Este trabalho apresenta um resumo de um documento sobre o programa Escola Ativa, um instrumento inovador para o ensino multisseriado na educação no campo. O documento discute como o desenvolvimento das estratégias do programa Escola Ativa é essencial para melhorar a qualidade do ensino multisseriado. A intervenção tem como objetivo analisar as contribuições do programa para as classes multisseriadas na zona rural e verificar se os planejamentos estão adequadamente elaborados de acordo com as necessidades de aprendizagem dos alunos. A metodologia inclui
PROGRAMA ESCOLA ATIVA: um instrumento inovador no ensino multisseriado da educação no campo.
1. UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA LICENCIATURA PLENA
JOAQUIM MARQUES DE OLIVEIRA NETO
PROGRAMA ESCOLA ATIVA: um instrumento inovador no ensino
multisseriado da educação no campo
MOSSORÓ, RN
2012
2. JOAQUIM MARQUES DE OLIVEIRA NETO
PROGRAMA ESCOLA ATIVA: um instrumento inovador no ensino
multisseriado da educação no campo
Trabalho de Intervenção Socioescolar
apresentado a Universidade Estadual Vale do
Acaraú (UVA), como requisito parcial para
obtenção do título de Licenciado em
Pedagogia.
Orientador: Prof. Esp. Jose Aldo de Melo
MOSSORÓ, RN
2012
3. O48p Oliveira Neto, Joaquim Marques de.
Programa escola ativa: um instrumento inovador no ensino
multisseriado da educação no campo. / Joaquim Marques de
Oliveira Neto. Mossoró/RN: ed. do autor, 2012.
57f.
Orientador: Profº. Esp. José Aldo de Melo
Trabalho de Intervenção Socioescolar apresentado à
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, como requisito
parcial para a obtenção do título de Licenciado em Pedagogia.
1. Escola Ativa - Intervenção. 2. Planejamento Adequado -
Intervenção. 3. Qualidade - Intervenção. I. Título.
IBRAPES/UVA/RN CDU 37.014.
4. JOAQUIM MARQUES DE OLIVEIRA NETO
PROGRAMA ESCOLA ATIVA: um instrumento inovador no ensino
multisseriado da educação no campo
Trabalho de Intervenção Socioescolar
apresentado à Universidade Estadual Vale do
Acaraú (UVA), como requisito parcial para
obtenção do título de Licenciado em
Pedagogia.
Aprovado em __________ de 2012.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Esp. Jose Aldo de Melo - Orientador
Universidade Estadual Vale do Acaraú - Natal/RN
Profª. Ms. Maria José Araújo Melo Sousa - Convidada
Universidade - /RN
Profª. Esp. Geiza Maria Batista Carlos de Almeida - Convidada
Universidade Estadual Vale do Acaraú - Natal/RN
MOSSORÓ, RN
2012
5. A meus avós paternos Otávio e Maria do
Patrocínio e ao meu saudoso tio Junior Nolasco,
ambos durante suas passagens na Terra,
acreditavam em meu potencial. A todos os meus
alunos, em especial os das Escolas Maria Helena
Marques e Idelzuite Fernandes que leciono
atualmente e que ambas serão campos de
intervenção.
6. AGRADECIMENTOS
A Deus, pai celestial a quem devo a vida;
A minha mãe Edneide Nolasco, pelo incentivo dado durante o meu processo de
aperfeiçoamento pessoal e acadêmico;
A minha avó materna Edinete Cunha pelos conselhos dados, visando incentivar-me
na busca pelo saber;
Aos meus familiares que contribuem para o desenvolvimento de práticas e princípios
morais e justos;
As professoras Lourdes Fernandes, Luzinete Cabral, Geiza Carlos, e em especial
aos professores Júlio Thalles Andrade, Franceliza Monteiro e Lindalva Batista, que
de forma significativa, contribuíram na fundamentação teórica e principal pedagógica
adquirindo no decorrer de suas disciplinas, servindo de referência na busca de um
aperfeiçoamento acadêmico e de bom desenvolvimento profissional;
A professora Maria de Fátima de Lima das Chagas que orientou os estágios com
sabedoria o que facilitou meu desenvolvimento neste trabalho;
Ao orientador José Aldo de Melo que com sua sabedoria faz com que os momentos
de tensão tornem-se espaços de aprendizagem mútua.
7. “Tinha chovido muito toda noite. Havia enormes poças
de água nas partes baixas do terreno. Em certos lugares,
a terra, de tão molhada, tinha virado lama. Às vezes, os
pés apenas escorregavam nela, às vezes, mais do que
escorregar, os pé se atolavam na lama até acima dos
tornozelos. Era tão difícil andar. Pedro e Antônio
estavam a transportar numa caminhada, cestos cheios
de cacau, para o sitio onde deveriam secar.
Em certa altura perceberam que a camioneta não
atravessaria o atoleiro que tinham pela frente. Pararam,
desceram da caminhoneta, olharam o atoleiro que era
um problema para eles. Atravessaram a pé uns dois
metros de lama, defendido pelas suas botas de cano
longo. Sentiram a espessura do lamaçal. Pensaram.
Discutiram como resolver o problema. Depois, com ajuda
de algumas pedras e de galhos secos de arvores, deram
ao terreno a consistência mínima para que as rodas da
camioneta passassem sem atolar.
Pedro e Antonio estudaram. Procuraram compreender o
problema que tinham de resolver e, em seguida,
encontraram uma resposta precisa. Não se estuda
apenas na escola. Pedro e Antonio estudaram enquanto
trabalharam. Estudar é assumir uma atitude séria e
curiosa diante de um problema”.
Paulo Freire
8. RESUMO
O desenvolvimento das estratégias do programa Escolar Ativa é primordial para que
o ensino a partir de classes multisseriadas se dê com mais qualidade, valendo a
ressalva de que este é considerado um ensino de baixa qualidade. Esta intervenção
tem como objetivo debater as contribuições do programa em estudo para com as
classes multisserie na zona rural e observar se os planejamentos estão
coerentemente elaborados de acordo com as necessidades dos níveis de
aprendizagem que compõe a turma. A metodologia utilizada foi de caráter
bibliográfico e de campo, onde foi diagnosticada a necessidade de se adequar os
planejamentos para cada ano escolar a fim de atender as necessidades viajantes e,
dessa forma melhorar as qualidades debatidas passam ser supridas ou amenizadas.
Vale ainda ressaltar que o desenvolvimento deste se baseia através dos estudos de
Castedo (2012), Freire (1979), Nolasco (2003), Piletti (1989), Vygostsky (2006),
Wallon (1995), Perrenoud (1997), entre outros.
Palavras Chave: Escola Ativa. Estratégias. Planejamento adequado. Qualidade.
Classes multisseriadas.
9. RESUMEN
El desarollo de lãs estratégias del programa Escuela Activa es primordial para que la
enseñanza a partir de clases de varias series se produzca com más calidad,
valiendo la resalta de que este es considerado uma enseñanza de baja calidad. Esta
intervención tiene como objetivo discutir las contribuiçones del programa, em estúdio
para las zona rural y observar se las planejamientos están coherentemente
elaborado de acuerdo com las necesidades de los niveles de aprendizaje que
compone la clase. La metodologia utilizada fue de carácter bibliográfico y de campo,
donde fue diagnosticado la necesidades vigentes y, así mejurar la calidad de la
enseñanza, estudiando donde lãs dificuldades discutidas puedan ser suplidas o
disminuidas.También vale la pena mencionar que el desarollo d este trabajo se
basa em lós estúdios de Castedo (2012), Freire (1979), Nolasco (2003), Piletti
(1989), Vygostsky (2006), Wallon (1995), Perrenoud (1997), entre otros.
Palabras Claves: Escuela Activa. Estrategias. Planeanientos adecuados. Clases de
várias series.
10. SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 10
2 CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO......................... 13
2.1 ESCOLA ATIVA: ESTRATÉGIA DE ENSINO EM UMA REALIDADE
ESPECIFICA.............................................................................................. 15
2.2 A FORMAÇÃO DOCENTE E SUA PRÁTICA PEDAGÓGICA................... 17
2.3 TEORIA E PRATICA: METODOLOGIAS ADEQUADAS AS
REALIDADES DOS DISCENTES.............................................................. 19
3 PLANEJAMENTOS DE ENSINO X REALIDADES DE
APRENDIZAGEM...................................................................................... 23
3.1 UM NOVO OLHAR SOBRE OS NÍVEIS DE APRENDIZAGEM................ 24
3.2 RESULTADOS DE APRENDIZAGEM, UMA REALIDADE COERENTE
DOS ALUNOS PROVENIENTES DA ESCOLA ATIVA............................. 26
4 INTERVENÇÃO SOCIOESCOLAR........................................................... 29
4.1 CARACTERÍSTICAS REAIS DA INSTITUIÇÃO........................................ 29
4.2 PROBLEMATIZANDO O OBJETO DE ESTUDO..................................... 32
4.3 INTERVENÇÃO E AÇÕES INOVADORAS............................................... 37
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 41
REFERÊNCIAS........................................................................................ 44
ANEXOS.................................................................................................. 46
11. 10
1 INTRODUÇÃO
A Escola Ativa é um programa de Ministério da Educação proposto à escola
do campo, onde predominam as classes multisseriadas, com a tarefa de levar a
aprendizagem, a socialização e o saber as crianças e jovens do campo.
Quando se observa dados da educação do campo de um modo geral,
identificam-se desigualdades históricas no que se refere à educação com direito de
todos, especialmente no tocante a distorção idade/ano escolar e a formação das
turmas que em sua maioria é composta por mais de um nível de ensino, ou seja, são
multisseriadas, valendo a ressalva de que 71,5% destes alunos encontram-se
matriculados nos anos inicias do ensino fundamental.
Historicamente, a educação do campo ocorre em grande parte, de maneira
precária, deixando de cumprir os objetivos que são estabelecidos para o
desenvolvimento de competências e habilidades das crianças por etapa de ensino.
Diante disso, os sistemas de ensino começaram a olhar o campo com uma
visão diferenciada, tendo como missão elaborar propostas metodológicas que visem
combater a reprovação e a evasão escolar nas turmas multisseriadas do ambiente
do campo, daí surge o projeto (atualmente programa) Escola Ativa.
A escolha da temática parte da experiência vivenciada pelo pesquisador, este
por sue vez associou o tema com o campo de atuação pedagógica que desenvolve
desde o ano de 2009.
A educação do campo e as classes multisseriadas eram consideradas como
um ensino precário e condenado a evasão, fator esse que é decorrente do forte
processo de urbanização. A partir daí, surge a estratégia metodológica escola ativa
que vem melhorar a qualidade do ensino oferecido aos estudantes do campo.
