a. O poeta sente-se desanimado ao regressar a Portugal, lamentando que os portugueses não valorizem mais o seu trabalho épico e a grandeza do passado de Portugal.
b. O poeta pede ao rei que reconheça e recompense os mais experientes vassalos, que tanto fizeram para expandir a fé e o império português.
c. O poeta exorta o rei a garantir que Portugal continue a liderar e não a ser liderado por outras nações.
Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 35-36
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 136-137
1.
2. [145]
Confesso que, neste momento, me
sinto com a lira destemperada e a voz
enrouquecida. E não por causa do canto
que fiz, mas por me dar conta de que
venho cantar a gente surda/maneta e
endurecida. É que a Pátria não incentiva
ao engenho, visto que está metida / no
gosto da cobiça e na rudeza / duma
austera, apagada e vil tristeza, que
pouco tem a ver com a grandeza do
passado que eu vim lembrar.
3. [146-149]
Por isso, ó Rei, reparai bem que sois
senhor só de vassalos excelentes, como
acabei de provar com este poema. Estes
vassalos que tendes estão dispostos a
tudo, para vos servir/assassinar. É bom
então que sejais humano e generoso
com eles, que os liberteis/carregueis de
leis severas. Sobretudo, tende
consideração especial para com os que
mais experiência de vida têm, pois eles é
que sabem bem o como, o quando, e
onde as coisas cabem.
4. [151]
Estimai bem os cavaleiros, pois com
o seu sangue dilatam Fé e o
Império/Benfica.
[152]
Fazei ainda que nunca outros povos
estrangeiros, como os alemães, os
franceses/espanhóis, os italianos e os
ingleses, possam dizer que os
portugueses são mais para ser mandados
do que para mandar.
5.
6. 1. e 1.1. [Sugestão de resposta:]
a.
A chegada a Lisboa decorre num
ambiente sereno e os marinheiros
oferecem ao rei e à nação a fama e o
orgulho desejados.
Conjunção coordenativa copulativa
7. b.
O poeta sente-se incompreendido e
lamenta-se, porque / uma vez que / já que
os portugueses não valorizam o trabalho
épico.
Conjunção / locução subordinativa causal
8. c.
A nação está tão / de tal modo submetida
à ambição e ao desencanto que nin-
guém revela orgulho no trabalho.
Locução subordinativa consecutiva
9. d.
O rei deve reconhecer a coragem dos
seus vassalos para que possa
recompensar os mais experientes.
Locução subordinativa final
10. e.
Os cavaleiros são dignos de «muita
estima» (est. 151, v. 1), porque / visto que
/ uma vez que difundem a Fé e o Império.
Conjunção / locução subordinativa
causal
11. f.
As opiniões dos sábios podem ser
consideradas pelo rei, mas os conselhos dos
homens experimentados são mais
fundamentados.
Conjunção coordenativa adversativa
Embora/conquanto/ainda que as opiniões dos
sábios possam ser consideradas pelo rei, os
conselhos dos homens experimentados são
mais fundamentados.
Conjunção / locução subordinativa concessiva
12.
13. 1.
Trata-se da estância que resume o
regresso da armada. (E, já agora, note-se
como há aqui uma desproporção, entre
tempo do discurso e tempo da história: uma
única oitava serve para todo o percurso de
volta.) As naus tiveram uma viagem em
condições agora ideais («mar sereno / com
vento sempre manso e nunca irado»), até
chegarem a Lisboa («foz do Tejo ameno»).
Ao cumprirem a sua missão, os nautas
portugueses tornaram a pátria e o seu
monarca, D. Manuel, mais poderosos.
14. 2.
As estâncias 145-148 do canto X,
quase as últimas do poema épico (que
termina no oitava 156), revelam
sentimentos contraditórios (desalento,
orgulho, esperança). O poeta recusa
continuar o seu canto («No mais, Musa, no
mais»), não por cansaço, mas por
desânimo. O seu desalento advém de
constatar que canta para «gente surda e
endurecida», «metida no gosto da cobiça
de na rudeza dua austera, apagada e vil
tristeza». Por contraste, temos também o
15. orgulho nos que continuam dispostos a
lutar pela grandeza do passado e a
esperança de que o Rei saiba estimular e
aproveitar essas energias latentes («olhai
que sois […] senhor só de vassalos
excelentes»). É um apelo nesse sentido
que vemos nas estrofes 147 e 148: louvam-
se, primeiro, os intrépidos portugueses
(147) dispostos a tudo para servir o seu rei
(148). (Tudo isto é um pouco eufemístico:
o poeta quer sobretudo que D. Sebastião
reconheça o valor dos que por ele lutaram,
e nesse grupo se inclui.)
16. 3.
A enumeração que ocupa quase toda
a estrofe («a fomes e vigias [até] a
naufrágios, a pexes, ao profundo») tem
carácter anafórico (todos os segmentos
começam pela preposição «a»). A
presença repetida da preposição torna a
série mais enfática, realçando-se assim a
quantidade de situações a que os
destemidos portugueses se não furtaram
(para servir a pátria e o rei). Por outro
lado, a estrutura é assindética (só há
vírgulas
17. entre os segmentos principais), mas, a
meio dos sintagmas, surge algumas
vezes a copulativa «e». Consegue-se um
efeito de acumulação (hiperbólico,
próprio da «tuba canora e belicosa» da
épica), mas, ao mesmo tempo, mantém-
se a necessária fluidez num momento
que tem também carácter vagamente
lírico (é a despedida e o tom não deixa
de ser lamentoso).
18. 4.
[Em cima fui referindo o desânimo por se
dirigir a quem o poeta acha que não o ouve (e
não repito agora a citação). Há também revolta
por não sentir o poeta o reconhecimento que
julga merecer («O favor com que mais se acende
o engenho / Não no dá a pátria»; «não sei por
que influxo de Destino não tem um ledo orgulho
e geral gosto»). Esse ressentimento nota-se
ainda no modo como o poeta caracteriza a
situação que se vive: a pátria está decadente
(«metida no gosto da cobiça e na rudeza d’ua
austera, apagada e vil tristeza»).]
19.
20. Depois de leres «Versos úteis à
navegação» (p. 124), explica como na
crónica se estabelece uma analogia com
as estâncias de Camões que vimos em
aula.
21.
22. X,
145-156
[manual, pp. 191-192]
Regresso da armada.
Poeta lamenta a falta de reconhecimento
pelos compatriotas e critica o estado de
decadência moral do país. Exorta o rei a
que seja digno da grandeza de Portugal e
dispõe-se a servi-lo pelas armas e pela
escrita.