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ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL ‘PÚBLICO’ DO DIA 28 DE JULHO DE 2011 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE




         INICIATIVAS
               QUINTA-FEIRA, 28 DE JULHO DE 2011 | EDIÇÃO N.º5 | AS - AGÊNCIA DE PUBLICIDADE, LDA.




“QUEREMOS SABER MAIS DO QUE TUDO SOBRE O MEDICAMENTO E A SUA ACÇÃO, EM PROL DO DOENTE”,
       REFERE AGOSTINHO FRANKLIM MARQUES, PRESIDENTE DA SECÇÃO REGIONAL DO PORTO.
2 iniciativas SAÚDE

    Ordem dos Farmacêuticos | Secção Regional do Porto

    O AFIRMAR DE COMPETÊNCIAS
    INTEGRADAS EM PROL DE UMA SAÚDE MELHOR
    Um ano depois das comemorações do 175.º aniversário da Ordem dos Farmacêuticos, fomos ao encontro de Agostinho Franklim Marques, Presidente da Secção
    Regional do Porto, para retratarmos, segundo a sua visão, o que é ser hoje farmacêutico em Portugal, à luz dos desafios formativos, técnicos e organizacionais que
    se colocam no exercício da profissão.


“
    O              s farmacêuticos desem-
                   penham actividades muito
                   díspares, naturalmente di-
    ferenciadas”, começa por afirmar Agosti-
    nho Franklim Marques, que centra a tónica
                                                 to dessa decisão farmacoterapêutica. A
                                                 nossa actuação não seria contrariar a de-
                                                 cisão tomada, por um médico”, afirma o
                                                 Presidente da Secção Regional do Porto da
                                                 Ordem dos Farmacêuticos.
    numa reflexão profunda sobre o papel da       Sobre os cuidados farmacêuticos, pre-
    profissão na sociedade. “Se olharmos para     conizados no Documento de Tóquio de
    a acção da Troika (União Europeia, Banco     1993 da Organização Mundial de Saúde,
    Central Europeu e Fundo Monetário Inter-     Agostinho Franklim Marques considera
    nacional), nas recentes negociações para     que os farmacêuticos são profissionais
    o resgate financeiro a Portugal, à primeira   de saúde que estão perfeitamente aptos
    vista parece que vai ao nosso encontro, às   para desempenhar essa tarefa, que passa
    nossas ideias, isto porque, do ponto de      por acompanhar o doente, promovendo a
    vista do exercício farmacêutico, refere a    adesão à terapêutica, em articulação com
    introdução de genéricos e a prescrição por   os médicos. “Defendo a cooperação entre
    Denominação Comum Internacional (DCI)        os profissionais de saúde. O nosso papel
    das substâncias activas, que nós sempre      de acompanhamento nos hospitais, na ida
    defendemos. Estas orientações parecem        às enfermarias, que em Portugal não se faz
    reconhecer o papel importante do farma-      ou se faz em situações muito particulares,
    cêutico. Porém, quem prescreve e toma        é uma prática corrente em muitos países
    a decisão farmacoterapêutica é o clínico,    do mundo. Há pessoas responsáveis que
    o médico. O farmacêutico tem, contudo,       estão muito interessadas em avançar para
    conhecimentos para actuar no seguimen-       essa prática. A verdade é que essa é uma
                                                                      linha de actuação
                                                                      que poderá facilitar o
                                                                      papel do farmacêuti-
                                                                      co ao nível da saúde
                                                                      pública. Os recursos
                                                                      humanos são mui-
                                                                      to importantes e se
                                                                      cada um tiver o seu
                                                                      papel bem defini-
                                                                      do, o farmacêutico
                                                                      tem lugar em todo o
                                                                      lado”, concretiza.
                                                                                                AGOSTINHO FRANKLIM MARQUES, PRESIDENTE DA SECÇÃO REGIONAL DO PORTO
                                                                        UMA OLHAR SOBRE
                                                                           AS FARMÁCIAS        sob o ponto de vista de implicações para a     por acto farmacêutico”.
                                                                                               farmácia. De facto, o reverso da medalha       Ainda sobre a questão dos genéricos, o
                                                                      “Gerir uma farmácia      coloca-se quando o pagamento do acto           Presidente da Secção Regional do Porto da
                                                                      é hoje um problema       farmacêutico é feito exclusivamente em         Ordem dos Farmacêuticos aponta um as-
                                                                      muito complicado”,       termos percentuais sobre os medicamen-         pecto negativo no circuito comercial deste
                                                                      afirma      Agostinho     tos vendidos. Ao diminuírem os preços          tipo de medicamentos: “Portugal tem a
                                                                      Franklim Marques,        dos medicamentos e mantendo o mesmo            particularidade de comercializar medica-
                                                                      explicando que “a        percentual de pagamento logicamente            mentos genéricos de marca, uma realida-
                                                                      diminuição de preços     que o rendimento da farmácia diminui.          de que chega até a subverter o conceito
                                                                      que está a acontecer     Se a tudo isto se adicionar o aumento da       universal de genérico, e que não existe em
                                                                      ao nível dos medi-       exigência relativa aos serviços prestados e    qualquer outro país. Mas, em contraparti-
                                                                      camentos genéricos       ao número de recursos humanos qualifi-          da, hoje em dia com um preço menor, é
                                                                      parece uma situa-        cados nas farmácias, facilmente se enten-      possível utilizando medicamentos genéri-
                                                                      ção muito positiva,      de esta preocupação. Esta situação não é       cos ter igual eficiência e igual eficácia no
                                                                      para o utente e para     nova e outros países europeus encontra-        tratamento farmacológico. Defendemos
                                                                      o Estado, mas terá       ram formas alternativas de minorar essas       que ao dinheiro que não se gasta, ou me-
                                                                      de ser visto com al-     perdas de rendimento, nomeadamente             lhor que se poupa, poderá ser reinvestido
                                                                      guma preocupação         através da remuneração, mesmo parcial,         em investigação em novos fármacos ou
3 iniciativas SAÚDE

na melhoria dos serviços prestados aos         farmácia, muitas vezes a mesma de sem-
doentes”.                                      pre, ao longo de gerações.
Agostinho Franklim Marques refere que          O Presidente da Secção Regional do Porto
enquanto o médico é remunerado pelo            da Ordem dos Farmacêuticos evoca que
facto de fazer o diagnóstico, prescrever       já houve propostas apresentadas pela
o receituário, isto é pelo exercício efecti-   Ordem dos Farmacêuticos à tutela que
vo do acto médico, os farmacêuticos não        têm um grande potencial de eficiência
o são directamente pelo exercício da sua       e eficácia em termos de saúde pública e
função, do seu acto farmacêutico. “Na re-      geral e com menos custos, reiterando que
alidade, o acto farmacêutico compreende        “neste momento de crise em que vivemos
o que designamos como dispensa activa          o que interessa é o saber, o conhecimen-
de medicamentos, isto é, o envolvimen-         to, na óptica de uma escolha criteriosa,
to directo do farmacêutico com o utente/       e o farmacêutico tem conhecimento e
doente nesse momento da dispensa e no          competências para, sob o ponto de vis-
seu acompanhamento. O que constata-            ta económico, fazer baixar os deficits”.
mos é que nos ”obrigam a vender” me-           Deste leque de propostas enunciado são
dicamentos. A nossa actividade é remu-         exemplo os protocolos terapêuticos, rea-
nerada exclusivamente pela “venda” e não       lizados em muitos lugares do mundo, que
pela dispensa activa, que devia ser sempre     pressupõem que para cada função, para
um princípio inerente ao exercício farma-      cada patologia, para cada dano, para cada
cêutico”, lamenta o Presidente da Secção       órgão, haja uma determinado esquema
Regional do Porto da Ordem dos Farma-          terapêutico, ao nível de medicamentos e
cêuticos. Agostinho Franklim Marques           de meios complementares de diagnóstico.
mostra-se confiante na mudança de pa-           “É um sistema brilhante. Se houver coope-
radigma e refere que há pequenos exem-         ração entre estes estudos, temos um ca-
plos que fazem com que a classe farma-         minho vasto e com um grande potencial
cêutica possa progredir bem, assim queira      a cumprir. O objectivo do farmacêutico é
o poder político. “Existem cerca de 2850       o doente e não o medicamento ‘per se’,
farmácias em todo o país, 300 centros de       sendo este último apenas mais um elo
saúde e 100 hospitais. Registamos uma          de ligação. Queremos saber mais do que       dentro da cadeia de valor da saúde, o que                                  clo contrário aos resultados brilhantes, em
média de 150 utentes por dia nas farmá-        tudo sobre o medicamento e a sua acção,      é importante é que exista um esquema                                       termos financeiros e de reconhecimento
cias. Veja-se o potencial que o farmacêu-      em prol do doente. De nada adianta fa-       piramidal, com uma hierarquia funcional e                                  público conquistados por estas ao longo
tico tem na área da saúde primária e no        zer um bom medicamento se o mesmo            de competências muito bem definida”.                                        de décadas.
