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Universidade Presbiteriana Mackenzie


FUNDAMENTO ESTRUTURAL: MATERIAL, CONCEITO E PROJETO
José Eduardo Calijuri Hamra (IC) e Mario Lasar Segall (Orientador)
Apoio: PIVIC Mackenzie


Resumo

Esta pesquisa tem como intuito iniciar a caminhada em direção a um entendimento de como, dentro
do processo de projeto arquitetônico, se estabelece e desenvolve a relação entre o projeto e sua
opção estrutural. Após uma breve apresentação da evolução da arquitetura brasileira desde as ocas
indígenas até os dias de hoje, a questão é abordada na produção de dois arquitetos brasileiros
renomados. Embora as duas metodologias de projeto sejam diferentes, mostrando diversas opções
para se atingir com êxito a resolução estrutural, há entre elas o entendimento comum de que a opção
estrutural é parte fundamental da concepção arquitetônica como um todo e não somente uma
conseqüência mecânica, lógica desta.

Palavras-chave: processo, metodologia de projeto,sistema estrutural, material


Abstract

This research represents the first steps towards understanding how does the relation between design
and structural definition develop in the architectural design process. After a brief account of the history
of Brazilian architecture from the native dwellings to date, the issue is approached in the work of two
renowned Brazilian architects. Despite their different design methodologies, with diverse alternatives
to reach their structural solutions, there is between them the understanding that the structural system
is a fundamental part of their architectural conception as a whole, not just a mechanical, logical,
consequence of it.

Key-words:         process,       design       methodology,         structural      system,       material




                                                                                                         1
VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


INTRODUÇÃO

O objeto de estudo da arquitetura é o espaço. Um de seus maiores desafios é produzir
espaços cobertos. É, portanto, resolver a contradição básica com que se defronta o sistema
estrutural: redirecionar as cargas de modo tanto a sustentar volumes eficientemente
(resolvendo de modo estável os conflitos de forças), quanto lidar com os efeitos da
gravidade sem obstruir o espaço que se busca conceber. Mas há outro aspecto, não menos
importante, que é atingir aquele objetivo de maneira plasticamente agradável, prazerosa.

Nas profissões do (da) arquiteto (a) e do (da) urbanista, o projeto é um processo de
concepção criativo. Ele desafia a capacidade humana de propor soluções para problemas
concretos ainda não antecipados. Nesse processo, a estrutura é parte crucial, seja de que
forma for que se inclua no desenho final. Ela se encontra entre os elementos básicos da
arquitetura. No caso brasileiro, desde as ocas indígenas, a estrutura se revelou como
central, o domínio dos elementos da natureza de modo a permitir a forma e o espaço por
meio da ação humana. Na época do apelo clássico e eclético, isso foi ofuscado em nome da
centralidade estética, do invólucro. No entanto, voltou a se apresentar mais claramente com
o movimento moderno, marcado pelo enfoque estético e racional derivados da estrutura,
eliminando os métodos neoclássicos que ofuscavam sua importância.

A questão estrutural – sua explicitação – durante o movimento moderno assumiu tamanha
importância, que diversos arquitetos mudaram completamente seu processo de projeto em
virtude desse pensamento, chegando ao ponto de ‘moldarem’ suas obras em função deste
fundamento, como é o caso do arquiteto Oscar Niemeyer.

     [...] o que aparece com a técnica não é a técnica, mas o pensamento e ainda a razão. A
     relação dialética entre arte e técnica, que é confundida na existência humana, na expressão da
     existência humana. Que é uma coisa só. Não deve se confundir é uma coisa só .Paulo Mendes
     da Rocha. (apud PIÑON, 2002, p. 15).

Apesar de algumas divergências a partir do movimento moderno no Brasil, a importância
estrutural nunca foi deixada de lado. Esta pesquisa procura iniciar um entendimento de
como aquela equação – cargas x espaço – se resolve no processo de projeto de arquitetos
bem como procura lançar uma primeira luz sobre como a preocupação estrutural de dois
arquitetos selecionados se revela na concepção, no projeto e na obra propriamente dita.

Uma breve evolução da arquitetura no Brasil é apresentada primeiramente, seguida de
alguns comentários sobre três projetos de cada um dos dois arquitetos brasileiros
selecionados. Por fim, uma conclusão é apresentada.




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BREVE EVOLUÇÃO DA ARQUITETURA NO BRASIL

A Oca Indígena:

Os registros originais arquitetônicos no Brasil são de uma arquitetura vernacular. Nas Ocas
Indígenas, tupis-guaranis, descritas pelos primeiros europeus que aqui chegaram, a
estrutura era o grande desafio enfrentado.

“Estes conhecimentos revelam a riqueza da sabedoria tradicional da população indígena do
país, pois esta era possuidora de uma arquitetura e engenharia diferenciadas, plenamente
adequadas ao sítio arquitetônico na qual estava inserida” (CIANCIARDI, 2004, p 6).

Diversas aldeias que aqui se encontravam, produziam a mesma arquitetura, as mesmas
ocas, com o mesmo sistema estrutural de tramas curvas de galhos finos, funcionando sob
tração e cobertas com folhas secas. A similaridade entre os sistemas de diversas tribos
espalhadas pelo território nacional, muitas das quais sem contatos com outras, indica que
essa maneira de construir não foi coincidência. Provavelmente, essa arquitetura era
realmente, nesses casos, a mais apropriada entre as possibilidades oferecidas pelos
materiais e tecnologias disponíveis.

Demonstrando a relação de dependência que a arquitetura possui com a tecnologia, os
índios brasileiros, talvez sem vislumbrar outras opções tecnológicas, acreditavam ter
encontrado a forma perfeita para a habitação. De fato, por mais rudimentar que pareça, a
oca atendia às necessidades climáticas impostas pelos trópicos, assim como os hábitos e
culturas indígenas.

     Estes mesmos hábitos e soluções técnico-construtivas desenvolvidas pelos povos autóctones,
     pré-cabralianos, em São Paulo de Piratininga e demais regiões brasileiras, perpetuam-se até
     os dias de hoje praticamente, quase sem nenhuma alteração conceitual nas habitações
     tradicionais indígenas dos tupi-guaranis e dos grupos tupis da Amazônia, comprovando sua
     eficácia técnica, firmada ao longo dos séculos. (CIANCIARDI, 2004, p 8).

O desafio estrutural consistia em criar, por meio da amarração de “galhos finos” (taquaras),
uma trama de arcos perpendiculares ao solo que, fixados uns aos outros por cipós, se auto-
sustentavam. Nesse sentido, o arco já demonstrava na prática sua eficiência estrutural,
quase como um berço de conhecimento arquitetônico. No calor tropical não havia a
necessidade de materiais mais pesados e de vedação como ocorria na Europa, com as
pedras, por exemplo, muito mais pesadas e que demandavam bases de massa muito maior.
É um exemplo rico da conjunção entre estrutura e material disponível em um contexto
particular, fruto da observação de que varetas finas curvam com facilidade, produzindo um
efeito de resistência suficiente para coberturas com materiais leves, também abundantes. O
saber era apenas empírico e passado de geração para geração. Em algumas ocas de maior



                                                                                               3
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porte, construídas para diferentes usos, já se usavam pilares de sustentação interna como
auxílio para a “cumeeira”.




         Pilares utilizados        Trama de taquaras                   Processo de vedação na trama já
       para a sustentação da        formada por arcos                             existente.
     cumeeira em ocas de maior       perpendiculares
               porte.              amarrados por cipó.

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Imagem 1: www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/imagens/424_14.jpg
Imagem 2: www.guaira.sp.gov.br:8080/imagens/oca4.jpg

Construída esta trama, aplicava-se a vedação, feita por folhas longas e secas, normalmente
de palmeiras ou palha. Este mesmo material vedava todas as paredes envoltórias até
convergirem na cobertura, o princípio da casca moderna, ou seja, a combinação das
propriedades do mecanismo de laje e das do mecanismo de placa (ENGEL, 2001). As ocas
não possuíam janelas e a ventilação era possibilitada pelo material utilizado na vedação,
impermeável, mas aberto ao vento por pequenas fendas, e pelas portas (normalmente não
se construíam ocas com uma única porta).

A Casa Bandeirista:

O segundo grande exemplo de arquitetura no Brasil é a Casa Bandeirista. Esta representa
um marco da chegada européia no Brasil, pois suas características demonstram claramente
influências arquitetônicas que estavam sendo produzidas na Europa, as quais foram
adaptadas pela mistura com o saber empírico acerca das construções indígenas aqui
existentes.

Todas as casas eram muito semelhantes em volumetria, planta e distribuição dos cômodos,
no que era uma padronização semelhante à das Ocas Indígenas encontradas pelo país,
acrescida da aplicação da tradição européia. Tecnicamente eram construídas de taipa,
normalmente de pilão nas paredes exteriores e de mão nas interiores.

        Duas são as modalidades do sistema construtivo da taipa: a taipa de pilão e a taipa de mão. A
        técnica da taipa de pilão consiste na feitura de fôrmas de madeira denominadas taipais,
        mantidas verticalmente através de travessas de madeira a prumo que recebem uma massa
        homogênea de terra previamente selecionada e peneirada, misturada com areia, argila,


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      estrume de gado vacum, crina de animais, sangue de boi ou fibras vegetais para garantirem
      uma maior aglutinação dos materiais e evitar a desintegração por rachaduras e fendas. Após
      ser umedecida, esta mistura é amassada e posta em camadas de 20 cm no taipal e quando
      comprimidas pelo pilão ou pelos pés reduzem-se a 15 cm; o processo repete- se
      sistematicamente até o preenchimento dos taipais. As paredes possuem uma espessura de 40
      a 80 cm, são maciças e tornam- se muito resistentes após a secagem. Loureiro. (apud
      CIANCIARDI, 2004, p. 11).

A de mão consiste no arremesso da mesma massa e uma posterior compressão utilizando
apenas os pés e mãos. Essas normalmente ficam mais finas e um pouco menos resistentes
que as de pilão.

As paredes eram auto-portantes, podendo chegar a um metro de espessura dependendo da
obra, e tinham como principal desafio estrutural conseguir sustentar o telhado, que, feito de
madeira, apresentava uma inclinação menor das águas, com planos mais abertos e menos
íngremes próximo aos beirais, visando aliviar os esforços horizontais.

