Este documento discute a evolução das ideias sobre evolucionismo do fixismo até Darwin. Começa apresentando as ideias fixistas de que as espécies são imutáveis. Discute como o trabalho de Lineu e a paleontologia levaram a ideias evolucionistas. Apresenta as teorias transformistas de Buffon e Lamarck, que propuseram a evolução das espécies. Por fim, detalha as bases da teoria da evolução por seleção natural de Darwin, incluindo suas observações e a noção de sobrevivência do mais apto.
2. Fixismo
2
• Fixismo As espécies após se formarem mantêm-se inalteradas
(imutáveis), não sofrendo qualquer transformação ao longo dos tempos.
Criacionismo Os seres vivos foram originados por criação
divina.
Geração espontânea As espécies surgem, independentemente
umas das outras, a partir de matéria inerte (como o pó e a
sujidade).
• O fixismo foi plenamente aceite até ao final do séc. XVIII.
3. Do Fixismo ao Evolucionismo
3
Lineu
• Fixista e Criacionista do séc. XVIII
• Iniciou a classificação dos seres (“Pai da Sistemática”)
• O sistema de classificação utilizado baseava-se na morfologia dos
seres vivos
Possibilitou
• o estabelecimento de semelhanças e
diferenças entre os seres vivos
• a ideia de relações de parentesco entre os
seres vivos
• a ideia de existência de antepassados
comuns
O surgimento de Ideias evolucionistas
4. Do Fixismo ao Evolucionismo
4
Cuvier
• Fixista
• Explica a razão porque em estratos sucessivos surgem fósseis com
características diferentes
Entre dois estratos ocorreu uma catástrofe seguida de
repovoação por seres vindos de outras áreas
Teoria do Catastrofismo
Outros criacionistas Após a catástrofe havia nova criação
Teoria das Criações sucessivas
Paleontologia
• Há fósseis de seres que não existem na atualidade
• Fósseis existentes num estrato apresentam características diferentes
dos fósseis do estrato seguinte
As espécies não são imutáveis
5. Do Fixismo ao Evolucionismo
5
Buffon Maupertuis
• As espécies derivam umas das outras • Os organismos apresentam ligeiras
por degeneração (Ex. cavalo alterações em relação aos
degenerou em burro). progenitores, devido a acasos e
erros na reprodução
• Uma espécie transforma-se lenta e • A partir de uma única espécie,
gradualmente noutra espécie poderiam obter-se numerosas
(através de espécies intermédias outras aparentadas entre si, devido
que, por serem menos perfeitas, a diversos graus de “erro”
desaparecem).
• A transformação ocorre por
degeneração (e não por evolução)
Formação de novas espécies por transformação
Transformistas
6. Do Fixismo ao Evolucionismo
6
Hutton
• Pai da Geologia moderna.
• Estabeleceu uma idade para a Terra muito superior à até então aceite.
• Considera que:
os fenómenos geológicos atuais são idênticos aos do passado;
existem agentes (vento, chuva, sedimentação, fusão magmática …)
que modificam a natureza lenta e gradualmente
Contradiz a Teoria Catastrofista
7. Do Fixismo ao Evolucionismo
7
Charles Lyell
• Conclui que:
os processos naturais de hoje são iguais aos do passado.
os acontecimentos do passado devem ser explicados a partir de
processos atuais.
a maioria das alterações geológicas
são lentas e graduais.
P. do Gradualismo P. do Atualismo Geológico
Teoria do Uniformitarismo
Mudança geológica lenta
sugere a ideia de mudança biológica lenta
Evolução das espécies
8. Lamarckismo
8
• Lamarck - 1º evolucionista
Jean Baptiste de Monet (1744 – 1829)
• Bases da Teoria de Lamarck
─ Lei do uso e do desuso
─ Lei da transmissão dos caracteres adquiridos
• Lei do uso e do desuso
A necessidade de adaptação às condições ambientais
determina:
- o uso de um órgão (conduzindo ao desenvolvimento)
- o desuso de um órgão (conduzindo à atrofia)
a função determina a estrutura
9. Lamarckismo
9
• Bases da Teoria de Lamarck
─ Lei do uso e do desuso
─ Lei da transmissão dos
caracteres adquiridos
• Lei da transmissão dos
caracteres adquiridos
As modificações originadas
pelo uso e desuso (que
permitem uma melhor
adaptação ao meio) são
transmitidas à descendência.
10. Lamarckismo
10
Causas da evolução:
• alterações ambientais
• necessidades do indivíduo (os seres têm um impulso interno que lhes
permite adaptarem-se ao meio)
11. Lamarckismo
11
Críticas ao Lamarckismo:
• Ao defender que os seres tendem a melhorar estava a contradizer o
fixismo (aceite na época);
• A lei do uso e do desuso foi aceite para alguns órgãos, mas não para
todos;
• A lei da transmissão dos caracteres adquiridos não é válida pois as
características adquiridas não se transmitem à descendência.
(Atualmente, sabe-se que apenas são transmitidas à descendência, as características
determinadas por genes existentes nos cromossomas das células reprodutoras).
Weissman negou o Lamarckismo experimentalmente - cortando as
caudas a gerações sucessivas de ratos obteve sempre ratos com
caudas.
A teoria de Lamarck não teve aceitação
12. Darwinismo
12
Charles Robert Darwin (1809 –1882)
Darwin, em1831, embarcou numa
expedição, no navio Beagle, promovida
pela Marinha Inglesa.
Na viagem, obteve conhecimento da
fauna, flora e geologia de vários
lugares.
Ao longo dos 5 anos da expedição,
Darwin recolheu uma extensa
quantidade de dados que mais tarde
utilizou na fundamentação da sua teoria
sobre a origem das espécies.
13. Darwinismo
13
Consciente das implicações de seu trabalho sobre a tese da
imutabilidade das espécies, passou vinte anos a estudar os dados
recolhidos, para confirmar a ocorrência de variações nas espécies.
Em 1858, recebe uma carta de Alfred Russel Wallace, um jovem
naturalista que estava a trabalhar no Arquipélago Malaio (localizado
entre os oceanos Índico e Pacífico).
Nesta carta, Wallace apresenta um esboço de suas observações no
Arquipélago e solicita a opinião de Darwin.
Ao ler a carta, Darwin ficou completamente surpreso e escreve ao
seu amigo Lyell, dizendo:
“Ele (Wallace) não poderia ter feito melhor resumo do meu trabalho
desenvolvido nestes últimos 22 anos...”
14. Darwinismo
14
Em 1859, publicou o livro “A Origem das Espécies”, em que explica os
princípios do evolucionismo e da seleção natural.
Em 1871, publicou a obra “A Descendência do Homem”, em que expõe
sua teoria relativa à origem do Homem a partir do macaco.
A teoria de Darwin gerou uma grande
controvérsia na comunidade científica, na
Igreja e na sociedade.
15. Darwinismo
15
Bases do Darwinismo
o Dados Biogeográficos (observações feitas a bordo do Beagle)
o Dados Geológicos (estudos de Lyell - Uniformitarismo)
o Experiência como criador de pombos – selecção artificial
o Dados sobre o crescimento das populações (Thomas Malthus)
16. Darwinismo
16
Dados Biogeográficos (observações feitas a bordo do Beagle)
• Darwin supunha que cada espécie era criada para ocupar um
determinado lugar
Todas as espécies insulares seriam iguais entre si e diferentes das
continentais
• Verificou que as espécies de seres de Cabo Verde são diferentes das dos
Galápagos, mas são semelhantes às do continente africano
As espécies de Cabo Verde são
As espécies de Cabo Verde semelhantes às africanas
são diferentes das dos
Galápagos possuem um ancestral comum
o ancestral sofreu alterações em
contraria a teoria inicial ambientes diferentes
Evolução
17. Darwinismo
17
Dados Biogeográficos (observações feitas a bordo do Beagle)
Tentilhões dos Galápagos
Apesar de apresentarem algumas diferenças (forma do bico, cor, tamanho):
• são muito semelhantes entre si
• são semelhantes aos do continente americano
Estes tentilhões têm um ancestral comum, proveniente do continente
americano.
Ocorreu a migração dos tentilhões da América do Sul para os Galápagos.
18. Darwinismo
18
Dados Biogeográficos (observações feitas a bordo do Beagle)
Tentilhões dos Galápagos
Nos Galápagos, os tentilhões desenvolveram adaptações relativas ao tipo
de alimento disponível em cada uma das ilhas (insetos, sementes…).
As características particulares de cada
ilha condicionaram a evolução de cada
espécie.
O isolamento das ilhas, umas em relação
às outras e relativamente ao continente,
possibilitou a separação dos indivíduos e
a adaptação independente às novas
situações.
Evolução
Diferentes espécies de tentilhões
19. Darwinismo
19
Dados Biogeográficos (observações feitas a bordo do Beagle)
Tartarugas dos Galápagos
• Observou 7 variedades diferentes
de tartarugas gigantes, cada uma
em diferente ilha.
• Apesar das diferenças, estes
animais são extremamente
semelhantes, fazendo supor, tal
como no caso dos tentilhões, que
tenham tido uma origem comum.
20. Darwinismo
20
Dados Geológicos (estudos de Lyell - Uniformitarismo)
Princípio do Atualismo Geológico Princípio do Gradualismo Geológico
• Os fenómenos são iguais aos do • As mudanças geológicas são lentas
passado e graduais
• A Terra já existe há vários
milhões de anos
A Terra existe há tempo suficiente Se ocorreu evolução geológica
para ter ocorrido evolução também pode ter ocorrido evolução
biológica
21. Darwinismo
21
Experiência como criador de pombos – seleção artificial
O homem seleciona indivíduos com
características desejáveis e cruza-os
com outros, originando indivíduos com
características diferentes dos seus
ancestrais – seleção artificial
A natureza, através dos fatores
ambientais, seleciona os indivíduos
com características mais vantajosas
– seleção natural
22. Darwinismo
22
Dados sobre o crescimento das populações - Thomas Malthus
“A população humana aumenta em progressão
geométrica enquanto os recursos alimentares
são produzidos em progressão aritmética”
ou seja,
A capacidade de crescimento da população é
indefinidamente maior que a capacidade da
terra de produzir meios de subsistência para
o homem.
Considera que:
- a população humana tende a duplicar de 25 em 25 anos,
- fome e epidemias condicionam o crescimento da população humana.
23. Darwinismo
23
Dados sobre o crescimento das populações - Thomas Malthus
Darwin verificou que as populações animais não crescem geometricamente
pois:
• nem todos os indivíduos se reproduzem
• a falta de condições ambientais e de alimentos
doenças …..
... luta pela sobrevivência Seleção natural
Morte
24. Darwinismo
24
Darwinismo
Os seres vivos da mesma população apresentam variações entre si
(variações intraespecíficas).
As populações têm tendência para crescer em progressão geométrica
O ambiente não pode suportar tantos descendentes
luta pela sobrevivência
O nº de indivíduos de cada espécie, geralmente,
não se altera muito de geração em geração
Sobrevivem os indivíduos que apresentam características com vantagem
competitiva num dado ambiente – “sobrevivência do mais apto”
Os indivíduos que não apresentam essas características são eliminados –
Princípio da seleção natural
25. Darwinismo
25
Darwinismo
Os indivíduos mais aptos vivem durante mais tempo e reproduzem-se
mais, transmitindo as características à descendência - reprodução
diferencial.
As características vantajosas são transmitidas Reprodução
de geração em geração, diferencial
ocorrendo uma lenta acumulação de Tempo
determinadas características.
Formação de uma nova espécie
26. Darwinismo
26
Críticas ao Darwinismo
Não explica:
As causas da existência de variações dentro da mesma espécie.
O modo como as variações são transmitidas de geração em geração
28. Confronto entre Lamarckismo e Darwinismo
28
Explicação para a existência das patas longas dos flamingos
Segundo o Lamarckismo
• O flamingo, alimentando-se na borda da água, quando
escasseia o alimento (alteração ambiental) tem de
recorrer, para a sua alimentação (necessidade do
indivíduo), a águas mais profundas.
