contrário significaria trabalhar em desordem sendo certo que, 
quando um trabalho em desordem, sendo certo que, quando um 
trabalho se conclui numa medida imprevista não agrada nem 
mesmo ao seu autor, que só ao terminar a obra dá pela coisa. 
Portanto, devemos começar a trabalhar com método, para obter os 
desenhos na medida que nos propusemos. Assim, traçada a linha 
que marca a metade da altura do modelo, seja ela horizontal ou 
obliqua, conforme a posição das cadeiras, começaremos 
bosquejando, com linhas retas, todo o conjunto, para que, afinal, 
não venham os pés a ficar ao papel. 
O traçado do conjunto por meio de linhas retas tem a virtude 
de ensinarmos a ver a posição, tanto do tronco como dos membros 
inferiores e superiores, está mais ou menos justa. As linhas verticais 
e horizontais próximas nos indicam facilmente o grau de inclinação 
que devem ter as linhas vizinhas, que vamos traçando com o 
propósito de desenhar as formas, seja a de uma perna, seja as de 
um braço ou de outra parte qualquer do corpo humano.
Observe-se que as pernas da figura 32 foram encerradas 
dentro de linhas retas, o mesmo acontecendo com a coxa, o tronco, 
os braços, os seios, a cabeça, etc. E chegaremos assim ao 
momento, dos detalhes, na sua forma anatômica característica. A 
princípio, bastar-nos-á cuidar das medidas dos ossos, para saber 
proporcionar uma figura humana, cabendo aqui recordar que as 
proporções do corpo humano são sempre determinadas pelos 
ossos; por outro lado, os músculos dão á forma o revestimento 
externo, além de moverem os ossos quando acionados por ordem 
do sistema nervoso central, que tem sede no cérebro. 
No mesmo desenho se levantaram diversas linhas verticais 
para encerrar dentro delas a figura humana; de igual modo se 
traçaram outras linhas horizontais, que servem ao mesmo tempo 
para estabelecer certas proporções, e para graduar a inclinação a 
dar ás obliquas que as cercam. 
O trono da figura humana apresenta uma ligeira inclinação, a 
qual, em virtude da proximidade das linhas retas do cilindro e de 
outras, também vizinhas, parece maior do que é na realidade. Isto 
se deve ao contraste que com estas elas estabelecem-se. Se 
traçarmos uma linha entre a pélvis e o esterno, haveríamos de ver 
que na verdade, a inclinação do tronco é muito suave, e que parecia 
menor ainda se não estivessem perto as linhas verticais. 
Traçadas as linhas retas que, tal como uma caixa, encerra o 
tronco, procuramos encerrar da mesma maneira os membros 
inferiores, seguindo a ordem lógica: depois do torso, as coxas. As 
três linhas retas vistam na coxa direita do modelo nos indicam que 
uma delas e do centro, foi traçada com a intenção de situar o eixo, 
que neste caso representa o osso fêmur; foram traçadas em 
seguida as linhas retas que encerram a perna e o pé. As linhas 
construtivas que de modo tão simples nos dizem do grau de 
inclinação da perna demonstram que esta faz com a coxa uns 
ângulos obtusos, cujo vértice está no joelho. Isso nos permitiu 
desenhar a linha que com a forma de esse muito aberto assinalar o 
relevo da barriga da perna, o resto da perna e o calcanhar. Na parte 
anterior procede-se da mesma maneira, indicando sempre os
acentos principais da forma. E de modo igual procedemos com o 
pé. 
Temos já apresentadas as massas principais de uma estátua, 
ou de um nu de modelo vivo. A propósito do desenho de estátuas, 
julgamos muito conveniente alternar os estudos do modelo vivo com 
os de diversas estátuas. Achamos de grande utilidade este 
exercício, contanto que não cheque a fatigar o aluno, que em geral 
prefere desenhar o modelo vivo. Quando uma pessoa deseja 
desenhar uma estátua qualquer, deve agir tal como age ao 
desenhar o modelo vivo, razão pela qual nos estendemos em 
explicações já dadas ao ser apreciado este problema. 
Apresentamos, como dizíamos as massas principais do 
modelo, de sorte que agora nos podemos dedicar ao desenho mais 
detido do nu. 
Estando já resolvidas as massas maiores e de mais difícil 
apresentação, tratamos de desenhar melhor a cabeça, sim 
pormenorizá-la, mas apenas resolvendo a por meio de grandes 
planos, tal como se fosse um braço ou uma perna, encerrando-a 
também, geometricamente, em linhas retas. 
Observemos também a linha reta que une os ombros 
obliquamente. Em seguida, a vertical que passa pelo centro do 
esterno e alcança o ponto chamado de forquilha (do mesmo osso), 
onde se vão unir importantes músculos do pescoço. Seguindo o que 
aprendemos em nosso exercício de desenho construtivo, podemos 
observar que uma linha vertical foi traçada com o fim de estabelecer 
a saliência da cabeça. Uma oblíqua indica a inclinação do pescoço, 
e outras assinalam os contornos da massa dos cabelos, a posição 
da maxilar inferior, a inclinação do rosto o perfil do nariz, etc. 
Uma vez colocada à cabeça no seu devido lugar, cuidaremos 
de colocar os braços. Vejamos, por exemplo, o braço direito do 
modelo: está apoiado sobre a parte superior da coluna cilíndrica; o 
plano de apoio é horizontal o que nos permite comparar a 
obliqüidade das linhas que á maneira de uma caixa encerram o 
braço: a articulação do cotovelo coincide com a linha vertical 
levantada em prolongamento de uma das arestas do prisma
colocado à direita da coluna cilíndrica em que se apóia o braço 
referido. Traçaremos depois as linhas que encerram o antebraço, 
observando constantemente que este é sempre mais curto que o 
braço, tal como o determina a sua construção óssea interna. 
Desenharemos a seguir, também de forma muito simples, a mão 
direita, que está entrelaçada com a esquerda. O braço esquerdo 
está encerrado dentro de linhas retas em posição oblíqua. Segue-se 
o antebraço resolvido nas mesmas condições. Observe se que a 
partir da articulação do cotovelo esquerdo, foi baixada uma linha 
vertical que coincide com o joelho direito, ao mesmo tempo em que 
se projeta até a base para indicar o prumo; em compensação, na 
articulação da mão esquerda com o antebraço foi traçada uma linha 
reta em posição horizontal, que serve para delimitar espaço 
servindo também de referência para as obliquas vizinhas. 
Aqui fazemos uma advertência: caso se queira desenhar um 
nu que ocupe totalmente o papel, sem o recurso de o compor com 
outros corpos sólidos, procederemos como ficou dito, quanto á sua 
apresentação, isto é, dividiremos a altura do modelo em duas partes 
iguais e o encerraremos em linhas geométricas simples, 
acostumando-nos destarte a construir o desenho prescindindo de 
qualquer detalhe que nos possa distrair. 
Convém fixar de antemão a medida em que se deseja realizar 
o desenho do modelo de nu, para que não venha ele a ser 
concluído em proporções inesperadas. Basta, para isso, além do 
sistema de centralização por meio de diagonais, reservar um 
espaço conveniente na parte inferior e outro um pouco menor na 
parte superior do desenho. É preciso não esquecer que o espaço 
livre do papel tem também uma função importante dentro do 
conjunto. Procuraremos ter o máximo cuidado de evitar espaços 
livres excessivos, a fim de não prejudicar a importância e o efeito do 
modelo.
COMPOSIÇÃO DE UM MODELO DE NU 
COM O AUXÍLIO DE CORPOS 
GEOMÉTRICOS 
Achamos bastante conveniente a colocação de um corpo 
geométrico qualquer ao lado do modelo vivo. Isso é de grande 
utilidade, pois acostuma o estudante a trabalhar tendo sempre em 
vista as formas invariáveis dos corpos geométricos e as infinitas 
variações das diversas partes do corpo humano. 
Igualmente contribuem os prismas, cubos, etc., com a sua 
perspectiva, para dar a idéia da terceira dimensão. Mas tem uma 
função mais importante: ajudam a compor um conjunto. 
OUTRO EXEMPLO DE DESENHO DE UM 
NU COM MODELO VIVO 
Na fase inicial deste desenho de um nu com modelo vivo 
apresentamos a figura 33. 
Nela estudamos as leis gerais que 
regem a apresentação de qualquer pose. 
Bem compreendidos os princípios 
estabelecidos sobre esse ponto, 
estaremos em condições excelentes 
para realizar inúmeros trabalhos, com a 
certeza de que a apresentação das 
diversas poses será satisfatória. Cabe 
recordar, neste passo, o poderoso 
auxílio que representam, quanto a esse 
aspecto do desenho as linhas auxiliares 
construtivas, que atendem ás
necessidades de cada pose. 
No tocante á apresentação de um nu procuramos apreciar 
distintas fazes da operação. Por isso indicamos expressamente 
como proceder para apresentar bem um desenho de nu, valendo-nos 
para isso de uma pose da figura humana em pé e de outra na 
qual o modelo aparece sentado, como se vê na figura 34. 
O desenho mostra-nos uma composição plástica interessante: 
os elementos que integram são dois prismas de madeira 
superpostos em escada. Ditos prismas servem, o mais alto, de 
assento, e o outro, colocado 
sob aquele, de apoio para os pés 
do modelo, o que permite variar a 
posição dos membros 
inferiores. Recordaremos 
que na realização do desenho 
anterior foi-nos de suma utilidade o 
auxílio da geometria. 
Traçamos as linhas verticais, 
horizontais, obliquas, etc., que 
vão indicando a verdadeira 
direção de todas as partes que 
compõem o corpo humano. Faremos o mesmo no caso presente. E 
assim ficará concluída a primeira fase do desenho; essas linhas, 
como já dissemos, serve-nos de guia no desenho exato de qualquer 
pose. 
Em primeiro lugar, temos na parte inferior desse conjunto o plano 
muito amplo oferecido por uma grande caixa de madeira, sobre o 
qual o modelo, apóia o pé direito. Esta grande superfície horizontal 
se distingue dos planos verticais, em número de dois, que fazem 
ângulo e servem de fundo ao conjunto, por meio das linhas daquele, 
que se distingue em baixo, á esquerda, inclinando, dando-nos, pela 
sua perspectiva, a idéia de sua colocação e ao mesmo tempo o 
efeito da terceira dimensão, e a horizontal que corre paralela á 
borda do papel, de mostrando assim que o plano vertical está 
exatamente em frente ao desenhista.
Da perfeita situação desses três planos depende em grande parte 
o bom resultado do desenho, pois eles nos são de grande utilidade 
para situar o modelo, máximo neste caso em que estando ele 
sentado, apóia as costas num deles. 
Antes de começar a desenhar um modelo, devemos observá-lo 
atentamente durante longo tempo. Ao será tempo perdido; ao 
contrário. Compenetrar-nos-emos assim de suas principais 
características, de maneira que, quando começamos a reproduzi-lo 
no papel uma idéia geral. 
Isso não acontece se, á medida que vamos desenhando, 
estudamos pedacinho por pedacinho, detalhe por detalhe. 
Esse estudo preliminar aplicado ao modelo presente nos permitirá 
descobrir que o todo está compreendido, aproximadamente, dentro 
de uma figura geométrica: um retângulo. Vejamos agora que 
proporções têm essa figura: se sua base é maior que sua altura, ou 
vice-versa. Na realidade, podemos comprovar que a largura da 
base, tomada deste o vértice, esquerdo do prisma inferior até as 
pontas do pé direito, esta compreendida quase duas vezes na altura 
completa do modelo, tomada esta deste o vértice do prisma que 
temos em primeiro plano até a parte superior da cabeça. 
Esses retângulos, básicos para a execução do desenho podem 
traçá-lo na medida que mais nos agrada, para o efeito final do 
trabalho; o importante é que mantenha relação com a proporção do 
modelo que vamos copiar, pois tão correto pode ser um desenho 
em tamanho natural quanto reduzido á metade, á quarta parte, ou a 
qualquer outra medida, sempre que, por exemplo, o comprimento 
das pernas esteja em proporção ao torso, aos braços, etc., e que 
não venham às mãos a ficarem maiores do que a cabeça, os braços 
desproporcionados, etc. Todos estes erros se evitam, pois, 
estabelecendo no começo as proporções gerais da largura e altura 
totais, e encerrando o conjunto, como o fizemos anteriormente no 
caso dos gessos, dentro de figuras geométricas. 
É natural que, conforme seja o tamanho da figura geométrica, seja 
também diferente o espaço de papel que fique em branco. Por isto, 
ao decidir sobre o tamanho da figura dentro da qual vamos efetuar
o desenho, devemos ter o cuidado de colocá-la harmoniosamente 
na folha. Isto o fará ou por meio de diagonais - como já explicamos 
em quase todos os trabalhos anteriores ou simplesmente deixando 
na parte baixa do papel um espaço um pouco maior do que o que 
ficará na parte superior do mesmo, acima da cabeça. Quanto á 
colocação em relação á largura da folha, o mais conveniente será 
situar a figura no centro, calculando os pontos mais salientes e as 
massas mais importantes do conjunto. Neste caso, por exemplo, 
como toda a massa dominante se encontra na metade esquerda do 
conjunto, não colocaremos o triângulo mais á direita. Isto faz com 
que o espaço do papel em branco restante, diante do rosto, não 
seja demasiado, o que é um modo de dar força e interesse á 
cabeça. O pé direito - apesar de estar compreendido dentro do 
triangulo isósceles que forma o conjunto - sai fora do bloco mais 
compacto constituído pelo corpo humano e os sólidos geométricos, 
por esta razão não o consideramos mais do que um apêndice 
dentro do conjunto total, mesmo porque o seu pequeno volume não 
se pode comparar com a massa de grandes proporções do tronco. 
O fato de a distância restante entre ele é a borda do papel ser 
menor que o espaço que vai da aresta vertical esquerda do prisma 
até o outro extremo da folha, não prejudica, ao contrário, favorece o 
conjunto. Assim se obterão o perfeito equilíbrio de todos os 
espaços. 
DIVISÃO GEOMÉTRICA DO MESMO 
CONJUNTO 
Como já dissemos, a base desse retângulo está 
compreendida, quase duas vezes a altura total do mesmo. 
Traçamos dentro dele um eixo vertical, e com uma linha horizontal 
dividiremos sua altura em dois setores perfeitamente iguais. 
Verificaremos destarte que a linha primeira traçado passa por cima 
do dedo polegar da mão esquerda do modelo, que segura o pulso
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Curso de Desenho e Pintura Resumido

  • 1. Apostila para o Curso de Desenho e Pintura Resumida Curso de Desenho e Pintura Essa apostila é destinada para o blog: http:alesfester.blogspot.com, com o objetivo no auxílio para o curso de desenho e pintura particular Fester, Alexandre 13/3/2010
  • 2. Índice: Os primeiros passos para aprender a desenhar Os modelos em gesso As três fases principais do desenho de um gesso. Os seis estágios de um desenho As leis do claro-escuro Desenho da flor-de-lis com modelo em gesso. Desenho de um ramo de louro com modelo em gesso. Noções para o desenho do natural. Desenho de ânforas As linhas sensíveis Estudo de uma cabeça em gesso de forma simplificada Como desenhar uma cabeça do natural em diversas posições Cabeça de perfil Desenho de uma cabeça com modelo vivo Como devem ser tratados os fundos Estudos de fragmentos: Estudo de fragmentos: Noções acerca da anatomia e proporções do corpo humano Equivalência entre as medidas das partes anteriores e posteriores. A mulher e a beleza da Graça. O homem; beleza
  • 3. No aspecto de sua força. A presença de certos ossos e músculos Os músculos Músculos da cabeça Músculos do tronco Descrição: músculos do tronco Músculos dos membros inferiores Músculos dos membros superiores Desenho de um nu com modelo vivo Composição de um modelo de nu com o auxílio de corpos geométricos Outro exemplo de desenho de um nu com modelo vivo Divisão geométrica do mesmo conjunto Equivalência das linhas Outras noções para o desenho de um nu Apresentação dos corpos sólidos e do nu segundo os Diferentes pontos de vistas Os problemas do claro-escuro Terceira fase de um desenho de nu Perspectiva cônica Perspectiva isométrica; Introdução a cor óptica geométrica Fontes de luz e velocidade da luz A natureza da luz Reflexão
  • 4. Iluminação Cor Cores quentes: Cores frias: Coordenadas cromadas Classificação círculo “r” Círculos cromáticos: Classificação
  • 5. Apostila Resumida Curso de Desenho e Pintura Os Primeiros Passos Para Aprender a Desenhar Na realidade, as primeiras lições de desenho são idênticas em todas as especialidades. Vale dizer que tanto o estudante de belas-artes como o simples desenhista amador se iniciará de igual modo, fazendo os seus primeiros estudos com modelos muito simples, de gesso, que lhes permitam, ao mesmo tempo, o adestramento da mão, cuja lentidão requer certo tempo para obedecer á mente e as observações fundamentais para o prosseguimento da aprendizagem. Para desenhar em os objetos vistos ou imaginados é preciso adestra a mão, exercitar o olho e cultivar a mente, tudo ao mesmo tempo. O primeiro cuidado do desenhista, ao iniciar um desenho, deve ser a margem e a centralização do modelo no papel. Traçam-se para isso duas linhas diagonais e uma linha vertical e horizontal no papel e assim localizadas o centro do mesmo, procede-se á distribuição harmônica das diversas partes do modelo, ou composição. Devemos convir que a boa apresentação do modelo é imprescindível, pois é sabido que um bom desenho, sendo mal apresentado perde parte de seu valor. Além disso, deve-se observar que o objeto a representar tem as suas características próprias, que se exprimem por meio de forma e da cor. “Procure não se esquecer de que o desenho sempre produz uma versão aproximada do elemento que ele está retratando,
  • 6. mesmo quando executado por alguém altamente capacitado para está arte”. OS MODELOS EM GESSO Propusemo-nos apresentar neste curso três modelos em gesso completamente distintos em suas formas, a fim de despertar maiores interesse e facilitar a compreensão das pessoas que se iniciam no desenho. Contudo, será conveniente esclarecer que em caso algum o estudante copiará diretamente os desenhos, limitando-se, ante, a tomá-los por guias no exercício do traçado geométrico, que é fundamental em todos os modelos. Pelas razões expostas, recorrerá o estudante de desenho aos ditos modelos - ou a outros - em gesso, a fim de investigar pessoalmente o traçado geométrico que lhes é próprio, e que permite caracterizá-los segundo a forma que possuam. Assim, em alguns casos o modelo poderá - subdividir-se em figuras geométricas: triângulos, quadrados, losangos, retângulos, círculos, etc. Seja como for, está provado que com este processo elementar-se assegura o bom resultado de um desenho, com enormes vantagens, que proporciona, o copiar um modelo do natural. AS TRÊS FASES PRINCIPAIS DO DESENHO DE UM GESSO. A figura 1 nos mostra um modelo em gesso que representa um limão rodeado por algumas folhas de limoeiro.
  • 7. Na primeira fase dedicar-se-á o estudante a estabelecer, tão exatamente quando possível, as proporções do modelo, para o que inscreverá o conjunto em figuras geométricas. Em seguida subdividirá este conjunto de elementos em grupos de figuras geométricas menores. E assim caminhará do todo para as partes, evitando os erros e proporções a que conduz a falta de método. O caso inverso - quando se pretende desenhar começando pelas partes para chegar ao todo - é um grave erro, porque o desenho nunca sai na medida que se deseja, o que muito desanima o desenhista. Pode-se observar que, neste modelo, o limão e as folhas foram representados sobre um plano que é quase um quadrado. Na figura 2 podemos apreciar a segunda fase do desenho do mesmo modelo, da figura 1 na primeira das fases cuidamos particularmente das proporções; na segunda passaremos ao desenho das formas do limão e das folhas com maior riqueza de por menores.
  • 8. Uma vez determinados os contornos, poderemos pensar nos contrastes de luz e sombra, ou seja, no claro-escuro do desenho, e para isso desenharemos a superfície ocupada pelas sombras mais intensas do modelo, assim como as projetadas por este sobre o fundo. A figura 3 nos mostra o desenho completo, com suas luzes e sombras terminadas. Na figura 2 havíamos iniciado o estudo do claro-escuro; indicando, aproximadamente, a superfície ocupada pelas sombras mais
  • 9. intensas; cuidaremos agora do desenho das meias-tintas, que servem de passagem entre a luz e a sombra. O desenho das tintas que compõem o claro-escuro será feito sob a forma de planos simples. Ao mesmo tempo, iremos reforçando o tom das sombras mais intensas, para ajustá-las ao modelo: assim como iremos desenhando os planos ocupados pela luz, e os seus reflexos principais. Com a precedente descrição das fazes de um desenho, fica demonstrado que todo modelo se compõe de linhas de contorno, superfícies de claro-escuro e não sendo de gesso branco, de cor. Manda a experiência que se apresente ao estudante de desenho, para os seus primeiros exercícios, modelos de gesso branco, a fim de facilitar-lhe a compreensão do claro-escuro; mas convém recordar que, em qualquer caso, o desenho de um contorno de um modelo é sempre o problema mais importante, e que dito contorno se compõe sempre de linhas retas, curvas, que bradas, mistas, etc. OS SEIS ESTÁGIOS DE UM DESENHO (1°) Estágio: São linhas de andaime, levantamento e estrutura do projeto. Centralização, organização dos espaços.
  • 10. (2°) Estágio: Construção do desenho, usando variações de linhas de luz, meias-tintas e de sombra. (3º) Estágio: Parte artesanal do desenho em que se trata de linhas de luz, meias-tintas e de sombra.
  • 11. (4º) Estágio: Estudo da luz e sombra pela leitura de suas linhas.
  • 12. (5º) Estágio: Divisão das “Grandes Massas”, em que escalas monocromáticas “usa-se o termo Claro” que em disciplina chamamos “Tom Alto” e escuro “Tom Baixo”. (6°) Estágio: São as manifestações de todos os detalhes necessários, o final dos estágios onde a pintura é recomendável.
  • 13. AS LEIS DO CLARO-ESCURO O claro-escuro (tom alto e tom baixo) de um modelo pode condensar-se em leis já muito antigas e precisas, visto que todo modelo tem plano de luz, planos de sombras próprias e planas de sombras projetadas. Com estes elementos básicos se determina o relevo de um modelo, e por isso dizemos que o relevo de um modelo constitui a essência mesma de um desenho artístico: sem ele, nada mais é o desenho que uma figura geométrica. É preciso saber sobre TONALIDADE E INTENSIDADE: Tonalidade; nuança, matiz. Intensidade; que pede aplicação intensa, por ter de se fazer em prazo curto. Associadas, porém, produzem efeitos diferentes de quando isoladas. As sombras de um modelo determinam-lhe as formas internas, e sem elas teríamos apenas o seu contorno. O conjunto formado pelos planos de luz, sombras e contornos determinam o modelo, que, com a indicação de todos os seus relevos, se nos apresenta com o seu aspecto real. A luz que se projeta sobre um modelo deve estar sempre de um lado do mesmo para que se obtenham os planos de luz, de sombra e os tons das meias-tintas, que exprimem a transição entre luz e a sombra, unindo suavemente estes extremos. Além do que ficou dito, chamaremos a atenção do
  • 14. estudante de desenho para os chamados reflexos, que são débeis luzes indiretas, cuja presença permite separar as sombras próprias de um corpo das que são por ele projetadas. Os reflexos estão sempre colocados no lado oposto ao da luz, e se acentuam porque esta se projeta sobre algum plano vizinho ao volume em que aparece essa débil luz indireta, evitando deste modo que as sombras próprias e as projetadas formem uma só mancha escura, o que daria ao desenho o aspecto de coisa plana. DESENHO DA FLOR-DE-LIS COM MODELO EM GESSO. Na figura 4 podemos observar um modelo em gesso da flor-de-lis estilizada, que ao tempo da monarquia francesa foi usada como símbolo da realeza. Na sua primeira faze, pode-se observar que o propósito do desenhista foi, sobretudo o de centralizar, no papel, o objeto a desenhar, destarte apresentando convenientemente o seu modelo. Como a flor-de-lis foi modelada sobre uma superfície redonda, que lhe serve de fundo, desenharemos o círculo, para em seguida localizar a flor. Repare-se que as três partes de que estas se compõem unam-se por uma cinta, cuja borda superior passa um pouco abaixo do diâmetro horizontal do circulo referido; por outro lado, o diâmetro vertical como que
  • 15. servem de eixo central para a distribuição harmônica das ditas partes. Podemos ver também que o modelo apresenta muitas linhas curvas; para determinar bem o grau de intensidade das mesmas, devemos compará-las constantemente com as linhas retas auxiliares mais próximas. A figura 5 nos dá a apresentação completa do modelo. Exibe já todas as suas linhas de contorno bem definidas; por isso foram apagadas, nessa fase, as linhas auxiliares que servem como diagrama. Os contornos foram apurados e, simultaneamente, esboçou-se o claro-escuro, desenhando-se as sombras principais e posteriormente as sombras projetadas. Na figura 6 observamos que o claro-escuro do modelo está completo. Nela se determinam, com a intensidade própria, os planos de luz, as sombras próprias do modelo das que ao mesmo projeta. Isso permite, ao mesmo tempo, aumentar o relevo zona em que se do modelo.
  • 16. DESENHO DE UM RAMO DE LOURO COM MODELO EM GESSO. A figura 7 representa um modelo cujas folhas de louro estão representadas sobre um plano de forma retangular, o que o distingue do modelo do limão - o da figura 1 - que foi feito sobre uma superfície quase quadrada, ou da flor-de-lis - figura 4 que se apresenta sobre um fundo circular. Na figura 7, já referida, pode-se notar que o conjunto das folhas de louro está quase totalmente inscrito numa figura geométrica muito simples, o losango, ou rombo. As linhas dos eixos do rombo servem para determinar a posição das folhas de louro e sua distribuição dentro do conjunto. Recordemos ainda uma vez que se deve partir do todo para as partes. Por isso, neste caso, uma vez desenhado as linhas do losango que encerra o conjunto das folhas, ditas figuras são subdivididas em outras menores, até chegar-se ao desenho das folhas soltas. Procedendo-se assim, pode-se ter a certeza da boa distribuição, sem correr o risco de ter que começar de novo o trabalho, apo terminá-lo. Esta é a grande vantagem desse método,
  • 17. que consiste em partir dos grupos maiores para os detalhes. De outro modo o mais provável é que o desenho resulte defeituoso. A figura 8 indica uma nova etapa do desenho. Aqui - a exemplo dos modelos anteriores - já se apagaram as linhas auxiliares que servem para a construção do desenho. Isto faz com que vejamos depuradas as linhas do contorno de cada folha. Assinalam-se, além disso, as sombras mais importantes, correspondentes a esta fase do desenvolvimento de um desenho, não só as próprias como as projetadas.
  • 18. Na figura 9 aparece o modelo completamente desenhado. Nele podemos apreciar o jogo harmônico das formas, cujos planos estão banhados pela luz, em alguns casos, e envoltos pelas sombras e meias-tintas, em outros.
  • 19. As sombras que aparecem na figura 8 foram reforçadas; e, para evitar a separação violenta entre os planos de luz e os de sombra, distribuíram-se convenientemente as meias-tintas, estabelecendo-se a suave transição entre aqueles dois extremos. NOÇÕES PARA O DESENHO DO NATURAL. Já está o leitor bem informado da grande utilidade da geometria como auxiliar no desenho de relevo em gesso. Adiante veremos como nos ajudam a desenhar cabeças em gesso, cabeças de modelos vivos, nus, ânforas, etc. Agora comprovaremos o eficaz auxílio que nos proporciona na reprodução, no papel, de elementos de botânica.
  • 20. Muitas flores, folhas, etc., podem ser perfeitamente inscritas em figuras geométricas regulares. Temos um exemplo na folha de parreira, representado pela figura A da ilustração número 10. Sua forma não pode aproximar-se mais da do pentágono que encerra; e um cacho de uvas imita geralmente a forma de um triângulo. Também a folha da figueira tem a forma de um pentágono. Outras vezes a figura geométrica é formada por várias folhas de um ramo ou galho; por exemplo, na roseira, em geral cada ramo compõe um triângulo, como se pode ver na figura B da ilustração referida. Certas variedades de roseiras têm suas pequenas folhas agrupadas em forma de pentágono (figura C). As folhas de girassol parecem um triângulo (figura D), ao passo que a flor propriamente é um círculo perfeito, tanto no cálice como na corola. A vistosa florífera anual chamada zínia ou flor-de-papel tem suas folhas encerradas num triângulo isósceles (figura E) e suas flores circulares, vistam de cima, formam um triângulo eqüilátero quando vistas de lado (figura F). Se contemplarmos com atenção as flores de cana, que conhecemos vulgarmente pelo nome de cana-do-brejo,
  • 21. verificaremos que, vistas de perfil, forma, na sua altura total, um triângulo eqüilátero (figura G). O Junquilho, essa pequenina flor de perfume tão penetrante, tem a forma de dois triângulos eqüiláteros superiores, e as três pétalas que integram um dos ditos triângulos são de conformações diferentes das que compõem o outro (figura H). As folhas do nenúfar são círculos perfeitos, de cujo centro nasce o pecíolo (figura I). Para desenhar um raminho de campis radicans (a trepadeira de vistosas flores alaranjadas ou vermelhadas em forma de corneta, que se apresentam agrupadas sob forma de racimos) traçaremos em retângulo (figura J), ao passo que para estudar um de seus pimpolhos desenharemos primeiramente um triângulo com base invertida (figura K) e, finalmente, para copiar a flor desabrochada, recorreremos também a um triangulo, mas de proporções diferentes, dada à amplitude de diâmetro da corola (figura L). No desenho de frutos, raízes, árvores, é conveniente recorrer também á geometria, para resolver os problemas de construção das figuras. Como é natural, nem todos os frutos, plantas, flores, folhas, etc., tem exatamente a forma de figuras geométricas regulares, mas a construção inicial das mesmas, com o auxílio de linhas geométricas, vem a ser um grande fator do bom êxito do desenho. A figura 11 nos dá um exemplo dessa geometrização no estudo de uma haste de cana-do-brejo desenhada do natural. No pequeno esboço que se vê a esquerda, procuramos demonstrar a geometrização inicial deste trabalho. O grupo formado pelas flores e pimpolhos ocupa uma superfície semelhante a um retângulo, um de cujos lados, prolongados, nos indica - aproximadamente - o limite superior, esquerdo da folha. A linha que, partindo do Ângulo superemos dedicar-nos ao estudo minucioso e detalhado do contorno de cada rebento, flor, etc.
  • 22. Para atingirmos esse objetivo devemos aguçar a nossa observação com a finalidade de dar a cada elemento a característica que lhe é própria: linhas retas ou linhas onduladas; rigidez nos cálices, graça nas corolas, amplitude nas folhas, etc. Fica assim suficientemente demonstrado que a proporção de qualquer modelo que nos é apresentado para o desenho pode ser sempre resolvida de modo satisfatório, se forem observados rigorosamente os ensinamentos que acabamos de dar sobre a geometrização dos espaços. A figura 8 indica uma nova etapa do desenho. Aqui - a exemplo dos modelos anteriores - já se apagaram as linhas auxiliares que servem para a construção do desenho. Isto faz com que vejamos depuradas as linhas do contorno de cada folha. Assinalam-se, além disso, as sombras mais importantes, correspondentes a esta fase do desenvolvimento de um desenho, não só as próprias como as projetadas.
  • 23. Na figura 9 aparece o modelo completamente desenhado. Nele podemos apreciar o jogo harmônico das formas, cujos planos estão banhados pela luz, em alguns casos, e envoltos pelas sombras e meias-tintas, em outros. As sombras que aparecem na figura 8 foram reforçadas; e, para evitar a separação violenta entre os planos de luz e os de sombra, distribuíram-se convenientemente as meias-tintas, estabelecendo-se a suave transição entre aqueles dois extremos.
  • 24. DESENHO DE ÂNFORAS As múltiplas aplicações da geometria nos permitem desenhar os modelos de ânforas, cujo conjunto oferecemos com seus respectivos traçados geométricos, a fim de facilitar a tarefa do desenhista. Estudá-los-emos, de propósito, sem sombras, para compreender melhor a elegância de suas linhas. A figura 12 nos mostra uma ânfora, cujo volume dominante e suas asas estão inscritos num retângulo horizontal. Depois de traçadas as diagonais no papel, para centralizar o desenho, poderão desenhar o retângulo citado. Para isso traçaremos uma linha vertical que passe pelo centro da folha, o qual é indicado pelo ponto de interseção das duas diagonais. Esta vertical nos servirá de eixo em torno do qual gira a ânfora, e permitir-nos-á desenhar com toda a correção os dois perfis do modelo, os quais, como é obvio, devem ser exatamente iguais entre si. Essa perfeição é indispensável, por tratar-se de um modelo de revolução, pois sua forma corpórea é obtida com o auxílio de um torno giratório.
  • 25. A altura do retângulo cabe, assim, aproximadamente, uma vez e meia na largura do mesmo. Obtida esta medida com exatidão, passaremos a medir o espaço que há entre a linha superior do retângulo e a borda externa da boca da ânfora. Veremos que é igual á quarta parte da largura do retângulo. Acima da boca aparece a asa da parte posterior. Este espaço, adicionado á altura do gargalo e da boca, nos dá a medida da largura desta última, a cada um dos lados do eixo, ou seja, a metade da largura total. A boca é de um diâmetro muito maior que o do gargalo; este, na sua parte mais delgada, tem apenas uma largura que cabe três vezes e meia na horizontal do retângulo inicial. Com este sistema de referencias comparativas entre as diversas partes de um todo, prosseguiremos até completar o desenho do modelo, com o seu bojo, as asas, o pé dividido em várias moldurinhas etc. Na figura 13 podemos apreciar outro tipo de Ânfora. Apesar de ser um modelo na aparência mais difícil, ser-nos-á mais fácil desenhá-lo, sobretudo no começo, por estar encerrado num retângulo muito mais fácil de proporcionar. Com efeito, é um retângulo composto de dois quadrados. A linha vertical que - como exemplo anterior -traçamos perpendicularmente a ponto de cruzamento das duas diagonais será a da união dos dois quadrados e o eixo do modelo. Bastar-nos-á traçar a horizontal na metade da altura do retângulo, a qual deve coincidi com o ponto de cruzamento
  • 26. das diagonais e da vertical, para obter com exatidão a medida da altura do pé da ânfora, bem como a do seu bojo, e ainda o lugar de união destes dois setores do mesmo modelo. Basta-nos traçar a horizontal na metade da altura do retângulo, a qual deve coincidir com o ponto de cruzamento das diagonais e da vertical, para obter com exatidão a medida da altura do pé da ânfora, bem como a do seu bojo, e ainda o lugar de união destes dois setores do mesmo modelo. O diâmetro menor do pé cabe duas vezes e meia a sua altura, e a largura total da base é igual á terça parte da largura do retângulo. Na parte superior da ânfora notamos dois setores de características bem diferentes; m, encerrado entre duas linhas retas horizontais, e o outro terminado em forma quase semicircular, o que traduz o fundo côncavo do modelo. A altura destes dois setores não é uma só, como a primeira é um pouco menor que a inferior, sendo a medida de sua altura igual ao espaço existente ao dois lados da boca, deste a borda desta até o ponto mais saliente das asas. Embora pareça impossível, as ânforas das figuras 14 e 15 estão inscritas dentro de uma figura geométrica: um retângulo formado pela união de três quadrados iguais. Começaremos estudando a exemplo da ilustração 14. A linha vertical traçada no centro do papel assinala a metade do quadrado central e é o eixo da ânfora. A largura total desse quadrado é igual á largura máxima da base. Esta, na sua altura total, corresponde á quarta parte da altura do retângulo em duas
  • 27. partes iguais nos indica o nascimento das asas, que quase atinge o ângulo superior em ambos os lados. Uma vez mais marcamos a quarta parte da altura do retângulo, mas agora na parte superior do mesmo. Com isto teremos estabelecido o lugar que ocupa a horizontal divisória dos dois espaços maiores do modelo que estamos estudando, assim como o nascimento das asas na sua parte superior. A distância entre a linha vertical do retângulo e o extremo da boca cabe aproximadamente cinco vezes no diâmetro desta. Para desenhar a ânfora da figura 15 tomaremos o papel em sentido vertical. Traçadas as diagonais, marcamos, com o auxílio de uma linha vertical, a metade justa do papel. Como nos exercícios anteriores, esta nos servirá não só pra a boa localização do modelo, como do eixo para o mesmo. Com a ajuda da linha horizontal que coincide com a união das outras linhas já traçadas, estaremos aptos a localizar perfeitamente o desenho, no que se refere á sua altura. Já dissemos que o modelo está inscrito num retângulo que tem as mesmas proporções do que foi apreciado no exercício anterior. Temo-lo agora em posição vertical. Podemos observar sem esforços que o quadrado da parte superior contém o gargalo, a boca e a asa, e que o seu lado inferior marca o limite do
  • 28. volume maior, ou seja, do corpo da ânfora. Este, no seu diâmetro, ocupa toda a largura do retângulo. A largura da base se pode comparar á distancia que vai da borda do gargalo donde sai à asa até o limite direito do retângulo, pois é o dobro desta medida. O gargalo, na sua maior espessura, é igual á metade da largura superior da boca, e na sua parte superior que é mais estreita, tem um tamanho equivalente á quarta parte do retângulo básico. Desta mesma maneira mediremos as proporções dos pormenores restantes. E assim teremos obtido o desenho correto de três tipos clássicos de ânforas. As Linhas Sensíveis Ao começar a aplicação do desenho das ânforas, dissemos que era conveniente não sombreá-las, mas simplesmente, desenhar-lhes os contornos e detalhes de construção, para não enfraquecer as características de suas linhas. Sabemos também que, deste modo, com freqüência se fazem retratos, muitos dos quais nem por isso deixam de possuir notável qualidade artística. Entre os artistas de épocas passadas podem citar Ingres, que realizou grande parte de sua obra - talvez a mais importante com essa técnica de desenho. Em nossos dias, grandes artistas praticam também esse método. Sem embargo, notamos que a essas obras não falta expressão. O segredo está na sensibilidade da linha. Vale dizer: quando fazemos um croqui ou bosquejo, traçamo-lo com linhas do mesmo caráter. Ao aperfeiçoar o desenho, as linhas serão mais seguras, melhores traçadas e ajustadas ao modelo, mas serão sempre iguais entre si, em grossura. Se observarmos, no entanto, alguns desses bons trabalhos a que nos referimos, vermos que a linha é variável conforme sejam a luz, a sombra, as meias-tintas, etc., ou mesmo a qualidade ou natureza do objeto que representam. Assim, por exemplo, no retrato de uma pessoa vestida, os traços do rosto não serão do mesmo caráter que os traços que representam as vestes; em se tratando de roupas de homem, estas serão desenhadas -
  • 29. falando de maneira geral - com linhas mais espessas e rígidas, e assim por diante. Os cabelos não serão representados por linhas da mesma força que as usadas para desenhar o rosto, etc. Se o modelo tem uma boca de muita força expressiva, como seja volume, amplitude, etc., não a desenharemos com linhas da mesma espessura e intensidade que as empregadas no traçado de uma boca pequena, de lábios finos, etc. Tudo isto contribuirá para que se obtenham trabalho de qualidade, um retrato expressivo, sem necessidade das sombras, meias-tintas, etc., nem tampouco da cor. Com toda aprendizagem convém começar com os modelos mais simples, aplicaremos esta técnica interessantíssima em nossos desenhos das ânforas. Aqui a utilizamos tão - somente para indicar os contrastes de luz e sombra. Todos os modelos apreciados recebem a luz de cima. Assinalemos, então, com uma linha delgada, todos os planos os quais a luz incide em cheio: borda das bocas, parte superior das asas, etc., e com uma linha mais grossa indiquemos a sombra na parte inferior do corpo mesmo dos vasos, assim como o plano em sombras das asas, molduras, etc. Estas espessuras, quando se trata de corpos redondos, em que não se verifica uma busca mudanças de luz e sombra, mas apenas a menos perceptível transição de um destes extremos para o outro, se com a sua grossura variável a idéia da meia-tinta. Dessa mesma maneira se obtém magníficos trabalhos de ciências naturais, nos quais, sem tirar ao estudo a menor parcela de seu caráter científico, o desenho se apresenta com o atrativo de sua qualidade artística. ESTUDO DE UMA CABEÇA EM GESSO DE FORMA SIMPLIFICADA
  • 30. Apresentamos como modelo uma cabeça em gesso de grandes planos simples. Convém recordar que este exercício preliminar, no estudo do modelo vivo, é sumamente vantajoso para o estudante, pois lhe permite compreender melhor a forma geral que compõem, uma cabeça e descobrir sua arquitetura própria, antes de enfrentar os problemas do modelo vivo, problemas um tanto mais difíceis de resolver para quem se iniciam na arte de desenhar. Acresce que, quando os problemas da construção de uma cabeça houverem sido compreendidos e resolvidos no modelo de gesso, essas dificuldades irão sendo superadas metodicamente, e em pouco estará o estudante apto a desenhar o modelo vivo com maior segurança. Conhecido o sistema de desenhar uma cabeça recorrendo á geometria, aplicaremos este mesmos conhecimentos a toda as outras cabeças, não só as de gesso como as de modelos vivos, ás quais chegaremos após ter desenhado vários modelos diferentes de gesso, a fim de compreendermos inteiramente suas invariáveis leis de construção. Na figura 16 temos a primeira etapa do desenho. Em primeiro lugar foram traçadas as duas diagonais numa folha inteira de papel canson, usando-se para isso um carvão afilado em bisel (recorde-se o que foi dito antes, acerca do papel de lixa colado a uma tabuinha, etc.); com este mesmo instrumento se executará todo o desenho até a sua conclusão, pois o carvão oferece a vantagem de permitir apagar facilmente qualquer erro
  • 31. com os esfuminhos, tal como ensinamos anteriormente, ao nos referirmos aos materiais utilizados para desenhar. Uma vez traçadas as duas diagonais, para centralizar o modelo e dar-lhe uma boa apresentação na superfície total do papel, passaremos a desenhar primeiramente a cabeça. Traçaremos, para isso, uma oval, visto que toda as cabeças podem, a bem dizer inscritas dentro das formas de um ovo. Quando se vão desenhar apenas a cabeça e o pescoço, coloca-se a oval no centro do papel, pois o restante constitui meramente pormenores de construção. Por outro lado, quando se deseja reproduzir também um pouco de busto, centraliza-se o modelo calculando-o em seu tamanho de conjunto: neste caso a cabeça ficará sempre na metade superior do papel. Desta centralização dependerá também a boa proporção dos espaços livres que cercam o desenho. Localizada a forma geométrica dentro da qual se pode inscrever a figura humana vista de frente, passaremos ao desenho do pescoço (e por último, se for o caso, desenharemos o busto) distribuindo destarte, harmonicamente, as massas mais importantes do conjunto, isto é a cabeça, (pescoço e busto), sem nos preocuparmos de maneira alguma com as minúcias (OLHOS, NARIZ, BOCA, ORELHAS OU PREGAS DE UM VERTIDO, ETC.), ATÉ ATINGIR A SEGUNDA FASE, NA QUAL CONSIDERAREMOS A CONVENIÊNCIA DE INCLUIR NOS DESENHOS TODOS OS DETALHES CITADOS. Dados estes primeiros passos, traçaremos dentro da oval o eixo central que servirá para indicar a posição da cabeça (toda de frente, três quartos, etc.). Em seguida traçaremos nos lugares próprios - três linhas mais, que sendo perpendiculares ao eixo, passam pelos olhos, pelo nariz e pela boca, respectivamente. Estas linhas construtivas permitem estabelecer com propriedades a direção, proporção, etc., dos detalhes de um rosto. Na figura 17 apresenta o modelo na segunda fase do desenho.