Estruturalmente, a casa funcionava como um bloco rígido, evitando, portanto grandes
aberturas para as janelas, procurando eliminar pontos críticos na estrutura.


  Telhado com dupla curvatura                                                              Beirais
    das águas para evitar os                                                           prolongados
    esforços horizontais nas                                                           para evitar a
           paredes.                                                                     umidade da
                                                                                         chuva que
      Poucas aberturas nas                                                             enfraquecia a
              paredes                                                                     estrutura
      para não criar pontos
       críticos na estrutura.

Imagem: http://farm4.static.flickr.com/3368/3428347344_3af1a4caa9o.jpg0

Ainda que os europeus que aqui aportaram já dispusessem de conhecimento técnico, as
estruturas continuavam aparecendo, em grande medida de maneira empírica, em um
contexto diverso e desconhecido, porém, com resultados similares em algumas regiões
próximas a São Paulo e outras localidades litorâneas do sudeste.

A Casa Bandeirista indica que os europeus interpretaram as Ocas Indígenas, que se
‘resumiam’ a um esqueleto a ser vedado, como construções que não atendiam
necessariamente aos hábitos de vida dos bandeirantes. Dessa forma, uma nova técnica
estrutural surgiu para atender a essas novas necessidades, baseadas em costumes sociais
diferentes, como, por exemplo, ambientes isolados dentro de uma mesma estrutura para
usos diversos, uma individualização do espaço, em contraste com o espaço coletivo
indígena. Além disso, o nivelamento do terreno por meio de uma base em caixa de pedras,




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ou o uso desta base para a constituição de um vazio sob o piso para controlar a umidade e
o acesso de animais e insetos rasteiros, são exemplos dessa reinterpretação.

     Com a fundação do povoado de São Paulo (1554), houve o inevitável confronto entre duas
     culturas distintas: a indígena e a ibérica, o que resultou no surgimento de habitações
     caracterizadas pelo sincretismo técnico-construtivo destas duas culturas distintas, sendo
     utilizadas durante o século XVI e XVII. O mameluco paulista do século XVII foi o responsável
     pela solidificação deste sincretismo, que uniu a experiência arquitetônica indígena às
     necessidades ibéricas. (CIANCIARDI, 2008, p 8).

Mesmo de maneira muito rústica, o caminho para inovações estruturais e tecnológicas era o
mesmo que se aplica hoje: a busca por novos materiais, as experimentações, e os saberes
empíricos originários das construções anteriores. Este processo de busca tecnológica que
‘transformou’ a Oca Indígena na Casa Bandeirista foi o mesmo que mais tarde motivou
arquitetos a produzir obras significativas, o desenvolvimento das tecnologias do concreto
armado e do aço para atender à nova necessidade dos arranha céus, à plasticidade formal e
volumétrica no discurso estético.

De qualquer modo, as raízes bandeiristas predominaram por alguns séculos no Brasil, até
que as influências da industrialização européia chegassem ao país de modo mais
categórico, já em pleno século XIX.

     Com a chegada do café nossas casas se modificaram de dentro para fora, pois a inércia da
     tradição fez com que por muito tempo, mesmo com os recentes métodos construtivos trazidos
     pelo tijolo, se construísse copiando a estética e volumetria da taipa de pilão. Lemos (apud
     CIANCIARDI, 2004, p 134).

Só com o crescimento econômico, particularmente da região sudeste do país, é que esta
tradição começou a ser sacudida.

O Neoclassicismo e o Ecletismo:

A modernização originária das influências européias, impulsionadas pela revolução industrial
naquele continente, começou a chegar ao Brasil no decorrer do século XIX e uma nova
arquitetura surgiu para atender a novas expectativas e necessidades.

Os resquícios coloniais, bandeiristas, ainda muito fortes por aqui no início daquele século,
deixaram clara a tentativa de europeização da cultura e da economia brasileiras. Esses
fatores, até 1929, foram os responsáveis pela mudança dos hábitos de vida dos brasileiros,
que começavam a deixar a zona rural e migrar para os centros urbanos mais avançados,
que se constituíam de modo mais determinado apesar do pequeno número de indústrias – a
maioria artesanal – e da predominância da agricultura na economia do país (Segawa, 1999).




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Em meio a estas influências do desenho urbano europeu, no entanto, ganha força um
movimento de ruptura com a europeização de nossa cultura. Por algum tempo ainda, a
tradição arquitetônica brasileira manteve os preceitos bandeiristas como padrão. Mesmo
com a chegada do tijolo, por muito tempo as casas mantiveram a tipologia bandeirista, mas
construídas de tijolo e ornamentadas por elementos neoclássicos. Foi o estilo eclético o
responsável pelo rompimento com a tradição bandeirista. Com a chegada de novas técnicas
a construção civil se profissionalizou, criando empresas especializadas e plantas
fiscalizadas pela prefeitura (CIANCIARDI, 2004).

A atenção que passou a ser voltada para as construções foi responsável pelo aumento e
aperfeiçoamento das técnicas que eram trazidas de diversos lugares de acordo com os
imigrantes que chegavam (ibid.).

     Estava consolidado o cenário para a transformação urbana de São Paulo. A cidade se
     revitalizava com a demolição dos velhos casarões de taipas, abrindo passagem para uma
     paisagem eclética ao estilo europeu. As ruas estavam sendo alargadas, calçadas e iluminadas,
     enquanto as praças eram erigidas, dignificando o novo centro financeiro do país (CIANCIARDI,
     2004, p 19).

Os imigrantes trouxeram técnicas ainda não disponíveis no Brasil, substituindo a taipa pelo
tijolo, revestimentos em estuque com frisos e cornijas decorativas, embora o padrão ainda
fosse a taipa (CIANCIARDI, 2004).

“Os italianos preferiam, por exemplo, os alicerces de tijolos aos de pedras, e na carpintaria
usavam pregos ao invés de parafusos, o que tinha efeito de mudar as possibilidades
estruturais de certas madeiras” Loureiro (apud CIANCIARDI, 2004, p. 34).




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Imagem 1 (Teatro Municipal de São Paulo): www.atarde.com.br/arquivos/2008/05/31432.jpg
Imagem 2 (Casa da Rosas, São Paulo):
api.ning.com/files/d43zaiHQIRU42RRI6EbErkCcsf0ARmYWWvDCQKJV2G*ZhEqvd2mazyw1EGL39CJm2.jpg



O Pensamento Moderno:

O surgimento do pensamento moderno, a máquina a vapor, a produção da tecnologia, a
produção em larga escala que passa a caracterizar o capitalismo, as migrações para as


                                                                                               7
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cidades, e a conseqüente alteração no hábito de vida da população ocidental foram fatores
que influenciaram a mudança radical pela qual a arquitetura passou, sobretudo em suas
técnicas construtivas.

Este período da arquitetura, denominado de Período Moderno, declarava abertamente o
rompimento com as práticas arquitetônicas do passado, as criticavam por não atenderem os
hábitos de vida da população, e propunha um novo modelo do pensar arquitetônico.

Todas essas mudanças acarretaram uma nova maneira de ver o mundo, assim como de ver
a arquitetura. O pensamento fordista que impulsionava a economia também impulsionava os
arquitetos, que passavam a ver a arquitetura como a “máquina de morar”. Esse pensamento
moderno começava a utilizar a produção em massa e a produção de novas tecnologias para
alterar a arquitetura.

      Construir uma casa a mais cômoda e barata possível, eis o que deve preocupar o arquiteto
      construtor da nossa época de pequeno capitalismo, onde a questão de economia predomina
      sobre todas as demais. A beleza da fachada tem que resultar da funcionalidade do plano da
      disposição interior, como a forma da máquina é determinada pelo mecanismo que é a sua
      alma. (WARCHAVCHIK, 1925).

As construções passavam a utilizar o concreto armado como principal elemento, as
estruturas eram encaradas (de maneira genérica) como rígidas e aparentes, muitas vezes
como responsáveis pela organização espacial do edifício. Os novos hábitos da população se
refletiram na arquitetura como na demanda por residências práticas, formas puras, alto
desempenho funcional; deveriam servir à população assim como uma máquina serve às
fábricas.

      A coisa é muito diferente quando examinamos as máquinas para habitação – edifícios. Uma
      casa é, no final das contas, uma máquina cujo aperfeiçoamento técnico permite, por exemplo,
      uma distribuição racional da luz, calor, água fria e quente, etc. A construção desses edifícios é
      concebida por engenheiros, tomando-se em consideração o material de construção da nossa
      época, o cimento armado. (WARCHAVCHIK, 1925).

      Eles [como Le Corbusier] queriam que suas casas falassem do futuro, com sua promessa de
      velocidade e tecnologia, democracia e ciência. Eles queriam que suas poltronas evocassem a
      carros de corridas e aviões, queriam que suas lâmpadas lembrassem o poder da indústria e os
      seus bules de café, o dinamismo dos trens de alta velocidade (BOTTON, 2006, p 62)

Tudo estruturalmente lógica e eficientemente resolvido. Toda esta reviravolta que acontecia
no mundo arquitetônico fez com que a arquitetura passasse a partir de então a encarar as
estruturas como compositivas da obra, atribuindo-lhe funções além do equilíbrio estático.




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“Assim, a transparência das fachadas, conseguida com a estrutura independente e as
paredes de vidro, é comparável à honestidade; a planta livre à democracia e à ampla
possibilidade de escolha; a ausência de ornamentação à economia e integridade ética”
(MONTANER, 2001, p 12)

No Brasil, o movimento moderno teve início com a prática de Gregori Warchavchik, e na
vida acadêmica pela reforma na Escola Nacional de Belas Artes, realizada por seu diretor, o
arquiteto Lúcio Costa.

     Na América Latina, o sistema Beaux-Arts importado da Europa tinha se esgotado por ele
     mesmo e os mais avançados arquitetos latino-americanos estavam buscando por conta própria
     a superação de um sistema antiquado. A demonstração mais clara da existência de um
     caminho latino-americano próprio para a modernidade são as teorias de Lúcio Costa (1902-
     1998) e a obra da juventude de Oscar Niemeyer (1907-). O arquiteto russo Gregori
     Warchavchik, emigrado ao Brasil em 1928 introduziu Lúcio Costa à arquitetura moderna; e este
     foi o professor de Niemeyer (MONTANER, op. cit., p 25,26)

Lúcio Costa lembra as mudanças da seguinte forma:

     Nas extensas galerias povoadas do testemunho em gesso de obras imortais, ainda parece
     ressoar o passo cadenciado do velho diretor Baptista da Costa, sempre sombrio e cabisbaixo,
     mãos para trás, e a esconder tão bem a alma boníssima sob o ar taciturno, que a irreverência
     acadêmica o apelidara Mutum. Como tudo isso já parece distante... E, no entanto, apenas vinte
     anos depois, construía-se o edifício do Ministério da Educação e Saúde. A arquitetura jamais
     passou, noutro igual espaço de tempo, por tamanha transformação. (COSTA,1995, p 68).

