2. CONCEITOS
COMPLEXO:
1. Que encerra várias coisas ou ideias.
2. Que não é simples.
3. Conjunto de coisas ligadas por um nexo
comum.
COMPLEXIDADE:
1. Qualidade do que é complexo.
3. Teoria da Complexidade.
Edgar Morin se refere freqüentemente à
teoria da complexidade, apenas com o termo
Complexidade.
4. OBJETO DE ESTUDO
• Em Ciência com consciência (1998), ele propõe
que sejam superados dois mal-entendidos
sobre a Complexidade. O primeiro é o de
concebê-la “... como receita, como resposta,
ao invés de considerá-la como desafio e como
motivação para pensar” (p. 176); o segundo é
“... confundir a complexidade com
completude”: não é, diz ele; é antes o
problema da “incompletude do conhecimento
humano” (p. 176).
5. TRECHOS DO TEXTO COMPLEXIDADE E PENSAMENTO
COMPLEXO
Humberto Mariotti
• O que é complexidade
- A complexidade não é um conceito teórico e
sim um fato da vida. Corresponde à
multiplicidade, ao entrelaçamento e à
contínua interação da infinidade de sistemas e
fenômenos que compõem o mundo natural.
Os sistemas complexos estão dentro de nós e
a recíproca é verdadeira. É preciso, pois, tanto
quanto possível entendê-los para melhor
conviver com eles.
6. Não importa o quanto tentemos, não
conseguimos reduzir essa
multidimensionalidade a explicações
simplistas, regras rígidas, fórmulas
simplificadoras ou esquemas fechados de
idéias.
7. É o pensamento capaz de reunir
(complexus: aquilo que é tecido
conjuntamente), de contextualizar, de
globalizar, mas ao mesmo tempo, capaz de
reconhecer o singular, o individual, o
concreto.
(Morin e Moigne, 2000, p.207).
8. A complexidade só pode ser entendida por um
sistema de pensamento aberto, abrangente e flexível
— o pensamento complexo.
Este configura uma nova visão de mundo, que
aceita e procura compreender as mudanças
contínuas do real e não pretende negar a
multiplicidade, a aleatoriedade e a incerteza, e sim
conviver com elas.
9. Lembremos uma frase de Jean Piaget: "Os
fenômenos humanos são biológicos em suas raízes,
sociais em seus fins e mentais em seus meios". A
experiência humana é um todo bio-psicosocial, que
não pode ser dividido em partes nem reduzido a
nenhuma delas. Primeiro, percebemos o mundo.
Em seguida, as percepções geram sentimentos e
emoções. Na seqüência, estes são elaborados em
forma de pensamentos, que vão determinar o
nosso comportamento no cotidiano.
10. O modo como nos tornamos propensos
(pela educação e pela cultura) a pensar é que
vai determinar as práticas no dia-a-dia, tanto
no plano individual quanto no social. Do
ponto de vista bio-psico-social, o principal
problema para a implantação do
desenvolvimento sustentado (e portanto o
desenvolvimento da cidadania) é a
predominância, em nossa cultura, do modelo
mental linear.
11. Pensamento linear (reducionista)
• Olhando para um dado fenômeno a partir dessa
lógica, o objeto de estudo é dividido em várias
partes, em seguida é feito uma análise de cada
parte em separado. Formula-se várias categorias,
grupos e subgrupos para classificação e
especializações de cada parte. Fica evidente o
quanto é fragmentador e reducionista esse tipo
de lógica de pensamento.
12. pensamento linear.
Pensamento Sistêmico
• O pensamento sistêmico interliga as partes, diminui a
distância entre elas e permite pensar o conjunto
(sistema) sem perder de vista todos os seus
componentes. Admite-se nesse modelo, que na
articulação entre as partes, podem surgir novas
propriedades (idéias novas), o que seria impossível de
visualizar a partir do pensamento linear.
13. • Simplificando: a análise das partes em
separado revela um conhecimento; a análise
das partes em relação com o todo revela um
conhecimento com propriedades novas.
14. O pensamento complexo não nega os modelos
de pensamentos linear e sistêmico. Ele dá um
passo além: inclui a aleatoriedade, a incerteza,
a imprevisibilidade e impossibilidade de
separação entre sujeito e objeto.
Homem, máquina e ambiente estão
intrinsecamente interligados.
