O objecto desta análise é o artigo de investigação “Coordenadores de Comunidades de Respositórios Institucionais: o caso do RepositóriUM”, de Flávia Garcia Rosa (Universidade
Federal da Bahia) e Maria João Gomes (Universidade do Minho), publicado na Revista Electrónica de Biblioteconomia e Ciência da Informação [disponível em
http://hdl.handle.net/1822/11242], tendo sido aceite para publicação em 29/09/2010.
Beginners Guide to TikTok for Search - Rachel Pearson - We are Tilt __ Bright...
RepositoriUM - análise de artigo
1. “COORDENADORES DE COMUNIDADES DE REPOSITÓRIOS
INSTITUCIONAIS: O CASO DO REPOSITÓRIUM”
Análise da descrição da investigação
UNIVERSIDADE ABERTA
UNIVERSIDADE ABERTA – MESTRADO EM PEDAGOGIA DO ELEARNING’04
UNIDADE CURRICULAR: METODOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO EM CONTEXTOS ONLINE
Docente: Professora Doutora Alda Pereira
Aluno: Marco Freitas
Fevereiro de 2011
2. I. Identificação do trabalho de investigação
O objecto desta análise é o artigo de investigação “Coordenadores de Comunidades de
Respositórios Institucionais: o caso do RepositóriUM”, de Flávia Garcia Rosa (Universidade
Federal da Bahia) e Maria João Gomes (Universidade do Minho), publicado na Revista
Electrónica de Biblioteconomia e Ciência da Informação [disponível em
http://hdl.handle.net/1822/11242], tendo sido aceite para publicação em 29/09/2010.
O campo da investigação relaciona-se com as pessoas responsáveis por um serviço da
Universidade do Minho e a pesquisa concentrou-se nos meses de Fevereiro e Março de 2010
“COORDENADORES DE COMUNIDADES DE REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS: O CASO DO REPOSITÓRIUM” | Fevereiro de 2001
(aplicação da intervenção a todos os sujeitos no mesmo período de tempo):
“Este texto reporta-se a um estudo focado nos coordenadores de comunidades
do repositório institucional da Universidade do Minho tendo por objectivos
a identificação do perfil dos coordenadores e a identificação de práticas de estímulo
ao depósito ao nível das diferentes comunidades.” (In Resumo, meu sublinhado.)
Tendo em conta que as autoras não indicam nenhuma investigação precedente sobre o
mesmo objecto (repositório da Universidade do Minho), podemos considerar que se trata
dum estudo original sobre esta temática, em que a Internet foi um recurso para a recolha
(survey online) e tratamento de dados (sistema SurveyMonkey9).1
No entanto, as autoras referem a importância que teve para os objectivos deste estudo as
conclusões relacionadas com o funcionamento do repositório Institucional SABER-ULA da
Universidade dos Andes, em Mérida, Venezuela:
“... um dos factores que contribuiu para a promoção do livre acesso ao
conhecimento produzido na instituição através do repositório, foram as políticas
institucionais desenvolvidas que incentivaram os produtores de conhecimento
a realizar o depósito no RI” (p. 103, meu sublinhado).
Por sua vez, a revisão da literatura feita pelas investigadoras fundamenta os objectivos
definidos e contextualiza os aspectos principais deste estudo: políticas institucionais de
incentivo ao depósito de trabalhos e descrição de comunidades relacionadas com repositórios
institucionais.
II. Contexto da investigação
O grupo de sujeitos cuja opinião e comportamento as autoras pretenderam pesquisar está
devidamente identificado (33 comunidades activas) – selecção por amostragem casual.
Apesar das várias tentativas apelando à participação, houve apenas uma taxa de retorno de
48% ao inquérito, a informação recolhida foi obtida junto de 16 coordenadores, compondo
assim o grupo seleccionado para efectuar a investigação (amostra da população a pesquisar).
