1. UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EDUCAÇÃO
CURSO DE BACHARELADO EM MODA
MARCELA ARAÚJO
CONEXÕES CRIATIVAS
Análise dos registros compartilhados do estilista
Alexandre Herchcovitch
BELÉM – PA
2013
2. “Os processos são os devires, e estes não se julgam pelo resultado que os
findaria, mas pela qualidade de seus cursos e pela potência de sua continuação”
(Gilles Deleuze)
3. INTRODUÇÃO
• Crítica genética
“O foco de atenção é, portanto, o processo por meio do qual algo que não existia
antes, como tal, passa a existir, a partir de determinadas características que alguém
vai lhe oferecendo. Um artefato artístico surge ao longo de um processo complexo
de apropriações, transformações e ajustes. O crítico genético procura entrar na
complexidade desse processo. A grande questão que impulsiona os estudos
genéticos é compreender a tessitura desse movimento” (SALLES, 2001, p. 13)
• Estilista: um diagnosticador de seu tempo
• Contemporâneo: sociedade da informação, ciberespaço
e imagética
• Filtro perceptivo: diversos olhares sob um mesmo objeto
• Instagram: um registro do processo de criação
4. ESTABELECENDO CONEXÃO COM A REDE...
• O Herchcovitch como criador contemporâneo:
status de artista e adequação às necessidades do
mercado
“(...) Para elucidar esse dilema, que também pode significar um bom desafio
para um criador de moda, vale questionar sempre uma série de tópicos: para
quem se destina minha roupa, qual a minha meta de produção, que tipo de
consumidor quer atingir, qual faixa etária, o breve perfil de uma clientela, como
gosto por arte, esporte...Esse exercício é indispensável para traçar um discurso
direto por meio da roupa com seu público-alvo, que vai responder
rapidamente, caso assimile por completo a mensagem ou o conceito implícito
numa saia, vestido, camisa ou qualquer outra peça que carregue sua
assinatura” (HERCHCOVITCH, 2007, p. 8-10).
5. ESTABELECENDO CONEXÃO COM A REDE...
Herchcovitch em fotografia na qual aparece deitado em um caixão (1998)
Fonte: Instagram do estilista
6. ESTABELECENDO CONEXÃO COM A REDE...
Montagem com alguns dos produtos licenciados pela marca Herchcovitch;Alexandre
Fonte: <http://herchcovitch.uol.com.br/>
7. ESTABELECENDO CONEXÃO COM A REDE...
AUTENTICANDO A CONEXÃO...
• Herchcovitch: construção do repertório
– O hibridismo cultural de São Paulo
– A criação judaica ortodoxa
– A noite underground de São Paulo nos anos 1990
• Inspirações: Regina Herchcovitch e Márcia Pantera
9. ESTILISTA.JPEG
COMPARTILHANDO REGISTROS
• Crítica genética: a análise dos rastros deixados pelo
criador durante o processo criativo
• Instagram: registro da construção do pensamento
criativo do Herchcovitch
“Há, ainda, os processos criativos de obras que têm as novas tecnologias como
suporte. O crítico genético vai se defrontar, nesses casos, com arquivos de
imagens paradas, imagens em movimento, sons ou ainda back-ups de idéias a
serem desenvolvidas ou formas em construção, arquivos esses que serão
tratados como os outros manuscritos. Nessa perspectiva, as novas
tecnologias, em vez de apontarem para o fim desses documentos, contribuem
para o aumento de sua diversidade” (SALLES, 2001, p. 15-16).