15. Um exemplo: o raciocínio linear aumenta a
produtividade industrial por meio da
automação, mas não consegue resolver o
problema do desemprego e da exclusão social
por ela gerados, porque se trata de questões
não-lineares. O mundo financeiro é apenas
mecânico, mas o universo da economia é
mecânico e humano.
16. O pensamento complexo origina-se a partir da obra
de vários autores, cujos trabalhos vêm tendo ampla
aplicação em biologia, sociologia, antropologia social e
desenvolvimento sustentado. Uma de suas principais
linhas é a biologia da cognição, de Maturana, que
sustenta que a realidade é percebida por um dado
indivíduo segundo a estrutura (a configuração
biopsico-social) de seu organismo num dado
momento. Essa estrutura muda continuamente de
acordo com a interação do organismo com o meio.
17. A diversidade de visões não impede (pelo
contrário, pede) que cheguemos a acordos
(consensos sociais) sobre o mundo em que
vivemos. Esses consensos é que vão
determinar as práticas sociais. Para que
possamos chegar a consensos que levem em
conta o respeito à diversidade de pontos de
vista é necessário observar alguns parâmetros
essenciais:
18. • O que chamamos de racional é o resultado de nossas
percepções. No início, elas surgem como
sentimentos e emoções. Só depois é que se
transformam em pensamentos, que geram discursos,
que por fim são formalizados como conceitos.
• O racional vem do emocional, não o contrário. Isso
não quer dizer que devamos deixar de ser racionais.
Significa apenas que precisamos aprender a
harmonizar razão e emoção, pensamento mecânico e
pensamento sistêmico. Essa é a proposta essencial
do modelo complexo.
19. • Uma cultura é uma rede de conversações que define
um modo de viver. Toda cultura é definida pelos
discursos que nela predominam. Estes se originam
nas conversações, que começam entre indivíduos,
estendem-se às comunidades e por fim a todo o
âmbito cultural.
• Os consensos sociais (que determinam, por exemplo,
o que é permitido e o que não é, o que é real e o que
é imaginário numa determinada cultura) resultam
desses discursos, que por sua vez são oriundos das
redes de conversação.
20. • Cresce-se numa cultura vivendo nela como um
indivíduo participante da rede de conversações que a
define. Crescer numa cultura significa, então,
adquirir e desenvolver a cidadania.
• Uma cultura que não desenvolve a cidadania de seus
membros não cresce, permanece subdesenvolvida.
Logo, não pode sequer começar a pensar em
desenvolvimento sustentado.
21. • Como vimos há pouco, todo sistema racional começa
no emocional: o que pensamos vem do que
sentimos. É por isso que nenhum argumento racional
pode convencer as pessoas que já não estejam desde
o início convencidas ou propensas a isso.
• Os argumentos racionais são úteis para iniciar
conversações. Mas se eles insistem em permanecer
lineares (ou seja, excludentes, apegados ao "ou/ou"),
isso significa que querem manter-se como os únicos
"verdadeiros", isto é, que não respeitam a
diversidade. E esta, como sabemos, é a essência da
cidadania.
22. FEEDBACK
• Teoria da complexidade Interligação
Interdependência
• Não se fecha, nem se reduz a regras
simplistas;
- Reuni
- Contextualiza
- Globaliza
- Reconhece o indivíduo e o concreto.
23. • Visão de Piaget: BIOPSICOSOCIAL
- Percepção de mundo;
- Sentimentos;
- Elaboração de pensamentos
COMPORTAMENTO
24. • MODELO MENTAL LINEAR Conhecimento
- Reducionista/fragmentado
• MODELO MENTAL SISTÊMICO
- Interliga as partes gerando Conhecimento
novas ideias. com
propriedades novas
25. • Pensamento Complexo inclui a esses modelos
mentais a ALEATORIEDADE, INCERTEZA,
IMPREVISIBILIDADE e a IMPOSSIBILIDADE DE
SEPARAÇÃO ENTRE SUJEITO E OBJETO.
HOMEM + MÁQUINA + AMBIENTE
- DIVERSIDADE DE VISÕES POSSIBILITA OS
CONSENSOS SOCIAIS SOBRE ONDE VIVEMOS.
26. • Dessa maneira:
- Não se pode desenvolver uma compreensão
satisfatória da cidadania e de
desenvolvimento sustentado cuja essência
seja apenas no pensamento linear.
- Por outro lado, o pensamento sistêmico,
quando isolado, é também insuficiente para as
mesmas finalidades.
27. • Há, portanto, necessidade de uma complementaridade
entre ambos os modelos mentais. O pensamento linear
não se sustenta sem o sistêmico, e vice-versa. O
desenvolvimento sustentado precisa de um modelo de
pensamento que lhe dê sustentação e estrutura. Este é o
pensamento complexo.
28. • No caso dos adolescentes e adultos de hoje, é
possível alcançar mudanças substanciais nessa
área, desde que eles sejam educacional e
culturalmente sensibilizados.
• Para isso, é essencial a atuação das entidades
do terceiro setor (entidades comunitárias),
porque por meio delas é possível questionar a
rigidez institucional e o modelo mental linear
que, em geral, caracteriza as estruturas
governamentais.
29. Alguns princípios do pensamento
complexo
• Tudo está ligado a tudo.
• O mundo natural é constituído de opostos ao
mesmo tempo antagônicos e
Complementares.
• Toda ação implica um feedback.
• Todo feedback resulta em novas ações.
• Vivemos em círculos sistêmicos e dinâmicos
de feedback, e não em linhas estáticas de
causa efeito imediato.
30. • Por isso, temos responsabilidade em tudo o que
influenciamos.
• O feedback pode surgir bem longe da ação inicial, em
termos de tempo e espaço.
• Todo sistema reage segundo a sua estrutura.
• A estrutura de um sistema muda continuamente,
mas não a sua organização.
• Os resultados nem sempre são proporcionais aos
esforços iniciais.
31. • Uma parte só pode ser definida como tal em relação
a um todo.
• Nunca se pode fazer uma coisa isolada.
• Não há fenômenos de causa única no mundo natural.
• As propriedades emergentes de um sistema não são
redutíveis aos seus componentes.
• É impossível pensar num sistema sem pensar em seu
contexto (seu ambiente).
• Os sistemas não podem ser reduzidos ao meio
ambiente e vice-versa.
32. CONCLUSÃO
Com a ilusão do controle o homem tem negado a
si mesmo, na medida em que se afasta, coloca-se
fora do mundo, como se fosse algo indiferente aos
fenômenos. Assim, ele busca pintar o mundo com as
cores da causalidade, da linearidade, da ordem e de
um “explicacionismo” em termos quantificáveis e
classificáveis cada vez mais redutivos e simplificados.
Ele crê, dessa maneira, não participar, não interagir
com os fenômenos, nessa fuga ele não se vê como
responsável pelos colapsos e catástrofes que
ocorrem.
33. • Esta idéia de desafio é bem interessante: a
complexidade não é uma teoria que explica
tudo ou qualquer coisa, mas é uma atitude de
todo estudioso que põe, para si mesmo, o
desafio de estar sempre buscando algo que
pode ter faltado na elucidação de qualquer
fenômeno (incompletude), ou, o que é o
mesmo, na elucidação de tudo o que aparece
como sendo ou como existindo. Isto porque
está convencido que nada é simples: tudo é
complexo.
34. • Não precisamos nem de um pensamento
parcelar ou reducionista, incapaz de ver o
contexto e a globalidade, nem de um
pensamento global e oco. Precisamos de um
pensamento que considere as partes em
relação com o todo e o todo em suas relações
com as partes.
35. BIBLIOGRAFIA
• Http://www.teoriadacomplexidade.com.br/textos/teoriadacomplexidade/
CartaParaAsFuturasGeracoes.pdf
• Mariotti, Humberto. As Paixões do Ego: Complexidade, Política e
Solidariedade. São Paulo, Editora Palas Athena, 2000.
• http://www.teoriadacomplexidade.com.br/textos/teoriadacomplexidad
e/Complexidade-e-PensamentoComplexo.pdf
• http://www.eternoretorno.com/2008/12/20/modelos-de-pensamentos-
do-homem-linear-e-sistemico
36. MATERIAL COMPLEMENTAR:
“ O conhecimento científico também foi durante
muito tempo e continua sendo concebido
como tendo por missão dissipar a aparente
complexidade dos fenômenos a fim de revelar
a ordem simples a que elas obedecem.”
(Iniciação ao Pensamento Complexo, p. 5)
37. EDGAR MORIN
“ O conhecimento científico também foi durante
muito tempo e continua sendo concebido
como tendo por missão dissipar a aparente
complexidade dos fenômenos a fim de revelar
a ordem simples a que elas obedecem.”
