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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
           INSTITUTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
          CURSO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO




              LUIS RICARDO ANDRADE DA SILVA




ACESSO LIVRE À INFORMAÇÃO NA ÁREA DE GEOCIÊNCIAS:
 o estudo da Biblioteca Digital da CPRM - Serviço Geológico do Brasil




                               Salvador
                                2010



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LUIS RICARDO ANDRADE DA SILVA




ACESSO LIVRE À INFORMAÇÃO NA ÁREA DE GEOCIÊNCIAS:
 o estudo da Biblioteca Digital da CPRM - Serviço Geológico do Brasil




                          Monografia apresentada ao curso de graduação em
                          Biblioteconomia e Documentação, no Instituto de Ciência
                          da Informação, Universidade Federal da Bahia, como
                          requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em
                          Biblioteconomia e Documentação.

                          Orientadora: Profª. Ms. Maria Dulce Paradella Matos de
                          Oliveira




                                Salvador
                                 2010


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S586a   Silva, Luis Ricardo Andrade da
                Acesso Livre à Informação na área de Geociências : o estudo da
            Biblioteca Digital da CPRM - Serviço Geológico do Brasil / Luis
            Ricardo Andrade da Silva. -- Salvador, 2010.
                76f. : il., color. ; 30cm.
                 Orientadora: Profª. Ms. Maria Dulce Paradella Matos de Oliveira
                Monografia (Graduação em Biblioteconomia e Documentação)–
            Instituto de Ciência da Informação. Universidade Federal da Bahia,
            2010.

                 1. Biblioteca digital. 2. Acesso livre. 3. Informação geocientífica.
            4. Mediação da informação. 5. CPRM - Serviço Geológico do Brasil
            I. Título.
                                                CDD 025.4
                                                CDU 025:007.5




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LUIS RICARDO ANDRADE DA SILVA




    ACESSO LIVRE À INFORMAÇÃO NA ÁREA DE GEOCIÊNCIAS:
       o estudo da Biblioteca Digital da CPRM - Serviço Geológico do Brasil



                                          Monografia apresentada ao curso de graduação em
                                          Biblioteconomia e Documentação, no Instituto de Ciência
                                          da Informação, Universidade Federal da Bahia, como
                                          requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em
                                          Biblioteconomia e Documentação.



                                                                        Aprovado em 14 de julho de 2010



                                      BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________________
Maria Dulce Paradella Matos de Oliveira
Mestre em Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, Brasil
Prof ª do Instituto de Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, Brasil
Membro Interno
(Orientadora)

__________________________________________________
Henriette Ferreira Gomes
Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia, Brasil
Prof ª do Instituto de Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, Brasil
(Membro Interno)

__________________________________________________
Hildenise Ferreira Novo
Mestre em Ciência da Informação pela UFF/IBICT, Brasil
Prof ª do Instituto de Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, Brasil
(Membro Interno)

                                                  Salvador
                                                   2010




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À
                                                      Rose minha querida mãe.
                                                       Renata, minha maninha.




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AGRADECIMENTOS


       Agradeço a Deus por ter me fortalecido e me dado inspiração para vencer todas as
batalhas, ajudando-me em todos os momentos que precisei, quando me senti fraco Ele me
ergueu, quando me senti forte demais Ele me ensinou a ser humilde, e não se esqueceu em
nenhum momento de mim. Não tenho palavras para agradecer por tudo o que Senhor já fez,
faz, e ainda há de fazer na minha vida.
       À minha mãe que sempre me incentivou a ser uma pessoa melhor, educando-me e
mostrando-me que as vitórias só são possíveis depois das batalhas. Amo-te mãe, você é meu
maior exemplo.
       À minha irmã que sempre foi meu orgulho, e que sempre me acompanhou nesta
jornada com amizade, amor e carinho.
       Ao meu pai José Luis, às minhas avós Josefa e Judite, e ao meu irmão André.
       Aos meus primos Jonas, Lucilia, Humberto, Fábio, Eduardo, André, Damares, Cátia, e
a todos familiares que me acompanharam neste percurso, principalmente minhas queridas tias
Creuza, Cecília, Rosilda e Maria Luiza.
       Aos meus professores do Instituto de Ciência da Informação – ICI, principalmente a
minha orientadora Maria Dulce Paradella por ter me acompanhado com paciência até este
momento.
       Agradeço também aos meus colegas de profissão Jaqueline Machado, Kátia Abrel,
Emile Lantyer, Suzana Ferreira, Ilvania Oliveira Silva, Rita Araújo, Fábio Gomes, Joselita
Maia, Eliene Argollo, Nelza Farias, Andersom Rocha, Sidnei Silva, Luis Carlos e Raquel
Santos Oliveira que me deram oportunidades de crescer na profissão, devo muito a vocês.
       Á todos os colegas ingressos no semestre 2006.1 no curso de Biblioteconomia e
Documentação que de alguma maneira contribuíram para a minha formação profissional.
       Aos meus colegas da Residência Universitária 1 da UFBA que conviveram comigo
nestes últimos 4 anos (2006-2010).
       Aos meus irmãos em Cristo Jesus da Igreja Batista Boas Novas, Igreja Batista Sião, e
a todos os meus irmãos mais que especial do NERU; com certeza Deus escutou nossas
orações.
       Em especial agradeço as bibliotecárias Isabel Matos e Gisélia Maria, e aos demais
colaboradores da CPRM – Serviço Geológico do Brasil, Superintendência Regional Salvador.




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Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da
                                                                    ciência de Deus!

                           Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis
                                                                  os seus caminhos!

                           Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor? ou quem
                                                           se fez seu conselheiro?

                                   Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja
                                                                    recompensado?

                               Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas;
                                              glória, pois, a ele eternamente. Amém.



                                                     Carta de Paulo aos Romanos,

                                                          cap. 11, versos de 33 a 36.




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RESUMO


Trata-se do estudo de caso da biblioteca de documentos digitais da CPRM - Serviço
Geológico do Brasil, denominada Acesso Livre, que foi criada para preservar e tornar
disponível, em acesso livre e gratuito na internet, os documentos produzidos durante os 40
anos de existência dessa instituição. Sabendo da riqueza do conhecimento produzido pela
CPRM para o desenvolvimento sustentável do país, e os avanços que esta biblioteca digital
poderá causar à comunidade de usuários ao facilitar novas pesquisas e estudos sobre o setor
de recursos minerais e tecnologia mineral brasileira, buscou-se, através de uma pesquisa
exploratória, um referencial teórico sobre os principais aspectos sociais que envolvem as
bibliotecas digitais, as informações geocientíficas e o Movimento de Acesso Livre à
Informação. O universo de pesquisa foi a empresa CPRM, e como amostra os bibliotecários
responsáveis pela biblioteca digital Acesso Livre na Rede de Bibliotecas da CPRM, com o
objetivo de entender se esse profissional tem competências para exercer a função de mediador
da informação no universo dos documentos digitais. No decorrer da pesquisa foram
identificados outros tópicos que o bibliotecário responsável por uma biblioteca digital deve
conhecer para implantar e manter serviços de qualidade, com as novas tecnologias, uma
qualificação profissional constante e, ainda, o desenvolvimento de outras competências que
envolvem a mediação da informação no espaço digital. Os resultados mostraram que os
bibliotecários responsáveis pela disseminação dos conteúdos da biblioteca digital Acesso
Livre estão encontrando dificuldades para orientar os usuários sobre como utilizar as coleções
digitais devido à falta de treinamento, arquitetura das informações disponibilizadas e a gestão
da biblioteca ainda estar voltada apenas para a preservação dos documentos.

Palavras-chave: Biblioteca digital. Acesso livre. Mediação da Informação. Informações
geocientíficas. CPRM - Serviço Geológico do Brasil.




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ABSTRACT


The case study focused the digital library of CPRM – Brazil Geological Survey, named Open
Access, which was created to preserve and make available on the internet, on a free access
basis, the documents produced during the 40 years of CPRM existence. Given the wealth of
knowledge produced by CPRM for the sustainable development of the country, and the
benefits brought by its digital library to the user community, in facilitating further research
and studies on the mineral resources and mineral technology in Brazil, it was sought a
theoretical framework, through an exploratory research, on key social issues surrounding
digital libraries, geological information and the Free Access to Information Movement. The
research base was the CPRM company and the sample were the librarians responsible for the
CPRM Open Access Network of Libraries, in order to understand whether these professionals
are empowered to act as mediators of information in the universe of digital documents.
During the research, new topics that the librarian responsible for a digital library must know,
in order to deploy and maintain quality services, were identified, as new technologies, the
need of a continuous qualification and the development of skills involved in the mediation of
information in the digital space The results showed that librarians responsible for the
dissemination of the contents of the Open Access digital library are finding it difficult to
guide users on how to use digital collections, due to lack of training, poor information
architecture and a library management still directed to the preservation of documents.

Keywords: Digital Library. Open Access. Information mediation. Geological information.
CPRM - Geological Survey of Brazil.




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LISTA DE ILUSTRAÇÕES


Figura 1    Mediação da informação no espaço da Biblioteca Digital                       26

Quadro 1    Tarefas e conhecimentos necessários das cinco áreas essências (core          28
            areas)

Quadro 2    Componentes necessários para o funcionamento de uma biblioteca               33
            digital
Quadro 3    Rede de Bibliotecas da CPRM                                                  49
Quadro 4    Número de questionários respondidos por biblioteca da Rede CPRM              50


Quadro 5    Fases do Projeto de implantação da Biblioteca Digital Acesso Livre           52
Gráfico 1   Acesso e Uso da Biblioteca Digital: Questionário 2 – Nível de                54
            dificuldade do bibliotecário ao utilizar a biblioteca digital Acesso Livre

Gráfico 2   Arquitetura e Usabilidade da Biblioteca Digital – Questão 3 – Principais 55
            dificuldades encontradas na busca e recuperação de documentos na
            biblioteca digital Acesso livre

Gráfico 3   Divulgação da biblioteca Digital: Questão 6 – Como os bibliotecários         56
            ficaram sabendo da existência da biblioteca digital Acesso Livre?

Gráfico 4   Participação na Organização da Biblioteca: Questão 7 – A sua                 57
            biblioteca regional participou da organização da biblioteca digital
            Acesso Livre?

Gráfico 5   Mediação da informação pelo bibliotecário na Biblioteca Digital:             58
            Questão 10




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LISTA DE SIGLAS


BD              Biblioteca Digital

BDTD            Biblioteca Digital de Teses e Dissertações

BSD             Berkeley Software Distribution

CAPES           Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CIM             Carta Internacional do Mundo ou Carta do Mundo ao Milionésimo

CCD             Charged Coupled Device

CD-ROM          Compact Disc Read-Only Memory

CPRM            Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais

COMUT           Programa de Comutação Bibliográfica

DLF             Digital Library Federation

DVD             Digital Video Disc

FACESM          Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas do Sul de Minas
FIOCRUZ         Fundação Oswaldo Cruz
GLP             General Public License
GEOBANK         Banco de Dados de Informação Geocientífica
HTML            Hypertext Markup Language
IBICT           Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
IP              Internet Protocol
MARC            Machine Readable Cataloging
MCT             Ministério da Ciência e Tecnologia
MME             Ministério de Minas e Energia
NTIs            Novas Tecnologias de Informação
OAI             Open Archives Initiative
ODLIS           Online Dictionary For Library And Information Science
PC              Personal Computer
Petrobras       Petróleo Brasileiro S/A
PPI             Plano Piloto de Investimento do Governo Federal
W3C             World Wide Web Consortium



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WWW             World Wide Web
RADAR           Radio Detection And Ranging
Residência FO Residência Fortaleza
Residência PV Residência Porto Velho
Residência TE   Residência Teresina
SGB             Serviço Geológico do Brasil
SIAGAS          Sistema de Informações de Águas Subterrâneas
SIG             Sistema de Informação Geográfica
SUREG BE        Superintendência Regional - Belém
SUREG BH        Superintendência Regional - Belo Horizonte
SUREG GO        Superintendência Regional - Goiânia
SUREG MA        Superintendência Regional - Manaus
SUREG PA        Superintendência Regional - Pará
SUREG RE        Superintendência Regional - Recife
SUREG SA        Superintendência Regional - Salvador
SUREG SP        Superintendência Regional - São Paulo
XML             eXtensible Markup Language




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SUMÁRIO


1        INTRODUÇÃO                                                            14
2        BIBLIOTECA DIGITAL: ALGUMAS VISÕES                                    16
2.1      AS BIBLIOTECAS E A REALIDADE DIGITAL                                  17
2.2      DEFINIÇÔES PARA A BIBLIOTECA DIGITAL: UMA CONCORDÂNCIA                19
         COMPLEXA
2.3      O USUÁRIO DA BIBLIOTECA DIGITAL                                       21
2.4      O BIBLIOTECÁRIO NA GESTÃO DE UMA BIBLIOTECA DIGITAL DE                23
         GEOCIÊNCIAS
2.5      ASPECTOS IMPORTANTES NA CONSTRUÇÃO DE UMA BIBLIOTECA                  30
         DIGITAL DE ACESSO LIVRE

3        MOVIMENTO DE ACESSO LIVRE À INFORMAÇÂO CIENTÍFICA                     37

4        CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL: INFORMAÇÕES                       41
         GEOCIENTÍFICAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

4.1      HISTÓRIA E MISSÃO                                                     41
4.2      PROGRAMAS DESENVOLVIDOS PELA CPRM                                     42
4.3      ACESSO LIVRE: A BIBLIOTECA DIGITAL DA CPRM                            44
5        METODOLOGIA                                                           46
5.1      PROBLEMA                                                              46
5.2      HIPÓTESE                                                              47

5.3      MÉTODOS E TÉCNICAS                                                    47

5.4      INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS                                       48

5.5      UNIVERSO E AMOSTRA                                                    49

5.5.1    Rede de Bibliotecas da CPRM – Serviço Geológico do Brasil             49

6        ANALISE DOS DADOS                                                     51
6.1      GESTÃO DESENVOLVIDA NA BIBLIOTECA DIGITAL ACESSO LIVRE                51
6.2      COMPETÊNCIA DO BIBLIOTECÁRIO PARA MEDIAÇÃO DA                         53
         INFORMAÇÃO NA BIBLIOTECA DIGITAL
7        CONSIDERAÇÔES FINAIS                                                  60
         REFERÊNCIAS                                                           62



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APÊNDICES                                                                    66
   APÊNDICE A – Questionário aplicado ao bibliotecário gerente da Rede de       67
   Bibliotecas da CPRM
   APÊNDICE B – Carta de apresentação da pesquisa e questionário aplicado aos   68
   bibliotecários da Rede de Bibliotecas da CPRM
   APÊNDICE C – Termo de consentimento e esclarecimento para realização da      71
   pesquisa
   ANEXOS                                                                       72
   ANEXO A – Movimentos em favor do acesso livre                                73
   ANEXO B – Página inicial de busca na Biblioteca Digital Acesso Livre         75
   ANEXO C – Página inicial do sitio da CPRM - Serviço Geológico do Brasil      76




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14



1 INTRODUÇÃO



       Entender a complexidade dos documentos digitais na sociedade da informação é um
desafio constante no qual o profissional bibliotecário participa direta ou indiretamente deste
contexto, sendo ele o responsável pela disseminação e mediação da informação também no
universo das redes e sistemas de informação na internet.

       A Biblioteca Digital (BD) é um desses espaços onde a informação pode ser organizada
pelo bibliotecário para que seus documentos sejam disponíveis em acesso livre a todos que de
alguma maneira necessitam dessas informações.

       Reconhecendo a existência de diversas barreiras sociais, políticas e tecnológicas que
dificultam o acesso e uso a informação produzida, a biblioteca digital e o bibliotecário são
essenciais no intuito de promover a consciência dos aspectos que envolvem a construção, o
acesso e o uso da informação na sociedade, principalmente neste momento (Séc. XXI), em
que o valor do conhecimento é fator decisivo para o desenvolvimento social e econômico das
nações.

       Procurando entender um recorte desta realidade, procurou-se analisar aqui a biblioteca
de documentos digitais da CPRM- Serviço Geológico do Brasil, denominada de Acesso Livre.

       A CPRM é um órgão de caráter público que, pensando na preservação e na divulgação
das informações geocientíficas produzidas por seus pesquisadores nos seus 40 anos de
existência, planejou a implantação de uma biblioteca digital na qual fosse possível o acesso e
uso gratuito de sua documentação técnica e cientifica através da internet, tanto para o seu
público interno quanto para o público externo a essa organização.

       Neste momento podemos adiantar que a comunidade de usuários atendida pela BD
Acesso Livre aqui em questão, abrange: pesquisadores, professores, estudantes e técnicos da
área de Geociências, e ainda profissionais de outras áreas correlatas à promoção e
desenvolvimento de estudos e pesquisas em Recursos Minerais e Tecnologia Mineral.

       O estudo desenvolvido objetiva entender como os bibliotecários da Rede de
bibliotecas da CPRM responsáveis pela mediação e disseminação dos conteúdos da biblioteca
digital Acesso Livre estão trabalhando para orientar os seus usuários na utilização das
coleções digitais disponíveis nesta biblioteca.

       É interessante mencionar desde já que a pesquisa realizada foi desenvolvida também


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para divulgar a comunidade cientifica e profissional, tanto das áreas de Geociências, quanto
na área de Ciência da Informação e Biblioteconomia, a riqueza informacional disposta na
biblioteca digital Acesso Livre e ainda revocar a necessidade e importância da disseminação
dessas coleções digitais para o desenvolvimento sustentável do país.

       Entendendo-se as mais diversas áreas do conhecimento que envolve a temática
analisada, procurou-se instruir o leitor através de um referencial teórico, primeiramente sobre
a concepção dos aspectos que envolvem a Biblioteca Digital: os seus diversos conceitos; os
seus usuários; a sua estrutura administrativa e principalmente o bibliotecário como gestor de
uma biblioteca especifica na área de Geociências, além de outros aspectos importantes na
construção de uma biblioteca digital, que podem ser conferidos nos tópicos do capitulo 2.

