1. O Artesanato e sua História no
Brasil e no Mundo
Na sociedade atual, caracterizada pelo avanço industrial e tecnológico, o crescente gosto pelos
trabalhos artesanais expressa a necessidade humana de manter laços com os modos de vida que
marcaram sua existência desde os remotos tempos pré-históricos. No sentido estrito, artesanato
é qualquer tipo de trabalho realizado manualmente, em oposição aos executados por meios
mecânicos, ou em série. Nos dias de hoje, os exemplos de artesanato são: cerâmica, tapeçaria,
entalhe, encadernação, bordado e ourivesaria.
Desde seu aparecimento no final do século XIX, o termo artesanato teve significação ambígua,
que englobava todo o conjunto de atividades não agrícolas, sem distinguir o artesão do artista.
Antes da revolução industrial, o artesanato era o único tipo de produção existente. Na Europa,
os artesãos desempenharam importante papel no desenvolvimento das sociedades urbanas, nas
quais exerciam poderosa influência.
Com o aperfeiçoamento dos métodos mecânicos de fabricação, o artesanato cedeu espaço aos
produtos fabricados em série; o artesão, à maneira clássica, entrou em decadência, restringindo-se
a atividades de caráter marginal.
História - O aparecimento das primeiras manifestações organizadas de trabalho artesanal no
Ocidente europeu está associado à formação dos burgos e à vida urbana, cuja principal atividade
passou a ser o comércio. Em torno do intercâmbio comercial surgiu uma série de atividades
produtivas necessárias à manutenção da vida em comunidade, tais como as exercidas pelos
padeiros, tecelões, pedreiros, carpinteiros, carroceiros, ourives, seleiros, marceneiros, escultores
e arquitetos, entre outros. Ao mesmo tempo expandiram-se os trabalhos em metal, necessários à
fabricação de equipamentos agrícolas, utensílios domésticos, meios de transporte e
armamentos. Essa atividade assumiria no futuro uma importância fundamental para o
desenvolvimento da indústria manufatureira.
Inicialmente servos, em sua quase totalidade, os artesãos foram com o passar do tempo
formando suas associações profissionais, que, a partir do século XVIII, assumiram a forma de
corporações. Nessas, o aprendizado profissional iniciava-se aos 10 ou 12 anos de idade e o
candidato, em sua formação, submetia-se a regras muito rígidas. De aprendiz, passava a oficial
para posteriormente ascender a mestre, quando se tornava o patrão onipotente, juiz absoluto e
guardião da ética e da qualidade profissional da corporação.
Preocupadas em defender o monopólio da atividade profissional contra forasteiros ou
estrangeiros, as corporações acabaram também por se tornar impermeáveis à introdução de
novas técnicas. Com a expansão do comércio e a adoção de políticas econômicas do tipo laissez-faire
na Europa, a partir do século XVII, o poder das corporações foi sendo gradualmente
quebrado, até a derrocada definitiva causada pelas inovações tecnológicas e pela acumulação de
capital que, prenunciando a chegada da revolução industrial, impuseram a cooperação em larga
escala no trabalho -- tanto entre indivíduos da mesma profissão como de diferentes profissões --
e levaram o antigo mestre a converter-se num empresário dedicado apenas aos aspectos de
direção e vigilância.
Em outras partes do mundo, sobretudo no Oriente - China, Japão, Coréia e Índia - e nos países
muçulmanos, o artesanato alcançou extraordinário desenvolvimento. Sua organização em
corporações de ofício, anterior à européia, integrou-se de tal forma à vida social desses países
que ele conseguiu subsistir até hoje e, em alguns casos, utilizar tecnologias avançadas.
Brasil - As áreas de sobrevivência do artesanato popular brasileiro se concentram no Nordeste,
principalmente no sertão do Ceará, Pernambuco e Bahia, onde as feiras de Sobral, Caruaru e
Feira de Santana se fizeram famosas. Nessas cidades, o artesanato ocupa centenas de famílias
que em seus trabalhos reproduzem cenas e tipos populares regionais, além de peças com função
mágica ou devocional, como é o caso dos ex-votos, confeccionados em cera, barro ou madeira, e
de imagens de santos.
Além de caracterizarem a cultura da área em que são produzidos, esses trabalhos também
refletem o relacionamento do artesão com o meio ambiente, conforme demonstram os materiais
2. empregados, como a madeira, nas carrancas do São Francisco, o barro, na cerâmica nordestina
em geral, e as fibras animais e vegetais, na cestaria indígena.
O artesanato, técnica de trabalho manual artístico não industrializado, é
utilizado pelo homem desde o início da sua história. Os primeiros
artesãos começaram a fabricar seus bens no período neolítico (6.000
a.C). Nessa época, o homem produzia os objetos a partir de pedras e
fibras de animais e vegetais. Aos poucos foi evoluindo, e muitos
começaram a tirar sustento dessa prática. O artesanato, apesar de ser
comercializado, não é considerado uma mercadoria, pois carrega
valores, crenças e culturas.
Em cada parte do mundo, existem diferentes modos e formas de se
produzir o artesanato. No Brasil, cada região possui um artesanato típico.
Nas regiões Sul e Sudeste, sobretudos nos Estados de Santa Catarina e
Minas Gerais, produtos feitos com folha de bananeira, assim como
panelas, potes, moringas e jarras em cerâmicas são destaque. Minas
Gerais também se destaca pelos tapetes e colchas feitos em tear
manual, peças produzidas em estanho e pedras decorativas talhadas dos
mais diversos tipos de minério.
Na região Centro-Oeste, o foco também está no bordado e nas
atividades relacionadas à madeira, barro, tapeçaria e trabalhos com
frutas e sementes. Animais de porcelana e moringas de barro são muito
comuns em Goiás e no Mato Grosso.
Além do artesanato relacionado ao barro e à madeira, o Nordeste se
destaca pela famosa renda de bilro, no Ceará. Todas as técnicas de
produção em fibras de algodão são herança da colonização portuguesa e
são conservadas até hoje. Cabe mencionar a participação relevante dos
trançados de palha, cestarias feitas com trançados de carnaúba, bambu
e cipó.
Assim como nas outras regiões, o bordado também é muito popular na
região Norte. Mas a influência indígena faz da cerâmica uma das
3. produções mais presentes na região. Existem duas vertentes de
inspiração para os artesãos: a marajoara e a tapajônica, que são estilos
genuinamente indígenas, com técnicas e formas milenares. Joias feitas
de sementes e metais preciosos também são típicas do Amazonas. As
atividades relacionadas à madeira e metal também são comuns.
Fontes:
Ministério da Cultura (MinC)
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular