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      EROSÃO E PROGRADAÇÃO COSTEIRA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, NE BRASIL

                                                  Helenice Vital11.
 1
     Professora doutora do Departamento de Geologia e do Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica -
         PPGG Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Campus, C.P.1596, Natal-RN, 59072-970.
                               Pesquisadora do CNPq. E-mail helenice@geologia.ufrn.br

RESUMO
A zona sedimentar costeira do Estado do Rio Grande do Norte é constituída predominantemente por praias arenosas e
falésias ativas, sendo em geral subdividida em dois setores distintos: o Litoral Oriental e o Litoral setentrional. Este
trabalho apresenta uma síntese de estudos desenvolvidos na área, com ênfase aos processos costeiros, plataformais,
tectônicos, etc que influenciam no modelado costeiro deste estado. Os resultados mostram que a dinâmica da circulação
costeira, a evolução da planície costeira, o suprimento sedimentar ineficiente e a tectônica são os principais fatores
condicionantes da erosão e progradação costeira

ABSTRACT
The coastal sedimentary zone of the Rio Grande do Norte State is consituted mainly by sandy beaches and active cliffs.
It is generally divided in two different sectors: The Oriental and the Setentrional littoral. This work presents a synthesis
of studies developed on this area, linked to coastal, shelf and tectonic processes, which are modelling this coast. The
results shown that the main factors and causes of erosion on this area are the coastal circulation dynamics, holocene
evolution of the coastal-plain, low sediment supply, and tectonic factors. Moreover, erosion areas are linked to large scale
bottom morphology. The changes are mainly due to longshore drift contributions and negative sediment budget.

Palavras-Chave: costa do RN, erosão, progradação

1. INTRODUÇÃO                                                      atribuída principalmente ao reduzido aporte fluvial de
   A zona sedimentar costeira do Estado do Rio Grande do           sedimentos, decorrentes das pequenas dimensões das
Norte perfaz uma extensão de 410 km de costa,                      bacias fluviais regionais, e a perda de sedimentos para o
constituída predominantemente por praias arenosas (72%)            continente, com a formação dos campos dunares
e falésias ativas da Formação Barreiras (26%), sendo em            (Dominguez & Bittencourt, 1996).
geral subdividida em dois setores distintos, em função da            A deriva litorânea, também tem um papel importante na
direção preferencial da linha de costa, associada a                distribuição de sedimentos ao longo dessa faixa costeira.
diferenças climáticas e tectônicas, que por sua vez                  Este trabalho apresenta uma síntese dos diversos
influenciarão no regime de direção dos ventos e padrão de          processos (costeiros, plataformais, tectônicos, etc) que
circulação oceânica que, juntos, irão modelar o litoral            influenciam na erosão e progradação costeira n Rio
norte-rio-grandense:                                               Grande do Norte
   O Litoral Oriental, de direção Norte-Sul e o Litoral
Setentrional de direção Este-Oeste (Fig.01).                       2.CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
                                                                     A área estudada situa-se no extremo nordeste do Brasil
                                                                   sendo banhada pelo oceano Atlântico.
                                                                     Geomorfologicamente, a planície, os tabuleiros
                                                                   costeiros e os campos de dunas são os elementos de
                                                                   relevo predominantes em todo o litoral; com a planície
                                                                   fluvial restringindo-se a desembocadura dos principais
                                                                   rios. Uma característica marcante deste litoral é a
                                                                   presença de linhas de rochas praiais (“beachrocks”),
                                                                   aproximadamente paralelas a linha de costa, que alteram o
                                                                   padrão de arrebentação das ondas.
                                                                     Geologicamente, a região é constituída por rochas
                                                                   sedimentares de idade Cretácea, que estão recobertas por
                                                                   rochas da Formação Barreiras e sedimentos Quaternários
                                                                   (dunas, rochas praiais, terraços marinhos e aluvionares,
                                                                   coberturas arenosas diversas). A zona sedimentar costeira
                                                                   repousa em não-conformidade sobre o embasamento Pré-
                                                                   Cambriano constituído pelos Grupos Caicó e Seridó. O
   Figura 01: Localização geográfica da área de estudo             quadro tectônico da região, principalmente aquele de
mostrando o posicionamento do Litoral Oriental e Litoral           idade Cenozóica e ligado à tectônica de inversão de
                     Setentrional.                                 bacias sedimentares costeiras, não está completamente
                                                                   compreendido. A região foi afetada por um conjunto de
 Registros atuais de erosão costeira estão presentes em            reativações Meso-Cenozóicas geralmente resultando em
muitos trechos do litoral norte-rio-grandense, com origem          falhas que, na maioria das vezes, aproveitam zonas de
II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa
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fraqueza crustal representadas por extensas zonas de                    pela vegetação. Nesse setor os efeitos da estruturação
cisalhamento      neoproterozóicas     existentes    no                 neotectônica é também menos pronunciado.