Nessa linha de pensamento, cabe a ressalva de que este trabalho servirá
como um suporte teórico e prático, pois será através de seu desenvolvimento, que
os princípios e métodos estudados terão sua veracidade questionada e avaliada,
sendo uma importante contribuição para que a relação entre teoria e a prática
desenvolvida sejam revistas, promovendo o bem comum de uma maneira eficaz e
prazerosa.
Nesse sentido, a intervenção tem o intuito de debater as estratégias de
programa escola ativa para que o processo de ensino em classes multisseriadas do
campo seja melhorado, observando se as propostas estão adequadas ao
12. 11
multisseriado, como as estratégias estão sendo aplicadas e ainda, se a mesma está
favorecendo o cumprimento dos objetivos traçados.
A intervenção se dá em dois momentos de pesquisa, sendo que o primeiro foi
de caráter bibliográfico, abrangendo pensamentos, citações e discussões sobre a
temática até então questionada. Já o segundo momento refere-se à pesquisa de
campo, através das atividades vivenciadas nas Escolas Municipais Profª Maria
Helena Rebouças Marques e Idelzuite Fernandes, sendo que a primeira está situada
na comunidade praia de Gado Bravo e a ultima localiza-se no Sitio Gangorra, estas
localidades são zonas rurais do município de Tibau, RN. As escolas citadas são
multisseriadas e trabalham de acordo com o programa Escola Ativa. Ambas as
unidades de ensino estão vinculadas ao Centro Municipal de Ensino Rural
Professora Aldenora Barbosa Rebouças que tem a função de administrá-las e
acompanhar o andamento da metodologia e da aprendizagem do alunado. A
pesquisa está fundamentada nos estudos de Castedo, Freire, Nolasco, Piletti,
Vygostsky, Wallon, entre outros, servindo de alicerce para a ação interventiva para
as escolas do campo de Tibau, esta visa aprimorar a qualidade do ensino oferecido
nessa instituição.
O atual momento desafia-nos a reconhecer o campo enquanto fonte de suas
reflexões e superar toda essa visão retrógrada do campo, sendo ainda que o maior
problema dentro da educação vigente é a forma de se trabalhar com a multisseriado
a medida que nenhuma das séries envolvidas sejam prejudicadas, tendo apenas
que seguir os elementos que o programa propõe, e aí sem, o professor poderá
observar a veracidade dos resultados obtidos com o desenvolvimento da
metodologia.
Sendo assim, o trabalho de intervenção socioescolar está dividido em
capítulos que contemplam informações sequenciadas a respeito da que se vem
debatendo.
O segundo capítulo faz um cotextualização histórica da educação no campo
de modo geral e do programa escola ativa, onde ressalva a metodologia como
estratégia em uma realidade específica, o que de fato se pode afirmar, pois suas
atividades são dirigidas de acordo com a realidade dos alunos do campo. Ainda
neste capitulo são discutidas questões referentes à formação docente e sua pratica
de ensino e sobre a teoria e pratica, onde questiona se a metodologia é adequada a
realidade dos discentes.
13. 12
O terceiro capítulo traz uma abordagem sobre o planejamento de ensino e a
realidade de aprendizagem, enfocando novos olhares sobre os níveis de
aprendizagem e fazendo uma breve explanação a respeito dos resultados de
aprendizagem, pois são realidades coerentes dos alunos provenientes da Escola
Ativa.
Já quarto capítulo refere-se a ação interventiva, traz um respaldo das
características gerais das instituições campo de observação e ação. O resultado da
coleta dos dados que serviram para que a problemática fosse diagnosticada, como
também o relato crítico reflexivo do microcentro realizado com os profissionais do
Centro Municipal do Ensino Rural.
Vale considerar ainda que se referindo a educação no campo, o ensino deve
está voltado para com a realidade vivenciada, ou seja, a educação escolar deve
trabalhar com conteúdos que enriqueçam os seres humanos para que a partir daí,
os mesmos, possam fazer parte e interagir por meio das discussões de convívio
social do individuo.
Da observação realizada, se diagnostica que a dificuldade que permeia o
trabalho do professor de classes multisseriadas é trabalhar de forma adequada com
os níveis de aprendizagem que compõe a turma, fazendo com que os alunos não
construam os conhecimentos de cada etapa do ciclo de aprendizagem e desta forma
o ensino passa a ser desacreditado, então aí entra a escola ativa com forma de
inovar e facilitando processo de ensino através de métodos construtivistas e
matérias que venham fortalecer a aprendizagem.
Em relação à intervenção espera-se que os professores observados estejam
abertos a mudanças, fato esse que já permitirá obter bons resultados com esta,
ação, além do enriquecimento teórico e pratico que esta vem proporcionar ao
pesquisador, as unidades escolares observadas e por fim, para a própria pedagogia,
trazendo medidas que solucionem aquilo que dificulta o trabalho educativo e si.
14. 13
2 CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO CAMPO
No decorrer dos tempos a educação no campo era tão esquecida por porta
das gestões ou política públicas educacionais sendo que a mesma sequer foi
mencionada nos textos constitucionais até 1891, fatos esses fizeram com que a
educação em questão fosse considerada como uma herança de precariedade no
que se refere a educação que era oferecida aos povos do meio rural, destacando os
elementos humanos para o funcionamento do trabalho pedagógico, a infraestrutura
e os aspectos físicos que apresentavam ou até se apresentam ainda, de uma forma
não adaptada à realidade pertinente as escolas e a formação inicial e continuada
dos profissionais envolvidos no processo que seja adequada com prática docente
que se faz necessário no campo de estudo.
De inicio, o ensino campo foi proporcionado de uma maneira excludente que
ainda reflete em alguns aspectos nos dias atuais, pois ao ser implantado, o mesmo,
tinha o intuito de atender as elites, sendo que era inacessível para boa parte da
população, ou seja, mulheres, agricultores, negros, indígenas não deveriam
aprender a ler, pois o pensamento era que os mesmos não necessitavam
desenvolver as habilidades de leitura, escrita e matemática devido trabalharem no
que se refere ao “pesado”.
Em meados dos anos de 1950 surge um discurso urbanizado onde a
sociedade rural estava devidamente propicia ao desaparecimento por acreditarem
que o processo de industrialização em andamento no Brasil faria com que o espaço
camponês deixasse de ser habitado com relacionou Moreira apud, Abrão (1989). “O
campo é uma divisão sócio cultural a ser superada e não mantida”. Desde aí, com o
golpe de 1964, onde a educação e os movimentos sindicais passaram a ser
censurados e quem se manifestasse terminaria preso ou tendo que ficar exilado, a
elite brasileira almejava que o pais se tornasse uma potência no cenário nacional e,
ao mesmo tempo existia algo que a desafiava e impedia que o Brasil se destacasse
no cenário já citado, o analfabetismo, daí foram elaborados projetos e campanhas
para que a demanda fosse amenizada e que com isso a nação entrasse no rumo do
desenvolvimento.
A partir da década de 1990 o processo de educação na zona rural passa a
dar sinais de mudanças pois os movimentos sociais pressionavam o governo com o
objetivo de universalizar o ensino no que diz respeito a elaboração de propostas
15. 14
didático pedagógicas que fossem de encontro coma realidade vivenciada no campo,
porém foram mudanças que passaram a ser contínuas num processo não tão rápido
mas que já se entrava no caminho adequado.
O forte processo de urbanização das cidades onde a maior parte das famílias
migrou para a zona urbana em buscar de melhores condições de vida proporcionou
uma drástica redução do número de criança a ser matriculadas na escola do campo,
o que implicou em mais um fato tão criticado e vítima de preconceito chamado de
turmas multisseriadas ou unidocentes onde mais de um nível escolar encontra-se
estudando na mesma sala com um único professor, sendo que a precariedade da
educação oferecida aos povos dos campo se acentuam nestas turmas.
De acordo com o Censo Escolar de 2006 existem cerca de 50 mil
estabelecimentos educacionais onde predominam esta organização das turmas,
antes desta estatística pôde se notar com eficácia, porém não se realizou necessário
pois acreditavam que com o passar dos tempos, as mesmas viriam a desaparecer
como um fato natural, como o que se esperava não ocorreu, muito antes se deram
inicio à estudos que construíssem uma proposta que visasse a melhoria da
qualidade do ensino no campo em especial aquele que se desenvolve a partir de
classes multisseriadas onde o principal objetivo foi de acabar com a reprovação e
evasão escolar nas turmas aqui debatidas e estudadas, daí surgiu a então proposta
metodológica escola ativa que viera reconstruir o ensino em questão.
Diante disso, o campo deixaria de ser observado como espaço de exclusão e
sim campo de reflexão quanto ao espaço regional e os demais aspectos a ser
explorado no meio convívio rural.
Nesse sentido, as Diretrizes Operacionais para educação do campo (2004, p.
32) afirma que,
O campo hoje não é sinônimo de agricultura ou de pecuária. Há traços do
mundo urbano que passam a ser incorporados no modo de vida rural (assim
como há traços do mundo camponês que resgatam valores sufocados pelo
tipo de urbanização vigente). Assim pendo, a inteligência sobre o campo e
também a inteligência sobre o modo de produzir as condições de existência
em nosso país.
Desta forma, fica nítido que mesmo com realidades e costumes diferenciados,
ambas as culturas sofrem influencias recíproca uma da outra.
16. 15
2.1 ESCOLA ATIVA: Estratégia de ensino em uma realidade especifica
Diante do que foi relatado, as classes multisseriadas foram durante muito
tempo alvo de críticas perante as dificuldades existentes na realização de um
trabalho pedagógico eficaz que se aplique a esta realidade de ensino de um modo
que nenhum dos níveis que formam a turma venha a ser prejudicada.
Durante anos essa problemática foi pauta de estudos aqui no Brasil onde
foram sucessivas tentativas sem sucesso até que em meados do mês de maio do
ano de 1996, um grupo de técnicos da Direção/Coordenação de Projeto Nordeste
(Projeto Educação Básica para o Nordeste) este vinculado ao Ministério da
Educação, e técnicos dos estados do Maranhão e Minas Gerais foram convidados
pelo Banco Mundial à participarem na Colômbia de um encontro de capacitação
sobre a estratégia “Escuela Nueva – Escuela Activa”, esta elaborada a discutida por
uma equipe de profissionais colombianos que há muito tempo desenvolviam sua
docência a partir de turmas multisseriadas daquela nação.