seguimento ‘a posteriori’ dos doentes.         não tiver efeito. O nosso objectivo come-    As questões organizacionais, em debate                                     Num horizonte de futuro, Agostinho
Nós somos o Alfa e o Ómega da cadeia           ça e acaba no doente”, reitera Agostinho     contínuo no seio da Ordem dos Farma-                                       Franklim Marques preconiza que “a ino-
de saúde em Portugal. Muitas vezes, antes      Franklim Marques.                            cêuticos, levam-nos a questionar o Pre-                                    vação é imprescindível” e que “temos de
de o doente ir ao médico, passa por nós        No campo dos medicamentos não su-            sidente da Secção Regional do Porto da                                     analisar os custos da saúde como um todo
e este papel que toda a gente sabe que o       jeitos a receita médica, vendidos fora do    Ordem dos Farmacêuticos sobre os gran-                                     e não os podemos considerar numa pers-
temos é muitas vezes menosprezado. No          circuito da farmácia, o nosso entrevistado   des desafios em análise. Neste sentido,                                     pectiva imediata. Quanto mais saudável é
momento actual, se a nossa acção for bem       considera que “apesar de serem poten-        Agostinho Franklim Marques aponta que                                      uma sociedade, mais rica é. Analisar um
aproveitada, podemos avançar com ainda         cialmente inócuos, é preciso ter em conta    as farmácias nos hospitais, não as farmá-                                  medicamento inovador só pela perspecti-
mais exemplos de boas práticas”, afirma.        as particularidades associadas à sua do-     cias hospitalares, mas sim as sociedades                                   va do preço é um erro, porque o investi-
                                               sagem e especificidade, de forma a não        comerciais contíguas, redundaram em                                        mento numa potencial cura, recorrendo a
           FORMAÇÃO E VISÕES DE FUTURO         trazer problemas a quem são administra-      fracasso e que seria altura de ter cora-                                   novas moléculas, é compensador a longo
                                               dos. Não existem medicamentos isentos        gem para acabar com estas unidades, tal                                    prazo. É importante valorizar a humaniza-
A preparação dos farmacêuticos do ponto        de efeitos negativos. Deviam ser elabo-      como se apresentam. Uma outra questão                                      ção da saúde nas suas múltiplas vertentes,
de vista académico, técnico e organiza-        radas embalagens de menor dimensão,          importante é a propriedade da farmácia                                     porque se está a olhar para a saúde numa
cional tem sido uma aposta contínua da         para quando a sua toma é estritamente        que deve ser exclusiva do farmacêutico,                                    óptica muito economicista”. Na vertente
Ordem dos Farmacêuticos ao longo da            necessária. Adicionalmente, afirmo a ideia    onde a estrutura interna deve ser valori-                                  política, o da Secção Regional do Porto da
sua História. “Na área das Ciências Far-       de que a sua dispensa fora do circuito       zada pela perspectiva da dispensa activa                                   Ordem dos Farmacêuticos está convicto
macêuticas temos, genericamente, uma           farmacêutico e atendendo à natureza da       e não da venda pura, obedecendo a cri-                                     de que “um governo que queira fazer re-
excelente formação superior em Portugal.       não sujeição a receita médica, devia ser     térios exclusivamente economicistas. O                                     formas no sector da saúde tem de auscul-
Penso que todos os alunos desta área da        realizada sob a orientação de um farma-      nosso entrevistado afirma ainda que a                                       tar e apostar nos farmacêuticos, porque
saúde saem bem preparados”, considera          cêutico. Defendemos a existência de uma      imposição de condições “cegas” a todas                                     se não houver vontade para aproveitar o
o Presidente da Secção Regional do Porto       terceira lista de medicamentos não sujei-    as farmácias, sem atender ao contexto                                      contributo da nossa profissão, nos dife-
da Ordem dos Farmacêuticos, sugerindo          tos a prescrição médica de distribuição      sócio-económico onde estão inseridas,                                      rentes tipos de cuidados de saúde, esse
que “em Portugal, o que poderá ser mais        exclusiva na farmácia. A dispensa deste      faz com que haja um número crescente                                       erro crasso revela-se um desperdício para
estimulado, que pode ser feito na facul-       tipo de medicamentos devia ser realiza-      de farmácias em falência técnica, um ci-                                   a sociedade”.       IA
dade ou ‘a posteriori’, é o exercício e a      da unicamente e sob a responsabilidade
realização dos cuidados farmacêuticos,         técnica de um farmacêutico. A designação
                                                                                                            PROPRIEDADE, EDIÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E AUTOR
que pressupõe que o farmacêutico se res-       a adoptar seria «medicamentos de indi-
                                                                                                            AS - AGÊNCIA DE PUBLICIDADE, LDA. | Rua Cova da Bela, n.º86 | 4400-428 Vila Nova de Gaia
                                                                                            FICHA TÉCNICA




ponsabilize individualmente pelo doente,       cação farmacêutica», que não é novidade
                                                                                                            Fax. 222 061 029 | E-mail geral@as-agencia.pt | NIPC 509 425 690
através de um seguimento ou acompa-            em outros países, porque não queremos                        Editora Clara Henriques| Produção de Conteúdos Adélia Abreu, Ana Mota, Luís Manuel Martins
nhamento farmacoterapêutico integrado,         nem é nosso objectivo, de forma alguma,                      Produção Gráfica e Paginação Lídia Pinto, Mafalda Araújo (Estagiária)
como um «farmacêutico de família», fa-         prescrever, já que essa é uma competên-                      Director Comercial Adriano Magalhães | Gestão de Comunicação Carlos Lima, Fernando Bragança
zendo a analogia com o médico de famí-         cia dos médicos”. A responsabilidade da                      José Alberto, José Machado, Rolando Pereira e Vitor Fafe
lia”. Agostinho Franklim Marques destaca       gestão destes processos tem de emanar                        Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do
                                                                                                            editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro
ainda um aspecto muito positivo capita-        da formação que cada profissional tem,                        processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos
lizado pelos farmacêuticos que é o facto       segundo Agostinho Franklim Marques:                          da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções
                                                                                                            com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos,
de fidelizarem muito as pessoas que vão à       “Não nos podemos sobrepor a ninguém                          não são da responsabilidade do editor.
7 iniciativas VALONGO
Cidade de Alfena
AS PESSOAS NO CENTRO DA
        CONSTRUÇÃO DE UMA ALFENA MODERNA
É na invocação do orgulho colectivo, que Arnaldo Pinto Soares, vereador dos pelouros da Finanças, Obras Municipais e Transportes da Câmara Municipal de Va-
longo, dimensiona a elevação de Alfena a cidade, sublinhando o potencial de crescimento económico que se espera capitalizar, em torno do ideal perspectivado
de desenvolvimento sustentável para a freguesia, ao longo dos próximos anos.



H
                                              da”, refere o vereador, congratulando-se
                á muitas pessoas que          pelo facto de já existirem muitos em-
                questionam a razão de         presários dispostos a investir, sobretu-
                Alfena ter sido elevada a     do nos sectores da logística e da grande
cidade e o que é que este estatuto admi-      distribuição. “Seria fundamental que esse
nistrativo traz de novo. Eu faria a questão   projecto avançasse, à luz de uma econo-
ao contrário”, começa por afirmar Arnaldo      mia de escala, porque estaríamos a criar
Pinto Soares, na certeza de que “não traz     milhares de postos de trabalho, receitas
aumento de impostos, como as pessoas          para o município, incremento à habitação
temem, mas contempla dois aspectos            e crescimento dos sectores do comércio e
fundamentais – o orgulho colectivo que        serviços”, acrescenta.
dá força e motivação para se continuar        A cidade de Alfena apresenta interessan-
com o trabalho que até aqui se tem de-        tes perspectivas de desenvolvimento sus-
senvolvido, em termos de equipamentos         tentado e de incremento da qualidade de
dos sectores da educação, da saúde e da       vida. “Temos de aproveitar as margens do
acção social, dimensionados para uma          Rio Leça, que atravessa a localidade de lés
população de cerca de 20 mil habitantes”.     a lés, ao longo de cinco quilómetros, para
O vereador da Câmara Municipal não tem        construir espaços de lazer, pontos de en-
dúvidas de que Alfena é a freguesia do        contro e bem-estar para a população, à
concelho de Valongo mais bem posicio-         semelhança do que foi pensado para São
nada, ou com maior potencial nos pró-         Lázaro, para a zona envolvente da Igreja
ximos anos. “O aspecto económico vai          Matriz e para o Reguengo”, enuncia o ve-
ser fundamental, porque tivemos muitos        reador da Câmara Municipal de Valongo,
anos em que se inverteu o ciclo normal        consciente que “de uma forma equilibrada
de crescimento, numa lógica de desen-         podemos pensar numa cidade de futuro,
volvimento não sustentado”, atesta Ar-        que consiga ter crescimento e riqueza,
naldo Pinto Soares. Alfena é atravessada      para poder proporcionar o ambicionado
por uma vasta rede viária, composta na        desenvolvimento. É preciso dinamizar o
sua maior parte por auto-estradas (A3,        comércio e os serviços para captar novos
A4, A41 e A42), registando a vantagem         residentes”. A inauguração de um novo
de estar perto do Aeroporto Internacional     hospital privado em Novembro é apenas
do Porto e do Porto de Leixões. “Na zona      um exemplo desta máxima de moderni-
da Senhora do Amparo temos um nó da           zação. “Há um grande envolvimento polí-        ARNALDO PINTO SOARES, VEREADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DE VALONGO
auto-estrada A41 que deriva nas imedia-       tico e cívico na construção de uma Alfena
ções de uma imensa mancha florestal que        melhor e acredito que o crescimento eco-      a cimentar. O domínio da acção social, se-   carenciadas”, estruturando a argumen-
abrange as freguesias de Alfena, Sobrado      nómico e o desenvolvimento são elemen-        gundo o vereador, “é muito importante”,      tação no princípio de que “um projecto
e Valongo. Temos ali a possibilidade de       tos estruturantes, na base de sonhos que      dado que existe “um vasto conjunto de        de futuro para uma terra só tem sentido
construir uma área industrial muito gran-     não podem deixar de existir”, afirma Ar-       respostas integradas e flexíveis, levadas a   se for a área social o ponto de partida,
de ao longo na estrada nacional 606, ou       naldo Pinto Soares, na base de um amplo       cabo por diversas entidades, que têm tra-    porque as pessoas é que são o centro de
«Estrada dos Alemães», como é conheci-        consenso interpartidário que se tem vindo     balhado muito no apoio às pessoas mais       tudo”.IA
8 iniciativas DIREITO
Câmara dos Solicitadores | Conselho Regional do Norte

CRESCER NUMA PROFISSÃO COM HISTÓRIA
Elos essenciais do sistema judicial português, os solicitadores enfrentam hoje desafios de alargamento de competências que os levaram a entrar em 2003, por
exemplo, no campo dos agentes de execução. A formação é um elemento estruturante e a classe tem de ser repensada a partir da base sob critérios de equilíbrio,
qualidade e exigência, como considera José Antas, Presidente do Conselho Regional do Norte da Câmara dos Solicitadores, nosso entrevistado.




