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PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR
Professora: Val Página 1
EXEMPLOS DE ALGUNS GÊNEROS TEXTUAIS TRABALHADOS NAS AULAS DE REDAÇÃO
OBSERVAÇÃO: Lembrem-se de que os exemplos não são modelos de gêneros textuais que possam ser
“imitados” em todas as situações de provas de redações em que esses gêneros sejam pedidos, também não
visam a robotizar o aluno para que ele sempre faça análises que consideremos ideais. O objetivo deste material é
apenas apontar como era possível trabalhar o gênero textual naquela situação de produção, apresentada
naquele determinado enunciado e com aquele texto-fonte. Assim, o que oferecemos são apenas dicas para os
candidatos que não conseguiram desenvolver bem o propósito, a interlocução e o gênero. Por causa dessas
ressalvas, pedimos, gentilmente, que não repassem este material para alunos que não frequentem o
curso, uma vez que estes textos apenas fazem sentido no contexto de nossas aulas, para quem as
assistiu.
EXEMPLOS: AULA DA SEGUNDA SEMANA DE 2013
TEXTO 1 — RESENHA
A seriedade do Acordo Ortográfico
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa não é exatamente um tormento para os falantes do idioma,
que terão que se adaptar a produzir textos escritos obedecendo aos novos padrões de ortografia. Porém quando
se propõe adiar a implantação oficial da nova grafia, surgem impasses. É sobre estes que Arnaldo Niskier,
membro da Academia Brasileira de Letras, trata no texto intitulado “Somos um país sério?”, publicado no jornal
Folha de S. Paulo, no dia 14 de janeiro deste ano de 2013. Na tentativa de defender a padronização da grafia de
algumas palavras comuns às nações lusófonas, o autor perde-se um pouco no propósito que ele estabeleceu na
pergunta apresentada no título, uma vez que não fica claro se é ele mesmo que pergunta sobre a seriedade de
nossa pátria ou se refere ao emprego da célebre frase do marechal Charles De Gaule (“O Brasil é um país
sério?”) pelos brasileiros, que se enfureceram com a ação de protelar a adoção das novas regras.
Como membro da ABL, ele defende o Acordo a pretexto de que este elevaria nosso status internacional,
uma vez seria postulada a oficialização do português como “língua de trabalho da Organização das Nações
Unidas”. Sua defesa, entretanto, não convence o leitor acerca de todos os benefícios da medida. Mesmo
apontando o entusiasmo com que o brasileiro acatou a proposta da pretensa unificação do idioma, Niskier não
consegue explicar as razões para a prorrogação do prazo de adaptação dos falantes às novas normas. De forma
quase autoritária, simplesmente afirma que a ABL e seus membros gozam do privilégio de ser “a última palavra
em grafia”.
Apesar de valer-se de uma linguagem rica, de termos bem elaborados, principalmente para criticar os
“recalcitrantes” que agora viriam a público manifestar-se contra o Acordo, o autor não consegue expressar com
clareza sua opinião, e sofre de uma fraqueza argumentativa para persuadir quem lê a crer que o Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa, bem como o adiamento de sua implantação oficial são questões que trazem
benefícios para o povo. Desse modo, ler Niskier em nada contribui para compreender as verdadeiras razões da
Academia Brasileira de Letras ter endossado a reforma na ortografia.
ROCHA, Val Moreira. Curso Palavra. Inédito.
TEXTO 2 — RESUMO
Resumo: O acordo ortográfico
O texto intitulado “O acordo ortográfico”, publicado no caderno Notas & Informações, do jornal O Estado
de S. Paulo, trata da aprovação do Acordo Ortográfico entre os países lusófonos e do prazo de sua implantação
oficial que, em Portugal, levará mais tempo que no Brasil. Desde 1990 que se tentava aprovar essa medida,
porém houve forte resistência dos portugueses para os quais a reforma será muito mais significativa,
corresponderá a 1,43% do idioma — sendo este um patrimônio para os lusitanos —, quando para o brasileiro o
percentual não passará de 0,43% da língua.
O fato é que a língua portuguesa é também patrimônio de mais de 230 milhões de falantes em todo
mundo, que certamente não a empregam com o rigor formal com que é empregada em terras lusitanas. E o rigor
PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR
Professora: Val Página 2
deles seria benéfico desde que não aniquilasse a riqueza da variedade linguística expressada por outras nações
da lusofonia.
Essa reforma ortográfica tem importantes aspectos políticos e econômicos. Primeiro porque documentos
internacionais passariam a ser redigidos a partir de uma padronização do português, fortalecendo as pátrias
lusófonas no cenário global, quando muitos documentos são rejeitados por instituições internacionais sob o
argumento de que as grafias diferentes dificultam o estabelecimento de alguns tratados. Ademais, seria facilitado
o comércio de livros nos países que têm a Língua Portuguesa como oficial, atraindo bons negócios para as
editoras brasileiras que levariam suas publicações para outros territórios. O que os editores não podem esquecer
é que os livreiros portugueses são experientes e tentarão dominar esse mercado na África, uma concorrência
que pode ser apertada, todavia muito edificante.
Bibliografia: Notas & Informações. O Estado de S. Paulo, 26 de maio de 2008.
ROCHA, Val Moreira. Curso Palavra. Inédito.
EXEMPLOS: AULA DA TERCEIRA SEMANA DE 2013
TEXTO 1 — ARTIGO DE OPINIÃO
Uma alta dose de rigor
No último Carnaval, o Brasil comemorou uma sensível redução dos acidentes automobilísticos nas
rodovias federias que, no ano passado, no mesmo período, haviam deixado 192 mortos e 2207 feridos. O
ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, atribuiu a amenização da tragédia ao sucesso do rigor da nova Lei
Seca. Apesar de uma legislação mais rigorosa parecer, de fato, um mecanismo eficiente, ela não basta para
inibir que tem o hábito de dirigir sob o efeito de bebidas alcoólicas.
Não se pode ignorar que o brasileiro não teme mecanismos legislativos, porque acredita na impunidade
para suas transgressões, além de perceber que a fiscalização é pífia. Todos sabemos que, passado o espetáculo
da mídia em torno das novas regras, o temor de soprar o bafômetro e pagar uma multa de quase dois mil reais
desaparece por completo. Enquanto os policiais estão nas ruas fiscalizando — e agora podem empregar outros
recursos além dos bafômetros aos quais ninguém é obrigado a submeter-se, porque a Constituição Federal nos
reserva o direito de não produzir provas contra nós mesmos —, há um efeito intimidador, depois restam apenas
os efeitos deletérios da combinação álcool e direção. E não importa aos transgressores se poderão ser filmados
ou delatados pelos depoimentos que agora serão aceitos como prova para puni-los.
Mesmo com a tolerância zero — não se aceita nenhuma quantidade de álcool ingerida por quem dirige o
automóvel —, o condutor bebe a pretexto de que o rigor legislativo é uma cassação de suas liberdades
individuais. Assim, segue desobedecendo, porque se acostumou a negligenciar as normas da convivência
pacífica e civilizada no tráfego, prova de que a dose de rigor da Nova Lei Seca não inibirá de forma significativa a
quantidade de pessoas que provocam desastres nas vias públicas brasileiras.
ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013.
TEXTO 2 — CARTA DE LEITOR
Prezados senhores redatores do jornal Folha de S. Paulo,
Desde muito jovem, passei a cultivar o hábito de leitura, assim leio frequentemente diversos jornais e
revistas. Na semana passada, durante minha costumeira incursão pelas páginas desta Folha, deparei-me com a
matéria intitulada “Cachorro bêbado resgatado em Curitiba ganha o nome de Whisky”, na qual se relata a estória
do cãozinho que, à beira de uma coma alcóolico, foi resgatado, tratado por dois policiais que conseguiram fazer
com que o cachorrinho fosse adotado. A princípio, imaginei que fossem tratar de maus tratos contra animais.
Depois vi que o interesse dos redatores era apenas causar um estado de comoção nos leitores. Como
recentemente tenho me deparado com muitas notícias sobre os riscos da embriaguez ao volante, fiquei
inconformado como o fato de a publicação — que poderia prestar um imenso serviço à sociedade, esclarecendo-
a sobre os perigos da combinação álcool e direção — dedicar um importante espaço a um cachorrinho bêbado.
PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR
Professora: Val Página 3
Não sei se os senhores sabem, mas males causados por motoristas bêbados são globalizados. Li
recentemente que nos Estados Unidos, no ano de 1991, quase mil pessoas morreram em acidentes
automobilísticos que envolviam condutores que estavam sob o efeito de bebidas alcóolicas. No Canadá, Noruega
e Chile, 50% dos desastres de automóveis foi causado por motoristas alcoolizados. No Brasil são quase 40 mil
mortos ao ano e muitos deles foram vítimas da irresponsabilidade dos consumidores contumazes do álcool.
Diante dessa ameaça mundial, o correto não seria expor esses dados à população para gerar nela uma
reflexão sobre a importância de se buscar um trânsito seguro? Pensem no serviço que deveriam prestar aos
brasileiros se, ao invés de os senhores, redigirem notícias mais pertinentes aos sítios virtuais, expusessem aos
leitores as estatísticas da tragédia representada pela embriaguez ao volante. Espero, nas próximas edições,
poder ler conteúdos mais relevantes para todos nós.
V.M.R
ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013.