  • 32. Todos os pormenores foram perfeitamente desenhados, tendo sido esboçadas as obras próprias, bem como a sombra projetada. Já se eliminaram as linhas diagonais, os eixos, as linhas perpendiculares, etc., pois todas elas nada mais são que linhas construtivas, isto é, linha que fazem às vezes dos andaimes de um edifício em construção a obra se aproxima de seu término. Nesta segunda etapa do trabalho convém deixar concluído o desenho, a fim de que em seguida se possa cuidar exclusivamente do claro-escuro, de maneira que os planos de luz, as meias-tintas e os escuros se combinem harmonicamente dentro do conjunto do modelo. Os planos bastante simplificados dessa cabeça de gesso permitem estudar, em primeiro lugar, o problema do desenho em seu aspecto construtivo, Simplificando também o problema do claro-escuro, em virtude da presença dos grandes planos, nele mão se apresentam os pequeninos detalhes que via de regra, distraem o estudante, afastando-o do caminho que o leva á solução do problema básico da forma. Assim, a pouco e pouco, vai-se adquirindo a segurança necessária para desenhar o modelo vivo sem tropeços de espécie alguma.
  • 33. Os olhos já aprenderam a ver, a inteligência a raciocinar, e as mãos, mais destras, a executar o desenho cada vez com maior desenvoltura. Na figura 18 temos o modelo na terceira etapa de sua evolução. Seu aspecto nos demonstra que está rigorosamente acabado. Observar-se á que luz que o envolve está situada ao lado esquerdo do desenhista. Sobre este ponto diremos que é de suma utilidade variar o foco de luz conforme o modelo, de modo que umas vezes seja iluminada da esquerda para a direita, outra na sentida inversa. Em alguns casos convém igualmente que o foco de luz parta de baixo para cima, ou vice-versa, a fim de variar a apresentação do desenho, submetendo ao estudante, ao mesmo tempo, novos problemas plásticos. Destarte ele adquiriu a aptidão para procurar a posição mais conveniente da luz, que lhe permita destacar nitidamente os relevos do modelado, em vez de prejudicá-lo com uma iluminação imprópria. Esse problema da posição da luz leva-nos a salientar a conveniência do uso de um foco de luz artificial, como meio de evitar que o estudante tropece nos obstáculos de uma luz débil, sobre o modelo. Assim também lhe será possível
  • 34. fugir á constante modificação dos tons do claro-escuro, quase imprescindível quando o modelo é iluminado pela luz natural que penetra por uma janela ou porta. Esta luz natural varia constantemente, em virtude da sua própria natureza: em certos dias de sol, é brilhante, mas já o não é nos dias nublados, chuvosos, assim como não permanece igual no decurso de um mesmo dia. O que aqui dissemos, com respeito á correta iluminação do modelo, explica o fato de na maioria das escolas de belas-artes e estabelecimentos congêneres, nos quais se procura proporcionar aos estudantes todas as comodidades, os modelos serem sempre iluminados com luz artificial, sobretudo os modelos de gesso, como o único meio de evitar a perda de tempo que acarretam os numerosos dias de mau tempo no ano escolar. A experiência aconselha a desenhar também modelos iluminados com luz natural, alternando com outros iluminados com luz artificial, a fim de habituar a vista a perceber os tons delicados do claro-escuro. A luz natural oferece tons mais suaves e transparentes, e o fato de não se notar bem o limite entre os tons de luz e sombra oferece maiores dificuldades de realização. Para iluminar o modelo com luz artificial convém que o desenhista lance mão de um foco de luz móvel. Caso não disponha de um braço articulado nem de uma lâmpada de pé, poderá improvisar um foco de luz com um cone de papelão, ou de folha-de-flandres, que é ainda melhor, adaptado a uma lâmpada comum. A parte interna do cone pode ser pintada de branco, para aumentar a intensidade da luz sobre o modelo. Deste modo se evita também que a luz se torne incômoda para o observador. Animados sempre do propósito de misturar ao estudante os conhecimentos mais completos, e ao mesmo tempo fáceis de compreender, aconselhá-la-emos a variar a técnica dos trabalhos, valendo-se para isso dos diversos materiais de desenho. Assim dominará, aos poucos, todos os meios de expressão plástica. Mas para isso convém efetuar vários desenhos inteiramente a carvão, alternando-os com outros inteiramente a lápis, de preferência um lápis bem macio, a fim de que a linha seja sensível, e o claro-escuro
  • 35. apresente certa frescura, nos tons suaves como nos fortes procurando sempre não lacerar nem sujar o papel. Isto requer, da parte do executante, um maior cuidado de observação. Deste o começo de um desenho a lápis, sua preocupação será constantemente a mesma, isto é: traçar sempre linhas suaves, visto que o tom mais escuro se pode obter em seguida cruzando as linhas: finalmente, bastará reforçar alguns tons, para indicar os acentos gerais, e assim teremos um desenho de aspecto espontâneo pela frescura delicadeza de sua realização. Deve-se usar uma borracha macia para não empastar o lápis nem danificar a superfície do papel. Recordemos, para concluir, que os planos de luz devem ser limitados com linhas muito tênuas, no começo de um desenho, para que não seja preciso depois apagá-los, danificando o papel, máxime se o modelo for de gesso, muito embora ditos planos já se combinam com o branco do papel. Como já tivemos a ocasião de dizer, usar-se-á Ingles branco, se o desenho for a lápis usar o papel canson, e o papel Ingles para o carvão. Como desenhar uma cabeça do natural em diversas posições DAMOS neste capítulo dois exemplos (figuras 19 e 20), com o fim de facilitar a tarefa do estudante no desenho da cabeça humana. Aconselhamo-lo, uma vez mais, a recorrer sempre à geometria, para construir bem o seu modelo. Na primeira das figuras temos a cabeça vista de frente: é uma oval.
  • 36. Observe-se que a dita oval foi dividida em duas partes iguais por meio de um eixo central, que neste caso é vertical, pela posição da cabeça; feito isto, o mesmo eixo, ou linha média, foi subdividido por seu turno em quatro partes, traçando-se três linhas perpendiculares a ele (veja-se a figura). A primeira divisão serve para limitar o espaço correspondente à massa do cabelo; segue-se o segundo espaço, que ajuda a colocar os olhos no lugar devido, e a terceira linha determina a medida do nariz, conseguindo-se destarte a perfeita proporção de uma cabeça. A linha horizontal que passa pelos olhos se divide em cinco partes iguais. Isto nos permitirá estabelecer a largura da base do nariz, que é igual ao espaço que existe entre ambos os olhos (medido entre os canais lacrimais); esta medida corresponde também à largura da cada um dos olhos. Sabemos que as variações da natureza são inúmeras: com estas medidas auxiliares não fazemos mais do que ajudar-nos a nós mesmos na tarefa de ajustar as medidas em casa caso, para achar o verdadeiro caráter do modelo, já que umas pessoas têm o nariz maior que o de outras, os olhos m, ais ou menos próximos um do outro, ou mesmo colocados em posições especiais, segundo as particularidades da raça a que pertençam, etc.; para esse ajuste nas medidas, procedemos a comparações constantes entre o modelo vivo e estes cânones.
  • 37. Outra indicação muito importante nos oferece a mesma figura, deixando-nos ver claramente que a largura do pescoço, com pequenas variantes em cada modelo, é igual ao espaço que existe entre os cantos externos dos olhos. Sendo assim, pode-se dizer que a largura do pescoço – falando de maneira geral – é igual a três vezes a largura de um olho, a não ser o das pessoas de pescoço muito grosso, caso em que se calcula maior número de medidas (referimo-nos sempre à largura do olho). Também a largura da boca pode-se dar como sendo, aproximadamente, igual à largura de um olho e meio, medida aquela entre as comissuras dos lábios; de modo que, se estivermos em presença de uma pessoa de boca grande, aumentaremos a medida na proporção necessária. Colocação da boca fechada, em sua altura mais da medida tomada entre o nariz e o queixo. A linha que se traçar nesse lugar servirá para separar os lábios. Cabeça de Perfil A figura 20 apresenta um modelo visto de perfil.
  • 38. Convém sempre traçar uma linha reta em frente ao rosto, porque nos servirá de guia para construir o perfil da cabeça, considerando a saliência dos ossos da fronte ou do maxilar inferior, o nariz, etc. Dita linha reta será vertical, quando a cabeça estiver levantada, olhando o infinito; do contrário cairá obliquamente, para frente ou para trás, conforme a posição do modelo. Quando à colocação da orelha no lugar que lhe é próprio, relativamente à altura, podemos observar que sua medida, em geral, é igual ao espaço compreendido entre as sobrancelhas e o nariz. Para colocar ao mesmo tempo a orelha em seu lugar, sem correr o risco de que o seu pavilhão não coincida com o conduto auditivo, convém traçar um quadrado na parte superior da cabeça: com a horizontal da base do nariz se levanta uma vertical até a abóbada do crânio, sobre a qual traçamos a horizontal que une as duas verticais paralelas, completando assim o quadrado. Em seguida localizaremos a orelha tal como se vê na gravura. No modelo Vivo, observaremos bem se os órgãos dos sentidos estão colocados tal como nas referidas figuras ou, se não o estiverem, as diferenças próprias de cada fisionomia. Feita esta observação, agiremos de acordo com a que ela nos houver revelado. Esta geometrização da cabeça vem a ser de uma grande utilidade, visto que por meio dos espaços divididos podemos proporcionar perfeitamente qualquer modelo, servindo-nos cada um deles para comparações com o resto da obra, bem como para ter uma razoável visão do conjunto. Repetimos especialmente o que já ficou dito, no tocante ás medidas que servem para ajustar as proporções de um modelo: cada modelo tem as suas medidas próprias, e os procedimentos geométricos que aconselhamos servirão apenas de exemplo para orientar melhor o estudante na tarefa de sua predileção. Em nenhum caso se pretenderá aplicar essas mesmas medidas a todos os modelos: elas são-nos utilíssimas como guias pois, como já dissemos, nos ensinam a raciocinar aguça em nós a observação correta com a qual vamos adquirindo a segurança no desenho, mas usadas como infalíveis nos conduziriam ao malogro, tornando nossos desenhos inexpressivos, destituídos de caráter individual.