embasamento.       Trabalhos     recentes,    ou    em                    O Litoral Setentrional é limitado a este pelo Cabo
desenvolvimento, permitem estabelecer relações entre a                  Calcanhar, município de Touros e a oeste pela praia de
dinâmica sedimentar atual e os registros neotectônicos                  Tibau, município de Tibau (divisa entre os estrados do
(Fonseca 1996; Bezerra et al., 1998, 2001; Vital et al.,                RN e CE). Este setor apresenta-se com 244 km de
2001, 2002a,b,c).                                                       extensão, e representa 59 % do litoral do RN, assim
                                                                        distribuídos:194 km (80 %) de praias arenosas, 10 km (4
3. MATERIAIS E MÉTODOS                                                  %) de praias lamosas, restritas as desembocaduras dos
  A síntese aqui apresentada foi elaborada com base em                  rios Piranhas-Açu, e 40 km (16 %) de falésias ativas. O
dados bibliográficos, em sua maior parte com a                          clima é o tropical quente e seco ou semi-árido (Nimer,
participação do autor, análise de fotografias aéreas e                  1989). Os ventos apresentam uma proveniência
imagens de satélite, bem como sobrevôos periódicos de                   predominante de E-NE, com velocidade média anual de
baixa altitude e trabalhos de campo in situ.                            6.2 m/s entre os meses de agosto a abril (direção E) e
                                                                        maio a julho (direção NE); no período de agosto a
4. RESULTADOS                                                           dezembro os ventos são mais fortes chegando a atingir 9
  O Litoral Oriental é limitado ao sul pela praia do Sagi,              m/s na estação de Macau; os ventos por sua vez geram
município de Baía Formosa (divisa do RN com PB) e ao                    uma deriva litorânea que durante todo o ano transporta
norte pelo Cabo Calcanhar, município de Touros. Este                    sedimentos no sentido de E para O, a uma velocidade
setor apresenta-se com 166 km de extensão, e representa                 máxima entre 0,85 e 1,63 m/s (Costa Neto, 2001; Silveira
41 % do litoral do RN, assim distribuídos: 101 km ( 61                  2002; Tabosa 2002; Tabosa et al. 2001). A energia é
%) de praias arenosas planas e estreitas, e 65 km (39 %)                mista, dominado por ondas e marés; as ondas apresentam
de falésias ativas, quando os tabuleiros costeiros da                   de 0.2 a 1.3 m de altura na zona de arrebentação e as
Formação Barreiras chegam até o mar. O clima é tropical                 máres até 3 m em períodos de sizígia. As dunas são
quente, úmido e sub-úmido (Nimer, 1989). Os ventos                      predominantemente barcanas e barcanóides. A evolução
apresentam uma proveniência predominante do quadrante                   de dunas barcanas para domo também é observada
SE, com velocidade variando entre 3,8 e 4,5 m/s na                      esporadicamente.
estação de Natal, geram uma deriva litorânea que durante                  O setor setentrional faz parte da Plataforma de Touros e
quase todo o ano transporta sedimentos no sentido de S                  representa um alto estrutural da Bacia Potiguar (Matos,
para N. Este setor compreende uma faixa sedimentar onde                 1992). As dunas são predominantemente barcanas e
se localiza o contato, ainda não definido, entre as bacias              barcanóides. A presença de sistemas de ilhas barreiras
Potiguar e Pernambuco-Paraíba. Tipicamente dominado                     (e.g. Ponta do Tubarão, ilha do Amaro) – esporões
por ondas ou de energia mista e correntes costeiras                     arenosos (Galinhos, Diogo Lopes) no litoral norte-
longitudinais. As ondas apresentam de 0,2 a 1,5 m de                    riograndense é restrita a este setor entre a Ponta do Mel e
altura na zona de arrebentação e correntes costeiras em                 a Ponta dos Três Irmãos, como conseqüência dos sistemas
torno de 0,1 a 0,8 m/s quase sempre no sentido de sul para              de falhas conjugadas de Afonso Bezerra e Carnaubais
norte (Diniz e Dominguez, 1999; Chaves, 2000; Souza,                    (Tabosa, 2002; Vital et al. 2003). Da mesma forma, a
2002). Trechos de praias refletivas são em geral                        ausência de falésias entre a Ponta do Mel e a Ponta dos
associados a praias limitadas por falésias.                             Três Irmãos é condicionada por este sistema de falhas
  A principal assinatura morfológica apresentada pelo                   acima referidos.