A partir desse momento surge a ideia de implantar a estratégia a fim de
auxiliar o trabalho docente nas classes multisseriadas brasileiras. Já em agosto do
mesmo ano Direção Nacional do Projeto Nordeste reuniu em Brasília todos os
secretários de educação e diretores de ensino dos estados do nordeste, a fim de
participarem de um seminário ministrado por um representante da FUNDACION
VOLVAMOS A LA GENTE, que foi responsável pela implantação e consolidação da
estratégia na Colômbia, invento esse que tinha como propósito apresentar as ideias
da proposta e decidirem sobre a adoção, logo após o seminário, os estados da
Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Piauí foram
de encontro com o que tinha sido proposto e diante mão decidiram pela adoção,
sendo que em Outubro do corrente ano, técnicos destes estados passaram por
formações na Colômbia, desde então, a estratégia passou a se chamar Escola Ativa,
porém sua implantação ocorreu no ano de 1997 com orientações e auxilio financeiro
do projeto Nordeste, onde seu principal objetivo é aumentar ou qualificar o nível de
aprendizagem dos discentes, diminuir a reprovação e evasão e escolar no que se
diz respeito as classes multisseriadas e elevar o número de concluintes de parte do
Ensino Fundamental, isto é, o ensino fundamental anos iniciais do 1º ao 5º ano. Em
1998, com a rápida repercussão dos bons resultados da estratégia nos estados que
já haviam implantado e Sergipe e Alagoas também decidiram pela adoção.
17. 16
O programa Escola Ativa além de promover recursos e meios que facilitem o
desenvolvimento educacional das escolas do campo, tem a função de desenvolver
momentos de reflexão ação acerca da prática que os educadores realizam servindo
de momentos que propiciam troca de experiências vivenciadas e estas podem e
dever ser fundamentadas de acordo com princípios teóricos que a pedagogia debate
cotidianamente. Sobre essa passagem, as Orientações Pedagógicas para Formação
de Profissionais do Programa Escola Ativa (p.24) observam que é,
Importante destacar a necessidade da formação continuada do professor
para atuar nas classes multisseriadas. Esta deve contar, ainda, com a
participação da comunidade, para um melhor desenvolvimento do ensino
aprendizagem. Estas contribuições devem ser frequentes, auxiliando a ação
pedagógica do professor com estratégias e vivencias que favoreçam a
aprendizagem, as atividades e decisões escolares. Nesse sentido, a
adequação do ambiente escolar deve ser feita de forma propicia ao
desenvolvimento das atividades, à melhoria da autoestima do aluno e a
participação da comunidade na preservação da escola, não perdendo a
identidade do campo, sua cultura, mas compreendendo-a e valorizando-a.
Diante disso, pode-se resaltar que trabalhar com uma classe multisseriada
exige do profissional uma atuação coerente que vá de encontro com uma formação
inicial e continua que vise qualificar a docência desenvolvida neste meio que trata-se
de um realidade especifica.
Voltando ao percurso histórico do programa, no ano de 1999, o projeto
Nordeste encerrou suas atividades dando lugar a um novo momento, a criação do
programa FUNDESCOLA (Programa Fundo de Fortalecimento da Escola), o que não
implicou nas ações de implementação da estratégia, uma vez que esta já se
consolidava nos estados, em especial, nos da região Nordeste, a Escola Ativa,
então, passou a fazer das ações do novo programa de fortalecimento da escola.
Partindo disso, para melhor entendimento, o processo de implantação da
Escola Ativa se dá que em quatro (4) fases que representam o processo percorrido
desde sua implantação. A primeira corresponde ao momento da implantação e
testagem, que além de servir de momento de implantação foi neste que houve
acompanhamento para que a efetividade da estratégia fosse avaliada. O Projeto
Nordeste planejou ações que nesta estavam induzas a elaboração dos guias de
aprendizagem e a contratação de coordenadores/supervisores pedagógicos para
realizar os monitoramentos nas escolas.
18. 17
Já em sua segunda fase, foi onde ocorreu a elevação do numero de escolas a
adotarem a metodologia, mas sem que qualidade saísse do foco. Na terceira fase
houve o reconhecimento da eficácia da estratégia pelos estados e municípios o que
resultou na criação de redes de formadores da estratégia dando aos municípios o
direito de participarem das ações de formação e monitoramento de modo que
favoreça a ações de monitoramentos que são desenvolvidas nas escolas do campo,
dando mais autonomia aos estados e cidades nas ações e formações dos
profissionais de sua competência.
A quarta fase encontra-se em dois momentos, onde o primeiro foi a fase de
expansão II onde que foram incorporados aos municípios autônomos as
responsabilidades de capacitar os docentes o profissionais e equipar a escola de
estrutura e de kit pedagógicos (globo, mapas, etc.) cabendo ao FUNDESCOLA a
distribuição dos recursos instrucionais para formação de educadores, e de Guias de
Aprendizagem (livros didáticos elaborados de acordo com a realidade das classes
multisseriadas) que são necessários a implantação. O segundo momento é marcado
como a fase de disseminação e monitoramento onde se refletiu a grande rede de
responsáveis pela sua implementação junto a gestores, técnicos, educadores,
alunos e pais que se apoiam e buscam a preservação do campo e a melhoria da
qualidade do ensino em questão. Esse momento foi distinto e em 2007 o Programa
Escola Ativa novamente passou por adaptações com sua transferência para a
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, sendo gerida pela
coordenação geral de educação do campo como parte das ações dos MEC, o que
desafiou o programa o reconhecer o campo enquanto espaço de suas reflexões.
Contudo, os povos camponeses almejam boas escolas para seus filhos, onde
não sejam ensinados apenas conteúdos e sim, princípios que norteiem o respeito e
o reconhecimento das várias das formas de existências, de manifestações e
relações sociais e com o ambiente natural.
2.2 A FORMAÇÃO DOCENTE DE SUA PRÁTICA DE ENSINO
“A formação de professores só tem hipóteses de ser tornar uma força de
mudança da escola se adquirir maior autonomia em relação ao sistema”
(PERRENOUD, 1997, p. 97). Nesse sentido, a formação de um educador se faz
necessário está adaptada à realidade que se vivencia no campo, proporcionando
19. 18
oportunidade de mudanças perante a prática de ensino a ser desenvolvido neste
meio.
Como já foi relatado, no campo predominam as classes multisseriadas e,
estas por sua vez são consideradas um ensino precário assim como a formação de
boa parte de seus professores, diante disso, o programa escola ativa propõe em
seus pressupostos que este profissional deva estar aperfeiçoando seus
conhecimentos, o que consequentemente implicará numa melhor pratica de ensino,
fazendo com que o educador tenha autonomia para mediar o processo de
aprendizagem mediante a realidade do aluno e do ambiente em que esteja inserido.
As reflexões acerca da autonomia a ser adquiridas pelo professor através de
sua formação contribuem para que se analise o papel que os sistemas de ensino
tem desempenhado na relação com os professores das escolas do campo que se
apresentam, em muitos casos, fechados a novas ideias e estratégias a serem
desenvolvidas, salientando que essa formação vai além da escola, possibilitando a
compreensão das peculiaridades e necessidades.
Partindo deste pensamento, fica óbvio que o trabalho acerca de turmas
multisseriadas requer do professor uma formação e um perfil diferenciado, pois
atender um grupo de 15 ou 20 alunos com idades, interesses, níveis de maturidade
e conhecimento diferentes não é tarefa simples, pelo contrário exige do professor,
além de uma grande dose de boa vontade e dedicação, o conhecimento técnico
pedagógico necessário à execução do seu trabalho, a adaptação e o entrosamento
com a comunidade onde a escola está inserida e muita criatividade para desenvolver
um plano de ensino de qualidade.
No entanto segundo Piaget, numa classe multisseriada o conhecimento se dá
através de ações de interações entre os educandos e professor. Este último deve
conter uma formação e um perfil onde deve ter habilidade suficiente para criar um
ambiente e uma atmosfera de trabalho, no qual as crianças sejam ativas, que
tenham capacidade de iniciar e finalizar suas atividades num clima de interação e
ajude mútua e com materiais ao seu alcance; entender que aprendizagem é um
processo caracterizado pelas ações de uns sobre os outros, pelas diferentes
linguagens utilizadas pelos valores e regras de grupo.
Desta maneira, além de uma formação inicial, fazem-se necessários estudos
contínuos especialmente que sejam relacionados com o campo de estudo ou de
vivência para que o professor possa realizar um trabalho multi e interdisciplinar, de
20. 19
acordo com as possibilidades e capacidades de carências de toda ordem,
destacando que o campo atualmente situa-se como espaço de reflexão, fator este
que deve este incluso no currículo do profissional da educação vigente.
A formação continuada dos professores de Escola Ativa é de
responsabilidade das três camadas governamentais, ou seja, cabe a União
Federativa, aos Estados e aos municípios, o desenvolvimento e avaliação do
programa e da formação proporcionada aos professores. O projeto base (2008, p.
35) afirma que:
A formação continua dos educadores será de responsabilidades
compartilhadas entre os sistemas públicos de ensino, com as atribuições
definidas da forma como se segue. Caberá a União articular através da
Rede de Diversidade o conjunto Universidades que desenvolvem
programas de formação de educadores para as escolas do campo,
financiando cursos de aperfeiçoamento de no mínimo 180 horas para no
mínimo dois técnicos municipais e coordenadores das secretarias
estaduais. É ainda de responsabilidade da União construir um sistema
nacional de monitoramento do Programa Escola Ativa com o objetivo de
obter dados para avaliação de resultados redimensionamento das metas e
realização das mudanças necessárias na estrutura e na propostas
pedagógica. Aos estados cabe coordenar a articulação entre as
universidades e municípios para o planejamento conjunto e monitorar a
formação realizada pelas universidades designadas pelo Governo Federal.
O município, por sua vez deverá organizar e manter os microcentros,
garantindo a formação continuada dos educadores, garantir o deslocamento
e presença dos formadores nas atividades de formação e criar formas de
acompanhamento, monitoramento e avaliação do Programa no âmbito local.
Nesse contexto, a união designará universidades para que capacitem os
coordenadores estaduais e municipais, aos estados cabem articular ações entre
universidades e municípios e este último, em como responsabilidade promover a
realização de microcentros que fazem parte das estratégias da Escola Ativa que visa
proporcionar trocas de experiências, oportunidades para que os educadores possam
se organizar e construir novos conhecimentos, bem como refletirem sobre as
dificuldades existentes no tocante ao ensino aprendizagem, sendo um espaço para
teorização, avaliação do que se está desenvolvendo e a autoavaliação por parte do
docente.
2.3 TEORIA E PRÁTICA: Metodologias adequadas à realidade dos discentes
O trabalho com ensino multisseriado, em especial na zona rural deve ser
trabalhado de uma maneira diferenciada da dita educação seriada ou regular.
21. 20
Exigem-se práticas que venham a atender toda a demanda e que estas sejam
desenvolvidas de acordo com a realidade dos educandos.