       No capitulo 3 comenta-se alguns tópicos referentes ao Movimento de Acesso livre à
informação. Nos capítulos 4 viram-se os seguintes temas: a CPRM - Serviço Geológico do
Brasil como órgão responsável pela disseminação das informações geocientíficas para a
comunidade brasileira; e a Biblioteca Digital Acesso livre, como uma das ferramentas
desenvolvidas para preservar e divulgar as informações produzidas por esta instituição.

       No capitulo 5, pôde-se analisar a metodologia aplicada para a realização deste estudo,
e nos capítulos 6 e 7 respectivamente, a análise dos dados obtidos neste estudo; e algumas
considerações verificadas no concluir da pesquisa.




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16



2 BIBLIOTECA DIGITAL: ALGUMAS VISÕES


         Os usuários das bibliotecas na Sociedade do Conhecimento necessitam de uma
diversidade de informações que nem sempre estão disponíveis facilmente, devido a uma série
de fatores como distanciamento físico do local onde elas se encontram e a forma de acesso às
mesmas.
         Com a evolução das tecnologias de informação e da transmissão de dados por
computadores em rede, os documentos impressos, como registros do conhecimento produzido
pela humanidade em suportes de papel, puderam ser convertidos a outros formatos, admitindo
neste sentido novas formas de acesso e uso à informação, superando dessa maneira antigas
barreiras que distanciavam o usuário das fontes de informação que ele desejava ter contato.
Isto só foi possível através dessa interação com os documentos digitais e isso, de certa forma,
vem impulsionando as bibliotecas tradicionais 1e demais centros de informações a adequarem-
se a essa nova forma de lidar com seus acervos informacionais.
         Neste enfoque Sayão e Marcondes (2002, p.25) relatam que,


                          O rompimento de barreiras tecnológicas importantes, experimentadas na
                          última década, permitiram o surgimento de um novo patamar para esses
                          sistemas: antes orientados basicamente para a recuperação de referências
                          bibliográficas em bases de dados isoladas e textos em papel, voltam-se hoje
                          para a recuperação distribuída de objetos digitais – textos completos,
                          imagens em movimento, som, etc. – estabelecendo como palavras de ordem
                          a publicação na internet e a interoperabilidade entre fontes de informação
                          heterogêneas e globalmente distribuídas.


         E é neste contexto que a Biblioteca Digital toma seus fundamentos, no intuito de
tornar disponível a informação por meio de documentos digitais a uma determinada
comunidade de usuários, intermediando processos de transmissão da informação que antes só
eram possíveis nos ambientes tradicionais de informação (bibliotecas, museus, arquivos,
centros de informação, etc.).




   1
      Bibliotecas tradicionais – coleção de material impresso ou manuscrito, ordenado e organizado com o
   propósito de estudo e pesquisa ou de leitura geral ou ambos. Muitas bibliotecas também incluem coleções de
   filmes, microfilmes, discos, vídeos e semelhantes que escapam à expressão ‘material manuscrito ou
   impresso’. (CUNHA, CAVALCANTI, 2008)




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2.1 AS BIBLIOTECAS E A REALIDADE DIGITAL


        O contexto das bibliotecas digitais comparado com o contexto das bibliotecas
tradicionais, segundo Dias (2006, p. 66) “[...] é um meio de facilitar o acesso a coleções que já
existiam há muito tempo, com variada dificuldade de acesso, mas cujas eventuais facilidades
providenciadas não podem competir com as extraordinárias facilidades que a Internet2 e a
Web3 podem propiciar.”
        Neste momento é interessante verificar a conotação dos termos utilizados na
composição da expressão “biblioteca digital”. O primeiro termo “biblioteca” e o segundo
“digital” abrangem dois objetos amplamente discutidos, sendo que cada um destes perpassa
uma gama de áreas específicas e ao mesmo tempo híbridas do conhecimento humano.
        Destacando-se algumas definições para o termo biblioteca encontramos, no dicionário
de Ferreira (1986), que biblioteca significa coleção pública ou privada de livros e documentos
congêneres, organizada para o estudo, leitura e consulta. Para o dicionarista, a palavra é
originada do grego bibliothéke, chegando posteriormente até nós através do latim bibliotheca.
        Já Cúnha (1997) também confirma que a palavra biblioteca em português se origina do
latim, que, por sua vez, deriva dos radicais gregos biblio e teca, cujos significados são,
respectivamente, livro e coleção ou depósito. Martins (1996, p.71) resume, enfim,
etimologicamente, a palavra como depósito de livros.
        As definições anteriores são muito humildes, não no sentido etimológico das palavras,
mas sim, na visão e concepção desses espaços no atual contexto de uma sociedade movida e
interconectada por redes e sistemas de informação. Para fins de entendimento utilizarei aqui a
definição sugerida pela Biblioteca Nacional do Brasil (2000, p.17) que:




2
  Internet – Rede de computadores de abrangência mundial que interliga os mais diferentes sistemas
computacionais e redes, e possibilita, por meio de protocolos padronizados, tais como TRANSMISSION
CONTROL PROTOCOL (TCP) e INTERNET PROTOCOL (IP), a troca de dados entre eles. (TOUTAIN, 2005,
p.19).
3
  Web – WWW (world wide web, ou apenas W3) - A teia de alcance mundial, criada por Tim Berners-Lee, que
concebeu a maneira de associar, por meio de links, documentos armazenados em qualquer computador ligado à
Internet, através de um localizador denominado URL. É uma parte da Internet que interliga todos os documentos
de hipertexto, regidos pelos protocolos http (hypertext transfer protocol), ou seja, documentos que utilizam à
linguagem html (hypertext markup language) que permite passar de. um arquivo a outro através de links (ou
hiperlinks). A web é administrada por um consórcio de empresas e instituições (W3C – World Wide Web
Consortium), que define protocolos, padrões e orientações para o uso da rede. (FACESM, On-line).




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18



                           A biblioteca é, pois, uma instituição que agrupa e proporciona o acesso aos
                           registros do conhecimento e das ideias do ser humano através de suas
                           expressões criadoras. Como registros entende-se todo tipo de material em
                           suporte papel, digital, ótico ou eletrônico (vídeos, fitas cassetes, CD-ROMs,
                           DVDs etc.) que, organizados de modo a serem identificados e utilizados,
                           compõem seu acervo.

        A citação anterior aponta para outras perspectivas, nas quais as bibliotecas
transpassam espaços e suportes em que a informação é organizada, dando assim um novo
significado ao termo biblioteca.
        Ainda neste sentido, Moreno (2008, p.91) comenta que,

                           O ambiente virtual acabou por constituir um novo espaço, onde os ímpetos
                           corporativistas se desfaziam diante da nova realidade. Essa realidade
                           demanda um consórcio de saberes que não podem mais ser monopólio de
                           apenas uma área do conhecimento: mesmo tendo sido construídos a partir de
                           trajetórias de reflexão historicamente apartadas, hoje se articulam e se
                           transformam numa nova ordem de sistematização do conhecimento humano.

        Entende-se através disso que, as mudanças e concepções advindas das novas
tecnologias de registro, organização              e transmissão        do   conhecimento, modificam
continuamente as relações que envolvem a informação, sendo assim, as bibliotecas adquirem
novos conceitos que continuarão em constante transição até atingir o seu 'ideal', que é o de
responder a todas as necessidades de acesso e uso da informação dos seus usuários.
        Já o termo digital segundo Tammaro e Salarelli (2008, p.7) é tradução do vocábulo
inglês digit que remete ao latim digitus, onde o radical se desdobra nas palavras: digito,
digital, que apontam para o ato de contar com os dedos, uma representação imaterial,
simbólica dos números. Neste sentido, a forma de representação por meio de símbolos
utilizada para a leitura de dados por sistemas eletrônicos é o bit, “digito binário”.
        Um exemplo de como isso acontece na prática é o registro de uma fotografia em uma
máquina fotográfica digital, onde a câmera fotográfica captura, por meio de células
fotossensíveis (chamadas CCD, Charged Coupled Device), a luz da cena fotografada. Esta
informação, captada analogicamente, é digitalizada (pelo que se chama um 'shift register') e
armazenada num meio elétrico (memória interna, cartões de memória, etc.), sendo possível a
transmissão das imagens obtidas neste processo através de um leitor de cartões ou através de
um cabo de dados (geralmente USB4) conectando a máquina digital a um computador.


4
 USB – do inglês Universal Serial Bus um tipo de conexão plug in play ("ligar e usar") que permite a conexão
de periféricos sem a necessidade de desligar o computador. Entre os dispositivos que se utilizam da interface
USB estão: webcam, teclado, mouse, unidades de armazenamento (HD, pendrive, CD-ROM), joystick,
Gamepad, PDA, câmera digital, impressora, placa de som, modem, MP3 Player e outros.



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19



       Neste sentido, Alvarenga (2001, On-line) relata que,


                       O meio digital se constitui, portanto, no espaço sem precedentes para o
                       registro e recuperação de documentos textuais e imagéticos e que, ao ensejar
                       uma enorme gama de possibilidades de armazenagem, memórias e formatos
                       passou também a requerer novos elementos facilitadores de sua recuperação.


       A partir desse apanhado inicial sobre o contexto que abrange as bibliotecas e a
realidade digital podemos entender o que seria este espaço denominado de biblioteca digital.



2.2 DEFINIÇÕES PARA A BIBLIOTECA DIGITAL: UMA CONCORDÂNCIA
COMPLEXA


       É importante denotar, inicialmente, que uma possível definição comum entre a
comunidade acadêmica sobre o tema das bibliotecas digitais ainda não é consenso. Essa
amplitude de conceituação para o objeto de estudo, e as diversas ideias para determinar suas
características é fundamentada não por incerteza dos pesquisadores ao tratar do tema, mas
sim, devido às constantes mudanças que as novas tecnologias introduzem nestes espaços de
informação.
       No entanto, a postura colocada por alguns autores ao defender o tema permite-nos uma
visão mais ampla sobre a concepção de uma biblioteca digital, reconhecendo diretamente que
a mesma ainda tem suas raízes e manutenção nos espaços tradicionais de informação, dos
quais adquiriu muitas de suas características atuais. E é nesta relação entre as bibliotecas
tradicionais e os novos suportes de informação digital que a definição toma forma.
       Silva, Sá e Furtado (2004, p. 3) apontam que,


                       Na área de Ciência da Informação, o conceito de Biblioteca Digital (BD)
                       ainda é impreciso. A não consolidação terminológica pode advir do contexto
                       multidisciplinar em que a BD se insere, desde a concepção até a efetiva
                       implantação [...].


       Inicialmente é importante denotar as diferentes formulações de uma definição dos
autores aqui relacionados. Tammaro e Salarelli (2008, p.116), por exemplo, ao tentar
esclarecer a ambiguidade de termos relata que “[...] o entendimento de uma biblioteca digital
é muitas vezes complicado devido os diversos sinônimos utilizados como: biblioteca




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eletrônica5, biblioteca virtual, e ainda certa afinidade com outros termos como biblioteca
híbrida e biblioteca multimídia.”
        Martins (2002 apud SILVA; JAMBEIRO; BARRETO, 2005, p. 274), demonstrando
ainda certa multiplicidade de denominações, traz outros termos: Biblioteca tradicional;
biblioteca eletrônica; biblioteca eletrônica virtual; biblioteca polimídia; biblioteca interativa;
biblioteca virtual; biblioteca de realidade virtual; biblioteca digital e biblioteca universal.
        Os termos “biblioteca digital” e “biblioteca virtual” foram os mais utilizados pela
comunidade acadêmica durante as últimas décadas. Analisando um histórico sobre essa
construção Tammaro e Salarelli (2008, p.117) colocam que:


                            Durante muito tempo, em lugar de 'biblioteca digital', foi dada preferência à
                            expressão biblioteca virtual para definir o conceito da nova biblioteca. O
                            primeiro a utilizar a expressão 'biblioteca virtual' foi o mesmo criador da
                            Rede – Tim Berners Lee – para o sítio assim denominado e que materializa a
                            visão de uma biblioteca com a coleção de documentos ligados a rede,
                            constituídos por objetos digitais e páginas Web produzida por milhares de
                            autores. […] É vidente que a expressão 'biblioteca virtual' é mais antiga do
                            que 'biblioteca digital', assim como sua afinidade com o conceito utópico de
                            biblioteca como acesso ao conhecimento universal. O adjetivo 'virtual'
                            significa que a biblioteca não existe. A denominação, que hoje é, no entanto,
                            menos difundida do que 'biblioteca digital', continuou sendo usada para
                            certas acepções, como, por exemplo, para indicar uma coleção selecionada
                            de vínculos por sítios da Rede e também para se referir a um conceito tanto
                            da biblioteca eletrônica tanto da biblioteca digital, quer dizer, uma coleção
                            de documentos fora da biblioteca como espaço físico ou lógico.


        Na literatura nacional é importante citar as contribuições de pesquisadores como
Cunha (2009) ao levantar uma bibliografia internacional sobre os temas mais relevantes ao
universo das bibliotecas digitais. Outro trabalho que deve ser visitado se tratando de uma
busca conceitual para o tema no Brasil é a comunicação dos autores Silva; Sá; Furtado (2004)
já citado neste trabalho.
        Devido à sua ampla difusão na sociedade, a biblioteca virtual vem sendo o termo mais
adotado para designar essa nova ferramenta, muitas vezes por desconhecimento do que seria o
termo 'virtual' já explanado anteriormente.
        Sendo assim, o conceito de biblioteca digital parece estar mais próximo do que vem


5
  Biblioteca eletrônica – “[...] biblioteca informatizada que emprega todos os tipos de equipamentos eletrônicos
necessários ao seu funcionamento: grandes computadores, PCs, terminais. O qualificativo ‘eletrônico’ se explica
pelo equipamento empregado na leitura dos dados e não pela característica dos dados utilizados. [...] A biblioteca
eletrônica inclui a biblioteca digital, mas a expressão ‘biblioteca digital é empregada mais corretamente e,
portanto, é preferível.” (Tammaro e Salarelli, 2008, p.116-117).




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sendo desenvolvido no momento, sendo também, o conceito mais adequado para
caracterização da biblioteca em estudo, a Biblioteca de Documentos Digitais da CPRM –
Serviço Geológico do Brasil, denominada Acesso livre.
       Para esse estudo tomarei como base a definição de BD desenvolvida pela DLF -
Digital Library Federation (2004, On-line),


                       As bibliotecas digitais são organizações que fornecem recursos, incluindo
                       pessoal especializado para selecionar, estruturar, e oferecer acesso
                       intelectual para, interpretar, distribuir, preservar a integridade, e garantir a
                       persistência ao longo do tempo de coleções de obras digitais para que
                       estejam prontas e economicamente disponíveis para uso por uma
                       comunidade definida ou conjunto de comunidades. (tradução nossa).


       Ainda sobre a citação acima, Luisa Alvim (2006) mostra que,


                       […] Esta definição pode levantar algumas questões, mas a mais pertinente é
                       a questão de que as bibliotecas digitais deverão ser definidas e medidas pela
                       sua utilização na comunidade a que servem. Não podem ser simplesmente
                       coleções de materiais digitalizados, mas referenciadas aos seus potenciais
                       utilizadores.


       A escolha da definição utilizada pela DLF deu-se pelo fato que a visão de uma
biblioteca digital é constituída para ser utilizada por seus usuários, e não mais como um
depósito de documentos digitais na internet, como os repositórios com acesso restrito e sem
uma disseminação adequada. Difere também da biblioteca que é limitada ao espaço 'virtual',
que não existe com a utilidade prática essencial a uma biblioteca, mas que aponta numa
biblioteca digital que realmente funcione, e se for possível, que seja organizada por
profissionais bibliotecários e documentalistas, segundo padrões da Biblioteconomia,
oferecendo seus serviços disponíveis em acesso livre e gratuito à comunidade que pretende
atender.


2.3 O USUÁRIO DA BIBLIOTECA DIGITAL


       As BD se desenvolvem conforme as necessidades da comunidade ou diversas
comunidades de usuários que atende, através dos profissionais envolvidos em seus diversos
processos de execução e avaliação; e ainda a partir do contingente de ferramentas
tecnológicas utilizadas para a sua atualização e manutenção.



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22



       Assim como as bibliotecas tradicionais a maioria das instituições que investem na
implantação de BD buscam organizar suas coleções com características temáticas, segundo as
diversas áreas do conhecimento, respeitando uma estrutura de acesso e uso facilitado, no
intuito de atender uma parcela especifica da sociedade. No entanto, algumas outras têm suas
coleções com conteúdos mais gerais (universais). Esta última, geralmente necessita de uma
grande quantidade de recursos para se manter funcionando, devido à ampla gama de
profissionais que necessita para o seu funcionamento pleno, e ainda de uma enorme
quantidade de tempo de trabalho demandado para a atualização de seus aglomerados de
informações digitais.
       É importante lembrar que os usuários são agentes neste processo de construção, e as
características que esta biblioteca digital deve ter, antes de tudo, deve ser orientada para
atender esta comunidade de usuários que, através da sua realidade, obtêm a sua ‘cultura
digital’ como relata Vicentini (2005, p. 251).
       E é nesta direção onde a interação entre os usuários, as ferramentas tecnológicas, e os
gestores de informação que o aprendizado se desenvolve nos espaços digitais, como cita
Camargo e Vidotti (2007, p. 6),


                        No contexto atual, os instrumentais tecnológicos que permitem a interação
                        do usuário (emissor e/ou receptor) com a informação, possibilitam a criação
                        de ambientes informacionais institucionais e/ou colaborativos para
                        diferentes usuários e comunidades, de modo a facilitar o acesso às
                        informações e potencializar a construção do conhecimento.


       Ao conhecer a comunidade que vai atender, o profissional da informação deve buscar
ferramentas que, de alguma maneira, respondam às necessidades de informação desta
comunidade, no sentido de contribuir com a realização das metas e projetos desenvolvidos
pela instituição, e ainda prever o impacto que essas ferramentas ocasionarão depois de
aplicadas.
       O bibliotecário gestor, tendo ciência da comunidade de usuários que a BD deverá
atender, poderá então ter condições de definir com maior clareza a quantidade de recursos
(humanos, tecnológicos, infraestrutura, financeiros) para a construção; implantação e
manutenção desta biblioteca.
       Na próxima seção discutiremos a luz de alguns autores quais as competências e
habilidades que o bibliotecário responsável pela gestão de uma BD na área de Geociências
deve possuir para ser capaz de implantar e gerir este espaço digital de informação.