setor oriental é a seqüência de baías em forma de zeta                    A estrutura de grabens e horsts predominantes na
(Diniz, 1998; Amaral, 2000), que caracteriza um tipo                    porção emersa e submersa da Bacia Potiguar exerceram
muito particular de evolução, com erosão associada à                    importante papel na sedimentação e morfologia da
padrões de refração e difração de ondas muito específicos,              plataforma. A morfologia de fundo, por sua vez,
explicada como oriunda de processos de erosão                           influenciam diretamente nos processos erosivos e
diferencial dos sedimentos do Grupo Barreiras, em                       deposicionais desta área (Vital et al., 2001, 2002a,b,c;
presença de uma direção persistente de aproximação de                   Tabosa, 2002; Tabosa et al, 2002). Estes autores mostram
ondas (Diniz, 1998; Diniz e Dominguez, 1999). Essa                      que os efeitos da refração de ondas, em função da
configuração da costa em zeta é mais observada a sul de                 morfologia de fundo na plataforma adjacente a São Bento
Natal, onde os efeitos da estruturação neotectônica é mais              e Caiçara do Norte (aparentemente influenciada pela
pronunciada (Diniz, 1998; Bezerra et al., 1999, 2001). A                tectônica local), são refletidos ao longo da zona de praia
alternância de altos e baixos estruturais do tipo horst e               sob a forma de erosão e/ou deposição, que são sentidos ao
grabens produziu tabuleiros com até 200 m de altitude,                  longo de todo este litoral até Macau, incluindo toda a área
compostos pela Formação Barreiras. Na zona litorânea, os                de instalação do Pólo Petrolífero de Guamaré e Campo de
tabuleiros produzem falésias de até 15 m de altura, que                 Serra.
geralmente desaparecem nas áreas dos baixos estruturais.
O litoral Oriental ao norte de Natal, por sua vez apresenta             5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
um relevo mais plano, sem desníveis pronunciados e                        A erosão e progradação costeira observados no Estado
falésias vivas, predominando as praias extensas e os                    do Rio Grande do Norte estariam principalmente
campos de dunas parabólicas ou blowouts controladas                     relacionados a dinâmica da circulação costeira, através da
                                                                        presença de linhas de rochas praiais (beachrocks)
II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa
                                                                        IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário
                                                                              II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas

intermitentes e paralelas à praia, que se comportam como          CHAVES, M.S. 2000. Vulnerabilidade Costeira entre as
“barreiras” e modificam a energia de onda gerando                   Praias da Redinha e Genipabú Natal/RN. Dissertação de
enseadas, com deposição nas áreas abrigadas pelas rochas            Mestrado. UFPE.
praiais, e acentuada erosão nas áreas de interrupção destas       COSTA NETO 2001. Simpósio de Geologia do Nordeste.
rochas; a evolução holocênica da planície costeira através          Natal-RN
da intensa deriva litorânea unidirecional (de sul para norte      DINIZ, R.F. 1998. Erosão costeira e o desenvolvimento
no setor oriental e de este para oeste no setor setentrional)       de costa com baías em forma de zeta no litoral oriental
associada a um balanço sedimentar negativo e a perda de             do Estado do Rio Grande do Norte. Resumos. 50a.
sedimentos para o continente com a formação dos campos              Reunião Anual da SBPC. Natal-RN, p.1041.
dunares e esporões arenosos; suprimento sedimentar                DINIZ, R.F. E DOMINGUEZ, J.M.L. 1999. Erosão
ineficiente, tendo em vista que os rios que drenam a                costeira no litoral oriental do Rio Grande do Norte. VII
região são de pequeno porte não contribuindo com                    Congresso da ABEQUA, Porto Seguro-BA, CD-
sedimentos em quantidades significativas, além dos rios             ROOM.
mais expressivos que drenam a região (p.ex. rio Açu)              DOMINGUEZ, J.M.L.; BITTENCOURT, A.C. S.P.,
estarem represados, impedindo assim os sedimentos de                1996. Regional assesment of long-term trends of coastal
atingirem o oceano o que gera acentuada erosão; além                erosion in Northeastern Brazil. Anais da Academia
destes fatores citados acima, pode-se afirmar que no RN a           Brasileira de Ciências, 68: 355-372.
tectônica também é um fator determinante na erosão                FONSECA, V.P., 1996. Estudos morfo-tectonicos na área
costeira. Enquanto no litoral oriental o arcabouço                  do baixo curso do Rio Acu (Acu-Macau) - Rio Grande
estrutural tipo graben e horst, resultante da intensa               do Norte. Dissertacao de Mestrado, UFMG. Belo
movimentação tectônica, origina a configuração em zeta              Horizonte, 103p.
com retração acentuada ao longo dos blocos rebaixados;            MATOS, R. M. D. 1992. Deep Seismic Profiling, Basin
no litoral setentrional as feições de fundo na plataforma,          Geometry and Tectonic Evolution of Intracontinental in
fortemente condicionadas pela estruturação tectônica,               Brazil. Doctor of Philosophy Thesis, Department of
também são responsáveis pelo trapeamento de sedimentos              Geology of Cornell University, New York, 275p.
em locais específicos, gerando zonas de erosão acentuada          NIMER, E. 1989. Climatologia do Brasil. IBGE, Rio de
na costa.                                                           Janeiro, 2 ed., 422 pp. Silva, R.L.C. e Maia, L.P. 2002.
                                                                    Variação morfológica da linha de costa entre as praias
6. AGRADECIMENTOS                                                   de Genipapu e Jacumã-RN. XLI Congresso Brasileiro
  Agradecimentos são devidos ao PPGG-UFRN pela                      de Geologia, Anais. P. 115.
infra-estrutura e aos projetos Atlas de Erosão Costeira do        SILVEIRA, I.M. 2002. Monitoramento Geoambiental da
RN (MMA-GOOS), MAMBMARÉ (CNPq / CTPETRO),                           região costeira do município de Guamaré-RN.
MARPETRO (FINEP / PETROBRAS / CTPETRO),                             Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação
PROBRAL            (CAPES          /       DAAD)         e          em Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do
KÜSTENENTWICKLUNG E KÜSTENDYNAMIK E                                 Rio Grande do Norte. 115p.
RIO GRANDE DO NORTE (GTZ / DFG) pelo apoio                        TABOSA, W.F.T. 2002. Monitoramento Costeira das
financeiro.                                                         Praias de São Bento do Norte e Caiçara do Norte - RN.
                                                                    Programa de pós-graduação em Geodinâmica e
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS                                       Geofísica da Universidade Federal do Rio Grande do
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  morfodinâmica d litoral oriental sul do Rio Grande do           TABOSA, W.F.T, VITAL, H.; AMARO, V.E. 2002.
  Norte, entre Ponta de Búzios e Baá Formosa. Tese de               Morphologic and Structural Characterization of the Rio
  doutorado. UFRS. Porto Alegre.                                    Grande do Norte State, NE Brazil, based on Remote
BEZERRA, F.H.R., LIMA FILHO, F.P., AMARAL,                          Sensing Images. Annual Meeting of American
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BEZERRA, F.H.R.; DINIZ, R.; ACCIOLY, P.C.V. 1999.                   NORTE E CAIÇARA DO NORTE – NE/BRASIL.
  Falhas cenozóicas como controle geomorfológico e da               Revista Pesquisas em Geociências, Ed. UFRGS, RS
  sedimentação na faixa sedimentar costeira do Rio                VITAL, H.; TABOSA, W.F.; STATTEGGER, K.;
  Grande do Norte. VII Congresso da ABEQUA, Porto                   CALDAS, L.H.O. 2001. Tectonics and Bottom
  Seguro-BA, CD-ROOM.                                               Morphology control on Sediment Distribution in the
BEZERRA, F.H.R.; AMARO, V.E.; VITA-FINZI, C. &                      Brazilian NE Continental Margin: São Bento do Norte /
  SAADI, A. 2001. Pliocene-Quaternary fault control of              Caiçara do Norte Área. Abstracts of the Chapman
  sedimentation and coastal plain morphology in NE                  conference on the Formation of Sedimentary Strata on
  Brazil. Journal of South American Earth Sciences                  Continental Margins, American geophysical Union,
  14:61-75.                                                         Ponce-Puerto Rico. p.37.
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VITAL, H.; AMARO., V.E.; STATTEGGER, K.;
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 SILVEIRA, I.M.; CALDAS, L.H.O. 2002b.
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 bedforms preserved on a tropical shelf: The Rio Grande
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 the last glacial cycle. 2nd Conference. IGCP 464. Sao
 Paulo. Abstracts. P.99-100.