E prossegue:

     O Parthenon, Reims, Santa Sofia, tudo construção, tudo honesto, as coluna suportam, os arcos
     trabalham. Nada mente. Nós fazemos exatamente o contrário – se a estrutura pede cinco, a
     arquitetura pede cinqüenta. Procedemos da seguinte maneira: feito o arcabouço, simples, real,
     em concreto armado, tratamos de escondê-lo por todos os meios e modos; simulam-se arcos e
     contrafortes, penduram-se colunas, atarraxam-se vigas de madeira às lajes de concreto[...].
     (ibid.)

A partir de então, as obras começaram a apresentar estruturas com papel de destaque.
Novos materiais surgiram e alteraram as possibilidades estruturais e espaciais, criando
novas metodologias e processos de projeto. No Brasil, este movimento se deu
primordialmente com o surgimento das chamadas escolas ‘Paulista’ e ‘Carioca’, revelando
nomes como os de Vilanova Artigas e Oscar Niemeyer. No caso da escola Paulista, o
“Brutalismo” propôs formas puras, estruturas sinceras, concreto aparente e ousadias
estruturais. Já a escola Carioca se destacou por obras plásticas moldando o concreto.




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Imagem 1 (Villa Savoye, Le Corbusier): arktetura.files.wordpress.com/2009/09/villa-savoye-2.jpg
Imagem 2 (Faculdade de Arq. e Urb. da Universidade de São Paulo, Vilanova Artigas): autor
Imagem 3 (Capela da Pampulha, Oscar Niemeyer): autor
Imagem 4 (Museu de Arte de São Paulo, Lina Bo Bardi):
www2.nelsonkon.com.br/popup.asp?ID_Obra=44&ID_Foto=298

DOIS ARQUITETOS BRASILEIROS

Marcos Acayaba

Natural de São Paulo, Marcos Acayaba é considerado um dos mais inventivos arquitetos
brasileiros. “A obra de Marcos Acayaba destaca-se como uma das mais consistentes no
cenário da arquitetura brasileira contemporânea” (WISNIK, 2007, p 13).

Acayaba é um arquiteto que utiliza grande variedade de materiais e técnicas construtivas,
como alvenaria estrutural e estruturas pré-fabricadas em madeira e concreto, com formas
novas, resultado de análises rigorosas de condições específicas, como terreno, clima,
entorno, situação urbana e assim por diante (NAKANISHI, 2007).

Comentários sobre algumas obras:

1) Sede de Fazenda em Pindorama:

Local: Bairro do Jacaré - Cabreúva, SP. Ano do projeto: 1974. Período de construção: 1975.
Arquitetos: Marcos Acayaba e Augusto Lívio Malzoni.

Esta obra está localizada longe da cidade, sobre uma área plana. Há dois pátios de lazer
internos, protegidos dos ventos da região, de onde se desenvolve o resto do projeto. Pela




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Universidade Presbiteriana Mackenzie


dificuldade de encontrar mão de obra no local e transporte de materiais, o arquiteto optou
por um sistema estrutural com facilidade de execução (www.marcosacayaba.arq.br).

Portanto, o desenvolvimento do projeto desta obra mostra claramente a metodologia de
projeto que o arquiteto diz utilizar: “Assumo então a estratégia de obra, onde o processo de
produção é fundamental, como uma referência, uma bússola, que vai orientar a concepção e
o desenvolvimento do projeto” (www.marcosacayaba.arq.br).

Partindo de uma análise da área, Acayaba optou pela utilização de uma estrutura mais
convencional, como nos projetos de fábricas, muito próximas das placas corrugadas. O
arquiteto concluiu que a estrutura utilizada deveria ser uma adaptação das estruturas de
grande porte para uma obra residencial. O processo de construção das coberturas foi
realizado por um processo industrial, fôrmas idênticas de madeira que se repetem
sucessivamente.

Após a cura do concreto, por não ter havido contato entre a madeira e o concreto, as
cambotas foram transportadas inteiras e reutilizadas por várias vezes.




Imagens: www.marcosacayaba.arq.br/lista.projetos.chain



2) Vila Butantã:

Local: Vila Pirajussara - São Paulo, SP. Ano do projeto: 1998. Período de construção: 2004.
Arquitetos: Marcos Acayaba e Suely Mizobe.

Este projeto reúne alguns aspectos significativos para o desenho final: a topografia em
queda, a vista, o baixo custo e flexibilidade, conceitos bastante contemporâneos. Estes
aspectos é que determinaram o uso de certos materiais resultando em casas geminadas
que acompanham as curvas do terreno. Para racionalizar o processo de produção com
baixo custo, o arquiteto utilizou alvenaria armada com blocos de concreto pigmentado, que




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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


apóiam lajes mistas de concreto e madeira, uma técnica nova patenteada pelo arquiteto.
(www.marcosacayaba.arq.br)

      Fugindo da solução convencional de laje em concreto, Acayaba e Hélio Olga [seu engenheiro],
      decidiram propor uma solução até então nova no Brasil, um tipo de laje nervurada, de madeira
      e concreto, que foi patenteado depois de ensaios e estudos realizados pelo Instituto de
      Pesquisas Tecnológicas. (NAKANISHI, 2007, p 160)

Esta nova solução estrutural sugere as opções técnicas do arquiteto em seu processo de
projeto. Suas preocupações técnicas e ambientais aparecem na economia de concreto e no
uso racional da madeira.




1                                                                            2
Imagens 1, 2 e 4: www.marcosacayaba.arq.br/lista.projetos.chain




3                                                                            4

Imagem 3: Nakanishi, 2007, p 159




3) Residência Marcos Acayaba:

Local: Tijucopava - Guarujá, SP. Ano do projeto: 1996. Período de construção: 1996 – 1997.
Arquitetos: Marcos Acayaba, Suely Mizobe, Mauro Halluli, Fábio Valentim.

Esta residência é o resultado de algumas experiências, reflexões e obras do arquiteto,
algumas bastante similares.




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Universidade Presbiteriana Mackenzie


“O projeto da minha casa é conseqüência de um processo que teve início na Residência
Hélio Olga, passou pela Residência Baeta, e depois pelo Protótipo (1993), que teve seu
desenho aplicado e testado na estrutura da Residência Valentim (1993-95)” Acayaba (apud
KATINSK, SEGAWA e WISNIK, 2007).




1                              2                                 3

Imagem 1 (Residência Hélio Olga): www2.nelsonkon.com.br/popup.asp?ID_Obra=14&ID_Foto=97
Imagem 2 (Residência Baeta): Nakanishi, 2007, p 105
Imagem 3 ( Residência Marcos Acayaba): Nakanishi, 2007, p 105

Do ponto de vista metodológico, nos casos acima, a falta de espaço para o canteiro de
obras implicou a utilização de pré-moldados, a declividade do terreno implicou em trabalhar
com mais de um nível, a natureza a ser preservada e o solo úmido implicaram a redução de
pontos tocantes no solo e nas formas adaptáveis as árvores já existentes no local.
(ACAYABA apud KATINSK, SEGAWA e WISNIK. 2007).

Do ponto de vista de evolução estrutural, no caso da residência Hélio Olga, a forma mais
estreita obrigou a utilização de travamentos metálicos externos aos módulos quadrados que
conformam a estrutura. Já na residência Baeta, os seis pontos que chegam ao solo se
ramificam em mãos-francesas e passam a sustentar pisos modulados por triângulos
eqüiláteros, que, por sua vez, passam lado a lado a conformar hexágonos até formarem os
pisos, o que resultou no chamado “Protótipo”. “Essa nova formação estrutural é muito mais
eficiente por trabalhar com formas triangulares que se travam naturalmente a esforços
horizontais” (NAKANISHI, 2007, p 128). O sucesso dessa obra e a eficiência de seu módulo
(o triângulo) despertaram estudos, que culminaram na padronização de um módulo que
possibilita diferentes conformações para terrenos similares. A Residência Marcos Acayaba
melhorou este processo estrutural ao propor tocar o solo em apenas três pontos.

Estas obras são consideradas ‘construções limpas’. Praticamente todas em pré-moldados,
integram-se à natureza, têm prazos de execução muito curtos, além de utilizarem pouca
quantidade de mão-de-obra. Concluí-se, portanto, que no trabalho de Marcos Acayaba a
evolução do processo de projeto se dá, em grande medida, em torno das questões das
técnicas e materiais disponíveis no local. Feitas estas análises e escolhidos os materiais a


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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


ser trabalhados, o arquiteto praticamente já tem o sistema estrutural definido, em um
processo único, integrado com possibilidades técnicas, plásticas, construtivas e ambientais
(WISNIK, 2007).



Paulo Archias Mendes da Rocha

Nascido em Vitória, no Espírito Santo, formou-se arquiteto na Universidade Presbiteriana
Mackenzie em 1954 e passou a lecionar na Universidade de São Paulo em 1959.

A linguagem das obras de Mendes da Rocha demonstra uma “busca do recurso
tecnicamente perfeito para a consolidação dos espaços” (ARTIGAS, 2007, p 11). Sua
metodologia projetual nasce em meio a sua formação no contexto da modernidade
brasileira, sua ligação com a escola paulista, o brutalismo, as influências de seu mestre,
Vilanova Artigas, e as referências minimalistas do século XX (MONTANER e VILLAC, 1996),
sempre pensando a relação com a cidade. Sua preocupação parece ter sempre sido tanto
com a carga de informação necessária ao profissional, como com a integração ser humano
– ambiente, uma síntese entre técnica e arte.

     Quando um arquiteto risca num papel uma anotação formal, um croqui, está convocando todo
     o saber necessário, mecânica dos fluidos, mecânica dos solos, máquinas e cálculos que sabe
     que existem para fazer aquilo. Abordar a questão da técnica, do ponto de vista de um arquiteto,
     como quem anula a distância, aparentemente inexorável, entre humanismo e técnica, entre
     filosofia e matemática, entre razão e imaginação (MENDES DA ROCHA, 2006, p. 71).