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23




2.4 O BIBLIOTECÁRIO NA GESTÃO DE UMA BIBLIOTECA DIGITAL DE
GEOCIÊNCIAS

       No sentido de esclarecer as competências que o profissional da informação possui no
contexto de gestor de uma biblioteca digital, com caráter especifico a área de Geociências, ou
como é utilizado por alguns autores, gestor de informações geocientíficas, antes é importante
comentar que no Brasil poucas pesquisas foram realizadas referentes a esta temática, e a
produção acadêmica que mais se aproxima dessa realidade na área de Ciência da Informação,
aborda a carência de profissionais bibliotecários para trabalhar com informações
geocientíficas.
        Para melhor entendimento sobre o papel do bibliotecário, retoma-se o conceito de BD
que é formada de coleções digitais que possibilitam a disponibilização de documentos que
foram digitalizados, ou aqueles que já nasceram digitais, em acesso livre e gratuito, por meio
de redes de informação na web.
        Após analisarmos os conceitos de BD, entende-se que as bibliotecas digitais possuem
seus objetivos ampliados, e em sua construção não se pode ter como modelo a gestão da
biblioteca tradicional, baseada apenas nas dificuldades de acesso aos documentos impressos,
mas, deve-se essencialmente ter sua operacionalização planejada e organizada através de uma
infraestrutura que permita a disseminação da informação e a preservação de objetos digitais
em rede, com o intuito de permitir cada vez mais aos seus usuários a interoperabilidade6 e
autonomia na utilização de todos os recursos disponíveis para acesso e uso da informação.

        Retoma-se a esta discussão por denotar que as bibliotecas na área de Geociências
(tradicionais) possuem objetos de informação específicos (documentação foto cartográfica7;
imagens de sensoriamento remoto – RADAR e satélite, GEOBANK8, etc.), documentos estes


6
  Interoperabilidade – A capacidade de um sistema de hardware ou de software de se comunicar e trabalhar
efetivamente no intercâmbio de dados com um outro sistema, geralmente de tipo diferente, projetado e produzido
por um fornecedor diferente. (ODLIS, 2004).
7
 Documentação foto cartográfica – também conhecida como fontes foto cartográficas, pode ser entendida como
documentos realizados a partir de fotografias aéreas tiradas com uma câmera fotográfica rigorosamente
calibrada, e de acordo com especificações cartográficas, diferindo, dessa maneira, da fotografia aérea obtida para
outros fins. O mesmo que fotografia cartográfica aérea; fotografia topográfica. A fotografia aérea é um produto
da aerofotogrametria, que é a arte e ciência de se obter medições confiáveis a partir das imagens fotográficas
aéreas. (SANTANA, 2008, p. 13).
8
  GEOBANK – Banco de Dados de Informação Geocientífica. O Geobank foi projetado e desenvolvido em
plataforma Oracle®, para atender às pesquisas de dados geocientíficos dinamicamente. Sua operacionalidade e
possibilidades tecnológicas o fazem um ilimitado depositório de informações através de suas bases de dados e



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24



que muitas vezes apresentam características e terminologias impares desta área do
conhecimento (CMI; coordenadas geográficas), e que muitas vezes não são analisados durante
a formação do profissional da informação nas Escolas de Biblioteconomia no Brasil, e por
isso muitos bibliotecários desconhecem esta valiosa fonte de informação, e como se dá o
adequado tratamento e a recuperação da documentação foto cartográfica, esteja ela em
suportes físicos ou digitais (SANTOS, 1993); (CARDOSO, 2007); (SANTANA, 2008).
        Cardoso (2007, f. 51 apud SANTANA, 2008, f.13) revela que,




                          A ênfase dada aos livros é considerada um dos motivos que indiretamente
                          contribui para a dificuldade dos bibliotecários em lidar com os materiais
                          cartográficos. Segundo ela (a autora), enquanto os futuros bibliotecários ao
                          longo do curso de graduação em biblioteconomia se familiarizam com o
                          tratamento adequado que deve ser dado aos livros, os materiais cartográficos
                          geram inúmeras dúvidas, pois esse tipo de documento é visto em apenas uma
                          disciplina durante o curso: catalogação. Desta forma, não há uma
                          “preparação intensiva” para que estes futuros profissionais da informação
                          “sejam capazes de tratar devidamente os documentos cartográficos”.



        Tratando-se ainda do quesito formação e qualificação profissional do bibliotecário,
verifica-se que poucos cursos de graduação em Biblioteconomia e Documentação no Brasil
têm em seus currículos gerais disciplinas como “Biblioteca Digital”; “Gestão de Bibliotecas
Digitais”; “Arquitetura da Informação”, que de certa maneira contribuiriam muito na
adequação do profissional bibliotecário as novas demandas e necessidades de informação da
sociedade na era digital.
        Percebe-se também certo “descaso” da comunidade acadêmica em realizar pesquisas
voltadas a capacitação ou especialização do profissional a suprimir essa demanda de
informação na área de Geociências, que muitas vezes é justificada pela falta de estrutura e
recursos financeiros para realizá-los, o que, de certa maneira, proporciona uma formação
profissional pouco habilitada para tratar da gestão dos documentos que compõe esses acervos,
ou seja: Informações Geocientíficas e Informações no Universo das Coleções Digitais.

        Sobre o enfoque da atuação do profissional da informação requerido na sociedade
movida por novas tecnologias de informação, Correa (2001, p. 25) relata que,



mapas. (SILVA, 2008, p. 3).




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25




                            Verifica-se, então, a necessidade deste bibliotecário olhar retrospectivamente
                            e voltar-se um pouco mais à origem, à finalidade primordial de sua
                            formação. Se trabalhar a informação sempre foi o objetivo principal do
                            bibliotecário, este deveria olhar para a informação virtual e para os textos
                            que fluem no ciberespaço como seu objeto de trabalho também. O
                            direcionamento deste olhar poderá levá-lo a imaginar diferentes formas de
                            utilizar seus conhecimentos na utilização das NTIs e na construção das
                            infovias.



        Áreas de atuação não faltam para o profissional da informação que reconhecem as
habilidades e competências que deve exercer neste novo momento, tanto na gestão de
informações geocientíficas, quanto na gestão de bibliotecas digitais, virtuais ou eletrônicas.

        Miranda, (2004, p.115) aponta a competência como o,



                            Conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes correlacionados que afeta
                            parte considerável da atividade de alguém; se relaciona com o desempenho,
                            pode ser medido segundo padrões preestabelecidos e pode ser melhorado por
                            meio de treinamento e desenvolvimento.



        Assim podemos entender que o mercado de trabalho requer novas qualificações para o
profissional da informação, uma das quais caracterizo como responsável pela mediação da
informação 9no espaço digital (ver figura 1).




9
  Mediação da informação – “[...] toda ação de interferência – realizada pelo profissional da informação –, direta
ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural; individual ou coletiva; que propicia a apropriação de
informação que satisfaça, plena ou parcialmente, uma necessidade informacional”. (ALMEIDA JUNIOR, 2009,
p. 92).




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Figura 1: Mediação da informação no espaço da Biblioteca Digital



        Este modelo atribui ao bibliotecário o papel de mediador da aprendizagem, que
                                                  10
oferece através da gestão do conhecimento              nas bibliotecas digitais o apoio aos usuários no
que diz respeito à instrução, o acesso e uso das tecnologias de busca e recuperação da
informação, permitindo assim, muito mais do que o simples acesso a documentos digitais, e
sim a contribuição deste profissional na educação e interação social de seus usuários com a
comunidade, contribuindo neste sentido com a formação cognitiva deste usuário, e ainda para
o seu desenvolvimento pessoal e coletivo.

        Este novo cenário exige uma nova abordagem nos programas de formação do
profissional da informação, que segundo Urs citado por Silva; Jambeiro; Barreto (2005,
p.278) deve contemplar os seguintes aspectos: uma perspectiva interdisciplinar; estratégias
centradas no usuário; a filosofia: “informação como recurso”; foco no conteúdo,
independentemente do formato; visão do processo de agregação de valor.



10
     Gestão do conhecimento - é um conjunto de atividades que visa trabalhar a cultura
organizacional/informacional e a comunicação organizacional/informacional em ambientes organizacionais, no
intuito de propiciar um ambiente positivo em relação à criação/geração, aquisição/apreensão,
compartilhamento/socialização e uso/utilização de conhecimento, bem como mapear os fluxos informais (redes)
existentes nesses espaços, com o objetivo de formalizá-los, na medida do possível, a fim de transformar o
conhecimento gerado pelos indivíduos (tácito) em informação (explícito), de modo a subsidiar a geração de
idéias, a solução de problemas e o processo decisório em âmbito organizacional. (VALENTIM, 2008)




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       Urs ainda descreve algumas áreas essenciais (core áreas) que o profissional da
informação deve dominar para atuar na gestão da informação nas bibliotecas digitais, algumas
dessas já exigidas nas bibliotecas tradicionais, são elas:



                        1 - Usuário da informação;
                        2 - Recursos informacionais;
                        3 - Processos de agregação de valor;
                        4 - Tecnologias da informação;
                        5 - Gestão da informação.



       Silva; Jambeiro; Barreto (2005, p. 278) comentam ainda que é grande o desafio para
desenvolver um profissional com todas essas competências e habilidades, e que a
flexibilidade, a comunicação e a interação com diversas redes de profissionais é altamente
desejável neste processo, visto que este profissional trabalhará em equipes multidisciplinares.

       No quadro a seguir podemos ver o aplicar dessas competências nas cinco áreas
essências descritas por Urs upud Silva; Jambeiro; Barreto (2005, p.279).




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Quadro 1: Tarefas e conhecimentos necessários das cinco áreas essências (core areas).




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        Observa-se no quadro anterior que relacionado aos conhecimentos e habilidades
requeridos muitos ainda precisam ser avaliados na formação do bibliotecário (graduação,
especialização, treinamento, etc.) para que todas essas competências sejam adquiridas e
posteriormente colocadas em prática no atuar do profissional como gestor de objetos digitais.

        A gestão do conhecimento disposto na Web é um dos desafios desse novo profissional
na sociedade da aprendizagem, neste sentido alguns aspectos de acesso e uso a informação
são fundamentais para a formulação de um projeto que leve em conta a organização de
documentos no espaço das bibliotecas digitais.

        Sabe-se que a implantação de uma BD requer uma equipe multidisciplinar formada
por profissionais de diversas áreas como design, arquitetura da informação, ciências da
computação, engenharia da informação e outras, porém, isso não significa que as
competências citadas no quadro anterior não devam ser requeridas pelos profissionais da
informação.
                                                                             11
        Após um determinado grau de competência informacional                     do bibliotecário, no que
tange as tecnologias e processos dos documentos digitais, esse recorrerá no desenvolver de
suas atividades ao auxílio de profissionais de sua instituição que de alguma forma estejam
ligados à área em que esta biblioteca prestará serviços de informação, (no estudo aqui em
questão são os profissionais e pesquisadores das áreas de Geociências), para que assim se
possa construir um projeto de biblioteca digital viável de ser aplicado segundo padrões
técnicos para atender com qualidade uma comunidade ou conjunto de comunidades de
usuários.

        No tópico seguinte discutiremos quais aspectos devem ser avaliados pelo bibliotecário
gestor ao analisar a dimensão socioeconômica da informação nas bibliotecas digitais, e ainda,
como este profissional poderá mencionar os recursos a serem obtidos por uma determinada
instituição, no sentido de manter serviços de informação com qualidade ao disponibilizar as
coleções desta biblioteca em acesso livre.




11
   Competência informacional – “Pode ser expressa pelo ciclo informacional que identifica todas as fases do
trabalho com informação (coleta, processamento, uso e distribuição da informação), com as tecnologias da
informação e com os contextos informacionais. É uma competência que perpassa processos de negócios,
processos gerenciais e processos técnicos”. (MIRANDA, 2004 apud SANTOS; TOLFO, 2006, p. 74).




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30



2.5 ASPECTOS IMPORTANTES NA CONSTRUÇÃO DE UMA BIBLIOTECA DIGITAL
DE ACESSO LIVRE


        O aspecto social deve ser a essência para a criação de qualquer biblioteca ou unidade
de informação, e é essa demanda de informação por uma comunidade de usuários de uma
instituição, ou grupo social, de caráter público ou privado que influenciará o desenvolvimento
de um projeto para a disponibilização de documentos numa biblioteca digital.

        O bibliotecário neste processo deve estar ciente da dimensão que o documento em
formato digital compreende na sociedade do conhecimento, as barreiras econômicas, sociais e
tecnológicas desse processo, e ainda o impacto social da informação na sociedade em rede.

        Antes mesmo de dimensionar os benefícios que uma comunidade de usuários
desfrutará ao ter acesso livre à informação por meio de uma biblioteca digital, o profissional
da informação deverá também analisar se realmente esta comunidade necessita desta
biblioteca digital, isso só será possível após a elaboração de um estudo da comunidade de
usuários reais e potenciais, público alvo a ser atendido por essa biblioteca. Isto é necessário
por que a biblioteca digital demanda de elevados custos para manutenção de seus serviços.

        Nesse sentido é importante esclarecer que a existência ou não de uma biblioteca digital
não necessariamente implicará na falência das bibliotecas e outras unidades de informações
tradicionais, mas é importante relatar quais são as novas perspectivas de acesso e uso que os
conteúdos digitais originam neste contexto.

        É interessante denotar também que ainda hoje muitos dos documentos produzidos
podem ser obtidos de maneira eficaz mesmo numa biblioteca tradicional, através da
cooperação entre bibliotecas e outros serviços de informação, como o COMUT12, ou até
mesmo, na aquisição de provedores de conteúdos que disponibilizam diversas fontes de
informação com valores bem mais acessíveis, o que também não elimina a futura necessidade
de criação de uma biblioteca digital por uma instituição.

        Após constatar que a comunidade em questão necessita dessa biblioteca digital,
inicialmente o profissional bibliotecário deve apresentar a direção da organização/ instituição


12
   COMUT - Programa de Comutação Bibliográfica - permite a obtenção de cópias de documentos técnico-
científicos disponíveis nos acervos das principais bibliotecas brasileiras e em serviços de informação
internacionais. Entre os documentos acessíveis, encontram–se periódicos, teses, anais de congressos, relatórios
técnicos e partes de documentos (IBICT, 2005).




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a qual oferece serviços de informação um projeto detalhado, formalizando de forma
estruturada e clara um documento com o planejamento das atividades que serão realizadas,
assim como a viabilidade dos custos de implantação e manutenção desse novo serviço.

       Segundo Tammaro e Salarelli (2008, p.130) “as bibliotecas digitais dependem
grandemente de uma série de tecnologias, como os equipamentos, as redes de banda larga e
alta velocidade, os sistemas de segurança e, sobretudo os padrões de interoperabilidade”.

       Sobre os fatores críticos que devem ser analisados pelo bibliotecário num projeto de
biblioteca digital Lynch apud Tammaro e Salarelli (2008, p.133) relata que se deve:



                        • planejar sua sustentabilidade no tempo;
                        • deixar claro quem tem a responsabilidade pelo controle e quem tem a
                        responsabilidade pela gestão;
                        • concentrar-se na clientela alvo.


       Assim que o bibliotecário gestor visualizar os aspectos descritos acima, poder-se-á a
partir daí mensurar os prováveis benefícios que a comunidade de usuários desfrutará após a
implantação desta biblioteca digital.

       Tratando-se dos benefícios que a utilização de uma biblioteca digital propicia aos seus
usuários Arms apud Tammaro e Salarelli (2008, p.131, 132) apontam alguns pontos
consideráveis:


                        • informação entregue diretamente aos usuários: ao invés de ir à biblioteca,
                        os usuários, de qualquer lugar e a qualquer hora, podem ter acesso à
                        biblioteca;
                        • melhoramento da pesquisa: as bibliotecas digitais representam um notável
                        aperfeiçoamento dos sistemas de buscas em bases de dados, possibilitando
                        pesquisas integradas e tornando disponíveis serviços em rede, como a
                        possibilidade de navegação entre diversas coleções e a personalização das
                        interfaces;
                        • melhor colaboração: as bibliotecas digitais podem favorecer a colaboração
                        entre usuários, por exemplo, compartilhando os mesmos recursos digitais e
                        criando outros de forma cooperativa;
                        • atualização das informações: as bibliotecas digitais estão sempre
                        atualizadas. O tempo para publicação é muitas vezes longo, mas a biblioteca
                        digital, em compensação, pode incluir rapidamente os recursos na coleção.
                        • melhor uso das informações: ampliação do número de usuários potenciais e
                        também reutilização e personalização dos recursos com relação a diferentes
                        faixas de usuários com diferentes níveis de idade e competência;




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                        • diminui o fosso digital: as bibliotecas digitais, ao diminuir os limites
                        tradicionais das bibliotecas em matéria de tempo, espaço e cultura, podem
                        ajudar a reduzir a distância que dificulta o acesso à informação. (destaque
                        em itálico do autor).



       Neste momento, constata-se que não haveria sentido da criação de bibliotecas digitais
se estas não fossem disponibilizadas com todo o seu conteúdo informacional disposto para
acesso livre em rede.

       Sendo assim o bibliotecário deve estar consciente de quanto o usuário de sua
biblioteca digital poderá aproveitar ao utilizar esse serviço, não se colocando omisso no
sentido de não dispor de todo o potencial tecnológico localizado nesta biblioteca para alcançar
seu público-alvo.

       Deve-se considerar também que a biblioteca digital se bem gerida futuramente poderá
introduzir novos usuários e dependendo da qualidade de seus serviços, esta biblioteca terá que
futuramente revisar sua capacidade de crescimento e inclusão de novas ferramentas
tecnológicas para manter sua interoperabilidade e acesso aos novos suportes de informação a
serem criados.

       Ferreira e Amaral (2004, p.1) comentam ainda que,



                        As bibliotecas, uma vez inseridas na rede, não estão mais delimitadas a um
                        espaço físico determinado, e seu acervo, bem como os produtos e serviços
                        por elas disponibilizados, passam estar universalmente expostos. Seu plano
                        de atuação é expandido, uma vez que pode ser acessada a qualquer
                        momento, por qualquer pessoa, localizada em qualquer parte do mundo.