C               ada vez mais a formação
                é um factor distintivo para
                a afirmação de um servi-
ço integrado e de excelência por parte
dos solicitadores. “O maior investimento
                                                                                                         de ser tratada ao nível da
                                                                                                         tutela ministerial do ensi-
                                                                                                         no superior e dos estabe-
                                                                                                         lecimentos de ensino que
                                                                                                         ministrem a formação em
                                                                                                                                         mas não são os únicos intervenientes
                                                                                                                                         que têm influência no desenvolvimento
                                                                                                                                         do processo. No fundo há uma cadeia
                                                                                                                                         de intervenientes onde cada um poderá
                                                                                                                                         ter um papel na resolução ou no atra-
da Câmara dos Solicitadores continua a                                                                   Solicitadoria, bem como da      so de um problema, porque é um erro
ser a formação, porque é fundamental.                                                                    Câmara dos Solicitadores        apontarmos um único culpado na len-
Não queremos ser acusados de que os                                                                      e, eventualmente, da Or-        tidão da justiça. A culpa é de todos”,
profissionais solicitadores e agentes de                                                                  dem dos Advogados”. Re-         considera José Antas, acrescentando um
execução não sejam melhores por falta                                                                    conhecendo que a forma-         dado importante: “Quando em 2003, o
dela. Lutamos por ser melhores, dando                                                                    ção gira à volta do lucro,      sistema como o conhecemos foi aberto
mais e melhor formação”, afirma José                                                                      José Antas defende que é        aos solicitadores, legalmente previa-se
Antas, considerando que este elemento                                                                    importante criar mecanis-       muitos aspectos que ainda hoje não es-
tem de ser considerado desde que um                                                                      mos de equilíbrio, de qua-      tão implementados. À época ainda não
aluno decide entrar num curso superior                                                                   lidade e de exigência, uma      havia sistemas electrónicos tão avança-
de Solicitadoria, num dos 18 estabeleci-                                                                 vez que a sociedade exige       dos como os que hoje existem. Temos
mentos de ensino que o ministram em                                                                      muito dos profissionais,         de olhar para os nossos desafios com
Portugal. “Somos um país muito pequeno        cifra que se elevou, no estágio que está    por via do reconhecimento que confere          mente aberta, acreditando nas nossas
para termos tantas escolas. O que é que       prestes a terminar, para os 400 ele-        ao papel do solicitador. “Continuamos a        capacidades”.
está a acontecer? À semelhança do que         mentos. Já no estágio que começou em        apostar na formação iminentemente gra-         No que respeita à gestão processual, a
acontece com outros cursos superiores,        Janeiro deste ano estão envolvidos, só      tuita e se houver um real aproveitamento       montante e a jusante da instrução, o Pre-
verifica-se um excesso de licenciados.         a nível no Norte do país, cerca de 600      das competências que são ministradas,          sidente do Conselho Regional do Norte
Estamos a ter uma oferta demasiado            candidatos. “Temos um outro problema”,      estamos perante o retorno esperado”,           da Câmara dos Solicitadores é peremp-
grande para a capacidade de absorção          reitera, aclarando que “o estagiário tem    assegura.                                      tório: “Não nos podemos alhear dos
desses profissionais no mercado”, re-          de ter um patrono, um orientador. Com       Face à entrada dos solicitadores no cam-       processos que temos em mãos, à luz
vela o Presidente do Conselho Regional        um tão grande número de estagiários, é      po dos agentes de execução e ao incre-         de uma cadeia de responsabilidade que
do Norte da Câmara dos Solicitadores.         difícil arranjar um número tão grande de    mento de celeridade processual que esta        envolve quer os diversos agentes com
Esta realidade é evidente nos números         patronos. Não é solução para o problema     medida aporta para o sector da Justiça, o      competências judiciais, quer os prazos
que nos apresenta. Segundo José Antas,        criar ‘numerus clausus’ no acesso ao en-    Presidente do Conselho Regional do Nor-        em questão. Não podemos atalhar ca-
no período entre 2006 e 2007 existiam         sino superior. Essa é uma forma artificial   te da Câmara dos Solicitadores, explica        minho, porque há direitos fundamentais
150 a 160 candidatos a estagiários, uma       de resolver o problema. Esta questão tem    que já não são apenas estes os profis-          das pessoas envolvidas”.
                                                                                                                        sionais que      A Lista Pública de Execuções, publicada
                                                                                                                         podem ace-      pelo último Ministro da Justiça, veio acla-
                                                                                                                         der à área      rar os casos de dívidas, uma realidade de
                                                                                                                         de agência      que não é despicienda a questão da ili-
                                                                                                                         de execu-       teracia financeira e desconhecimento das
                                                                                                                         ção,    mas     cláusulas contratuais por parte de muitos
                                                                                                                         também os       consumidores, a juntar à conjuntura de
                                                                                                                         advogados.      crise. Há um elemento positivo na géne-
                                                                                                                         “A possibili-   se desse directório, segundo José Antas.
                                                                                                                         dade que foi    “O executado ao ser notificado que não
                                                                                                                         aberta em       pagando vai para a lista, paga a dívida
                                                                                                                         2003 de os      voluntariamente. Há pessoas que não
                                                                                                                         solicitado-     pagam porque não podem e há os de-
                                                                                                                         res e agora     vedores que não pagam porque não
                                                                                                                         os advoga-      querem, socorrendo-se de todos os me-
                                                                                                                         dos serem       canismos para sustentar a sua decisão”,
                                                                                                                         agentes de      concretiza.
                                                                                                                         execução,       A finalizar, o Presidente do Conselho Re-
                                                                                                                         contribui       gional do Norte da Câmara dos Solicita-
                                                                                                                         para a cele-    dores, José Antas deixa uma mensagem
                                                                                                                         ridade que      de ânimo: “Na globalidade do processo,
                                                                                                                         se pretende,    todos os operadores ligados à justiça
                                                                                                                         através da      têm um papel e uma palavra a dizer. É
                                                                                                                         disponibi-      um esforço nacional, em que todos têm
                                                                                                                         lização de      de dar o seu contributo. Se partimos
                                                                                                                         uma maior       para uma corrida sem optimismo, vamos
                                                                                                                         oferta    de    perdê-la. Temos de acreditar nas nossas
                                                                                                                         actores para    capacidades e passar este optimismo aos
                                                                                                                         fazer    um     nossos associados, encarando de forma
                                                                                                                         determina-      positiva as novas exigências e compe-
                                                                                                                         do trabalho,    tências”.IA
11 iniciativas MAIA
Agroarco                                                                                         IMPERMAIA
                                                                                                 SOLUÇÕES DE EXCELÊNCIA AO
HÁ 25 ANOS A                                                                                     SERVIÇO DA CONSTRUÇÃO CIVIL
CONSTRUIR O FUTURO                                                                               Tudo começou em 1997, quando os irmãos Rogério Santos e Álvaro Moreira se
                                                                                                 decidiram estabelecer por conta própria, no campo das impermeabilizações,
Já lá vão 25 anos desde que começou a lidar com as máquinas agrícolas. Tinha                     revestimentos e isolamentos térmicos, chamando depois o Pai que se encon-
14 anos e o sonho de criar coisas novas. Aos 21 abriu a primeira empresa e                       trava a trabalhar noutra área. Assim nasceu a Impermaia, uma empresa que
hoje orgulha-se de, com suor e empenho, ter conseguido criar um pequeno                          abre as suas portas de Milheirós, na Maia, para todo o território nacional.




                                                                                                 R
império. Pelo menos o seu império. Aquele de que vamos falar nesta entrevista
dada ao Iniciativas.