As intenções estéticas são demonstradas pelas formas expressivas que a técnica permite,
assim como pela opção quase singular do concreto aparente na maioria de suas obras.
(VILLAC, 2001).

Comentários sobre algumas obras:

1) Ginásio do clube Atlético Paulistano:

Local: Bairro dos Jardins, São Paulo – SP. Ano do projeto: 1958.
Arquiteto: Paulo Mendes da Rocha.

Este projeto, do início da carreira do arquiteto, mostra a clara definição da forma a partir da
solução técnica adotada para criar permeabilidade e flexibilidade para a realização de
eventos. O Intuito de se criar uma praça por meio de pilares radiais, a meio piso com a rua
externa e com o quarteirão interno, criando desta maneira um espaço retangular de uso
misto onde está inscrito o ginásio propriamente dito foi o responsável pelo norteamento do
processo de projeto (WISNIK, 2006). A estrutura é exposta, sintetizando desenho e função
técnica. O concreto trabalha a compressão por meio dos pilares e o aço a tração por meio


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Universidade Presbiteriana Mackenzie


dos tirantes. A cobertura permite a entrada de luz em dois níveis, um entre a cobertura e o
anel de concreto e outro entre o anel e a plataforma retangular.




1                                       2

Imagem 1 (Clube Atlético Paulistano, São Paulo):
2.bp.blogspot.com/_kbn8MFkCWGI/RnZb29JSk8I/AAAAAAAAAjQ/HEEVVLRJzt8/s320/1.jpg
Imagem 2 (Clube Atlético Paulistano, São Paulo):
1.bp.blogspot.com/_dTg6-l2hcT8/SQH90g0bByI/AAAAAAAAACI/8kLv4FnphD0/s320/clube+atletico.bmp




2) MuBE - Museu Brasileiro da Escultura

Local: São Paulo, Jardins. Ano do Projeto: 1988.
Arquiteto: Paulo Mendes da Rocha.

A proposta do arquiteto neste projeto foi propor um espaço com utilização não apenas de
exposição artística, mas como uma grande praça, possibilitando diversos usos e na qual se
marca a presença da intervenção humana pela sensação de uma ‘sombra construída’,
gerada por um vão de 12 por 60 metros (WISNIK,2006).

Sua simplicidade permitiu a ocupação do solo de no máximo trinta por cento do total, e uma
arquitetura que não competisse com as esculturas. O arquiteto trabalhou com o desnível do
terreno, praticamente enterrando o espaço de exposições. A opção estrutural foi por um
pórtico de concreto, que demonstra a presença humana no local e permite ao usuário o
térreo livre, e a sua fluidez por entre os caminhos criados nos desníveis, demonstrando a
mescla entre capacidade criativa e interpretativa do arquiteto em relação ao movimento
moderno.

      Ao analisarmos o processo de projeto de Mendes da Rocha, podemos perceber que sua parte
      criativa está em constante conurbação com a interpretativa, pois se apropria de elementos já
      consagrados na estética Moderna, que, sob sua nova interpretação, transforma-se em novas
      soluções de projeto. (ALVES,2005, p. 68).




                                                                                               15
VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


A opção estrutural sugere algo simples para a sensação de abrigo, porém a técnica
construtiva possui certa complexidade ao protender as vigas em caixões perdidos. O
arquiteto reinterpreta o movimento Moderno e a Escola Paulista ao utilizar um sistema
estrutural para transmitir conceitos teóricos e sensitivos da obra através de dimensões e do
material. A estrutura passa a expressar sua metodologia de projeto, “entre humanismo e
técnica, entre filosofia e matemática, entre razão e imaginação” (ARTIGAS, 2007, p. 72).




1                                               2


Imagens 1 e 2 (Museu da Escultura, São Paulo):
http://www2.nelsonkon.com.br/obras.asp?ID_Categoria=1&node=42&tiponode=a&ID_Arquiteto=8&ID_Obra=8



3) Marquise – Praça do Patriarca.

Local: Centro, São Paulo – SP. Ano do projeto: 1992
Arquiteto: Paulo Mendes da Rocha

A marquise da Praça do Patriarca, que deveria integrar um projeto de total revitalização do
centro de São Paulo, acabou se tornando um elemento isolado. De qualquer modo, o
arquiteto defende as intervenções urbanas como parte da identidade da cidade, sempre
mutável, se construindo sobre seus próprios escombros (VILLAC, 2001).

Propondo algo suave, sem uma presença pesada do ser humano, o arquiteto demonstra o
domínio de seu processo de projeto não como algo estilístico, mas sim intencional. Nesse
projeto a mudança no intuito da obra faz com que se alterem as características marcantes
dos outros dois projetos aqui analisados (ibid.).

“A nova cobertura que Paulo Mendes da Rocha projeta para a Praça do Patriarca é o
primeiro projeto do arquiteto cuja materialidade "única", em aço, contraria a preeminência do
concreto aparente” (ibid.).

Os blocos de concreto, pesados são substituídos por peças leves de metal. A forma adotada
para o projeto remete muito mais a idéia de portal, cores claras, forçando praticamente a
sua invisibilidade, ou apenas indicando que se olhe para o seu entorno, e não para ela.



                                                                                                    16
Universidade Presbiteriana Mackenzie


Estruturalmente, técnica e material se apresentam juntos, em uma pura estrutura, que gera
a sensação de abrigo invocando a arquitetura que por sua vez utiliza do material parconferir
os efeitos desejados, tanto sensitivamente como no dimensionamento das peças (ibid.)




1Imagen 1 (cobertura para a Praça do Patriarca, SãoPaulo): www.flickr.com/photos/carloscastejon/3015681016/



CONCLUSÃO

Este trabalho é um exame introdutório da questão de como o processo de projeto se
relaciona com a escolha do material e a resolução estrutural.

O ginásio do Clube Atlético Paulistano, por exemplo, foi selecionado por marcar o início da
atuação de destaque de Mendes da Rocha devido a excelência da técnica estrutural para a
concepção da forma. O MuBE, do mesmo arquiteto, foi selecionado pelo papel de destaque
que possui na cidade, além de demonstrar mais claramente a fusão entre teoria e prática na
obra. A cobertura na Praça do Patriarca, ainda de Mendes da Rocha, foi escolhida por
demonstrar a capacidade do arquiteto de intervir na cidade, assim como pelo papel de
destaque na questão estrutural e na escolha do material a ser utilizado. As obras de Marcos
Acayaba selecionadas se devem a opção que o próprio arquiteto fez pelo teste e pela
descoberta no seu processo de projeto.

Os comentários nesta pesquisa desvendaram em parte a maneira que os dois arquitetos
estudados relacionam dentro do processo de projeto a escolha dos materiais assim como a
opção estrutural. Os dois arquitetos, apesar de obras bastante diferentes, concordam que a
escolha dos materiais assim como a resolução estrutural não são partes autônomas dentro
de um processo de projeto; devem ser resolvidas de maneira conjunta e colaborativa e que
no processo de projeto o repertório utilizado pelo arquiteto não provém apenas de sua
formação acadêmica e sim de toda sua experiência de vida, o que acentua a
multidisciplinaridade da arquitetura.

Nas obras do arquiteto Paulo Mendes verificou-se uma opção mais constante pela utilização
do concreto, em parte pelas referências em Vilanova Artigas, um de seus mestres, mas



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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


principalmente pela defesa teórica do ambiente construído como espaço habitado pelo ser
humano. Quando muda, como na intervenção com aço na Praça do Patriarca, em São
Paulo, o faz mantendo os mesmos princípios norteadores de sua atuação profissional.

Nas obras de Acayaba, pode-se observar opções de estruturas e materiais devido a um
processo de projeto mais investigativo, especialmente do sítio da obra, o que lhe permite
uma desapego a algum viés formalístico ou estilístico.

A importância que os dois arquitetos atribuem às questões estruturais e técnicas, assim
como a justificativa pela escolha dos materiais, são fundamentais para o entendimento da
concepção de suas obras, intrínsecas ao processo de projeto.



REFERÊNCIAS

ALVES, André A. D. G. Metodologias de Projeto na Arquitetura Contemporânea.
2005. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2005.
ARTIGAS, Rosa. Paulo Mendes da Rocha: Projetos 1957-1999. 3. ed. São Paulo:
Cosac Naify, 2007
BOTTON, Allain de. A Arquitetura da Felicidade. Trad. Talita M. Rodrigues. Rio de
Janeiro: Rocco, 2006.
CIANCIARDI, Glaucus. A casa ecológica: premissas para a sustentabilidade na
arquitetura residencial unifamiliar paulistana. 2004. Dissertação (Mestrado em
Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade
Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2004.
COSTA, Lucio. Registro de uma Vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995.
ENGEL, Heino. Sistemas Estruturais. Trad. Esther P. da Silva. 2.ed. Barcelona:
Gustavo Gili, 2001.
KATINSKY, Julio Roberto .; SEGAWA, Hugo.; WISNIK, Guilherme. Marcos
Acayaba. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
ROCHA, Paulo Mendes da. Genealogia da Imaginação. In: ARTIGAS, Rosa. Paulo
Mendes da Rocha: Projetos 1957 – 1999. São Paulo: COSACNAIFY, 2006. p. 69-
73.
MONTANER, Josep M. Depois do Movimento Moderno. Trad. Maria. B. da C.
Mattos. Barcelona: Gustavo Gili, 2001.
MONTANER, Josep M.; VILLAC, Maria I. Mendes da Rocha. Trad. Vander. S. L. da
Silva. Barcelona: Gustavo Gili, 1996.




                                                                                                18
Universidade Presbiteriana Mackenzie


NAKANISHI, Tatiana M. Arquitetura e Domínio Técnico: a prática de Marcos
Acayaba. 2007. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007.
PIÑON, Hélio. Paulo Mendes da Rocha. São Paulo: Romano Guerra, 2002.
SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo: EDUSP.
1999.
VILLAC, Maria I. Um Novo Discurso para a Megacidade: Projeto Praça do
Patriarca.     São        Paulo:      Vitruvius,    2001.     Disponível     em:
<vitruvius.com.br/arquitextos/arq018/arq01801.asp>. Acesso em: 09 ago. 2011.
WARCHAVCHIK, Gregori. Acerca da Arquitetura Moderna. Rio de Janeiro:
Correio da manhã, 1925. Disponível em:
<www.arterorigo.xpg.com.br/.../manifesto%20arquitetura%20moderna.doc>. Acesso
em 09 ago 2011.
WISNIK, Guilherme. Memoriais dos Projetos. In: ARTIGAS, Rosa. Paulo Mendes da
Rocha, Projetos: 1957 – 1999. 3. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2006. p. 80.