       Uma biblioteca digital que deseja disponibilizar as suas coleções com acesso livre e
gratuito na rede deverá conter os seguintes componentes como base para o seu
funcionamento:




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Coleção/conteúdo
        Recursos humanos

            Equipe multidisciplinar

             Capacitação
        Padronização

            Metadados

            MARC

            Formato do arquivo digital

              Padrão de digitalização
        Tecnologia

            Hardware

            Software

                Livre

                Proprietário

            Flexibilidade de desenvolvimento

            Facilidade de gerenciamento da coleção digital

            Linguagem de programação

            Utilização de protocolos de comunicação para importação e exportação de dados
Digitalização
Garantia de direito autoral
Preservação do documento digital


Quadro 2: Componentes necessários para o funcionamento de uma biblioteca digital.
Fonte: Vicentini (2005, p. 246).



        Um outro aspecto mostrado no quadro anterior referente à gestão de tecnologias de
                                                                           13
informação, está na possibilidade de se utilizar um software livre              que pode ser interessante
para reduzir os custos de implantação e manutenção dessa biblioteca digital, mas é importante
analisar se haverá um profissional que domine o sistema e que ainda tenha disponibilidade



13
   Software livre - ou Free Software, “conforme a definição de software livre criada pela Free Software
Fundation, é o software que pode ser usado, copiado, estudado, modificado e redistribuído sem restrição. A
forma usual de um software ser distribuído livremente é sendo acompanhado por uma licença de software livre
(como a GPL ou a BSD), e com a disponibilização do seu código-fonte”. (CAMPOS, 2006).




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para oferecer suporte técnico quando for necessário, caso isso não seja possível à utilização de
softwares proprietários apesar de representar custos maiores, garantem certa segurança para o
funcionamento dessa biblioteca, pois na maioria das ocasiões seus fornecedores oferecem
suporte especializado, treinamento e possibilidade de atualizações e personalização de suas
ferramentas.

        Ainda cabe ressaltar a importância da integração e interoperabilidade das informações
que farão parte desta coleção digital, pois é através delas que será possível uma organização
coerente dos dados por meio de protocolos compatíveis para discrição de registros digitais,
pois estes permitirão o compartilhamento de dados desta biblioteca, de maneira que facilite a
captura e a recuperação dos documentos na rede, na maioria dos casos utiliza-se de protocolos
que permitam a busca por metadados14.

        Os protocolos e normas de importação e exportação de dados mais utilizados segundo
Vicentini (2005, p. 247) são:



                          • Protocolo Z39.50 ou versões mais novas;
                          • Protocolo OAI – Open Archives;
                          • extração e importação de dados em XML;
                          • extração e importação de dados ISO2709;
                          • formato de descrição MARC e suas variações.



        Sabendo-se que as ferramentas tecnológicas não são estanques e que novos padrões de
registro de dados para documentos digitais continuam a ser desenvolvidos não se pretende
neste trabalho especificar cada um dos padrões citados acima, mas é interessante que o
profissional gestor de documentos digitais tome conhecimento desses padrões e acompanhe
suas mudanças para não correr o risco de manter uma biblioteca digital desatualizada e
incompatível para o registro de novos documentos digitais.

        Estes padrões não existem por acaso mais foram desenvolvidos por diversas entidades
internacionais para permitir o acesso sem restrições de compatibilidade de dados dos
conteúdos disponíveis nos acervos digitais.



14
  Metadados - Elementos de descrição/definição/avaliação de recursos informacionais armazenados em sistemas
computadorizados, organizados por padrões específicos, de forma estruturada. (TOUTAIN, 2005, p.19).




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        Buscando-se facilitar cada vez mais o acesso a biblioteca digital é que o bibliotecário
deve estar ciente que as ferramentas disponíveis devem construir um ambiente virtual
organizado, com uma interface amigável para o usuário, dispondo de uma navegabilidade que
permita a recuperação da informação no menor tempo possível, e é neste sentido que se deve
buscar utilizar as ferramentas que a arquitetura da informação nos apresenta.

        Vicentini (2005, p. 251 apud STARIOTO, 2002) conceitua arquitetura da informação
como:



                        […] refere-se ao desenho das informações; como texto, imagens e sons são
                        apresentados na tela do computador, a classificação dessas informações em
                        agrupamentos de acordo com os objetivos do site e das necessidades do
                        usuário, bem como a construção de estrutura de navegação e de busca de
                        informações, isto é os caminhos que o usuário poderá percorrer para chegar
                        até a informação.



        Neste sentido Davenport (1998), mostra que ao conduzir o usuário ao local onde os
dados se encontram, a possibilidade desses serem utilizados de maneira eficiente melhora
muito, pois a informação já obtida pode ser mais facilmente reutilizada.

        Assim como já foi citado no capitulo anterior, a aplicação da arquitetura da
informação ajudará bastante o profissional da informação a guiar o usuário aos conteúdos
disponíveis na biblioteca digital, tornando o bibliotecário competente para gerir esse espaço
interativo na web (usuário - bibliotecário – documentos digitais), o que confirma outra vez sua
função de mediador da informação no ambiente digital.

        Um aprendizado contínuo das novas tecnologias deve ser característica essencial para
o profissional que deseja estar preparado para organizar logicamente esse ambiente virtual,
pois essa atitude influenciará diretamente na qualidade da disponibilização do acervo e
recuperação por parte dos usuários. O domínio das ferramentas do sistema deve ser avaliado
periodicamente por meio de treinamentos, capacitação, e atualização das ferramentas de
navegação no sistema.

        Outros aspectos como a digitalização, formatos e compatibilidades de documentos
com os diversos softwares, a segurança da informação digital, a preservação digital assim
como as questões de direitos autorais da informação na web devem estar bem claros na mente
do profissional da informação, e todas elas de alguma maneira contribuirão negativa ou
positivamente para que uma biblioteca digital quando implantada seja realmente útil e ofereça


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serviços de qualidade aos seus usuários.

       No capítulo seguinte discutiremos alguns tópicos que dão embasamento ao movimento
que busca o acesso livre à informação, e como as bibliotecas digitais participam desse
processo.




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3 MOVIMENTO DE ACESSO LIVRE À INFORMAÇÂO CIENTÍFICA



         Desde os primeiros suportes onde a informação era registrada até as novas concepções
de documentos digitais na web, as sociedades conseguiram evoluir graças ao desenvolvimento
de tecnologias e o intercâmbio das informações produzidas.

         As bibliotecas tradicionais contribuíram e muito para esse processo, mas houve um
momento que só a informação impressa não atendia a enorme demanda de acesso em que a
explosão informacional causou com o desenvolver das novas tecnologias de informação e
comunicação, e foi neste momento que o documento digital passou a ser utilizado, devido a
sua facilidade de modificação, transmissão e reprodução através dos mais diversos formatos.

         A preservação, organização, disseminação para facilitar o acesso e uso das fontes de
informações produzidas são funções primordiais de uma biblioteca na sociedade da
informação. As bibliotecas digitais não fogem dessa vertente pelo contrário otimizam o tempo
de transmissão da informação quando reorganizam os processos de pesquisa e aprendizagem
na rede garantindo dessa maneira a recuperação consistente da informação disposta em
documentos digitais.

         A questão se problematiza quando o documento digital ou digitalizado é equiparado a
um documento produzido no formato analógico, e é nesse momento que a biblioteca e o
profissional bibliotecário se deparam simultaneamente com as barreiras ligadas à preservação
e digitalização deste documento para o acesso e uso para um número maior de usuários e a
respeitabilidade do direito autoral ligado à veiculação e cópia de uma obra produzida
independente do suporte.

         Cabe ressaltar que as noções de direitos autorais das obras produzidas na maioria das
vezes direcionam essa discussão à esfera econômica, como o copyright 15e outros registros de
criação e propriedade intelectual, repercutindo numa retribuição de certo valor monetário
'royalty’ para o autor da obra.

         A ideia cada vez mais visível comentada por Toffler (1990) que a tecnicização, a


15
   Copyright – “O copyright é um tipo de proteção prevista na lei EE.UU (Art. 17, Código EE.UU) para os
criadores de “obras originais do autor”, tais como obras literárias, teatrais, musicais, artísticos e de outras obras
intelectuais. Esta proteção está disponível tanto para obras públicas para os quais não são.” (Copyright, 2008,
p.1).(tradução nossa).




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informatização e a globalização da sociedade colocam o conhecimento em posição
privilegiada como fonte de valor e de poder não é uma simples filosofia de dominação, mas é
a necessidade de se manter uma indústria cultural do saber científico, que transforma o
conglomerado de informações e documentos produzidos num produto comercial necessário e
indispensável para o desenvolvimento social e econômico das nações.

       Não é uma questão ligada ao reconhecimento ou não do autor que produziu certo
documento ou obra intelectual, pois seus direitos de autoria continuam sendo respeitados, mas
refere-se à possibilidade de colocar esse documento produzido disponível para todos que de
alguma maneira necessitam acessá-los, independente das barreiras geográficas e econômicas.

       O custo para se ter acesso à informação e a produção intelectual como um todo, ainda
hoje (Século XXI), é muito elevado, isso se dá pela intermediação das editoras e produtoras
de informação que de certa maneira ao comercializar esses documentos ficam com a maior
parte dos lucros dessa produção. Poucos autores no mundo acadêmico dispõem de recursos
para publicarem suas descobertas científicas em uma editora de renome internacional, e
quando isso acontece pouco ou nada se tem de lucro.

       Percebe-se então que o direito de se ter acesso livre à informação é uma necessidade
básica da sociedade, pois é através dela que as perspectivas sociais podem ser modificadas e o
desenvolvimento dos países se torna realidade através do intercâmbio de saberes e
tecnologias.



                       O acesso aberto nesse contexto significa a disponibilização livre pública na
                       Internet, de forma a permitir a qualquer usuário a leitura, download, cópia,
                       distribuição, impressão, busca ou criação de links para os textos completos
                       dos artigos, bem como capturá-los para indexação ou utilizá-los para
                       qualquer outro propósito legal. O pressuposto de apoio ao acesso aberto
                       requer que não haja barreiras financeiras, legais ou técnicas, além daquelas
                       próprias do acesso à Internet. A única restrição à reprodução e distribuição e
                       a única função do copyright neste contexto devem ser o controle dos autores
                       sobre a integridade de sua obra e o direito de serem adequadamente
                       reconhecidos e citados (LEITE, 2009 p. 15 apud BUDAPEST OPEN
                       ACCESS INITIATIVE, 2001).



       A ideia citada anteriormente abrange muito mais que o acesso livre a produção
científica, organizada por pares e institutos de ciência e tecnologia, mas incorpora todos os
tipos de documentos existentes na sociedade estejam eles em meio digital ou analógico,
mantido por instituições tanto de cunho público ou privado que de alguma forma sejam de



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interesse coletivo.

          É importante ressaltar que a produção científica e tecnológica das universidades e
institutos de incentivo a pesquisas em sua maioria recebem investimentos da esfera pública
para desenvolver suas atividades, o que mais uma vez caracteriza a informação produzida
nessas instituições como patrimônio público e por isso são dignas de acesso livre pela
sociedade que diretamente custeia esses projetos.

          Nesse sentido foram criados diversos movimentos internacionais (Anexo A) para
garantir o acesso livre à informação produzida, principalmente nas áreas de ciência e
tecnologia, e nas demais áreas ligadas ao acesso e uso ao conhecimento. (BOMFÁ et al, 2008,
p. 311-312).

          Ainda sobre as origens dessa luta pelo acesso livre à informação cientifica, Targino
(2007, p. 100) comenta que,



                          O movimento mundial pelo acesso livre à informação, envolve quatro
                          segmentos essenciais à produção e à disseminação da informação científica,
                          quais sejam, a própria comunidade científica, as instituições acadêmicas, as
                          agências de financiamento e/ou fomento e as editoras (comerciais ou
                          universitárias).
                          O movimento surgiu em razão das dificuldades de acesso encontradas pela
                          comunidade científica no modelo tradicional de publicação. Modelo este,
                          fundamentado nas revistas científicas impressas, cuja aquisição, preparação
                          técnica, armazenagem e recuperação das informações científicas,
                          correspondem a custos elevados.



          Através do acesso livre os resultados das pesquisas são disseminados de forma mais
rápida, aumentando a sua visibilidade, o seu uso e impacto junto à comunidade científica.
Além disso, com a criação dos repositórios institucionais de acesso livre por parte das
universidades e instituições de pesquisa, expandem-se as fontes de informação disponíveis.

          No Brasil é interessante ressaltar a participação do Instituto Brasileiro de Informação
em Ciência e Tecnologia – IBICT, órgão subordinado ao Ministério de Ciência e Tecnologia,
no movimento para o acesso livre à informação. Esta entidade incentivou de maneira
importante a publicação da produção científica nacional na Internet no sentido de reduzir as
disparidades digitais e sociais que de alguma maneira delimitavam o acesso à informação no
país.




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       Desde o início dos anos 1990, o IBICT passou também a customizar softwares de
acesso livre para produção de revistas, repositórios e bibliotecas, também treinou técnicos de
universidades e institutos de pesquisas e distribuiu, por meio de editais públicos, kits
tecnológicos para viabilizar a implantação de bibliotecas digitais de teses e dissertações
nessas instituições (IBICT, 2009).

       A Biblioteca de Digital de Teses e Dissertações mantida pela IBICT é a segunda maior
biblioteca digital de teses e dissertações do mundo, um repositório que promoveu mudanças
significantes na disseminação da produção científica das universidades brasileiras (BDTD,
On-line).

       Outra iniciativa muito importante foi à criação do Portal de Acesso Livre da CAPES,
que disponibiliza livros, periódicos com textos completos, bases de dados referenciais com
resumos, patentes, teses e dissertações, estatísticas e outras publicações de acesso gratuito na
Internet, selecionados pelo nível acadêmico, mantidos por importantes instituições científicas
e profissionais e por organismos governamentais e internacionais.

       É interessante denotar a participação ativa do Ministério da Ciência e Tecnologia –
MCT nas ações citadas anteriormente, fornecendo incentivos para o desenvolvimento de
pesquisas em ciência e tecnologia no país, o que diretamente influenciou a criação de diversos
repositórios institucionais em outras entidades da esfera pública, permitindo dessa maneira
um intercâmbio das pesquisas desenvolvidas nas mais diversas áreas do conhecimento.

       Analisando esse contexto na realidade brasileira será explanado a seguir o exemplo da
CPRM – Serviço Geológico do Brasil.




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4 CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL: INFORMAÇÕES
GEOCIENTÍFICAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


4.1 HISTÓRIA E MISSÃO



          A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) é uma empresa pública,
vinculada ao Ministério de Minas e Energia, que tem as atribuições de Serviço Geológico do
Brasil.

          Sua missão é: "Gerar e difundir o conhecimento geológico e hidrológico básico
necessário para o desenvolvimento sustentável do Brasil".

          O Decreto-Lei n. 764, de 15 de agosto de 1969 autorizou a constituição da CPRM, que
teve seu primeiro estatuto aprovado pelo Decreto n. 65.058, de 13 de janeiro de 1970,
iniciando suas atividades em 30 de janeiro de 1970. Em 28 de dezembro de 1994, pela Lei no.
8970, a CPRM passa a ser uma empresa pública, com funções de Serviço Geológico do
Brasil, sendo seu estatuto aprovado pelo Decreto, 1524, de 20 de junho de 1995. (CPRM, on-
line).

          Entre as áreas de atuação da empresa encontram-se:


                         • Levantamento Geológico;
                         • Levantamento Geofísico;
                         • Levantamento Geoquímico;
                         • Levantamento Hidrológico;
                         • Levantamento Hidrogeológico;
                         • Levantamento de Informações para Gestão Territorial;
                         • Gestão e Divulgação de Informações Geológicas e Hidrológicas.


          Todas estas áreas de atuação da CPRM são de extrema importância para o país,
nutrindo-o de informações geocientíficas necessárias para o seu desenvolvimento sustentável.

          Por receber status de Serviço Geológico a CPRM é responsável por atender uma gama
de projetos do Estado, colocando a geologia brasileira como instrumento para subsidiar
políticas públicas em todas as esferas que necessitam de informações geocientíficas.




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42



4.2 PROGRAMAS DESENVOLVIDOS PELA CPRM



       A geologia e demais atividades fins da CPRM - Serviço Geológico do Brasil, são
desenvolvidas      no      contexto      do      Programa       Geologia       do      Brasil,
compreendendo fundamentalmente, atividades de levantamento de dados geológicos, pesquisa
e estudos técnico-científicos executados nas seguintes áreas: Geologia básica, Geofísica,
Geoquímica, Paleontologia, Geologia Marinha, Sensoriamento Remoto e Geocronologia.

       As ações desenvolvidas pelo Serviço Geológico do Brasil no âmbito dos Recursos
Minerais englobam atividades de geologia econômica, prospecção e economia mineral, tendo
como meta principal o levantamento de informações geológicas que permitam caracterizar o
potencial econômico de ocorrências, depósitos, distritos e províncias minerais do Brasil, além
de promover o conhecimento sobre a gênese de depósitos já conhecidos.
       Nas áreas de Hidrologia são realizados os seguintes programas:


   •   Programa Recursos Hídricos Superficiais

       Monitoramento     de Redes Hidrológicas:        implantação   e operação de redes
hidrometeorológicas, telemétricas, de qualidade de água e sedimentométricas bem como
monitoramento de níveis em açudes. Opera a rede hidrometeorológica nacional constituída de
cerca de 2.500 estações, sendo 200 telemétricas via satélite. Além da coleta, consiste e
armazena cerca de 240.000 dados hidrológicos anuais.
       Previsão e Alerta de Enchentes e Inundações: implantação e operação de Sistemas de
Previsão de Níveis e Alerta Hidrológico. Atuação nas previsões de níveis da cidade de
Manaus e Pantanal Matogrogressense, e Alerta Hidrológico na Bacia do Rio Doce.