VITAL, H.; STATTEGGER, K.; TABOSA, W.F. E
 RIEDEL, K. 2002c. Why does erosion occur on the
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VITAL, H; LIMA, Z.M.C.; SILVEIRA, I.M.; AMARO,
 V.E. & SOUTO, M.V.S. 2003. Barrier System from the
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  • 1. II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas EROSÃO E PROGRADAÇÃO COSTEIRA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, NE BRASIL Helenice Vital11. 1 Professora doutora do Departamento de Geologia e do Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica - PPGG Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Campus, C.P.1596, Natal-RN, 59072-970. Pesquisadora do CNPq. E-mail helenice@geologia.ufrn.br RESUMO A zona sedimentar costeira do Estado do Rio Grande do Norte é constituída predominantemente por praias arenosas e falésias ativas, sendo em geral subdividida em dois setores distintos: o Litoral Oriental e o Litoral setentrional. Este trabalho apresenta uma síntese de estudos desenvolvidos na área, com ênfase aos processos costeiros, plataformais, tectônicos, etc que influenciam no modelado costeiro deste estado. Os resultados mostram que a dinâmica da circulação costeira, a evolução da planície costeira, o suprimento sedimentar ineficiente e a tectônica são os principais fatores condicionantes da erosão e progradação costeira ABSTRACT The coastal sedimentary zone of the Rio Grande do Norte State is consituted mainly by sandy beaches and active cliffs. It is generally divided in two different sectors: The Oriental and the Setentrional littoral. This work presents a synthesis of studies developed on this area, linked to coastal, shelf and tectonic processes, which are modelling this coast. The results shown that the main factors and causes of erosion on this area are the coastal circulation dynamics, holocene evolution of the coastal-plain, low sediment supply, and tectonic factors. Moreover, erosion areas are linked to large scale bottom morphology. The changes are mainly due to longshore drift contributions and negative sediment budget. Palavras-Chave: costa do RN, erosão, progradação 1. INTRODUÇÃO atribuída principalmente ao reduzido aporte fluvial de A zona sedimentar costeira do Estado do Rio Grande do sedimentos, decorrentes das pequenas dimensões das Norte perfaz uma extensão de 410 km de costa, bacias fluviais regionais, e a perda de sedimentos para o constituída predominantemente por praias arenosas (72%) continente, com a formação dos campos dunares e falésias ativas da Formação Barreiras (26%), sendo em (Dominguez & Bittencourt, 1996). geral subdividida em dois setores distintos, em função da A deriva litorânea, também tem um papel importante na direção preferencial da linha de costa, associada a distribuição de sedimentos ao longo dessa faixa costeira. diferenças climáticas e tectônicas, que por sua vez Este trabalho apresenta uma síntese dos diversos influenciarão no regime de direção dos ventos e padrão de processos (costeiros, plataformais, tectônicos, etc) que circulação oceânica que, juntos, irão modelar o litoral influenciam na erosão e progradação costeira n Rio norte-rio-grandense: Grande do Norte O Litoral Oriental, de direção Norte-Sul e o Litoral Setentrional de direção Este-Oeste (Fig.01). 2.CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA A área estudada situa-se no extremo nordeste do Brasil sendo banhada pelo oceano Atlântico. Geomorfologicamente, a planície, os tabuleiros costeiros e os campos de dunas são os elementos de relevo predominantes em todo o litoral; com a planície fluvial restringindo-se a desembocadura dos principais rios. Uma característica marcante deste litoral é a presença de linhas de rochas praiais (“beachrocks”), aproximadamente paralelas a linha de costa, que alteram o padrão de arrebentação das ondas. Geologicamente, a região é constituída por rochas sedimentares de idade Cretácea, que estão recobertas por rochas da Formação Barreiras e sedimentos Quaternários (dunas, rochas praiais, terraços marinhos e aluvionares, coberturas arenosas diversas). A zona sedimentar costeira repousa em não-conformidade sobre o embasamento Pré- Cambriano constituído pelos Grupos Caicó e Seridó. O Figura 01: Localização geográfica da área de estudo quadro tectônico da região, principalmente aquele de mostrando o posicionamento do Litoral Oriental e Litoral idade Cenozóica e ligado à tectônica de inversão de Setentrional. bacias sedimentares costeiras, não está completamente compreendido. A região foi afetada por um conjunto de Registros atuais de erosão costeira estão presentes em reativações Meso-Cenozóicas geralmente resultando em muitos trechos do litoral norte-rio-grandense, com origem falhas que, na maioria das vezes, aproveitam zonas de