                                                                                                                  ogério Santos, com quem




D
                                                                                                                  começamos a falar, sempre
                                                                                                                  trabalhou na área admi-
                á pelo nome de Armindo                                                           nistrativa. Quando se juntou com o irmão,
                Correia e é um dos grandes                                                       Álvaro Moreira, para criar a Impermaia, con-
                especialistas em máquinas                                                        tratou profissionais qualificados para dar
agrícolas. Há cerca de dez anos começou                                                          resposta às crescentes solicitações de obra.
a fazer também manutenções noutras áre-                                                          “Essencialmente, fazemos impermeabili-
as, principalmente no sector automóvel,                                                          zações de terraços, coberturas e fachadas,
                                                                                                                                                                                            ROGÉRIO SANTOS E ÁLVARO MOREIRA
mas com a crise actual que se vive tanto                                                         tanto com tela asfáltica, como com mem-
no sector automóvel, como da construção,                                                         branas de PVC, que são os produtos que
resolveu regressar às máquinas agrícolas.                                                        nos oferecem mais garantias”, refere, acres-
Foi, contudo, há dois anos, que apostou                                                          centando que “são produtos diferentes, mas                                                  :: Tribunal da Comarca de




                                                                                                                                                 ALGUMAS OBRAS DE REFERÊNCIA DA IMPERMAIA
em novas instalações, tendo dado um sal-                                                         que apresentam o mesmo resultado final”.                                                    Gondomar;
to importante quer ao nível de aumento de                                                        A oferta complementar da empresa assenta                                                    :: El Corte Inglès (Vila Nova
produção, quer ao nível de qualidade do         O que torna a Agroarco diferente?                na concepção de revestimentos e isolamen-                                                   de Gaia);
espaço físico.                                  Num mercado cada vez mais competitivo            tos térmicos exteriores, áreas igualmente                                                   :: Hospital CUF (Porto);
Com o apoio imprescindível da filha, Ar-         é premente referir que também o cliente          importantes que concorrem para um servi-                                                    :: Hospital de Santo An-
mindo Correia afirma que “tanto a nível de       mudou, tendo evoluído e tendo-se tornado         ço integrado ao cliente. Álvaro Moreira defi-                                               tónio (Porto) – Consultas
Portugal como Espanha, a Agroarco está a        cada vez mais conhecedor. À luz da expe-         ne a Impermaia como uma empresa “mais                                                       Externas;
tentar alargar a sua actividade, mas de for-    riência do empresário, “posso referir que o      vocacionada para a intervenção em edifícios                                                 :: Hospital de São João
ma gradual e prudente. Temos muito tra-         cliente agora está mais preocupado com a         novos, embora a recuperação seja um mer-                                                    (Porto) – Ampliação;
balho, o nosso problema não é falta de tra-     qualidade, mesmo que isso implique um            cado que também é explorado”, na medida                                                     :: Hotel Meliá Ria (Aveiro);
balho, antes pelo contrário. Numa altura de     custo maior. Já tentei produzir com preços       da procura registada.                                                                       :: Intervenções ao abrigo;
crise, este é um sector que continua a evo-     mais acessíveis, mas o que é certo é que         Rogério Santos refere que os materiais têm                                                  do programa “Parque
luir e felizmente o trabalho aparece-nos. O     não é possível. As pessoas procuram quali-       evoluído muito na última década: “Abrem-                                                    Escolar”.
nosso problema é a falta de mão-de-obra         dade e a qualidade não é barata. Temos de        se novas possibilidades em relação ao que
para trabalhar neste ramo de actividade.        explicar às pessoas o que fazemos e como         havia, não tanto ao nível das impermeabili-     Consciente do trabalho de referência reali-
As pessoas não querem trabalhos pesados         fazemos, qual a diferença entre uma má-          zações, mas sobretudo ao nível dos reves-       zado ao longo dos últimos anos, de vocação
nem sujos e não se aguentam muito tempo         quina mais barata e uma mais cara e feliz-       timentos e dos isolamentos térmicos, com        nacional, mas assente, sobretudo, no Norte,
nos sítios”.                                    mente nós temos boas soluções, estamos           soluções cada vez mais versáteis, que apre-     Rogério Santos aponta que as perspectivas
Esta questão da mão-de-obra, segundo o          sempre a inovar e tentamos ir ao encontro        sentam propriedades muito eficazes contra       de crescimento da Impermaia passam pela
nosso interlocutor, “acaba por constituir um    das necessidades dos clientes. Temos má-         as infiltrações e fissurações e que exigem      associação a grandes parceiros do sector da
problema, uma vez que não me consigo li-        quinas novas, estufa, pintura de máquinas,       pouca manutenção”. No campo dos reves-          construção civil e obras públicas, em regi-
bertar do trabalho mais técnico para investir   entre outras coisas. E é aqui que fazemos a      timentos, a Impermaia disponibiliza uma         me de subempreitada e empreitada geral.
mais na parte de inovação. Se tivesse uma       diferença”, garante o proprietário da Agro-      oferta assente em propostas decorativas e       “Somos uma empresa credível, apostamos
equipa mais sólida, arriscava mais. Outra       arco, numa altura em que é tempo de in-          utilitárias, produzida à base de granulados     muito na qualidade e damos garantia dos
das questões é o facto de ter muitos pedi-      vestir, de criar e de inovar. Mas devagar e de   de rocha e muito utilizada nos espaços co-      nossos trabalhos”, reitera, a finalizar, Ro-
dos e, sem mão-de-obra qualificada, não          forma consistente, como sempre tem feito         muns de complexos habitacionais, sobretu-       gério Santos, uma afirmação partilhada por
consigo dar vazão a tanto trabalho”.            Armindo Correira.  IA                            do a nível interior, mas também exterior.       Álvaro Moreira.                                     IA
13 iniciativas MAIA
Junta de Freguesia de Vermoim
A FORÇA DO PLANEAMENTO AO SERVIÇO DA COMUNIDADE
Detentora de uma vasta História, em pleno centro urbano da Maia, a freguesia de Vermoim cresceu muito nos últimos 25 anos, fruto de uma visão estratégica
que honra a autonomia do poder local, como nos conta Aloísio Nogueira, Presidente da Junta de Freguesia e nosso entrevistado.
Integrando o principal núcleo urbano da Maia,     cidade teve que ser feita quase que queiman-
a freguesia de Vermoim tem uma longa His-         do etapas, num homérico esforço de plane-
tória. Em forma de contextualização, gostaria     amento e concretização de equipamentos
de evocar algumas referências distintivas do      colectivos que fornecessem à nova população
passado?                                          os serviços de saúde, educação, saneamento
O actual topónimo Vermoim tem a sua origem        básico e habitação que, felizmente, são con-
etimológica no nome próprio, de origem ger-       siderados direitos básicos de qualquer comu-
mânica, Vermudus (Vermudo ou Bermudo)             nidade. Felizmente que no tal planeamento e
bastante comum na Idade Média peninsular.         concretização de infra-estruturas que houve
Por corruptela do seu diminutivo – Vermu-         que fazer por força dessa transformação, o
dinus – transformou-se no actual vocábulo         poder local teve imenso êxito: redes de abas-
Vermoim. Como era comum ao tempo, a ter-          tecimento público e de saneamento básico
ra terá tomado o nome do seu senhor, cha-         que chegam a todos, escolas básicas moder-
mado Vermudo. Durante o Séc. XIX e durante        nas e exemplares, rede de estabelecimentos
a primeira metade do séc. XX, desenvolveu-        de medicina familiar que chegam para todos
se enormemente em Vermoim uma indústria           os habitantes, infra-estruturas desportivas
artesanal de feitura de tamancos, em oficinas     modulares e acessíveis a todos e um grande
familiares que, a par da agricultura, ocupava     parque de habitação social e uma rede viária     tica acolhe diversos festivais internacionais de   “Há Porco no Parque” e, merecendo uma es-
a maioria da mão-de-obra masculina da fre-        sem estrangulamentos perniciosos, salvo os       ginástica artística e acrobática, sendo o mais     pecial referência nesta altura de Santos Popu-
guesia – os tamanqueiros de Vermoim. Actu-        que nos foram impostos pela Administra-          destacado o Maia International Acro Cup. A         lares a secular “Cascata Sanjoanina do Quim
almente, o único vestígio dessa indústria é a     ção Central, com as SCUT. Obviamente que         nível mais local, existem igualmente outros        do Pedro” uma enorme cascata com centenas
escultura que homenageia aquela profissão,        nem tudo está feito e há sempre espaço para      acontecimentos que merecem referência,             de figuras animadas, que é a maior do país
no Largo do Outeiro. Em meados do séc. XX         melhorar. Apesar de termos um grande nú-         como sejam os concertos da Orquestra Filar-        e que vem deliciando sucessivas gerações de
foi instalada na freguesia uma subestação         mero de fogos de habitação social, a maioria     monia de Vermoim, a Festival Gastronómico          maiatos. IA
transformadora de energia eléctrica, para         deles, encontra-se envelhecido, a necessitar
onde são encaminhadas e se concentram as          com alguma urgência de ser recuperado e
linhas de alta tensão originárias das barragens   reabilitado ou até substituído por um novo
hidroeléctricas do Norte do país. Nessa subes-    paradigma. E isso significa a necessidade de
tação está hoje instalada toda a logística que    muitos milhões de euros. E depois Vermoim,
controla por telemática a totalidade da rede      e a cidade da Maia, precisam de encontrar
eléctrica nacional. Em 3 de Julho de 1986, a      forma de ter grandes espaços de fruição co-
Assembleia da República elevou a Maia a ci-       lectiva e de horizontes despejados bem no
dade, com o seu perímetro urbano compos-          centro, por forma a incrementar ainda mais a
to pelas freguesias de Vermoim, Gueifães e        qualidade da sua vida comunitária. Esses são
Maia. Actualmente, a actividade económica         os dois grandes desafios específicos que se
de Vermoim é predominantemente terciária          colocam a Vermoim e à cidade da Maia. A par
e industrial, concentrando-se na freguesia as     de outros que são comuns a qualquer cidade
mais importantes infra-estruturas desporti-       portuguesa: encontrar formas de, perante a
vas do município da Maia                          erosão das redes informais de solidariedade
                                                  de vizinhança e do conceito de família alarga-
A localização de Vermoim e as acessibilidades     da que nos trouxe a vida moderna, reinventar
de que dispõe tornam a freguesia um lugar         a solidariedade social para podermos todos
apetecível para viver e trabalhar, destacando-    resistir ao tsunami da crise.
se o facto de ser, de entre as três freguesias
urbanas da Maia, a mais populosa. Que desa-       Gostaria de destacar algumas iniciativas e
fios é que traz esta realidade a quem pensa e     eventos que decorram ao longo do ano na
define os rumos da freguesia?                     freguesia de Vermoim?
Em pouco mais de duas décadas a população         São muitos os eventos que acontecem ao
residente na freguesia de Vermoim quase que       longo do ano na cidade da Maia e em Ver-
duplicou (somos actualmente 15700 vermo-          moim. É em Vermoim que estão instalados
enses). Essa taxa de crescimento, que não         os principais equipamentos desportivos do
teve par em mais nenhuma das freguesias           concelho. São, por isso, diversos os even-
do Norte do país, colocou naturalmente uma        tos desportivos de interesse que acontecem
enorme pressão nas infra-estruturas colecti-      nesses equipamentos. Alguns têm mesmo
vas, desde as redes públicas de abastecimen-      relevância internacional pela sua importância
to de água e de saneamento básico, às esco-       e qualidade. Já no mês de Julho acontecerá
las e educação, passando pela rede viária, pela   mais uma edição do festival internacional de
rede de cuidados primários de saúde primá-        andebol, o Maia Andebol Cup; em Abril de
ria, pelo emprego e pela habitação social. Há     cada ano, no Complexo Municipal de Ténis,
pouco menos de uma geração (a minha ge-           há quase 20 anos, decorrer a Taça Interna-
ração), Vermoim era uma bucólica aldeia nos       cional de Ténis Maia Jovem, competição que
arrabaldes do Porto. Hoje é parte de uma das      reúne os melhores jovens tenistas do mundo,
mais dinâmicas cidades de Portugal – a Maia.      em número superior a 300. Todos os anos,
A passagem, em tão pouco tempo, de aldeia a       igualmente, o complexo municipal de ginás-

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  • 1. ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL ‘PÚBLICO’ DO DIA 28 DE JULHO DE 2011 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE INICIATIVAS QUINTA-FEIRA, 28 DE JULHO DE 2011 | EDIÇÃO N.º5 | AS - AGÊNCIA DE PUBLICIDADE, LDA. “QUEREMOS SABER MAIS DO QUE TUDO SOBRE O MEDICAMENTO E A SUA ACÇÃO, EM PROL DO DOENTE”, REFERE AGOSTINHO FRANKLIM MARQUES, PRESIDENTE DA SECÇÃO REGIONAL DO PORTO.
  • 2. 2 iniciativas SAÚDE Ordem dos Farmacêuticos | Secção Regional do Porto O AFIRMAR DE COMPETÊNCIAS INTEGRADAS EM PROL DE UMA SAÚDE MELHOR Um ano depois das comemorações do 175.º aniversário da Ordem dos Farmacêuticos, fomos ao encontro de Agostinho Franklim Marques, Presidente da Secção Regional do Porto, para retratarmos, segundo a sua visão, o que é ser hoje farmacêutico em Portugal, à luz dos desafios formativos, técnicos e organizacionais que se colocam no exercício da profissão. “ O s farmacêuticos desem- penham actividades muito díspares, naturalmente di- ferenciadas”, começa por afirmar Agosti- nho Franklim Marques, que centra a tónica to dessa decisão farmacoterapêutica. A nossa actuação não seria contrariar a de- cisão tomada, por um médico”, afirma o Presidente da Secção Regional do Porto da Ordem dos Farmacêuticos. numa reflexão profunda sobre o papel da Sobre os cuidados farmacêuticos, pre- profissão na sociedade. “Se olharmos para conizados no Documento de Tóquio de a acção da Troika (União Europeia, Banco 1993 da Organização Mundial de Saúde, Central Europeu e Fundo Monetário Inter- Agostinho Franklim Marques considera nacional), nas recentes negociações para que os farmacêuticos são profissionais o resgate financeiro a Portugal, à primeira de saúde que estão perfeitamente aptos vista parece que vai ao nosso encontro, às para desempenhar essa tarefa, que passa nossas ideias, isto porque, do ponto de por acompanhar o doente, promovendo a vista do exercício farmacêutico, refere a adesão à terapêutica, em articulação com introdução de genéricos e a prescrição por os médicos. “Defendo a cooperação entre Denominação Comum Internacional (DCI) os profissionais de saúde. O nosso papel das substâncias activas, que nós sempre de acompanhamento nos hospitais, na ida defendemos. Estas orientações parecem às enfermarias, que em Portugal não se faz reconhecer o papel importante do farma- ou se faz em situações muito particulares, cêutico. Porém, quem prescreve e toma é uma prática corrente em muitos países a decisão farmacoterapêutica é o clínico, do mundo. Há pessoas responsáveis que o médico. O farmacêutico tem, contudo, estão muito interessadas em avançar para conhecimentos para actuar no seguimen- essa prática. A verdade é que essa é uma linha de actuação que poderá facilitar o papel do farmacêuti- co ao nível da saúde pública. Os recursos humanos são mui- to importantes e se cada um tiver o seu papel bem defini- do, o farmacêutico tem lugar em todo o lado”, concretiza. AGOSTINHO FRANKLIM MARQUES, PRESIDENTE DA SECÇÃO REGIONAL DO PORTO UMA OLHAR SOBRE AS FARMÁCIAS sob o ponto de vista de implicações para a por acto farmacêutico”. farmácia. De facto, o reverso da medalha Ainda sobre a questão dos genéricos, o “Gerir uma farmácia coloca-se quando o pagamento do acto Presidente da Secção Regional do Porto da é hoje um problema farmacêutico é feito exclusivamente em Ordem dos Farmacêuticos aponta um as- muito complicado”, termos percentuais sobre os medicamen- pecto negativo no circuito comercial deste afirma Agostinho tos vendidos. Ao diminuírem os preços tipo de medicamentos: “Portugal tem a Franklim Marques, dos medicamentos e mantendo o mesmo particularidade de comercializar medica- explicando que “a percentual de pagamento logicamente mentos genéricos de marca, uma realida- diminuição de preços que o rendimento da farmácia diminui. de que chega até a subverter o conceito que está a acontecer Se a tudo isto se adicionar o aumento da universal de genérico, e que não existe em ao nível dos medi- exigência relativa aos serviços prestados e qualquer outro país. Mas, em contraparti- camentos genéricos ao número de recursos humanos qualifi- da, hoje em dia com um preço menor, é parece uma situa- cados nas farmácias, facilmente se enten- possível utilizando medicamentos genéri- ção muito positiva, de esta preocupação. Esta situação não é cos ter igual eficiência e igual eficácia no para o utente e para nova e outros países europeus encontra- tratamento farmacológico. Defendemos o Estado, mas terá ram formas alternativas de minorar essas que ao dinheiro que não se gasta, ou me- de ser visto com al- perdas de rendimento, nomeadamente lhor que se poupa, poderá ser reinvestido guma preocupação através da remuneração, mesmo parcial, em investigação em novos fármacos ou
  • 3. 3 iniciativas SAÚDE na melhoria dos serviços prestados aos farmácia, muitas vezes a mesma de sem- doentes”. pre, ao longo de gerações. Agostinho Franklim Marques refere que O Presidente da Secção Regional do Porto enquanto o médico é remunerado pelo da Ordem dos Farmacêuticos evoca que facto de fazer o diagnóstico, prescrever já houve propostas apresentadas pela o receituário, isto é pelo exercício efecti- Ordem dos Farmacêuticos à tutela que vo do acto médico, os farmacêuticos não têm um grande potencial de eficiência o são directamente pelo exercício da sua e eficácia em termos de saúde pública e função, do seu acto farmacêutico. “Na re- geral e com menos custos, reiterando que alidade, o acto farmacêutico compreende “neste momento de crise em que vivemos o que designamos como dispensa activa o que interessa é o saber, o conhecimen- de medicamentos, isto é, o envolvimen- to, na óptica de uma escolha criteriosa, to directo do farmacêutico com o utente/ e o farmacêutico tem conhecimento e doente nesse momento da dispensa e no competências para, sob o ponto de vis- seu acompanhamento. O que constata- ta económico, fazer baixar os deficits”. mos é que nos ”obrigam a vender” me- Deste leque de propostas enunciado são dicamentos. A nossa actividade é remu- exemplo os protocolos terapêuticos, rea- nerada exclusivamente pela “venda” e não lizados em muitos lugares do mundo, que pela dispensa activa, que devia ser sempre pressupõem que para cada função, para um princípio inerente ao exercício farma- cada patologia, para cada dano, para cada cêutico”, lamenta o Presidente da Secção órgão, haja uma determinado esquema Regional do Porto da Ordem dos Farma- terapêutico, ao nível de medicamentos e cêuticos. Agostinho Franklim Marques de meios complementares de diagnóstico. mostra-se confiante na mudança de pa- “É um sistema brilhante. Se houver coope- radigma e refere que há pequenos exem- ração entre estes estudos, temos um ca- plos que fazem com que a classe farma- minho vasto e com um grande potencial cêutica possa progredir bem, assim queira a cumprir. O objectivo do farmacêutico é o poder político. “Existem cerca de 2850 o doente e não o medicamento ‘per se’, farmácias em todo o país, 300 centros de sendo este último apenas mais um elo saúde e 100 hospitais. Registamos uma de ligação. Queremos saber mais do que dentro da cadeia de valor da saúde, o que clo contrário aos resultados brilhantes, em média de 150 utentes por dia nas farmá- tudo sobre o medicamento e a sua acção, é importante é que exista um esquema termos financeiros e de reconhecimento cias. Veja-se o potencial que o farmacêu- em prol do doente. De nada adianta fa- piramidal, com uma hierarquia funcional e público conquistados por estas ao longo tico tem na área da saúde primária e no zer um bom medicamento se o mesmo de competências