13. AUTORRETRATO
UM FALAR DE SI
“(...) Todo ser humano, como ponto singular de um holograma, contém o cosmo em
si. Pode-se dizer também que todo indivíduo, mesmo aquele reduzido a mais banal
das vidas, constitui um cosmo. Contém a multiplicidade interior, as personalidades
virtuais, uma infinidade de personagens quiméricos, uma poliexistência no real e no
imaginário, o sono e a vigília, a obediência e a transgressão, o ostensivo e o
secreto, efervescência larvar em suas cavernas e abismos insondáveis. Cada um
contém galáxias de sonhos e fantasias, impulsos indomáveis de desejos e
amores, abismos de infelicidade, vastidão de indiferença gelada, abrasamentos de
astros em fogo, avalanches de ódio, extravios idiotas, clarões de
lucidez, tempestades de demência…cada um contém uma solidão inacreditável, uma
pluralidade extraordinária, um cosmo insondável” (MORIM apud PESSOA, 2006)
• Autorretrato: representação do que o indivíduo
imagina, idealiza ou deseja ser
14. AUTORRETRATO
UM FALAR DE SI
• Autorretrato e criação: um falar de si
• Herchcovitch: criador e criação se misturam
– Camisetas
– Jeans
– Militarismo
– Materiais “incomuns”
– Estampa: Herchcovitch;Alexandre
17. CORPO
MANIPULAÇÃO DA ANATOMIA
• Dualidade: corpo oculto e revelado
“O corpo não habita suas roupas (...) como se estas fossem mera carapaça: é
criado e definido por elas, molda-as e é por ela moldado. Herchcovitch
reinventa continuamente o modo como suas roupas envolvem o corpo e, neste
aspecto, parece mover-se entre dois polos. Por um lado, trabalha para criar a
mais completa forma única, um contorno em que a cabeça é apenas extensão
do corpo, que permanece tesamente contido no interior de um espartilho ou de
uma única faixa de tecido. Como ele mesmo diz, sua intenção é reter a
personalidade no interior do próprio corpo, evitando que o modelo possa ser
„mais do que as roupas‟” (ADES; PACCE, 2002).
• Interpretação do corpo: influência na criação
• Ambiguidade, deformação e valorização
• Thierry Mugler e Rei Kawakubo: antagonismo
21. ICONOLOGIA
OS SÍMBOLOS COMO INSTRUMENTO
“Mais do que as palavras, as imagens produzem
sentimentos, identificação, favorecem lembranças, disparam a imaginação, a
introspecção, entendimentos, anunciam ou denunciam uma realidade, evocam
memórias pessoais e visões de mundo” (BASSALO; WELLER, 2011).
• Instrumentalização de símbolos: conteúdo universal e
interpretação individual
• Iconologia: estudo do significado do objeto
(Panofsky, 1939)
• Símbolo: significante e realidade concreta com
significado abstrato
• Smiles, corações, estrelas, caveiras e laços
24. COLEÇÃO
RETRATO FALADO
• Pesquisa: imersão em um novo universo
• Novas descobertas: mudanças na aparência física
• Fases: camadas que se sobrepõem
– Underground
– Clubber
– Formal
– Streetwear
Quando dou o exemplo da forma como me visto, jamais pensei em criar um look que
sugerisse uma marca registrada tão forte. Sabe o uniforme mais confortável que o
profissional precisa para enfrentar horas a fio de trabalho? Preciso de
jeans, tênis, camiseta e outras peças que me deem mobilidade, que não me
apertem, e sempre apareço em fotos e entrevistas com esse tipo de roupa. O que
era uma preferência natural virou uma assinatura. (...) Numa época de minha
vida, não hesitava em sair de casa usando alguns dos meus muitos pares de
sapatos de salto de minha coleção, ou mesmo uma bolsa feminina. (...) Fiz parte
daquele contingente, coisa que não faço mais com tanta regularidade. Mas, de vez
em quando, acho irresistível me fantasiar para uma noite de Halloween [dia das
Bruxas] ou outra temática, organizar uma festa da peruca e compartilhar tudo isso
com meus amigos (HERCHCOVITCH, 2007, p. 51).
45. DESFECHO INACABADO
“Tomando a continuidade do processo e a incompletude que lhe é inerente, há
sempre uma diferença entre aquilo que se concretiza e o projeto do artista que está
sempre por ser realizado. Onde há qualquer possibilidade de variação contínua, a
precisão absoluta é impossível. (...) O inacabado tem um valor dinâmico, na medida
em que gera esse processo aproximativo da construção de uma obra específica e
gera outras obras em uma cadeia infinita. O artista dedica-se à construção de um
objeto que, para ser entregue ao público, precisa ter feições que lhe agradem, mas
que se revela sempre incompleto. O objeto “acabado” pertence, portanto, a um
processo inacabado” (SALLES, 2001, p. 78).
• Criação: ponto final e reavaliação
• A importância da crítica