Este documento resume uma apresentação sobre estratégias de ensino e avaliação da oralidade no ensino secundário. Apresenta três tópicos principais: 1) a oralidade na sala de aula como um problema adicional devido a dificuldades na organização de avaliações formais e na uniformização de grelhas de avaliação; 2) estratégias de ensino da oralidade no 10o ano focando conteúdos declarativos e sugestões de trabalhos; 3) o conceito de oficina de oralidade com exemplos de atividades orientadas para a
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ESTRUTURA DA APRESENTAÇÃO
Compreensão e expressão oral no Ensino Secundário:
estratégias de ensino/aprendizagem e avaliação 1. A oralidade na sala de aula: um problema adicional?
em sala de aula
2. Estratégias de ensino e aprendizagem da oralidade
3. Oficina de oralidade: conceito e exemplificações
Idalina Ferreira – idaferreira@netcabo.pt
Purificação Silvano – puri.msilvano@gmail.com
Sónia Valente Rodrigues – svrodrigues@clix.pt
Porto, 10 de Abril de 2010
1. A ORALIDADE NA SALA DE AULA: UM PROBLEMA ADICIONAL?
1.2. Dificuldades sentidas na sala de aula
1.1. Regulamentação sobre a avaliação da oralidade (i) Organização de dispositivos para obter informação em momentos formais de
avaliação
Artigo 9.º
Produção, tratamento e análise de informação
sobre as aprendizagens dos alunos Avaliação da oralidade no Ensino Secundário
6 — São obrigatórios momentos formais de avaliação da oralidade ou da (Portaria n.º 1322/2007, de 4 de Outubro) – Interpretação da Direcção da APP
dimensão prática ou experimental, integrados no processo de ensino-
aprendizagem, de acordo com as alíneas seguintes:
(…) a avaliação da oralidade deve ser feita em momentos formais de
a) Na disciplina de Português a componente de oralidade tem um peso de 25 % avaliação, isto é, não pode ser baseada em "impressões" colhidas aquando da
no cálculo da classificação a atribuir em cada momento formal de avaliação, interacção oral espontânea. Assim, o professor e os alunos devem planificar,
nos termos da alínea a) do n.º 2 do artigo 14.º; (…). preparar ou calendarizar várias actividades ao longo do ano lectivo em que todos
Portaria n.º 1322/2007, de 4 de Outubro sabem que vão ser avaliadas as competências orais de (alguns) alunos. Esses
momentos, como diz claramente a portaria, devem estar integrados no processo
(Altera a Portaria n.º 550-D/2004, de 21 de Maio, que define as matrizes e as regras de de ensino e aprendizagem, o que, do nosso ponto de vista, quer dizer, durante as
organização, funcionamento e avaliação dos cursos científico-humanísticos, com as alterações "aulas normais" e não em nada parecido com provas globais.
introduzidas pela Portaria n.º 259/2006, de 14 de Março.)
Associação de Professores de Português
www.app.pt
As actividades a realizar pelos alunos tendo em vista
desenvolver e avaliar a(s) competência(s) da oralidade podem ser, por
exemplo, exposições orais sobre um trabalho realizado individualmente,
em pares ou em grupo; exposições orais sobre leituras realizadas;
participação em debates, preparação ou realização de uma entrevista ou
conversa formal sobre um assunto pré-estabelecido (tanto no papel
do entrevistador como no papel do entrevistado).
Associação de Professores de Português
www.app.pt Bill Watterson, Parabéns Calvin & Hobbes, Lisboa, Gradiva, 1995, p. 98
Quantas aulas são necessárias em cada período lectivo para avaliar uma turma?
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(ii) Tratamento e análise da informação obtida 2. ESTRATÉGIAS DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM DA ORALIDADE – O CASO DO
10.º ANO
— É possível uniformizar as grelhas de avaliação da oralidade? Avaliação da oralidade no Ensino Secundário
(Portaria n.º 1322/2007, de 4 de Outubro) – Interpretação da Direcção da APP
— Quais os aspectos a que devemos dar mais relevo na expressão oral: ao
conteúdo ou à postura em frente ao público?
É claro que, seguindo o princípio pedagógico geral segundo o qual só é lícito
— A grelha que utilizo está adaptada ao texto que constitui o objecto de avaliar aquilo que se ensina, só se poderá avaliar a oralidade depois de a
trabalhar explicitamente em sala de aula, com base num diagnóstico de
avaliação? necessidades no início do ano lectivo.
(…)
Uma vez que o desenvolvimento de qualquer competência enquanto saber-
em-uso obriga a uma prática continuada dessa competência, para desenvolver a
oralidade é necessário, em sala de aula, gastar muito tempo a falar, ouvir e
interagir oral e formalmente.
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2.1. Conteúdos declarativos da oralidade no programa do 10.º ano Textos
Compreensão
- Entrevista (radiofónica e televisiva)
-Situação comunicativa: estatuto e relação entre os interlocutores; contexto - Crónica (radiofónica)
- Intencionalidade comunicativa
- Relação entre o locutor e o enunciado Produção
- Relato de vivências/experiências
- Formas adequadas à situação e intencionalidade comunicativas
- Descrição/retrato
- Elementos linguísticos e não linguísticos da comunicação oral - Entrevista
- Reconto
2.2. Sugestões de trabalho frequentes no domínio da oralidade 2.3. Questões/problemas também frequentes
Propostas frequentes
A. Quais os procedimentos didácticos intermédios inerentes a cada um dos
— Faz uma exposição sobre um tema da tua preferência.
projectos designados?
— Cria uma entrevista a um familiar sobre experiências de
discriminação. B. Trabalhar a oralidade pressupõe apenas ensinar a falar em situação formal?
— Apresenta o resumo e a apreciação crítica do livro que leste. C. A verificação de conhecimento e competência dos alunos no âmbito da
— Defende uma determinada posição no debate sobre racismo. oralidade em momentos formais de avaliação recai exclusivamente sobre a
— Expõe os conhecimentos que possuis acerca da vida de Camões. expressão?
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3. OFICINA DE ORALIDADE: CONCEITO E EXEMPLIFICAÇÕES 3.2. Exemplificações
3.1. O conceito de “oficina” (i) Propostas guiadas por princípios como:
— Preparação minuciosa das actividades didácticas específicas do — Programação processual de actividades orientadas, quer para a
trabalho com a oralidade análise do discurso oral (compreensão), quer para a expressão
oral.
— Princípio da progressão na programação das actividades (da
compreensão para a expressão) — Construção de material didáctico orientado para a realização
— Desenvolvimento processual da compreensão e expressão oral autónoma das actividades conducentes aos objectivos
predefinidos (analisar um texto/discurso oral, preparar uma
— Inserção de actividades de auto-regulação (auto-avaliação) para o
exposição, entre outros).
aluno.
— Observação do princípio de equilíbrio entre as orientações da
pedagogia do oral e os constrangimentos específicos da sala de
aula e os ritmos de trabalho próprios do ano escolar.
EXEMPLO 1 Actividades (tarefas)
Designação – Entrevista oral (radiofónica)
1. Faz uma primeira audição da entrevista, apenas com a
Competência – Ouvir (escutar)/Compreensão e análise de discurso preocupação de anotares as palavras ou expressões que são os
oral tópicos principais do diálogo. Para isso, deves atender sobretudo
às perguntas do entrevistador, que lança os tópicos a desenvolver,
Material – Entrevista oral a Miguel Araújo, cientista português que e às respostas do entrevistado, que repetirá os tópicos antes de os
desenvolve o seu trabalho principalmente no Museu explanar.
Nacional das Ciências Naturais, em Madrid. Esta entrevista
foi realizada por Ciência Hoje – Jornal de Ciência,
1.1. Tendo em conta a impressão que criou a tua primeira audição da
Tecnologia e Empreendedorismo (ver Podcast em
entrevista, avalia a troca verbal entre o entrevistador e o
http://www.cienciahoje.pt).
entrevistado a partir dos parâmetros contidos na tabela seguinte:
As respostas revelam preocupação em organizar o discurso para
Sim Não Mais ou a explicação resultar eficaz?
menos
O discurso do entrevistado possui características prosódicas
As perguntas feitas pelo entrevistador são objectivas? adequadas à transmissão oral da entrevista (tom de voz audível,
As perguntas estão formuladas com clareza? dicção clara, entoação adequada)?
As respostas do entrevistado contêm informação pertinente e Potencialidades de ensino e aprendizagem
relevante para a questão formulada?
— Conceito de cooperação mínima entre os interlocutores, materializada em
As respostas contêm informação em quantidade suficiente para
resolver a dúvida contida na pergunta? convenções como:
A informação contida na resposta do entrevistado é credível, — quantidade de informação (suficiente ou insuficiente);
apoiada em conhecimento seguro e verdadeiro? — qualidade da informação (verdadeira ou falsa, adequada ou não
O vocabulário utilizado pelo entrevistado é adequado à situação de adequada);
comunicação, tendo em conta que pertence a um jornal electrónico
— relação (pertinente ou relevante);
de divulgação científica dirigido ao grande público?
— maneira (modo como a informação é transmitida: breve, ordenada…)
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3. Faz uma segunda audição para analisares os elementos que permitem compreender
a estrutura global da entrevista. Utiliza o esquema seguinte para apoiar o teu trabalho.
Quando? Quem? O quê? Qual a intenção?
Saudação inicial dirigida ao
Miguel Araújo, seja muito bem vindo
18min15s Entrevistador entrevistado (abertura da
(…)
interacção verbal)
a) Apresentação do
18min20s Entrevistador Só uma breve apresentação (…)
entrevistado
Olá, Miguel. Ah… Será que nos podias b) Pedido de explicação
18min45s explicar um bocadinho o que é que são
Entrevistador
alterações climatéricas a nível global e
como se processam?
Bom… ah, eu não… eu não trabalho em c) Explicação com reserva
18min56s
Bill Watterson, Parabéns Calvin & Hobbes, Lisboa, Gradiva, 1995, p. 98 Entrevistado clínica da atmosfera pelo que as minhas inicial
respostas serão muito simples.
Exemplo de desvio quanto à máxima da qualidade nas apresentações orais dos alunos Mas Miguel, quais são então os d) Pedido de informação
impactos deste fenómeno de
20min47s Entrevistador
aquecimento global a nível da saúde e
também da economia?
Quando? Quem? O quê? Qual a intenção?
e) Transmissão de Quando? Quem? O quê? Qual a intenção?
20min54s Entrevistado Em termos da saúde (…)
informação
Miguel, tu referiste aqui o protocolo de j) Pedido de informação
Ok., Miguel quais são os impactos f) Pedido de informação
Quioto. Ah… o que é o protocolo de (definição) e de explicação
23min45s Entrevistador dessas alterações climáticas ao nível
Quioto e por que é que nem todas as
dos ecossistemas?
26min54s Entrevistador nações estão de acordo em relação à
g) Transmissão de
23min53s Entrevistado As alterações climáticas (…) necessidade de diminuir as emissões
informação
de gases criadores de efeitos de
Miguel, uma pergunta extremamente h) Pedido de explicação de
estuda?
básica. Por que é que é importante um dado fenómeno
O protocolo de Quioto é (…). k) Pedido de
para nós, para todos os ecossistemas, (centrado no princípio da 27min14s Entrevistado
informação/explicação
que não se percam espécies, enfim, causa – consequência)
Pedimos desculpa pelas dificuldades l) Interrupção no discurso:
24min50s Entrevistador que as espécies não se extingam. Para
27min32s Entrevistador técnicas. O Miguel Araújo dizia que pedido de desculpa e
além do facto de gostarmos dos
(…) retoma
bichinhos que são muito bonitos tem
Por razões económicas importantes m) Explicação
que haver algum interesse biológico 27min42s Entrevistado
(…)
para nós. Qual é esse interesse?
A razão de base para conservar a i) Explicação (relação causa
25min00s Entrevistado
biodiversidade é uma razão ética (…). – efeito)
Entrevista Escrita
4. Observa com atenção a seguinte transcrição ortográfica de um segmento da É possível elaborar estratégias para "suavizar" os efeitos da alteração global?
entrevista, comparando-o com um segmento de uma entrevista escrita, a M.A. - Há fundamentalmente duas estratégias. A primeira consiste em tentar minimizar a
seguir transcrito: magnitude das alterações globais usando os mecanismos criados no quadro do protocolo de
Quioto. A segunda consiste em incorporar regras no planeamento territorial que incorporem as
necessidades das espécies num contexto de alterações climáticas. Se é verdade que já existe
Entrevista Oral alguma consciencialização para a necessidade de reduzir os gases de efeito de estufa para
minimizar as alterações climáticas, também é verdade que ainda temos um longo caminho a
CH – Olá, Miguel. Ah… Será que nos podias explicar um bocadinho o que é que são alterações
percorrer para tomar consciência da necessidade de nos começarmos a adaptar a um mundo
climatéricas a nível global e como se processam?
diferente do ponto de vista climático.
MA – Bom, eu não… eu não trabalho em…em… clínica da atmosfera pelo que as minhas respostas http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=4171&op=a
serão obviamente muito simples, né? Ah… em primeiro lugar, talvez valha a pena referir que o
conceito de alterações climáticas, ainda que… tenha… que tenha ??? nos midia é um conceito 4.1. Faz o levantamento de todos os aspectos linguísticos e discursivos que são
algo infeliz, infeliz porque o seu antónimo não existe ou seja nunca na história do planeta característicos do discurso oral.
houve um período da… da… em que o clima foi estável. Ahhh… também não é verdade que esta
é a primeira vez que que as alterações climáticas são de origem… têm como origem um factor 4.2. Transforma a resposta de Miguel Araújo da entrevista oral em texto de
biológico no passado, a passagem daaa… e uma atmosfera… pobre… em oxigénio e com modo a poder ser publicada em formato de entrevista escrita.
elevadaaa infiltração ultravioleta a…a… passagem desse sistema pa.. pa umatmosfera rica em
em oxigénio e com uma camada do do ozono tamém foi produzida por agentes… por bactérias
4.3. Descreve o tipo de operações que tiveste de realizar na transformação
que que que fotossintetizavam e por conseguinte alteraram a constituição da da datmosfera. pedida em 4.2.
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5. Considera agora os dois segmentos a seguir transcritos, extraídos da Segmento 2
entrevista oral a Miguel Araújo. CH - Miguel, tu referiste aqui o protocolo de Quioto. Ah… o que é o protocolo de Quioto e por
que é que nem todas as nações estão de acordo em relação à necessidade de diminuir as
emissões de gases criadores de efeitos de estuda?
Segmento 1
MA - O protocolo de Quioto é um acordo entre países que visa queeee estabelecer metas de
CH - Olá, Miguel. Ah… Será que nos podias explicar um bocadinho o que é que são alterações
redução de de de emissões de gases de efeito estufa metas quantificadas e que tamém criem
climatéricas a nível global e como se processam?
mecanismos eeee... para para para implementar essas metas ah… (…) [há países que não estão
MA – (…) No entanto, é bom que se diga que as alterações climáticas têm algo de diferente em interessados na aplicação de metas para redução da emissão do CO2 porque] por razões
relação às às alterações climáticas do passado. A primeira é que… ah.. ah… tão a ocorrer com económicas importantes… é o caso dos Estados Unidos, né? que poderia contribuir para
uma velocidade que ao que parece é mai rápida do que que aconteceu no passado ah… e por diminuir… enfim… para afectar negativamente o crescimento económico. Peço desculpa mas essa
outro lado foi… está a ser motivada também ao que parece por uma espécie única pelo ser é a leitura da… da administração Bush (…).
humano. É por isso que se começa agora a falar que estamos a entrar numa nova era geológica
(…). Ahmmm… em termos de de de factos associados às alterações climáticas actuais… ah…
sabemos que houve um aumento da temperatura de 0.8 graus no século passado ahh… que teve 5.1. Em geral, uma pergunta funciona como pedido de informação, devendo a
associado tamém ao aumento global de precipitação em cerca de 1 % inda que com com resposta adequar-se ao solicitado. Indica o tipo de informação que é
variações sazonais ah… e que os aumentos que se prevêem para o futuro são bastante superiores
requerida ao entrevistado, seleccionando a resposta correcta nos itens a
quer em termos de de de temperatura quer em termos de precipitação por exemplo. Para cada
grau de temperatura que o planeta aumenta prevê-se um aumento de 7 % de precipitação global. seguir apresentados.
a) Uma descrição Avaliação da oralidade
b) Uma narração [momento formal de avaliação correspondente à oficina de oralidade
c) Um relatório que constituiu o exemplo 1]
d) Um reconto
e) Uma explicação Formato – teste de escuta activa, com itens de escolha múltipla e de
completamento
5.2. Indica as palavras contidas nas perguntas dos segmentos 1 e 2 que
Material – Excerto do programa À Volta dos Livros, que contém a entrevista
fundamentam a tua resposta à pergunta anterior.
de Ana Aranha a João Rui de Sousa, poeta e ensaísta, que tem
5.3. A resposta do entrevistado, nos dois segmentos apresentados, é estudado muitos dos mais representativos autores da nossa
adequada à pergunta? Fundamenta a tua resposta. poesia do Séc. XX: de Almada Negreiros a Sophia de Mello
Breyner, de Eugénio de Andrade a Mário Cesariny, entre muitos
outros. (ver em: http://ww1.rtp.pt/multimedia/index.php?prog=2499 , edição
de 01-03-2010, com duração de 5min59s)
1. Escuta atentamente o excerto do programa À Volta dos Livros, da autoria 2.2. O livro de que se fala no programa possui:
de Ana Aranha. Nesta primeira audição regista o livro que serve de motivo ao a) uma única edição.
programa e o respectivo autor.
b) uma segunda edição, revista e aumentada.
2. Escuta novamente os depoimentos e responde correctamente ao c) uma segunda edição idêntica à primeira.
questionário. d) uma terceira edição.
2.1. O programa é constituído por: 2.3. O assunto principal do livro em apreciação é a:
a) uma crónica. a) obra poética de Fernando Pessoa.
b) um relato desportivo. b) vida literária de Fernando Pessoa.
c) uma entrevista. c) função de empregado de escritório de Fernando Pessoa.
d) uma conversa. d) vida amorosa de Fernando Pessoa.
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2.4. Fernando Pessoa é descrito como: 2.6. Na época em que viveu, Fernando Pessoa como poeta era:
a) meticuloso e obsessivo. a) muito conhecido.
b) desleixado e irresponsável. b) bastante conhecido.
c) descuidado e afável. c) pouco conhecido.
d) meticuloso e afável. d) mais ou menos conhecido.
2.5. O escritório para Fernando Pessoa é um local de: 2.3. Fernando Pessoa conheceu a sua namorada, Ofélia Queirós:
a) trabalho, de convívio e de criação poética. a) em casa de amigos.
b) trabalho exclusivamente. b) numa viagem.
c) convívio social apenas. c) numa reunião da empresa.
d) cumprimento de obrigações. d) num escritório
EXEMPLO 2 Actividades (tarefas)
Designação – Entrevista para emprego 1.ª Fase – Saber/conhecer as coordenadas da situação comunicativa
específica de entrevista para emprego
Competência – Ouvir (escutar)/Compreensão e análise de discurso
oral (i) Relação vertical ou hierárquica entre entrevistador (empregador ou
representante da empresa) e entrevistado (candidato ao emprego)
Material – Entrevista para emprego (construída para a oficina)
(ii) Objectivo comunicativo: o entrevistador tem por finalidade fazer uma
A entrevista para emprego constitui um género de interacção verbal que avaliação presencial do candidato em várias dimensões (construção do
tem características específicas. Um desempenho mal sucedido por parte do discurso, competências, perfil psicológico e relacional, conhecimentos, entre
candidato faz com que não seja escolhido pela empresa/empregador, mesmo outros).
que o seu Curriculum Vitae e o seu perfil sejam adequados. Trata-se de um (iii) Forma discursiva em que se realiza a interacção verbal: pergunta –
discurso oral preparado, isto é, que foi pensado, tendo-se antecipado as resposta, a cargo de, respectivamente, entrevistador e entrevistado.
respostas a um conjunto de perguntas possíveis, típicas dessa situação
comunicativa.
2.ª Fase – Ouvir uma entrevista 2.1. A expressão «Eu era maquinista.» contém os elementos necessários para
1. A entrevista de emprego que vais ouvir é mal sucedida. O candidato não é responder ao pedido de informação formulado pelo entrevistador?
seleccionado para o emprego. Há várias razões para isso, mas, neste caso, é 2.2. Indica a forma de tratamento usada pelo candidato para iniciar a sua
sobretudo devido ao discurso do candidato, que contém várias anomalias. resposta.
1.1. Faz uma primeira audição da entrevista registando algumas 2.3. Explica a desadequação desta forma de tratamento tendo em conta o
características que, do teu ponto de vista, definem este candidato. contexto em apreço.
3.ª Fase – Escutar após segunda audição 3. Na segunda pergunta, o entrevistador formula um pedido de informação
relativo à razão que explica a situação de desemprego em que se encontra o
2. Na primeira pergunta, o entrevistador mostra que conhece a experiência
candidato.
profissional do candidato a partir do curriculum vitae que este enviou. A
pergunta funciona como um pedido de informação adicional, com descrição 3.1. Classifica a informação contida na resposta de acordo com uma destas
pormenorizada das actividades e funções profissionais exercidas possibilidades: impressões ou factos.
anteriormente pelo candidato. 3.2. Colocando-te no lugar do entrevistador, avalia a resposta dada de acordo
com o grau de racionalidade e de objectividade que revela.
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4. A terceira, quarta e quinta perguntas são cruciais numa entrevista para
emprego.
5.ª Fase – Sistematizar
4.1. Avalia, justificando, a eficácia das respostas dadas, tendo em conta que o
objectivo do candidato é ser seleccionado para o emprego.
7. Para uma cooperação no discurso entre o entrevistador e o entrevistado de
modo a que este conseguisse atingir o objectivo pretendido (ser seleccionado
5. A resposta à sexta pergunta da entrevista é a mais extensa de todas. para o emprego), era necessário que as respostas fossem ao encontro dos
5.1. Explica a razão pela qual esta resposta é desadequada, tendo em conta o pedidos de informação contidos nas perguntas.
contexto. 7.1. Preenche a tabela a seguir apresentada fazendo a apreciação de cada
uma das respostas a partir dos parâmetros comunicativos indicados.
4.ª Fase – Intervir
6. Partindo do pressuposto de que és o maquinista do conto «O leitor», de
Teolinda Gersão, redige as respostas que consideras adequadas à entrevista
de emprego que analisaste, corrigindo os aspectos que a tornam ineficaz.
7.2. Avalia globalmente a entrevista dada pelo candidato no que diz respeito à
Quantidade Qualidade Relação Modo
sua eficácia e adequação discursiva.
O discurso não é claro,
informação necessária
Afirma-se o que se crê
organizado e coerente
Contém a informação
nem bem organizado
Não se afirma o que
O discurso é claro,
falso ou carece de
se crê ser falso ou
carece de provas
O discurso não é
pertinente nem
Não contém a
nem coerente
pertinente ou
8. A situação de comunicação em causa exigia ainda atenção na forma como
O discurso é
necessária
relevante
relevante
provas
o entrevistado se dirige ao entrevistador, de modo a haver uma adequação de
acordo com as regras da cortesia no discurso.
8.1. Explicita as situações em que o emprego da forma de tratamento «você»
Resposta 1
é adequado e as situações em que esse emprego é totalmente desadequado.
Resposta 2
Resposta 3
Resposta 4
Resposta 5
Resposta 6
Avaliação da oralidade Exemplo B
[momento formal de avaliação correspondente à oficina de oralidade Formato – entrevista de emprego simulada em aula (professor é o
que constituiu o exemplo 2] entrevistador e o aluno é o candidato a emprego)
Material – Grelha de avaliação das respostas do aluno, em função dos
Exemplo A parâmetros trabalhados
Formato – teste de escuta activa, com itens de escolha múltipla e de
completamento
Material – Gravação de uma entrevista para
emprego com comportamentos
e respostas desajustados:
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EXEMPLO 3 Actividades (tarefas)
1.ª fase – impressão global
Designação – Dizer poemas num concurso de poesia 1. Depois da primeira audição, identifica o poema que ouviste dizer.
Competência – Ouvir (escutar) e dizer 2. Faz uma segunda audição do poema depois de teres lido a instrução a
seguir indicada.
Material – Gravação de poemas (material construído especificamente) 2.1. Redige um texto curto, com um mínimo de 20 e um máximo de 80
e grelha de avaliação da prestação do aluno a dizer palavras, em que manifestes a tua apreciação das interpretações do poema
poemas dando continuidade à frase a seguir indicada.
Ouvi o poema «(…)», de Luís Vaz de Camões, dito por dois intérpretes. A
audição que mais me fascinou foi…
Observação – Não esqueças que a apreciação exige um juízo de valor e a explicitação
das razões subjacentes a esse juízo.
2.ª fase – aprofundamento da escuta Primeira propriedade acústica
3. Uma das propriedades acústicas diz respeito ao grau de destaque de uma
Na apreciação que redigiste sobre as apresentações, um dos aspectos sílaba no interior de uma sequência de sons.
que avaliaste foi certamente a expressão vocal, mais especificamente, a 3.1. Nas seguintes palavras, quais são as características relacionadas com o
prosódia. A prosódia está relacionada com a forma como os sons são som que distinguem a sílaba a negrito das restantes?
produzidos. De facto, a produção oral de um discurso é analisada em termos a) estado
de sequências de sons, que têm certas propriedades acústicas (i.e., inerentes b) incerto
ao som). Estas propriedades são relevantes para a interpretação da frase e
para a definição de um ritmo do discurso oral. Investiguemos essas c) vivo
propriedades acústicas. 3.1.2. Faz corresponder as seguintes definições aos respectivos termos.
I. Frequência do som produzido que pode ser avaliada numa a) Duração
escala de alto a baixo.
II. Quantidade de tempo que o som demora a ser produzido. b) Intensidade
III. Força com que o som é produzido. c) Altura
Segunda propriedade acústica
4. A segunda propriedade acústica está relacionada com o destaque dado aos
picos de acentuação da sequência de sons, correspondente a palavras ou
3.1.3. Podemos, então, concluir que um aspecto importante a considerar na
frases. Esse destaque dá origem a uma melodia particular que varia
análise do discurso oral é o acento das palavras, que permite distinguir as
consoante factores sintácticos, semânticos e pragmáticos.
sílabas tónicas das átonas. Esta distinção traduz-se em características
fonéticas diferentes ao nível da altura, da duração e da intensidade. A sílaba
tónica caracteriza-se por um tom mais alto, uma duração maior e uma 4.1. Lê as seguintes frases.
intensidade mais forte. a) O Poeta está triste.
b) O Poeta está triste?
c) O Poeta está triste!
4.1.1. Refere se a forma como lês as frases anteriores é igual. Justifica.
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4.2. Agora imagina as situações a seguir apresentadas e relê os versos de 4.3. Desta vez, lê as seguintes frases de acordo com as instruções.
acordo com as diferentes interpretações.
a) (falante entusiasmado) Vou estudar a lírica camoniana.
Situação A. Na interpretação que faz dos versos «Tanto de meu estado me b) (falante aborrecido) Vou estudar a lírica camoniana.
acho incerto/ que em vivo ardor tremendo estou de frio», o aluno Carlos
considera que a ideia fundamental é a do estado incerto do sujeito poético.
4.3.1. Refere se a forma como entoaste as frases foi semelhante. Justifica.
Situação B. Na interpretação que faz dos versos «Tanto de meu estado me
acho incerto/ que em vivo ardor tremendo estou de frio», o aluno Daniel 4.4. Podemos, então, concluir que um segundo elemento importante na
realça as consequências do estado do sujeito poético, isto é, o sentir-se em análise do discurso oral é a entoação, que varia de acordo com factores
«vivo ardor» e “tremer de frio”. sintácticos, semânticos e pragmáticos.
4.2.1. O que diferiu nas duas leituras? Porquê?
Terceira propriedade acústica 5.1.3. Concentra-te no segundo tipo de pausas e explica o motivo da sua
ocorrência. Para isso, compara, por exemplo, a pausa que é feita no final do
5. A terceira propriedade acústica avalia a organização temporal do discurso verso «Amor é fogo que arde sem se ver» com a pausa que é feita depois de
oral, a forma como as pausas são distribuídas e a velocidade a que são produzida a sequência fonética correspondente à primeira palavra, «Amor».
produzidas as sequências de sons.
5.1. Escuta atentamente o seguinte enunciado e identifica o tipo de pausas
existente. 5.2. Escuta novamente o mesmo poema e avalia a velocidade com que é
declamado.
[Gravação de o poema «Amor é um fogo que arde sem se ver» com pausas
silenciosas e pausas preenchidas (hesitações e repetições).] [Gravação do poema «Amor é um fogo que arde sem se ver» com um ritmo
acelerado e com um ritmo demasiado lento.]
5.1.1. Na tua perspectiva, quais as pausas que não deveriam surgir na
declamação do poema? 5.3. Podemos, então, concluir que o terceiro aspecto relevante na análise do
discurso oral é a sua organização temporal que se caracteriza por pausas
51.2. Em que contextos podem surgir estas pausas? silenciosas e preenchidas e pela velocidade com que o enunciado é produzido.
Expressão corporal 3.ª fase – preparação da performance no dia da poesia
6. A expressão corporal é também fundamental na declamação de um
poema. 5. Prepara, com o teu professor e os teus colegas de turma, o concurso de
declamação de poesia camoniana.
6.1. Observa a forma como o declamador se posiciona e gesticula nos vídeos A – Leitura e discussão do Regulamento do Concurso de Poesia.
seguintes. B – Selecção de um poema camoniano por cada aluno da turma.
[Gravação vídeo de dois declamadores do soneto «Tanto de meu estado me C – Preparação da sua interpretação/leitura expressiva: leitura e
acho incerto», um com a postura física correcta, outro que se movimente e compreensão do poema, memorização do poema, dizer o poema em frente a
gesticule demasiado.] colegas para treinar a expressão vocal e a expressão corporal.
D – Programação do dia do Concurso de Poesia da Turma.
6.1.1. Refere qual é a postura correcta. Justifica.
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10. 29-04-2010
Regulamento do Concurso de Poesia
3. Desclassificados
1. Apresentação
a) Serão desclassificados os alunos que não apresentarem o poema
a) Haverá apenas uma eliminatória, a combinar de acordo com todos os
escolhido para o concurso de declamação.
elementos da turma.
b) Os alunos só poderão dizer poesia camoniana, podendo escolher
poesia lírica ou poesia épica. 4. Composição do júri
c) Os poemas têm de ser ditos de cor, não podendo cada apresentação a) O júri será composto por dois professores de Português e três alunos
exceder os quatro minutos. do 12.º ano.
2. Critérios para a classificação
a) A pontuação final será a soma dos pontos atribuídos em cada um dos
seguintes parâmetros:
- expressão vocal: prosódia: acento, entoação e organização temporal;
- expressão corporal: postura e movimento;
- interpretação: adequação entre o poema (conteúdo e tom) e
composição cénica.
Avaliação da oralidade Grelha de avaliação da declamação
[momento formal de avaliação correspondente à oficina de oralidade
que constituiu o exemplo 3]
Exemplo A
Formato – apresentação: cada aluno diz um poema
Material – grelha de avaliação (ver diapositivo seguinte)
CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• Os diversos tipos de comunicação têm um lugar na sala de aula. • APP, Avaliação da oralidade no Ensino Secundário (Portaria n.º 1322/2007, de
• À medida que o aluno cresce, deve ser confrontado com situações 4 de Outubro) – Interpretação da Direcção da APP, www.app.pt
mais complexas. • Cassany, Daniel; Luna, Marta; Sanz, Gloria, Enseñar lengua, Madrid, Grao,
1994.
• O trabalho sobre a oralidade deve integrar o escrito como suporte
• Ferreira, Idalina; Silvano, Purificação; Rodrigues, Sónia V., Português +.
do oral e a reflexão, tudo relacionado com conteúdos gramaticais e
10.º ano, Porto, Areal, 2010.
com habilidades de uso da língua oral específicas de cada situação
de comunicação.
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