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Prof. Marcelo Deusdedit
Descrição é a
representação verbal
de um objeto sensível
(ser, coisa, paisagem),
através da indicação
dos seus aspectos mais
característicos, dos
pormenores que o
individualizam, que o
distinguem..
Descrever não
é enumerar o
maior número
possível de
detalhes, mas
assinalar os
traços mais
singulares,
mais salientes.
O texto de base
descritiva tem
como objetivo
oferecer ao
leitor /ouvinte a
oportunidade
de visualizar o
cenário onde
uma ação se
desenvolve e as
personagens
que dela
participam;
A descrição está
presente no nosso
dia-a-dia, tanto na
ficção (nos romances,
nas novelas, nos
contos, nos poemas)
como em outros tipos
de textos (nas obras
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textos de jornais e
revistas);
A descrição pode ter uma finalidade subsidiária
na construção de outros tipos de texto,
funcionando como um plano de fundo, o que
explica e situa a ação (na narração) ou que
comenta e justifica a argumentação;
Físico
É a perspectiva que
o observador tem do objeto;
pode determinar a ordem na
enumeração dos pormenores
significativos. Apresenta-os de
maneira detalhada, levando o
leitor a combinar impressões
isoladas para formar uma
imagem unificada.
Psicológico
A descrição pode ser
apresentada de modo a
manifestar uma impressão
pessoal, uma interpretação do
objeto. A simpatia ou antipatia
do observador pode resultar em
imagens bastante diferenciadas
do mesmo objecto. Deste ponto
de vista, dois tipos de descrição
podem ocorrer: a objectiva e a
subjectiva.
Na
descrição objetiv
a, como literalmente ela
traduz, o objetivo
principal é relatar as
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“objeto” de modo
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Na descrição objetiva , o autor reproduz a realidade
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individualismo por
parte de quem a
descreve.
Enfoque subjetivo
A realidade descrita não
é apenas observada pelo autor, é também
sentida. O objeto descrito apresenta-se
transfigurado de acordo com a sensibilidade
de quem o descreve. O autor procura
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Exemplo :
E a sua cabeça e cabelos eram brancos
como lã branca, como a neve, e os
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E os seus pés, semelhantes a latão
reluzente, como se tivessem sido
refinados numa fornalha, e a sua voz
como a voz de muitas águas.
E ele tinha na sua destra sete estrelas;
e da sua boca saía uma aguda espada
de dois fios; e o seu rosto era como o
sol, quando na sua força resplandece.
E eu, quando vi, caí a seus pés como
morto; e ele pôs sobre mim a sua
destra, dizendo-me: Não temas; Eu
sou o primeiro e o último.
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“ (...)Também cantou. E cada verso que vinha da sua boca de
mulata era um arrulhar choroso de pomba no cio. E o Firmo,
bêbedo de volúpia, enroscava-se todo ao violão; e o violão e
ele gemiam com o mesmo gosto, grunhindo, ganindo, miando,
com todas as vozes de bichos sensuais, num desespero de
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E devorava-a de beijos violentos, repetidos, quentes, que
sufocavam a menina, enchendo-a de espanto e de um
instintivo temor, cuja origem a pobrezinha, na sua
simplicidade, não podia saber qual era. (…) Leonie fingia
prestar-lhe atenção e nada mais fazia do que afagar-lhe a
cintura, as coxas e o colo. Depois, como que distraidamente,
começou a desabotoar-lhe o corpinho do vestido”.
Aluísio Azevedo “O cortiço”
05   descritivo
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  • 2. Descrição é a representação verbal de um objeto sensível (ser, coisa, paisagem), através da indicação dos seus aspectos mais característicos, dos pormenores que o individualizam, que o distinguem..
  • 3. Descrever não é enumerar o maior número possível de detalhes, mas assinalar os traços mais singulares, mais salientes.
  • 4. O texto de base descritiva tem como objetivo oferecer ao leitor /ouvinte a oportunidade de visualizar o cenário onde uma ação se desenvolve e as personagens que dela participam;
  • 5. A descrição está presente no nosso dia-a-dia, tanto na ficção (nos romances, nas novelas, nos contos, nos poemas) como em outros tipos de textos (nas obras técnico-científicas, nas enciclopédias, nas propagandas, nos textos de jornais e revistas);
  • 6. A descrição pode ter uma finalidade subsidiária na construção de outros tipos de texto, funcionando como um plano de fundo, o que explica e situa a ação (na narração) ou que comenta e justifica a argumentação;
  • 7. Físico É a perspectiva que o observador tem do objeto; pode determinar a ordem na enumeração dos pormenores significativos. Apresenta-os de maneira detalhada, levando o leitor a combinar impressões isoladas para formar uma imagem unificada.
  • 8. Psicológico A descrição pode ser apresentada de modo a manifestar uma impressão pessoal, uma interpretação do objeto. A simpatia ou antipatia do observador pode resultar em imagens bastante diferenciadas do mesmo objecto. Deste ponto de vista, dois tipos de descrição podem ocorrer: a objectiva e a subjectiva.
  • 9. Na descrição objetiv a, como literalmente ela traduz, o objetivo principal é relatar as características do “objeto” de modo preciso, isentando-se de comentários pessoais ou atribuições de quaisquer termos que possibilitem as múltiplas interpretações.
  • 10. Enfoque objetivo Na descrição objetiva , o autor reproduz a realidade como a vê. Exemplo: Ele tem uma estrutura de madeira, recoberta de espuma. Sobre a espuma há um tecido grosso. Tem assento para 4 pessoas, encosto e dois braços. É o sofá da minha sala.
  • 11. A subjetiva perfaz- se de uma linguagem mais pessoal, na qual são permitidas opiniões, expressão de sentimentos e emoções e o emprego de construções livres em que revelem um “toque” de individualismo por parte de quem a descreve.
  • 12. Enfoque subjetivo A realidade descrita não é apenas observada pelo autor, é também sentida. O objeto descrito apresenta-se transfigurado de acordo com a sensibilidade de quem o descreve. O autor procura transmitir a impressão, a emoção que a realidade lhe causa. Exemplo :
  • 13. E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece. E eu, quando vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último. Apocalipse 1:14-17
  • 14. “ (...)Também cantou. E cada verso que vinha da sua boca de mulata era um arrulhar choroso de pomba no cio. E o Firmo, bêbedo de volúpia, enroscava-se todo ao violão; e o violão e ele gemiam com o mesmo gosto, grunhindo, ganindo, miando, com todas as vozes de bichos sensuais, num desespero de luxúria que penetrava até ao tutano com línguas finíssimas de cobra.(...) E devorava-a de beijos violentos, repetidos, quentes, que sufocavam a menina, enchendo-a de espanto e de um instintivo temor, cuja origem a pobrezinha, na sua simplicidade, não podia saber qual era. (…) Leonie fingia prestar-lhe atenção e nada mais fazia do que afagar-lhe a cintura, as coxas e o colo. Depois, como que distraidamente, começou a desabotoar-lhe o corpinho do vestido”. Aluísio Azevedo “O cortiço”