Contato: ze_duds@hotmail.com e mario@sqmaquetes.com.br




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Jose eduardo calijuri

  • 1. Universidade Presbiteriana Mackenzie FUNDAMENTO ESTRUTURAL: MATERIAL, CONCEITO E PROJETO José Eduardo Calijuri Hamra (IC) e Mario Lasar Segall (Orientador) Apoio: PIVIC Mackenzie Resumo Esta pesquisa tem como intuito iniciar a caminhada em direção a um entendimento de como, dentro do processo de projeto arquitetônico, se estabelece e desenvolve a relação entre o projeto e sua opção estrutural. Após uma breve apresentação da evolução da arquitetura brasileira desde as ocas indígenas até os dias de hoje, a questão é abordada na produção de dois arquitetos brasileiros renomados. Embora as duas metodologias de projeto sejam diferentes, mostrando diversas opções para se atingir com êxito a resolução estrutural, há entre elas o entendimento comum de que a opção estrutural é parte fundamental da concepção arquitetônica como um todo e não somente uma conseqüência mecânica, lógica desta. Palavras-chave: processo, metodologia de projeto,sistema estrutural, material Abstract This research represents the first steps towards understanding how does the relation between design and structural definition develop in the architectural design process. After a brief account of the history of Brazilian architecture from the native dwellings to date, the issue is approached in the work of two renowned Brazilian architects. Despite their different design methodologies, with diverse alternatives to reach their structural solutions, there is between them the understanding that the structural system is a fundamental part of their architectural conception as a whole, not just a mechanical, logical, consequence of it. Key-words: process, design methodology, structural system, material 1
  • 2. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 INTRODUÇÃO O objeto de estudo da arquitetura é o espaço. Um de seus maiores desafios é produzir espaços cobertos. É, portanto, resolver a contradição básica com que se defronta o sistema estrutural: redirecionar as cargas de modo tanto a sustentar volumes eficientemente (resolvendo de modo estável os conflitos de forças), quanto lidar com os efeitos da gravidade sem obstruir o espaço que se busca conceber. Mas há outro aspecto, não menos importante, que é atingir aquele objetivo de maneira plasticamente agradável, prazerosa. Nas profissões do (da) arquiteto (a) e do (da) urbanista, o projeto é um processo de concepção criativo. Ele desafia a capacidade humana de propor soluções para problemas concretos ainda não antecipados. Nesse processo, a estrutura é parte crucial, seja de que forma for que se inclua no desenho final. Ela se encontra entre os elementos básicos da arquitetura. No caso brasileiro, desde as ocas indígenas, a estrutura se revelou como central, o domínio dos elementos da natureza de modo a permitir a forma e o espaço por meio da ação humana. Na época do apelo clássico e eclético, isso foi ofuscado em nome da centralidade estética, do invólucro. No entanto, voltou a se apresentar mais claramente com o movimento moderno, marcado pelo enfoque estético e racional derivados da estrutura, eliminando os métodos neoclássicos que ofuscavam sua importância. A questão estrutural – sua explicitação – durante o movimento moderno assumiu tamanha importância, que diversos arquitetos mudaram completamente seu processo de projeto em virtude desse pensamento, chegando ao ponto de ‘moldarem’ suas obras em função deste fundamento, como é o caso do arquiteto Oscar Niemeyer. [...] o que aparece com a técnica não é a técnica, mas o pensamento e ainda a razão. A relação dialética entre arte e técnica, que é confundida na existência humana, na expressão da existência humana. Que é uma coisa só. Não deve se confundir é uma coisa só .Paulo Mendes da Rocha. (apud PIÑON, 2002, p. 15). Apesar de algumas divergências a partir do movimento moderno no Brasil, a importância estrutural nunca foi deixada de lado. Esta pesquisa procura iniciar um entendimento de como aquela equação – cargas x espaço – se resolve no processo de projeto de arquitetos bem como procura lançar uma primeira luz sobre como a preocupação estrutural de dois arquitetos selecionados se revela na concepção, no projeto e na obra propriamente dita. Uma breve evolução da arquitetura no Brasil é apresentada primeiramente, seguida de alguns comentários sobre três projetos de cada um dos dois arquitetos brasileiros selecionados. Por fim, uma conclusão é apresentada. 2
  • 3. Universidade Presbiteriana Mackenzie BREVE EVOLUÇÃO DA ARQUITETURA NO BRASIL A Oca Indígena: Os registros originais arquitetônicos no Brasil são de uma arquitetura vernacular. Nas Ocas Indígenas, tupis-guaranis, descritas pelos primeiros europeus que aqui chegaram, a estrutura era o grande desafio enfrentado. “Estes conhecimentos revelam a riqueza da sabedoria tradicional da população indígena do país, pois esta era possuidora de uma arquitetura e engenharia diferenciadas, plenamente adequadas ao sítio arquitetônico na qual estava inserida” (CIANCIARDI, 2004, p 6). Diversas aldeias que aqui se encontravam, produziam a mesma arquitetura, as mesmas ocas, com o mesmo sistema estrutural de tramas curvas de galhos finos, funcionando sob tração e cobertas com folhas secas. A similaridade entre os sistemas de diversas tribos espalhadas pelo território nacional, muitas das quais sem contatos com outras, indica que essa maneira de construir não foi coincidência. Provavelmente, essa arquitetura era realmente, nesses casos, a mais apropriada entre as possibilidades oferecidas pelos materiais e tecnologias disponíveis. Demonstrando a relação de dependência que a arquitetura possui com a tecnologia, os índios brasileiros, talvez sem vislumbrar outras opções tecnológicas, acreditavam ter encontrado a forma perfeita para a habitação. De fato, por mais rudimentar que pareça, a oca atendia às necessidades climáticas impostas pelos trópicos, assim como os hábitos e culturas indígenas. Estes mesmos hábitos e soluções técnico-construtivas desenvolvidas pelos povos autóctones, pré-cabralianos, em São Paulo de Piratininga e demais regiões brasileiras, perpetuam-se até os dias de hoje praticamente, quase sem nenhuma alteração conceitual nas habitações tradicionais indígenas dos tupi-guaranis e dos grupos tupis da Amazônia, comprovando sua eficácia técnica, firmada ao longo dos séculos. (CIANCIARDI, 2004, p 8). O desafio estrutural consistia em criar, por meio da amarração de “galhos finos” (taquaras), uma trama de arcos perpendiculares ao solo que, fixados uns aos outros por cipós, se auto- sustentavam. Nesse sentido, o arco já demonstrava na prática sua eficiência estrutural, quase como um berço de conhecimento arquitetônico. No calor tropical não havia a necessidade de materiais mais pesados e de vedação como ocorria na Europa, com as pedras, por exemplo, muito mais pesadas e que demandavam bases de massa muito maior. É um exemplo rico da conjunção entre estrutura e material disponível em um contexto particular, fruto da observação de que varetas finas curvam com facilidade, produzindo um efeito de resistência suficiente para coberturas com materiais leves, também abundantes. O saber era apenas empírico e passado de geração para geração. Em algumas ocas de maior 3
  • 4. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 porte, construídas para diferentes usos, já se usavam pilares de sustentação interna como auxílio para a “cumeeira”. Pilares utilizados Trama de taquaras Processo de vedação na trama já para a sustentação da formada por arcos existente. cumeeira em ocas de maior perpendiculares porte. amarrados por cipó. 1 2 Imagem 1: www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/imagens/424_14.jpg Imagem 2: www.guaira.sp.gov.br:8080/imagens/oca4.jpg Construída esta trama, aplicava-se a vedação, feita por folhas longas e secas, normalmente de palmeiras ou palha. Este mesmo material vedava todas as paredes envoltórias até convergirem na cobertura, o princípio da casca moderna, ou seja, a combinação das propriedades do mecanismo de laje e das do mecanismo de placa (ENGEL, 2001). As ocas não possuíam janelas e a ventilação era possibilitada pelo material utilizado na vedação, impermeável, mas aberto ao vento por pequenas fendas, e pelas portas (normalmente não se construíam ocas com uma única porta). A Casa Bandeirista: O segundo grande exemplo de arquitetura no Brasil é a Casa Bandeirista. Esta representa um marco da chegada européia no Brasil, pois suas características demonstram claramente influências arquitetônicas que estavam sendo produzidas na Europa, as quais foram adaptadas pela mistura com o saber empírico acerca das construções indígenas aqui existentes. Todas as casas eram muito semelhantes em volumetria, planta e distribuição dos cômodos, no que era uma padronização semelhante à das Ocas Indígenas encontradas pelo país, acrescida da aplicação da tradição européia. Tecnicamente eram construídas de taipa, normalmente de pilão nas paredes exteriores e de mão nas interiores. Duas são as modalidades do sistema construtivo da taipa: a taipa de pilão e a taipa de mão. A técnica da taipa de pilão consiste na feitura de fôrmas de madeira denominadas taipais, mantidas verticalmente através de travessas de madeira a prumo que recebem uma massa homogênea de terra previamente selecionada e peneirada, misturada com areia, argila, 4