Certamente que as investigadoras são experientes, mas há razões que explicam por que o
estudo pode ser desenvolvido nestas condições: “Factors such as expense, time and
accessibility frequently prevent researchers from gaining information from the whole
1
Hipótese b) referida nas orientações dadas para a realização desta análise ao artigo.
1
3. population. Therefore they often need to be able to obtain data from a smaller group or
subset of the total population in such a way that the knowledge gained is representative of
the total population (however defined) under study” (Cohen et al., 2003, p. 92).
“Foram consideradas para efeito deste estudo 33 comunidades do
RepositóriUM que se encontravam activas no período de 10 de Fevereiro a 28 de
Março de 2010. (…) a população de sujeitos deste estudo era constituída por 33
Coordenadores de comunidades do RepositóriUM, tendo os mesmos sido
contactados no sentido de procederem ao preenchimento do questionário de recolha
de dados.” (p. 106, meu sublinhado)
“Apesar dos esforços desenvolvidos, e da colaboração directa dos SDUM neste
“COORDENADORES DE COMUNIDADES DE REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS: O CASO DO REPOSITÓRIUM” | Fevereiro de 2001
processo, apenas obtivemos 16 respostas, o que corresponde a uma taxa de
retorno de 48%.” (idem, meu sublinhado)
A adopção desta estratégia não prejudicou a representatividade da amostra: obter informação
junto dum grupo mais pequeno da população para que o conhecimento produzido seja
representativo do total da população (Anderson et al, 2003). O seu tamanho foi
suficientemente grande para apresentar as características da população, sendo assim possível
demonstrar estatisticamente um grau de confiança sobre os dados recolhidos (não sendo a
população extensa, o seus interesses são limitados e não se torna assim necessário procurar
um respondente para cada combinação dos factores que identificam esses interesses), através
do qual as conclusões tiradas da amostra se aplicaram à população.
III. Objectivos da investigação
Esta investigação não pretendeu abordar uma problemática e sim conhecer com mais
profundidade uma realidade em concreto. Em vez de questões, são apresentados os objectivos
que justificam esta investigação, talvez por representarem mais adequadamente as ideias
orientadoras das autoras: conhecimento do perfil e actividades dos coordenadores. Não é feita
nenhuma referência a estudos anteriores (a revisão da literatura na parte inicial do texto visa
contextualizar e explicar historicamente aspectos relacionados com os Repositórios
Institucionais), nem são consideradas outras perspectivas que possam existir sobre esta
temática (Haverá anteriores abordagens metodológicas sobre esta temática ou similares?).
“(...) focamos este estudo no conhecimento do perfil e actividades dos coordenadores tendo
em vista um conjunto de objectivos:
1) caracterizar em termos gerais o perfil dos coordenadores de comunidades do
RepositóriUM e conhecer os seus conhecimentos sobre o OAM bem como as suas práticas
enquanto depositantes;
2) identificar medidas internas adoptadas pela comunidade para incentivar os seus
professores/investigadores a procederem ao depósito da sua produção académica e científica;
3) apresentar reflexões e sugestões que permitam repensar o perfil e as funções dos
coordenadores das comunidades, quer ao nível do RI da UM quer ao nível de outros RI.” (p.
105, meu sublinhado)
Assim, parece ter havido sobretudo o cuidado de os objectivos traduzirem com maior clareza
junto do leitor aquilo que vai ser investigado: O que é ou não conhecido? O que foi ou não
feito? Que situações precisam de ser exploradas? A intenção não foi problematizar teorias ou
2
4. reformular modelos, antes obter mais informação que permitisse conhecer melhor uma
realidade que precisa, porventura, de passar por uma mudança. Assim, estes objectivos
revelaram terem sido adequados a esse propósito das autoras, uma vez que o instrumento
utilizado na recolha de dados foi eficaz (questionário online).
