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A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo no
ano de 1922, nos dias 13 a 17 de fevereiro, no Teatro Municipal da cidade.

Apesar do designativo "semana", o evento ocorreu em três dias. Cada dia da semana trabalhou
um aspecto cultural: pintura e escultura,poesia, literatura e música. O evento marcou o início
do modernismo no Brasil e tornou-se referência cultural do século XX.

O presidente do estado de São Paulo à época, Washington Luís, apoiou o movimento,
especialmente por meio de René Thiollier, que solicitou patrocínio para trazer os artistas do Rio
de Janeiro Plínio Salgado e Menotti Del Pichia, membros de seu partido, o Partido Republicano
Paulista.

A Semana de Arte Moderna representou uma verdadeira renovação de linguagem, na busca de
experimentação, na liberdade criadora da ruptura com o passado e até corporal, pois a arte
passou então da vanguarda, para o modernismo. O evento marcou época ao apresentar novas
ideias e conceitos artísticos, como a poesia através da declamação, que antes era só escrita; a
música por meio de concertos, que antes só havia cantores sem acompanhamento
de orquestras sinfônicas; e a arte plástica exibida em telas, esculturas e maquetes
dearquitetura, com desenhos arrojados e modernos. O adjetivo "novo" passou a ser marcado
em todas estas manifestações que propunha algo no mínimo curioso e de interesse.

Participaram da Semana nomes consagrados do modernismo brasileiro, como Mário de
Andrade, Oswald de Andrade, Víctor Brecheret, Plínio Salgado, Anita Malfatti, Menotti Del
Pichia, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos,Tácito de Almeida, Di
Cavalcanti entre outros, e como um dos organizadores o intelectual Rubens Borba de
                                                               [1]
Moraes que, entretanto, por estar doente, dela não participou . Na ocasião da Semana de Arte
Moderna, Tarsila do Amaral, considerada um dos grandes pilares do modernismo brasileiro, se
achava em Parise, por esse motivo, não participou do evento.

Muitos dos idealizadores do evento eram quatrocentões.

A Semana de Arte antiga ocorreu em uma época cheia de turbulências políticas, sociais,
econômicas e culturais. As novas vanguardas estéticas surgiam e o mundo se espantava com
as novas linguagens desprovidas de regras. Alvo de críticas e em parte ignorada, a Semana
não foi bem entendida em sua época. A Semana de Arte Moderna se encaixa no contexto
da República Velha (1889-1930), controlada pelas oligarquias cafeeiras - as
famílias quatrocentonas - e pela política do café com leite (1898-1930). O capitalismo crescia
no Brasil, consolidando a república e a elite paulista, esta totalmente influenciada pelos
padrões estéticos europeus mais tradicionais.

Seu objetivo era renovar o ambiente artístico e cultural da cidade com "a perfeita demonstração
do que há em nosso meio em escultura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista
rigorosamente atual", como informava o Correio Paulistano, órgão do partido governista
paulista, em 29 de janeiro de 1922.

Vanguardas europeias
A nova intelectualidade brasileira dos anos 10-20 viu-se em um momento de necessidade de
abandono dos antigos ideais estéticos do século XIX ainda em moda no país. Havia algumas
notícias sobre as experiências estéticas que ocorriam na Europa no momento, mas ainda não
se tinha certeza do que estava acontecendo e quais seriam os rumos a se tomar.
O principal foco de descontentamento com a ordem estética estabelecida se dava no campo
da literatura (e da poesia, em especial). Exemplares dofuturismo italiano chegavam ao país e
começavam a influenciar alguns escritores, como Oswald de Andrade e Guilherme de Almeida.

A jovem pintora Anita Malfatti voltava da Europa trazendo a experiência das novas vanguardas,
e em 1917 realiza a que foi chamada de primeira exposição modernista brasileira, com
influências do cubismo, expressionismo e futurismo. A exposição causa escândalo e é alvo de
duras críticas deMonteiro Lobato, o que foi o estopim para que a Semana de Arte Moderna
tivesse o sucesso que, com o tempo, ganhou.