EXEMPLOS: AULA DA QUARTA SEMANA DE 2013
TEXTO 1 — COMENTÁRIO
Oi, Amanda! Hoje resolvi compartilhar no meu Face uma reportagem publicada no jornal Folha de S. Paulo, para
a qual você deu um depoimento. Na matéria, li que você é blogueira e também resolvi acessar seu blog e postar
aqui uma mensagem. Reconheço que também adoro os mecanismos das redes sociais e fiquei fascinada com o
Instagram. Essas coisas mexem conosco, pois somos jovens procurando atrações virtuais cada vez mais
dinâmicas. Mas fiquei imaginando se você não estaria sofrendo de uma triste carência, pois contou que posta
três fotos por dia em sua página pessoal. Será que essa necessidade de mostrar o que veste, come e os
lugares para onde vai não significa que está enfrentando uma carência afetiva terrível? E pode estar viciada
nessas postagens diárias. Veja que está fazendo uma exposição danosa de sua via pessoal. Vi que posta várias
imagens de seu cãozinho, Teodorico, o que é inofensivo. Mas ficar se mostrando demais pode atrair, para sua
página pessoal, desconhecidos que queiram lhe fazer mal. Além do mais, relatou que seus amigos estão
reclamando que não aproveita os momentos com eles, porque fica tirando fotos o tempo inteiro. Veja o perigo de
eles se afastarem definitivamente e você passar a viver num mundo virtual e sofrer prejuízos na vida real,
comprometendo até mesmo o progresso de seus estudos. Uma pessoa que fica desesperada para fotografar
tudo perde coisas importantes, não desfruta dos prazeres que poderia desfrutar. Postando tudo que faz, corre o
risco de ficar deprimida e perder a autoconfiança quando alguém fizer um comentário depreciando você. Já
passei por isso, contei com o controle de meus pais e agora usufruo das redes sociais com cautela.
ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013.
TEXTO 2 — EDITORIAL
Uma nova patologia digital
Como noticiou recentemente esta Folha, renomadas universidades brasileiras e internacionais têm se
dedicado a estudar os males causados pelo uso excessivo das novas tecnologias, sendo os jovens os mais
ameaçados. Assim, diagnosticou-se o tecnoestresse, uma nova patologia digital causadora de depressão e
ansiedade nas crianças e adolescentes, mais vulneráveis a essas doenças, porque ainda não têm discernimento
da importância de empregar esses mecanismos com cautela.
Os incautos internautas tomam uma overdose de internet e mergulham no universo tentador das redes
sociais e seus infinitos mecanismos. Naturalmente consumidos por esse mundo virtual, passam a isolar-se cada
vez mais e recusam-se a deixar o computador. Desenvolvem uma existência solitária e sentem dificuldades no
relacionamento social e afetivo, rejeitando contato com pessoas que não aquelas que reúnem em suas páginas
virtuais. Há também o risco de os jovens usuários do mundo cibernético sofrerem de ansiedade. Ainda em fase
de formação, seus cérebros não conseguem processar a avalanche de informações a que são submetidos.
Ademais, realizam diferentes tarefas simultaneamente: pesquisam no Google, postam mensagens no Twitter e
atualizam o Facebook. Vão ficando cada vez mais ansiosos por fazer tudo isto e, quando afastados dessas ações
online, têm reações agressivas, exibem uma angústia constante e não aceitam o controle que os pais tentam
exercer contra a dependência virtual.
PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR
Professora: Val Página 4
De difícil diagnóstico, o tecnoestresse é uma ameaça silenciosa, sendo a prevenção o tratamento mais
eficiente contra o mal. Nos lares, as famílias devem cuidar para que seus rebentos não passem conectados mais
tempo que o necessário, alertando-os dos danos físicos — obesidade e sedentarismo são velhos algozes da
geração digital — e psicológicos, recentemente analisados por estudiosos do comportamento humano. Esse
controle familiar terá êxito garantido principalmente se os pais ou responsáveis banirem do convívio com seus
filhos a internet móvel, um atrativo implacável para os mais novos e que não permite qualquer vigilância dos
adultos.
ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013.
EXEMPLOS: AULA DA QUINTA SEMANA DE 2013
TEXTO 1 — MANIFESTO
Manifesto contra o tráfico internacional de mulheres
Sra. ministra desta Secretaria dos Direitos Humanos, autoridades públicas, nós, ativistas do movimento
social que milita contra o tráfico internacional de mulheres, manifestamos nossa indignação com o fato de ainda
haver vítimas desse crime hediondo. No mês de janeiro, uma ação da Polícia Federal do Brasil, articulada com a
polícia da Espanha, libertou quatro brasileiras que viviam como escravas sexuais em uma boate em Salamanca.
Elas foram aliciadas na cidade de Salvador e traficadas para prostituir-se em bordéis espanhóis. Não é aceitável
que nossas jovens deixem-se enredar por essas armadilhas quando estão em busca de melhores condições de
trabalho no exterior. Precisamos adotar medidas para proteger essas pessoas exploradas.
Não podemos ficar inertes diante da ação de quadrilhas internacionais que se aproveitam da ingenuidade
de moças pobres e as aliciam, furtando-lhes a liberdade em um regime de servidão por dívidas, adquiridas sem o
conhecimento da vítima, pois o aliciador promete que os gastos com viagem e hospedagem ficarão por conta do
suposto empregador. Depois exige que elas saldem os custos e as condenam a ficar presas em cubículos
insalubres, sendo mal alimentadas e não recebendo qualquer forma de assistência, como se viu na Espanha.
Precisamos livrar essas mulheres que, desprovidas de um bom nível de instrução formal, acabam escravizadas
em outros países. Devemos agir para que essa prática hedionda seja combatida.
Assim, convocamos todos os presentes para lutarem pela proteção da mulher que, pobre e com baixo
nível de escolaridade, tem sido o alvo primordial das máfias transnacionais. É nosso dever desenvolver uma
estratégia, principalmente nas regiões mais carentes do Brasil, para banir de nossa realidade essa situação de
barbárie. Além disso, são essenciais políticas públicas de inclusão social e melhoria de renda, uma vez que os
traficantes valem-se das necessidades das mulheres para aliciá-las. É o momento de tornar essa prática de
tráfico humano algo que repudiamos totalmente no território brasileiro. Juntem-se a nós na defesa dessa causa!
ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013.
TEXTO 2 — TEXTO INSTRUCIONAL
Conhecendo-se a gravidade do crime representado pelo tráfico internacional de mulheres e o fato de que as
vítimas são geralmente aquelas desprovidas de educação formal e dotadas de pouca informação sobre como
atuam as máfias transnacionais, esta edição especial do Jornal Escolar preparou um pequeno manual de
instrução para alertá-las contra esses criminosos. Seguem as orientações.
1. Não se deixem enganar por promessas tentadoras de emprego com a perspectiva de receberem altos salários
trabalhando no exterior, geralmente este é o recurso mais comum usado pelos aliciadores.
2. Exijam do suposto empregador um contrato em que fiquem claras as condições da viagem e sobre quem
pagará pelos custos da mesma e pela hospedagem, e registre o contrato em cartório; pois geralmente os
criminosos escravizam as mulheres a pretexto de saldar esses custos.
3. Não acreditem em propostas de casamentos arranjados com maridos financeiramente bem sucedidos, estes
podem ser apenas uma estratégia para tirá-las do país e submetê-las à exploração;
4. Verifiquem se a empresa que pretendem contratá-las é legalmente reconhecida no Brasil e se está autorizada
a empregar estrangeiras em outras nações;
5. Não entreguem seus passaportes ou qualquer outro documento pessoal a estranhos, caso decidam aceitar o
trabalho fora do país, pois sem documentação ficarão à mercê do sistema de exploração;
PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR
Professora: Val Página 5
6. Anotem o endereço e telefone do consulado do país para onde irão, guardem-nos e passe a informação para
suas famílias, assim ficará mais fácil pedir ajuda se descobrirem que foram aliciadas por um traficante de
pessoas.
Seguindo essas orientações, ficarão mais protegidas e não se deixarão enganar por máfias que exploram a
carência e a ingenuidade das vítimas.
ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013.
EXEMPLOS: AULA DA SÉTIMA SEMANA DE 2013
TEXTO 1 — CARTA ABERTA
Carta aberta ao deputado Marco Feliciano
Caro deputado, não sou minoria e também não milito em defesa de qualquer causa social, sou apenas
mais um cidadão comum indignado com o fato de o senhor ter sido eleito para presidir a Comissão de Direitos
Humanos e Minorias da Câmara. Vi que logrou o cargo por uma manobra política e pelo fato de o PT (Partido dos
Trabalhadores) ter recusado esse Comitê. Sua eleição foi marcada por protestos realizados até mesmo por
outros deputados; muitos, revoltados, abandonaram a votação. E no meio do tumulto, o senhor saiu vencedor,
para minha indignação.
Deputado, não sou “cristofóbico”, como tem acusado quem se opõe à sua liderança nessa comissão,
apenas não o julgo apto a defender as minorias. Seus discursos homofóbicos e preconceituosos têm sido
ouvidos por todo o país. Fica evidente que pretende exercer um cargo político guiado por suas convicções
religiosas, o que é inconcebível a uma nação que se pretende laica. Ademais, o senhor mesmo declarou que não
está atualizado sobre os trabalhos do comitê que presidirá. E pelo que leio nos jornais, essa instituição que o terá
como líder deve zelar pelos direitos dos homossexuais, prostitutas, negros e quaisquer outros grupos
socialmente discriminados. Imagino como poderá defendê-los das agressões que sofrem se os têm
desqualificado em suas falas.
Acredito que a maioria dos cidadãos brasileiros estão muito descontentes com a votação que o
transformou em presidente dessa comissão. Desse modo, em minha humilde condição de pessoa comum, peço
que renuncie, deputado. Mostre que respeita os anseios populares e deixe o cargo. Certamente se livrará de
parte da indignação que muitos de nós, que não ameaçamos os direitos humanos, sentimos diante de sua
presença no cenário político brasileiro.
ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013.
TEXTO 2 — RELATO
Um homem transformado em bicho
Eu seguia de táxi para um restaurante onde faria o almoço de sexta-feira, descobrira o endereço no guia
especializado em comer bastante e não pagar muito na cidade de São Paulo. O lugar era distante e havia o
trânsito complicado do último dia útil da semana. O bairro ficava em uma região decadente, mas estava
ganhando fama por uma gastronomia que seguia um novo conceito: muita comida boa por menos. Como era
esperado, o carro deixou de avançar na avenida.
Desviei o olhar para o lado e deparei-me com o pátio imundo. O sinal fechara e tive como distração um
movimento de trapos que reviravam o local transformado em lixeira, para o descarte de todos os tipos de detritos.
As caixas de papelão movimentavam-se como se sob elas estivesse um rato, os dejetos moviam-se, uma criatura
comia sem hesitar o que encontrava, nada levava à narina e nem observava os preciosos achados, ia devorando
tudo o que conseguia.
Vi o verde do semáforo, mas o motorista não conseguia avançar nada além que poucos metros. Pela
calçada, ia o alvo de minha observação, limpando as sobras nojentas nas vestes em frangalhos. A lentidão do
automóvel não me permitia ficar livre daquela visão. Avistei o lixão bem perto dali. O homem, transformado em
bicho, lançava-se com voracidade à montanha fétida e continuava a engolir o que lhe vinha pelas mãos.
Enxotava crianças e urubus na briga pelos restos de alimentos. Andava com rapidez para ganhar a disputa, mas
tropeçava no lixo. Finalmente, o tráfego diminui e já me aproximava de minha farta refeição. Dei uma última
olhada para trás e deparei-me com a criatura seguindo na direção contrária.
ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013.
PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR
Professora: Val Página 6
EXEMPLOS: AULA DA OITAVA SEMANA DE 2013
TEXTO 1 — CONTO CURTO
O despertar de Clara
Clarinha era uma menina ensolarada, o verde do jardim misturava-se com o verde do vestidindo. Ela não
precisava comprar um novo para ser feliz. A felicidade era brincar com tantas crianças. Outra de suas alegrias
era esperar o carteiro que lhe trazia as cartinhas de vovó, escritas com cuidados para a neta que passara a
desvendar há pouco tempo os mistérios da escrita. Em sua existência de menina, admirava o céu sem qualquer
temor, daquela imensidão azul não poderia vir qualquer ameaça. Ela temia a gripe que, uma vez por ano, a
punha de cama e a impedia de flanar sob a abóboda celeste. Também não gostava dos insetos, eles
machucavam sua pele branquinha, o calor excessivo não lhe era agradável, molhava os cabelinhos enrolados e
deixava gotinhas de suor na testinha alva. Seu maior medo, porém, era perder o bonde das onze horas, pois ele
a levava para a escola. Esta lhe permitira receber as cartinhas da avó. Era querida por todos, o guarda civil
acenava-lhe, ele também não tinha o que fazer naquela tranquilidade que ia da Alemanha à China.
Clara despertou, restara apenas uma lembrança do mundo antigo, não havia mais jardins, apenas os
trágicos dias marcados pela guerra. A desgraça viera do céu, o guarda, agora, precisava matar para proteger
crianças, era perigoso andar de bicicleta. Ninguém mais a chamava de Clarinha, fora mutilada durante um ataque
aéreo. Nunca mais haveria manhãs com crianças no jardim. As cartas não chegavam mais, a avó se fora com
tantos outros. Ainda lhes restavam os anos da juventude, mas eles eram sombrios. O pai gastara uma pequena
fortuna para comprar-lhe a perna mecânica. Não importavam vestidos novos, o milionário mecanismo causava a
inveja de muitas outras moças mutiladas. Quem sabe até não poderia arranjar um casamento com a correção do
“defeito”. Novamente despertou, o quarto ainda estava enfeitado pelas flores, o piso colorido pelos presentes,
procurou na cama desarrumada o marido, o noivo tão doce da noite anterior, as núpcias. O jardim ficou sombrio,
transformara-se em abismo, quando percebeu sua tragédia: ele levara a perna mecânica, recurso valioso quando
as bombas mutilavam, da Alemanha à China.
Esta narrativa tem um desfecho inspirado no conto Helga, que integra a coletânea Antes do Baile Verde, de Lygia Fagundes Telles.
Inédito. Curso Palavra ROCHA, Val Moreira, 20 de abril de 2013.
TEXTO 2 — ENTREVISTA
Ilana Casoy é escritora e, apesar de não ter qualquer formação específica na área, estuda o
comportamento de assassinos em série. Já escreveu três livros sobre o assunto e trabalha como consultora em
investigações policiais. Recentemente, recebeu o título de “persona honorária” da Academia de Polícia do Rio
Grande do Sul. Ilana é a entrevistada desta edição especial.
Revista Época: Ilana, como começou seu interesse por estudar a mente de serial killers?
Ilana Casoy: Sempre gostei de ler histórias sobre assassinatos, fossem reais, como as de Jack, o
Estripador, ou fictícias. Há seis anos, quando trabalhava como administradora de um colégio, disse ao meu
marido que gostaria de escrever sobre personagens cujas estórias eu adorava ler, assim passei a procurar
assassinos reais, olhar nos olhos deles e ouvi-los como ninguém ainda tinha feito no Brasil.
Revista Época: Dessa sua experiência você escreveu três livros, de que exatamente eles tratam?
Ilana Casoy: Em 2002, publiquei meu primeiro livro, “Serial Killer — Louco ou Cruel?” Nele reuni uma
coletânea sobre crimes seriais antigos que já haviam sido solucionados nos Estados Unidos. Depois, escrevi
“Serial Killers Made in Brasil”, cujo conteúdo trata de criminosos brasileiros, e narro detalhes nauseantes que tirei
dos laudos policiais. Minha terceira publicação é “O Quinto Mandamento”, no qual relato as circunstâncias do
assassinato do casal Von Richthofen, cuja reconstituição pude acompanhar de perto. Foi perturbador porque a
própria filha, o namorado dela e o irmão dele eram acusados pelo crime.
Revista Época: Como você conseguiu ter o seu trabalho respeitado pela polícia, uma vez que não tem
formação na área do Direito e nem da Psicologia?
Ilana Casoy: Primeiro, eu participei como ouvinte em cursos para policiais e passei a compartilhar com
esses profissionais os conhecimentos que eu havia adquirido em livros americanos, sobre mentes criminosas.
Tornei-me consultora Comissão de Política Criminal e Penitenciária da Ordem dos Advogados do Brasil e
PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR
Professora: Val Página 7
“persona honorária” da Academia de Polícia do Rio Grande do Sul. Hoje, apesar da insônia e mal-estar quando
lido com alguns casos, tenho imenso prazer ao levantar da cama todos os dias para realizar o meu trabalho.
ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013.
EXEMPLOS: AULA DA NONA SEMANA DE 2013
TEXTO 1 — CARTA RELATO
São Miguel do Gostoso, 19 de abril de 2013
Caro João,
Depois de ler um editorial do jornal Folha de S. Paulo, me senti motivado a vir para a cidade de Gostoso
e fazer uma reportagem sobre o sucesso de um dos programas do governo federal para a melhoria de renda.
Fiquei interessado, mais especificamente, em colher depoimentos das pessoas que se tornaram
microempreendedores individuais (MEIs) depois de receberem o benefício oferecido por uma linha de crédito do
Bolsa Família. Como você é desses jornalistas que adoram criticar as políticas assistencialistas, pensei que seria
curioso fazer-lhe um relato sobre esses empreendedores e, quem sabe, convencê-lo a escrever também uma
matéria para sua revista.
Meu amigo aqui me surpreendi. Conheci Silvana da Silva, uma mulher que sabe a que veio no mundo.
Você acredita que apenas com o parco recurso do governo ela conseguiu abrir um mercadinho e tem prosperado
a cada dia no negócio? Ela era sacoleira, resolveu mudar de ramo e tem batido a concorrência, porque abre as
portas às 5h30 e fecha às 20h, quando todos os outros abrem bem mais tarde e fecham bem mais cedo.
Também fiquei surpreso ao ouvir a estória de Felipe dos Santos. O homem é dotado de uma força de trabalho
invejável. Antes de receber a assistência estatal, estava na pobreza. Agora, é eletricista, investiu no negócio e
comprou até uma motocicleta, para carregar a escada e as ferramentas, está mudando a vida dele, não falta
trabalho. A aproximadamente 300 km daqui, fui entrevistar Giovani Paiva, outra personagem que mostra uma
verdadeira obstinação para o trabalho. Antes ele vendia salgados na rua, agora é o “Rei do Pastel”. Precisa ver a
alegria dele, os sonhos de expandir a pequena pastelaria que livrou a família inteira da carência extrema.
Sei que você sempre falou que muita gente preferia receber a “bolsa miséria” a ter um trabalho fixo.
Esses pequenos empreendedores contrariam tudo o que pensávamos sobre a utilidade dessa forma de
assistência. João, todos os meus entrevistados contaram-me da felicidade que tiveram com a independência
econômica, agora buscam assistência técnica e mais créditos para crescerem. Veja, meu amigo, que surpresa.
Você deveria deixar de ser tão conservador e vir visitar esta maravilhosa cidade, que lhe renderá excelentes
reportagens. Um grande abraço.
ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013.