  • 39. Desenho de uma cabeça com modelo vivo As Figuras 21, 22 e 23 são expressivas, no que se refere ao aspecto de cada uma das fases do desenho de uma cabeça utilizando um modelo vivo. Nelas podemos apreciar claramente o processo de sua construção, já estudado ao nos referirmos ao desenho de uma cabeça de gesso e nos cânones. Como sempre, quando nos dispomos nos dispomos a desenhar uma cabeça de modelo vivo, começamos por traçar as diagonais, a fim de, em primeiro lugar, resolver o problema da apresentação e centralização correta do desenho. A figura 23 põe-nos diante de um modelo no qual a cabeça predomina ao busto. É obra de um distinto estudante de desenho, e revela a notável sensibilidade de seu autor, assim como o seu incontestável domínio dos meios de expressão. Ao dito aluno, impressionou-lhe fortemente o espírito a força construtiva da cabeça do modelo, assim como a sua expressão. Por isso prescindiu do desenho o busto, e centralizou o modelo de modo que o centro da oval do rosto coincide com o centro do papel. Para a realização da primeira etapa do desenho da cabeça do modelo vivo, seguiremos exatamente os passos indicados para o desenho da cabeça de gesso: uma vez traçada a oval, passaremos ao desenho do pescoço, estabelecendo-lhe o mais perfeitamente possível as proporções de largura e altura, comparando as medidas com as dadas anteriormente. Desenhada esta parte, teremos estabelecido as massas mais importantes da obra. Observe-se que, antes de desenhar os detalhes, é necessário traçar as linhas auxiliares que indicamos na figura 21; destarte se colocarão corretamente os olhos, a boca, as orelhas, etc.
  • 40. Repare-se que na figura 19 determinamos a oval mediante o conhecido procedimento geométrico; mas ao desenhar um rosto traçamos a mão livre, isto é, sem o auxílio de compasso ou qualquer outro instrumento, porque nossos olhos e mão já estão treinados para desenhá-lo com segurança e desenvoltura. Desenhada a oval, traçamos a linha média e – como já explicamos – dividimo-la em quatro partes, de acordo com as proporções do modelo, a fim de situar convenientemente os olhos, o nariz, a boca, as orelhas, etc. Chamamos particularmente a atenção do leitor para o fato de que essas linhas são sempre perpendiculares à linha mediana, de sorte que, se a cabeça está direita, elas serão horizontais; por outro lado, se a cabeça está inclinada, como o eixo está igualmente inclinado as linhas dos olhos, da boca, etc., cairão obliquamente. Completamos, pois, a centralização e o esboço do modelo. Em seguida cuidaremos de ajustar o mais corrente possível cada um dos detalhes, com p objetivo de não só lhes dar a colocação devida como também atribuir-lhe as suas características próprias. Estamos em presença de um modelo cujos traços fisionômicos são a bem dizer grosseiros, podendo-se observar facilmente que o nariz é mais largo do que o comum, e achatado do dorso, sendo as orelhas também um pouco grandes, etc. Tendo acentuado todos os pormenores, acrescentaremos ao
  • 41. desenho o tom mais forte do claro-escuro, como se vê na gravura. Nesta podemos notar que o lado esquerdo do rosto, assim como o mesmo lado do pescoço, está envolvido em intensa sombra (figura 22). Nesta fase do desenho, no que se refere ao claro-escuro, cuidaremos particularmente de dar o tom de sombra dominante e as principais meias-tintas, reservando-nos para, na terceira etapa, reforçar os detalhes do modelado e assinalar a sombra projetada. Uma terceira figura (23) nos mostra o desenho já concluído.
  • 42. Nela podemos ver os traços firmes com que foram desenhados todos os planos que compõem a cabeça. Como se pode observar, o foco de luz está colocado ao lado direito e por cima do modelo, de maneira que a frente é a massa mais luminosa, por estar mais perto do foco; vemos também que a massa do pescoço, por ser o ponto mais distante do foco de luz, está completamente envolta em tons sombrios e meias-tintas; não se vê no pescoço um só plano de luz intensa, precisamente por causa da distância a que ele se acha da mesma luz. Por isso existem - rigorosamente ordenados em escalas tonais de claro-escuro – uma série de planos situados entre a fronte e o pescoço, ou seja, entre a maior intensidade de luz e de sombra. Ditos planos estão envoltos em suaves meias-tintas, que estabelecem a ligação, gradual dos dois extremos, modelando, ao mesmo tempo, delicadamente, todos os planos do rosto. Assim como a meia-tinta suaviza completamente o modelado, colocou o autor do desenho uns traços sobre o fundo, para estabelecer mais completa unidade entre os
  • 43. tons do claro-escuro do modelado e o branco do papel do fundo. Fica o modelo – por assim dizer – sustentado pelo fundo. Resta dizer que o trabalho apreciado foi feito com lápis macio.
  • 44. COMO DEVEM SER TRATADOS OS FUNDOS Rembrandt Titus sentado à secretária, o/t, 77x63 cm É comum verem-se desenhos nos quais o respectivo autor revela o mais completo desinteresse pelos fundos. Consideramos isso um erro de concepção porque o fundo de um quadro é parte integrante dele. O mesmo acontece com relação ao desenho a que se deve acrescentar a sombra projetada, a fim de obter a profundidade necessária e causar a sensação do volume do modelo. Isto contribui para dar a idéia da terceira dimensão. Trabalhamos sobre uma superfície plana, e devemos procurar o efeito do volume e profundidade do modelo, isto é, devemos representar não só as medidas de comprimento e altura dos corpos, mas também a sua espessura. Em certos casos, desenhistas inexperientes encher toda a
  • 45. superfície do papel de um só tom de carvão, antes de começar o desenho, para em seguida irem obtendo os planos de luz e as meias-tintas, e afinal reforçarem as sombras mais intensas. É verdadeiramente absurda tal invenção do sistema do desenho: em primeiro lugar, porque prepararmos para trabalhar uma superfície de papel totalmente cansada: além de que, ao tentar obter as luzes com o esfuminho que substitui bem o miolo de pão, de tal modo se empastam os tons, que o papel fica parecendo sujo; ao contrário, se para desenhar procedendo a sujo: ao contrário, se para desenhar procedemos da maneira indicada, adquire o desenho outra qualidade, e provoca sensação de uma obra mais espontânea, pela delicadeza de sua realização. Acresce que, seguindo a boa orientação indicada, vai o desenhista adquirindo maior firmeza no traço, enriquecendo maior firmeza no traço, e enriquecendo, simultaneamente, os seus dotes de observação pessoal. Sempre haverá tempo para dar o tom do fundo depois de concluído o desenho do modelo. Só assim se consegue um trabalho de aspecto genuinamente agradável. ESTUDOS DE FRAGMENTOS: Membros Superiores Os membros superiores são formados pelos braços, antebraços e mãos. Os inferiores referem-se ás coxas, pernas e pés. Tanto uns quanto os outros são responsáveis conjuntamente pela locomoção e equilíbrio do corpo humano, efetuando uma série de movimentos necessários para a existência dos seres humanos. Propusemo-nos a estudar as características que possuem os fragmentos do corpo humano; para isso apreciaremos somente os membros superiores e
  • 46. inferiores, sem nos estendermos do estudo de outros (como o tronco, a pélvis, etc. fragmentos.), que demandaria muitíssimo espaço, ao mesmo tempo em que nos levaria a trabalhos cuja profundidade escapa aos propósitos deste breve curso. No desenho dos braços e pernas de um nu é preciso tomar certas precauções, para que não se desrespeite a proporção entre os membros superiores e inferiores, com prejuízo do conjunto; e esta é a razão pela qual aconselhamos a observar muito bem as medidas dos ditos membros em relação ao todo. Suponhamos a tarefa de desenhar um membro superior (figura 24). As figuras 25 e 26 nos mostram aspectos distintos do trabalho. Na primeira fase do desenho, podemos notar facilmente a inclinação natural de todo o membro superior, quando visto de frente: observe-se que os desenhos foram inscritos em linhas geométricas que facilitam a tarefa do desenhista. Temos uma idéia disso no quadro que encerra o conjunto, o qual nos serve de referência, permitindo a linha vertical estabelecer o grau de inclinação da linha
  • 47. oblíqua que, partindo do ombro, atinge a articulação do pulso. Temos uma idéia disso no quadro que encerra o conjunto, o qual nos serve de referência, permitindo a linha vertical estabelecer o grau de inclinação da linha oblíqua que, partindo do ombro, atinge a articulação do pulso. As linhas oblíquas citadas, que abrange o conjunto formado pelo braço e pelo antebraço, nos ponta claramente as características do membro superior muito embora o braço forme um ângulo obtuso com o antebraço. Na primeira das figuras como se pode ver, foi traçado um eixo central no braço e o outro no antebraço; estes eixos ocupam o lugar correspondente aos ossos: O úmero para o braço, e o cúbito e o rádio para o antebraço. Cumpre ter em mente que os ossos do antebraço são mais curtos que o osso do braço, e que por esse mesmo motivo a medida do braço é sempre maior que do antebraço. Como o leitor pode facilmente advertir, traçamos uma série de linhas que cruzam o braço e o antebraço da esquerda para a direita, com o fim de subdividir a massa geral; para que estas medidas sejam realmente úteis, convém compará-las, na
  • 48. qualidade de medidas de largura, com o comprimento total do membro superior, quando estivermos desenhando os braços isoladamente. Quando pretendermos desenhar os braços, e estes fizerem parte do conjunto que desejamos reproduzir, por ser uma parte do nu, levaremos muito particularmente em conta que as diversas linhas traçadas perpendicularmente ao eixo do braço e do antebraço prestam um grande serviço o estudante, ensinando a comparar as diversas medidas de largura com o que estabelecemos ao mesmo tempo a espessura da zona em que se cruzam as linhas. No que se refere ás medidas de distância entre umas e outras, recomendamos compará-las sempre com a medida da cabeça do mesmo modelo, a fim de fugir a especulações científicas que poderiam, traduzir-se em complicações na tarefa do desenho. Por isso dizemos verbi gratia, que entre a articulação do ombro e de uma cabeça é um terço; por conseguinte, dividindo-se este espaço em duas partes iguais, estabeleceremos outras linhas divisórias, que nos fornecerá um ponto de referência em relação á axila, nos casos em que o braço se apresenta pendido. Da mesma maneira se estabelece à grossura deste no lugar em que a forma entra pela inserção do músculo deltóide que forma o ombro.
  • 49. No antebraço, vê-se outra linha perpendicular ao seu eixo; ela determina a maior largura da região. Outra linha semelhante se encontra na articulação do pulso: linha estas, ambas, que a um só tempo nos indicam a largura do lugar em que se encontram e nos convidam a refletir sobre as espessuras de cada uma das regiões que elas assinalam, conduzindo-nos destarte á noção de que a forma humana deve, ser vista em suas três dimensões, para poder ser representada plasticamente na tela ou na escultura. Se aos fragmentos referidos acrescentarmos a mão, teremos três medidas da cabeça, a contar da axila até o dedo médio da mão aberta. ESTUDO DE FRAGMENTOS: Membros Inferiores Para determinar as medidas da perna procedemos tal como o fizemos em relação aos braços, isto é, se tomarmos o total do membro inferior, compreendendo a coxa, a perna e o pé, teremos quatro vezes a medida da cabeça, a contar do relevo que apresenta o trocanter maior do fêmur até a planta do pé. Estas medidas podem, em seguida, ser subdivididas do seguinte modo: duas medidas da cabeça do plano em que se apóia um pé até a rótula, e outras duas medidas da cabeça a contar da rótula até o trocanter maior do fêmur. As figuras 27, 28 e 29 nos mostram o membro inferior visto, assim como o braço,
  • 50. em suas três fases evolutivas. Na primeira das citadas figuras vê-se o membro inferior na etapa inicial do desenho, isto é na fase puramente geométrica; na fase seguinte se esboçam as massas principais do claro-escuro e por fim, na terceira fase, se apresenta completamente acabado o claro-escuro, podendo-se então observar, bem definidos, os planos de luz, as meias-tintas, e as sombras mais intensas que modelam a forma. Na primeira das ilustrações citadas vemos que o membro inferior está inscrito num retângulo vertical, no qual foram traçadas linhas oblíquas que cercam, em toda a sua extensão, o membro inferior, como que o envolvendo numa espécie de caixa; pelo centro do membro inferior foi traçada também uma linha obliqua que termina no pé, em forma de triangulo, a qual nos dá imediatamente uma idéia da arquitetura deste. Uma vez traçadas as linhas oblíquas já citadas, ocuparemos em desenhar uma série de linhas horizontais que dividem a coxa e a perna em diversos lugares; uma destas medidas indica a articulação do joelho, as demais assinalam a maior ou menor largura da coxa, conforme seja necessário para compreender o desenvolvimento da forma nessa região.
  • 51. A perna oferece as mesmas características: vemos que nela foram traçadas linhas que determinam a largura máxima da forma na barriga da perna; e de igual modo se indica a largura que tem ela na sua articulação com o pé. Estas divisões nos permitem traçar as linhas curvas que exigem os relevos, tanto os da coxa como os da perna. Cabe aqui recordar que à distância que medeia entre as ditas linhas nós obteremos sempre recorrendo á medida da cabeça do mesmo modelo; e insistimos em que tais medidas se devem tomar usando sempre como módulo a cabeça do mesmo modelo, porque acreditamos estar assim prestando um grande serviço ao estudante, poupando-lhe a investigação de numerosos cânones usados deste a antiguidade. Parece-nos muito mais fácil tomar o modulo da cabeça do próprio modelo, porque deste modo se lhe irá acentuando as
  • 52. características, visto que os cânones antigos sempre serviram de preferência para determinar um tipo ideal, atendendo ás concepções estéticas de cada uma das épocas históricas. Na figura seguinte 28 temos a coxa, a perna e o pé com a indicação sintética de seu claro-escuro; Nesta segunda fase foram claramente separadas as massas de luz e as sombras mais intensas, reservando-se para a terceira etapa (figura 29) o acréscimo das meias-tintas, bem como o reforço das sobras mais intensas, de maneira a deixar bem nítida o modelado.