  • 5. Universidade Presbiteriana Mackenzie estrume de gado vacum, crina de animais, sangue de boi ou fibras vegetais para garantirem uma maior aglutinação dos materiais e evitar a desintegração por rachaduras e fendas. Após ser umedecida, esta mistura é amassada e posta em camadas de 20 cm no taipal e quando comprimidas pelo pilão ou pelos pés reduzem-se a 15 cm; o processo repete- se sistematicamente até o preenchimento dos taipais. As paredes possuem uma espessura de 40 a 80 cm, são maciças e tornam- se muito resistentes após a secagem. Loureiro. (apud CIANCIARDI, 2004, p. 11). A de mão consiste no arremesso da mesma massa e uma posterior compressão utilizando apenas os pés e mãos. Essas normalmente ficam mais finas e um pouco menos resistentes que as de pilão. As paredes eram auto-portantes, podendo chegar a um metro de espessura dependendo da obra, e tinham como principal desafio estrutural conseguir sustentar o telhado, que, feito de madeira, apresentava uma inclinação menor das águas, com planos mais abertos e menos íngremes próximo aos beirais, visando aliviar os esforços horizontais. Estruturalmente, a casa funcionava como um bloco rígido, evitando, portanto grandes aberturas para as janelas, procurando eliminar pontos críticos na estrutura. Telhado com dupla curvatura Beirais das águas para evitar os prolongados esforços horizontais nas para evitar a paredes. umidade da chuva que Poucas aberturas nas enfraquecia a paredes estrutura para não criar pontos críticos na estrutura. Imagem: http://farm4.static.flickr.com/3368/3428347344_3af1a4caa9o.jpg0 Ainda que os europeus que aqui aportaram já dispusessem de conhecimento técnico, as estruturas continuavam aparecendo, em grande medida de maneira empírica, em um contexto diverso e desconhecido, porém, com resultados similares em algumas regiões próximas a São Paulo e outras localidades litorâneas do sudeste. A Casa Bandeirista indica que os europeus interpretaram as Ocas Indígenas, que se ‘resumiam’ a um esqueleto a ser vedado, como construções que não atendiam necessariamente aos hábitos de vida dos bandeirantes. Dessa forma, uma nova técnica estrutural surgiu para atender a essas novas necessidades, baseadas em costumes sociais diferentes, como, por exemplo, ambientes isolados dentro de uma mesma estrutura para usos diversos, uma individualização do espaço, em contraste com o espaço coletivo indígena. Além disso, o nivelamento do terreno por meio de uma base em caixa de pedras, 5
  • 6. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 ou o uso desta base para a constituição de um vazio sob o piso para controlar a umidade e o acesso de animais e insetos rasteiros, são exemplos dessa reinterpretação. Com a fundação do povoado de São Paulo (1554), houve o inevitável confronto entre duas culturas distintas: a indígena e a ibérica, o que resultou no surgimento de habitações caracterizadas pelo sincretismo técnico-construtivo destas duas culturas distintas, sendo utilizadas durante o século XVI e XVII. O mameluco paulista do século XVII foi o responsável pela solidificação deste sincretismo, que uniu a experiência arquitetônica indígena às necessidades ibéricas. (CIANCIARDI, 2008, p 8). Mesmo de maneira muito rústica, o caminho para inovações estruturais e tecnológicas era o mesmo que se aplica hoje: a busca por novos materiais, as experimentações, e os saberes empíricos originários das construções anteriores. Este processo de busca tecnológica que ‘transformou’ a Oca Indígena na Casa Bandeirista foi o mesmo que mais tarde motivou arquitetos a produzir obras significativas, o desenvolvimento das tecnologias do concreto armado e do aço para atender à nova necessidade dos arranha céus, à plasticidade formal e volumétrica no discurso estético. De qualquer modo, as raízes bandeiristas predominaram por alguns séculos no Brasil, até que as influências da industrialização européia chegassem ao país de modo mais categórico, já em pleno século XIX. Com a chegada do café nossas casas se modificaram de dentro para fora, pois a inércia da tradição fez com que por muito tempo, mesmo com os recentes métodos construtivos trazidos pelo tijolo, se construísse copiando a estética e volumetria da taipa de pilão. Lemos (apud CIANCIARDI, 2004, p 134). Só com o crescimento econômico, particularmente da região sudeste do país, é que esta tradição começou a ser sacudida. O Neoclassicismo e o Ecletismo: A modernização originária das influências européias, impulsionadas pela revolução industrial naquele continente, começou a chegar ao Brasil no decorrer do século XIX e uma nova arquitetura surgiu para atender a novas expectativas e necessidades. Os resquícios coloniais, bandeiristas, ainda muito fortes por aqui no início daquele século, deixaram clara a tentativa de europeização da cultura e da economia brasileiras. Esses fatores, até 1929, foram os responsáveis pela mudança dos hábitos de vida dos brasileiros, que começavam a deixar a zona rural e migrar para os centros urbanos mais avançados, que se constituíam de modo mais determinado apesar do pequeno número de indústrias – a maioria artesanal – e da predominância da agricultura na economia do país (Segawa, 1999). 6
  • 7. Universidade Presbiteriana Mackenzie Em meio a estas influências do desenho urbano europeu, no entanto, ganha força um movimento de ruptura com a europeização de nossa cultura. Por algum tempo ainda, a tradição arquitetônica brasileira manteve os preceitos bandeiristas como padrão. Mesmo com a chegada do tijolo, por muito tempo as casas mantiveram a tipologia bandeirista, mas construídas de tijolo e ornamentadas por elementos neoclássicos. Foi o estilo eclético o responsável pelo rompimento com a tradição bandeirista. Com a chegada de novas técnicas a construção civil se profissionalizou, criando empresas especializadas e plantas fiscalizadas pela prefeitura (CIANCIARDI, 2004). A atenção que passou a ser voltada para as construções foi responsável pelo aumento e aperfeiçoamento das técnicas que eram trazidas de diversos lugares de acordo com os imigrantes que chegavam (ibid.). Estava consolidado o cenário para a transformação urbana de São Paulo. A cidade se revitalizava com a demolição dos velhos casarões de taipas, abrindo passagem para uma paisagem eclética ao estilo europeu. As ruas estavam sendo alargadas, calçadas e iluminadas, enquanto as praças eram erigidas, dignificando o novo centro financeiro do país (CIANCIARDI, 2004, p 19). Os imigrantes trouxeram técnicas ainda não disponíveis no Brasil, substituindo a taipa pelo tijolo, revestimentos em estuque com frisos e cornijas decorativas, embora o padrão ainda fosse a taipa (CIANCIARDI, 2004). “Os italianos preferiam, por exemplo, os alicerces de tijolos aos de pedras, e na carpintaria usavam pregos ao invés de parafusos, o que tinha efeito de mudar as possibilidades estruturais de certas madeiras” Loureiro (apud CIANCIARDI, 2004, p. 34). 1 2 Imagem 1 (Teatro Municipal de São Paulo): www.atarde.com.br/arquivos/2008/05/31432.jpg Imagem 2 (Casa da Rosas, São Paulo): api.ning.com/files/d43zaiHQIRU42RRI6EbErkCcsf0ARmYWWvDCQKJV2G*ZhEqvd2mazyw1EGL39CJm2.jpg O Pensamento Moderno: O surgimento do pensamento moderno, a máquina a vapor, a produção da tecnologia, a produção em larga escala que passa a caracterizar o capitalismo, as migrações para as 7
  • 8. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 cidades, e a conseqüente alteração no hábito de vida da população ocidental foram fatores que influenciaram a mudança radical pela qual a arquitetura passou, sobretudo em suas técnicas construtivas. Este período da arquitetura, denominado de Período Moderno, declarava abertamente o rompimento com as práticas arquitetônicas do passado, as criticavam por não atenderem os hábitos de vida da população, e propunha um novo modelo do pensar arquitetônico. Todas essas mudanças acarretaram uma nova maneira de ver o mundo, assim como de ver a arquitetura. O pensamento fordista que impulsionava a economia também impulsionava os arquitetos, que passavam a ver a arquitetura como a “máquina de morar”. Esse pensamento moderno começava a utilizar a produção em massa e a produção de novas tecnologias para alterar a arquitetura. Construir uma casa a mais cômoda e barata possível, eis o que deve preocupar o arquiteto construtor da nossa época de pequeno capitalismo, onde a questão de economia predomina sobre todas as demais. A beleza da fachada tem que resultar da funcionalidade do plano da disposição interior, como a forma da máquina é determinada pelo mecanismo que é a sua alma. (WARCHAVCHIK, 1925). As construções passavam a utilizar o concreto armado como principal elemento, as estruturas eram encaradas (de maneira genérica) como rígidas e aparentes, muitas vezes como responsáveis pela organização espacial do edifício. Os novos hábitos da população se refletiram na arquitetura como na demanda por residências práticas, formas puras, alto desempenho funcional; deveriam servir à população assim como uma máquina serve às fábricas. A coisa é muito diferente quando examinamos as máquinas para habitação – edifícios. Uma casa é, no final das contas, uma máquina cujo aperfeiçoamento técnico permite, por exemplo, uma distribuição racional da luz, calor, água fria e quente, etc. A construção desses edifícios é concebida por engenheiros, tomando-se em consideração o material de construção da nossa época, o cimento armado. (WARCHAVCHIK, 1925). Eles [como Le Corbusier] queriam que suas casas falassem do futuro, com sua promessa de velocidade e tecnologia, democracia e ciência. Eles queriam que suas poltronas evocassem a carros de corridas e aviões, queriam que suas lâmpadas lembrassem o poder da indústria e os seus bules de café, o dinamismo dos trens de alta velocidade (BOTTON, 2006, p 62) Tudo estruturalmente lógica e eficientemente resolvido. Toda esta reviravolta que acontecia no mundo arquitetônico fez com que a arquitetura passasse a partir de então a encarar as estruturas como compositivas da obra, atribuindo-lhe funções além do equilíbrio estático. 8