TEXTO 2 — PEQUENO CONTO
O banquete
O governador de um rico estado brasileiro mandou reunir em sua residência oficial os prefeitos das mais
ricas cidades, pois pretendia conhecer melhor quem eram exatamente os comandantes de receitas tão altas e
com quais poderia contar. Assim, mandou preparar um banquete para a esperada reunião. Todos estavam felizes
com a ideia de gozar da companhia de tão ilustre autoridade pública. Foram levados à mesa onde estava posta a
refeição: então surgiu o inusitado: toda a decoração da comida trazia estampado o rosto do anfitrião. Nas carnes,
estavam desenhadas as faces dele, o mesmo se dava nas saladas, acompanhamentos, e todos os doces foram
produzidos com o formato do crânio da hedionda figura. Ele observava a reação de cada convidado quando um
prefeito, estupefato, julgou um acinte tão horrorosa comida e procedeu a um discurso gritando que eram um mal
gosto atroz aqueles pratos, que aquilo implicava uma cafonice sem tamanho. Imediatamente, veio a segurança e
baniu da recepção o tresloucado. Um outro aplaudia a atitude do nobre político e bradava que era próprio de um
homem ilustre decorar a refeição com as próprias feições, que nunca vira gesto da mais fina sutileza, apenas
uma mente muito brilhante empregaria tal recurso. Era desconhecido do bajulador o fato de que o governador
não suportava que o adulassem e mandou também que retirassem dali o incômodo convidado.
PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR
Professora: Val Página 8
Assim, quis o comandante do palácio consultar uma outra opinião e inquiriu uma prefeita que até então
ficara calada a admirar as esquisitas guloseimas.
— E a senhora, o que pensa da decoração da comida que mandei preparar?
— Eu, governador, não posso responder, pois nada enxergo sem meus óculos, que tive o azar de
esquecer em meu gabinete. Já mandei que meu assessor fosse pegá-los e, assim que estiverem em minha
posse, responderei.
Quem busca no mundo da política ingressar deve agir sempre assim: nem bajulação vil nem a ofensiva
franqueza, deve preferir o talvez da esperteza.
ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013.
EXEMPLOS: AULA DA DÉCIMA SEMANA DE 2013. SIMULADOS
TEXTO 1 — DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE UMA PALESTRA
Caros colegas, professores, bom dia! Antes de mais nada, gostaria de agradecer a presença de todos.
Como devem saber, sou representante do grêmio estudantil, que tem desenvolvido uma pesquisa, junto ao corpo
docente, sobre o consumo de bebidas alcoólicas entre os estudantes aqui de nossa escola. Durante a análise
desse problema, deparei-me com uma entrevista do Dr. André Malbergier e resolvi convidá-lo para nos ministrar
esta palestra. Ele poderá nos alertar sobre as ameaças representadas pela ingestão excessiva do álcool, uma
vez que é coordenador da Unidade de Dependência Química do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas,
Faculdade de Medicina da USP, e tem vasta experiência no tratamento e prevenção do alcoolismo.
Nosso convidado, que escolheu tratar de dependentes químicos por considerar a área desafiadora,
poderá nos mostrar, pelo conhecimento que acumulou, o perigo de adolescentes ingerirem bebidas alcoólicas.
Ele nos alertará dos riscos que corremos quando passamos a beber nos finais de semana, com os amigos,
julgando que essa prática nos é inofensiva, e quando ignoramos que podemos ter uma propensão genética ao
vício, além da possibilidade de passarmos a beber para não enfrentarmos conflitos familiares.
O doutor André pesquisou a relação que travamos com essa droga que, apesar de lícita, causa danos.
Como muitas vezes julgamos que beber é algo natural, considerei que nosso palestrante era a pessoa ideal para
nos apontar como o alcoolismo é uma doença silenciosa. Passa a se desenvolver de forma sutil, desde o
momento em que nos julgamos resistentes, fortes e vamos experimentando doses cada vez mais elevadas.
Depois, incorporamos o ato de consumir álcool ao nosso cotidiano e formamos círculos de amigos apreciadores
desse consumo. A dependência vai prejudicando nossas funções na escola e até mesmo no trabalho. Por tudo
isso, as palavras desse capacitado profissional serão de muita utilidade para todos nós. Ele poderá nos mostrar
como nos proteger do mal se retardarmos ao máximo nosso contato com as bebidas alcoólicas. Espero que
todos aproveitem a palestra e chamo ao palco o doutor André. Muito obrigado!
ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013.
TEXTO 2 — ARTIGO DE OPINIÃO
As estruturas da exclusão acadêmica
Recentemente, universidades públicas divulgaram dados preocupantes sobre a exclusão acadêmica no
Brasil: apesar das ações afirmativas, transformadas em bônus e cotas para o aluno negro ou oriundo de classes
sociais baixas, não registramos o aumento dessa clientela nas escolas superiores estatais.
Renomadas instituições, como a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade de São
Paulo (USP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
viram cair a quantidade de graduandos oriundos dos colégios públicos. Mesmo os que prestam vestibular para
essas faculdades ainda representam minoria. As que registraram aumento dessa clientela — a exemplo da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) —,
sejam em seus campus ou processos seletivos, não tiveram um crescimento expressivo nesse perfil.
Essa estagnação nos revela o quanto as cotas não têm promovido a inclusão universitária que
anunciaram. A política não funciona, porque ignorou questões estruturais que impedem que certa parcela da
população galgue os degraus da graduação em tão sonhadas universidades estatais. Uma dessas questões
reside na baixa qualidade do ensino médio dedicado aos filhos das classes trabalhadoras. Muitas dessas escolas
PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR
Professora: Val Página 9
sofrem com a falta de aulas e de profissionais, o que impede que o conteúdo seja desenvolvido de forma
suficiente para a concorrência travada com educandos vindos de um colégio de elite. Há ainda o fato de que a
informação não chega a determinadas salas de aula, os estudantes desconhecem os mecanismos de acesso,
nunca ouviram falar de reservas de vagas ou bônus para as parcelas discriminadas da população. Assim, a
política de reservar a vaga, levando-se em conta a cor da pele ou classe social do estudante, nada pode fazer
para incluí-lo no universo acadêmico, é preciso antes corrigir as estruturas que o têm afastado da conquista de
um alto nível de instrução formal.
ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013.
EXEMPLOS: AULA DA DÉCIMA SEMANA DE 2013. SIMULADOS
TEXTO 1 — DISCURSO DE AGRADECIMENTO
Doutor André, na condição de representante do grêmio estudantil, que tem desenvolvido uma pesquisa,
junto ao corpo docente, sobre o consumo de bebidas alcoólicas entre os estudantes aqui de nossa escola,
gostaria de agradecer-lhe por ter aceitado nosso convite e ter proferido essa brilhante palestra. Recentemente,
passamos a observar entre os jovens aqui do colégio um aumento no consumo de bebidas alcoólicas e
precisávamos tomar uma atitude. Assim, sou imensamente grato por dedicar seu tempo e sua vasta experiência
em tratar esse mal para nos alertar do risco que corremos quando passamos a ingerir bebidas alcoólicas. O
senhor nos fez refletir sobre os perigos de beber sempre, com os amigos, julgando que essa prática é inofensiva,
porque ignoramos que podemos ter uma propensão genética ao vício, além da possibilidade de passarmos a
beber para não enfrentarmos conflitos familiares.
Expresso também minha gratidão por expor de maneira tão clara as ameaças contidas na relação que
travamos com essa droga que, apesar de lícita, causa danos. Como muitas vezes julgamos que beber é algo
inofensivo, foi de suma importância ter nos apontado como o alcoolismo é uma doença silenciosa, que passa a
se desenvolver de forma sutil, desde o momento em que nos julgamos resistentes, fortes e vamos
experimentando doses cada vez mais elevadas. Incorporamos o ato de consumir álcool ao nosso cotidiano e
formamos círculos de amigos apreciadores desse consumo.
Mais uma vez, agradeço por mostrar que para nos protegermos do mal é preciso retardarmos ao
máximo nosso contato com as bebidas alcoólicas. Também foi precioso seu alerta sobre o papel que os pais
devem ter nessa proteção, ficando como responsabilidade deles vigiar a rotina dos filhos e tratar do assunto de
forma direta, não banalizando o hábito de beber como se fosse natural entre os adolescentes. Assim, muito
obrigado e espero contar com sua presença mais vezes em nossa escola.
ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013.
TEXTO 2 — EDITORIAL
As estruturas da exclusão acadêmica
Recentemente, universidades públicas enviaram a esta Folha dados preocupantes sobre a exclusão
acadêmica no Brasil: apesar das ações afirmativas, transformadas em bônus e cotas para o aluno negro ou de
classes sociais baixas, não se registrou o aumento dessa clientela nas escolas superiores estatais.
Renomadas instituições como a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade de São
Paulo (USP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
viram cair a quantidade de graduandos oriundos dos colégios públicos. Mesmo os que prestam vestibular para
essas faculdades ainda representam minoria. As que registraram aumento dessa clientela — a exemplo da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) —,
sejam em seus campus ou processos seletivos, não tiveram um crescimento expressivo nesse perfil.
Essa estagnação revela o quanto as cotas não têm promovido a inclusão universitária que anunciaram.
A política não funciona, porque ignorou questões estruturais que impedem que certa parcela da população
galgue os degraus da graduação em tão sonhadas universidades estatais. Uma dessas questões reside na baixa
qualidade do ensino médio dedicado aos filhos das classes trabalhadoras. Muitas dessas escolas sofrem com a
falta de aulas e de profissionais, o que impede que o conteúdo seja desenvolvido de forma suficiente para a
concorrência travada com educandos vindos de um colégio de elite. Há ainda o fato de que a informação não
chega a determinadas salas de aula, os estudantes desconhecem os mecanismos de acesso, nunca ouviram
PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR
Professora: Val Página 10
falar de reservas de vagas ou bônus para as parcelas discriminadas da população. Assim, o malabarismo político
de reservar a vaga levando-se em conta a cor da pele ou classe social do estudante nada pode fazer para incluí-
lo no universo acadêmico, é preciso antes corrigir as estruturas que o têm afastado da conquista de um alto nível
de instrução formal.
ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013.
Este material está registrado em cartório sob a Lei dos Direitos Autorais. Assim, “é vedada a reprodução
deste material — seja para fins didáticos ou comerciais — sem a devida autorização da autora. LEI Nº
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Alguns exemplos de gêneros 2013.

  • 1. PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR Professora: Val Página 1 EXEMPLOS DE ALGUNS GÊNEROS TEXTUAIS TRABALHADOS NAS AULAS DE REDAÇÃO OBSERVAÇÃO: Lembrem-se de que os exemplos não são modelos de gêneros textuais que possam ser “imitados” em todas as situações de provas de redações em que esses gêneros sejam pedidos, também não visam a robotizar o aluno para que ele sempre faça análises que consideremos ideais. O objetivo deste material é apenas apontar como era possível trabalhar o gênero textual naquela situação de produção, apresentada naquele determinado enunciado e com aquele texto-fonte. Assim, o que oferecemos são apenas dicas para os candidatos que não conseguiram desenvolver bem o propósito, a interlocução e o gênero. Por causa dessas ressalvas, pedimos, gentilmente, que não repassem este material para alunos que não frequentem o curso, uma vez que estes textos apenas fazem sentido no contexto de nossas aulas, para quem as assistiu. EXEMPLOS: AULA DA SEGUNDA SEMANA DE 2013 TEXTO 1 — RESENHA A seriedade do Acordo Ortográfico O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa não é exatamente um tormento para os falantes do idioma, que terão que se adaptar a produzir textos escritos obedecendo aos novos padrões de ortografia. Porém quando se propõe adiar a implantação oficial da nova grafia, surgem impasses. É sobre estes que Arnaldo Niskier, membro da Academia Brasileira de Letras, trata no texto intitulado “Somos um país sério?”, publicado no jornal Folha de S. Paulo, no dia 14 de janeiro deste ano de 2013. Na tentativa de defender a padronização da grafia de algumas palavras comuns às nações lusófonas, o autor perde-se um pouco no propósito que ele estabeleceu na pergunta apresentada no título, uma vez que não fica claro se é ele mesmo que pergunta sobre a seriedade de nossa pátria ou se refere ao emprego da célebre frase do marechal Charles De Gaule (“O Brasil é um país sério?”) pelos brasileiros, que se enfureceram com a ação de protelar a adoção das novas regras. Como membro da ABL, ele defende o Acordo a pretexto de que este elevaria nosso status internacional, uma vez seria postulada a oficialização do português como “língua de trabalho da Organização das Nações Unidas”. Sua defesa, entretanto, não convence o leitor acerca de todos os benefícios da medida. Mesmo apontando o entusiasmo com que o brasileiro acatou a proposta da pretensa unificação do idioma, Niskier não consegue explicar as razões para a prorrogação do prazo de adaptação dos falantes às novas normas. De forma quase autoritária, simplesmente afirma que a ABL e seus membros gozam do privilégio de ser “a última palavra em grafia”. Apesar de valer-se de uma linguagem rica, de termos bem elaborados, principalmente para criticar os “recalcitrantes” que agora viriam a público manifestar-se contra o Acordo, o autor não consegue expressar com clareza sua opinião, e sofre de uma fraqueza argumentativa para persuadir quem lê a crer que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, bem como o adiamento de sua implantação oficial são questões que trazem benefícios para o povo. Desse modo, ler Niskier em nada contribui para compreender as verdadeiras razões da Academia Brasileira de Letras ter endossado a reforma na ortografia. ROCHA, Val Moreira. Curso Palavra. Inédito. TEXTO 2 — RESUMO Resumo: O acordo ortográfico O texto intitulado “O acordo ortográfico”, publicado no caderno Notas & Informações, do jornal O Estado de S. Paulo, trata da aprovação do Acordo Ortográfico entre os países lusófonos e do prazo de sua implantação oficial que, em Portugal, levará mais tempo que no Brasil. Desde 1990 que se tentava aprovar essa medida, porém houve forte resistência dos portugueses para os quais a reforma será muito mais significativa, corresponderá a 1,43% do idioma — sendo este um patrimônio para os lusitanos —, quando para o brasileiro o percentual não passará de 0,43% da língua. O fato é que a língua portuguesa é também patrimônio de mais de 230 milhões de falantes em todo mundo, que certamente não a empregam com o rigor formal com que é empregada em terras lusitanas. E o rigor
  • 2. PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR Professora: Val Página 2 deles seria benéfico desde que não aniquilasse a riqueza da variedade linguística expressada por outras nações da lusofonia. Essa reforma ortográfica tem importantes aspectos políticos e econômicos. Primeiro porque documentos internacionais passariam a ser redigidos a partir de uma padronização do português, fortalecendo as pátrias lusófonas no cenário global, quando muitos documentos são rejeitados por instituições internacionais sob o argumento de que as grafias diferentes dificultam o estabelecimento de alguns tratados. Ademais, seria facilitado o comércio de livros nos países que têm a Língua Portuguesa como oficial, atraindo bons negócios para as editoras brasileiras que levariam suas publicações para outros territórios. O que os editores não podem esquecer é que os livreiros portugueses são experientes e tentarão dominar esse mercado na África, uma concorrência que pode ser apertada, todavia muito edificante. Bibliografia: Notas & Informações. O Estado de S. Paulo, 26 de maio de 2008. ROCHA, Val Moreira. Curso Palavra. Inédito. EXEMPLOS: AULA DA TERCEIRA SEMANA DE 2013 TEXTO 1 — ARTIGO DE OPINIÃO Uma alta dose de rigor No último Carnaval, o Brasil comemorou uma sensível redução dos acidentes automobilísticos nas rodovias federias que, no ano passado, no mesmo período, haviam deixado 192 mortos e 2207 feridos. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, atribuiu a amenização da tragédia ao sucesso do rigor da nova Lei Seca. Apesar de uma legislação mais rigorosa parecer, de fato, um mecanismo eficiente, ela não basta para inibir que tem o hábito de dirigir sob o efeito de bebidas alcoólicas. Não se pode ignorar que o brasileiro não teme mecanismos legislativos, porque acredita na impunidade para suas transgressões, além de perceber que a fiscalização é pífia. Todos sabemos que, passado o espetáculo da mídia em torno das novas regras, o temor de soprar o bafômetro e pagar uma multa de quase dois mil reais desaparece por completo. Enquanto os policiais estão nas ruas fiscalizando — e agora podem empregar outros recursos além dos bafômetros aos quais ninguém é obrigado a submeter-se, porque a Constituição Federal nos reserva o direito de não produzir provas contra nós mesmos —, há um efeito intimidador, depois restam apenas os efeitos deletérios da combinação álcool e direção. E não importa aos transgressores se poderão ser filmados ou delatados pelos depoimentos que agora serão aceitos como prova para puni-los. Mesmo com a tolerância zero — não se aceita nenhuma quantidade de álcool ingerida por quem dirige o automóvel —, o condutor bebe a pretexto de que o rigor legislativo é uma cassação de suas liberdades individuais. Assim, segue desobedecendo, porque se acostumou a negligenciar as normas da convivência pacífica e civilizada no tráfego, prova de que a dose de rigor da Nova Lei Seca não inibirá de forma significativa a quantidade de pessoas que provocam desastres nas vias públicas brasileiras. ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013. TEXTO 2 — CARTA DE LEITOR Prezados senhores redatores do jornal Folha de S. Paulo, Desde muito jovem, passei a cultivar o hábito de leitura, assim leio frequentemente diversos jornais e revistas. Na semana passada, durante minha costumeira incursão pelas páginas desta Folha, deparei-me com a matéria intitulada “Cachorro bêbado resgatado em Curitiba ganha o nome de Whisky”, na qual se relata a estória do cãozinho que, à beira de uma coma alcóolico, foi resgatado, tratado por dois policiais que conseguiram fazer com que o cachorrinho fosse adotado. A princípio, imaginei que fossem tratar de maus tratos contra animais. Depois vi que o interesse dos redatores era apenas causar um estado de comoção nos leitores. Como recentemente tenho me deparado com muitas notícias sobre os riscos da embriaguez ao volante, fiquei inconformado como o fato de a publicação — que poderia prestar um imenso serviço à sociedade, esclarecendo- a sobre os perigos da combinação álcool e direção — dedicar um importante espaço a um cachorrinho bêbado.