   •   Programa Recursos Hídricos Subterrâneos

       Cadastramento, Recuperação, Revitalização e Instalação de Poços: este programa
realiza o cadastramento de poços e de usuários de água, bem como a revitalização e instalação
de poços.
       Estudos, Levantamento e Cartografia Hidrogeológica: consiste no desenvolvimento de
pesquisa e estudos hidrogeológicos, bem como elaboração de mapas hidrogeológicos em
ambiente SIG. Realizam-se pesquisas em pequenas bacias sedimentares interiores no semi-



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árido brasileiro e a elaboração de estudos e mapas hidrogeológicos no Estado do Rio Grande
do Sul, no Vale do Jequitinhonha e na Borda Sudeste da Parnaíba.
       Sistema de Informações de Águas Subterrâneas - SIAGAS: apresenta mecanismos que
facilitam a coleta, consistência e armazenamento de dados hidrogeológicos, e sua difusão
junto aos órgãos gestores e usuários de hidrogeologia. Atualmente encontra-se cadastrado no
Sistema 102.000 poços e já se encontra em implantação do produto em 10 órgãos gestores
estaduais.
       Nas áreas de Gestão Territorial podemos destacar os projetos:

   •   Geoecoturismo

       Uma das linhas de atuação do SGB-CPRM tem sido a caracterização física de regiões
de interesse geoecoturístico, tendo como objetivo principal disseminar o conhecimento básico
de geologia, informações geoambientais, geo-históricas e sobre o patrimônio mineiro entre as
comunidades, profissionais e cidadãos em geral, assim como incrementar os potenciais
turísticos das regiões, criando novos roteiros de visitação.

   •   Riscos Geológicos e Desastres Naturais


       Esta linha de ação tem sido abordada nos últimos anos pelo Serviço Geológico do
Brasil em razão do histórico de ocorrências de acidentes resultantes dos processos naturais
somados às intervenções antrópicas no meio ambiente. Tal ação tem por objetivo identificar,
caracterizar e orientar a tomada de decisões para a redução dos danos resultantes desses
processos, principalmente dos escorregamentos, erosões diversas, assoreamento e inundações,
que muitas vezes causam a perda de vidas humanas, e danos materiais.
       Decorre também da necessidade de incrementar o conhecimento desses processos
destrutivos atuantes por parte dos órgãos gestores em nosso território, de modo a orientar a
tomada de decisões relativas a cada um dos casos citados, podendo ainda tais decisões serem
acompanhadas de intervenções estruturais, planejamento urbano, educação ambiental,
implantação de sistemas de alerta, entre outros.




   •   Zoneamento Ecológico-Econômico




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       Esta linha de ação consiste num instrumento de planejamento que gera indicadores
sobre as potencialidades e fragilidades dos meios físico, biótico e socioeconômico capazes de
subsidiar a tomada de decisões nos diferentes níveis hierárquicos do aparelho governamental,
com vistas a viabilizar o desenvolvimento sustentável e harmônico do território brasileiro.
       Esses estudos apontam soluções e propostas para a implementação de um
planejamento territorial adequado, visando otimizar o grau de integração regional nos níveis
externo (entre o Brasil e os países vizinhos) e interno. Propicia aos órgãos estaduais de
planejamento a delimitação de zonas destinadas à preservação ambiental ou à recuperação das
áreas degradadas pela ação humana ou por processos naturais, bem como aquelas
direcionadas ao fortalecimento e incentivo ao desenvolvimento sustentável do território
nacional.
       A maior parte dos produtos gerados pelos projetos acima já estão disponíveis para
consulta e download na Internet no sitio da CPRM (ver anexo C) ou na Biblioteca Digital
Acesso Livre disponível no mesmo endereço, e os demais documentos podem ser consultados
também na Rede de Bibliotecas da CPRM.


4.3 ACESSO LIVRE: A BIBLIOTECA DIGITAL DA CPRM



       Dentre os muitos projetos realizados para o acesso livre à informação, destaca-se neste
estudo o desenvolvido pela Rede de Bibliotecas da CPRM - Serviço Geológico do Brasil, que
entendendo as dificuldades que seus usuários tinham para ter acesso rápido a sua
documentação institucional e a carência por informações brasileiras na área de Geociências se
criou a proposta de construir uma biblioteca digital para melhor atender essa comunidade, a
biblioteca Acesso Livre.

       Através da Biblioteca Acesso Livre foi possível a preservação do conhecimento
produzido pela instituição em seus 40 anos de existência, por meio de uma política de
digitalização de documentos que permitiu a disponibilização desses conteúdos em acesso livre
através do sitio da CPRM na Internet.

       A possibilidade de qualquer pesquisador ter acesso a diversas coleções digitais da
CPRM sem ter que se locomover a uma das doze unidades da Rede de Bibliotecas localizadas
em Estados distintos do Brasil é um avanço considerável para o desenvolvimento de novas
pesquisas e ainda para o compartilhamento de informações geocientíficas ligadas às



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atividades o Setor de Geociências e Tecnologia Mineral no Brasil (ver anexo B).

       A partir do referencial teórico apresentado sobre as questões que permeiam a
utilização de bibliotecas digitais e suas ferramentas tecnológicas para promover o acesso livre
à informação busca-se aqui avaliar através da pesquisa realizada como se dá a disseminação
das coleções digitais pelos bibliotecários da Rede de Bibliotecas da CPRM e verificar as
competências desses profissionais para utilizar esta ferramenta e mediar à informação aos
usuários na biblioteca digital Acesso Livre.




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5 METODOLOGIA


       A motivação para a realização dessa pesquisa se deu ao analisar certa lacuna na
literatura brasileira na área de Ciência da Informação sobre a mediação da informação nas
bibliotecas digitais, e ainda sobre a disseminação das informações geocientíficas, temas estes
que recorrem a outros assuntos correlatos às questões de acesso e usoda informação no
ambiente virtual, relacionando-se também à gestão de novas tecnologias da informação e
comunicação.
       A utilização da biblioteca digital Acesso Livre pelos bibliotecários da CPRM como
suporte a disseminação da informação institucional, modificou a rotina da organização e ainda
o processo de mediação da informação, agora dispostos também através de documentos
digitais, sendo este o motivo pelo qual se deu esta pesquisa.
       Outro aspecto decisivo para realizar este trabalho foi à oportunidade de aproximação
com objeto de estudo ao realizar atividades de estágio supervisionado na biblioteca da CPRM,
Superintendência Regional de Salvador, no período de setembro de 2009 até junho de 2010, o
que de certa maneira proporcionou a conclusão desta pesquisa.
       Trata-se de uma pesquisa exploratória, pois tem com objetivo proporcionar maior
familiaridade com o problema, e dá suporte a temas de grande complexidade social, se
utilizando a estratégia metodológica de estudo de caso, a qual permite compreender um
recorte da realidade, podendo-se então abranger uma analise multidisciplinar de pesquisa
dentro de uma totalidade observada.
       O objeto de pesquisa aqui observado corresponde à avaliação da competência
informacional do profissional bibliotecário ao ser responsável pela disseminação e mediação
da informação aos usuários da biblioteca digital Acesso Livre, mantida pela CPRM - Serviço
Geológico do Brasil.


5.1 PROBLEMA



       A pesquisa parte da necessidade de um estudo aprofundado sobre a disseminação dos
documentos digitais disponíveis em uma biblioteca digital na área de Geociências, devido aos
diversos tipos de informações que a mesma contempla, e a dificuldade no tratamento e
mediação da informação dessas coleções para os usuários.




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Acesso Livre à Informação Geocientífica
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Acesso Livre à Informação Geocientífica