  • 2. II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas fraqueza crustal representadas por extensas zonas de pela vegetação. Nesse setor os efeitos da estruturação cisalhamento neoproterozóicas existentes no neotectônica é também menos pronunciado. embasamento. Trabalhos recentes, ou em O Litoral Setentrional é limitado a este pelo Cabo desenvolvimento, permitem estabelecer relações entre a Calcanhar, município de Touros e a oeste pela praia de dinâmica sedimentar atual e os registros neotectônicos Tibau, município de Tibau (divisa entre os estrados do (Fonseca 1996; Bezerra et al., 1998, 2001; Vital et al., RN e CE). Este setor apresenta-se com 244 km de 2001, 2002a,b,c). extensão, e representa 59 % do litoral do RN, assim distribuídos:194 km (80 %) de praias arenosas, 10 km (4 3. MATERIAIS E MÉTODOS %) de praias lamosas, restritas as desembocaduras dos A síntese aqui apresentada foi elaborada com base em rios Piranhas-Açu, e 40 km (16 %) de falésias ativas. O dados bibliográficos, em sua maior parte com a clima é o tropical quente e seco ou semi-árido (Nimer, participação do autor, análise de fotografias aéreas e 1989). Os ventos apresentam uma proveniência imagens de satélite, bem como sobrevôos periódicos de predominante de E-NE, com velocidade média anual de baixa altitude e trabalhos de campo in situ. 6.2 m/s entre os meses de agosto a abril (direção E) e maio a julho (direção NE); no período de agosto a 4. RESULTADOS dezembro os ventos são mais fortes chegando a atingir 9 O Litoral Oriental é limitado ao sul pela praia do Sagi, m/s na estação de Macau; os ventos por sua vez geram município de Baía Formosa (divisa do RN com PB) e ao uma deriva litorânea que durante todo o ano transporta norte pelo Cabo Calcanhar, município de Touros. Este sedimentos no sentido de E para O, a uma velocidade setor apresenta-se com 166 km de extensão, e representa máxima entre 0,85 e 1,63 m/s (Costa Neto, 2001; Silveira 41 % do litoral do RN, assim distribuídos: 101 km ( 61 2002; Tabosa 2002; Tabosa et al. 2001). A energia é %) de praias arenosas planas e estreitas, e 65 km (39 %) mista, dominado por ondas e marés; as ondas apresentam de falésias ativas, quando os tabuleiros costeiros da de 0.2 a 1.3 m de altura na zona de arrebentação e as Formação Barreiras chegam até o mar. O clima é tropical máres até 3 m em períodos de sizígia. As dunas são quente, úmido e sub-úmido (Nimer, 1989). Os ventos predominantemente barcanas e barcanóides. A evolução apresentam uma proveniência predominante do quadrante de dunas barcanas para domo também é observada SE, com velocidade variando entre 3,8 e 4,5 m/s na esporadicamente. estação de Natal, geram uma deriva litorânea que durante O setor setentrional faz parte da Plataforma de Touros e quase todo o ano transporta sedimentos no sentido de S representa um alto estrutural da Bacia Potiguar (Matos, para N. Este setor compreende uma faixa sedimentar onde 1992). As dunas são predominantemente barcanas e se localiza o contato, ainda não definido, entre as bacias barcanóides. A presença de sistemas de ilhas barreiras Potiguar e Pernambuco-Paraíba. Tipicamente dominado (e.g. Ponta do Tubarão, ilha do Amaro) – esporões por ondas ou de energia mista e correntes costeiras arenosos (Galinhos, Diogo Lopes) no litoral norte- longitudinais. As ondas apresentam de 0,2 a 1,5 m de riograndense é restrita a este setor entre a Ponta do Mel e altura na zona de arrebentação e correntes costeiras em a Ponta dos Três Irmãos, como conseqüência dos sistemas torno de 0,1 a 0,8 m/s quase sempre no sentido de sul para de falhas conjugadas de Afonso Bezerra e Carnaubais norte (Diniz e Dominguez, 1999; Chaves, 2000; Souza, (Tabosa, 2002; Vital et al. 2003). Da mesma forma, a 2002). Trechos de praias refletivas são em geral ausência de falésias entre a Ponta do Mel e a Ponta dos associados a praias limitadas por falésias. Três Irmãos é condicionada por