• O esticar permanente das patas, para chegar ao
alimento, criou a necessidade de aumentar o tamanho
dos músculos e dos ossos destes órgãos (lei do uso e
do desuso).
• Em cada geração foram surgindo indivíduos que tinham
as patas cada vez mais longas, características estas
que foram transmitindo aos seus descendentes,
chegando, assim, à forma atual (lei da transmissão das
características adquiridas).
29. Confronto entre Lamarckismo e Darwinismo
29
Segundo o Darwinismo
• Independentemente do meio, existia nas populações de flamingos
variação no tamanho das patas (variação intraespecífica).
• Num ambiente em que escasseava o alimento os flamingos que
possuíam os membros mais desenvolvidos tinham mais fácil
acesso ao alimento (estavam melhor adaptados), isto é,
sobreviviam melhor (luta pela sobrevivência, sobrevivência do
mais apto).
• A seleção natural favoreceu os flamingos melhor adaptados a
um ambiente onde o alimento estava em zonas mais profundas.
• Os flamingos com membros maiores reproduziram-se mais
(reprodução diferencial). Deste modo, aumentaram o seu número
na população relativamente ao número de flamingos de patas
curtas.
• Os flamingos de membros mais compridos foram-se tornando
mais abundantes em relação aos de membros mais curtos, que
acabaram por desaparecer.
30. Confronto entre Lamarckismo e Darwinismo
30
Lamarckismo Darwinismo
Explicam de um modo diferente a formação de novas espécies
Os seres da mesma espécie são todos iguais. Dentro da mesma espécie há seres com
características diferentes (variação
As alterações ambientais conduzem a novas intraespecífica).
necessidades do indivíduo
O ambiente não pode suportar tantos descendentes.
Lei do uso e do desuso
a necessidade de se adaptar ao ambiente Luta pela sobrevivência
determina maior ou menor uso de um órgão.
P. da seleção natural
Lei da transmissão das características O ambiente seleciona os indivíduos:
adquiridas o os menos aptos morrem;
as modificações originadas pelo uso ou desuso o os mais aptos sobrevivem (sobrevivência do mais
são transmitidas aos descendentes. apto) e reproduzem-se (reprodução diferencial).
Ao fim de várias gerações surgem indivíduos Os descendentes possuem as
com características mais vantajosas.
características diferentes – uma nova espécie.
A lenta acumulação de determinadas
características, ao fim de várias gerações, leva à
formação de uma nova espécie.
31. Confronto entre Lamarckismo e Darwinismo
31
Lamarckismo Darwinismo
Ambos consideram importante o papel do ambiente
O ambiente cria necessidades que O ambiente exerce uma seleção
conduzem a modificações nos natural favorecendo os indivíduos
indivíduos, com vista a uma melhor que possuem características que os
adaptação (a função determina a tornam melhor adaptados a esse
estrutura). ambiente.
32. Neodarwinismo
ou teoria sintética da evolução
32
No início da década de 40 do século XX vários investigadores combinaram
as ideias de Darwin com novos dados revelados por diversas ciências,
nomeadamente pela genética, para formular a teoria sintética da evolução
ou Neodarwinismo.
Esta teoria admite que as populações constituem unidades evolutivas e
apresentam variabilidade genética sobre a qual a seleção natural atua; a
variabilidade resulta das mutações e da recombinação génica (meiose e
fecundação)
O Neodarwinismo assenta em duas ideias fundamentais:
existência de variabilidade genética nas populações
(consideradas como unidades evolutivas)
seleção natural
34. Neodarwinismo
ou teoria sintética da evolução
34
Variabilidade genética
• A variabilidade genética é a base sobre a qual atua a seleção natural.
• Numa população (unidade evolutiva) existem sempre indivíduos com fenótipos
diferentes, determinados pelos genes que constituem os cromossomas das
células.
• Os diferentes fenótipos resultam, essencialmente, das mutações e das
recombinações génicas que surgem da reprodução sexuada.
Nota: O fenótipo é o conjunto de características físicas, morfológicas e fisiológicas de um
organismo; o fenótipo é a expressão do genótipo.
• A recombinação génica cria a variabilidade ao favorecer o aparecimento de
uma multiplicidade de diferentes combinações dos genes.
• As mutações introduzem novidade genética.
35. Neodarwinismo
ou teoria sintética da evolução
35
Seleção natural
• O conjunto de genes que o indivíduo possui torna-o mais ou menos adaptado
a um determinado meio.
• A seleção natural atua sobre a globalidade dos seres vivos de uma população
com toda a sua carga genética.
• Os indivíduos com conjuntos génicos mais favoráveis em relação ao meio são
selecionados, sobrevivendo mais tempo, reproduzindo-se mais e aumentando
o seu número. Os indivíduos com conjuntos génicos menos favoráveis vão
sendo progressivamente eliminados, diminuindo a sua descendência.
36. Neodarwinismo
ou teoria sintética da evolução
36
Seleção natural
• Ao longo do tempo, nas populações, determinados genes, (determinadas
características) acabam por ser eliminados; assim, vão sendo eliminados
determinados fenótipos, enquanto outros aumentam a sua frequência e se
implementam.
• Quanto maior a diversidade no fundo genético duma população maior é a
probabilidade da população se adaptar a modificações que ocorram nesse
meio (entre todos os indivíduos pode existir um conjunto génico que seja
favorecido pela seleção natural).
Acumulação de pequenas alterações ao longo do tempo
gera grandes alterações que
contribuem para o aparecimento de novas espécies,
ocorrendo, assim, a evolução.
37. Neodarwinismo
ou teoria sintética da evolução
37
Noção de População
a nível ecológico a nível genético
(população mendeliana)
conjunto de indivíduos de uma • conjunto de indivíduos que se
espécie que vivem numa reproduz sexuadamente e partilha
determinada área, num dado um determinado conjunto de genes
intervalo de tempo. - fundo genético
Fundo genético - conjunto de todos os genes de uma dada população
mendeliana, num dado momento.
38. Neodarwinismo
ou teoria sintética da evolução
38
Evolução
Microevolução Macroevolução
• alteração do fundo genético da • aparecimento de novas espécies,
população. como resultado de centenas de
milhares de acontecimentos
separados de microevolução.
Aparecimento de novas espécies como resultado de grandes alterações do
fundo genético das populações, ao longo de períodos de tempo da ordem
de milhares ou milhões de anos.
39. Argumentos do Evolucionismo
39
Diferentes áreas científicas contribuíram para a fundamentação e consolidação
do conceito de evolução, entre elas destacam-se os dados fornecidos
inicialmente pela :
Anatomia comparada, Embriologia,
Paleontologia, Biogeografia.
Posteriormente, os avanços da Ciência levaram ao desenvolvimento de novos
ramos da Biologia, que produziram dados que vieram, também, apoiar as
conceções evolucionistas. Entre esses argumentos mais recentes destacam-se
os contributos da:
Citologia,
Genética.
Bioquímica,
Os dados obtidos nas diferentes áreas científicas não devem ser considerados
isoladamente, pois todos eles são complementares devendo ser usados
conjuntamente para se compreender a relação evolutiva entre as diferentes
espécies.
40. Contributo da Anatomia Comparada
40
O desenvolvimento de sistemas de classificação para ordenar a grande
diversidade de seres vivos conduziu à necessidade de estudar as
semelhanças morfológicas.
Diferentes animais apresentam semelhanças anatómicas.
Estas semelhanças anatómicas podem ser explicadas admitindo-se que
estes seres tiveram ancestrais em comum, dos quais herdaram um plano
básico de estrutura corporal.
A anatomia comparada tem fornecido dados que apoiam o evolucionismo,
revelando a existência de estruturas :
homólogos,
análogos,
vestigiais
41. Contributo da Anatomia Comparada
41
Estruturas homólogas
Nos esqueletos dos membros
apresentados verifica-se:
um plano estrutural semelhante;
um grau de desenvolvimento
diferente, o qual está relacionado
com a função que desempenham;
que os animais que vivem no mesmo
ambiente (meio terrestre, por ex.)
apresentam um desenvolvimento
do esqueleto semelhante.
42. Contributo da Anatomia Comparada
42
Estruturas homólogas
Seres de uma espécie ao migrarem para zonas com características
ecológicas diferentes são sujeitos a uma seleção (seleção natural) que
determina a sobrevivência daqueles que apresentam características que os
tornam mais aptos para esse meio (sobrevivência do mais apto).
Assim, ocorre a divergência de organismos a partir de um grupo ancestral
comum que colonizou diferentes habitats, sofrendo pressões seletivas
diferentes (evolução divergente).
As estruturas homólogas:
Resultam da seleção natural exercida sobre indivíduos semelhantes
em meios diferentes (pressões seletivas diferentes).
Descendem, por evolução divergente de um ancestral comum.
(ex. membros anteriores de diferentes classes de vertebrados, tentilhões dos Galápagos)
43. Contributo da Anatomia Comparada
43
Evolução divergente
Indivíduos da mesma espécie
migram para meios diferentes
Em cada um dos novos meios são
selecionados os organismos que
apresentam características que os
tornam mais aptos ao novo habitat.
A partir do mesmo ancestral ocorre
uma divergência nos organismos que
colonizam diferentes habitats.
Indivíduos diferentes com
estruturas homólogas
44. Contributo da Anatomia Comparada
44
Evolução divergente
No caso da existência de vários nichos ecológicos ocorre uma radiação
adaptativa.
45. Contributo da Anatomia Comparada
45
Séries filogenéticas
As estruturas homólogas permitem construir séries filogenéticas.
As séries filogenéticas traduzem a evolução de estruturas homólogas
em diferentes organismos, ou seja, o percurso evolutivo de órgãos
homólogos ao longo do tempo.
As séries filogenéticas podem ser:
• Progressivas;
• Regressivas.
São progressivas quando as estruturas homólogas apresentam uma
complexidade crescente (ex. coração dos vertebrados, sistema nervoso
central dos vertebrados …).
46. Contributo da Anatomia Comparada
46
Séries filogenéticas
O estudo da anatomia do sistema
nervoso central (SNC) dos
vertebrados revela a existência de
um padrão comum.
No entanto, os seus componentes
desenvolveram-se de forma
diferente em diferentes grupos.
São progressivas quando as estruturas homólogas apresentam uma
complexidade crescente; a partir de um órgão ancestral simples, foram
surgindo órgãos cada vez mais complexos (ex. coração dos vertebrados,
sistema nervoso central dos vertebrados …).
47. Contributo da Anatomia Comparada
47
Séries filogenéticas
São regressivas quando as estruturas homólogas se tornam
progressivamente mais simples (ex. redução do número de dedos do
cavalo, perda dos membros das cobras, atrofia dos ossos das asas de aves
corredoras…).
49. Contributo da Anatomia Comparada
49
Estruturas análogas
Quando sujeitos a condições ambientais semelhantes, são selecionados
os indivíduos que, apesar de terem origens distintas, apresentam
estruturas que, embora anatomicamente diferentes, desempenham
funções semelhantes.
As estruturas análogas:
Resultam da seleção natural exercida sobre indivíduos diferentes
em meios semelhantes (pressão seletiva idêntica).
(ex. asas de insetos e asas de aves, cauda da baleia e barbatana caudal do peixe).
Surgem por evolução convergente
Não evidencia parentesco
50. Contributo da Anatomia Comparada
50
Evolução convergente
Indivíduos com diferentes origens
sujeitos a condições ambientais
semelhantes
São selecionados todos os que
apresentam estruturas que, apesar de
anatomicamente diferentes,
desempenham a mesma função
Indivíduos diferentes com
estruturas análogas.
51. Contributo da Anatomia Comparada
51
Estruturas vestigiais
Órgãos que, em alguns organismos, encontram-se com tamanho reduzido
(atrofiados) e geralmente sem função, mas noutros organismos são
maiores e exercem função definitiva.
(ex. apêndice humano, membrana nictitante humana, cintura pélvica e fémur de baleias e de
serpentes).
Nota: a membrana nictitante protege o globo ocular e
auxilia na sua limpeza; no humano já não tem estas
funções.
52. Contributo da Anatomia Comparada
52
Estruturas vestigiais
Como são estruturas homólogas de outras desenvolvidas podem revelar
relações de parentesco entre os seres que as possuem pois deduz-se a
presença de um ancestral comum.
