A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão Linguística
Por que o alfabeto é um sistema notacional e não um código
1.
POR QUE O ALFABETO É UM
SISTEMA NOTACIONAL E NÃO UM
CÓDIGO?
2. POR QUE O ALFABETO É UM SISTEMA NOTACIONAL E
NÃO UM CÓDIGO?
João e Maria eram colegas numa mesma turma
do 3º ano do ensino fundamental e já estavam
bem alfabetizados, lendo e produzindo pequenos
textos com autonomia. Num certo dia de aula,
tendo terminado uma tarefa mais cedo, Maria
bolou um código, ela e João brincaram de
escrever mensagens secretas, que só eles
conseguiriam ler, porque só eles sabiam o valor
de cada símbolo do código. (Unidade 03, Ano 01,
p. 7 e 8)
3. ALGUNS PRINCÍPIOS DO SEA
Escreve-se com letras que não podem ser
inventadas, que têm um repertório finito e
que são diferentes de números e de outros
símbolos;
As letras têm formatos fixos e pequenas
variações produzem mudanças em sua
identidade (p, q, b, d), embora uma letra
assuma formatos variados (P, p, B, b);
A ordem das letras no interior da palavra não
pode ser mudada.
4.
As letras têm valores sonoros fixos, apesar de muitas
terem mais de um valor sonoro e certos sons poderem
ser notados com mais de uma letra.
Além de letras, na escrita de palavras, usam-se,
também, algumas marcas (acentos) que podem
modificar a tonicidade ou o som das letras ou sílabas
onde aparecem.
As sílabas podem variar quanto às combinações entre
consoantes e vogais (CV, CCV, CVV, CVC, V, VC, VCC,
CCVCC...), mas a estrutura predominante no
português é a sílaba CV (consoante – vogal), e todas as
sílabas do português contêm, ao menos, uma vogal.
5. A COMPREENSÃO DO SISTEMA DE ESCRITA ALFABÉTICA
E A CONSOLIDAÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO.
(Unidade3, 2º Ano)
A escrita alfabética não é um código que
simplesmente transpõe graficamente as unidades
sonoras mínimas da fala (os fonemas), mas, sim, um
sistema de representação escrita (notação) dos
segmentos sonoros da fala (FERREIRO, 1995; MORAIS,
2005). (p.6)
6.
Para aprender a ler e a escrever é necessário que
as crianças compreendam o que a escrita
alfabética representa e de que maneira ela
representa os segmentos sonoros das palavras.
Trata-se, portanto, de uma (re)construção
conceitual e não de uma aprendizagem
meramente perceptivo-motora. (p.7)
Partimos, portanto, do pressuposto de que as
crianças constroem ideias ou hipóteses sobre a
escrita muito antes de entrar na escola
(FERREIRO; TEBEROSKY, 1985; FERREIRO, 1995).
(p.7)
7.
Para a teoria da Psicogênese da língua escrita,
elaborada por Emilia Ferreiro e colaboradores,
essas ideias ou hipóteses infantis seguem uma
ordem de evolução que parte de uma etapa em que
a criança ainda não compreende que a escrita
representa os segmentos sonoros das palavras,
associando-a aos significados ou às propriedades
dos objetos a que se referem, até chegar à
compreensão de que escrevemos com base em
uma correspondência entre fonemas e grafemas.
(p.7)
8.
O conhecimento das hipóteses de escrita pelas quais
passam as crianças para a construção de uma escrita
alfabética serve-nos para refletir acerca das
possibilidades de intervenção didática visando à
compreensão daquele sistema (p.8).
No entanto, a perspectiva de uma evolução por
estágios fixos e lineares, que seriam universalmente
seguidos por todas as crianças, parece apresentar
algumas limitações quando interpretamos as escritas
infantis. Muitas vezes, por não apresentarem, numa
mesma situação, estabilidade em relação aos
conhecimentos que revelam ao notar as palavras,
torna-se inviável categorizar as escritas infantis como
pertencentes a um único estágio (MORAIS, 2012).