  • 9. Universidade Presbiteriana Mackenzie “Assim, a transparência das fachadas, conseguida com a estrutura independente e as paredes de vidro, é comparável à honestidade; a planta livre à democracia e à ampla possibilidade de escolha; a ausência de ornamentação à economia e integridade ética” (MONTANER, 2001, p 12) No Brasil, o movimento moderno teve início com a prática de Gregori Warchavchik, e na vida acadêmica pela reforma na Escola Nacional de Belas Artes, realizada por seu diretor, o arquiteto Lúcio Costa. Na América Latina, o sistema Beaux-Arts importado da Europa tinha se esgotado por ele mesmo e os mais avançados arquitetos latino-americanos estavam buscando por conta própria a superação de um sistema antiquado. A demonstração mais clara da existência de um caminho latino-americano próprio para a modernidade são as teorias de Lúcio Costa (1902- 1998) e a obra da juventude de Oscar Niemeyer (1907-). O arquiteto russo Gregori Warchavchik, emigrado ao Brasil em 1928 introduziu Lúcio Costa à arquitetura moderna; e este foi o professor de Niemeyer (MONTANER, op. cit., p 25,26) Lúcio Costa lembra as mudanças da seguinte forma: Nas extensas galerias povoadas do testemunho em gesso de obras imortais, ainda parece ressoar o passo cadenciado do velho diretor Baptista da Costa, sempre sombrio e cabisbaixo, mãos para trás, e a esconder tão bem a alma boníssima sob o ar taciturno, que a irreverência acadêmica o apelidara Mutum. Como tudo isso já parece distante... E, no entanto, apenas vinte anos depois, construía-se o edifício do Ministério da Educação e Saúde. A arquitetura jamais passou, noutro igual espaço de tempo, por tamanha transformação. (COSTA,1995, p 68). E prossegue: O Parthenon, Reims, Santa Sofia, tudo construção, tudo honesto, as coluna suportam, os arcos trabalham. Nada mente. Nós fazemos exatamente o contrário – se a estrutura pede cinco, a arquitetura pede cinqüenta. Procedemos da seguinte maneira: feito o arcabouço, simples, real, em concreto armado, tratamos de escondê-lo por todos os meios e modos; simulam-se arcos e contrafortes, penduram-se colunas, atarraxam-se vigas de madeira às lajes de concreto[...]. (ibid.) A partir de então, as obras começaram a apresentar estruturas com papel de destaque. Novos materiais surgiram e alteraram as possibilidades estruturais e espaciais, criando novas metodologias e processos de projeto. No Brasil, este movimento se deu primordialmente com o surgimento das chamadas escolas ‘Paulista’ e ‘Carioca’, revelando nomes como os de Vilanova Artigas e Oscar Niemeyer. No caso da escola Paulista, o “Brutalismo” propôs formas puras, estruturas sinceras, concreto aparente e ousadias estruturais. Já a escola Carioca se destacou por obras plásticas moldando o concreto. 9
  • 10. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 1 2 3 3 4 Imagem 1 (Villa Savoye, Le Corbusier): arktetura.files.wordpress.com/2009/09/villa-savoye-2.jpg Imagem 2 (Faculdade de Arq. e Urb. da Universidade de São Paulo, Vilanova Artigas): autor Imagem 3 (Capela da Pampulha, Oscar Niemeyer): autor Imagem 4 (Museu de Arte de São Paulo, Lina Bo Bardi): www2.nelsonkon.com.br/popup.asp?ID_Obra=44&ID_Foto=298 DOIS ARQUITETOS BRASILEIROS Marcos Acayaba Natural de São Paulo, Marcos Acayaba é considerado um dos mais inventivos arquitetos brasileiros. “A obra de Marcos Acayaba destaca-se como uma das mais consistentes no cenário da arquitetura brasileira contemporânea” (WISNIK, 2007, p 13). Acayaba é um arquiteto que utiliza grande variedade de materiais e técnicas construtivas, como alvenaria estrutural e estruturas pré-fabricadas em madeira e concreto, com formas novas, resultado de análises rigorosas de condições específicas, como terreno, clima, entorno, situação urbana e assim por diante (NAKANISHI, 2007). Comentários sobre algumas obras: 1) Sede de Fazenda em Pindorama: Local: Bairro do Jacaré - Cabreúva, SP. Ano do projeto: 1974. Período de construção: 1975. Arquitetos: Marcos Acayaba e Augusto Lívio Malzoni. Esta obra está localizada longe da cidade, sobre uma área plana. Há dois pátios de lazer internos, protegidos dos ventos da região, de onde se desenvolve o resto do projeto. Pela 10
  • 11. Universidade Presbiteriana Mackenzie dificuldade de encontrar mão de obra no local e transporte de materiais, o arquiteto optou por um sistema estrutural com facilidade de execução (www.marcosacayaba.arq.br). Portanto, o desenvolvimento do projeto desta obra mostra claramente a metodologia de projeto que o arquiteto diz utilizar: “Assumo então a estratégia de obra, onde o processo de produção é fundamental, como uma referência, uma bússola, que vai orientar a concepção e o desenvolvimento do projeto” (www.marcosacayaba.arq.br). Partindo de uma análise da área, Acayaba optou pela utilização de uma estrutura mais convencional, como nos projetos de fábricas, muito próximas das placas corrugadas. O arquiteto concluiu que a estrutura utilizada deveria ser uma adaptação das estruturas de grande porte para uma obra residencial. O processo de construção das coberturas foi realizado por um processo industrial, fôrmas idênticas de madeira que se repetem sucessivamente. Após a cura do concreto, por não ter havido contato entre a madeira e o concreto, as cambotas foram transportadas inteiras e reutilizadas por várias vezes. Imagens: www.marcosacayaba.arq.br/lista.projetos.chain 2) Vila Butantã: Local: Vila Pirajussara - São Paulo, SP. Ano do projeto: 1998. Período de construção: 2004. Arquitetos: Marcos Acayaba e Suely Mizobe. Este projeto reúne alguns aspectos significativos para o desenho final: a topografia em queda, a vista, o baixo custo e flexibilidade, conceitos bastante contemporâneos. Estes aspectos é que determinaram o uso de certos materiais resultando em casas geminadas que acompanham as curvas do terreno. Para racionalizar o processo de produção com baixo custo, o arquiteto utilizou alvenaria armada com blocos de concreto pigmentado, que 11
  • 12. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 apóiam lajes mistas de concreto e madeira, uma técnica nova patenteada pelo arquiteto. (www.marcosacayaba.arq.br) Fugindo da solução convencional de laje em concreto, Acayaba e Hélio Olga [seu engenheiro], decidiram propor uma solução até então nova no Brasil, um tipo de laje nervurada, de madeira e concreto, que foi patenteado depois de ensaios e estudos realizados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas. (NAKANISHI, 2007, p 160) Esta nova solução estrutural sugere as opções técnicas do arquiteto em seu processo de projeto. Suas preocupações técnicas e ambientais aparecem na economia de concreto e no uso racional da madeira. 1 2 Imagens 1, 2 e 4: www.marcosacayaba.arq.br/lista.projetos.chain 3 4 Imagem 3: Nakanishi, 2007, p 159 3) Residência Marcos Acayaba: Local: Tijucopava - Guarujá, SP. Ano do projeto: 1996. Período de construção: 1996 – 1997. Arquitetos: Marcos Acayaba, Suely Mizobe, Mauro Halluli, Fábio Valentim. Esta residência é o resultado de algumas experiências, reflexões e obras do arquiteto, algumas bastante similares. 12
  • 13. Universidade Presbiteriana Mackenzie “O projeto da minha casa é conseqüência de um processo que teve início na Residência Hélio Olga, passou pela Residência Baeta, e depois pelo Protótipo (1993), que teve seu desenho aplicado e testado na estrutura da Residência Valentim (1993-95)” Acayaba (apud KATINSK, SEGAWA e WISNIK, 2007). 1 2 3 Imagem 1 (Residência Hélio Olga): www2.nelsonkon.com.br/popup.asp?ID_Obra=14&ID_Foto=97 Imagem 2 (Residência Baeta): Nakanishi, 2007, p 105 Imagem 3 ( Residência Marcos Acayaba): Nakanishi, 2007, p 105 Do ponto de vista metodológico, nos casos acima, a falta de espaço para o canteiro de obras implicou a utilização de pré-moldados, a declividade do terreno implicou em trabalhar com mais de um nível, a natureza a ser preservada e o solo úmido implicaram a redução de pontos tocantes no solo e nas formas adaptáveis as árvores já existentes no local. (ACAYABA apud KATINSK, SEGAWA e WISNIK. 2007). Do ponto de vista de evolução estrutural, no caso da residência Hélio Olga, a forma mais estreita obrigou a utilização de travamentos metálicos externos aos módulos quadrados que conformam a estrutura. Já na residência Baeta, os seis pontos que chegam ao solo se ramificam em mãos-francesas e passam a sustentar pisos modulados por triângulos eqüiláteros, que, por sua vez, passam lado a lado a conformar hexágonos até formarem os pisos, o que resultou no chamado “Protótipo”. “Essa nova formação estrutural é muito mais eficiente por trabalhar com formas triangulares que se travam naturalmente a esforços horizontais” (NAKANISHI, 2007, p 128). O sucesso dessa obra e a eficiência de seu módulo (o triângulo) despertaram estudos, que culminaram na padronização de um módulo que possibilita diferentes conformações para terrenos similares. A Residência Marcos Acayaba melhorou este processo estrutural ao propor tocar o solo em apenas três pontos. Estas obras são consideradas ‘construções limpas’. Praticamente todas em pré-moldados, integram-se à natureza, têm prazos de execução muito curtos, além de utilizarem pouca quantidade de mão-de-obra. Concluí-se, portanto, que no trabalho de Marcos Acayaba a evolução do processo de projeto se dá, em grande medida, em torno das questões das técnicas e materiais disponíveis no local. Feitas estas análises e escolhidos os materiais a 13
  • 14. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 ser trabalhados, o arquiteto praticamente já tem o sistema estrutural definido, em um processo único, integrado com possibilidades técnicas, plásticas, construtivas e ambientais (WISNIK, 2007). Paulo Archias Mendes da Rocha Nascido em Vitória, no Espírito Santo, formou-se arquiteto na Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1954 e passou a lecionar na Universidade de São Paulo em 1959. A linguagem das obras de Mendes da Rocha demonstra uma “busca do recurso tecnicamente perfeito para a consolidação dos espaços” (ARTIGAS, 2007, p 11). Sua metodologia projetual nasce em meio a sua formação no contexto da modernidade brasileira, sua ligação com a escola paulista, o brutalismo, as influências de seu mestre, Vilanova Artigas, e as referências minimalistas do século XX (MONTANER e VILLAC, 1996), sempre pensando a relação com a cidade. Sua preocupação parece ter sempre sido tanto com a carga de informação necessária ao profissional, como com a integração ser humano – ambiente, uma síntese entre técnica e arte. Quando um arquiteto risca num papel uma anotação formal, um croqui, está convocando todo o saber necessário, mecânica dos fluidos, mecânica dos solos, máquinas e cálculos que sabe que existem para fazer aquilo. Abordar a questão da técnica, do ponto de vista de um arquiteto, como quem anula a distância, aparentemente inexorável, entre humanismo e técnica, entre filosofia e matemática, entre razão e imaginação (MENDES DA ROCHA, 2006, p. 71). As intenções estéticas são demonstradas pelas formas expressivas que a técnica permite, assim como pela opção quase singular do concreto aparente na maioria de suas obras. (VILLAC, 2001). Comentários sobre algumas obras: 1) Ginásio do clube Atlético Paulistano: Local: Bairro dos Jardins, São Paulo – SP. Ano do projeto: 1958. Arquiteto: Paulo Mendes da Rocha. Este projeto, do início da carreira do arquiteto, mostra a clara definição da forma a partir da solução técnica adotada para criar permeabilidade e flexibilidade para a realização de eventos. O Intuito de se criar uma praça por meio de pilares radiais, a meio piso com a rua externa e com o quarteirão interno, criando desta maneira um espaço retangular de uso misto onde está inscrito o ginásio propriamente dito foi o responsável pelo norteamento do processo de projeto (WISNIK, 2006). A estrutura é exposta, sintetizando desenho e função técnica. O concreto trabalha a compressão por meio dos pilares e o aço a tração por meio 14