muito bem definida”. de décadas. seguimento ‘a posteriori’ dos doentes. não tiver efeito. O nosso objectivo come- As questões organizacionais, em debate Num horizonte de futuro, Agostinho Nós somos o Alfa e o Ómega da cadeia ça e acaba no doente”, reitera Agostinho contínuo no seio da Ordem dos Farma- Franklim Marques preconiza que “a ino- de saúde em Portugal. Muitas vezes, antes Franklim Marques. cêuticos, levam-nos a questionar o Pre- vação é imprescindível” e que “temos de de o doente ir ao médico, passa por nós No campo dos medicamentos não su- sidente da Secção Regional do Porto da analisar os custos da saúde como um todo e este papel que toda a gente sabe que o jeitos a receita médica, vendidos fora do Ordem dos Farmacêuticos sobre os gran- e não os podemos considerar numa pers- temos é muitas vezes menosprezado. No circuito da farmácia, o nosso entrevistado des desafios em análise. Neste sentido, pectiva imediata. Quanto mais saudável é momento actual, se a nossa acção for bem considera que “apesar de serem poten- Agostinho Franklim Marques aponta que uma sociedade, mais rica é. Analisar um aproveitada, podemos avançar com ainda cialmente inócuos, é preciso ter em conta as farmácias nos hospitais, não as farmá- medicamento inovador só pela perspecti- mais exemplos de boas práticas”, afirma. as particularidades associadas à sua do- cias hospitalares, mas sim as sociedades va do preço é um erro, porque o investi- sagem e especificidade, de forma a não comerciais contíguas, redundaram em mento numa potencial cura, recorrendo a FORMAÇÃO E VISÕES DE FUTURO trazer problemas a quem são administra- fracasso e que seria altura de ter cora- novas moléculas, é compensador a longo dos. Não existem medicamentos isentos gem para acabar com estas unidades, tal prazo. É importante valorizar a humaniza- A preparação dos farmacêuticos do ponto de efeitos negativos. Deviam ser elabo- como se apresentam. Uma outra questão ção da saúde nas suas múltiplas vertentes, de vista académico, técnico e organiza- radas embalagens de menor dimensão, importante é a propriedade da farmácia porque se está a olhar para a saúde numa cional tem sido uma aposta contínua da para quando a sua toma é estritamente que deve ser exclusiva do farmacêutico, óptica muito economicista”. Na vertente Ordem dos Farmacêuticos ao longo da necessária. Adicionalmente, afirmo a ideia onde a estrutura interna deve ser valori- política, o da Secção Regional do Porto da sua História. “Na área das Ciências Far- de que a sua dispensa fora do circuito zada pela perspectiva da dispensa activa Ordem dos Farmacêuticos está convicto macêuticas temos, genericamente, uma farmacêutico e atendendo à natureza da e não da venda pura, obedecendo a cri- de que “um governo que queira fazer re- excelente formação superior em Portugal. não sujeição a receita médica, devia ser térios exclusivamente economicistas. O formas no sector da saúde tem de auscul- Penso que todos os alunos desta área da realizada sob a orientação de um farma- nosso entrevistado afirma ainda que a tar e apostar nos farmacêuticos, porque saúde saem bem preparados”, considera cêutico. Defendemos a existência de uma imposição de condições “cegas” a todas se não houver vontade para aproveitar o o Presidente da Secção Regional do Porto terceira lista de medicamentos não sujei- as farmácias, sem atender ao contexto contributo da nossa profissão, nos dife- da Ordem dos Farmacêuticos, sugerindo tos a prescrição médica de distribuição sócio-económico onde estão inseridas, rentes tipos de cuidados de saúde, esse que “em Portugal, o que poderá ser mais exclusiva na farmácia. A dispensa deste faz com que haja um número crescente erro crasso revela-se um desperdício para estimulado, que pode ser feito na facul- tipo de medicamentos devia ser realiza- de farmácias em falência técnica, um ci- a sociedade”. IA dade ou ‘a posteriori’, é o exercício e a da unicamente e sob a responsabilidade realização dos cuidados farmacêuticos, técnica de um farmacêutico. A designação PROPRIEDADE, EDIÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E AUTOR que pressupõe que o farmacêutico se res- a adoptar seria «medicamentos de indi- AS - AGÊNCIA DE PUBLICIDADE, LDA. | Rua Cova da Bela, n.º86 | 4400-428 Vila Nova de Gaia FICHA TÉCNICA ponsabilize individualmente pelo doente, cação farmacêutica», que não é novidade Fax. 222 061 029 | E-mail geral@as-agencia.pt | NIPC 509 425 690 através de um seguimento ou acompa- em outros países, porque não queremos Editora Clara Henriques| Produção de Conteúdos Adélia Abreu, Ana Mota, Luís Manuel Martins nhamento farmacoterapêutico integrado, nem é nosso objectivo, de forma alguma, Produção Gráfica e Paginação Lídia Pinto, Mafalda Araújo (Estagiária) como um «farmacêutico de família», fa- prescrever, já que essa é uma competên- Director Comercial Adriano Magalhães | Gestão de Comunicação Carlos Lima, Fernando Bragança zendo a analogia com o médico de famí- cia dos médicos”. A responsabilidade da José Alberto, José Machado, Rolando Pereira e Vitor Fafe lia”. Agostinho Franklim Marques destaca gestão destes processos tem de emanar Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro ainda um aspecto muito positivo capita- da formação que cada profissional tem, processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos lizado pelos farmacêuticos que é o facto segundo Agostinho Franklim Marques: da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, de fidelizarem muito as pessoas que vão à “Não nos podemos sobrepor a ninguém não são da responsabilidade do editor.
  • 4. 7 iniciativas VALONGO Cidade de Alfena AS PESSOAS NO CENTRO DA CONSTRUÇÃO DE UMA ALFENA MODERNA É na invocação do orgulho colectivo, que Arnaldo Pinto Soares, vereador dos pelouros da Finanças, Obras Municipais e Transportes da Câmara Municipal de Va- longo, dimensiona a elevação de Alfena a cidade, sublinhando o potencial de crescimento económico que se espera capitalizar, em torno do ideal perspectivado de desenvolvimento sustentável para a freguesia, ao longo dos próximos anos. H da”, refere o vereador, congratulando-se á muitas pessoas que pelo facto de já existirem muitos em- questionam a razão de presários dispostos a investir, sobretu- Alfena ter sido elevada a do nos sectores da logística e da grande cidade e o que é que este estatuto admi- distribuição. “Seria fundamental que esse nistrativo traz de novo. Eu faria a questão projecto avançasse, à luz de uma econo- ao contrário”, começa por afirmar Arnaldo mia de escala, porque estaríamos a criar Pinto Soares, na certeza de que “não traz milhares de postos de trabalho, receitas aumento de impostos, como as pessoas para o município, incremento à habitação temem, mas contempla dois aspectos e crescimento dos sectores do comércio e fundamentais – o orgulho colectivo que serviços”, acrescenta. dá força e motivação para se continuar A cidade de Alfena apresenta interessan- com o trabalho que até aqui se tem de- tes perspectivas de desenvolvimento sus- senvolvido, em termos de equipamentos tentado e de incremento da qualidade de dos sectores da educação, da saúde e da vida. “Temos de aproveitar as margens do acção social, dimensionados para uma Rio Leça, que atravessa a localidade de lés população de cerca de 20 mil habitantes”. a lés, ao longo de cinco quilómetros, para O vereador da Câmara Municipal não tem construir espaços de lazer, pontos de en- dúvidas de que Alfena é a freguesia do contro e bem-estar para a população, à concelho de Valongo mais bem posicio- semelhança do que foi pensado para São nada, ou com maior potencial nos pró- Lázaro, para a zona envolvente da Igreja ximos anos. “O aspecto económico vai Matriz e para o Reguengo”, enuncia o ve- ser fundamental, porque tivemos muitos reador da Câmara Municipal de Valongo, anos em que se inverteu o ciclo normal consciente que “de uma forma equilibrada de crescimento, numa lógica de desen- podemos pensar numa cidade de futuro, volvimento não sustentado”, atesta Ar- que consiga ter crescimento e riqueza, naldo Pinto Soares. Alfena é atravessada para poder proporcionar o ambicionado por uma vasta rede viária, composta na desenvolvimento. É preciso dinamizar o sua maior parte por auto-estradas (A3, comércio e os serviços para captar novos A4, A41 e A42), registando a vantagem residentes”. A inauguração de um novo de estar perto do Aeroporto Internacional hospital privado em Novembro é apenas do Porto e do Porto de Leixões. “Na zona um exemplo desta máxima de moderni- da Senhora do Amparo temos um nó da zação. “Há um grande envolvimento polí- ARNALDO PINTO SOARES, VEREADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DE VALONGO auto-estrada A41 que deriva nas imedia- tico e cívico na construção de uma Alfena ções de uma imensa mancha florestal que melhor e acredito que o crescimento eco- a cimentar. O domínio da acção social, se- carenciadas”, estruturando a argumen- abrange as freguesias de Alfena, Sobrado nómico e o desenvolvimento são elemen- gundo o vereador, “é muito importante”, tação no princípio de que “um projecto e Valongo. Temos ali a possibilidade de tos estruturantes, na base de sonhos que dado que existe “um vasto conjunto de de futuro para uma terra só tem sentido construir uma área industrial muito gran- não podem deixar de existir”, afirma Ar- respostas integradas e flexíveis, levadas a se for a área social o ponto de partida, de ao longo na estrada nacional 606, ou naldo Pinto Soares, na base de um amplo cabo por diversas entidades, que têm tra- porque as pessoas é que são o centro de «Estrada dos Alemães», como é conheci- consenso interpartidário que se tem vindo balhado muito no apoio às pessoas mais tudo”.IA