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO LUIS RICARDO ANDRADE DA SILVA ACESSO LIVRE À INFORMAÇÃO NA ÁREA DE GEOCIÊNCIAS: o estudo da Biblioteca Digital da CPRM - Serviço Geológico do Brasil Salvador 2010 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 2. LUIS RICARDO ANDRADE DA SILVA ACESSO LIVRE À INFORMAÇÃO NA ÁREA DE GEOCIÊNCIAS: o estudo da Biblioteca Digital da CPRM - Serviço Geológico do Brasil Monografia apresentada ao curso de graduação em Biblioteconomia e Documentação, no Instituto de Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia e Documentação. Orientadora: Profª. Ms. Maria Dulce Paradella Matos de Oliveira Salvador 2010 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 3. S586a Silva, Luis Ricardo Andrade da Acesso Livre à Informação na área de Geociências : o estudo da Biblioteca Digital da CPRM - Serviço Geológico do Brasil / Luis Ricardo Andrade da Silva. -- Salvador, 2010. 76f. : il., color. ; 30cm. Orientadora: Profª. Ms. Maria Dulce Paradella Matos de Oliveira Monografia (Graduação em Biblioteconomia e Documentação)– Instituto de Ciência da Informação. Universidade Federal da Bahia, 2010. 1. Biblioteca digital. 2. Acesso livre. 3. Informação geocientífica. 4. Mediação da informação. 5. CPRM - Serviço Geológico do Brasil I. Título. CDD 025.4 CDU 025:007.5 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 4. LUIS RICARDO ANDRADE DA SILVA ACESSO LIVRE À INFORMAÇÃO NA ÁREA DE GEOCIÊNCIAS: o estudo da Biblioteca Digital da CPRM - Serviço Geológico do Brasil Monografia apresentada ao curso de graduação em Biblioteconomia e Documentação, no Instituto de Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia e Documentação. Aprovado em 14 de julho de 2010 BANCA EXAMINADORA: _________________________________________________ Maria Dulce Paradella Matos de Oliveira Mestre em Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, Brasil Prof ª do Instituto de Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, Brasil Membro Interno (Orientadora) __________________________________________________ Henriette Ferreira Gomes Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia, Brasil Prof ª do Instituto de Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, Brasil (Membro Interno) __________________________________________________ Hildenise Ferreira Novo Mestre em Ciência da Informação pela UFF/IBICT, Brasil Prof ª do Instituto de Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, Brasil (Membro Interno) Salvador 2010 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 5. À Rose minha querida mãe. Renata, minha maninha. PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 6. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por ter me fortalecido e me dado inspiração para vencer todas as batalhas, ajudando-me em todos os momentos que precisei, quando me senti fraco Ele me ergueu, quando me senti forte demais Ele me ensinou a ser humilde, e não se esqueceu em nenhum momento de mim. Não tenho palavras para agradecer por tudo o que Senhor já fez, faz, e ainda há de fazer na minha vida. À minha mãe que sempre me incentivou a ser uma pessoa melhor, educando-me e mostrando-me que as vitórias só são possíveis depois das batalhas. Amo-te mãe, você é meu maior exemplo. À minha irmã que sempre foi meu orgulho, e que sempre me acompanhou nesta jornada com amizade, amor e carinho. Ao meu pai José Luis, às minhas avós Josefa e Judite, e ao meu irmão André. Aos meus primos Jonas, Lucilia, Humberto, Fábio, Eduardo, André, Damares, Cátia, e a todos familiares que me acompanharam neste percurso, principalmente minhas queridas tias Creuza, Cecília, Rosilda e Maria Luiza. Aos meus professores do Instituto de Ciência da Informação – ICI, principalmente a minha orientadora Maria Dulce Paradella por ter me acompanhado com paciência até este momento. Agradeço também aos meus colegas de profissão Jaqueline Machado, Kátia Abrel, Emile Lantyer, Suzana Ferreira, Ilvania Oliveira Silva, Rita Araújo, Fábio Gomes, Joselita Maia, Eliene Argollo, Nelza Farias, Andersom Rocha, Sidnei Silva, Luis Carlos e Raquel Santos Oliveira que me deram oportunidades de crescer na profissão, devo muito a vocês. Á todos os colegas ingressos no semestre 2006.1 no curso de Biblioteconomia e Documentação que de alguma maneira contribuíram para a minha formação profissional. Aos meus colegas da Residência Universitária 1 da UFBA que conviveram comigo nestes últimos 4 anos (2006-2010). Aos meus irmãos em Cristo Jesus da Igreja Batista Boas Novas, Igreja Batista Sião, e a todos os meus irmãos mais que especial do NERU; com certeza Deus escutou nossas orações. Em especial agradeço as bibliotecárias Isabel Matos e Gisélia Maria, e aos demais colaboradores da CPRM – Serviço Geológico do Brasil, Superintendência Regional Salvador. PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 7. Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor? ou quem se fez seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. Carta de Paulo aos Romanos, cap. 11, versos de 33 a 36. PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 8. RESUMO Trata-se do estudo de caso da biblioteca de documentos digitais da CPRM - Serviço Geológico do Brasil, denominada Acesso Livre, que foi criada para preservar e tornar disponível, em acesso livre e gratuito na internet, os documentos produzidos durante os 40 anos de existência dessa instituição. Sabendo da riqueza do conhecimento produzido pela CPRM para o desenvolvimento sustentável do país, e os avanços que esta biblioteca digital poderá causar à comunidade de usuários ao facilitar novas pesquisas e estudos sobre o setor de recursos minerais e tecnologia mineral brasileira, buscou-se, através de uma pesquisa exploratória, um referencial teórico sobre os principais aspectos sociais que envolvem as bibliotecas digitais, as informações geocientíficas e o Movimento de Acesso Livre à Informação. O universo de pesquisa foi a empresa CPRM, e como amostra os bibliotecários responsáveis pela biblioteca digital Acesso Livre na Rede de Bibliotecas da CPRM, com o objetivo de entender se esse profissional tem competências para exercer a função de mediador da informação no universo dos documentos digitais. No decorrer da pesquisa foram identificados outros tópicos que o bibliotecário responsável por uma biblioteca digital deve conhecer para implantar e manter serviços de qualidade, com as novas tecnologias, uma qualificação profissional constante e, ainda, o desenvolvimento de outras competências que envolvem a mediação da informação no espaço digital. Os resultados mostraram que os bibliotecários responsáveis pela disseminação dos conteúdos da biblioteca digital Acesso Livre estão encontrando dificuldades para orientar os usuários sobre como utilizar as coleções digitais devido à falta de treinamento, arquitetura das informações disponibilizadas e a gestão da biblioteca ainda estar voltada apenas para a preservação dos documentos. Palavras-chave: Biblioteca digital. Acesso livre. Mediação da Informação. Informações geocientíficas. CPRM - Serviço Geológico do Brasil. PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 9. ABSTRACT The case study focused the digital library of CPRM – Brazil Geological Survey, named Open Access, which was created to preserve and make available on the internet, on a free access basis, the documents produced during the 40 years of CPRM existence. Given the wealth of knowledge produced by CPRM for the sustainable development of the country, and the benefits brought by its digital library to the user community, in facilitating further research and studies on the mineral resources and mineral technology in Brazil, it was sought a theoretical framework, through an exploratory research, on key social issues surrounding digital libraries, geological information and the Free Access to Information Movement. The research base was the CPRM company and the sample were the librarians responsible for the CPRM Open Access Network of Libraries, in order to understand whether these professionals are empowered to act as mediators of information in the universe of digital documents. During the research, new topics that the librarian responsible for a digital library must know, in order to deploy and maintain quality services, were identified, as new technologies, the need of a continuous qualification and the development of skills involved in the mediation of information in the digital space The results showed that librarians responsible for the dissemination of the contents of the Open Access digital library are finding it difficult to guide users on how to use digital collections, due to lack of training, poor information architecture and a library management still directed to the preservation of documents. Keywords: Digital Library. Open Access. Information mediation. Geological information. CPRM - Geological Survey of Brazil. PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 10. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Mediação da informação no espaço da Biblioteca Digital 26 Quadro 1 Tarefas e conhecimentos necessários das cinco áreas essências (core 28 areas) Quadro 2 Componentes necessários para o funcionamento de uma biblioteca 33 digital Quadro 3 Rede de Bibliotecas da CPRM 49 Quadro 4 Número de questionários respondidos por biblioteca da Rede CPRM 50 Quadro 5 Fases do Projeto de implantação da Biblioteca Digital Acesso Livre 52 Gráfico 1 Acesso e Uso da Biblioteca Digital: Questionário 2 – Nível de 54 dificuldade do bibliotecário ao utilizar a biblioteca digital Acesso Livre Gráfico 2 Arquitetura e Usabilidade da Biblioteca Digital – Questão 3 – Principais 55 dificuldades encontradas na busca e recuperação de documentos na biblioteca digital Acesso livre Gráfico 3 Divulgação da biblioteca Digital: Questão 6 – Como os bibliotecários 56 ficaram sabendo da existência da biblioteca digital Acesso Livre? Gráfico 4 Participação na Organização da Biblioteca: Questão 7 – A sua 57 biblioteca regional participou da organização da biblioteca digital Acesso Livre? Gráfico 5 Mediação da informação pelo bibliotecário na Biblioteca Digital: 58 Questão 10 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 11. LISTA DE SIGLAS BD Biblioteca Digital BDTD Biblioteca Digital de Teses e Dissertações BSD Berkeley Software Distribution CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CIM Carta Internacional do Mundo ou Carta do Mundo ao Milionésimo CCD Charged Coupled Device CD-ROM Compact Disc Read-Only Memory CPRM Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais COMUT Programa de Comutação Bibliográfica DLF Digital Library Federation DVD Digital Video Disc FACESM Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas do Sul de Minas FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz GLP General Public License GEOBANK Banco de Dados de Informação Geocientífica HTML Hypertext Markup Language IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia IP Internet Protocol MARC Machine Readable Cataloging MCT Ministério da Ciência e Tecnologia MME Ministério de Minas e Energia NTIs Novas Tecnologias de Informação OAI Open Archives Initiative ODLIS Online Dictionary For Library And Information Science PC Personal Computer Petrobras Petróleo Brasileiro S/A PPI Plano Piloto de Investimento do Governo Federal W3C World Wide Web Consortium PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 12. WWW World Wide Web RADAR Radio Detection And Ranging Residência FO Residência Fortaleza Residência PV Residência Porto Velho Residência TE Residência Teresina SGB Serviço Geológico do Brasil SIAGAS Sistema de Informações de Águas Subterrâneas SIG Sistema de Informação Geográfica SUREG BE Superintendência Regional - Belém SUREG BH Superintendência Regional - Belo Horizonte SUREG GO Superintendência Regional - Goiânia SUREG MA Superintendência Regional - Manaus SUREG PA Superintendência Regional - Pará SUREG RE Superintendência Regional - Recife SUREG SA Superintendência Regional - Salvador SUREG SP Superintendência Regional - São Paulo XML eXtensible Markup Language PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 13. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 14 2 BIBLIOTECA DIGITAL: ALGUMAS VISÕES 16 2.1 AS BIBLIOTECAS E A REALIDADE DIGITAL 17 2.2 DEFINIÇÔES PARA A BIBLIOTECA DIGITAL: UMA CONCORDÂNCIA 19 COMPLEXA 2.3 O USUÁRIO DA BIBLIOTECA DIGITAL 21 2.4 O BIBLIOTECÁRIO NA GESTÃO DE UMA BIBLIOTECA DIGITAL DE 23 GEOCIÊNCIAS 2.5 ASPECTOS IMPORTANTES NA CONSTRUÇÃO DE UMA BIBLIOTECA 30 DIGITAL DE ACESSO LIVRE 3 MOVIMENTO DE ACESSO LIVRE À INFORMAÇÂO CIENTÍFICA 37 4 CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL: INFORMAÇÕES 41 GEOCIENTÍFICAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 4.1 HISTÓRIA E MISSÃO 41 4.2 PROGRAMAS DESENVOLVIDOS PELA CPRM 42 4.3 ACESSO LIVRE: A BIBLIOTECA DIGITAL DA CPRM 44 5 METODOLOGIA 46 5.1 PROBLEMA 46 5.2 HIPÓTESE 47 5.3 MÉTODOS E TÉCNICAS 47 5.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 48 5.5 UNIVERSO E AMOSTRA 49 5.5.1 Rede de Bibliotecas da CPRM – Serviço Geológico do Brasil 49 6 ANALISE DOS DADOS 51 6.1 GESTÃO DESENVOLVIDA NA BIBLIOTECA DIGITAL ACESSO LIVRE 51 6.2 COMPETÊNCIA DO BIBLIOTECÁRIO PARA MEDIAÇÃO DA 53 INFORMAÇÃO NA BIBLIOTECA DIGITAL 7 CONSIDERAÇÔES FINAIS 60 REFERÊNCIAS 62 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 14. APÊNDICES 66 APÊNDICE A – Questionário aplicado ao bibliotecário gerente da Rede de 67 Bibliotecas da CPRM APÊNDICE B – Carta de apresentação da pesquisa e questionário aplicado aos 68 bibliotecários da Rede de Bibliotecas da CPRM APÊNDICE C – Termo de consentimento e esclarecimento para realização da 71 pesquisa ANEXOS 72 ANEXO A – Movimentos em favor do acesso livre 73 ANEXO B – Página inicial de busca na Biblioteca Digital Acesso Livre 75 ANEXO C – Página inicial do sitio da CPRM - Serviço Geológico do Brasil 76 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 15. 14 1 INTRODUÇÃO Entender a complexidade dos documentos digitais na sociedade da informação é um desafio constante no qual o profissional bibliotecário participa direta ou indiretamente deste contexto, sendo ele o responsável pela disseminação e mediação da informação também no universo das redes e sistemas de informação na internet. A Biblioteca Digital (BD) é um desses espaços onde a informação pode ser organizada pelo bibliotecário para que seus documentos sejam disponíveis em acesso livre a todos que de alguma maneira necessitam dessas informações. Reconhecendo a existência de diversas barreiras sociais, políticas e tecnológicas que dificultam o acesso e uso a informação produzida, a biblioteca digital e o bibliotecário são essenciais no intuito de promover a consciência dos aspectos que envolvem a construção, o acesso e o uso da informação na sociedade, principalmente neste momento (Séc. XXI), em que o valor do conhecimento é fator decisivo para o desenvolvimento social e econômico das nações. Procurando entender um recorte desta realidade, procurou-se analisar aqui a biblioteca de documentos digitais da CPRM- Serviço Geológico do Brasil, denominada de Acesso Livre. A CPRM é um órgão de caráter público que, pensando na preservação e na divulgação das informações geocientíficas produzidas por seus pesquisadores nos seus 40 anos de existência, planejou a implantação de uma biblioteca digital na qual fosse possível o acesso e uso gratuito de sua documentação técnica e cientifica através da internet, tanto para o seu público interno quanto para o público externo a essa organização. Neste momento podemos adiantar que a comunidade de usuários atendida pela BD Acesso Livre aqui em questão, abrange: pesquisadores, professores, estudantes e técnicos da área de Geociências, e ainda profissionais de outras áreas correlatas à promoção e desenvolvimento de estudos e pesquisas em Recursos Minerais e Tecnologia Mineral. O estudo desenvolvido objetiva entender como os bibliotecários da Rede de bibliotecas da CPRM responsáveis pela mediação e disseminação dos conteúdos da biblioteca digital Acesso Livre estão trabalhando para orientar os seus usuários na utilização das coleções digitais disponíveis nesta biblioteca. É interessante mencionar desde já que a pesquisa realizada foi desenvolvida também PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 16. 15 para divulgar a comunidade cientifica e profissional, tanto das áreas de Geociências, quanto na área de Ciência da Informação e Biblioteconomia, a riqueza informacional disposta na biblioteca digital Acesso Livre e ainda revocar a necessidade e importância da disseminação dessas coleções digitais para o desenvolvimento sustentável do país. Entendendo-se as mais diversas áreas do conhecimento que envolve a temática analisada, procurou-se instruir o leitor através de um referencial teórico, primeiramente sobre a concepção dos aspectos que envolvem a Biblioteca Digital: os seus diversos conceitos; os seus usuários; a sua estrutura administrativa e principalmente o bibliotecário como gestor de uma biblioteca especifica na área de Geociências, além de outros aspectos importantes na construção de uma biblioteca digital, que podem ser conferidos nos tópicos do capitulo 2. No capitulo 3 comenta-se alguns tópicos referentes ao Movimento de Acesso livre à informação. Nos capítulos 4 viram-se os seguintes temas: a CPRM - Serviço Geológico do Brasil como órgão responsável pela disseminação das informações geocientíficas para a comunidade brasileira; e a Biblioteca Digital Acesso livre, como uma das ferramentas desenvolvidas para preservar e divulgar as informações produzidas por esta instituição. No capitulo 5, pôde-se analisar a metodologia aplicada para a realização deste estudo, e nos capítulos 6 e 7 respectivamente, a análise dos dados obtidos neste estudo; e algumas considerações verificadas no concluir da pesquisa. PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 17. 16 2 BIBLIOTECA DIGITAL: ALGUMAS VISÕES Os usuários das bibliotecas na Sociedade do Conhecimento necessitam de uma diversidade de informações que nem sempre estão disponíveis facilmente, devido a uma série de fatores como distanciamento físico do local onde elas se encontram e a forma de acesso às mesmas. Com a evolução das tecnologias de informação e da transmissão de dados por computadores em rede, os documentos impressos, como registros do conhecimento produzido pela humanidade em suportes de papel, puderam ser convertidos a outros formatos, admitindo neste sentido novas formas de acesso e uso à informação, superando dessa maneira antigas barreiras que distanciavam o usuário das fontes de informação que ele desejava ter contato. Isto só foi possível através dessa interação com os documentos digitais e isso, de certa forma, vem impulsionando as bibliotecas tradicionais 1e demais centros de informações a adequarem- se a essa nova forma de lidar com seus acervos informacionais. Neste enfoque Sayão e Marcondes (2002, p.25) relatam que, O rompimento de barreiras tecnológicas importantes, experimentadas na última década, permitiram o surgimento de um novo patamar para esses sistemas: antes orientados basicamente para a recuperação de referências bibliográficas em bases de dados isoladas e textos em papel, voltam-se hoje para a recuperação distribuída de objetos digitais – textos completos, imagens em movimento, som, etc. – estabelecendo como palavras de ordem a publicação na internet e a interoperabilidade entre fontes de informação heterogêneas e globalmente distribuídas. E é neste contexto que a Biblioteca Digital toma seus fundamentos, no intuito de tornar disponível a informação por meio de documentos digitais a uma determinada comunidade de usuários, intermediando processos de transmissão da informação que antes só eram possíveis nos ambientes tradicionais de informação (bibliotecas, museus, arquivos, centros de informação, etc.). 1 Bibliotecas tradicionais – coleção de material impresso ou manuscrito, ordenado e organizado com o propósito de estudo e pesquisa ou de leitura geral ou ambos. Muitas bibliotecas também incluem coleções de filmes, microfilmes, discos, vídeos e semelhantes que escapam à expressão ‘material manuscrito ou impresso’. (CUNHA, CAVALCANTI, 2008) PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 18. 17 2.1 AS BIBLIOTECAS E A REALIDADE DIGITAL O contexto das bibliotecas digitais comparado com o contexto das bibliotecas tradicionais, segundo Dias (2006, p. 66) “[...] é um meio de facilitar o acesso a coleções que já existiam há muito tempo, com variada dificuldade de acesso, mas cujas eventuais facilidades providenciadas não podem competir com as extraordinárias facilidades que a Internet2 e a Web3 podem propiciar.” Neste momento é interessante verificar a conotação dos termos utilizados na composição da expressão “biblioteca digital”. O primeiro termo “biblioteca” e o segundo “digital” abrangem dois objetos amplamente discutidos, sendo que cada um destes perpassa uma gama de áreas específicas e ao mesmo tempo híbridas do conhecimento humano. Destacando-se algumas definições para o termo biblioteca encontramos, no dicionário de Ferreira (1986), que biblioteca significa coleção pública ou privada de livros e documentos congêneres, organizada para o estudo, leitura e consulta. Para o dicionarista, a palavra é originada do grego bibliothéke, chegando posteriormente até nós através do latim bibliotheca. Já Cúnha (1997) também confirma que a palavra biblioteca em português se origina do latim, que, por sua vez, deriva dos radicais gregos biblio e teca, cujos significados são, respectivamente, livro e coleção ou depósito. Martins (1996, p.71) resume, enfim, etimologicamente, a palavra como depósito de livros. As definições anteriores são muito humildes, não no sentido etimológico das palavras, mas sim, na visão e concepção desses espaços no atual contexto de uma sociedade movida e interconectada por redes e sistemas de informação. Para fins de entendimento utilizarei aqui a definição sugerida pela Biblioteca Nacional do Brasil (2000, p.17) que: 2 Internet – Rede de computadores de abrangência mundial que interliga os mais diferentes sistemas computacionais e redes, e possibilita, por meio de protocolos padronizados, tais como TRANSMISSION CONTROL PROTOCOL (TCP) e INTERNET PROTOCOL (IP), a troca de dados entre eles. (TOUTAIN, 2005, p.19). 3 Web – WWW (world wide web, ou apenas W3) - A teia de alcance mundial, criada por Tim Berners-Lee, que concebeu a maneira de associar, por meio de links, documentos armazenados em qualquer computador ligado à Internet, através de um localizador denominado URL. É uma parte da Internet que interliga todos os documentos de hipertexto, regidos pelos protocolos http (hypertext transfer protocol), ou seja, documentos que utilizam à linguagem html (hypertext markup language) que permite passar de. um arquivo a outro através de links (ou hiperlinks). A web é administrada por um consórcio de empresas e instituições (W3C – World Wide Web Consortium), que define protocolos, padrões e orientações para o uso da rede. (FACESM, On-line). PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 19. 18 A biblioteca é, pois, uma instituição que agrupa e proporciona o acesso aos registros do conhecimento e das ideias do ser humano através de suas expressões criadoras. Como registros entende-se todo tipo de material em suporte papel, digital, ótico ou eletrônico (vídeos, fitas cassetes, CD-ROMs, DVDs etc.) que, organizados de modo a serem identificados e utilizados, compõem seu acervo. A citação anterior aponta para outras perspectivas, nas quais as bibliotecas transpassam espaços e suportes em que a informação é organizada, dando assim um novo significado ao termo biblioteca. Ainda neste sentido, Moreno (2008, p.91) comenta que, O ambiente virtual acabou por constituir um novo espaço, onde os ímpetos corporativistas se desfaziam diante da nova realidade. Essa realidade demanda um consórcio de saberes que não podem mais ser monopólio de apenas uma área do conhecimento: mesmo tendo sido construídos a partir de trajetórias de reflexão historicamente apartadas, hoje se articulam e se transformam numa nova ordem de sistematização do conhecimento humano. Entende-se através disso que, as mudanças e concepções advindas das novas tecnologias de registro, organização e transmissão do conhecimento, modificam continuamente as relações que envolvem a informação, sendo assim, as bibliotecas adquirem novos conceitos que continuarão em constante transição até atingir o seu 'ideal', que é o de responder a todas as necessidades de acesso e uso da informação dos seus usuários. Já o termo digital segundo Tammaro e Salarelli (2008, p.7) é tradução do vocábulo inglês digit que remete ao latim digitus, onde o radical se desdobra nas palavras: digito, digital, que apontam para o ato de contar com os dedos, uma representação imaterial, simbólica dos números. Neste sentido, a forma de representação por meio de símbolos utilizada para a leitura de dados por sistemas eletrônicos é o bit, “digito binário”. Um exemplo de como isso acontece na prática é o registro de uma fotografia em uma máquina fotográfica digital, onde a câmera fotográfica captura, por meio de células fotossensíveis (chamadas CCD, Charged Coupled Device), a luz da cena fotografada. Esta informação, captada analogicamente, é digitalizada (pelo que se chama um 'shift register') e armazenada num meio elétrico (memória interna, cartões de memória, etc.), sendo possível a transmissão das imagens obtidas neste processo através de um leitor de cartões ou através de um cabo de dados (geralmente USB4) conectando a máquina digital a um computador. 4 USB – do inglês Universal Serial Bus um tipo de conexão plug in play ("ligar e usar") que permite a conexão de periféricos sem a necessidade de desligar o computador. Entre os dispositivos que se utilizam da interface USB estão: webcam, teclado, mouse, unidades de armazenamento (HD, pendrive, CD-ROM), joystick, Gamepad, PDA, câmera digital, impressora, placa de som, modem, MP3 Player e outros. PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 20. 19 Neste sentido, Alvarenga (2001, On-line) relata que, O meio digital se constitui, portanto, no espaço sem precedentes para o registro e recuperação de documentos textuais e imagéticos e que, ao ensejar uma enorme gama de possibilidades de armazenagem, memórias e formatos passou também a requerer novos elementos facilitadores de sua recuperação. A partir desse apanhado inicial sobre o contexto que abrange as bibliotecas e a realidade digital podemos entender o que seria este espaço denominado de biblioteca digital. 2.2 DEFINIÇÕES PARA A BIBLIOTECA DIGITAL: UMA CONCORDÂNCIA COMPLEXA É importante denotar, inicialmente, que uma possível definição comum entre a comunidade acadêmica sobre o tema das bibliotecas digitais ainda não é consenso. Essa amplitude de conceituação para o objeto de estudo, e as diversas ideias para determinar suas características é fundamentada não por incerteza dos pesquisadores ao tratar do tema, mas sim, devido às constantes mudanças que as novas tecnologias introduzem nestes espaços de informação. No entanto, a postura colocada por alguns autores ao defender o tema permite-nos uma visão mais ampla sobre a concepção de uma biblioteca digital, reconhecendo diretamente que a mesma ainda tem suas raízes e manutenção nos espaços tradicionais de informação, dos quais adquiriu muitas de suas características atuais. E é nesta relação entre as bibliotecas tradicionais e os novos suportes de informação digital que a definição toma forma. Silva, Sá e Furtado (2004, p. 3) apontam que, Na área de Ciência da Informação, o conceito de Biblioteca Digital (BD) ainda é impreciso. A não consolidação terminológica pode advir do contexto multidisciplinar em que a BD se insere, desde a concepção até a efetiva implantação [...]. Inicialmente é importante denotar as diferentes formulações de uma definição dos autores aqui relacionados. Tammaro e Salarelli (2008, p.116), por exemplo, ao tentar esclarecer a ambiguidade de termos relata que “[...] o entendimento de uma biblioteca digital é muitas vezes complicado devido os diversos sinônimos utilizados como: biblioteca PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 21. 20 eletrônica5, biblioteca virtual, e ainda certa afinidade com outros termos como biblioteca híbrida e biblioteca multimídia.” Martins (2002 apud SILVA; JAMBEIRO; BARRETO, 2005, p. 274), demonstrando ainda certa multiplicidade de denominações, traz outros termos: Biblioteca tradicional; biblioteca eletrônica; biblioteca eletrônica virtual; biblioteca polimídia; biblioteca interativa; biblioteca virtual; biblioteca de realidade virtual; biblioteca digital e biblioteca universal. Os termos “biblioteca digital” e “biblioteca virtual” foram os mais utilizados pela comunidade acadêmica durante as últimas décadas. Analisando um histórico sobre essa construção Tammaro e Salarelli (2008, p.117) colocam que: Durante muito tempo, em lugar de 'biblioteca digital', foi dada preferência à expressão biblioteca virtual para definir o conceito da nova biblioteca. O primeiro a utilizar a expressão 'biblioteca virtual' foi o mesmo criador da Rede – Tim Berners Lee – para o sítio assim denominado e que materializa a visão de uma biblioteca com a coleção de documentos ligados a rede, constituídos por objetos digitais e páginas Web produzida por milhares de autores. […] É vidente que a expressão 'biblioteca virtual' é mais antiga do que 'biblioteca digital', assim como sua afinidade com o conceito utópico de biblioteca como acesso ao conhecimento universal. O adjetivo 'virtual' significa que a biblioteca não existe. A denominação, que hoje é, no entanto, menos difundida do que 'biblioteca digital', continuou sendo usada para certas acepções, como, por exemplo, para indicar uma coleção selecionada de vínculos por sítios da Rede e também para se referir a um conceito tanto da biblioteca eletrônica tanto da biblioteca digital, quer dizer, uma coleção de documentos fora da biblioteca como espaço físico ou lógico. Na literatura nacional é importante citar as contribuições de pesquisadores como Cunha (2009) ao levantar uma bibliografia internacional sobre os temas mais relevantes ao universo das bibliotecas digitais. Outro trabalho que deve ser visitado se tratando de uma busca conceitual para o tema no Brasil é a comunicação dos autores Silva; Sá; Furtado (2004) já citado neste trabalho. Devido à sua ampla difusão na sociedade, a biblioteca virtual vem sendo o termo mais adotado para designar essa nova ferramenta, muitas vezes por desconhecimento do que seria o termo 'virtual' já explanado anteriormente. Sendo assim, o conceito de biblioteca digital parece estar mais próximo do que vem 5 Biblioteca eletrônica – “[...] biblioteca informatizada que emprega todos os tipos de equipamentos eletrônicos necessários ao seu funcionamento: grandes computadores, PCs, terminais. O qualificativo ‘eletrônico’ se explica pelo equipamento empregado na leitura dos dados e não pela característica dos dados utilizados. [...] A biblioteca eletrônica inclui a biblioteca digital, mas a expressão ‘biblioteca digital é empregada mais corretamente e, portanto, é preferível.” (Tammaro e Salarelli, 2008, p.116-117). PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 22. 21 sendo desenvolvido no momento, sendo também, o conceito mais adequado para caracterização da biblioteca em estudo, a Biblioteca de Documentos Digitais da CPRM – Serviço Geológico do Brasil, denominada Acesso livre. Para esse estudo tomarei como base a definição de BD desenvolvida pela DLF - Digital Library Federation (2004, On-line), As bibliotecas digitais são organizações que fornecem recursos, incluindo pessoal especializado para selecionar, estruturar, e oferecer acesso intelectual para, interpretar, distribuir, preservar a integridade, e garantir a persistência ao longo do tempo de coleções de obras digitais para que estejam prontas e economicamente disponíveis para uso por uma comunidade definida ou conjunto de comunidades. (tradução nossa). Ainda sobre a citação acima, Luisa Alvim (2006) mostra que, […] Esta definição pode levantar algumas questões, mas a mais pertinente é a questão de que as bibliotecas digitais deverão ser definidas e medidas pela sua utilização na comunidade a que servem. Não podem ser simplesmente coleções de materiais digitalizados, mas referenciadas aos seus potenciais utilizadores. A escolha da definição utilizada pela DLF deu-se pelo fato que a visão de uma biblioteca digital é constituída para ser utilizada por seus usuários, e não mais como um depósito de documentos digitais na internet, como os repositórios com acesso restrito e sem uma disseminação adequada. Difere também da biblioteca que é limitada ao espaço 'virtual', que não existe com a utilidade prática essencial a uma biblioteca, mas que aponta numa biblioteca digital que realmente funcione, e se for possível, que seja organizada por profissionais bibliotecários e documentalistas, segundo padrões da Biblioteconomia, oferecendo seus serviços disponíveis em acesso livre e gratuito à comunidade que pretende atender. 2.3 O USUÁRIO DA BIBLIOTECA DIGITAL As BD se desenvolvem conforme as necessidades da comunidade ou diversas comunidades de usuários que atende, através dos profissionais envolvidos em seus diversos processos de execução e avaliação; e ainda a partir do contingente de ferramentas tecnológicas utilizadas para a sua atualização e manutenção. PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 23. 22 Assim como as bibliotecas tradicionais a maioria das instituições que investem na implantação de BD buscam organizar suas coleções com características temáticas, segundo as diversas áreas do conhecimento, respeitando uma estrutura de acesso e uso facilitado, no intuito de atender uma parcela especifica da sociedade. No entanto, algumas outras têm suas coleções com conteúdos mais gerais (universais). Esta última, geralmente necessita de uma grande quantidade de recursos para se manter funcionando, devido à ampla gama de profissionais que necessita para o seu funcionamento pleno, e ainda de uma enorme quantidade de tempo de trabalho demandado para a atualização de seus aglomerados de informações digitais. É importante lembrar que os usuários são agentes neste processo de construção, e as características que esta biblioteca digital deve ter, antes de tudo, deve ser orientada para atender esta comunidade de usuários que, através da sua realidade, obtêm a sua ‘cultura digital’ como relata Vicentini (2005, p. 251). E é nesta direção onde a interação entre os usuários, as ferramentas tecnológicas, e os gestores de informação que o aprendizado se desenvolve nos espaços digitais, como cita Camargo e Vidotti (2007, p. 6), No contexto atual, os instrumentais tecnológicos que permitem a interação do usuário (emissor e/ou receptor) com a informação, possibilitam a criação de ambientes informacionais institucionais e/ou colaborativos para diferentes usuários e comunidades, de modo a facilitar o acesso às informações e potencializar a construção do conhecimento. Ao conhecer a comunidade que vai atender, o profissional da informação deve buscar ferramentas que, de alguma maneira, respondam às necessidades de informação desta comunidade, no sentido de contribuir com a realização das metas e projetos desenvolvidos pela instituição, e ainda prever o impacto que essas ferramentas ocasionarão depois de aplicadas. O bibliotecário gestor, tendo ciência da comunidade de usuários que a BD deverá atender, poderá então ter condições de definir com maior clareza a quantidade de recursos (humanos, tecnológicos, infraestrutura, financeiros) para a construção; implantação e manutenção desta biblioteca. Na próxima seção discutiremos a luz de alguns autores quais as competências e habilidades que o bibliotecário responsável pela gestão de uma BD na área de Geociências deve possuir para ser capaz de implantar e gerir este espaço digital de informação. PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 24. 23 2.4 O BIBLIOTECÁRIO NA GESTÃO DE UMA BIBLIOTECA DIGITAL DE GEOCIÊNCIAS No sentido de esclarecer as competências que o profissional da informação possui no contexto de gestor de uma biblioteca digital, com caráter especifico a área de Geociências, ou como é utilizado por alguns autores, gestor de informações geocientíficas, antes é importante comentar que no Brasil poucas pesquisas foram realizadas referentes a esta temática, e a produção acadêmica que mais se aproxima dessa realidade na área de Ciência da Informação, aborda a carência de profissionais bibliotecários para trabalhar com informações geocientíficas. Para melhor entendimento sobre o papel do bibliotecário, retoma-se o conceito de BD que é formada de coleções digitais que possibilitam a disponibilização de documentos que foram digitalizados, ou aqueles que já nasceram digitais, em acesso livre e gratuito, por meio de redes de informação na web. Após analisarmos os conceitos de BD, entende-se que as bibliotecas digitais possuem seus objetivos ampliados, e em sua construção não se pode ter como modelo a gestão da biblioteca tradicional, baseada apenas nas dificuldades de acesso aos documentos impressos, mas, deve-se essencialmente ter sua operacionalização planejada e organizada através de uma infraestrutura que permita a disseminação da informação e a preservação de objetos digitais em rede, com o intuito de permitir cada vez mais aos seus usuários a interoperabilidade6 e autonomia na utilização de todos os recursos disponíveis para acesso e uso da informação. Retoma-se a esta discussão por denotar que as bibliotecas na área de Geociências (tradicionais) possuem objetos de informação específicos (documentação foto cartográfica7; imagens de sensoriamento remoto – RADAR e satélite, GEOBANK8, etc.), documentos estes 6 Interoperabilidade – A capacidade de um sistema de hardware ou de software de se comunicar e trabalhar efetivamente no intercâmbio de dados com um outro sistema, geralmente de tipo diferente, projetado e produzido por um fornecedor diferente. (ODLIS, 2004). 7 Documentação foto cartográfica – também conhecida como fontes foto cartográficas, pode ser entendida como documentos realizados a partir de fotografias aéreas tiradas com uma câmera fotográfica rigorosamente calibrada, e de acordo com especificações cartográficas, diferindo, dessa maneira, da fotografia aérea obtida para outros fins. O mesmo que fotografia cartográfica aérea; fotografia topográfica. A fotografia aérea é um produto da aerofotogrametria, que é a arte e ciência de se obter medições confiáveis a partir das imagens fotográficas aéreas. (SANTANA, 2008, p. 13). 8 GEOBANK – Banco de Dados de Informação Geocientífica. O Geobank foi projetado e desenvolvido em plataforma Oracle®, para atender às pesquisas de dados geocientíficos dinamicamente. Sua operacionalidade e possibilidades tecnológicas o fazem um ilimitado depositório de informações através de suas bases de dados e PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 25. 24 que muitas vezes apresentam características e terminologias impares desta área do conhecimento (CMI; coordenadas geográficas), e que muitas vezes não são analisados durante a formação do profissional da informação nas Escolas de Biblioteconomia no Brasil, e por isso muitos bibliotecários desconhecem esta valiosa fonte de informação, e como se dá o adequado tratamento e a recuperação da documentação foto cartográfica, esteja ela em suportes físicos ou digitais (SANTOS, 1993); (CARDOSO, 2007); (SANTANA, 2008). Cardoso (2007, f. 51 apud SANTANA, 2008, f.13) revela que, A ênfase dada aos livros é considerada um dos motivos que indiretamente contribui para a dificuldade dos bibliotecários em lidar com os materiais cartográficos. Segundo ela (a autora), enquanto os futuros bibliotecários ao longo do curso de graduação em biblioteconomia se familiarizam com o tratamento adequado que deve ser dado aos livros, os materiais cartográficos geram inúmeras dúvidas, pois esse tipo de documento é visto em apenas uma disciplina durante o curso: catalogação. Desta forma, não há uma “preparação intensiva” para que estes futuros profissionais da informação “sejam capazes de tratar devidamente os documentos cartográficos”. Tratando-se ainda do quesito formação e qualificação profissional do bibliotecário, verifica-se que poucos cursos de graduação em Biblioteconomia e Documentação no Brasil têm em seus currículos gerais disciplinas como “Biblioteca Digital”; “Gestão de Bibliotecas Digitais”; “Arquitetura da Informação”, que de certa maneira contribuiriam muito na adequação do profissional bibliotecário as novas demandas e necessidades de informação da sociedade na era digital. Percebe-se também certo “descaso” da comunidade acadêmica em realizar pesquisas voltadas a capacitação ou especialização do profissional a suprimir essa demanda de informação na área de Geociências, que muitas vezes é justificada pela falta de estrutura e recursos financeiros para realizá-los, o que, de certa maneira, proporciona uma formação profissional pouco habilitada para tratar da gestão dos documentos que compõe esses acervos, ou seja: Informações Geocientíficas e Informações no Universo das Coleções Digitais. Sobre o enfoque da atuação do profissional da informação requerido na sociedade movida por novas tecnologias de informação, Correa (2001, p. 25) relata que, mapas. (SILVA, 2008, p. 3). PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 26. 25 Verifica-se, então, a necessidade deste bibliotecário olhar retrospectivamente e voltar-se um pouco mais à origem, à finalidade primordial de sua formação. Se trabalhar a informação sempre foi o objetivo principal do bibliotecário, este deveria olhar para a informação virtual e para os textos que fluem no ciberespaço como seu objeto de trabalho também. O direcionamento deste olhar poderá levá-lo a imaginar diferentes formas de utilizar seus conhecimentos na utilização das NTIs e na construção das infovias. Áreas de atuação não faltam para o profissional da informação que reconhecem as habilidades e competências que deve exercer neste novo momento, tanto na gestão de informações geocientíficas, quanto na gestão de bibliotecas digitais, virtuais ou eletrônicas. Miranda, (2004, p.115) aponta a competência como o, Conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes correlacionados que afeta parte considerável da atividade de alguém; se relaciona com o desempenho, pode ser medido segundo padrões preestabelecidos e pode ser melhorado por meio de treinamento e desenvolvimento. Assim podemos entender que o mercado de trabalho requer novas qualificações para o profissional da informação, uma das quais caracterizo como responsável pela mediação da informação 9no espaço digital (ver figura 1). 9 Mediação da informação – “[...] toda ação de interferência – realizada pelo profissional da informação –, direta ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural; individual ou coletiva; que propicia a apropriação de informação que satisfaça, plena ou parcialmente, uma necessidade informacional”. (ALMEIDA JUNIOR, 2009, p. 92). PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 27. 26 Figura 1: Mediação da informação no espaço da Biblioteca Digital Este modelo atribui ao bibliotecário o papel de mediador da aprendizagem, que 10 oferece através da gestão do conhecimento nas bibliotecas digitais o apoio aos usuários no que diz respeito à instrução, o acesso e uso das tecnologias de busca e recuperação da informação, permitindo assim, muito mais do que o simples acesso a documentos digitais, e sim a contribuição deste profissional na educação e interação social de seus usuários com a comunidade, contribuindo neste sentido com a formação cognitiva deste usuário, e ainda para o seu desenvolvimento pessoal e coletivo. Este novo cenário exige uma nova abordagem nos programas de formação do profissional da informação, que segundo Urs citado por Silva; Jambeiro; Barreto (2005, p.278) deve contemplar os seguintes aspectos: uma perspectiva interdisciplinar; estratégias centradas no usuário; a filosofia: “informação como recurso”; foco no conteúdo, independentemente do formato; visão do processo de agregação de valor. 10 Gestão do conhecimento - é um conjunto de atividades que visa trabalhar a cultura organizacional/informacional e a comunicação organizacional/informacional em ambientes organizacionais, no intuito de propiciar um ambiente positivo em relação à criação/geração, aquisição/apreensão, compartilhamento/socialização e uso/utilização de conhecimento, bem como mapear os fluxos informais (redes) existentes nesses espaços, com o objetivo de formalizá-los, na medida do possível, a fim de transformar o conhecimento gerado pelos indivíduos (tácito) em informação (explícito), de modo a subsidiar a geração de idéias, a solução de problemas e o processo decisório em âmbito organizacional. (VALENTIM, 2008) PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 28. 27 Urs ainda descreve algumas áreas essenciais (core áreas) que o profissional da informação deve dominar para atuar na gestão da informação nas bibliotecas digitais, algumas dessas já exigidas nas bibliotecas tradicionais, são elas: 1 - Usuário da informação; 2 - Recursos informacionais; 3 - Processos de agregação de valor; 4 - Tecnologias da informação; 5 - Gestão da informação. Silva; Jambeiro; Barreto (2005, p. 278) comentam ainda que é grande o desafio para desenvolver um profissional com todas essas competências e habilidades, e que a flexibilidade, a comunicação e a interação com diversas redes de profissionais é altamente desejável neste processo, visto que este profissional trabalhará em equipes multidisciplinares. No quadro a seguir podemos ver o aplicar dessas competências nas cinco áreas essências descritas por Urs upud Silva; Jambeiro; Barreto (2005, p.279). PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 29. 28 Quadro 1: Tarefas e conhecimentos necessários das cinco áreas essências (core areas). PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 30. 29 Observa-se no quadro anterior que relacionado aos conhecimentos e habilidades requeridos muitos ainda precisam ser avaliados na formação do bibliotecário (graduação, especialização, treinamento, etc.) para que todas essas competências sejam adquiridas e posteriormente colocadas em prática no atuar do profissional como gestor de objetos digitais. A gestão do conhecimento disposto na Web é um dos desafios desse novo profissional na sociedade da aprendizagem, neste sentido alguns aspectos de acesso e uso a informação são fundamentais para a formulação de um projeto que leve em conta a organização de documentos no espaço das bibliotecas digitais. Sabe-se que a implantação de uma BD requer uma equipe multidisciplinar formada por profissionais de diversas áreas como design, arquitetura da informação, ciências da computação, engenharia da informação e outras, porém, isso não significa que as competências citadas no quadro anterior não devam ser requeridas pelos profissionais da informação. 