IV. Instrumentos da recolha de dados utilizados
Foi realizada uma observação não participante sob a forma de inquérito por questionário ou
survey (neste caso, questionário online), tendo os inquiridos sido informados por email, em
“COORDENADORES DE COMUNIDADES DE REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS: O CASO DO REPOSITÓRIUM” | Fevereiro de 2001
10/02/2010, sobre o objectivo da investigação e o endereço electrónico que hospedava o
survey.
“O instrumento de recolha de dados usado neste estudo foi um questionário
online desenvolvido no sistema SurveyMonkey9(…).” (p. 107, meu sublinhado)
“Os coordenadores foram contactados directamente pelos SDUM no dia 10 de
Fevereiro de 2010, através de uma comunicação via correio electrónico,
descrevendo o objectivo da investigação, solicitando a colaboração para
responderam ao survey e informando o endereço electrónico do instrumento de
recolha de dados.” (p. 106)
O questionário é um instrumento de recolha de dados que apresenta um conjunto pré-
determinado de perguntas à população a fim de obter informações sobre os seus
comportamentos, para compreender fenómenos como atitudes, opiniões, preferências e
representações.
Há vários tipos de perguntas e respostas nos questionários, incluindo, por exemplo,
perguntas de resposta múltipla, perguntas abertas, perguntas fechadas, estabelecimento de
correspondências. Embora neste caso não esteja disponível ao leitor o questionário, temos
conhecimento do conjunto das perguntas que o compuseram,
1. Desde quando está constituída a comunidade pela qual é
responsável/coordenador?
2. Há quanto tempo é responsável/coordenador de uma das comunidades do
RepositóriUM?
3. Na sua qualidade de professor(a)/investigador(a), procede ao auto-arquivamento
da sua produção científica no RepositóriUM?
4. Há quanto tempo procede ao depósito/arquivo de documentos no RepositóriUM?
5. Na sua qualidade de professor(a)/investigador(a), que vantagens percepciona
estarem associadas ao facto de disponibilizar a sua produção científica no
RepositóriUM?
6. Indica o RepositóriUM aos seus alunos?
7. Tem conhecimento dos princípios do Movimento do Acesso Livre em prol da
divulgação a produção científica?
8. Como tomou conhecimento deste movimento?
9. A comunidade do RepositóriUM pela qual é responsável/coordenador tem alguma
política específica de estímulo ao depósito?
10. Iniciativas de apoio/estímulo ao depósito:
3
5. sendo assim possível percebermos que se trata dum questionário fechado com uma ordem
fixa de questões e que, mesmo que o respondente possa escolher uma resposta entre várias,
não permite que os seus termos sejam alterados ou que sejam feitos comentários. O objectivo
é conseguir canalizar as reacções das pessoas interrogadas para as categorias mais fáceis de
interpretar. Por sua vez, este tipo de questionário é rápido de completar e fácil de classificar
as respostas (ex: software informático de análise de dados).
A ordem em que aparecem as perguntas deve ser uma questão tida em conta como forma de
garantir o seu sucesso e para que as perguntas proporcionem respostas efectivas aos
problemas levantados pelo investigador. Antes de elaborarem o questionário definitivo,
muitos investigadores realizam um pré-teste ou teste piloto destinado a assegurar a natureza
e a complexidade das questões e a sua adequação aos objectivos previamente determinados.
“COORDENADORES DE COMUNIDADES DE REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS: O CASO DO REPOSITÓRIUM” | Fevereiro de 2001
Esse teste tem várias funções, principalmente aumentar a validade e praticabilidade do
questionário (Oppenheim, 1992): “A rigorous survey, then, formulates clear, specific
objectives and research questions, ensures that the instrumentation, sampling, and data
types are appropriate to yield answers to the research questions, ensures that as high a
level of sophistication of data analysis is undertaken as the data will sustain (but no more!)”
(Cohen et al, 2003, p. 173).
As autoras tiveram esta preocupação ao realizarem um pré-teste com o intuito de, certamente
averiguarem, entre outros aspectos, se os respondentes entendiam o objectivo do inquérito,
se o tempo definido estava adequado, se o questionário era longo, se as opções de resposta
eram compatíveis com a experiência dos inquiridos. Acabou por ser preciso reformular as
perguntas.