Antecedentes
Alguns eventos que direta ou indiretamente motivaram a realização da Semana de 1922,
mudando as atitudes dos jovens artistas modernistas:

   1912. Oswald de Andrade retorna da Europa, impregnado do futurismo de Marinetti, e
    afirmando que “estamos atrasados cinquenta anos em cultura, chafurdados ainda em
    pleno parnasianismo”.
   1913. Lasar Segall, pintor lituano, realiza “a primeira exposição de pintura não acadêmica
    em nosso país”, nas palavras de Mário de Andrade.
   1914. Primeira exposição de pintura de Anita Malfatti, que retorna da Europa trazendo
    influências pós-impressionistas.
   1917. – Mário de Andrade e Oswald de Andrade, os dois grandes líderes da primeira
    geração do modernismo brasileiro, se tornam amigos.
       Publicação de Há uma gota de sangue em cada poema; livro de poemas de Mário de
        Andrade, que utilizou o pseudônimo Mário Sobral para assinar essa obra pacifista,
        protestando contra a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
       Publicação de Moisés e Juca Mulato, poemas regionalistas de Menotti Del Pichia, que
        conseguem sucesso junto ao público.
       Publicação de A cinza das horas, de Manuel Bandeira.
       O músico francês Darius Milhaud, que vive no Rio de Janeiro e entusiasma-se com
        maxixe, samba e os chorinhos de Ernesto Nazareth, se encontra com Villa-Lobos. O
        então jovem compositor, já impressionado com a descoberta de Stravinski, entra em
        contato com a moderna música francesa.
       Segunda exposição de Anita Malfatti, exibindo quadros expressionistas, criticados com
        dureza por Monteiro Lobato, no artigo “Paranoia ou mistificação?”, publicado no
        jornal O Estado de S. Paulo, Esse artigo é considerado o “estopim” de
        nosso modernismo, já que provocou a união dos jovens artistas, levando-os a discutir
        a necessidade de divulgar coletivamente o movimento.
   1919. Publicação de Carnaval, de Manuel Bandeira, já com versos livres.
Palácio Trianon e túnel 9 de Julho.


    1921. Banquete no Palácio Trianon, em homenagem ao lançamento de As máscaras,
     de Menotti Del Picchia, onde Oswald de Andrade faz um discurso, afirmando a chegada da
     revolução modernista em nosso país.
         Exposições de quadros de Vicente do Rego Monteiro, em Recife e no Rio de Janeiro,
          explorando a temática indígena brasileira.
         Mostra de desenhos e caricaturas de Di Cavalcanti, denominada “Fantoches da Meia-
          noite”, na cidade de São Paulo.
         Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Cândido Mota Filho e Mário de
          Andrade divulgam o modernismo, em revistas e jornais.
         Mário de Andrade escreve a série Os mestres do passado, analisando esteticamente a
          poesia parnasiana que estava no auge da reputação literária e mostrando a
          necessidade de superá-la, porque a sua missão já foi cumprida.
         Oswald de Andrade publica um artigo sobre os poemas de Mário de Andrade,
          intitulando-o “O meu poeta futurista”. A partir de então, apesar da recusa de Mário de
          Andrade em aceitar a designação, a palavra “futurismo” passa a ser utilizada
          indiscriminadamente para toda e qualquer manifestação de comportamento
          modernista, em tom na maioria das vezes pejorativo. Em contrapartida, os
          modernistas.
A Semana
Cartaz anunciando o último dia da semana.




Importantes figuras do modernismo, em 1922. Mário de Andrade (sentado), Anita Malfatti (sentada, ao centro)
e Zina Aita (à esquerda de Anita).




Da esquerda para a direita: Pagu, Elsie Lessa, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti eEugênia Álvaro Moreyra