  • 5. 8 iniciativas DIREITO Câmara dos Solicitadores | Conselho Regional do Norte CRESCER NUMA PROFISSÃO COM HISTÓRIA Elos essenciais do sistema judicial português, os solicitadores enfrentam hoje desafios de alargamento de competências que os levaram a entrar em 2003, por exemplo, no campo dos agentes de execução. A formação é um elemento estruturante e a classe tem de ser repensada a partir da base sob critérios de equilíbrio, qualidade e exigência, como considera José Antas, Presidente do Conselho Regional do Norte da Câmara dos Solicitadores, nosso entrevistado. C ada vez mais a formação é um factor distintivo para a afirmação de um servi- ço integrado e de excelência por parte dos solicitadores. “O maior investimento de ser tratada ao nível da tutela ministerial do ensi- no superior e dos estabe- lecimentos de ensino que ministrem a formação em mas não são os únicos intervenientes que têm influência no desenvolvimento do processo. No fundo há uma cadeia de intervenientes onde cada um poderá ter um papel na resolução ou no atra- da Câmara dos Solicitadores continua a Solicitadoria, bem como da so de um problema, porque é um erro ser a formação, porque é fundamental. Câmara dos Solicitadores apontarmos um único culpado na len- Não queremos ser acusados de que os e, eventualmente, da Or- tidão da justiça. A culpa é de todos”, profissionais solicitadores e agentes de dem dos Advogados”. Re- considera José Antas, acrescentando um execução não sejam melhores por falta conhecendo que a forma- dado importante: “Quando em 2003, o dela. Lutamos por ser melhores, dando ção gira à volta do lucro, sistema como o conhecemos foi aberto mais e melhor formação”, afirma José José Antas defende que é aos solicitadores, legalmente previa-se Antas, considerando que este elemento importante criar mecanis- muitos aspectos que ainda hoje não es- tem de ser considerado desde que um mos de equilíbrio, de qua- tão implementados. À época ainda não aluno decide entrar num curso superior lidade e de exigência, uma havia sistemas electrónicos tão avança- de Solicitadoria, num dos 18 estabeleci- vez que a sociedade exige dos como os que hoje existem. Temos mentos de ensino que o ministram em muito dos profissionais, de olhar para os nossos desafios com Portugal. “Somos um país muito pequeno cifra que se elevou, no estágio que está por via do reconhecimento que confere mente aberta, acreditando nas nossas para termos tantas escolas. O que é que prestes a terminar, para os 400 ele- ao papel do solicitador. “Continuamos a capacidades”. está a acontecer? À semelhança do que mentos. Já no estágio que começou em apostar na formação iminentemente gra- No que respeita à gestão processual, a acontece com outros cursos superiores, Janeiro deste ano estão envolvidos, só tuita e se houver um real aproveitamento montante e a jusante da instrução, o Pre- verifica-se um excesso de licenciados. a nível no Norte do país, cerca de 600 das competências que são ministradas, sidente do Conselho Regional do Norte Estamos a ter uma oferta demasiado candidatos. “Temos um outro problema”, estamos perante o retorno esperado”, da Câmara dos Solicitadores é peremp- grande para a capacidade de absorção reitera, aclarando que “o estagiário tem assegura. tório: “Não nos podemos alhear dos desses profissionais no mercado”, re- de ter um patrono, um orientador. Com Face à entrada dos solicitadores no cam- processos que temos em mãos, à luz vela o Presidente do Conselho Regional um tão grande número de estagiários, é po dos agentes de execução e ao incre- de uma cadeia de responsabilidade que do Norte da Câmara dos Solicitadores. difícil arranjar um número tão grande de mento de celeridade processual que esta envolve quer os diversos agentes com Esta realidade é evidente nos números patronos. Não é solução para o problema medida aporta para o sector da Justiça, o competências judiciais, quer os prazos que nos apresenta. Segundo José Antas, criar ‘numerus clausus’ no acesso ao en- Presidente do Conselho Regional do Nor- em questão. Não podemos atalhar ca- no período entre 2006 e 2007 existiam sino superior. Essa é uma forma artificial te da Câmara dos Solicitadores, explica minho, porque há direitos fundamentais 150 a 160 candidatos a estagiários, uma de resolver o problema. Esta questão tem que já não são apenas estes os profis- das pessoas envolvidas”. sionais que A Lista Pública de Execuções, publicada podem ace- pelo último Ministro da Justiça, veio acla- der à área rar os casos de dívidas, uma realidade de de agência que não é despicienda a questão da ili- de execu- teracia financeira e desconhecimento das ção, mas cláusulas contratuais por parte de muitos também os consumidores, a juntar à conjuntura de advogados. crise. Há um elemento positivo na géne- “A possibili- se desse directório, segundo José Antas. dade que foi “O executado ao ser notificado que não aberta em pagando vai para a lista, paga a dívida 2003 de os voluntariamente. Há pessoas que não solicitado- pagam porque não podem e há os de- res e agora vedores que não pagam porque não os advoga- querem, socorrendo-se de todos os me- dos serem canismos para sustentar a sua decisão”, agentes de concretiza. execução, A finalizar, o Presidente do Conselho Re- contribui gional do Norte da Câmara dos Solicita- para a cele- dores, José Antas deixa uma mensagem ridade que de ânimo: “Na globalidade do processo, se pretende, todos os operadores ligados à justiça através da têm um papel e uma palavra a dizer. É disponibi- um esforço nacional, em que todos têm lização de de dar o seu contributo. Se partimos uma maior para uma corrida sem optimismo, vamos oferta de perdê-la. Temos de acreditar nas nossas actores para capacidades e passar este optimismo aos fazer um nossos associados, encarando de forma determina- positiva as novas exigências e compe- do trabalho, tências”.IA
  • 6. 11 iniciativas MAIA Agroarco IMPERMAIA SOLUÇÕES DE EXCELÊNCIA AO HÁ 25 ANOS A SERVIÇO DA CONSTRUÇÃO CIVIL CONSTRUIR O FUTURO Tudo começou em 1997, quando os irmãos Rogério Santos e Álvaro Moreira se decidiram estabelecer por conta própria, no campo das impermeabilizações, Já lá vão 25 anos desde que começou a lidar com as máquinas agrícolas. Tinha revestimentos e isolamentos térmicos, chamando depois o Pai que se encon- 14 anos e o sonho de criar coisas novas. Aos 21 abriu a primeira empresa e trava a trabalhar noutra área. Assim nasceu a Impermaia, uma empresa que hoje orgulha-se de, com suor e empenho, ter conseguido criar um pequeno abre as suas portas de Milheirós, na Maia, para todo o território nacional. R império. Pelo menos o seu império. Aquele de que vamos falar nesta entrevista dada ao Iniciativas. ogério Santos, com quem D começamos a falar, sempre trabalhou na área admi- á pelo nome de Armindo nistrativa. Quando se juntou com o irmão, Correia e é um dos grandes Álvaro Moreira, para criar a Impermaia, con- especialistas em máquinas tratou profissionais qualificados para dar agrícolas. Há cerca de dez anos começou resposta às crescentes solicitações de obra. a fazer também manutenções noutras áre- “Essencialmente, fazemos impermeabili- as, principalmente no sector automóvel, zações de terraços, coberturas e fachadas, ROGÉRIO SANTOS E ÁLVARO MOREIRA mas com a crise actual que se vive tanto tanto com tela asfáltica, como com mem- no sector automóvel, como da construção, branas de PVC, que são os produtos que resolveu regressar às máquinas agrícolas. nos oferecem mais garantias”, refere, acres- Foi, contudo, há dois anos, que apostou centando que “são produtos diferentes, mas :: Tribunal da Comarca de ALGUMAS OBRAS DE REFERÊNCIA DA IMPERMAIA em novas instalações, tendo dado um sal- que apresentam o mesmo resultado final”. Gondomar; to importante quer ao nível de aumento de A oferta complementar da empresa assenta :: El Corte Inglès (Vila Nova produção, quer ao nível de qualidade do O que torna a Agroarco diferente? na concepção de revestimentos e isolamen- de Gaia); espaço físico. Num mercado cada vez mais competitivo tos térmicos exteriores, áreas igualmente :: Hospital CUF (Porto); Com o apoio imprescindível da filha, Ar- é premente referir que também o cliente importantes que concorrem para um servi- :: Hospital de Santo An- mindo Correia afirma que “tanto a nível de mudou, tendo evoluído e tendo-se tornado ço integrado ao cliente. Álvaro Moreira defi- tónio (Porto) – Consultas Portugal como Espanha, a Agroarco está a cada vez mais conhecedor. À luz da expe- ne a Impermaia como uma empresa “mais Externas; tentar alargar a sua actividade, mas de for- riência do empresário, “posso referir que o vocacionada para a intervenção em edifícios :: Hospital de São João ma gradual e prudente. Temos muito tra- cliente