  • 3. PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR Professora: Val Página 3 Não sei se os senhores sabem, mas males causados por motoristas bêbados são globalizados. Li recentemente que nos Estados Unidos, no ano de 1991, quase mil pessoas morreram em acidentes automobilísticos que envolviam condutores que estavam sob o efeito de bebidas alcóolicas. No Canadá, Noruega e Chile, 50% dos desastres de automóveis foi causado por motoristas alcoolizados. No Brasil são quase 40 mil mortos ao ano e muitos deles foram vítimas da irresponsabilidade dos consumidores contumazes do álcool. Diante dessa ameaça mundial, o correto não seria expor esses dados à população para gerar nela uma reflexão sobre a importância de se buscar um trânsito seguro? Pensem no serviço que deveriam prestar aos brasileiros se, ao invés de os senhores, redigirem notícias mais pertinentes aos sítios virtuais, expusessem aos leitores as estatísticas da tragédia representada pela embriaguez ao volante. Espero, nas próximas edições, poder ler conteúdos mais relevantes para todos nós. V.M.R ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013. EXEMPLOS: AULA DA QUARTA SEMANA DE 2013 TEXTO 1 — COMENTÁRIO Oi, Amanda! Hoje resolvi compartilhar no meu Face uma reportagem publicada no jornal Folha de S. Paulo, para a qual você deu um depoimento. Na matéria, li que você é blogueira e também resolvi acessar seu blog e postar aqui uma mensagem. Reconheço que também adoro os mecanismos das redes sociais e fiquei fascinada com o Instagram. Essas coisas mexem conosco, pois somos jovens procurando atrações virtuais cada vez mais dinâmicas. Mas fiquei imaginando se você não estaria sofrendo de uma triste carência, pois contou que posta três fotos por dia em sua página pessoal. Será que essa necessidade de mostrar o que veste, come e os lugares para onde vai não significa que está enfrentando uma carência afetiva terrível? E pode estar viciada nessas postagens diárias. Veja que está fazendo uma exposição danosa de sua via pessoal. Vi que posta várias imagens de seu cãozinho, Teodorico, o que é inofensivo. Mas ficar se mostrando demais pode atrair, para sua página pessoal, desconhecidos que queiram lhe fazer mal. Além do mais, relatou que seus amigos estão reclamando que não aproveita os momentos com eles, porque fica tirando fotos o tempo inteiro. Veja o perigo de eles se afastarem definitivamente e você passar a viver num mundo virtual e sofrer prejuízos na vida real, comprometendo até mesmo o progresso de seus estudos. Uma pessoa que fica desesperada para fotografar tudo perde coisas importantes, não desfruta dos prazeres que poderia desfrutar. Postando tudo que faz, corre o risco de ficar deprimida e perder a autoconfiança quando alguém fizer um comentário depreciando você. Já passei por isso, contei com o controle de meus pais e agora usufruo das redes sociais com cautela. ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013. TEXTO 2 — EDITORIAL Uma nova patologia digital Como noticiou recentemente esta Folha, renomadas universidades brasileiras e internacionais têm se dedicado a estudar os males causados pelo uso excessivo das novas tecnologias, sendo os jovens os mais ameaçados. Assim, diagnosticou-se o tecnoestresse, uma nova patologia digital causadora de depressão e ansiedade nas crianças e adolescentes, mais vulneráveis a essas doenças, porque ainda não têm discernimento da importância de empregar esses mecanismos com cautela. Os incautos internautas tomam uma overdose de internet e mergulham no universo tentador das redes sociais e seus infinitos mecanismos. Naturalmente consumidos por esse mundo virtual, passam a isolar-se cada vez mais e recusam-se a deixar o computador. Desenvolvem uma existência solitária e sentem dificuldades no relacionamento social e afetivo, rejeitando contato com pessoas que não aquelas que reúnem em suas páginas virtuais. Há também o risco de os jovens usuários do mundo cibernético sofrerem de ansiedade. Ainda em fase de formação, seus cérebros não conseguem processar a avalanche de informações a que são submetidos. Ademais, realizam diferentes tarefas simultaneamente: pesquisam no Google, postam mensagens no Twitter e atualizam o Facebook. Vão ficando cada vez mais ansiosos por fazer tudo isto e, quando afastados dessas ações online, têm reações agressivas, exibem uma angústia constante e não aceitam o controle que os pais tentam exercer contra a dependência virtual.
  • 4. PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR Professora: Val Página 4 De difícil diagnóstico, o tecnoestresse é uma ameaça silenciosa, sendo a prevenção o tratamento mais eficiente contra o mal. Nos lares, as famílias devem cuidar para que seus rebentos não passem conectados mais tempo que o necessário, alertando-os dos danos físicos — obesidade e sedentarismo são velhos algozes da geração digital — e psicológicos, recentemente analisados por estudiosos do comportamento humano. Esse controle familiar terá êxito garantido principalmente se os pais ou responsáveis banirem do convívio com seus filhos a internet móvel, um atrativo implacável para os mais novos e que não permite qualquer vigilância dos adultos. ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013. EXEMPLOS: AULA DA QUINTA SEMANA DE 2013 TEXTO 1 — MANIFESTO Manifesto contra o tráfico internacional de mulheres Sra. ministra desta Secretaria dos Direitos Humanos, autoridades públicas, nós, ativistas do movimento social que milita contra o tráfico internacional de mulheres, manifestamos nossa indignação com o fato de ainda haver vítimas desse crime hediondo. No mês de janeiro, uma ação da Polícia Federal do Brasil, articulada com a polícia da Espanha, libertou quatro brasileiras que viviam como escravas sexuais em uma boate em Salamanca. Elas foram aliciadas na cidade de Salvador e traficadas para prostituir-se em bordéis espanhóis. Não é aceitável que nossas jovens deixem-se enredar por essas armadilhas quando estão em busca de melhores condições de trabalho no exterior. Precisamos adotar medidas para proteger essas pessoas exploradas. Não podemos ficar inertes diante da ação de quadrilhas internacionais que se aproveitam da ingenuidade de moças pobres e as aliciam, furtando-lhes a liberdade em um regime de servidão por dívidas, adquiridas sem o conhecimento da vítima, pois o aliciador promete que os gastos com viagem e hospedagem ficarão por conta do suposto empregador. Depois exige que elas saldem os custos e as condenam a ficar presas em cubículos insalubres, sendo mal alimentadas e não recebendo qualquer forma de assistência, como se viu na Espanha. Precisamos livrar essas mulheres que, desprovidas de um bom nível de instrução formal, acabam escravizadas em outros países. Devemos agir para que essa prática hedionda seja combatida. Assim, convocamos todos os presentes para lutarem pela proteção da mulher que, pobre e com baixo nível de escolaridade, tem sido o alvo primordial das máfias transnacionais. É nosso dever desenvolver uma estratégia, principalmente nas regiões mais carentes do Brasil, para banir de nossa realidade essa situação de barbárie. Além disso, são essenciais políticas públicas de inclusão social e melhoria de renda, uma vez que os traficantes valem-se das necessidades das mulheres para aliciá-las. É o momento de tornar essa prática de tráfico humano algo que repudiamos totalmente no território brasileiro. Juntem-se a nós na defesa dessa causa! ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013. TEXTO 2 — TEXTO INSTRUCIONAL Conhecendo-se a gravidade do crime representado pelo tráfico internacional de mulheres e o fato de que as vítimas são geralmente aquelas desprovidas de educação formal e dotadas de pouca informação sobre como atuam as máfias transnacionais, esta edição especial do Jornal Escolar preparou um pequeno manual de instrução para alertá-las contra esses criminosos. Seguem as orientações. 1. Não se deixem enganar por promessas tentadoras de emprego com a perspectiva de receberem altos salários trabalhando no exterior, geralmente este é o recurso mais comum usado pelos aliciadores. 2. Exijam do suposto empregador um contrato em que fiquem claras as condições da viagem e sobre quem pagará pelos custos da mesma e pela hospedagem, e registre o contrato em cartório; pois geralmente os criminosos escravizam as mulheres a pretexto de saldar esses custos. 3. Não acreditem em propostas de casamentos arranjados com maridos financeiramente bem sucedidos, estes podem ser apenas uma estratégia para tirá-las do país e submetê-las à exploração; 4. Verifiquem se a empresa que pretendem contratá-las é legalmente reconhecida no Brasil e se está autorizada a empregar estrangeiras em outras nações; 5. Não entreguem seus passaportes ou qualquer outro documento pessoal a estranhos, caso decidam aceitar o trabalho fora do país, pois sem documentação ficarão à mercê do sistema de exploração;
  • 5. PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR Professora: Val Página 5 6. Anotem o endereço e telefone do consulado do país para onde irão, guardem-nos e passe a informação para suas famílias, assim ficará mais fácil pedir ajuda se descobrirem que foram aliciadas por um traficante de pessoas. Seguindo essas orientações, ficarão mais protegidas e não se deixarão enganar por máfias que exploram a carência e a ingenuidade das vítimas. ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013. EXEMPLOS: AULA DA SÉTIMA SEMANA DE 2013 TEXTO 1 — CARTA ABERTA Carta aberta ao deputado Marco Feliciano Caro deputado, não sou minoria e também não milito em defesa de qualquer causa social, sou apenas mais um cidadão comum indignado com o fato de o senhor ter sido eleito para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Vi que logrou o cargo por uma manobra política e pelo fato de o PT (Partido dos Trabalhadores) ter recusado esse Comitê. Sua eleição foi marcada por protestos realizados até mesmo por outros deputados; muitos, revoltados, abandonaram a votação. E no meio do tumulto, o senhor saiu vencedor, para minha indignação. Deputado, não sou “cristofóbico”, como tem acusado quem se opõe à sua liderança nessa comissão, apenas não o julgo apto a defender as minorias. Seus discursos homofóbicos e preconceituosos têm sido ouvidos por todo o país. Fica evidente que pretende exercer um cargo político guiado por suas convicções religiosas, o que é inconcebível a uma nação que se pretende laica. Ademais, o senhor mesmo declarou que não está atualizado sobre os trabalhos do comitê que presidirá. E pelo que leio nos jornais, essa instituição que o terá como líder deve zelar pelos direitos dos homossexuais, prostitutas, negros e quaisquer outros grupos socialmente discriminados. Imagino como poderá defendê-los das agressões que sofrem se os têm desqualificado em suas falas. Acredito que a maioria dos cidadãos brasileiros estão muito descontentes com a votação que o transformou em presidente dessa comissão. Desse modo, em minha humilde condição de pessoa comum, peço que renuncie, deputado. Mostre que respeita os anseios populares e deixe o cargo. Certamente se livrará de parte da indignação que muitos de nós, que não ameaçamos os direitos humanos, sentimos diante de sua presença no cenário político brasileiro. ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013. TEXTO 2 — RELATO Um homem transformado em bicho Eu seguia de táxi para um restaurante onde faria o almoço de sexta-feira, descobrira o endereço no guia especializado em comer bastante e não pagar muito na cidade de São Paulo. O lugar era distante e havia o trânsito complicado do último dia útil da semana. O bairro ficava em uma região decadente, mas estava ganhando fama por uma gastronomia que seguia um novo conceito: muita comida boa por menos. Como era esperado, o carro deixou de avançar na avenida. Desviei o olhar para o lado e deparei-me com o pátio imundo. O sinal fechara e tive como distração um movimento de trapos que reviravam o local transformado em lixeira, para o descarte de todos os tipos de detritos. As caixas de papelão movimentavam-se como se sob elas estivesse um rato, os dejetos moviam-se, uma criatura comia sem hesitar o que encontrava, nada levava à narina e nem observava os preciosos achados, ia devorando tudo o que conseguia. Vi o verde do semáforo, mas o motorista não conseguia avançar nada além que poucos metros. Pela calçada, ia o alvo de minha observação, limpando as sobras nojentas nas vestes em frangalhos. A lentidão do automóvel não me permitia ficar livre daquela visão. Avistei o lixão bem perto dali. O homem, transformado em bicho, lançava-se com voracidade à montanha fétida e continuava a engolir o que lhe vinha pelas mãos. Enxotava crianças e urubus na briga pelos restos de alimentos. Andava com rapidez para ganhar a disputa, mas tropeçava no lixo. Finalmente, o tráfego diminui e já me aproximava de minha farta refeição. Dei uma última olhada para trás e deparei-me com a criatura seguindo na direção contrária. ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013.