  • 53. Não se esqueça, além do mais, de que o sombreado deve ser trabalhado de modo que os relevos tenham sua expressão própria, procurando dar-se unidade aos planos com o auxílio das meias-tintas. Se observarmos essas regras do sombreamento, evitaremos o aspecto desagradável que tem as formas humanas incorretamente representadas em certos quadros ou esculturas, nos quais o autor arredonda todo o modelado, como se estivesse configurando cilindros. De fato talvez não se conheça nada mais inexpressivo do que uma perna ou um braço com o aspecto de um cilindro, sendo certo que tal defeito denota no autor do desenho uma falta de compreensão da forma, que é de ser expressiva e em caso algum provoca a sensação da redondeza completa. Toda forma tem sempre, ao lado do seu plano arredondado, um plano que pode ser reto ou apenas curvo, resultado da combinação de ambos o seu equilíbrio perfeito, que é uma das causas da riqueza da obra. Da expressividade de cada traço resulta, afinal, a expressividade da obra no seu todo.
  • 54. NOÇÕES ACERCA DA ANATOMIA E PROPORÇÕES DO CORPO HUMANO Ao entrar no estudo da anatomia artística, devemos dizer que o tema será apenas artístico, devemos dizer que o tema será apenas superficialmente tratado, porque para aprofundá-lo precisaríamos de um espaço enorme, que, como já ficou dito, aqui nos falta. Não obstante, abordaremos a matéria por entendermos que o seu estudo, mesmo ligeiro, é imprescindível á realização de desenhos com um sentido plástico superior. Apreciamos, para começar, as figuras 30 e 31. Nelas podemos notar uma identidade construtiva com os modelos de nus apresentados anteriormente. Apresentamos uma vista anterior e outra posterior, com o fim de dar ao leitor uma idéia geral da construção interna do corpo humano. Em certas regiões assinalamos, de propósito, a situação dos ossos, para que as pessoas
  • 55. interessadas nessas disciplinas possam observar com facilidade a posição ocupada pelos mesmos dentro da massa muscular, demonstrando ao mesmo tempo em que são precisamente os ossos que, formando o esqueleto humano, nos dão as proporções entre si. Para não confundir o leitor procuramos simplificar-lhe a tarefa, poupando-lhe penosas buscas científicas; por isso repetimos o conselho dado em parágrafos anteriores: deve-se usar a medida da cabeça, isto é, sua altura, para que nos sirva de modulo. E o repetiremos tantas vezes quanto nos pareça necessário. Neste caso veremos que a figura anatômica apresentada mede sete cabeças e meia. Existem modelos, do tipo chamado longilíneo, que medem até, de altura, oito vezes a medida da cabeça. A figura que estamos apreciando pode ser classificada como do tipo mesolíneo; além destes dois existe um terceiro tipo humano, de baixa estatura, chamada brevilíneo. Voltando ao nosso modelo anatômico, vemos que foi construído tomando-se a cabeça como modulo ou unidade de medida. Podemos assim observar que a segunda medida da cabeça chega aos peitorais, a terceira atinge o umbigo, uma quarta chega ao músculo que passa por baixo do trocanter maior do fêmur, uma quinta nos indica o ponto situado acima do joelho. Daqui toma a sexta medida, que vai dar na barriga das pernas, atingindo a sétima um ponto acima dos tornozelos, e completando-se a altura total do corpo com uma medida correspondente a meia cabeça, a qual termina no plano de apoio dos pés.
  • 56. Nelas podemos notar uma identidade construtiva com os modelos de nus apresentados anteriormente. Apresentamos uma vista anterior e outra posterior, com o fim de dar ao leitor uma idéia geral da construção interna do corpo humano. Em certas regiões assinalamos, de propósito, a situação dos ossos, para que as pessoas interessadas nessas disciplinas possam observar com facilidade a posição ocupada pelos mesmos dentro da massa muscular, demonstrando ao mesmo tempo em que são precisamente os ossos que, formando o esqueleto humano, nos dão as proporções entre si. Para não confundir o leitor procuramos simplificar-lhe a tarefa, poupando-lhe penosas buscas científicas; por isso repetimos o conselho dado em parágrafos anteriores: deve-se usar a medida da cabeça, isto é, sua altura, para que nos sirva de modulo. E o repetiremos tantas vezes quanto nos pareça necessário. Neste caso veremos que a figura anatômica apresentada mede sete cabeças e meia. Existem modelos, do tipo chamado longilíneo, que
  • 57. medem até, de altura, oito vezes a medida da cabeça. A figura que estamos apreciando pode ser classificada como do tipo mesolíneo; além destes dois existe um terceiro tipo humano, de baixa estatura, chamada brevilíneo. Voltando ao nosso modelo anatômico, vemos que foi construído tomando-se a cabeça como modulo ou unidade de medida. Podemos assim observar que a segunda medida da cabeça chega aos peitorais, a terceira atinge o umbigo, uma quarta chega ao músculo que passa por baixo do trocanter maior do fêmur, uma quinta nos indica o ponto situado acima do joelho. Daqui toma a sexta medida, que vai dar na barriga das pernas, atingindo a sétima um ponto acima dos tornozelos, e completando-se a altura total do corpo com uma medida correspondente a meia cabeça, a qual termina no plano de apoio dos pés. EQUIVALÊNCIA ENTRE AS MEDIDAS DAS PARTES ANTERIORES E POSTERIORES. É fácil observar que entre as medidas de cabeça da parte anterior e as mesmas da parte posterior do corpo humano há coincidências muito notáveis. Assim, por exemplo, a linha que limita o segundo espaço na figura vista de frente, ou seja, a que toca o peitoral, coincide com a amoplata na figura posterior; e prosseguindo nesta ordem comparativa vemos que a terceira linha traçada na figura anterior, e que passa pelo umbigo, coincide com a parte alta da pélvis na figura posterior. Uma medida da cabeça tem também a altura total da pélvis, pois vemos que sua medida coincide com a linha que marca a quarta divisão na parte anterior, de modo que esta medida assinala, por
  • 58. baixo, a região glútea. Chegado a este ponto, deter-nos- emos um pouco para explicar o seguinte: dividindo-se em duas partes iguais o quarto espaço, e traçando-se uma linha paralela, veremos que esta coincide com o centro do corpo, ao mesmo tempo em que, de ambos os lados, assinala a parte superior do trocanter maior do fêmur e divide os glúteos em duas partes iguais. Se tomarmos está última linha como ponto de partida para marcar novas medidas de cabeça, poderemos observar que duas cabeças abaixo ficam o ponto de articulação dos joelhos. Isto equivale a dizer que, para bem proporcionar um modelo, cumpre ter em mente que entre o trocanter maior do fêmur e a articulação do joelho, vão duas medidas de cabeça. Prosseguindo, veremos que tem também duas medidas de cabeça à distância que vai do joelho á planta do pé; de sorte que, se subdividirmos estes espaços, teremos a localização exata dos múculos gemelos que formam a barriga da perna.Com as medidas que acabamos de estudar temos assegurado as proporções do modelo, no que se refere á sua altura. Agora cuidaremos de comparar as mesmas medidas de cabeça com a largura do modelo, e veremos, então, que a largura entre os ombros é igual a duas medidas de cabeça; sendo de uma cabeça e meia, na pélvis, entre um trocanter e outro. No tocante ás medidas proporcionais dos braços, vêem que os mesmos medem três cabeças e uma fração; as medidas colocadas sobre a linha auxiliar que parte da borda inferior da articulação do braço com o ombro e alcança o dedo médio nos dizem claramente que o braço é anatomicamente mais largo que o antebraço. Quanto a essas medidas que oferecemos ao leitor, repetimos uma vez mais o conselho já dado já dado: não as devemos usar á maneira de cânon rigoroso, mas, antes, como guia para estabelecer a relação que existe entre elas e o modelo vivo, e das quais nos valemos no momento de realizar uma obra. Do contrário cairíamos no erro de desenhar todos os modelos coma as
  • 59. mesmas proporções. Isto, por outro lado, privaria a nossa produção de variedades, o que está em desacordo com os ensinamentos da natureza, cuja riqueza é infinitamente variada. Outra observação digna de registro é a que se refere á relação existente entre as medidas do corpo feminino, e as do corpo masculino. É sem dúvida muito notável a diferença de medidas entre as formas de ambos os sexos. Conhecidas estas estarão aptos a desenhar ambos os tipos de nus, dando a cada um as suas características próprias, evitando, ao mesmo tempo, o aspecto híbrido de certas figuras.
  • 60. A MULHER E A BELEZA DA GRAÇA. O HOMEM; BELEZA NO ASPECTO DE SUA FORÇA. Muito se tem discutido por causa da beleza. Há quem diga que a mulher reúne em si a beleza mais pura; mas há também quem afirme que o homem é mais formoso, porque em toda a escola zoológica o macho é sempre mais vistoso, na sua plumagem, galhardia, etc. Na realidade, essas descrições estéticas não nos levam a parte alguma, parecendo-nos, antes, de certo modo absurdas. Ao nosso ver, há um princípio estético superior, que assim podemos exprimir: a beleza da mulher representa a graça sobre a terra, representando o homem, em compensação à beleza da força. Vale dizer, pois, que cada um tem a sua própria beleza, e que ambos se completam, sem admitir comparações impróprias.
  • 61. Haveria de ser muito desagradável um quadro ou uma escultura cujo autor houvesse emprestado ás mulheres um caráter varonil, ou vice-versa. Tal aberração seria repudiada pelos nossos sentimentos normais, que reclamam sempre a verdade na sua própria natureza. Em virtude destes princípios estéticos, vejamos quais são as características dominantes em cada sexo. O nu feminino, quando bem proporcionando, demonstra-nos, por exemplo, que a largura dos ombros é quase igual à largura da pélvis, podendo ser um pouco maior ou um pouco menor, conforme o gosto do artista. Em troca, o nu do homem nos indica claramente, desde o desenho das figuras egípcias, que este tem os ombros muito mais largos que sua própria pélvis; de maneira, portanto, que estes termos de comparação não admitem a menor dúvida. Outra característica de ordem geral, que se pode observar no corpo feminino, além daquelas elementares, cuja forma o instinto natural nos revela, é a de ser a pele da mulher mais grossa, e o seu tecido adiposo envolvente dar ao modelado exterior uma aparência mais voluptuosa. Características estas que, acrescentadas á redondeza do pescoço, ou ao pequeno tamanho de sua rótula, que no modelado faz o joelho feminino parecer mais graciosos e suaves, estão em oposição ás formas do homem, que tem os músculos mais acentuados, em virtude de ser a sua pele mais delgada em todo o corpo; em cujo pescoço avulta o relevo da cartilagem tireóide, vulgarmente chamada pomo-de- adão; e em cujo joelho logo se descobre que é maior o volume da rótula. Estas pequenas coisas fazem com que o modelado do nu masculino seja mais anguloso, de músculos mais altos, em virtude da posição da clavícula, etc.
  • 62. A PRESENÇA DE CERTOS OSSOS E MÚSCULOS Destacamos alguns ossos que formam o esqueleto humano, nos quais se hão de apoiar os músculos que á maneira de revestimento desse maravilhoso edifício humano, determinam as formas exteriores. Recordemos que os ossos além de dar-nos a armação, fazem às vezes de alavancas que são movidas pelos músculos, representando este a força. Ditos músculos são estriados ou voluntários e obedecem a ás ordens emanadas do sistema nervoso central. Os ossos determinam ainda as proporções do corpo humano. Conhecendo os ossos e a posição que ocupam, será mais fácil construir e proporcionar as formas de um nu. Na cabeça, por exemplo, sua estrutura óssea nos diz do caráter racial, pois seus pômulos, fronte, maxilar, etc., são subcutâneos. A caixa torácica ao mesmo tempo em que protege os órgãos internos, serve de apoio a numerosos músculos volumosos, como os peitorais, dorsais, oblíquos, etc., que por seu turno servem para dar movimento aos braços; essa caixa torácica é sustentada pela coluna vertebral, que facilita todos os movimentos, por ser formada por pequenas peças ósseas chamadas vértebras; e estas, finalmente, se amalgamam, formando pela parte posterior à pélvis, que é mais larga na mulher, sendo mais alta no homem. Os ossos da pélvis servem para proteger os órgãos internos e dar apoio a músculos muito potentes, como os glúteos maiores, que são muito desenvolvidos no homem, pois são os que permitem ao ser humano, manter-se na posição vertical. Tais ossos, nas suas partes laterais, o ilíaco, e por trás, o sacro e o cóccix. Os ossos da pélvis recebem em sua cavidade a cabeça do fêmur, o único osso que sustenta a massa muscular da coxa. Este osso tem uma curvatura anterior que, por ser acentuada, tal como a dos sabres antigos, lhe imprime a convexidade anterior, que lhe é característica. O fêmur se torna visível por estar logo abaixo da pele no trocanter maior, onde tomamos as medidas para dividir o modelo em duas partes iguais, e também no joelho, onde aparecem os pequenos relevos de seus côndilos. Além disso, o joelho oferece outros relevos com a presença da rótula, que desliza á frente do fêmur, acompanhando sempre a tíbia em seus movimentos quando a perna se flexiona, por estar presa a está por meio do ligamento rotuliano.