(Iniciação ao Pensamento Complexo, p. 5)
38. • Por exemplo, se tentamos pensar no fato de
que somos seres ao mesmo tempo físicos,
biológicos, sociais, culturais, psíquicos e
espirituais, é evidente que a complexidade é
aquilo que tenta conceber a articulação, a
identidade e a diferença de todos esses
aspectos, enquanto o pensamento
simplificante separa estes diferentes aspectos,
ou unifica-os por uma redução mutilante.
39. • Portanto, nesse sentido, é evidente que a
ambição da complexidade é prestar contas das
articulações despedaçadas pelos cortes entre
disciplinas, entre categorias cognitivas e entre
tipos de conhecimento. De fato, a aspiração à
complexidade tende para o conhecimento
multidimensional.
40. • Ela não quer dar todas as informações sobre
um fenômeno estudado, mas respeitar suas
diversas dimensões: assim, como acabei de
dizer, não devemos esquecer que o homem é
um ser biológico-sociocultural, e que os
fenômenos sociais são, ao mesmo tempo,
econômicos, culturais, psicológicos, etc.. Dito
isto, ao aspirar a multidimensionalidade, o
pensamento complexo comporta em seu
interior um princípio de incompletude e de
incerteza. (p. 176-177)
41. • Tal pensamento evita ao mesmo tempo que se
perceba apenas um fragmento fechado de
humanidade, esquecendo a mundialidade, e que se
perceba apenas uma mundialidade, desprovida de
complexidades. A reforma do pensamento é
portanto necessária para contextualizar, situar,
globalizar e também tentar estabelecer um meta-
ponto de vista que, sem nos fazer escapar de nossa
condição local-temporal-cultural singular, nos
permita considerar, como de um mirante, nosso
lugar antropoplanetário.
42. • A fórmula “pense global e aja local” é sempre
verdadeira, mas é preciso acrescentar “pense
local e aja global”. (idem, p. 113)
43. A Teoria da Complexidade, hoje chamada de Nova Ciência, engloba várias teorias recentes – Teoria do Caos, Teoria
dos Fractais, Teoria das Catástrofes, Lógica Fuzzy (difusa) entre outras – procedentes das ciências exatas que se dirigem,
explicita ou implicitamente, para uma visão cada vez mais aproximada da realidade, sem simplificação, sem reducionismo.
Paradoxalmente, estas teorias aproximam-se das ciências naturais e das ciências humanas. Estão sendo usadas para
entender as estruturas e os processos organizacionais complexos que transcendem as teorias clássicas sobre organização.
Os processos organizacionais são mais bem explicados e entendidos à luz dessas teorias. É um novo modo de investigação
das mudanças.
A visão de complexidade nos remete à idéia de sustentabilidade para reverter o Squadro de vulnerabilidade a que
todos estamos submetidos, inclusive o Planeta, na sua totalidade complexa. Sustentabilidade, não no sentido pequeno de
adaptação, sobrevivência e de lucro, como às vezes é utilizado no âmbito organizacional, mas no sentido de preocupação
com as perspectivas para as gerações futuras. Preocupações estas, tanto em termos de qualidade de vida para todos os
seres vivos como em termos ambientais para todo o Planeta e também com relação ao processo sucessório nas
organizações.
Ressalte-se que o Paradigma da Complexidade constitui um meio útil para entender os processos de inovação e auto-
renovação em qualquer tipo de organização. É um novo modo de investigação das mudanças e para a pesquisa do
gerenciamento estratégico e do desenvolvimento organizacional. É também um instrumento útil para entender as
mudanças sociais no mundo, pois desafia as suposições convencionais de estabilidade natural, equilíbrio, processos
lineares e preditibilidade determinística. Permite-nos trabalhar a pessoa em seus aspectos subjetivos, complexos, numa
perspectiva do seu relacionamento nas organizações, nas relações de trabalho, de família, de sociedade ou de qualquer
outra manifestação de organização que a cultura propicie.
Este paradigma já vem se instalando desde os anos 70 do século XX, embora muitas pessoas ainda não tenham
consciência da existência das teorias que convergem para a mudança de época e de paradigma que estamos presenciando.
A Teoria da Complexidade, por nos propiciar uma visão mais próxima da realidade, pode nos ajudar muito a melhor
entender e implementar os processos de Estratégia e de Gestão, proporcionando maior efetividade nas ações da
organização e, como conseqüência, proporcionar um melhor relacionamento e atendimento das necessidades tanto dos
atores internos como dos atores externos envolvidos com uma organização.
FONTE: http://www.teoriadacomplexidade.com.br/teoria-da-complexidade.html