  • 6. PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR Professora: Val Página 6 EXEMPLOS: AULA DA OITAVA SEMANA DE 2013 TEXTO 1 — CONTO CURTO O despertar de Clara Clarinha era uma menina ensolarada, o verde do jardim misturava-se com o verde do vestidindo. Ela não precisava comprar um novo para ser feliz. A felicidade era brincar com tantas crianças. Outra de suas alegrias era esperar o carteiro que lhe trazia as cartinhas de vovó, escritas com cuidados para a neta que passara a desvendar há pouco tempo os mistérios da escrita. Em sua existência de menina, admirava o céu sem qualquer temor, daquela imensidão azul não poderia vir qualquer ameaça. Ela temia a gripe que, uma vez por ano, a punha de cama e a impedia de flanar sob a abóboda celeste. Também não gostava dos insetos, eles machucavam sua pele branquinha, o calor excessivo não lhe era agradável, molhava os cabelinhos enrolados e deixava gotinhas de suor na testinha alva. Seu maior medo, porém, era perder o bonde das onze horas, pois ele a levava para a escola. Esta lhe permitira receber as cartinhas da avó. Era querida por todos, o guarda civil acenava-lhe, ele também não tinha o que fazer naquela tranquilidade que ia da Alemanha à China. Clara despertou, restara apenas uma lembrança do mundo antigo, não havia mais jardins, apenas os trágicos dias marcados pela guerra. A desgraça viera do céu, o guarda, agora, precisava matar para proteger crianças, era perigoso andar de bicicleta. Ninguém mais a chamava de Clarinha, fora mutilada durante um ataque aéreo. Nunca mais haveria manhãs com crianças no jardim. As cartas não chegavam mais, a avó se fora com tantos outros. Ainda lhes restavam os anos da juventude, mas eles eram sombrios. O pai gastara uma pequena fortuna para comprar-lhe a perna mecânica. Não importavam vestidos novos, o milionário mecanismo causava a inveja de muitas outras moças mutiladas. Quem sabe até não poderia arranjar um casamento com a correção do “defeito”. Novamente despertou, o quarto ainda estava enfeitado pelas flores, o piso colorido pelos presentes, procurou na cama desarrumada o marido, o noivo tão doce da noite anterior, as núpcias. O jardim ficou sombrio, transformara-se em abismo, quando percebeu sua tragédia: ele levara a perna mecânica, recurso valioso quando as bombas mutilavam, da Alemanha à China. Esta narrativa tem um desfecho inspirado no conto Helga, que integra a coletânea Antes do Baile Verde, de Lygia Fagundes Telles. Inédito. Curso Palavra ROCHA, Val Moreira, 20 de abril de 2013. TEXTO 2 — ENTREVISTA Ilana Casoy é escritora e, apesar de não ter qualquer formação específica na área, estuda o comportamento de assassinos em série. Já escreveu três livros sobre o assunto e trabalha como consultora em investigações policiais. Recentemente, recebeu o título de “persona honorária” da Academia de Polícia do Rio Grande do Sul. Ilana é a entrevistada desta edição especial. Revista Época: Ilana, como começou seu interesse por estudar a mente de serial killers? Ilana Casoy: Sempre gostei de ler histórias sobre assassinatos, fossem reais, como as de Jack, o Estripador, ou fictícias. Há seis anos, quando trabalhava como administradora de um colégio, disse ao meu marido que gostaria de escrever sobre personagens cujas estórias eu adorava ler, assim passei a procurar assassinos reais, olhar nos olhos deles e ouvi-los como ninguém ainda tinha feito no Brasil. Revista Época: Dessa sua experiência você escreveu três livros, de que exatamente eles tratam? Ilana Casoy: Em 2002, publiquei meu primeiro livro, “Serial Killer — Louco ou Cruel?” Nele reuni uma coletânea sobre crimes seriais antigos que já haviam sido solucionados nos Estados Unidos. Depois, escrevi “Serial Killers Made in Brasil”, cujo conteúdo trata de criminosos brasileiros, e narro detalhes nauseantes que tirei dos laudos policiais. Minha terceira publicação é “O Quinto Mandamento”, no qual relato as circunstâncias do assassinato do casal Von Richthofen, cuja reconstituição pude acompanhar de perto. Foi perturbador porque a própria filha, o namorado dela e o irmão dele eram acusados pelo crime. Revista Época: Como você conseguiu ter o seu trabalho respeitado pela polícia, uma vez que não tem formação na área do Direito e nem da Psicologia? Ilana Casoy: Primeiro, eu participei como ouvinte em cursos para policiais e passei a compartilhar com esses profissionais os conhecimentos que eu havia adquirido em livros americanos, sobre mentes criminosas. Tornei-me consultora Comissão de Política Criminal e Penitenciária da Ordem dos Advogados do Brasil e
  • 7. PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR Professora: Val Página 7 “persona honorária” da Academia de Polícia do Rio Grande do Sul. Hoje, apesar da insônia e mal-estar quando lido com alguns casos, tenho imenso prazer ao levantar da cama todos os dias para realizar o meu trabalho. ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013. EXEMPLOS: AULA DA NONA SEMANA DE 2013 TEXTO 1 — CARTA RELATO São Miguel do Gostoso, 19 de abril de 2013 Caro João, Depois de ler um editorial do jornal Folha de S. Paulo, me senti motivado a vir para a cidade de Gostoso e fazer uma reportagem sobre o sucesso de um dos programas do governo federal para a melhoria de renda. Fiquei interessado, mais especificamente, em colher depoimentos das pessoas que se tornaram microempreendedores individuais (MEIs) depois de receberem o benefício oferecido por uma linha de crédito do Bolsa Família. Como você é desses jornalistas que adoram criticar as políticas assistencialistas, pensei que seria curioso fazer-lhe um relato sobre esses empreendedores e, quem sabe, convencê-lo a escrever também uma matéria para sua revista. Meu amigo aqui me surpreendi. Conheci Silvana da Silva, uma mulher que sabe a que veio no mundo. Você acredita que apenas com o parco recurso do governo ela conseguiu abrir um mercadinho e tem prosperado a cada dia no negócio? Ela era sacoleira, resolveu mudar de ramo e tem batido a concorrência, porque abre as portas às 5h30 e fecha às 20h, quando todos os outros abrem bem mais tarde e fecham bem mais cedo. Também fiquei surpreso ao ouvir a estória de Felipe dos Santos. O homem é dotado de uma força de trabalho invejável. Antes de receber a assistência estatal, estava na pobreza. Agora, é eletricista, investiu no negócio e comprou até uma motocicleta, para carregar a escada e as ferramentas, está mudando a vida dele, não falta trabalho. A aproximadamente 300 km daqui, fui entrevistar Giovani Paiva, outra personagem que mostra uma verdadeira obstinação para o trabalho. Antes ele vendia salgados na rua, agora é o “Rei do Pastel”. Precisa ver a alegria dele, os sonhos de expandir a pequena pastelaria que livrou a família inteira da carência extrema. Sei que você sempre falou que muita gente preferia receber a “bolsa miséria” a ter um trabalho fixo. Esses pequenos empreendedores contrariam tudo o que pensávamos sobre a utilidade dessa forma de assistência. João, todos os meus entrevistados contaram-me da felicidade que tiveram com a independência econômica, agora buscam assistência técnica e mais créditos para crescerem. Veja, meu amigo, que surpresa. Você deveria deixar de ser tão conservador e vir visitar esta maravilhosa cidade, que lhe renderá excelentes reportagens. Um grande abraço. ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013. TEXTO 2 — PEQUENO CONTO O banquete O governador de um rico estado brasileiro mandou reunir em sua residência oficial os prefeitos das mais ricas cidades, pois pretendia conhecer melhor quem eram exatamente os comandantes de receitas tão altas e com quais poderia contar. Assim, mandou preparar um banquete para a esperada reunião. Todos estavam felizes com a ideia de gozar da companhia de tão ilustre autoridade pública. Foram levados à mesa onde estava posta a refeição: então surgiu o inusitado: toda a decoração da comida trazia estampado o rosto do anfitrião. Nas carnes, estavam desenhadas as faces dele, o mesmo se dava nas saladas, acompanhamentos, e todos os doces foram produzidos com o formato do crânio da hedionda figura. Ele observava a reação de cada convidado quando um prefeito, estupefato, julgou um acinte tão horrorosa comida e procedeu a um discurso gritando que eram um mal gosto atroz aqueles pratos, que aquilo implicava uma cafonice sem tamanho. Imediatamente, veio a segurança e baniu da recepção o tresloucado. Um outro aplaudia a atitude do nobre político e bradava que era próprio de um homem ilustre decorar a refeição com as próprias feições, que nunca vira gesto da mais fina sutileza, apenas uma mente muito brilhante empregaria tal recurso. Era desconhecido do bajulador o fato de que o governador não suportava que o adulassem e mandou também que retirassem dali o incômodo convidado.