este sistema de falhas A principal assinatura morfológica apresentada pelo acima referidos. setor oriental é a seqüência de baías em forma de zeta A estrutura de grabens e horsts predominantes na (Diniz, 1998; Amaral, 2000), que caracteriza um tipo porção emersa e submersa da Bacia Potiguar exerceram muito particular de evolução, com erosão associada à importante papel na sedimentação e morfologia da padrões de refração e difração de ondas muito específicos, plataforma. A morfologia de fundo, por sua vez, explicada como oriunda de processos de erosão influenciam diretamente nos processos erosivos e diferencial dos sedimentos do Grupo Barreiras, em deposicionais desta área (Vital et al., 2001, 2002a,b,c; presença de uma direção persistente de aproximação de Tabosa, 2002; Tabosa et al, 2002). Estes autores mostram ondas (Diniz, 1998; Diniz e Dominguez, 1999). Essa que os efeitos da refração de ondas, em função da configuração da costa em zeta é mais observada a sul de morfologia de fundo na plataforma adjacente a São Bento Natal, onde os efeitos da estruturação neotectônica é mais e Caiçara do Norte (aparentemente influenciada pela pronunciada (Diniz, 1998; Bezerra et al., 1999, 2001). A tectônica local), são refletidos ao longo da zona de praia alternância de altos e baixos estruturais do tipo horst e sob a forma de erosão e/ou deposição, que são sentidos ao grabens produziu tabuleiros com até 200 m de altitude, longo de todo este litoral até Macau, incluindo toda a área compostos pela Formação Barreiras. Na zona litorânea, os de instalação do Pólo Petrolífero de Guamaré e Campo de tabuleiros produzem falésias de até 15 m de altura, que Serra. geralmente desaparecem nas áreas dos baixos estruturais. O litoral Oriental ao norte de Natal, por sua vez apresenta 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS um relevo mais plano, sem desníveis pronunciados e A erosão e progradação costeira observados no Estado falésias vivas, predominando as praias extensas e os do Rio Grande do Norte estariam principalmente campos de dunas parabólicas ou blowouts controladas relacionados a dinâmica da circulação costeira, através da presença de linhas de rochas praiais (beachrocks)
  • 3. II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas intermitentes e paralelas à praia, que se comportam como CHAVES, M.S. 2000. Vulnerabilidade Costeira entre as “barreiras” e modificam a energia de onda gerando Praias da Redinha e Genipabú Natal/RN. Dissertação de enseadas, com deposição nas áreas abrigadas pelas rochas Mestrado. UFPE. praiais, e acentuada erosão nas áreas de interrupção destas COSTA NETO 2001. Simpósio de Geologia do Nordeste. rochas; a evolução holocênica da planície costeira através Natal-RN da intensa deriva litorânea unidirecional (de sul para norte DINIZ, R.F. 1998. Erosão costeira e o desenvolvimento no setor oriental e de este para oeste no setor setentrional) de costa com baías em forma de zeta no litoral oriental associada a um balanço sedimentar negativo e a perda de do Estado do Rio Grande do Norte. Resumos. 50a. sedimentos para o continente com a formação dos campos Reunião Anual da SBPC. Natal-RN, p.1041. dunares e esporões arenosos; suprimento sedimentar DINIZ, R.F. E DOMINGUEZ, J.M.L. 1999. Erosão ineficiente, tendo em vista que os rios que drenam a costeira no litoral oriental do Rio Grande do Norte. VII região são de pequeno porte não contribuindo com Congresso da ABEQUA, Porto Seguro-BA, CD- sedimentos em quantidades significativas, além dos rios ROOM. mais expressivos que drenam a região (p.ex. rio Açu) DOMINGUEZ, J.M.L.; BITTENCOURT, A.C. S.P., estarem represados, impedindo assim os sedimentos de 1996. Regional assesment of long-term trends of coastal atingirem o oceano o que gera acentuada erosão; além erosion in Northeastern Brazil. Anais da Academia destes fatores citados acima, pode-se afirmar que no RN a Brasileira de Ciências, 68: 355-372. tectônica também é um fator determinante na erosão FONSECA, V.P., 1996. Estudos morfo-tectonicos na área costeira. Enquanto no litoral oriental o arcabouço do baixo curso do Rio Acu (Acu-Macau) - Rio Grande estrutural tipo graben e horst, resultante da intensa do Norte. Dissertacao de Mestrado, UFMG. Belo movimentação tectônica, origina a configuração em zeta Horizonte, 103p. com retração acentuada ao longo dos blocos