“Foi realizado durante o mês de Janeiro um teste ao questionário desenvolvido
através do pedido de análise e preenchimento do mesmo por parte de técnicos e
investigadores da UM envolvidos no desenvolvimento do RepositóriUM. De acordo
com as observações efectuadas pelos mesmos procedeu-se a reajustes no
questionário tendo em vista e elaboração da versão final. A disponibilização do
questionário para os coordenadores foi feita online e e os contactos com os mesmos
efectuados por correio electrónicos e mediados pelos SDUM.” (p. 107)
V. Metodologia aplicada e descrição sobre o método de
análise de dados
Neste estudo, o método de investigação adoptado foi o levantamento (survey) que, como
referem as autoras,
“… é um método amplamente utilizado nas investigações em ciências sociais
aplicadas. Este método permite atingir uma população ou amostra de população
valendo-se de questionário ou entrevista, com o fim de levantar as informações
necessárias para esclarecer fenómenos ou factos relacionados com a investigação.
Envolve a recolha e a quantificação de dados, os quais se tornam fontes
permanentes de informação. É uma técnica de grande utilidade em função de sua
ampla aplicabilidade.” (p. 106)
4
6. Foi igualmente feito o enquadramento teórico em que a técnica seleccionada foi inserida,
“Segundo Babbie (2005) são três os objetivos gerais que definem o interesse de se
utilizar esta técnica de investigação: descrição, explicação e exploração, este último,
significando mecanismo de busca, quando se investiga algum tema.” (idem)
mas não sabemos como foi feita a codificação das respostas ao questionário. Terá sido uma
pesquisa exploratória só para saber que objecto há? Por essa razão, as investigadoras
concentraram-se essencialmente na explicação dos resultados?
Nos quadros de análise dos resultados apenas estão indicados o número de respondentes
(frequência absoluta) e as percentagens (frequência relativa), dados absolutos que podem
“COORDENADORES DE COMUNIDADES DE REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS: O CASO DO REPOSITÓRIUM” | Fevereiro de 2001
servir-nos para julgar o significado alcançado pelas observações. Foi com base nesta
correspondência que as autoras procederam ao tratamento dos dados e explicação dos
resultados (análises frequencial e quantitativa), operações estatísticas simples (percentagens)
que permitiram estabelecer quadros de resultados que evidenciaram as informações
fornecidas pela análise. Através das explicações rigorosas, percebemos que as investigadoras,
enquanto analistas, tiveram à sua disposição resultados significativos e fiéis sobre os quais
construíram não só interpretações relacionadas com os objectivos previstos no estudo, como
também inferências relativas a descobertas inesperadas.
O questionário foi estruturado por diferentes tipos de perguntas que, não oferecendo
dificuldades de compreensão por parte dos inquiridos, não foi preciso a presença dos
investigadores. Sobretudo depois de o mesmo ter sido reajustado. Há as perguntas de escolha
múltipla: são apresentadas várias hipóteses, devendo ser escolhida uma resposta [Vide
Quadros 2, 3, 7 e 5 (ponto 5.3)], dicotómicas com respostas “sim/não”- Estas perguntas são
úteis porque “it compels respondents to „come off the fence‟ on an issue. Further, it is
possible to code responses quickly, there being only two categories of response” (Cohen et
al, 2000, p. 250) - [Vide Quadros 6, 9, 10 (pontos 5.1. e 5.2) , e 4 (ponto 5.3)] e, por fim,
resposta mista: escolha múltipla /livre, em que uma das opções a escolher é “Outro” [Vide
Quadros 8 e 11].
As perguntas de escolha múltipla permitem apresentar respostas mais complexas que possam
corresponder com a informação que a própria pergunta pretende alcançar. O enunciado deve
ser claro mas tem de abranger completamente o leque diversificado das respostas.