(p.8)
9. CONHECIMENTO DOS ALUNOS
Reconhecer os conhecimentos que os alunos já
construíram ou não sobre a escrita alfabética
parece ser mais relevante que apenas classificar
as escritas infantis em um dos níveis da teoria
psicogenética. (p.8-9)
Entender como o aluno está concebendo o que a
escrita representa e de que maneira o faz
colabora no planejamento de atividades e de
intervenções que o impulsione à reflexão
10. Vídeo:
Alfabetização – Apropiação do SEA –
Parte1 e 2
(Arthur Gomes de Morais)
https://www.youtube.com/watch?v=Ne0I
mYjWuf8
(13’14);
11. REFLETINDO SOBRE A HIPÓTESE ALFABÉTICA
Vamos observar a escrita de crianças, no
início do terceiro ano, que foram convidadas
a escrever as palavras elefante, jacaré,
borboleta, porco, baleia, rato, cachorro, boi e
abelha.
12. REFLETINDO SOBRE A HIPÓTESE ALFABÉTICA
Escreve-se com letras que não podem ser
inventadas, que têm um repertório finito e
que são diferentes de números e de outros
símbolos;
As letras têm formatos fixos e pequenas
variações produzem mudanças em sua
identidade (p, q, b, d), embora uma letra
assuma formatos variados (P, p, P, p);
A ordem das letras no interior da palavra não
pode ser mudada.
14. O QUE DEVEMOS PROPOR AOS ALUNOS?
A norma ortográfica é dotada de regularidades e
irregularidades, sendo assim, deve ser dado um
tratamento diferenciado a tais correspondências
fonográficas. É necessário que o professor leve os
alunos a refletirem sobre as regras ortográficas, além
de levá-los a compreender que outras questões
ortográficas dependem de memorização.
15. O QUE DEVEMOS PROPOR AOS ALUNOS?
É importante desenvolver um trabalho de reflexão
sobre essas regras para que os alunos possam
apresentar uma escrita com uma apropriação
maior da relação letra-som.
É fundamental que os professores pensem sobre
os seus objetivos de ensino (o que devem
ensinar?) e nos objetivos didáticos (o que os
alunos irão aprender com determinado tipo de
atividade?).
16. O ENSINO DE ORTOGRAFIA NO 3º ANO DO 1º CICLO:
O QUE DEVEMOS PROPOR AOS ALUNOS NO “ÚLTIMO
ANO DA ALFABETIZAÇÃO? (P. 24, U3C3)
“As crianças devem ser levadas pelo docente a
refletir sobre a norma ortográfica, contudo o
ensino sistemático da ortografia não deve ser
iniciado antes que os alunos compreendam o SEA
e tenham dominado a maioria dos valores
convencionais das letras. É importante que os
aprendizes já sejam capazes de produzir e ler
pequenos textos com alguma fluência, para que a
ortografia venha a ser tomada como objeto de
ensino e aprendizagem mais sistemáticos”.
17. CONCLUINDO...
Um ensino sistemático da ortografia não significa que
se deva enfatizar a memorização, mas, sim,
estabelecer debates sobre os princípios gerativos da
norma (as regras). O ensino da ortografia deve ser
contínuo ao longo de todo ensino fundamental,
apesar de propormos a consolidação de algumas
regularidades no ano 3 do Ensino Fundamental, essas
mesmas regularidades devem ser retomadas em
outras etapas da escolarização. Reforçamos, ainda,
que o trabalho mais sistemático com ortografia só
deve ser iniciado após domínio do SEA pelas crianças.
20. A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E SUA RELAÇÃO COM O
PROCESSO DE COMPREENSÃO DO SISTEMA DE ESCRITA
ALFABÉTICA E DE SUA CONSOLIDAÇÃO
O que é, então, consciência fonológica?
A consciência fonológica consiste na capacidade de
refletir conscientemente sobre as unidades sonoras das
palavras e de manipulá-las de modo intencional
(GOMBERT, 1990; FREITAS, 2004; MORAIS, 2006). (p.9)
21.
Tal como observaram Freitas (2004) e Morais (2006),
trata-se, portanto, de habilidades distintas (como
identificar, produzir, contar, segmentar, adicionar,
subtrair), com diferentes níveis de complexidade, e
que
envolvem,
também,
distintas
unidades
linguísticas (como sílabas, fonemas e unidades
maiores que um fonema, mas menores que uma
sílaba) (p.10).
22. PRIMEIRO ANO
Ao término do primeiro ano do ensino fundamental
de nove anos, espera-se que os alunos já tenham
atingido uma hipótese alfabética de escrita, tendo se
apropriado da quase totalidade de propriedades e
convenções agora apresentadas.
23. SEGUNDO ANO
No
segundo ano, as práticas de ensino do SEA devem
estar voltadas para a consolidação do conhecimento das
diferentes relações som-grafia de nossa língua, de
modo a permitir que a criança possa ler e escrever
palavras, frases e alguns textos de menor extensão.
(p.12)
Investir no aprofundamento e na consolidação de
outros conhecimentos e habilidades relativos a
convenções: o reconhecimento e o uso de diferentes
tipos de letra e a utilização do espaço em branco para
separar as palavras dos textos. (p.16)
24.
Depois de que as crianças já tiverem compreendido o
funcionamento do SEA, isto é, quando já tiverem
construído uma hipótese alfabética, deve-se investir
sistematicamente na apresentação de outros tipos de
letra, como a de imprensa minúscula e a cursiva
maiúscula e minúscula, que são usadas em diferentes
gêneros textuais, em diferentes situações sociais de
leitura e de escrita. (p.17)
25. A CONSOLIDAÇÃO DAS CORRESPONDÊNCIAS LETRASOM NO ÚLTIMO ANO DO CICLO DE
ALFABETIZAÇÃO
(Unidade 3, 3º Ano)
Além de inserir o aluno nas situações de
letramento, é necessário levá-lo a refletir sobre os
princípios do Sistema de Escrita Alfabética;
A escrita é algo que já existe na sociedade e a
criança precisa entender e compreender o sistema
de notação da escrita;
O ensino da relação som-grafia não pode ficar em
segundo plano.
26. RELEMBRANDO...
O
contato com a diversidade de gêneros e as
situações de leitura e produção de textos deve
acontecer de forma simultânea ao processo de
aprendizado do SEA.
É preciso delimitar direitos de aprendizagem para
cada ano do primeiro ciclo, mesmo defendendo que
não haja reprovações entre as etapas de
alfabetização.
27. O QUE DEVEMOS PROPOR AOS ALUNOS
NO “ÚLTIMO” ANO DA ALFABETIZAÇÃO?
Correspondências
letra-som
regular
direta
contextual
irregular
morfológicogramatical
28. CORRESPONDÊNCIAS LETRA-SOM REGULARES
Diretas
–
correspondências
que
impõem
dificuldades à criança (P, B, T, D, F, V);
Contextuais – correspondências que ocorrem
quando a relação letra-som é determinada pela
posição em que a letra aparece dentro da palavra
(o uso do C ou QU relaciona-se ao som /k/ – casa,
pequeno);
Morfológico-gramatical - nesses casos, são os
aspectos gramaticais que determinam o grafema
que será usado (o sufixo [eza] pode ser escrito
com S ou com Z, dependendo da classificação
gramatical da palavra – portuguesa, pobreza).
29. CORRESPONDÊNCIAS LETRA-SOM IRREGULARES
São
correspondências
que
dependem
da
memorização do aluno. Para exemplificar alguns
desses casos, podemos citar os casos que
envolvem a notação dos fonemas /s/ (seguro,
cidade, auxílio, cassino, piscina, cresça, força,
exceto), /z/ (zebu, casa, exame), /š/ (enxada,
enchente), /ž/ (girafa, jiló) e o emprego do grafema
H inicial (hora, harpa).