Estruturas que foram úteis e desenvolvidos
em ancestrais no passado
Indivíduos que colonizaram meios em Indivíduos que colonizaram meios em
que estes órgãos lhe conferiam que são favorecidas as formas que têm
vantagem adaptativa esses órgãos atrofiados
(os órgãos desenvolvidos não lhe
conferiam vantagem adaptativa)
Os órgãos mantiveram-se funcionais Os órgãos tornaram-se dispensáveis e
e bem desenvolvidos vestigiais
53. Contributo da Paleontologia
53
O registo fóssil revela espécies inexistentes atualmente.
contraria a ideia da imutabilidade das espécies e apoia o
evolucionismo.
Ás arvore filogenética
representam o percurso
evolutivo de um
determinado grupo,
partindo do seu ancestral,
até às formas atuais.
54. Contributo da Paleontologia
54
Fósseis de formas intermédias ou sintéticas
o Fósseis de seres que apresentam características que correspondem, na
atualidade, a pelo menos dois grupos diferentes de seres vivos.
Ex. Archaeopteryx
Com características de réptil e
de ave: dentes, escamas e cauda
de réptil; asas e penas de ave.
Ex. Pteridospérmicas
Com características de Pteridófitas e de
Gimnospérmicas:
semelhantes morfologicamente a pteridófitas (fetos) mas
reproduzindo-se por sementes.
55. Contributo da Paleontologia
55
Fósseis de transição
o Fósseis de formas intermédias que, provavelmente, terão feito a
transição de um grupo para outro grupo de organismos.
o Correspondem a pontos de ramificação, que conduziram à formação de
novos grupos taxonómicos, e permitem construir árvores filogenéticas
parciais.
Ex. Ichthyostega
Transição de peixe para anfíbio
(1º vertebrado terrestre e 1º tetrápode)
Com escamas, barbatana caudal e coluna
vertebral muito flexível de peixe; com patas e
caixa torácica mais desenvolvida de anfíbio.
56. Contributo da Paleontologia
56
Fósseis de formas intermédias ou sintéticas
Permitem deduzir que organismos atuais pertencentes a grupos
diferentes não são independentes uns dos outros quanto à origem.
Provêm do mesmo ancestral que,
por evolução,
originou indivíduos diferentes.
57. Contributo da Citologia
57
A Teoria Celular elaborada por Schleiden e Schwan, em 1839, considera que:
todos os seres vivos são constituídos por células.
a célula é a unidade estrutural e funcional dos seres vivos.
Estudos de Bioquímica e Fisiologia Celular revelaram que:
existem vias metabólicas idênticas em organismos muito diferentes como
animais e as plantas.
os processos metabólicos, a nível celular, são idênticos.
Universalidade estrutural e funcional entre os seres vivos.
Todos os seres vivos têm a mesma origem.
Evolução dos seres vivos.
58. Contributo da Embriologia
58
Nem sempre é fácil reconhecer homologias nos indivíduos adultos.
Contudo, o acompanhamento do desenvolvimento embrionário de diferentes
espécies permite observar essas homologias
A embriologia, ao permitir observar relações entre os diferentes grupos de
seres vivos, que no estado adulto se tornam impercetíveis, contribui para o
estabelecimento de relações de parentesco entre esses grupos.
59. Contributo da Embriologia
59
Estudo comparativo do desenvolvimento embrionário de Peixes, Anfíbios,
Répteis, Aves e Mamíferos.
o Embriões de vertebrados diferentes
apresentam, durante as primeiras
fases de desenvolvimento, uma grande
semelhança.
o À medida que o embrião se desenvolve
surgem características próprias e as
semelhanças diminuem.
o Quanto menor é o período embrionário
comum entre dois organismos mais
diferentes eles são e menor é o grau
de parentesco entre eles.
60. Contributo da Embriologia
60
Estudo comparativo do desenvolvimento embrionário de Peixes, Anfíbios,
Répteis, Aves e Mamíferos.