Como as dicotómicas, estas questões podem ser rapidamente codificadas (reduzir a
informação) e agregadas para darem frequências de resposta (Cohen et al, 2000). Este
elemento (frequência) revelou-se um instrumento útil às investigadoras para a interpretação
dos dados recolhidos, em que são confirmadas as hipóteses iniciais do estudo ou feitas
descobertas inesperadas. [Vide Quadros 8, 11 e 5].
Como exemplo duma inferência inesperada, temos a pergunta “Como tomou conhecimento
desse movimento?” (Vide Quadro 11) que serve de complemento à pergunta anterior, pois
pretende averiguar quais são as fontes de informação sobre o Movimento de Acesso Livre
junto de quem respondeu “sim” (que conhece este movimento). No entanto, a interpretação
das investigadoras não incidiu apenas na identificação dessas fontes. Retiraram daqui outra
conclusão: os coordenadores têm conhecimento do movimento mas não conhecem os
respectivos princípios e objectivos. Foi um facto incompreensível para as investigadoras (cujo
esclarecimento não foi possível obter, naturalmente, junto dos respondentes, como poderia
acontecer na situação de entrevista com a presença simultânea dos dois intervenientes).
5
7. As ferramentas disponíveis na Internet para realizar questionários tornaram-se numa
alternativa aos questionários em papel e o investigador pode decidir que esta nova via é a
mais adequada para realizar o seu trabalho. Mesmo com uma população pouco numerosa (33
coordenadores), as autoras da presente investigação seleccionaram o sistema Survey Monkey
[http://pt.surveymonkey.com/] como técnica eficaz para obter as informações necessárias.
Embora isso não seja mencionado no texto, reconhecem certamente os seus benefícios: a
pesquisa online é de execução muito rápida; facilidade com que se interroga um elevado
número de pessoas, num espaço de tempo relativamente curto e sem distâncias geográficas,
tornando mais económica a aplicação deste método; quando o questionário está pronto, um
convite de e-mail pode ser enviado para os participantes em poucos minutos: o software do
questionário online trata os resultados, incluindo no formato de gráficos, sem ser necessário
“COORDENADORES DE COMUNIDADES DE REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS: O CASO DO REPOSITÓRIUM” | Fevereiro de 2001
o investigador reservar tempo para a sua recolha e contagem. Pelo contrário, realizar um
levantamento telefónico ou entregar inquéritos em papel requer um tempo considerável para
completar todos os recursos.
A análise de conteúdo surge como um conjunto de técnicas de análise das comunicações,
que utiliza procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das
mensagens (Bardin, 1997). E o analista tem sempre qualquer coisa por descobrir ou
interpretar sobre a fonte da informação (indivíduo; objecto) ou o seu meio envolvente.
Talvez as autoras tenham considerado que o seu trabalho foi uma primeira etapa no
conhecimento desta comunidade de coordenadores. Por isso, sugerem que a investigação
seja continuada através de outra técnica (qualitativa), nomeadamente a entrevista, a fim
de analisar o modo como os coordenadores vivem a sua relação regular com o objecto
estudado.
“No caso concreto do estudo que apresentamos, consideramos que o mesmo deverá
ser complementado através de um conjunto de entrevistas que enriqueçam a
informação recolhida.” (p. 113, meu sublinhado)
Como ficou por saber, por exemplo, que sentido os coordenadores atribuíram à sua relação
com os Repositórios Institucionais, a técnica qualitativa seria talvez o instrumento mais
adequado para evidenciar estes aspectos subjectivos do comportamento humano. Para o
tratamento dos dados recolhidos através duma entrevista, o investigador poderia adoptar a
técnica da análise temática ou categorial, baseando-se em operações de desmembramento do
texto em unidades, ou seja, descobrir os diferentes núcleos de sentido que constituem a
comunicação e, posteriormente, realizar o seu reagrupamento em classes ou categorias
(Bardin, 1997).