  • 63. A perna é sustentada por dois ossos: a tíbia e o perônio; o primeiro destes ossos está colocado na parte interna, e tem uma característica que lhe é próprio, pois embaixo mesmo da pele fica a sua face interna, cuja curva de concavidade interior modela a está de forma inconfundível. O perônio é mais delgado e termina mais embaixo, ao articular-se com o pé; por este motivo o movimento do pé, para fora, não pode ser tão amplo como o é para dentro; a tíbia e o perônio, além de permitirem a inserção de músculos que movem o pé, articulam-se com os ossos deste. A presença dos ossos nas articulações faz com que nestes lugares as formas sejam mais apertadas e as modeladas mais duras, como acontece nos joelhos, nos tornozelos, no cotovelo e no pulso. Como o fizemos ao estudar os membros inferiores, que dividimos em quatro partes, a saber, pélvis, coxa, perna e pé, dividirão agora os membros superiores, cujo esqueleto é formado pelos ossos do ombro, do braço, do antebraço e da mão. O braço pende articulando-se com a amoplata, é formado de um só osso, o úmero, isto é, assemelha-se nesse, particular á coxa, cuja arquitetura interna é formada unicamente pelo fêmur; o antebraço, como a perna, é formado de dois ossos: o cúbito, por dentro, e o rádio, por fora; a disposição de ambos estes ossos merece ser estudada especialmente, porque quando a mão está com a palma voltada para frente os ossos do antebraço são paralelos entre si; modificando-se, no entanto, completamente, a sua posição, se fizer girar as mãos. Neste caso, produz-se um movimento deveras notável, entre os ossos do antebraço: acontece que o rádio, conservando-se unido ao cúbito, na sua parte superior gira igualmente o seu corpo á medida que girarmos a mão, de modo que a extremidade inferior do cúbito aparece no lado de fora, quando a mão girou completamente. OS MÚSCULOS Acerca dos músculos, dizemos alguma coisa que consideramos fundamentais para o estudo razoável das formas. O esqueleto humano é completamente revestidos pelos músculos estriados, também chamados voluntários por obedecerem á nossa vontade. Dito músculos se distinguem dos involuntários, que
  • 64. compõem os órgãos internos e que são lisos, isto é, não tem fibras que os acionem voluntariamente, tendo outra função específica. Ao desenhar o modelo do corpo humano devemos conhecer certos detalhes de sua anatomia para uso em nosso trabalho. Ocupar-nos-emos de maneira sumária dos músculos voluntários, por serem os que nos revelam os diversos aspectos da forma humana, tal como nos é dado vê-la exteriormente. MÚSCULOS DA CABEÇA Nos músculos estriados ou voluntários da cabeça distinguiremos duas categorias, e o faremos porque, é justamente no rosto que se manifestam os vários estados emotivos da pessoa. Ao redor dos órgãos dos sentidos estão situados os músculos mímicos, que denotam expressões distintas; assim, por exemplo, o músculo frontal, quando contraído por um estímulo, exprime a atenção, o assombro, etc. O zigomático maior exprime os estados de alegria, riso, etc., levantando a comissura dos lábios e aproximando-os das maçãs do rosto; o zigomático menor por outro lado, exprime o contrário; pois a ele cabe dar expressão aos estados de tristeza e ao pranto. Em torno dos olhos se encontram os músculos articulares, que exprimem, com as suas fibras superiores, a meditação, a reflexão, etc., e com as fibras inferiores o sorriso (como é bem notável no rosto da Gioconda, de Leonardo da Vinci músculos que compõem a boca exprimem o assobio, o beijo, etc).
  • 65. No rosto, além destes e outros músculos dos chamados mímicos, encontram-se os chamados mastigadores, cuja virtude essencial é a de mover o maxilar inferior, apertando-o contra o superior, quando estamos mastigando alimentos. Tenha-se em mente que a boca se fecha fortemente para mastigar, mas antes se abre para receber os alimentos; neste caso veremos que ela se abre pela ação de pequenos músculos situados no pescoço, músculos que exercem uma função antagônica á dos mastigadores, situados nas partes laterais do maxilar inferior e sobre o osso, temporal. Por isso vemos que na frente se produz certo movimento, quando a pessoa fala ou mastiga; no pescoço aparecem os músculos superficiais, que pela parte anterior cobrem a laringe e pela posterior, as vértebras cervicais; os músculos da região anterior quando agem juntos movem a cabeça, fazendo-a baixar, pelo movimento de reflexão que lhe imprimem; por outro lado quando atuam de um só lado, ao contraírem-se fazem girar a cabeça para os lados opostos de sorte, que se contrai o músculo superficial do lado esquerdo, a cabeça gira para o lado direito, e vice-versa. Quando se contraem os músculos da região da nuca, estes fazem tombar a cabeça para trás, simultaneamente com o ato de realizar o movimento de extensão da mesma.
  • 66. Músculos do Tronco No tronco aparecem os músculos de maior amplitude, que cobrem a caixa torácica, estando dispostos de maneira e poderem mover os braços para frente, quando estão contraídos os músculos dorsais: No ventre se encontra, superficialmente, um músculo abdominal que faz flexionar-se o tronco, e no dorso se acham, a cada um dos lados da coluna vertebral largo músculos que conversam eretos e troncos. Em todos esses casos vemos que o corpo humano pode realizar movimentos completos, graças á disposição dos músculos, pois que os da região anterior são antagonistas dos que se encontram na região posterior, e vice-versa, esta lei da natureza dispõe que uma região reúna os músculos flexores, e outra, os extensores, assegurando-se destarte o movimento completo, não só da cabeça, como do pescoço, do tronco, dos membros inferiores e dos membros superiores. Descrição: MÚSCULOS DO TRONCO
  • 67. TRONCO: Parte do corpo humano, excetuados a cabeça, o pescoço e os membros; torso. Dividido em coluna vertebral e tórax. CAIXA TORÁCICA: Está situado no peito. Por ser um músculo largo, permite que o braço se aproxime do tórax. DORSAIS: É um músculo triangular, superficial, e em sua parte superior é coberto pelo músculo trapézio. É um músculo extensor e adutor. Juntamente com o músculo grande denteado, reveste as faces laterais do tórax, e insere-se nas vértebras, nas costelas e no úmero. Nos halterofilistas, é muito desenvolvido e conhecido como asa. VENTRE: ABDOMINAL: TRONCO: DORSO: COLUNA: VERTEBRAL: PESCOÇO: Músculos dos Membros Inferiores A pélvis, a coxa, a perna e o pé são cobertos por numerosos músculos, que lhes imprimem ação ao mesmo tempo em que lhes dão a sua forma externa. Na região posterior das pélvis se encontram os músculos mais volumosos do corpo humano; seu desenvolvimento é muito acentuado, pois graças á presença dos fortes glúteos o homem, genericamente falando, pode manter-se na posição vertical e ser um animal bípede. Os músculos da coxa estão dispostos de modo que, ao se contraírem, os da região anterior produzem a extensão da perna, como quando se dá um pontapé; e os posteriores a flexionam, fazendo-a dobrar-se contra a coxa. Na perna se encontram, em seguida, os músculos que atuam sobre o pé: os da frente dobram o pé sobre a
  • 68. perna, ao passo que os de trás levantam o talão, e permitem ao modelo por serem na ponta dos pés. Os músculos do pé são muito numerosos e estão, na sua quase totalidade, situada nas regiões plantar, pois um único, do pé, propriamente, se encontra no dorso encontrando-se os demais na planta. A disposição dos músculos dos membros inferiores permite ao modelo assumir as poses mais variadas, convindo conhecer-lhe o mecanismo. Por exemplo: quando o modelo assume uma posição em que o vemos apoiar-se de um lado só, supondo-se que seja a perna direita que suporta o peso todo do corpo, seus músculos apresentar-se-ão contraídos do mesmo lado, ao passo que a perna esquerda estará suavemente flexionada e em repouso; compensando este movimento, veremos que á pélvis se levanta muito mais ao lado que suporta; e, por uma lei de equilíbrio, o corpo efetua um movimento compensatório, fazendo baixar os ombros precisamente no lado em que a pélvis se altera. Observe-se que somente são paralelas as linhas dos ombros e a pélvis nos casos em que o modelo vivo se apóia sobre as duas pernas, distribuindo por igual o peso do corpo. Músculos dos Membros Superiores Os músculos do ombro, do braço, do antebraço e da mão guardam certa relação com os dos membros inferiores. No ombro estão os músculos que cobrem a omoplata; formam o munhão do ombro e atuam sobre o resto do membro superior; no braço se encontram, pela
  • 69. frente, os músculos flexores, entre eles o muito conhecido bíceps; por trás estão os extensores do antebraço; observamos que aqui os movimentos se realizam em sentido inverso do que estudamos em relação ás pernas, pois nelas a extensão está na face anterior, enquanto que o braço está na posterior. No antebraço estão situados os músculos que atuam sobre a mão ao mesmo tempo em que sobre ele; de maneira que acionando os da parte anterior permitem dobrar a mão. Os músculos desta se encontram, na sua quase totalidade, na palma, porque é com ela que realizamos os movimentos mais fortes, ao passo que no dorso da mão se acha apenas os que servem para abrir, o que não requer esforço algum. Daí, por tanto, reuniram igualmente em si mesmas, a planta do pé e a palma da mão, a quase totalidade dos músculos dessas regiões do corpo. Desenho de um Nu com Modelo Vivo Na figura 32 apresentamos um exemplo de como aplicar os conhecimentos da geometria para desenhar com propriedade um nu. De propósito, escolhemos para exemplo um dos mitos exercícios que os estudantes de belas-artes fazem diariamente, nas suas aulas de desenho de nu com o modelo vivo. Como se pode observar, o professor, no caso dado, compôs o modelo colocando-o em meio a um conjunto de sólidos geométricos. Com o fim de tornar mais interessante o conjunto, foram ali agrupados diversos corpos geométricos: prismas retangulares de várias medidas e proporções, os quais, ao mesmo tempo em que servem de apoio ao corpo humano, estabelecem o contraste necessário ao equilíbrio da composição. O desenho que estamos estudando nos mostra, na sua
  • 70. parte inferior, um plano de certa amplitude: é a parte superior de um estrado de madeira onde os professores colocam o modelo, para que estudem os discípulos. Para dar-lhe ainda maior elevação, foi o modelo colocado sobre um prisma chato de madeira. Por trás dele se vê outro corpo geométrico: é um cilindro largo, isto é, uma coluna, a que se encostou outro prisma igual ao que serve de apoio ao modelo, mas colocado em posição diferente. No outro lado foi colocado também um sólido, a que se apóia um pano, que serve para unir os elementos geométricos, bem como para dar lugar ao traçado das linhas curvas, e assim estabelecer o contraste com as retas dos sólidos. Observaremos que, tanto o cilindro como os outros sólidos geométricos, ao mesmo tempo em que servem de apoio para o modelo - como no caso do cilindro, que á maneira de coluna, permite apoiar o braço direito - assinalam especialmente as linhas verticais, também chamadas linhas estáticas; o corpo do modelo, por seu turno, apresenta uma série de flexões, que vão marcando as linhas oblíquas, também chamadas linhas dinâmicas. Quando tivermos a intenção de dar a qualquer composição um aspecto agradável, convém estabelecer sempre certa equivalência entre as linhas, de maneira que as retas estejam perto das curvas, e vice-versa. Mediante esse contraste, as linhas se robustecem entre si. Este princípio fundamental das leis da composição tem aplicação constante em toda as obras de arte, quer se trata de quadros com representação da figura humana, quer se trate de paisagens, ou mesmo de esculturas, visto que as leis de equilíbrio são comuns a todas as artes plásticas. Ocupemo-nos de novo do desenho que nos revela a figura 32.
  • 71. Vemos ali que o processo de sua realização oferece muita semelhança com todos os outros estudos realizados até este momento, quando, em virtude da disciplina intelectual que nos impusemos, chegamos ao ponto mais difícil da arte do desenho, como é o realizar um bom estudo do modelo vivo. Para obter um bom desenho deve o estudante pensar, antes de qualquer coisa na maneira de distribuir as massas mais importantes do conjunto, a fim de que não lhe ocorra, quando já estiver adiantado o trabalho, a desagradabilíssima surpresa de não caber a cabeça do modelo no papel; e isso acontece com freqüência ás pessoas que trabalham sem método, embora este destes tempos muito remotos e tinha sido aperfeiçoado pela moderna pedagogia do desenho. Por essa razão, aconselhamos colocar o conjunto de maneira harmônica, dentro da folha do papel, compreendido nele não só o modelo vivo, mas também os sólidos da composição apresentada como exemplo. Como se vê, o desenho foi muito bem apresentado pelo autor que se valeu de linhas retas para construir sua obra. Ditas linhas nos facilitam enormemente a tarefa, pois permitem ao mesmo tempo medir as partes do nu por meio de ângulos retos, e em
  • 72. outros, ou ainda de obtusos, conforme a posição em que se achem os membros inferiores ou superiores. Uma das coisas que não nos devemos esquecer é colocar o ponto médio do nu, que em geral fica situado na altura da pélvis, se o modelo é de estatura da pélvis, se o modelo é de estatura comum. Este centro varia, se o modelo é muito baixo ou muito alto; mas em todos os casos convém procurar a parte média da figura, para traçar uma linha que nos permita ver com facilidades e as duas metades do modelo estão bem situadas no papel. Isto facilita muita a tarefa do estudante visto que seu olho ainda não tem a segurança necessária para abordar os conjuntos, cometendo por isso inúmeros erros nas proporções dos desenhos. Uma vez traçada a parte média do modelo, já estamos certos de que não nos faltará depois o papel para desenhar o resto do corpo, pois uma simples olhadela, calculando de antemão a superfície que desejamos ocupar, bastará para que o desenho venha a ser da medida desejada, e não de nenhuma outra. O contrário significaria trabalhar em desordem sendo certo que, quando um trabalho em desordem, sendo certo que, quando um trabalho se conclui numa medida imprevista não agrada nem mesmo ao seu autor, que só ao terminar a obra dá pela coisa. Portanto, devemos começar a trabalhar com método, para obter os desenhos na medida que nos propusemos. Assim, traçada a linha que marca a metade da altura do modelo, seja ela horizontal ou obliqua, conforme a posição das cadeiras, começaremos bosquejando, com linhas retas, todo o conjunto, para que, afinal, não venham os pés a ficar ao papel. O traçado do conjunto por meio de linhas retas tem a virtude de ensinarmos a ver a posição, tanto do tronco como dos membros inferiores e superiores, está mais ou menos justa. As linhas verticais e horizontais próximas nos indicam facilmente o grau de inclinação que devem ter as linhas vizinhas, que vamos traçando com o propósito de desenhar as formas, seja a de uma perna, seja as de um braço ou de outra parte qualquer do corpo humano.
  • 73. Observe-se que as pernas da figura 32 foram encerradas dentro de linhas retas, o mesmo acontecendo com a coxa, o tronco, os braços, os seios, a cabeça, etc. E chegaremos assim ao momento, dos detalhes, na sua forma anatômica característica. A princípio, bastar-nos-á cuidar das medidas dos ossos, para saber proporcionar uma figura humana, cabendo aqui recordar que as proporções do corpo humano são sempre determinadas pelos ossos; por outro lado, os músculos dão á forma o revestimento externo, além de moverem os ossos quando acionados por ordem do sistema nervoso central, que tem sede no cérebro. No mesmo desenho se levantaram diversas linhas verticais para encerrar dentro delas a figura humana; de igual modo se traçaram outras linhas horizontais, que servem ao mesmo tempo para estabelecer certas proporções, e para graduar a inclinação a dar ás obliquas que as cercam. O trono da figura humana apresenta uma ligeira inclinação, a qual, em virtude da proximidade das linhas retas do cilindro e de outras, também vizinhas, parece maior do que é na realidade. Isto se deve ao contraste que com estas elas estabelecem-se. Se traçarmos uma linha entre a pélvis e o esterno, haveríamos de ver que na verdade, a inclinação do tronco é muito suave, e que parecia menor ainda se não estivessem perto as linhas verticais. Traçadas as linhas retas que, tal como uma caixa, encerra o tronco, procuramos encerrar da mesma maneira os membros inferiores, seguindo a ordem lógica: depois do torso, as coxas. As três linhas retas vistam na coxa direita do modelo nos indicam que uma delas e do centro, foi traçada com a intenção de situar o eixo, que neste caso representa o osso fêmur; foram traçadas em seguida as linhas retas que encerram a perna e o pé. As linhas construtivas que de modo tão simples nos dizem do grau de inclinação da perna demonstram que esta faz com a coxa uns ângulos obtusos, cujo vértice está no joelho. Isso nos permitiu desenhar a linha que com a forma de esse muito aberto assinalar o relevo da barriga da perna, o resto da perna e o calcanhar. Na parte anterior procede-se da mesma maneira, indicando sempre os
  • 74. acentos principais da forma. E de modo igual procedemos com o pé. Temos já apresentadas as massas principais de uma estátua, ou de um nu de modelo vivo. A propósito do desenho de estátuas, julgamos muito conveniente alternar os estudos do modelo vivo com os de diversas estátuas. Achamos de grande utilidade este exercício, contanto que não cheque a fatigar o aluno, que em geral prefere desenhar o modelo vivo. Quando uma pessoa deseja desenhar uma estátua qualquer, deve agir tal como age ao desenhar o modelo vivo, razão pela qual nos estendemos em explicações já dadas ao ser apreciado este problema. Apresentamos, como dizíamos as massas principais do modelo, de sorte que agora nos podemos dedicar ao desenho mais detido do nu. Estando já resolvidas as massas maiores e de mais difícil apresentação, tratamos de desenhar melhor a cabeça, sim pormenorizá-la, mas apenas resolvendo a por meio de grandes planos, tal como se fosse um braço ou uma perna, encerrando-a também, geometricamente, em linhas retas. Observemos também a linha reta que une os ombros obliquamente. Em seguida, a vertical que passa pelo centro do esterno e alcança o ponto chamado de forquilha (do mesmo osso), onde se vão unir importantes músculos do pescoço. Seguindo o que aprendemos em nosso exercício de desenho construtivo, podemos observar que uma linha vertical foi traçada com o fim de estabelecer a saliência da cabeça. Uma oblíqua indica a inclinação do pescoço, e outras assinalam os contornos da massa dos cabelos, a posição da maxilar inferior, a inclinação do rosto o perfil do nariz, etc. Uma vez colocada à cabeça no seu devido lugar, cuidaremos de colocar os braços. Vejamos, por exemplo, o braço direito do modelo: está apoiado sobre a parte superior da coluna cilíndrica; o plano de apoio é horizontal o que nos permite comparar a obliqüidade das linhas que á maneira de uma caixa encerram o braço: a articulação do cotovelo coincide com a linha vertical levantada em prolongamento de uma das arestas do prisma
  • 75. colocado à direita da coluna cilíndrica em que se apóia o braço referido. Traçaremos depois as linhas que encerram o antebraço, observando constantemente que este é sempre mais curto que o braço, tal como o determina a sua construção óssea interna. Desenharemos a seguir, também de forma muito simples, a mão direita, que está entrelaçada com a esquerda. O braço esquerdo está encerrado dentro de linhas retas em posição oblíqua. Segue-se o antebraço resolvido nas mesmas condições. Observe se que a partir da articulação do cotovelo esquerdo, foi baixada uma linha vertical que coincide com o joelho direito, ao mesmo tempo em que se projeta até a base para indicar o prumo; em compensação, na articulação da mão esquerda com o antebraço foi traçada uma linha reta em posição horizontal, que serve para delimitar espaço servindo também de referência para as obliquas vizinhas. Aqui fazemos uma advertência: caso se queira desenhar um nu que ocupe totalmente o papel, sem o recurso de o compor com outros corpos sólidos, procederemos como ficou dito, quanto á sua apresentação, isto é, dividiremos a altura do modelo em duas partes iguais e o encerraremos em linhas geométricas simples, acostumando-nos destarte a construir o desenho prescindindo de qualquer detalhe que nos possa distrair. Convém fixar de antemão a medida em que se deseja realizar o desenho do modelo de nu, para que não venha ele a ser concluído em proporções inesperadas. Basta, para isso, além do sistema de centralização por meio de diagonais, reservar um espaço conveniente na parte inferior e outro um pouco menor na parte superior do desenho. É preciso não esquecer que o espaço livre do papel tem também uma função importante dentro do conjunto. Procuraremos ter o máximo cuidado de evitar espaços livres excessivos, a fim de não prejudicar a importância e o efeito do modelo.
  • 76. COMPOSIÇÃO DE UM MODELO DE NU COM O AUXÍLIO DE CORPOS GEOMÉTRICOS Achamos bastante conveniente a colocação de um corpo geométrico qualquer ao lado do modelo vivo. Isso é de grande utilidade, pois acostuma o estudante a trabalhar tendo sempre em vista as formas invariáveis dos corpos geométricos e as infinitas variações das diversas partes do corpo humano. Igualmente contribuem os prismas, cubos, etc., com a sua perspectiva, para dar a idéia da terceira dimensão. Mas tem uma função mais importante: ajudam a compor um conjunto. OUTRO EXEMPLO DE DESENHO DE UM NU COM MODELO VIVO Na fase inicial deste desenho de um nu com modelo vivo apresentamos a figura 33. Nela estudamos as leis gerais que regem a apresentação de qualquer pose. Bem compreendidos os princípios estabelecidos sobre esse ponto, estaremos em condições excelentes para realizar inúmeros trabalhos, com a certeza de que a apresentação das diversas poses será satisfatória. Cabe recordar, neste passo, o poderoso auxílio que representam, quanto a esse aspecto do desenho as linhas auxiliares construtivas, que atendem ás
  • 77. necessidades de cada pose. No tocante á apresentação de um nu procuramos apreciar distintas fazes da operação. Por isso indicamos expressamente como proceder para apresentar bem um desenho de nu, valendo-nos para isso de uma pose da figura humana em pé e de outra na qual o modelo aparece sentado, como se vê na figura 34. O desenho mostra-nos uma composição plástica interessante: os elementos que integram são dois prismas de madeira superpostos em escada. Ditos prismas servem, o mais alto, de assento, e o outro, colocado sob aquele, de apoio para os pés do modelo, o que permite variar a posição dos membros inferiores. Recordaremos que na realização do desenho anterior foi-nos de suma utilidade o auxílio da geometria. Traçamos as linhas verticais, horizontais, obliquas, etc., que vão indicando a verdadeira direção de todas as partes que compõem o corpo humano. Faremos o mesmo no caso presente. E assim ficará concluída a primeira fase do desenho; essas linhas, como já dissemos, serve-nos de guia no desenho exato de qualquer pose. Em primeiro lugar, temos na parte inferior desse conjunto o plano muito amplo oferecido por uma grande caixa de madeira, sobre o qual o modelo, apóia o pé direito. Esta grande superfície horizontal se distingue dos planos verticais, em número de dois, que fazem ângulo e servem de fundo ao conjunto, por meio das linhas daquele, que se distingue em baixo, á esquerda, inclinando, dando-nos, pela sua perspectiva, a idéia de sua colocação e ao mesmo tempo o efeito da terceira dimensão, e a horizontal que corre paralela á borda do papel, de mostrando assim que o plano vertical está exatamente em frente ao desenhista.
  • 78. Da perfeita situação desses três planos depende em grande parte o bom resultado do desenho, pois eles nos são de grande utilidade para situar o modelo, máximo neste caso em que estando ele sentado, apóia as costas num deles. Antes de começar a desenhar um modelo, devemos observá-lo atentamente durante longo tempo. Ao será tempo perdido; ao contrário. Compenetrar-nos-emos assim de suas principais características, de maneira que, quando começamos a reproduzi-lo no papel uma idéia geral. Isso não acontece se, á medida que vamos desenhando, estudamos pedacinho por pedacinho, detalhe por detalhe. Esse estudo preliminar aplicado ao modelo presente nos permitirá descobrir que o todo está compreendido, aproximadamente, dentro de uma figura geométrica: um retângulo. Vejamos agora que proporções têm essa figura: se sua base é maior que sua altura, ou vice-versa. Na realidade, podemos comprovar que a largura da base, tomada deste o vértice, esquerdo do prisma inferior até as pontas do pé direito, esta compreendida quase duas vezes na altura completa do modelo, tomada esta deste o vértice do prisma que temos em primeiro plano até a parte superior da cabeça. Esses retângulos, básicos para a execução do desenho podem traçá-lo na medida que mais nos agrada, para o efeito final do trabalho; o importante é que mantenha relação com a proporção do modelo que vamos copiar, pois tão correto pode ser um desenho em tamanho natural quanto reduzido á metade, á quarta parte, ou a qualquer outra medida, sempre que, por exemplo, o comprimento das pernas esteja em proporção ao torso, aos braços, etc., e que não venham às mãos a ficarem maiores do que a cabeça, os braços desproporcionados, etc. Todos estes erros se evitam, pois, estabelecendo no começo as proporções gerais da largura e altura totais, e encerrando o conjunto, como o fizemos anteriormente no caso dos gessos, dentro de figuras geométricas. É natural que, conforme seja o tamanho da figura geométrica, seja também diferente o espaço de papel que fique em branco. Por isto, ao decidir sobre o tamanho da figura dentro da qual vamos efetuar
  • 79. o desenho, devemos ter o cuidado de colocá-la harmoniosamente na folha. Isto o fará ou por meio de diagonais - como já explicamos em quase todos os trabalhos anteriores ou simplesmente deixando na parte baixa do papel um espaço um pouco maior do que o que ficará na parte superior do mesmo, acima da cabeça. Quanto á colocação em relação á largura da folha, o mais conveniente será situar a figura no centro, calculando os pontos mais salientes e as massas mais importantes do conjunto. Neste caso, por exemplo, como toda a massa dominante se encontra na metade esquerda do conjunto, não colocaremos o triângulo mais á direita. Isto faz com que o espaço do papel em branco restante, diante do rosto, não seja demasiado, o que é um modo de dar força e interesse á cabeça. O pé direito - apesar de estar compreendido dentro do triangulo isósceles que forma o conjunto - sai fora do bloco mais compacto constituído pelo corpo humano e os sólidos geométricos, por esta razão não o consideramos mais do que um apêndice dentro do conjunto total, mesmo porque o seu pequeno volume não se pode comparar com a massa de grandes proporções do tronco. O fato de a distância restante entre ele é a borda do papel ser menor que o espaço que vai da aresta vertical esquerda do prisma até o outro extremo da folha, não prejudica, ao contrário, favorece o conjunto. Assim se obterão o perfeito equilíbrio de todos os espaços. DIVISÃO GEOMÉTRICA DO MESMO CONJUNTO Como já dissemos, a base desse retângulo está compreendida, quase duas vezes a altura total do mesmo. Traçamos dentro dele um eixo vertical, e com uma linha horizontal dividiremos sua altura em dois setores perfeitamente iguais. Verificaremos destarte que a linha primeira traçado passa por cima do dedo polegar da mão esquerda do modelo, que segura o pulso