A Semana, de uma certa maneira, nada mais foi do que uma ebulição de novas ideias
totalmente libertadas, nacionalista em busca de uma identidade própria e de uma maneira mais
livre de expressão. Não se tinha, porém, um programa definido: sentia-se muito mais um
desejo de experimentar diferentes caminhos do que de definir um único ideal moderno.
   13 de fevereiro (Segunda-feira) - Casa cheia, abertura oficial do evento. Espalhadas pelo
    saguão do Teatro Municipal de São Paulo, várias pinturas e esculturas provocam reações
    de espanto e repúdio por parte do público. O espetáculo tem início com a confusa
    conferência de Graça Aranha, intitulada "A emoção estética da Arte Moderna". Tudo
    transcorreu em certa calma neste dia.
   15 de fevereiro (Quarta-feira) - Guiomar Novais era para ser a grande atração da noite.
    Contra a vontade dos demais artistas modernistas, aproveitou um intervalo do espetáculo
    para tocar alguns clássicos consagrados, iniciativa aplaudida pelo público. Mas a "atração"
    dessa noite foi a palestra deMenotti del Picchia sobre a arte estética. Menotti apresenta os
    novos escritores dos novos tempos e surgem vaias e barulhos diversos (miados, latidos,
    grunhidos, relinchos…) que se alternam e confundem com aplausos. Quando Ronald de
    Carvalho lê o poema intitulado Os Sapos deManuel Bandeira, (poema criticando
    abertamente o parnasianismo e seus adeptos) o público faz coro atrapalhando a leitura do
    texto. A noite acaba em algazarra. Ronald teve de declamar o poema pois Bandeira estava
    impedido de fazê-lo por causa de uma crise de tuberculose.
   17 de fevereiro (Sexta-feira) - O dia mais tranquilo da semana, apresentações musicais
    de Villa-Lobos, com participação de vários músicos. O público em número reduzido,
    portava-se com mais respeito, até que Villa-Lobos entra de casaca, mas com um pé
    calçado com um sapato, e outro com chinelo; o público interpreta a atitude como futurista e
    desrespeitosa e vaia o artista impiedosamente. Mais tarde, o maestro explicaria que não se
    tratava de modismo e, sim, de um calo inflamado…
Desdobramentos
Vale ressaltar, que a Semana em si não teve grande importância em sua época, foi com o
tempo que ganhou valor histórico ao projetar-se ideologicamente ao longo do século. Devido à
falta de um ideário comum a todos os seus participantes, ela desdobrou-se em diversos
movimentos diferentes, todos eles declarando levar adiante a sua herança.

Ainda assim, nota-se até as últimas décadas do século XX a influência da Semana de 22,
principalmente no Tropicalismo e na geração da Lira Paulistana nos anos 70 (Arrigo
Barnabé, Itamar Assumpção, entre outros). O próprio nome Lira Paulistana é tirado de uma
obra de Mário de Andrade.

Mesmo a Bossa Nova deve muito à turma modernista, pela sua lição peculiar de "antropofagia",
traduzindo a influência da música popular norte-americana à linguagem brasileira do samba e
do baião.

Entre os movimentos que surgiram na década de 1920, destacam-se:

   Movimento Pau-Brasil
   Movimento Verde-Amarelo e Grupo da Anta
   Movimento antropofágico
A principal forma de divulgação destas novas ideias se dava através das revistas. Entre as que
se destacam, encontram-se:

   Revista Klaxon
   Revista de Antropofagia
v

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  • 1. A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo no ano de 1922, nos dias 13 a 17 de fevereiro, no Teatro Municipal da cidade. Apesar do designativo "semana", o evento ocorreu em três dias. Cada dia da semana trabalhou um aspecto cultural: pintura e escultura,poesia, literatura e música. O evento marcou o início do modernismo no Brasil e tornou-se referência cultural do século XX. O presidente do estado de São Paulo à época, Washington Luís, apoiou o movimento, especialmente por meio de René Thiollier, que solicitou patrocínio para trazer os artistas do Rio de Janeiro Plínio Salgado e Menotti Del Pichia, membros de seu partido, o Partido Republicano Paulista. A Semana de Arte Moderna representou uma verdadeira renovação de linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora da ruptura com o passado e até corporal, pois a arte passou então da vanguarda, para o modernismo. O evento marcou época ao apresentar novas ideias e conceitos artísticos, como a poesia através da declamação, que antes era só escrita; a música por meio de concertos, que antes só havia cantores sem acompanhamento de orquestras sinfônicas; e a arte plástica exibida em telas, esculturas e maquetes dearquitetura, com desenhos arrojados e modernos. O adjetivo "novo" passou a ser marcado em todas estas manifestações que propunha algo no mínimo curioso e de interesse. Participaram da Semana nomes consagrados do modernismo brasileiro, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Víctor Brecheret, Plínio Salgado, Anita Malfatti, Menotti Del Pichia, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos,Tácito de Almeida, Di Cavalcanti entre outros, e como um dos organizadores o intelectual Rubens Borba de [1] Moraes que, entretanto, por estar doente, dela não participou . Na ocasião da Semana de Arte Moderna, Tarsila do Amaral, considerada um dos grandes pilares do modernismo brasileiro, se achava em Parise, por esse motivo, não participou do evento. Muitos dos idealizadores do evento eram quatrocentões. A Semana de Arte antiga ocorreu em uma época cheia de turbulências políticas, sociais, econômicas e culturais. As novas vanguardas estéticas surgiam e o mundo se espantava com as novas linguagens desprovidas de regras. Alvo de críticas e em parte ignorada, a Semana não foi bem entendida em sua época. A Semana de Arte Moderna se encaixa no contexto da República Velha (1889-1930), controlada pelas oligarquias cafeeiras - as famílias quatrocentonas - e pela política do café com leite (1898-1930). O capitalismo crescia no Brasil, consolidando a república e a elite paulista, esta totalmente influenciada pelos padrões estéticos europeus mais tradicionais. Seu objetivo era renovar o ambiente artístico e cultural da cidade com "a perfeita demonstração do que há em nosso meio em escultura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista rigorosamente atual", como informava o Correio Paulistano, órgão do partido governista paulista, em 29 de janeiro de 1922. Vanguardas europeias A nova intelectualidade brasileira dos anos 10-20 viu-se em um momento de necessidade de abandono dos antigos ideais estéticos do século XIX ainda em moda no país. Havia algumas notícias sobre as experiências estéticas que ocorriam na Europa no momento, mas ainda não se tinha certeza do que estava acontecendo e quais seriam os rumos a se tomar.
  • 2. O principal foco de descontentamento com a ordem estética estabelecida se dava no campo da literatura (e da poesia, em especial). Exemplares dofuturismo italiano chegavam ao país e começavam a influenciar alguns escritores, como Oswald de Andrade e Guilherme de Almeida. A jovem pintora Anita Malfatti voltava da Europa trazendo a experiência das novas vanguardas, e em 1917 realiza a que foi chamada de primeira exposição modernista brasileira, com influências do cubismo, expressionismo e futurismo. A exposição causa escândalo e é alvo de duras críticas deMonteiro Lobato, o que foi o estopim para que a Semana de Arte Moderna tivesse o sucesso que, com o tempo, ganhou. Antecedentes Alguns eventos que direta ou indiretamente motivaram a realização da Semana de 1922, mudando as atitudes dos jovens artistas modernistas:  1912. Oswald de Andrade retorna da Europa, impregnado do futurismo de Marinetti, e afirmando que “estamos atrasados cinquenta anos em cultura, chafurdados ainda em pleno parnasianismo”.  1913. Lasar Segall, pintor lituano, realiza “a primeira exposição de pintura não acadêmica em nosso país”, nas palavras de Mário de Andrade.  1914. Primeira exposição de pintura de Anita Malfatti, que retorna da Europa trazendo influências pós-impressionistas.  1917. – Mário de Andrade e Oswald de Andrade, os dois grandes líderes da primeira geração do modernismo brasileiro, se tornam amigos.  Publicação de Há uma gota de sangue em cada poema; livro de poemas de Mário de Andrade, que utilizou o pseudônimo Mário Sobral para assinar essa obra pacifista, protestando contra a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).  Publicação de Moisés e Juca Mulato, poemas regionalistas de Menotti Del Pichia, que conseguem sucesso junto ao público.  Publicação de A cinza das horas, de Manuel Bandeira.  O músico francês Darius Milhaud, que vive no Rio de Janeiro e entusiasma-se com maxixe, samba e os chorinhos de Ernesto Nazareth, se encontra com Villa-Lobos. O então jovem compositor, já impressionado com a descoberta de Stravinski, entra em contato com a moderna música francesa.  Segunda exposição de Anita Malfatti, exibindo quadros expressionistas, criticados com dureza por Monteiro Lobato, no artigo “Paranoia ou mistificação?”, publicado no jornal O Estado de S. Paulo, Esse artigo é considerado o “estopim” de nosso modernismo, já que provocou a união dos jovens artistas, levando-os a discutir a necessidade de divulgar coletivamente o movimento.  1919. Publicação de Carnaval, de Manuel Bandeira, já com versos livres.