Por exemplo, seria interessante recolher mais perspectivas ou opiniões dos coordenadores
sobre as vantagens relativas à disponibilização dos seus trabalhos no RepositóriUM, as quais
não ficaram esgotadas nas respostas à pergunta “Na sua qualidade de
professor/investigador que vantagens percepciona estarem associadas ao facto de
disponibilizar a sua produção científica no RepositóriUM?” (Vide Quadro 8) Isto é, esta
pergunta realça aspectos importantes que uma entrevista poderia dar um seguimento mais
profundo e completo. Que opinião têm sobre a divulgação da actividade de investigação ou,
mesmo, sobre o reconhecimento pessoal? Mas será que os coordenadores entendem serem de
facto vantagens?
6
8. VI. Principais conclusões do estudo
O interesse por atitudes e comportamentos tem vindo a formar uma área recorrente na
investigação e uma das técnicas mais utilizadas para conduzir estes estudos tem sido a
recolha de dados por questionário. Os resultados obtidos neste estudo ajudaram as
investigadoras a descobrir quais eram os limites dos objectivos definidos e,
consequentemente, construir conclusões que visam fomentar um conhecimento mais
próximo e aprofundado do Movimento de Acesso Livre por quem tem à sua responsabilidade
acervos bibliográficos de cariz científico. As investigadoras consideram que não é suficiente
os coordenadores reconhecerem o Repositório Institucional como grande divulgador de
“COORDENADORES DE COMUNIDADES DE REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS: O CASO DO REPOSITÓRIUM” | Fevereiro de 2001
produções académicas e científicas, incluindo junto dos alunos, e que devem conhecer sem
falta os princípios desse movimento, devido à importância que encerram em si mesmos.
Aliás, entendem que este comportamento condiciona a dinamização das comunidades e que
há necessidade de o perfil dos coordenadores ser repensado para que assumam funções que
defendam este tipo de depósito. Por outro lado, as conclusões mostraram ainda que
iniciativas que incentivam o depósito de trabalhos junto dos produtores contribuem muito
para a prática do auto-arquivamento (apenas 6 comunidades promoveram políticas de
estímulo ao auto-arquivamento).
A análise de resultados levaram, por fim, as investigadoras a pensar em iniciativas futuras
que podem reforçar e promover o papel dos coordenadores das comunidades aqui em
questão:
“a) Definir um perfil de competências e motivações para potenciais coordenadores/dinami-
zadores de comunidades;
b) Clarificar explicitamente, eventualmente ao nível global da Universidade, as funções a
desempenhar pelos Coordenadores;
c) Reconhecer e valorizar institucionalmente o papel que os Coordenadores podem
desempenhar na dinamização das Comunidades e do RepositoriUM;
d) Promover a formação inicial e periódica de coordenadores/dinamizadores de
comunidades, nomeadamente no que se refere: 1) às funcionalidades disponíveis no
repositório, 2) aos princípios do Open Acess e aos 3) objectivos dos repositórios
institucionais;
e) Promover encontros de coordenadores/responsáveis por comunidades de modo a
partilharem experiências de motivação/incentivo ao depósito.” (pp. 112-113)
VII. Referências bibliográficas
Anderson, T., Kanuka, H. (2003): e-Research, Methods, Strategies and Issues. USA: Pearson
Education.
Bardin, L. (1997): Análise de Conteúdo (L. A. Reto, & A. Pinheiro, Trad.), Lisboa: Edições 70.
Cohen,L., Manion, L., Morrison, K. (2000): Research Methods in Education. London: Routledge.
Oppenheim, A.N. (1992): Questionnaire Design, Interviewingand Attitude Measurement. London:
Pinter Publishers Ltd.
Rosa, F. G.; Gomes, M. J.: “Coordenadores de comunidades de repositórios institucionais: o caso do
repositórium”. Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, n.º esp.,
p. 100-115, 2.º sem. 2010. Disponível em http://hdl.handle.net/1822/11242 (acedido em 30 jan. 2011).
7