Os animais mais simples Os animais mais complexos
sofrem menos modificações sofrem mais modificações
Apresentam cedo as Quanto mais complexo é o
características que indivíduo mais tempo demora a
vão prevalecer no adquirir a forma definitiva
estado definitivo
61. Contributo da Embriologia
61
Estudo comparativo do desenvolvimento embrionário de Peixes, Anfíbios,
Répteis, Aves e Mamíferos.
- Fendas . aberturas que conduzem a bolsas branquiais (ao nível da faringe);
branquiais . nos peixes mantêm-se abertas e comunicam com as brânquias;
. nos vertebrados superiores desaparecem ou dão origem a
estruturas internas (como a Trompa de Eustáquio).
- Coração . inicialmente um tubo com duas cavidades – mantém-se nos peixes;
. três cavidades com mistura de sangues – mantém-se nos anfíbios e
répteis;
. quatro cavidades – nas aves e mamíferos.
Embriões de vertebrados diferentes apresentam, durante as primeiras
fases de desenvolvimento, uma grande semelhança
Relação de parentesco
Ancestral comum
62. Contributo da Biogeografia
62
A Biogeografia analisa a distribuição geográfica dos seres vivos.
Maior proximidade geográfica
espécies semelhantes
evolução a partir de ancestrais comuns
Isolamento geográfico
evolução divergente
espécies diferentes
Conclui que:
as espécies tendem a ser tanto mais semelhantes quanto maior é a sua
proximidade física,
quanto mais isoladas, maiores são as diferenças entre si, mesmo que as
condições ambientais sejam semelhantes.
63. Contributo da Biogeografia
63
Os mamíferos australianos são
marsupiais
Os mamíferos dos outros
continentes são placentários
Na Pangeia os mamíferos eram
marsupiais
Com a separação dos
continentes (há 190 M.a.)
ocorreu isolamento.
Na Austrália Nos outros continentes
os marsupiais surgiram os placentários, (estes
persistiram possuíam características que os
tornavam mais aptos).
Os marsupiais foram eliminados.
64. Contributo da Bioquímica
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Existe uma unidade molecular nos seres vivos, pois são comuns:
Os componentes bioquímicos fundamentais – os compostos orgânicos –
prótidos (20 aminoácidos codificáveis), lípidos, glícidos e ácidos nucleicos
(5 tipos de nucleótidos)
Os mecanismos básicos – a universalidade do código genético, a síntese
proteica, a atuação enzimática …
A análise da sequência de nucleótidos no DNA tem fornecido, nos últimos
anos, provas a favor de uma origem comum para todos os seres vivos.
Seres com moléculas de DNA semelhantes Possuem ancestral comum
Possuem proteínas semelhantes
São anatomicamente semelhantes
São fenotipicamente semelhantes
65. Contributo da Bioquímica
65
Dados sobre a sequência de aminoácidos de uma proteína
Quanto menor for a
diferença na sequência de
aminoácidos de uma proteína
(por exemplo a insulina) de
duas espécies diferentes,
mais próximas
filogeneticamente se
encontram as espécies
66. Contributo da Bioquímica
66
Dados sobre o DNA
Hibridação do DNA • Desnaturação da molécula – desenrolar a hélice.
• Recombinação com cadeias de DNA de outras espécies
(marcadas radioactivamente).
Quanto maior for a quantidade de bases complementares emparelhadas
mais próximas filogeneticamente se encontram as espécies.
O ser humano está evolutivamente
mais próximo do chimpanzé do que da
galinha.
67. Contributo da Bioquímica
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Dados sorológicos
O sistema imunitário do indivíduo:
• reconhece como estranhas as proteínas diferentes das suas (antigenes),
• reage produzindo anticorpos específicos.
A reação antigene-anticorpo é específica inativa o antigene,
forma um precipitado
68. Contributo da Bioquímica
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Dados sorológicos
- Injeta-se sangue o coelho produz anticorpos anti-humanos
humano ( obtenção de soro anti-humano)
- Adicionando soro anti-humano ao sangue de outro animal
reação anticorpo-antigene
formação de precipitado
Quanto maior a quantidade de precipitado
maior o grau de parentesco entre o homem e o
animal em que se injeta o soro anti-humano