  • 3. Palácio Trianon e túnel 9 de Julho.  1921. Banquete no Palácio Trianon, em homenagem ao lançamento de As máscaras, de Menotti Del Picchia, onde Oswald de Andrade faz um discurso, afirmando a chegada da revolução modernista em nosso país.  Exposições de quadros de Vicente do Rego Monteiro, em Recife e no Rio de Janeiro, explorando a temática indígena brasileira.  Mostra de desenhos e caricaturas de Di Cavalcanti, denominada “Fantoches da Meia- noite”, na cidade de São Paulo.  Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Cândido Mota Filho e Mário de Andrade divulgam o modernismo, em revistas e jornais.  Mário de Andrade escreve a série Os mestres do passado, analisando esteticamente a poesia parnasiana que estava no auge da reputação literária e mostrando a necessidade de superá-la, porque a sua missão já foi cumprida.  Oswald de Andrade publica um artigo sobre os poemas de Mário de Andrade, intitulando-o “O meu poeta futurista”. A partir de então, apesar da recusa de Mário de Andrade em aceitar a designação, a palavra “futurismo” passa a ser utilizada indiscriminadamente para toda e qualquer manifestação de comportamento modernista, em tom na maioria das vezes pejorativo. Em contrapartida, os modernistas. A Semana
  • 4. Cartaz anunciando o último dia da semana. Importantes figuras do modernismo, em 1922. Mário de Andrade (sentado), Anita Malfatti (sentada, ao centro) e Zina Aita (à esquerda de Anita). Da esquerda para a direita: Pagu, Elsie Lessa, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti eEugênia Álvaro Moreyra A Semana, de uma certa maneira, nada mais foi do que uma ebulição de novas ideias totalmente libertadas, nacionalista em busca de uma identidade própria e de uma maneira mais livre de expressão. Não se tinha, porém, um programa definido: sentia-se muito mais um desejo de experimentar diferentes caminhos do que de definir um único ideal moderno.
  • 5. 13 de fevereiro (Segunda-feira) - Casa cheia, abertura oficial do evento. Espalhadas pelo saguão do Teatro Municipal de São Paulo, várias pinturas e esculturas provocam reações de espanto e repúdio por parte do público. O espetáculo tem início com a confusa conferência de Graça Aranha, intitulada "A emoção estética da Arte Moderna". Tudo transcorreu em certa calma neste dia.  15 de fevereiro (Quarta-feira) - Guiomar Novais era para ser a grande atração da noite. Contra a vontade dos demais artistas modernistas, aproveitou um intervalo do espetáculo para tocar alguns clássicos consagrados, iniciativa aplaudida pelo público. Mas a "atração" dessa noite foi a palestra deMenotti del Picchia sobre a arte estética. Menotti apresenta os novos escritores dos novos tempos e surgem vaias e barulhos diversos (miados, latidos, grunhidos, relinchos…) que se alternam e confundem com aplausos. Quando Ronald de Carvalho lê o poema intitulado Os Sapos deManuel Bandeira, (poema criticando abertamente o parnasianismo e seus adeptos) o público faz coro atrapalhando a leitura do texto. A noite acaba em algazarra. Ronald teve de declamar o poema pois Bandeira estava impedido de fazê-lo por causa de uma crise de tuberculose.  17 de fevereiro (Sexta-feira) - O dia mais tranquilo da semana, apresentações musicais de Villa-Lobos, com participação de vários músicos. O público em número reduzido, portava-se com mais respeito, até que Villa-Lobos entra de casaca, mas com um pé calçado com um sapato, e outro com chinelo; o público interpreta a atitude como futurista e desrespeitosa e vaia o artista impiedosamente. Mais tarde, o maestro explicaria que não se tratava de modismo e, sim, de um calo inflamado… Desdobramentos Vale ressaltar, que a Semana em si não teve grande importância em sua época, foi com o tempo que ganhou valor histórico ao projetar-se ideologicamente ao longo do século. Devido à falta de um ideário comum a todos os seus participantes, ela desdobrou-se em diversos movimentos diferentes, todos eles declarando levar adiante a sua herança. Ainda assim, nota-se até as últimas décadas do século XX a influência da Semana de 22, principalmente no Tropicalismo e na geração da Lira Paulistana nos anos 70 (Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, entre outros). O próprio nome Lira Paulistana é tirado de uma obra de Mário de Andrade. Mesmo a Bossa Nova deve muito à turma modernista, pela sua lição peculiar de "antropofagia", traduzindo a influência da música popular norte-americana à linguagem brasileira do samba e do baião. Entre os movimentos que surgiram na década de 1920, destacam-se:  Movimento Pau-Brasil  Movimento Verde-Amarelo e Grupo da Anta  Movimento antropofágico A principal forma de divulgação destas novas ideias se dava através das revistas. Entre as que se destacam, encontram-se:  Revista Klaxon  Revista de Antropofagia v