rebaixados; MATOS, R. M. D. 1992. Deep Seismic Profiling, Basin no litoral setentrional as feições de fundo na plataforma, Geometry and Tectonic Evolution of Intracontinental in fortemente condicionadas pela estruturação tectônica, Brazil. Doctor of Philosophy Thesis, Department of também são responsáveis pelo trapeamento de sedimentos Geology of Cornell University, New York, 275p. em locais específicos, gerando zonas de erosão acentuada NIMER, E. 1989. Climatologia do Brasil. IBGE, Rio de na costa. Janeiro, 2 ed., 422 pp. Silva, R.L.C. e Maia, L.P. 2002. Variação morfológica da linha de costa entre as praias 6. AGRADECIMENTOS de Genipapu e Jacumã-RN. XLI Congresso Brasileiro Agradecimentos são devidos ao PPGG-UFRN pela de Geologia, Anais. P. 115. infra-estrutura e aos projetos Atlas de Erosão Costeira do SILVEIRA, I.M. 2002. Monitoramento Geoambiental da RN (MMA-GOOS), MAMBMARÉ (CNPq / CTPETRO), região costeira do município de Guamaré-RN. MARPETRO (FINEP / PETROBRAS / CTPETRO), Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação PROBRAL (CAPES / DAAD) e em Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do KÜSTENENTWICKLUNG E KÜSTENDYNAMIK E Rio Grande do Norte. 115p. RIO GRANDE DO NORTE (GTZ / DFG) pelo apoio TABOSA, W.F.T. 2002. Monitoramento Costeira das financeiro. Praias de São Bento do Norte e Caiçara do Norte - RN. Programa de pós-graduação em Geodinâmica e 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Geofísica da Universidade Federal do Rio Grande do AMARAL, 2000. Contribuição ao estudo da evolução Norte, Natal, Dissertação de Mestrado morfodinâmica d litoral oriental sul do Rio Grande do TABOSA, W.F.T, VITAL, H.; AMARO, V.E. 2002. Norte, entre Ponta de Búzios e Baá Formosa. Tese de Morphologic and Structural Characterization of the Rio doutorado. UFRS. Porto Alegre. Grande do Norte State, NE Brazil, based on Remote BEZERRA, F.H.R., LIMA FILHO, F.P., AMARAL, Sensing Images. Annual Meeting of American R.F., CALDAS, L.H.O., UND COSTA NETO, L.X., Association of Petroleum Geologist. Houston, EUA. 1998, Using beachrock and hydro-isostatic predictions Extended Abstracts CD-ROOM. to identify Holocene coastal tectonics in NE Brazil. In: TABOSA, W.F.T.; LIMA, Z.M.C.; VITAL, H.; Vita-Finzi, C. (Ed.), Coastal Tectonics, Geol. Soc. GUEDES, I.M.G. 2001. MONITORAMENTO Spec. Publ., 146, 279-293. COSTEIRO DAS PRAIAS DE SÃO BENTO DO BEZERRA, F.H.R.; DINIZ, R.; ACCIOLY, P.C.V. 1999. NORTE E CAIÇARA DO NORTE – NE/BRASIL. Falhas cenozóicas como controle geomorfológico e da Revista Pesquisas em Geociências, Ed. UFRGS, RS sedimentação na faixa sedimentar costeira do Rio VITAL, H.; TABOSA, W.F.; STATTEGGER, K.; Grande do Norte. VII Congresso da ABEQUA, Porto CALDAS, L.H.O. 2001. Tectonics and Bottom Seguro-BA, CD-ROOM. Morphology control on Sediment Distribution in the BEZERRA, F.H.R.; AMARO, V.E.; VITA-FINZI, C. & Brazilian NE Continental Margin: São Bento do Norte / SAADI, A. 2001. Pliocene-Quaternary fault control of Caiçara do Norte Área. Abstracts of the Chapman sedimentation and coastal plain morphology in NE conference on the Formation of Sedimentary Strata on Brazil. 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  • 4. II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas Pattern of sediment distribution in setentrional coast of RN State, NE Brazil. 2002 Ocean Sciences Meeting, American geophysical Union, Honolulu-Hawai and EOS, Transactions, American Geophysical Union, V.83, No.4. VITAL, H.; AMARO., V.E.; STATTEGGER, K.; SCHWARZER, K.; TABOSA, W.F.; FRAZÃO, E.P.; SILVEIRA, I.M.; CALDAS, L.H.O. 2002b. Interactions of seal level and tectonics on large scale bedforms preserved on a tropical shelf: The Rio Grande do Norte Shelf, NE Brazil. Continental Shelves during the last glacial cycle. 2nd Conference. IGCP 464. Sao Paulo. Abstracts. P.99-100. VITAL, H.; STATTEGGER, K.; TABOSA, W.F. E RIEDEL, K. 2002c. Why does erosion occur on the northeastern coast of Brazil ? The Caiçara do Norte beach example In: Klein, A.H. (ed). Brazilian Sandy Beaches: Morphodynamics, Ecology, Uses, Hazards and Management. Journal of Coastal Research, Special Issue n.35. VITAL, H; LIMA, Z.M.C.; SILVEIRA, I.M.; AMARO, V.E. & SOUTO, M.V.S. 2003. Barrier System from the Northern Rio Grande do Norte State Coast, Ne Brazil: A Tectonic Control ? Anais do 3o. Congresso Latino Americano . Belém-PA.