  • 15. Universidade Presbiteriana Mackenzie dos tirantes. A cobertura permite a entrada de luz em dois níveis, um entre a cobertura e o anel de concreto e outro entre o anel e a plataforma retangular. 1 2 Imagem 1 (Clube Atlético Paulistano, São Paulo): 2.bp.blogspot.com/_kbn8MFkCWGI/RnZb29JSk8I/AAAAAAAAAjQ/HEEVVLRJzt8/s320/1.jpg Imagem 2 (Clube Atlético Paulistano, São Paulo): 1.bp.blogspot.com/_dTg6-l2hcT8/SQH90g0bByI/AAAAAAAAACI/8kLv4FnphD0/s320/clube+atletico.bmp 2) MuBE - Museu Brasileiro da Escultura Local: São Paulo, Jardins. Ano do Projeto: 1988. Arquiteto: Paulo Mendes da Rocha. A proposta do arquiteto neste projeto foi propor um espaço com utilização não apenas de exposição artística, mas como uma grande praça, possibilitando diversos usos e na qual se marca a presença da intervenção humana pela sensação de uma ‘sombra construída’, gerada por um vão de 12 por 60 metros (WISNIK,2006). Sua simplicidade permitiu a ocupação do solo de no máximo trinta por cento do total, e uma arquitetura que não competisse com as esculturas. O arquiteto trabalhou com o desnível do terreno, praticamente enterrando o espaço de exposições. A opção estrutural foi por um pórtico de concreto, que demonstra a presença humana no local e permite ao usuário o térreo livre, e a sua fluidez por entre os caminhos criados nos desníveis, demonstrando a mescla entre capacidade criativa e interpretativa do arquiteto em relação ao movimento moderno. Ao analisarmos o processo de projeto de Mendes da Rocha, podemos perceber que sua parte criativa está em constante conurbação com a interpretativa, pois se apropria de elementos já consagrados na estética Moderna, que, sob sua nova interpretação, transforma-se em novas soluções de projeto. (ALVES,2005, p. 68). 15
  • 16. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 A opção estrutural sugere algo simples para a sensação de abrigo, porém a técnica construtiva possui certa complexidade ao protender as vigas em caixões perdidos. O arquiteto reinterpreta o movimento Moderno e a Escola Paulista ao utilizar um sistema estrutural para transmitir conceitos teóricos e sensitivos da obra através de dimensões e do material. A estrutura passa a expressar sua metodologia de projeto, “entre humanismo e técnica, entre filosofia e matemática, entre razão e imaginação” (ARTIGAS, 2007, p. 72). 1 2 Imagens 1 e 2 (Museu da Escultura, São Paulo): http://www2.nelsonkon.com.br/obras.asp?ID_Categoria=1&node=42&tiponode=a&ID_Arquiteto=8&ID_Obra=8 3) Marquise – Praça do Patriarca. Local: Centro, São Paulo – SP. Ano do projeto: 1992 Arquiteto: Paulo Mendes da Rocha A marquise da Praça do Patriarca, que deveria integrar um projeto de total revitalização do centro de São Paulo, acabou se tornando um elemento isolado. De qualquer modo, o arquiteto defende as intervenções urbanas como parte da identidade da cidade, sempre mutável, se construindo sobre seus próprios escombros (VILLAC, 2001). Propondo algo suave, sem uma presença pesada do ser humano, o arquiteto demonstra o domínio de seu processo de projeto não como algo estilístico, mas sim intencional. Nesse projeto a mudança no intuito da obra faz com que se alterem as características marcantes dos outros dois projetos aqui analisados (ibid.). “A nova cobertura que Paulo Mendes da Rocha projeta para a Praça do Patriarca é o primeiro projeto do arquiteto cuja materialidade "única", em aço, contraria a preeminência do concreto aparente” (ibid.). Os blocos de concreto, pesados são substituídos por peças leves de metal. A forma adotada para o projeto remete muito mais a idéia de portal, cores claras, forçando praticamente a sua invisibilidade, ou apenas indicando que se olhe para o seu entorno, e não para ela. 16
  • 17. Universidade Presbiteriana Mackenzie Estruturalmente, técnica e material se apresentam juntos, em uma pura estrutura, que gera a sensação de abrigo invocando a arquitetura que por sua vez utiliza do material parconferir os efeitos desejados, tanto sensitivamente como no dimensionamento das peças (ibid.) 1Imagen 1 (cobertura para a Praça do Patriarca, SãoPaulo): www.flickr.com/photos/carloscastejon/3015681016/ CONCLUSÃO Este trabalho é um exame introdutório da questão de como o processo de projeto se relaciona com a escolha do material e a resolução estrutural. O ginásio do Clube Atlético Paulistano, por exemplo, foi selecionado por marcar o início da atuação de destaque de Mendes da Rocha devido a excelência da técnica estrutural para a concepção da forma. O MuBE, do mesmo arquiteto, foi selecionado pelo papel de destaque que possui na cidade, além de demonstrar mais claramente a fusão entre teoria e prática na obra. A cobertura na Praça do Patriarca, ainda de Mendes da Rocha, foi escolhida por demonstrar a capacidade do arquiteto de intervir na cidade, assim como pelo papel de destaque na questão estrutural e na escolha do material a ser utilizado. As obras de Marcos Acayaba selecionadas se devem a opção que o próprio arquiteto fez pelo teste e pela descoberta no seu processo de projeto. Os comentários nesta pesquisa desvendaram em parte a maneira que os dois arquitetos estudados relacionam dentro do processo de projeto a escolha dos materiais assim como a opção estrutural. Os dois arquitetos, apesar de obras bastante diferentes, concordam que a escolha dos materiais assim como a resolução estrutural não são partes autônomas dentro de um processo de projeto; devem ser resolvidas de maneira conjunta e colaborativa e que no processo de projeto o repertório utilizado pelo arquiteto não provém apenas de sua formação acadêmica e sim de toda sua experiência de vida, o que acentua a multidisciplinaridade da arquitetura. Nas obras do arquiteto Paulo Mendes verificou-se uma opção mais constante pela utilização do concreto, em parte pelas referências em Vilanova Artigas, um de seus mestres, mas 17
  • 18. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 principalmente pela defesa teórica do ambiente construído como espaço habitado pelo ser humano. Quando muda, como na intervenção com aço na Praça do Patriarca, em São Paulo, o faz mantendo os mesmos princípios norteadores de sua atuação profissional. Nas obras de Acayaba, pode-se observar opções de estruturas e materiais devido a um processo de projeto mais investigativo, especialmente do sítio da obra, o que lhe permite uma desapego a algum viés formalístico ou estilístico. A importância que os dois arquitetos atribuem às questões estruturais e técnicas, assim como a justificativa pela escolha dos materiais, são fundamentais para o entendimento da concepção de suas obras, intrínsecas ao processo de projeto. REFERÊNCIAS ALVES, André A. D. G. Metodologias de Projeto na Arquitetura Contemporânea. 2005. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2005. ARTIGAS, Rosa. Paulo Mendes da Rocha: Projetos 1957-1999. 3. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2007 BOTTON, Allain de. A Arquitetura da Felicidade. Trad. Talita M. Rodrigues. Rio de Janeiro: Rocco, 2006. CIANCIARDI, Glaucus. A casa ecológica: premissas para a sustentabilidade na arquitetura residencial unifamiliar paulistana. 2004. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2004. COSTA, Lucio. Registro de uma Vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995. ENGEL, Heino. Sistemas Estruturais. Trad. Esther P. da Silva. 2.ed. Barcelona: Gustavo Gili, 2001. KATINSKY, Julio Roberto .; SEGAWA, Hugo.; WISNIK, Guilherme. Marcos Acayaba. São Paulo: Cosac Naify, 2007. ROCHA, Paulo Mendes da. Genealogia da Imaginação. In: ARTIGAS, Rosa. Paulo Mendes da Rocha: Projetos 1957 – 1999. São Paulo: COSACNAIFY, 2006. p. 69- 73. MONTANER, Josep M. Depois do Movimento Moderno. Trad. Maria. B. da C. Mattos. Barcelona: Gustavo Gili, 2001. MONTANER, Josep M.; VILLAC, Maria I. Mendes da Rocha. Trad. Vander. S. L. da Silva. Barcelona: Gustavo Gili, 1996. 18
  • 19. Universidade Presbiteriana Mackenzie NAKANISHI, Tatiana M. Arquitetura e Domínio Técnico: a prática de Marcos Acayaba. 2007. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007. PIÑON, Hélio. Paulo Mendes da Rocha. São Paulo: Romano Guerra, 2002. SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil 1900-1990. 2.ed. São Paulo: EDUSP. 1999. VILLAC, Maria I. Um Novo Discurso para a Megacidade: Projeto Praça do Patriarca. São Paulo: Vitruvius, 2001. Disponível em: <vitruvius.com.br/arquitextos/arq018/arq01801.asp>. Acesso em: 09 ago. 2011. WARCHAVCHIK, Gregori. Acerca da Arquitetura Moderna. Rio de Janeiro: Correio da manhã, 1925. Disponível em: <www.arterorigo.xpg.com.br/.../manifesto%20arquitetura%20moderna.doc>. Acesso em 09 ago 2011. WISNIK, Guilherme. Memoriais dos Projetos. In: ARTIGAS, Rosa. Paulo Mendes da Rocha, Projetos: 1957 – 1999. 3. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2006. p. 80. Contato: ze_duds@hotmail.com e mario@sqmaquetes.com.br 19