Nesse sentido, o Programa Escola Ativa, ao procurar resposta para essas
questões, elaborou uma proposta voltada para o trabalho em classe multisserie, pois
combina uma série de elementos e instrumentos de caráter pedagógico, social e que
também cabe à gestão escolar. De acordo com o caderno Orientações Pedagógicas
para Formação de Profissionais do Programa Escola Ativa (2008, p.33), a estratégia
reflete que para se obter mudanças no ensino, auxiliar a pratica dos professores e
acompanhar a aprendizagem dos alunos, faz-se necessário levar em consideração
que:
O estudante é sujeito histórico
O professor e o estudante são protagonistas do processo de ensino e
aprendizagem, sendo que o papel do professor é o d planejar e coordenar o
mesmo, introduzir novos conhecimentos, diversificar os possibilidades de
acesso;
A realidade do estudante é o ponto de partido e o ponto de chegada
do processo de ensino – aprendizagem;
A aprendizagem supõe o estudo da realidade e de conceitos, para
melhor analisá-la, e a proposição de ações para transformá-la. Este
processo, proposto para entender e tornar viva a relação com o
conhecimento, a parti da problematização da vida social, passa por sua
interpretação segundo os conhecimentos teóricos e posterior intervenção;
A aprendizagem deve estar relacionada com a vida social em todos
os seus níveis de organização, através do trabalho cooperativo, dentro e
fora do espaço escolar;
A escola é o espaço de encontro entre os concito ligado ao senso
comum, aos saberes individuais e comunitários e os conceitos científicos
(saber sistematizado, conhecimento socialmente produzido pela
humanidade.)
A escola está inserida em um contexto social, político, econômico e
cultural e faz parte de sua tarefa pensar sua importância na preparação
para o trabalho e na forma do ser humano;
O professor não deve atuar solitariamente.
Nesse contexto, primeiro deve-se diagnosticar a necessidade do aluno e,
buscar forma de atuação conjunta, seja por intermédio de recursos, participação da
família ou da comunidade, ou seja, seu objetivo é propor condições para o
desenvolvimento de uma aprendizagem voltada para compreensão da realidade
social na qual a criança esteja inserida, sempre buscando incentivar vivências que
propiciam além da aprendizagem, sentimentos de companheirismo, colaboração,
solidariedade e participação nas atividades do meio social, especialmente a
participação constante na gestão escolar pelos alunos, pais, professores e
comunidade.
22. 21
A escola ativa busca auxiliar o trabalho do professor em sala de aula e para
isto, desenvolvem-se estratégias que sendo relacionadas, tendem a enriquecer a
proposta curricular.
As estratégias são:
I Caderno de Ensino – Aprendizagem
Estes são livros específicos por áreas de estudo (língua portuguesa,
matemática, história, geografia, ciências e alfabetização e letramento), elaborados
para a utilização em classes multisseriadas, o mesmo, introduz o conhecimento a
partir dos conhecimentos prévios dos alunos e dos assuntos que foram trabalhados
nas unidades anteriores, por isso devem seguir a sequência.
O recurso aqui discutido não implica na substituição do livro didático, pelo
contrário, o mesmo deixa espaço aberto para que o educador amplie o conteúdo a
fim de atender as necessidades de seu alunado.
II Espaço Interdisciplinar de Pesquisa
Nesta estratégia, são criados espaços que disponham de livros para pesquisa
e recursos lúdicos que o programa disponibiliza para tornar a aula mais rica. Sugere-
se que estes espaços sejam interdisciplinares, mas em sua maioria são divididos em
cantinhos por área de estudo o que não justifica afirmar que não seja interdisciplinar,
pois ao fazer uma pesquisa ou desenvolver um jogo de história e geografia, além
dos conhecimentos dessas áreas, são desenvolvidas práticas de leitura e o
raciocínio lógico que compete a outras áreas de trabalho.
O docente pode através dessa estratégia, buscar conexões entre a história
local e geral, percorrendo espaços teóricos e vivenciais, valendo a ressalva que é no
campo em que a criança poderá vivenciar e situar-se como ser agente transformador
do ambiente em que vive.
III Colegiado Estudantil
O colegiado estudantil é o coletivo de representantes dos comitês, proposto
pela Escola Ativa, a fim de favorecer a gestão democrática no campo, estimulando a
auto-organização dos alunos frente as tomadas de decisões, o comando de
execução das tarefas, bem como a coordenação das assembleias.
O desenvolvimento desta estratégia, além de proporcionar uma maior
organicidade, contribui para que os educandos observem e compreendam os
compromissos da escola e do indivíduo para com a sociedade.
IV Escola e Comunidade
23. 22
As instituições, como parte do ambiente em que se insere, deve reforçar sua
inserção na medida em que se desenvolvam atividades relacionadas ao dia-a-dia da
comunidade, fazendo estudo de seus problemas buscando formas de solucioná-los,
trabalhando obviamente, com base na interdisciplinaridade a ser praticada no
cotidiano escolar, onde promovam a participação da localidade para debater
sugestões acerca das dificuldades, sejam elas econômicas, educacionais, entre
outros.
O desenvolvimento das estratégias aqui descritas leva-nos a observar que se
abrindo cominhos para construção de uma concepção do ensino aprendizagem
capaz de superar a classificação em séries, onde os anos iniciais do Ensino
Fundamental tornam-se uma etapa menos fragmentada favorecendo uma atuação
integral e multidisciplinar, onde a infância passa a ser compreendida como diferentes
estágios de desenvolvimento e não como séries.
O programa não vai solucionar imediatamente todos os desafios nas classes
multisseriadas no campo, sobre isto, recorre-se novamente ao Caderno Orientações
Pedagógicas para Formação dos Profissionais do Programa Escola Ativa (2008,
p.36) onde se esclarece de forma nítida que,
As classes multisseriadas precisam ser consideradas como uma alternativa
para oferecer uma educação de qualidade no e do campo. O programa não
pretende esgotar ou solucionar todos os desafios colocados para o
professor de classes multisseriadas, mas abrir possibilidades de atuação e
desafiá-lo a seguir formulando com seus pares e com os sujeitos do campo.
Ou seja, a estratégia apresenta formas adequadas para que o professor, a
partir de sua prática venha a superar os desafios existentes no caminho.
Dessa forma, a metodologia proposta pelo programa em estudo baseia-se na
realidade dos alunos e da comunidade a qual faz parte.
24. 23
3 PLANEJAMENTO DE ENSINO X REALIDADES DE APREDIZAGEM
A necessidade de planejar se faz necessário em todos os setores da atividade
humana, pois transformar sonhos em realidade concreta é uma preocupação de
qualquer pessoa.
Segundo Freire (1979) estudar é assumir uma atitude seria e curiosa de um
problema, isto é, estudar é planejar e, diante de um problema procurar refletir para
quais alternativas de ação possam vir a ser realizadas.
O ato de planejar não surgiu de agora, porém atualmente tomou uma maior
dimensão por causa da complexidade, dos problemas, pois quanto mais complexos
se tornarem os problemas mais necessária se faz a prática de planejamento.
No planejamento espera-se responder às seguintes questões:
O que pretendo alcançar?
Em quanto tempo pretendo alcançar?
Como alcançar o que pretendo?
O que fazer e como fazer?
Quais os recursos necessários?
Como verificar se o que se objetivo foi alcançado?
Acerca do planejamento de ensino, é importante ressaltar que,
O planejamento de ensino é a especificação do planejamento de currículo.
Consiste em traduzir em termos mais concretos e operacionais o que o
professor fará na sala de aula, para conduzir os alunos a alcançar os
objetivos educacionais propostos (PILETTI, 1989, p.62).
Nesse sentido, é através do ato de planejar que o professor vai especificar
sua docência de acordo com a necessidade de sua classe, o que nos remete a
realidade do educador de classes multisseriadas, este por sua vez, além de adequar
seu trabalho ao nível de aprendizagem da turma, tem a tarefa de estabelecer
objetivos diferentes a fim de atender a todos os anos escolares que a compõe, tendo
ainda, que promover momentos de interação entre os diferentes níveis, para que
ambas troquem conversas e práticas que favoreçam uma aprendizagem cada vez
mais sólida.
Para se realizar um planejamento de forma adequada é preciso saber, antes
de tudo, com quem se irá trabalhar, só desta maneira, é que se poderá elaborar
objetivos que atendam a necessidade dos alunos. Neste caso, a escola se aproxima
25. 24
do saber cotidiano, ou seja, da realidade vivenciada pela criança, relacionada ao
trabalho e à educação familiar de campo e de cidade. Valendo a ressalva de que
estes saberes implicam na forma de comportamento das pessoas, no entanto, a
meta é que esse saber popular se torne situações de estudo e problematização,
tecendo ligações entre a realidade e o conhecimento científico, daí surge a
ressignificação da criança. Introduzir novos conceitos fará com que o aluno possa
pensar e transformar sua realidade.
Diagnostica-se que o planejamento de acordo com a vivência do aluno
relacionado com as estratégias da escola ativa, entre elas, o colegiado e escola e
comunidade fazem com que as crianças desenvolvam noções ou conhecimentos
diferenciados dos que se trabalham nas escolas ditas, regulares, promovendo
sentimentos e atitudes de companheirismo, aprendizagem coletiva, democracia e
igualdade.
3.1 UM NOVO OLHAR SOBRE OS NÍVEIS DE APRENDIZAGEM
A aprendizagem do aluno com o passar dos tempos deixou de estar ligada
inteiramente a uma visão reducionista em que ensino aprendizagem centrava-se
apenas na absorção de conhecimentos teóricos ou didáticos.
A aprendizagem e o desenvolvimento da criança parte sempre de
observações ou fatos práticos, acerca disso, pode-se afirmar que,
A aprendizagem parte sempre de uma situação completa, inicialmente a
visão do problema ou da situação e sincrética, ou seja, é geral, difusa,
indefinida. Em seguida, através da análise, das considerações dos diversos
elementos integrantes, chega-se a uma visão total do problema ou da
situação. O terceiro passo é a síntese. Através da síntese integram-se os
elementos mais significativos e essenciais (PILETTI, 1989, p.34).
Dessa forma, o conhecimento passa a ser construído à medida que a criança
atribui um significado, mesmo que seja simples, mas isso implicará numa
aprendizagem da qual não passará despercebida pela mesma.
O processo de ensino aprendizagem deve ser desenvolvido de uma maneira
que os alunos possam por em prática suas habilidades de compreensão, aplicação e
modos de solucionar problemas, buscando um pleno desenvolvimento no que se
refere aos níveis cognitivos, afetivos e psíquicos.
26. 25
Na escola ativa, além de se trabalhar as questões cognitivas e psíquicas, o
programa propõe uma prática diferenciada que envolve o aspecto afetivo da criança
à medida, que, são desenvolvidas atividades em grupos de estudos em que o aluno
auxilia o colega em dificuldade. Valendo a ressalva de que são em momentos de
companheirismo e amizade, fazendo com que ocorra maior aceitação, identificação
e sensibilização das crianças para com a proposta de se trabalhar com o
multisseriado.
Com base nisso, a proposta metodológica escola ativa destaca que o ensino
direto de conceitos não tem bom aproveitamento, sendo que sua tarefa é de
favorecer processo de humanização, os conceitos científicos devem ser adaptados
ao nível da criança através de atividades adequadas. Vale destacar que,
A aprendizagem pedagógica mostra que o ensino direto de conceitos é
impossível e pedagogicamente improdutivo. O professor que tenta usar
essa abordagem não alcança mais do que um aprendizado estúpido de
palavras, um verbalismo vazio que estimula ou imita a presença de
conceitos na criança. Nessas condições, a criança aprende não o conceito,
mas a palavra, que ela capta pela memória, não pelo pensamento. Esse
conhecimento revela inadequado em qualquer aplicação significativa
(VYGOTSKY, 2006, p.120).
Nesse contexto, faz-se necessário a elaboração de atividades que estejam de
acordo com a demanda dos níveis de aprendizagem, respeitando suas etapas para
que se alcance o objetivo.
Diante de qualquer classe, seja multisseriada ou não, os níveis de
aprendizado são bastante variados e perante uma turma multisseriada o professor
sente a necessidade de um planejamento voltado para cada nível, observando o seu
desenvolvimento e se necessário, replanejá-lo, pois nem sempre os alunos do 1º
ano, por exemplo, acompanharão com êxito, as atividades que também são dirigidas
ao 2º ou 3º ano. Nesse pensamento, é importante frisar que,
O professor deve organizar vários planejamentos ao mesmo tempo, por
mais que eles tenham partes semelhantes. Se a sala tem alunos do primeiro
ciclo do Ensino Fundamental, é preciso ter dois planos: um para os menores
e para os intermediários e outro especifico para os maiores. Deve-se pensar
que a atividade que um grupo está fazendo tem de durar exatamente o
tempo necessário para ensinar e atender o outro. Para dar conta de
necessidade de aprendizagem tão diferente, o apoio de um coordenador
pedagógico é fundamental (CASTEDO, 2012, p.52).
E afirmar ainda que,
27. 26
É preciso intercalar momentos em conjuntos com atividades em pequenos
grupos. O conteúdo determina as formas de trabalho. O importante é dar
atenção aos conceitos importantes de cada série, que precisam ser
ensinadas (idem ibidem, p. 52).
Dessa forma, reflete-se que os níveis e conteúdos devem ser respeitados,
porém faz-se preciso atividades a serem desenvolvidas em grupos para que haja
aprendizagem por intermédio da convivência com os colegas e, como a própria
autora afirmou, o conteúdo é quem vai definir a forma de se trabalhar, observando
as fases e níveis de desenvolvimento da aprendizagem do educandos.
3.2 RESULTADOS DE APRENDIZAGEM, UMA REALIDADE COERENTE DOS
ALUNOS PROVENIENTES DA ESCOLA ATIVA
Durante a vivência, os professores de escola ativa tem se deparado com uma
questão prazerosa, onde se diagnostica que os alunos provenientes de escala ativa
ao chegarem a outras escolas para dar continuidade aos anos finais do ensino
fundamental ou médio se destacam pela qualidade de produção, ações e visão de
mundo que desenvolveram a partir de um ensino que a maioria dos indivíduos
condena o que deixa ainda mais claro que a forma de trabalho que se desenvolve
está alcançando os objetivos com êxitos.
No entanto, percebe-se ainda que o desenvolvimento cultural do aluno é um
processo singular, pois se dá em ritmos diferentes, sendo que a sua visão
construída a partir da vivência em família passa a ser transformada e superada pela
realidade sócio cultural do individuo, ou seja, o seu desenvolvimento biológico,
proporciona o desenvolvimento social, porém é o meio no qual se desenvolve a
criança que implicará no grau de evolução conquistado pela mesma. Acerca disso,
Wallon (1995 apud Orientações pedagógicas para formação de profissionais do
programa escola ativa, 2008, p.42), afirma que,
O planejamento das atividades escolares não deve se restringir somente a
seleção de seus temas, isto é, do conteúdo de ensino [...] Deve incluir uma
reflexão acerca do espaço em que será realizada, decidindo sobre aspectos
como área ocupada, os materiais utilizados, os objetos colocados ao
alcance das crianças a disposição dos mobiliários, etc.
28. 27
Nesse sentido, se faz necessário resalvar que o plano a ser desenvolvido
para as classes multisserie não deve preocupar-se apenas com seleção e
organização de conteúdos didáticos, mas desenvolver aulas que estimule além dos
conteúdos curriculares abrangendo a transversalidade que o ensino requer, levando
o pensamento dos alunos além da sala de aula, fazendo com que os mesmos
atribuam sentido aquele tema que estão estudando, seja por intermédio de recursos
lúdicos, aulas de campo, etc.
Os alunos que estudam em escola que põe a estratégia em prática,
constroem uma relação na sala de aula baseada em sentimentos de
responsabilidade, cooperação, sociabilidade, julgamento, autonomia, expressão,
criatividade, comunicação, reflexão individual e coletiva e afetividade, assim como
defendeu Freinet durante a sua pedagogia.
Dentre os elementos estruturantes do programa escola ativa, para o
desenvolvimento de atitudes democráticas, colaborativas e responsáveis, destacam-
se os comitês, estes vinculados ao colegiado estudantil que tem como função
planejar atividades em diferentes aspectos da escola. Os comitês devem ser
definidos pelo educador em parceria com alunos e comunidades através de
assembleia feral para formação destes, os mesmo são formados acordo com a
realidade de cada escola, por exemplo, pode haver comitê de leitura, de
organização, recepção, de meio ambiente, etc.
Após a formação, os comitês se reúnem para escolha de líderes e monitores
onde serão designados alunos que servirão de relatores para registro de atos das
reuniões destes. Portanto, ao finalizar as escolhas, o coletivo dos lideres de cada
comitê formarão o colegiado estudantil, onde a opinião dos alunos influencia na
tomada de decisões dos professores e da gestão escolar, dando a esta um caráter
mais dinâmico e por fim, democrático.
A atuação do colegiado implicará na elaboração de projetos com temáticas
sociais que estimule a ampliação do currículo e favoreça contribuições para o
desenvolvimento local. Em seu desenvolvimento, o colegiado estudantil utiliza
instrumentos de caráter social, pedagógico e administrativo, que são:
I) Livro Ata do Colegiado Estudantil: este servirá para registro das assembleias
a serem realizadas e compromissos registrados na caixa de sugestão e
compromisso.
29. 28
II) Cartaz dos Combinados: este elaborado sob orientação do professor, onde
em conjunto com os estudantes, definem normas para convivência
democrática, propiciando a prática de direitos e deveres.
III) Ficha de Controle da Presença: é a chamada dos alunos feita pelo mesmo
através de um cartaz mensal, propiciando ao aluno responsabilidade
quanto a sua permanência em sala de aula.
IV) Caixa de Sugestão: é onde os alunos escrevem sugestões de cunho social,
administrativo e pedagógico para o desenvolvimento da gestão escolar
democrática.
V) Caixa de Compromisso: confeccionadas para firmar os compromissos
assumidos nas atividades do colegiado estudantil.
VI) Cadernos de Auto - Avaliação do Estudante: são instrumentos de registro
pessoal do estudante sobre suas interações na escola e deu processo de
aprendizagem (construção do saber)
Dessa maneira, o colegiado estudantil estabelece interações entre todos os
elementos da escola ativa fazendo com que os alunos articulem-se no ambiente
sócio cultural no processo de ação – reflexão – ação.
As Diretrizes Operacionais para Educação Básica nas Escolas do Campo
afirma que,
A identidade da escola do campo é definida pela sua vinculação às
questões inerentes à sua realidade. Ancorando-se na temporalidade e
saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros,
na rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos movimentos
sociais em defesa de projetos que associem as soluções exigidas por essas
questões à qualidade de vida coletiva do país.
Contudo, pode-se afirmar que a proposta orienta que seja desenvolvido um
trabalho a partir da realidade vivenciada do aluno, onde o saber prévio do estudante
passa a ser problematizado e refletido, fazendo com que o individuo situe-se como
ser crítico e ativo do processo social. Sendo assim, o conhecimento construído nesta
modalidade de ensino vai além daqueles que se encontra em livros ou dentro do
prédio escolar. A aprendizagem passa a ser para o mundo, para sociedade da qual
está inserido, alçando assim um dos mais importantes objetivos da escola que é o
de formar cidadãos capazes de refletir sobre seus atos e responder seus anseios
perante o meio.
30. 29
4 INTERVENÇÃO SOCIOESCOLAR
A intervenção socioescolar deve focalizar um tema/problema pertinente ao
campo de observação e, a partir da criatividade e do interesse do orientando vem
propiciar, ao mesmo, a relação entre a teoria que se questiona e a prática que é
desenvolvida, de acordo com a realidade que vem sendo debatida desde o inicio
deste trabalho.
4.1 CARACTERÍSTICAS REAIS DA INSTITUIÇÃO
A proposta de intervenção segue tratando sobre a demanda do ensino
mulotisseriado no campo e da escola ativa como instrumento que vem a inovar o
ensino em questão a partir da realidade vivenciada pelas escolas de zona rural
vinculadas ao Centro Municipal de Ensino Rural Professora Aldenora Barbosa
Rebouças em Tibau, Rio Grande do Norte.
A criação do Centro Rural, assim como é mais conhecido, se deu em 07 de
Maio de 2001, através do ato de ordem 004/2001, sendo que o seu nome foi uma
homenagem merecedora a professora Aldenora Barbosa Rebouças, hoje
aposentada, que por toda sua vida profissional prestou serviços nas zonas rurais
locais. De inicio o centro rural compreendia três escolas: a Unidade I Idelzuite
Fernandes, a Unidade II São João Batista, ambas localizadas na comunidade de
Gangorra e a Unidade III Professora Maria Helena Rebouças Marques, esta
localizada na comunidade Praia de Gado Bravo, também pertencente a Tibau.
Posteriormente, devido a redução do numero de crianças em todas as localidades
rurais, fato esse ainda decorrente do forte processo de urbanização das cidades, a
Unidade II São João Batista foi desativada, sendo que seus alunos restantes foram
deslocados para Unidade I Idelzuite Fernandes e tomando a sua ordem, passa a ser
constituída de Unidade II, a Escola Municipal Professora Maria Helena Rebouças
Marques que antes era a III unidade.
Desde sua fundação, a gestão da instituição se da através de portarias
expedidas para nomeação de cargos comissionados, ou seja, o poder executivo
nomeia que melhor preferir, sem que sejam observados os ritmos de trabalho e as
31. 30
necessidades que a instituição requer. Acerca da realidade local é importante
destacar que,
Deve haver prioridade, atenção e respeito com a educação. O que vemos
atualmente é que a prefeitura se dá por satisfeita tão somente pelo fato de
ter completado seu quadro de professores. Isso quer dizer que tendo o
professor na escola, ela já cumpriu com seu papel. Na verdade, o mais
coerente seria acompanhar o trabalho desse profissional, porque o aluno e
a peça primordial desse relacionamento. É preciso ver o estímulo de ambas
as partes e verificar se a mensagem está sendo decodificada pelo aluno.
Precisamos de eleição direta para escolha de diretores. Não custaria nada a
prefeitura doar uma bolsa para o melhor aluno, uma promoção ao professor
de melhor desempenho em sala de aula. Isso geraria mais interesse entre
as partes citadas. É preciso, ainda, verificar se há material didático
disponível para que o professor possa desempenhar seu trabalho pelo
menos de forma mais básica possível (NOLASCO, 2003, p.51).
Dessa maneira, revela-se a necessidade de se observar quem está sendo
designado para gerir o centro rural e, consequentemente as escolas do campo deste
município. Apesar desses descontentamentos perspicazes na educação pública de
Tibau, as gestões que até a presente data passaram pela zona rural foram
compostas por pedagogas e que antes disso, já atuavam na área educacional,
sendo que até o momento se passaram cinco dirigentes: de 2001 a 2004, a senhora
Edilene Elvira de Medeiros Duarte (atualmente exerce função de coordenadora
pedagógica efetiva na instituição); de 2005 a 2007, a senhora Kelle Jaciani da Silva
Fernandes; na sequência (2008 a 2010), a senhora Maria de Fátima Silva de
Medeiros, no período do mês de julho de 2009, atuou interinamente a senhora Gilva
Maria da Silva em virtude da cassação do mandato do gestor, e atualmente quem
responde pela direção é a pedagoga Maria da Piedade Lopes.
Ainda de acordo com a citação de Nolasco (2003), é preciso verificar a
questão do material didático, pois se observa que as escolas vinculadas ao Centro
Rural dispõem de um rico acervo literário e recursos metodológicos que são
distribuídos pelo MEC via Escola Ativa, porém o que é de responsabilidade do
município, no momento, deixa bastante a desejar, pois falta o essencial como papel
ofício, cartolinas, lápis, cola e etc.
A instituição campo de intervenção é de pequeno porte, não dispondo de
sede própria, tendo como missão/função administrar e promover acompanhamento e
incentivos pedagógicos nas escolas municipais da zona rural do município, tendo o
indivíduo ciente de seus direitos e deveres como ser social na sua visão de futuro.
32. 31
O Centro de Ensino Rural tem como objetivo proporcionar o ensino de
qualidade no campo, visando a formação do indivíduo como cidadão pertencente a
um meio social, sendo que sua meta é promover a construção de conhecimentos de
maneira construtivista, proporcionando dessa forma, uma aprendizagem
significativa.
Seu quadro de funcionamento é composto por uma diretora e uma
coordenadora pedagógica que fazem o acompanhamento das duas unidades de
ensino, onde as mesmas, em consonância desenvolvem ações de monitoramento e
avaliações dos professores e acompanhamento da aprendizagem do aluno, além de
atuarem nas tomadas de decisões em comum acordo com o colegiado estudantil.
Dispõe de seis professores atuantes em sala de aula, sendo que um destes é o
autor deste trabalho que atua nas duas unidades de ensino em horários diferentes,
vale a ressalva de que são três turmas na Escola Idelzuite Fernandes e trêsna
Escola Professora Maria Helena Rebouças Marques, ambas com a mesma ordem:
uma turma de educação infantil que atende alunos de três a cinco anos e duas
turmas de ensino fundamental, sendo uma composta pelos 1° e 2° anos e a outra
pelos 3°, 4° e 5° anos. Dos docentes, apenas um encontra-se em fase formação
superior, os demais já são graduados em pedagogia através do Programa Especial
de Formação Profissional para Educação Básica – PROFORMAÇÃO pela
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, sendo que três são
especialistas em Educação Especial, oferecido pela Faculdade Kúrios (FAK) e os
outros dois encontram-se em pós-graduação em gestão escolar e psicopedagogia.
Vale destaca que a coordenadora pedagógica é quem é responsável pelo
repasse dos módulos do programa escola ativa, a mesma é capacitada em Natal e
repassa para os docentes através dos microcentros.
Em relação ao seu funcionamento, quem planeja as ações é a coordenadora
pedagógica em conjunto com a gestora, professores e colegiado estudantil. A
instituição possui um Projeto Político Pedagógico que é o que determina os objetivos
de comum acordo com as necessidades vigentes.
A atual gestora é a senhora Maria da Piedade Lopes que é pedagoga e
trabalha na educação há mais de quinze anos, porém está com apenas dois anos a
frente da instituição, a mesma em entrevista, relata que a responsabilidade pelo
planejamento é de competência da coordenação pedagógica, porém como se
classifica como uma gestora democrática, articula atividades junto a coordenadora e
33. 32
aos membros do colegiado estudantil para que se tracem metas a serem alcançadas
em determinados períodos. O ingresso na instituição se dá através de concurso
público ou portarias de nomeação provisória em regime emergencial.
Seguem abaixo, algumas informações sobre as escolas vinculadas ao Centro
Rural:
ESCOLA MUNICIPAL IDELZUITE FERNANDES: Localizada na comunidade
de Gangorra, atualmente atende a uma clientela de cinquenta e dois alunos e
tendo quatro funcionários efetivos e três contratados (sem a devida
necessidade) e quatro professores, a mesma, desenvolve a escola ativa
desde o ano de 2001.
ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA MARIA HELENA REBOUÇAS
MARQUES: Localizada na comunidade praia de Gado Bravo, atualmente
atende a uma clientela de quarenta e três alunos e tendo três funcionários
efetivos e três contratados, além dos três professores lotados em cada turma,
a mesma já chegou a ser modelo no tocante ao desenvolvimento da
estratégia Escola Ativa que põe em prática desde o ano de 2001.
4.2 PROBLEMATIZANDO O AMBIENTE DE ESTUDO
Dando continuidade ao processo de intervenção, o que requer o diagnóstico
de um problema que impeça de alguma forma o processo de ensino desenvolvido no
campo, fez-se necessária uma aplicação de instrumentos (questionários) a serem
trabalhado com um aluno do 5° ano, com os professores, coordenador pedagógico e
gestora, lembrando que os instrumentos foram aplicados nas duas unidades de
ensino vinculadas ao Centro Rural, o que resultou em dois alunos e quatro
professores atuantes em sala de aula.
Aos alunos foram dirigidos questionamentos de acordo com sua faixa etária e
nível de aprendizagem. Ao ser questionado como eram realizadas as atividades em
classe, o aluno 01 afirmou que eram feitas pelo quadro e pelos cadernos de ensino e
aprendizagem, já o aluno 02 destacou a mesma forma de trabalho, acrescentando
apenas que seu professor também utilizava atividades complementares. Ao
responder se existiam atividades diferenciadas para os outros anos escolares que
fazem parte da turma, a criança 01 falou que na maioria das vezes sim, onde a
turma é dividida em grupos e o educador presta assistência a todos, já a criança 02
34. 33
relatou que existem sim atividades diferenciadas, mas enquanto o seu grupo realiza
atividades pelo caderno de ensino, o restante da turma desenvolve atividade escrita
no quadro. Em relação ao colegiado estudantil, ambos são líderes do comitê de
recepção onde tem a função de orientar as visitas que chegam à escola. Já o aluno
02 destaca apenas a utilização dos cadernos.
Até o momento, de acordo com os alunos entrevistados, percebe-se que os
professores da turma 3°, 4° e 5° anos de ambas unidades põem em prática alguns
elementos da escola ativa, mas que ainda existe uma certa inflexibilidade no tocante
a aceitação da estratégia por completo.
Já com os professores foram desenvolvidas questões bem típicas de uma
sala multisseriada do campo. Ao ser questionado quanto ao seu trabalho em classes
multisseriadas, o professor 01 relata que busca realizar um trabalho de acordo com
a proposta em estudo, através da realização de atividades em grupo. No entanto, o
professor 02 diz utilizar a dinâmica do apoio, onde o aluno que entende primeiro
socializa com os colegas e reforça que esse procedimento facilita o seu trabalho,
pois os alunos têm a mesma linguagem. A professora 03 afirma que seu trabalho é
de acordo com as necessidades dos alunos, onde se pretende respeitar as etapas
de aprendizagem de cada série escolar; e por fim, o professor 04 realiza conforme
os níveis de aprendizagem da turma, utilizando os cadernos de aprendizagem e
atividades de acompanhamento.
Em relação ao desenvolvimento das estratégias da Escola Ativa e como os
mesmos a avaliam, a professora 01 classifica como positiva, tendo em vista que as
estratégias da mesma são relevantes para realizar um bom trabalho e,
consequentemente alcançar bons resultados, já o educador 02 afirma que busca
desenvolver o que acha mais coerente e que as estratégias seriam melhor
desenvolvidas acerca de turmas seriadas, o que transparece a sua inflexibilidade no
que se refere a adequação da proposta. O professor 03 diz utilizar a estratégia que a
classifica como importante, pois é por meio de seus elementos que se pode realizar
um trabalho que venha atender as necessidades de cada ano escolar de sua turma.
Já o educador 04 diz que os resultados são ótimos, visto que desenvolvendo a
metodologia ajuda tanto na questão da disciplina como também no processo de
ensino, que é de acordo com a realidade do aluno.
Em seguida, os docentes foram questionados sobre o planejamento de suas
aulas e se existiam planejamentos diferenciados para todos os níveis escolares da
35. 34
turma, o educador 01 afirma que sim, pois na medida que são utilizados os cadernos
de ensino e aprendizagem não há como não se planejar de forma diferente. Já o
professor 02 ressalva que o planejamento precisa ser diferenciado, porém com
muitos conteúdos, procura adaptá-los para outras séries sempre que possível, o
professor 03 relata que ao planejar suas aulas, constrói objetivos para cada ano e se
existir conteúdos diferentes, elabora uma meta para cada, sempre observando o
nível de aceitação de seu alunado. O professor 04 foi muito breve e relatou apenas
que dirige os planejamentos conforme o nível de aprendizagem do alunado.