  • 8. PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR Professora: Val Página 8 Assim, quis o comandante do palácio consultar uma outra opinião e inquiriu uma prefeita que até então ficara calada a admirar as esquisitas guloseimas. — E a senhora, o que pensa da decoração da comida que mandei preparar? — Eu, governador, não posso responder, pois nada enxergo sem meus óculos, que tive o azar de esquecer em meu gabinete. Já mandei que meu assessor fosse pegá-los e, assim que estiverem em minha posse, responderei. Quem busca no mundo da política ingressar deve agir sempre assim: nem bajulação vil nem a ofensiva franqueza, deve preferir o talvez da esperteza. ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013. EXEMPLOS: AULA DA DÉCIMA SEMANA DE 2013. SIMULADOS TEXTO 1 — DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE UMA PALESTRA Caros colegas, professores, bom dia! Antes de mais nada, gostaria de agradecer a presença de todos. Como devem saber, sou representante do grêmio estudantil, que tem desenvolvido uma pesquisa, junto ao corpo docente, sobre o consumo de bebidas alcoólicas entre os estudantes aqui de nossa escola. Durante a análise desse problema, deparei-me com uma entrevista do Dr. André Malbergier e resolvi convidá-lo para nos ministrar esta palestra. Ele poderá nos alertar sobre as ameaças representadas pela ingestão excessiva do álcool, uma vez que é coordenador da Unidade de Dependência Química do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da USP, e tem vasta experiência no tratamento e prevenção do alcoolismo. Nosso convidado, que escolheu tratar de dependentes químicos por considerar a área desafiadora, poderá nos mostrar, pelo conhecimento que acumulou, o perigo de adolescentes ingerirem bebidas alcoólicas. Ele nos alertará dos riscos que corremos quando passamos a beber nos finais de semana, com os amigos, julgando que essa prática nos é inofensiva, e quando ignoramos que podemos ter uma propensão genética ao vício, além da possibilidade de passarmos a beber para não enfrentarmos conflitos familiares. O doutor André pesquisou a relação que travamos com essa droga que, apesar de lícita, causa danos. Como muitas vezes julgamos que beber é algo natural, considerei que nosso palestrante era a pessoa ideal para nos apontar como o alcoolismo é uma doença silenciosa. Passa a se desenvolver de forma sutil, desde o momento em que nos julgamos resistentes, fortes e vamos experimentando doses cada vez mais elevadas. Depois, incorporamos o ato de consumir álcool ao nosso cotidiano e formamos círculos de amigos apreciadores desse consumo. A dependência vai prejudicando nossas funções na escola e até mesmo no trabalho. Por tudo isso, as palavras desse capacitado profissional serão de muita utilidade para todos nós. Ele poderá nos mostrar como nos proteger do mal se retardarmos ao máximo nosso contato com as bebidas alcoólicas. Espero que todos aproveitem a palestra e chamo ao palco o doutor André. Muito obrigado! ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013. TEXTO 2 — ARTIGO DE OPINIÃO As estruturas da exclusão acadêmica Recentemente, universidades públicas divulgaram dados preocupantes sobre a exclusão acadêmica no Brasil: apesar das ações afirmativas, transformadas em bônus e cotas para o aluno negro ou oriundo de classes sociais baixas, não registramos o aumento dessa clientela nas escolas superiores estatais. Renomadas instituições, como a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) viram cair a quantidade de graduandos oriundos dos colégios públicos. Mesmo os que prestam vestibular para essas faculdades ainda representam minoria. As que registraram aumento dessa clientela — a exemplo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) —, sejam em seus campus ou processos seletivos, não tiveram um crescimento expressivo nesse perfil. Essa estagnação nos revela o quanto as cotas não têm promovido a inclusão universitária que anunciaram. A política não funciona, porque ignorou questões estruturais que impedem que certa parcela da população galgue os degraus da graduação em tão sonhadas universidades estatais. Uma dessas questões reside na baixa qualidade do ensino médio dedicado aos filhos das classes trabalhadoras. Muitas dessas escolas
  • 9. PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR Professora: Val Página 9 sofrem com a falta de aulas e de profissionais, o que impede que o conteúdo seja desenvolvido de forma suficiente para a concorrência travada com educandos vindos de um colégio de elite. Há ainda o fato de que a informação não chega a determinadas salas de aula, os estudantes desconhecem os mecanismos de acesso, nunca ouviram falar de reservas de vagas ou bônus para as parcelas discriminadas da população. Assim, a política de reservar a vaga, levando-se em conta a cor da pele ou classe social do estudante, nada pode fazer para incluí-lo no universo acadêmico, é preciso antes corrigir as estruturas que o têm afastado da conquista de um alto nível de instrução formal. ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013. EXEMPLOS: AULA DA DÉCIMA SEMANA DE 2013. SIMULADOS TEXTO 1 — DISCURSO DE AGRADECIMENTO Doutor André, na condição de representante do grêmio estudantil, que tem desenvolvido uma pesquisa, junto ao corpo docente, sobre o consumo de bebidas alcoólicas entre os estudantes aqui de nossa escola, gostaria de agradecer-lhe por ter aceitado nosso convite e ter proferido essa brilhante palestra. Recentemente, passamos a observar entre os jovens aqui do colégio um aumento no consumo de bebidas alcoólicas e precisávamos tomar uma atitude. Assim, sou imensamente grato por dedicar seu tempo e sua vasta experiência em tratar esse mal para nos alertar do risco que corremos quando passamos a ingerir bebidas alcoólicas. O senhor nos fez refletir sobre os perigos de beber sempre, com os amigos, julgando que essa prática é inofensiva, porque ignoramos que podemos ter uma propensão genética ao vício, além da possibilidade de passarmos a beber para não enfrentarmos conflitos familiares. Expresso também minha gratidão por expor de maneira tão clara as ameaças contidas na relação que travamos com essa droga que, apesar de lícita, causa danos. Como muitas vezes julgamos que beber é algo inofensivo, foi de suma importância ter nos apontado como o alcoolismo é uma doença silenciosa, que passa a se desenvolver de forma sutil, desde o momento em que nos julgamos resistentes, fortes e vamos experimentando doses cada vez mais elevadas. Incorporamos o ato de consumir álcool ao nosso cotidiano e formamos círculos de amigos apreciadores desse consumo. Mais uma vez, agradeço por mostrar que para nos protegermos do mal é preciso retardarmos ao máximo nosso contato com as bebidas alcoólicas. Também foi precioso seu alerta sobre o papel que os pais devem ter nessa proteção, ficando como responsabilidade deles vigiar a rotina dos filhos e tratar do assunto de forma direta, não banalizando o hábito de beber como se fosse natural entre os adolescentes. Assim, muito obrigado e espero contar com sua presença mais vezes em nossa escola. ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013. TEXTO 2 — EDITORIAL As estruturas da exclusão acadêmica Recentemente, universidades públicas enviaram a esta Folha dados preocupantes sobre a exclusão acadêmica no Brasil: apesar das ações afirmativas, transformadas em bônus e cotas para o aluno negro ou de classes sociais baixas, não se registrou o aumento dessa clientela nas escolas superiores estatais. Renomadas instituições como a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) viram cair a quantidade de graduandos oriundos dos colégios públicos. Mesmo os que prestam vestibular para essas faculdades ainda representam minoria. As que registraram aumento dessa clientela — a exemplo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) —, sejam em seus campus ou processos seletivos, não tiveram um crescimento expressivo nesse perfil. Essa estagnação revela o quanto as cotas não têm promovido a inclusão universitária que anunciaram. A política não funciona, porque ignorou questões estruturais que impedem que certa parcela da população galgue os degraus da graduação em tão sonhadas universidades estatais. Uma dessas questões reside na baixa qualidade do ensino médio dedicado aos filhos das classes trabalhadoras. Muitas dessas escolas sofrem com a falta de aulas e de profissionais, o que impede que o conteúdo seja desenvolvido de forma suficiente para a concorrência travada com educandos vindos de um colégio de elite. Há ainda o fato de que a informação não chega a determinadas salas de aula, os estudantes desconhecem os mecanismos de acesso, nunca ouviram
  • 10. PALAVRA: REDAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR Professora: Val Página 10 falar de reservas de vagas ou bônus para as parcelas discriminadas da população. Assim, o malabarismo político de reservar a vaga levando-se em conta a cor da pele ou classe social do estudante nada pode fazer para incluí- lo no universo acadêmico, é preciso antes corrigir as estruturas que o têm afastado da conquista de um alto nível de instrução formal. ROCHA, Val Moreira. Inédito. Curso Palavra, 20 de abril de 2013. Este material está registrado em cartório sob a Lei dos Direitos Autorais. Assim, “é vedada a reprodução deste material — seja para fins didáticos ou comerciais — sem a devida autorização da autora. LEI Nº 9.610, de 19 de fevereiro, 1998