agora está mais preocupado com a novos, embora a recuperação seja um mer- (Porto) – Ampliação; balho, o nosso problema não é falta de tra- qualidade, mesmo que isso implique um cado que também é explorado”, na medida :: Hotel Meliá Ria (Aveiro); balho, antes pelo contrário. Numa altura de custo maior. Já tentei produzir com preços da procura registada. :: Intervenções ao abrigo; crise, este é um sector que continua a evo- mais acessíveis, mas o que é certo é que Rogério Santos refere que os materiais têm do programa “Parque luir e felizmente o trabalho aparece-nos. O não é possível. As pessoas procuram quali- evoluído muito na última década: “Abrem- Escolar”. nosso problema é a falta de mão-de-obra dade e a qualidade não é barata. Temos de se novas possibilidades em relação ao que para trabalhar neste ramo de actividade. explicar às pessoas o que fazemos e como havia, não tanto ao nível das impermeabili- Consciente do trabalho de referência reali- As pessoas não querem trabalhos pesados fazemos, qual a diferença entre uma má- zações, mas sobretudo ao nível dos reves- zado ao longo dos últimos anos, de vocação nem sujos e não se aguentam muito tempo quina mais barata e uma mais cara e feliz- timentos e dos isolamentos térmicos, com nacional, mas assente, sobretudo, no Norte, nos sítios”. mente nós temos boas soluções, estamos soluções cada vez mais versáteis, que apre- Rogério Santos aponta que as perspectivas Esta questão da mão-de-obra, segundo o sempre a inovar e tentamos ir ao encontro sentam propriedades muito eficazes contra de crescimento da Impermaia passam pela nosso interlocutor, “acaba por constituir um das necessidades dos clientes. Temos má- as infiltrações e fissurações e que exigem associação a grandes parceiros do sector da problema, uma vez que não me consigo li- quinas novas, estufa, pintura de máquinas, pouca manutenção”. No campo dos reves- construção civil e obras públicas, em regi- bertar do trabalho mais técnico para investir entre outras coisas. E é aqui que fazemos a timentos, a Impermaia disponibiliza uma me de subempreitada e empreitada geral. mais na parte de inovação. Se tivesse uma diferença”, garante o proprietário da Agro- oferta assente em propostas decorativas e “Somos uma empresa credível, apostamos equipa mais sólida, arriscava mais. Outra arco, numa altura em que é tempo de in- utilitárias, produzida à base de granulados muito na qualidade e damos garantia dos das questões é o facto de ter muitos pedi- vestir, de criar e de inovar. Mas devagar e de de rocha e muito utilizada nos espaços co- nossos trabalhos”, reitera, a finalizar, Ro- dos e, sem mão-de-obra qualificada, não forma consistente, como sempre tem feito muns de complexos habitacionais, sobretu- gério Santos, uma afirmação partilhada por consigo dar vazão a tanto trabalho”. Armindo Correira. IA do a nível interior, mas também exterior. Álvaro Moreira. IA
  • 7. 13 iniciativas MAIA Junta de Freguesia de Vermoim A FORÇA DO PLANEAMENTO AO SERVIÇO DA COMUNIDADE Detentora de uma vasta História, em pleno centro urbano da Maia, a freguesia de Vermoim cresceu muito nos últimos 25 anos, fruto de uma visão estratégica que honra a autonomia do poder local, como nos conta Aloísio Nogueira, Presidente da Junta de Freguesia e nosso entrevistado. Integrando o principal núcleo urbano da Maia, cidade teve que ser feita quase que queiman- a freguesia de Vermoim tem uma longa His- do etapas, num homérico esforço de plane- tória. Em forma de contextualização, gostaria amento e concretização de equipamentos de evocar algumas referências distintivas do colectivos que fornecessem à nova população passado? os serviços de saúde, educação, saneamento O actual topónimo Vermoim tem a sua origem básico e habitação que, felizmente, são con- etimológica no nome próprio, de origem ger- siderados direitos básicos de qualquer comu- mânica, Vermudus (Vermudo ou Bermudo) nidade. Felizmente que no tal planeamento e bastante comum na Idade Média peninsular. concretização de infra-estruturas que houve Por corruptela do seu diminutivo – Vermu- que fazer por força dessa transformação, o dinus – transformou-se no actual vocábulo poder local teve imenso êxito: redes de abas- Vermoim. Como era comum ao tempo, a ter- tecimento público e de saneamento básico ra terá tomado o nome do seu senhor, cha- que chegam a todos, escolas básicas moder- mado Vermudo. Durante o Séc. XIX e durante nas e exemplares, rede de estabelecimentos a primeira metade do séc. XX, desenvolveu- de medicina familiar que chegam para todos se enormemente em Vermoim uma indústria os habitantes, infra-estruturas desportivas artesanal de feitura de tamancos, em oficinas modulares e acessíveis a todos e um grande familiares que, a par da agricultura, ocupava parque de habitação social e uma rede viária tica acolhe diversos festivais internacionais de “Há Porco no Parque” e, merecendo uma es- a maioria da mão-de-obra masculina da fre- sem estrangulamentos perniciosos, salvo os ginástica artística e acrobática, sendo o mais pecial referência nesta altura de Santos Popu- guesia – os tamanqueiros de Vermoim. Actu- que nos foram impostos pela Administra- destacado o Maia International Acro Cup. A lares a secular “Cascata Sanjoanina do Quim almente, o único vestígio dessa indústria é a ção Central, com as SCUT. Obviamente que nível mais local, existem igualmente outros do Pedro” uma enorme cascata com centenas escultura que homenageia aquela profissão, nem tudo está feito e há sempre espaço para acontecimentos que merecem referência, de figuras animadas, que é a maior do país no Largo do Outeiro. Em meados do séc. XX melhorar. Apesar de termos um grande nú- como sejam os concertos da Orquestra Filar- e que vem deliciando sucessivas gerações de foi instalada na freguesia uma subestação mero de fogos de habitação social, a maioria monia de Vermoim, a Festival Gastronómico maiatos. IA transformadora de energia eléctrica, para deles, encontra-se envelhecido, a necessitar onde são encaminhadas e se concentram as com alguma urgência de ser recuperado e linhas de alta tensão originárias das barragens reabilitado ou até substituído por um novo hidroeléctricas do Norte do país. Nessa subes- paradigma. E isso significa a necessidade de tação está hoje instalada toda a logística que muitos milhões de euros. E depois Vermoim, controla por telemática a totalidade da rede e a cidade da Maia, precisam de encontrar eléctrica nacional. Em 3 de Julho de 1986, a forma de ter grandes espaços de fruição co- Assembleia da República elevou a Maia a ci- lectiva e de horizontes despejados bem no dade, com o seu perímetro urbano compos- centro, por forma a incrementar ainda mais a to pelas freguesias de Vermoim, Gueifães e qualidade da sua vida comunitária. Esses são Maia. Actualmente, a actividade económica os dois grandes desafios específicos que se de Vermoim é predominantemente terciária colocam a Vermoim e à cidade da Maia. A par e industrial, concentrando-se na freguesia as de outros que são comuns a qualquer cidade mais importantes infra-estruturas desporti- portuguesa: encontrar formas de, perante a vas do município da Maia erosão das redes informais de solidariedade de vizinhança e do conceito de família alarga- A localização de Vermoim e as acessibilidades da que nos trouxe a vida moderna, reinventar de que dispõe tornam a freguesia um lugar a solidariedade social para podermos todos apetecível para viver e trabalhar, destacando- resistir ao tsunami da crise. se o facto de ser, de entre as três freguesias urbanas da Maia, a mais populosa. Que desa- Gostaria de destacar algumas iniciativas e fios é que traz esta realidade a quem pensa e eventos que decorram ao longo do ano na define os rumos da freguesia? freguesia de Vermoim? Em pouco mais de duas décadas a população São muitos os eventos que acontecem ao residente na freguesia de Vermoim quase que longo do ano na cidade da Maia e em Ver- duplicou (somos actualmente 15700 vermo- moim. É em Vermoim que estão instalados enses). Essa taxa de crescimento, que não os principais equipamentos desportivos do teve par em mais nenhuma das freguesias concelho. São, por isso, diversos os even- do Norte do país, colocou naturalmente uma tos desportivos de interesse que acontecem enorme pressão nas infra-estruturas colecti- nesses equipamentos. Alguns têm mesmo vas, desde as redes públicas de abastecimen- relevância internacional pela sua importância to de água e de saneamento básico, às esco- e qualidade. Já no mês de Julho acontecerá las e educação, passando pela rede viária, pela mais uma edição do festival internacional de rede de cuidados primários de saúde primá- andebol, o Maia Andebol Cup; em Abril de ria, pelo emprego e pela habitação social. Há cada ano, no Complexo Municipal de Ténis, pouco menos de uma geração (a minha ge- há quase 20 anos, decorrer a Taça Interna- ração), Vermoim era uma bucólica aldeia nos cional de Ténis Maia Jovem, competição que arrabaldes do Porto. Hoje é parte de uma das reúne os melhores jovens tenistas do mundo, mais dinâmicas cidades de Portugal – a Maia. em número superior a 300. Todos os anos, A passagem, em tão pouco tempo, de aldeia a igualmente, o complexo municipal de ginás-