Ao questionar sobre as dificuldades, a maior parte dos docentes entrevistados
focalizou na questão do planejamento adequado para todos os anos escolares, pois
requer muito do professor no tocante ao tempo e a criatividade do mesmo. Os
professores foram questionados se enquanto profissionais de educação acreditam
numa educação de qualidade a partir de classes multisseriadas, os mesmos,
relataram que sim, pois triste do educador que não acredita em seu trabalho. Ainda
sobre as dificuldades, o educador 01 reforça a falta de um auxílio ao professor
quanto este se depara com uma turma em que a maioria não são alfabetizados,
exigindo uma constante atenção do educador frente as atividades desenvolvidas
com estes.
Ao destacar os elementos, os educadores relataram os que de acordo com
suas práticas favorecem uma aprendizagem mais centralizada no aluno e nas ações
que este passa a desenvolver. O educador 01 destacou o colegiado estudantil como
o principal elemento, pois este leva o aluno a desenvolver ações democráticas, além
dos combinados que os leva a cumprir com sua palavra, o professor 02 destacou os
combinados e a folha de frequência, já 03 e 04 destacam além do colegiado, os
cadernos de ensino e aprendizagem que são subsídios para prática educativa
nestas classes, pois os mesmos são elaborados de acordo com a realidade do
campo.
Finalizando os questionamentos com os educadores, os mesmos, foram
instigados a darem sugestões à proposta. O professor 01 sugeriu que os órgãos
intensificassem as ações de fiscalização para observar como o trabalho vem sendo
desenvolvido em conjunto, pois a estratégia requer uma continuidade e que é de
conhecimento a nível geral o que há de professores relapsos. O professor 02
sugeriu uma modificação no material didático, o que reflete o quanto os mesmo é
equivocado quanto ao desenvolvimento da estratégia e o que a mesma oferece. Já o
36. 35
educador 03 sugere ainda mais acompanhamento e suporte para os professores,
pois estes devem dispor de uma prática diferenciada da educação dita regular e por
fim, o educador 04 sugere que a mesma também sirva de metodologia para as
classes seriadas, pois em sua concepção, ver que fazendo isso vai melhorar tanto o
processo de ensino como a sua aceitabilidade junto a comunidade.
Já com a coordenadora pedagógica foram dirigidas outras questões, porém
todas com a finalidade de destacar um possível problema. A mesma, em sua
oportunidade frisou que o trabalho a partir de classes multisseriadas é muito difícil,
pois requer muito estudo, planejamento, preparação e que tudo isso é preciso de
tempo, o que muitas vezes o professor não tem. Contudo, a coordenadora relata que
a Escola Ativa colabora para melhorar a qualidade do ensino desenvolvido nestas
classes a partir do momento que desenvolve uma metodologia específica, levando
em conta a realidade local e através dos seus instrumentos, permite que o aluno
construa seus próprios conhecimentos.
Ao ser questionada sobre quais tarefas a mesma desenvolve enquanto
coordenadora pedagógico para melhorar o desenvolvimento da estratégia nas
escolas, a pedagoga diz estar sempre em sintonia com os professores, apoiando-os
no que for possível, promovendo formação continuada, planejamentos,
microcentros, oficinas de estudo, além de acompanhar o ensino-aprendizagem do
alunado.
Segundo a profissional, a dificuldade de parte dos professores das escolas do
campo em Tibau, é desenvolver um trabalho que atenda todos os níveis de
aprendizagem que compõe uma turma indo de encontro com o que este trabalho
vem questionando desde o inicio, que é a falta de preparação, visto que é preciso
desenvolver o trabalho através de atividades diferenciadas, o que requer segurança,
planejamento e domínio de conhecimentos, a mesma, sugere ainda que além das
formações que são promovidas pela instituição, os professores devem estudar,
serem mais assíduos as formações e principalmente planejar adequadamente.
Acerca dessa afirmação, o livro Orientações Pedagógicas para Formação de
Profissionais da Escola Ativa destaca que,
Dentro desse contexto, o professor encontra-se muitas vezes sem
orientação, uma vez que, em seu processo de formação, os cursos não
deram enfoque as especificidades da multissérie. O professor tampouco
recebeu subsídio pedagógico suficiente para o exercício da função docente
nessa especificidade de ensino (BRASIL, 2008, p.32).
37. 36
Nesse sentido, vale a ressalva de que o professor enquanto universitário não
recebe uma formação que também venha debater as características do
multisseriado, porém esse fato não implica numa continuidade de práticas
permanentes, o professor deve ser flexível no tocante a aceitação de propostas cujo
objetivo é avaliar o trabalho que vem sendo desenvolvido.
Ainda sobre a realidade das escolas do campo em Tibau, foram aplicados
instrumentos para coleta de dados com a responsável pela direção das mesmas,
que de inicio avalia o trabalho desenvolvido nestas classes diante sua realidade
como positivo, pois segundo a dirigente, tem-se alcançado com êxito aquilo que vem
sendo proposto.
Ao ser questionada sobre como a Escola Ativa contribui no tocante ao
desenvolvimento da aprendizagem dos alunos, a mesma afirma que contribui de
maneira eficaz pois o que é proposto e desenvolvido leva o alunado a desenvolver
aprendizagens extracurriculares, levando o conhecimento para a vida.
Quanto questionada sobre o monitoramento e avaliação dos professores, a
gestora relata que são feitos de forma sistemática através dos microcentros mensais
para a discussão da proposta.
Se tratando do planejamento diferenciado para cada ano escolar que compõe
a turma a diretora destaca que as necessidades do 4° ano, por exemplo, não serão
sempre as mesmas do 3° ou do 5° ano e considera ainda que esta demanda é o que
assola em alguns casos da instituição, o que necessita de ser estudado, debatido e
solucionado.
Contudo, através da coleta de dados realizada com agentes do processo e da
observação feita diariamente nas unidades de ensino no campo, em conjunto,
diagnosticou-se a deficiência frente ao planejamento adequado que venha a
respeitar as etapas de desenvolvimento de cada criança em seu determinado
período escolar, o que servirá de ponto de partida na tomada de decisões para que
a intervenção socioescolar possa ser posta em prática e solucionar o que permeia
de maneira negativa o ensino campo de estudo e, que através desta, os
professores, alunos, coordenador pedagógico, gestor escolar e comunidade possam
reconhecer as importantes contribuições que a Escola Ativa favorece ao
desenvolvimento do ensino-aprendizagem a partir de turmas multisseriadas, o que
vem a desconstruir qualquer pensamento negativo relacionado para com estas.
38. 37
4.3 INTERVENÇÃO E AÇÕES INOVADORAS
A ação interventiva se deu em 20 (vinte) de Agosto de 2012 nas
dependências da Unidade de Ensino Idelzuite Fernandes, esta contou com a
presença de quase todo corpo docente das duas escolas do campo da cidade de
Tibau, da coordenadora pedagógica do Centro de Ensino Rural e de uma
representante da comunidade.
De início, a coordenadora pedagógica fez a abertura do microcentro onde
demonstrou total satisfação em relação a temática abordada, pois segundo a
mesma, o autor deste trabalho cresceu na comunidade e desde 2009 que vivencia o
trabalho pedagógico que é realizado pela instituição no tocante a um
desenvolvimento das estratégias da escola ativa que venha a proporcionar cada vez
mais um ensino de qualidade a partir das classes multisseriadas.
Após a abertura do evento feita pela coordenadora pedagógica, foi que a
intervenção socioescolar entrou em prática, iniciando com uma justificativa onde se
esclareceu o motivo do evento e da escolha da temática, focalizando o que a opinião
pública e a própria comunidade tem a dizer sobre a forma de organização das
turmas e que os conceitos não qualitativos devem ser desconstruídos
cotidianamente, pois o que relata-se é que essa modalidade não favorece um bom
desempenho na aprendizagem do aluno, a partir daí foi que se pode destacar a
importância e as contribuições que a metodologia traz consigo e a necessidade de
ser desenvolvida como se deve, valendo a ressalva de que a mesma requer uma
continuidade e só dessa maneira se alcança os objetivos que são propostos.
Seguindo a linha de pensamento, foi lançada a problemática relacionada a
questão do planejamento e logo foi realizado um debate denominado “A importância
do ato de planejar” voltando o olhar para as especificidades do multissérie e que deu
para avaliar como positivo, pois alguns educadores fizeram colocações relacionadas
as dificuldades de se por em prática um plano de trabalho simultâneo, isto é, de se
dirigir atividades adequadas a cada ano escolar que compõe a turma, pois para que
se desenvolva um plano para cada atividade e para cada ano escolar requer muito
tempo, o que geralmente o professor não dispõe, e mesmo que se faça o plano
dessa forma, no decorrer da aula vai ficar tudo tão corrido que vai criar uma
confusão na cabeça do professor e, consequentemente do aluno. Diante disso, foi
39. 38
relatado novamente o que a Escola Ativa propõe ao trabalho simultâneo com série
escolares que é o de realizar um planejamento mais amplo, articulando as atividades
do cadernos de ensino e aprendizagem com outras fontes de pesquisas.
Acerca dessa afirmação, o caderno Orientações Pedagógicas para Formação
de Profissionais do Programa Escola Ativa (2008, p.51) ressalva que,
Na metodologia da Escola Ativa, o professor organiza e sistematiza as
atividades encontradas nos Cadernos, fazendo sempre esta ligação.
Devemos, porém ter o cuidado de ressaltar que o planejamento do
professor deve ser articulado com outras fontes de pesquisas para ampliar o
tema a ser abordado em sala de aula.
Nesse sentido, se as atividades de ambas as séries requer auxílio do
professor, cabe ao mesmo recorrer a outras fontes ou procedimentos diferentes, por
exemplo: se uma série realiza atividades do caderno de ensino, a outra pode realizar
uma atividade de pesquisa cujo tema seja o de seu caderno de ensino, ou seja, o
conteúdo deve está adequado a cada nível mesmo que se utilizem procedimentos
diferentes, porém estes deverão sempre estar acompanhados de objetivos ou metas
a serem cumpridas.
Diante dessas colocações, foram esclarecidas dúvidas quanto ao
planejamento simultâneo onde foi destacada a importância de se trabalhar os
conteúdos de cada série, pois esta problemática é o que torna as classes
multisseriadas mal vistas, uma vez que essa resistência se estende para além dos
pais, mas também para uma boa parcela de professores que antes de mais nada
condenam essa forma de trabalho, pois não acreditam numa aprendizagem eficaz a
partir destas classes utilizando a metodologia, simplesmente pelo fato de não
conhecer e não dispor interesse em conhecer e avaliar os resultados que são
obtidos, só por não acreditarem, por isso que muito se reforça a questão do
profissional de educação estar aberto a mudanças, pois assim como a sociedade, a
escola e a educação perpassam por constantes e significativas transformações.
Vale a ressalva de que o debate cumpriu com os objetivos propostos uma vez
que favoreceu aos professores uma reflexão crítica acerca de sua prática, além de
fazer com que os demais participantes desconstruíssem os maus conceitos
perspicazes a educação do campo e as classes multisseriadas.
Dando continuidade a programação do microcentro, foi desenvolvida uma
atividade prática, onde o grupo foi dividido em dois com a tarefa de elaborar uma
40. 39
pauta diária, sendo que o primeiro grupo ficou responsável pela simulação de um
planto voltado para uma turma composta pelos 1° e 2° anos e o outro ficou
responsável pela turma de 3°, 4° e 5° ano do ensino fundamental, após os trabalhos
foi realizada a socialização, onde o primeiro grupo trabalhou com língua portuguesa
e matemática, utilizando o folclore como êxito temático tendo como objetivo levar o
alunado a compreender o significado das lendas e de seus personagens, sendo que
seriam dirigidas atividades diferenciadas onde o primeiro ano realizaria atividade de
pintura dos personagens e o segundo iria desenvolver atividade escrita de pesquisa
e de identificação, já em um segundo momento foram propostas atividades de
matemática relacionadas cujo objetivo seria adquirir noções de subtração.
Já o grupo responsável pelo 3°, 4° e 5° anos elaborou uma pauta
interdisciplinar, também utilizando o folclore como eixo temático, objetivando
resgatar a cultura, despertar nos alunos o interesse pelas tradições e compreender
melhor o folclore, desenvolvendo a percepção visual e auditiva, trabalhando
sequência lógica, orientação espaço-corporal, quantidade, formas geométricas,
cores e lateralidade par ao 3° ano, recitação de poesias, musicas, trava línguas,
parlenda e cantiga de roda para o 4° ano e por fim, para o 5° ano, trabalhou-se
leitura e interpretação coletiva de diversos gêneros textuais dispostos nos cadernos
de ensino e produção de textos e pesquisas.
Diante do que foi exposto na apresentação das pautas, diagnosticou-se que o
que foi discutido durante o debate surtiu efeitos positivos, pois os professores
realizaram a atividade com bastante eficácia o que demonstrou o quanto a ação
interventiva vem contribuindo para instituição antes mesmo de ser finalizada.
Num segundo momento, como sugeriu a coordenação pedagógica, realizou-
se uma oficina de recursos pedagógicos sendo que a temática e o recurso a ser
construído ficaram a cargo dos professores para que confeccionassem de acordo
com que se vem trabalhando no cotidiano de sala de aula. Dessa maneira, a turma
foi dividida em três grupos.
O primeiro grupo confeccionou uma maquete dos personagens e lendas do
folclore que teve como objetivo realizar uma atividade prática e de exposição, onde a
aprendizagem ocorresse de maneira lúdica e que torna-se satisfatória. Já o segundo
grupo confeccionou um jogo da memória dos personagens folclóricos tendo como
meta desenvolver o raciocínio lógico e, levar o aluno a desenvolver conceitos no que
diz respeito ao conhecimento das culturas regionais. O terceiro grupo construiu uma
41. 40
trilha das operações onde se almejava desenvolver o raciocínio matemático e os
conceitos relacionados às quatro operações fundamentais.
Após a confecção, houve a apresentação dos recursos e diante disso pode-se
observar o quanto as oficinas foram bem aceitas, pois levou os profissionais a
prática, saindo do discurso da teoria, porém sempre relacionando-se com o que
vinha sendo desenvolvido.
Por intermédio da utilização dos slides foram expostas fotos das ações
desenvolvidas pela escola ativa no ano de 2011 e 2012 nas escolas do campo em
Tibau, mostrando a veracidade dos resultados conquistados, uma realidade
coerente dos alunos, professores e comunidades provenientes do programa em
estudo.
Para finalizar o evento, debateu-se em que sentido, o mesmo contribuiu para
que a prática desenvolvida e o andamento da metodologia da escola ativa no
município fossem revistas e o que surpreendeu foi o fato da maioria dos docentes
afirmar que há muito tempo não ocorria um microcentro tão proveitoso e que as
universidades deveriam trabalhar no currículo do curso de pedagogia, as
especificidades da escola multisseriada e as contribuições que o programa escola
ativa favorece para que o processo de ensino desta modalidade torne-se um ensino
de qualidade. Após a socialização, os docentes avaliaram o evento de forma escrita
apresentando os pontos que veio a contribuir, as críticas cabíveis e sugestões e
para encerrar foi utilizada a palavra para demonstrar o orgulho que foi de trabalhar
uma questão muito complexa, porém vivenciada e que existe meios para superar os
problemas pertinentes, deixando assim traços positivos tanto para quem promoveu a
discussão quanto para quem participou o que propiciou um momento de ação-
reflexão-ação.
42. 41
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prática de intervenção socioescolar alcançou com êxito a finalidade de
debater as estratégias que metodologia da Escola Ativa tem a oferecer para que o
ensino a partir de classes multisseriadas do campo seja um processo que se dê de
maneira qualitativa, fazendo com que os professores do campo revissem a sua
prática e se a mesma está favorecendo a conquista de bons resultados.
Através das atividades realizadas com esta ação foi possível promover a
discussão e a elaboração de planos de trabalho que contemplem as necessidades
de cada ano escolar, observando a forma que o professor utilizará para que atenda
a todos de maneira satisfatória, o que se verificou que é possível e necessário, pois
por intermédio dos procedimentos que são desenvolvidos por meio da proposta, os
resultados são os melhores e o próprio corpo docente admitiu essa ideia, o que já foi
um avanço significativo.
Com a ação interventiva foi possível avaliar os resultados locais obtidos por
intermédio da utilização adequada da metodologia que muito contribui para a
formação do individuo camponês, observando que são desenvolvidos
conhecimentos além dos cognitivos, abrangendo os aspectos críticos e sociais.
A prática de intervenção socioescolar deixou princípios que com certeza,
jamais passarão despercebidos para aqueles que participaram com eficácia do
evento promovido pela ação já citada, voltando o olhar do professor para com os
resultados obtidos e tornando-os mais flexíveis e críticos em relação a sua prática.
Já em relação ao interventor, a ação teve uma passagem muito importante,
deixando uma aprendizagem cada vez mais sólida, propiciando a oportunidade de
relacionar a teoria que vem sendo estudada nos últimos tempos com a prática que
vem sendo desenvolvida no decorrer do dia a dia das salas de aulas multisseriadas.
Observando também os desafios e os procedimentos para superá-los, utilizando a
metodologia como norte de um trabalho enriquecedor de formação do caráter
humano.
Pedagogicamente falando, o processo de intervenção deixou pontos
positivos, pois proporcionou uma socialização prazerosa para os agentes envolvidos
na educação vigente, sendo que esta veio a favorecer meios de melhorar ainda mais
a prática, tendo a escola ativa como suporte necessário.
43. 42
De acordo com o que se propôs a realização do ato interventivo também se
torna positivo à medida que propiciou aos profissionais agentes da educação do
campo uma relação entre o que a metodologia interpõe e o que se alcança na
pratica, onde os resultados positivos são sem sombra de dúvidas, notórios.
O que se pode avaliar como ponto negativo foi a questão do compromisso
dos que não compareceram ao evento e perderam uma rica discussão voltada a
prática que os mesmos desenvolvem, onde só vinha a contribuir para que o
processo de ensino aprendizagem, desenvolvidos em suas classes, fosse
melhorado.
O estudo realizado proporcionou uma rica aprendizagem, o que deixa aberto
um norte para novas pesquisas que busquem estratégias que tenham a finalidade
de suprir a demanda do ensino em classes unidocentes, inclusive novas
metodologias, se houverem. Vale destacar que o que é desenvolvido nestas classes
não deixa de ser um trabalho árduo, mais prazeroso, pois proporciona resultados
coerentes.
Quando se refere à educação do campo, em especial, as classes
multisseriadas, imediatamente remete uma educação pautada pela precariedade,
com um ensino de má qualidade, onde os objetivos não são alcançados, deixando
aqueles que fazem parte da mesma, sem direito algum a escolaridade e a educação
como um todo.
Vale a ressalva de que as classes unidocentes ou multisseriadas representam
um bom número de estudantes em todo o país, e estes por sua vez, assim como os
demais dever ter acesso a uma educação de qualidade, onde sejam construídos o
caráter da criança, tornando-a um ser participativo e agente transformador do meio
em que vive. Pautada nesses objetivos, o programa Escola Ativa vem proporcionar
subsídios para que os professores desta realidade possam desenvolver um ensino
que venha a superar todas essas concepções a respeito da educação do campo,
mostrando resultados reais e coerentes, características essas que fazem parte dos
alunos provenientes de escola que adotam a metodologia.
Serie interessante que os sistemas de ensino intensificassem ainda mais as
ações de monitoramento e avaliação da proposta, levando essa metodologia para as
escolas seriadas, o que viria a favorecer um melhor processo de ensino –
aprendizagem e a sua aceitação junto à comunidade em que as escolas estejam
inseridas.
44. 43
As contradições detectadas serviram como incentivo para que os conflitos
conceituais fossem superados, pois com base no que foi desenvolvido através das
pesquisas realizadas e da intervenção posta em prática, foi possível avaliar que a
educação do campo tem condições de proporcionar um ensino de qualidade, tendo
ainda mais espaços para reflexões acerca das ações do ser humano perante a
sociedade e o meio ambiente. Tendo apenas que intensificar a questão do trabalho
adequado às necessidades do alunado desta modalidade.
Por fim, cabem as instituições de ensino superior avaliar a importância que a
educação representa e trabalharem mais as particularidades do ensino
multisseriado, abrangendo a escola ativa como instrumento facilitador do processo
de aprendizagem a ser desenvolvido nestas, tornando a estratégia mais conhecida e
dinamizada no setor educativo de modo geral.
45. 44
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_______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada,
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Planejamento do Ensino. Brasilia/DF: MEC. Secretaria da Educação a distancia,
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46. 45
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Aldenora Barbosa Rebouças. Projeto Político Pedagógico. Tibau/RN, 2011.
PRESENTE, Cleosmar H. S; MEDEIROS, Kátia M. A. Escola Ativa Aspectos
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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ. Manual de elaboração do
trabalho de conclusão de curso. Natal: IBRAPES/UVA, 2012.
WALLON, Henri. Uma Concepção dialética do desenvolvimento infantil. Isabel
Galvão. Rio de Janeiro: Vozes, 1995.
48. 47
ANEXO A – QUESTIONÁRIOS PARA COLETA DE DADOS
QUESTIONÁRIO PARA O ALUNO
1 Como o seu professor realiza as atividades em classe?
2 Existem atividades diferenciadas para os outros que estudam em sua turma?
3Como o professor faz para ensinar você e as outras séries?
4 Os alunos de sua turma participam de colegiado estudantil? Em qual comitê você
está inserido e qual a sua função?
5 O que seu professor utiliza para trabalhar conteúdos? (Livros, matérias, etc.)