11 Após um determinado grau de competência informacional do bibliotecário, no que tange as tecnologias e processos dos documentos digitais, esse recorrerá no desenvolver de suas atividades ao auxílio de profissionais de sua instituição que de alguma forma estejam ligados à área em que esta biblioteca prestará serviços de informação, (no estudo aqui em questão são os profissionais e pesquisadores das áreas de Geociências), para que assim se possa construir um projeto de biblioteca digital viável de ser aplicado segundo padrões técnicos para atender com qualidade uma comunidade ou conjunto de comunidades de usuários. No tópico seguinte discutiremos quais aspectos devem ser avaliados pelo bibliotecário gestor ao analisar a dimensão socioeconômica da informação nas bibliotecas digitais, e ainda, como este profissional poderá mencionar os recursos a serem obtidos por uma determinada instituição, no sentido de manter serviços de informação com qualidade ao disponibilizar as coleções desta biblioteca em acesso livre. 11 Competência informacional – “Pode ser expressa pelo ciclo informacional que identifica todas as fases do trabalho com informação (coleta, processamento, uso e distribuição da informação), com as tecnologias da informação e com os contextos informacionais. É uma competência que perpassa processos de negócios, processos gerenciais e processos técnicos”. (MIRANDA, 2004 apud SANTOS; TOLFO, 2006, p. 74). PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 31. 30 2.5 ASPECTOS IMPORTANTES NA CONSTRUÇÃO DE UMA BIBLIOTECA DIGITAL DE ACESSO LIVRE O aspecto social deve ser a essência para a criação de qualquer biblioteca ou unidade de informação, e é essa demanda de informação por uma comunidade de usuários de uma instituição, ou grupo social, de caráter público ou privado que influenciará o desenvolvimento de um projeto para a disponibilização de documentos numa biblioteca digital. O bibliotecário neste processo deve estar ciente da dimensão que o documento em formato digital compreende na sociedade do conhecimento, as barreiras econômicas, sociais e tecnológicas desse processo, e ainda o impacto social da informação na sociedade em rede. Antes mesmo de dimensionar os benefícios que uma comunidade de usuários desfrutará ao ter acesso livre à informação por meio de uma biblioteca digital, o profissional da informação deverá também analisar se realmente esta comunidade necessita desta biblioteca digital, isso só será possível após a elaboração de um estudo da comunidade de usuários reais e potenciais, público alvo a ser atendido por essa biblioteca. Isto é necessário por que a biblioteca digital demanda de elevados custos para manutenção de seus serviços. Nesse sentido é importante esclarecer que a existência ou não de uma biblioteca digital não necessariamente implicará na falência das bibliotecas e outras unidades de informações tradicionais, mas é importante relatar quais são as novas perspectivas de acesso e uso que os conteúdos digitais originam neste contexto. É interessante denotar também que ainda hoje muitos dos documentos produzidos podem ser obtidos de maneira eficaz mesmo numa biblioteca tradicional, através da cooperação entre bibliotecas e outros serviços de informação, como o COMUT12, ou até mesmo, na aquisição de provedores de conteúdos que disponibilizam diversas fontes de informação com valores bem mais acessíveis, o que também não elimina a futura necessidade de criação de uma biblioteca digital por uma instituição. Após constatar que a comunidade em questão necessita dessa biblioteca digital, inicialmente o profissional bibliotecário deve apresentar a direção da organização/ instituição 12 COMUT - Programa de Comutação Bibliográfica - permite a obtenção de cópias de documentos técnico- científicos disponíveis nos acervos das principais bibliotecas brasileiras e em serviços de informação internacionais. Entre os documentos acessíveis, encontram–se periódicos, teses, anais de congressos, relatórios técnicos e partes de documentos (IBICT, 2005). PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 32. 31 a qual oferece serviços de informação um projeto detalhado, formalizando de forma estruturada e clara um documento com o planejamento das atividades que serão realizadas, assim como a viabilidade dos custos de implantação e manutenção desse novo serviço. Segundo Tammaro e Salarelli (2008, p.130) “as bibliotecas digitais dependem grandemente de uma série de tecnologias, como os equipamentos, as redes de banda larga e alta velocidade, os sistemas de segurança e, sobretudo os padrões de interoperabilidade”. Sobre os fatores críticos que devem ser analisados pelo bibliotecário num projeto de biblioteca digital Lynch apud Tammaro e Salarelli (2008, p.133) relata que se deve: • planejar sua sustentabilidade no tempo; • deixar claro quem tem a responsabilidade pelo controle e quem tem a responsabilidade pela gestão; • concentrar-se na clientela alvo. Assim que o bibliotecário gestor visualizar os aspectos descritos acima, poder-se-á a partir daí mensurar os prováveis benefícios que a comunidade de usuários desfrutará após a implantação desta biblioteca digital. Tratando-se dos benefícios que a utilização de uma biblioteca digital propicia aos seus usuários Arms apud Tammaro e Salarelli (2008, p.131, 132) apontam alguns pontos consideráveis: • informação entregue diretamente aos usuários: ao invés de ir à biblioteca, os usuários, de qualquer lugar e a qualquer hora, podem ter acesso à biblioteca; • melhoramento da pesquisa: as bibliotecas digitais representam um notável aperfeiçoamento dos sistemas de buscas em bases de dados, possibilitando pesquisas integradas e tornando disponíveis serviços em rede, como a possibilidade de navegação entre diversas coleções e a personalização das interfaces; • melhor colaboração: as bibliotecas digitais podem favorecer a colaboração entre usuários, por exemplo, compartilhando os mesmos recursos digitais e criando outros de forma cooperativa; • atualização das informações: as bibliotecas digitais estão sempre atualizadas. O tempo para publicação é muitas vezes longo, mas a biblioteca digital, em compensação, pode incluir rapidamente os recursos na coleção. • melhor uso das informações: ampliação do número de usuários potenciais e também reutilização e personalização dos recursos com relação a diferentes faixas de usuários com diferentes níveis de idade e competência; PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 33. 32 • diminui o fosso digital: as bibliotecas digitais, ao diminuir os limites tradicionais das bibliotecas em matéria de tempo, espaço e cultura, podem ajudar a reduzir a distância que dificulta o acesso à informação. (destaque em itálico do autor). Neste momento, constata-se que não haveria sentido da criação de bibliotecas digitais se estas não fossem disponibilizadas com todo o seu conteúdo informacional disposto para acesso livre em rede. Sendo assim o bibliotecário deve estar consciente de quanto o usuário de sua biblioteca digital poderá aproveitar ao utilizar esse serviço, não se colocando omisso no sentido de não dispor de todo o potencial tecnológico localizado nesta biblioteca para alcançar seu público-alvo. Deve-se considerar também que a biblioteca digital se bem gerida futuramente poderá introduzir novos usuários e dependendo da qualidade de seus serviços, esta biblioteca terá que futuramente revisar sua capacidade de crescimento e inclusão de novas ferramentas tecnológicas para manter sua interoperabilidade e acesso aos novos suportes de informação a serem criados. Ferreira e Amaral (2004, p.1) comentam ainda que, As bibliotecas, uma vez inseridas na rede, não estão mais delimitadas a um espaço físico determinado, e seu acervo, bem como os produtos e serviços por elas disponibilizados, passam estar universalmente expostos. Seu plano de atuação é expandido, uma vez que pode ser acessada a qualquer momento, por qualquer pessoa, localizada em qualquer parte do mundo. Uma biblioteca digital que deseja disponibilizar as suas coleções com acesso livre e gratuito na rede deverá conter os seguintes componentes como base para o seu funcionamento: PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 34. 33 Coleção/conteúdo Recursos humanos Equipe multidisciplinar Capacitação Padronização Metadados MARC Formato do arquivo digital Padrão de digitalização Tecnologia Hardware Software Livre Proprietário Flexibilidade de desenvolvimento Facilidade de gerenciamento da coleção digital Linguagem de programação Utilização de protocolos de comunicação para importação e exportação de dados Digitalização Garantia de direito autoral Preservação do documento digital Quadro 2: Componentes necessários para o funcionamento de uma biblioteca digital. Fonte: Vicentini (2005, p. 246). Um outro aspecto mostrado no quadro anterior referente à gestão de tecnologias de 13 informação, está na possibilidade de se utilizar um software livre que pode ser interessante para reduzir os custos de implantação e manutenção dessa biblioteca digital, mas é importante analisar se haverá um profissional que domine o sistema e que ainda tenha disponibilidade 13 Software livre - ou Free Software, “conforme a definição de software livre criada pela Free Software Fundation, é o software que pode ser usado, copiado, estudado, modificado e redistribuído sem restrição. A forma usual de um software ser distribuído livremente é sendo acompanhado por uma licença de software livre (como a GPL ou a BSD), e com a disponibilização do seu código-fonte”. (CAMPOS, 2006). PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 35. 34 para oferecer suporte técnico quando for necessário, caso isso não seja possível à utilização de softwares proprietários apesar de representar custos maiores, garantem certa segurança para o funcionamento dessa biblioteca, pois na maioria das ocasiões seus fornecedores oferecem suporte especializado, treinamento e possibilidade de atualizações e personalização de suas ferramentas. Ainda cabe ressaltar a importância da integração e interoperabilidade das informações que farão parte desta coleção digital, pois é através delas que será possível uma organização coerente dos dados por meio de protocolos compatíveis para discrição de registros digitais, pois estes permitirão o compartilhamento de dados desta biblioteca, de maneira que facilite a captura e a recuperação dos documentos na rede, na maioria dos casos utiliza-se de protocolos que permitam a busca por metadados14. Os protocolos e normas de importação e exportação de dados mais utilizados segundo Vicentini (2005, p. 247) são: • Protocolo Z39.50 ou versões mais novas; • Protocolo OAI – Open Archives; • extração e importação de dados em XML; • extração e importação de dados ISO2709; • formato de descrição MARC e suas variações. Sabendo-se que as ferramentas tecnológicas não são estanques e que novos padrões de registro de dados para documentos digitais continuam a ser desenvolvidos não se pretende neste trabalho especificar cada um dos padrões citados acima, mas é interessante que o profissional gestor de documentos digitais tome conhecimento desses padrões e acompanhe suas mudanças para não correr o risco de manter uma biblioteca digital desatualizada e incompatível para o registro de novos documentos digitais. Estes padrões não existem por acaso mais foram desenvolvidos por diversas entidades internacionais para permitir o acesso sem restrições de compatibilidade de dados dos conteúdos disponíveis nos acervos digitais. 14 Metadados - Elementos de descrição/definição/avaliação de recursos informacionais armazenados em sistemas computadorizados, organizados por padrões específicos, de forma estruturada. (TOUTAIN, 2005, p.19). PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 36. 35 Buscando-se facilitar cada vez mais o acesso a biblioteca digital é que o bibliotecário deve estar ciente que as ferramentas disponíveis devem construir um ambiente virtual organizado, com uma interface amigável para o usuário, dispondo de uma navegabilidade que permita a recuperação da informação no menor tempo possível, e é neste sentido que se deve buscar utilizar as ferramentas que a arquitetura da informação nos apresenta. Vicentini (2005, p. 251 apud STARIOTO, 2002) conceitua arquitetura da informação como: […] refere-se ao desenho das informações; como texto, imagens e sons são apresentados na tela do computador, a classificação dessas informações em agrupamentos de acordo com os objetivos do site e das necessidades do usuário, bem como a construção de estrutura de navegação e de busca de informações, isto é os caminhos que o usuário poderá percorrer para chegar até a informação. Neste sentido Davenport (1998), mostra que ao conduzir o usuário ao local onde os dados se encontram, a possibilidade desses serem utilizados de maneira eficiente melhora muito, pois a informação já obtida pode ser mais facilmente reutilizada. Assim como já foi citado no capitulo anterior, a aplicação da arquitetura da informação ajudará bastante o profissional da informação a guiar o usuário aos conteúdos disponíveis na biblioteca digital, tornando o bibliotecário competente para gerir esse espaço interativo na web (usuário - bibliotecário – documentos digitais), o que confirma outra vez sua função de mediador da informação no ambiente digital. Um aprendizado contínuo das novas tecnologias deve ser característica essencial para o profissional que deseja estar preparado para organizar logicamente esse ambiente virtual, pois essa atitude influenciará diretamente na qualidade da disponibilização do acervo e recuperação por parte dos usuários. O domínio das ferramentas do sistema deve ser avaliado periodicamente por meio de treinamentos, capacitação, e atualização das ferramentas de navegação no sistema. Outros aspectos como a digitalização, formatos e compatibilidades de documentos com os diversos softwares, a segurança da informação digital, a preservação digital assim como as questões de direitos autorais da informação na web devem estar bem claros na mente do profissional da informação, e todas elas de alguma maneira contribuirão negativa ou positivamente para que uma biblioteca digital quando implantada seja realmente útil e ofereça PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 37. 36 serviços de qualidade aos seus usuários. No capítulo seguinte discutiremos alguns tópicos que dão embasamento ao movimento que busca o acesso livre à informação, e como as bibliotecas digitais participam desse processo. PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 38. 37 3 MOVIMENTO DE ACESSO LIVRE À INFORMAÇÂO CIENTÍFICA Desde os primeiros suportes onde a informação era registrada até as novas concepções de documentos digitais na web, as sociedades conseguiram evoluir graças ao desenvolvimento de tecnologias e o intercâmbio das informações produzidas. As bibliotecas tradicionais contribuíram e muito para esse processo, mas houve um momento que só a informação impressa não atendia a enorme demanda de acesso em que a explosão informacional causou com o desenvolver das novas tecnologias de informação e comunicação, e foi neste momento que o documento digital passou a ser utilizado, devido a sua facilidade de modificação, transmissão e reprodução através dos mais diversos formatos. A preservação, organização, disseminação para facilitar o acesso e uso das fontes de informações produzidas são funções primordiais de uma biblioteca na sociedade da informação. As bibliotecas digitais não fogem dessa vertente pelo contrário otimizam o tempo de transmissão da informação quando reorganizam os processos de pesquisa e aprendizagem na rede garantindo dessa maneira a recuperação consistente da informação disposta em documentos digitais. A questão se problematiza quando o documento digital ou digitalizado é equiparado a um documento produzido no formato analógico, e é nesse momento que a biblioteca e o profissional bibliotecário se deparam simultaneamente com as barreiras ligadas à preservação e digitalização deste documento para o acesso e uso para um número maior de usuários e a respeitabilidade do direito autoral ligado à veiculação e cópia de uma obra produzida independente do suporte. Cabe ressaltar que as noções de direitos autorais das obras produzidas na maioria das vezes direcionam essa discussão à esfera econômica, como o copyright 15e outros registros de criação e propriedade intelectual, repercutindo numa retribuição de certo valor monetário 'royalty’ para o autor da obra. A ideia cada vez mais visível comentada por Toffler (1990) que a tecnicização, a 15 Copyright – “O copyright é um tipo de proteção prevista na lei EE.UU (Art. 17, Código EE.UU) para os criadores de “obras originais do autor”, tais como obras literárias, teatrais, musicais, artísticos e de outras obras intelectuais. Esta proteção está disponível tanto para obras públicas para os quais não são.” (Copyright, 2008, p.1).(tradução nossa). PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 39. 38 informatização e a globalização da sociedade colocam o conhecimento em posição privilegiada como fonte de valor e de poder não é uma simples filosofia de dominação, mas é a necessidade de se manter uma indústria cultural do saber científico, que transforma o conglomerado de informações e documentos produzidos num produto comercial necessário e indispensável para o desenvolvimento social e econômico das nações. Não é uma questão ligada ao reconhecimento ou não do autor que produziu certo documento ou obra intelectual, pois seus direitos de autoria continuam sendo respeitados, mas refere-se à possibilidade de colocar esse documento produzido disponível para todos que de alguma maneira necessitam acessá-los, independente das barreiras geográficas e econômicas. O custo para se ter acesso à informação e a produção intelectual como um todo, ainda hoje (Século XXI), é muito elevado, isso se dá pela intermediação das editoras e produtoras de informação que de certa maneira ao comercializar esses documentos ficam com a maior parte dos lucros dessa produção. Poucos autores no mundo acadêmico dispõem de recursos para publicarem suas descobertas científicas em uma editora de renome internacional, e quando isso acontece pouco ou nada se tem de lucro. Percebe-se então que o direito de se ter acesso livre à informação é uma necessidade básica da sociedade, pois é através dela que as perspectivas sociais podem ser modificadas e o desenvolvimento dos países se torna realidade através do intercâmbio de saberes e tecnologias. O acesso aberto nesse contexto significa a disponibilização livre pública na Internet, de forma a permitir a qualquer usuário a leitura, download, cópia, distribuição, impressão, busca ou criação de links para os textos completos dos artigos, bem como capturá-los para indexação ou utilizá-los para qualquer outro propósito legal. O pressuposto de apoio ao acesso aberto requer que não haja barreiras financeiras, legais ou técnicas, além daquelas próprias do acesso à Internet. A única restrição à reprodução e distribuição e a única função do copyright neste contexto devem ser o controle dos autores sobre a integridade de sua obra e o direito de serem adequadamente reconhecidos e citados (LEITE, 2009 p. 15 apud BUDAPEST OPEN ACCESS INITIATIVE, 2001). A ideia citada anteriormente abrange muito mais que o acesso livre a produção científica, organizada por pares e institutos de ciência e tecnologia, mas incorpora todos os tipos de documentos existentes na sociedade estejam eles em meio digital ou analógico, mantido por instituições tanto de cunho público ou privado que de alguma forma sejam de PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 40. 39 interesse coletivo. É importante ressaltar que a produção científica e tecnológica das universidades e institutos de incentivo a pesquisas em sua maioria recebem investimentos da esfera pública para desenvolver suas atividades, o que mais uma vez caracteriza a informação produzida nessas instituições como patrimônio público e por isso são dignas de acesso livre pela sociedade que diretamente custeia esses projetos. Nesse sentido foram criados diversos movimentos internacionais (Anexo A) para garantir o acesso livre à informação produzida, principalmente nas áreas de ciência e tecnologia, e nas demais áreas ligadas ao acesso e uso ao conhecimento. (BOMFÁ et al, 2008, p. 311-312). Ainda sobre as origens dessa luta pelo acesso livre à informação cientifica, Targino (2007, p. 100) comenta que, O movimento mundial pelo acesso livre à informação, envolve quatro segmentos essenciais à produção e à disseminação da informação científica, quais sejam, a própria comunidade científica, as instituições acadêmicas, as agências de financiamento e/ou fomento e as editoras (comerciais ou universitárias). O movimento surgiu em razão das dificuldades de acesso encontradas pela comunidade científica no modelo tradicional de publicação. Modelo este, fundamentado nas revistas científicas impressas, cuja aquisição, preparação técnica, armazenagem e recuperação das informações científicas, correspondem a custos elevados. Através do acesso livre os resultados das pesquisas são disseminados de forma mais rápida, aumentando a sua visibilidade, o seu uso e impacto junto à comunidade científica. Além disso, com a criação dos repositórios institucionais de acesso livre por parte das universidades e instituições de pesquisa, expandem-se as fontes de informação disponíveis. No Brasil é interessante ressaltar a participação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT, órgão subordinado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, no movimento para o acesso livre à informação. Esta entidade incentivou de maneira importante a publicação da produção científica nacional na Internet no sentido de reduzir as disparidades digitais e sociais que de alguma maneira delimitavam o acesso à informação no país. PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 41. 40 Desde o início dos anos 1990, o IBICT passou também a customizar softwares de acesso livre para produção de revistas, repositórios e bibliotecas, também treinou técnicos de universidades e institutos de pesquisas e distribuiu, por meio de editais públicos, kits tecnológicos para viabilizar a implantação de bibliotecas digitais de teses e dissertações nessas instituições (IBICT, 2009). A Biblioteca de Digital de Teses e Dissertações mantida pela IBICT é a segunda maior biblioteca digital de teses e dissertações do mundo, um repositório que promoveu mudanças significantes na disseminação da produção científica das universidades brasileiras (BDTD, On-line). Outra iniciativa muito importante foi à criação do Portal de Acesso Livre da CAPES, que disponibiliza livros, periódicos com textos completos, bases de dados referenciais com resumos, patentes, teses e dissertações, estatísticas e outras publicações de acesso gratuito na Internet, selecionados pelo nível acadêmico, mantidos por importantes instituições científicas e profissionais e por organismos governamentais e internacionais. É interessante denotar a participação ativa do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT nas ações citadas anteriormente, fornecendo incentivos para o desenvolvimento de pesquisas em ciência e tecnologia no país, o que diretamente influenciou a criação de diversos repositórios institucionais em outras entidades da esfera pública, permitindo dessa maneira um intercâmbio das pesquisas desenvolvidas nas mais diversas áreas do conhecimento. Analisando esse contexto na realidade brasileira será explanado a seguir o exemplo da CPRM – Serviço Geológico do Brasil. PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 42. 41 4 CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL: INFORMAÇÕES GEOCIENTÍFICAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 4.1 HISTÓRIA E MISSÃO A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) é uma empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, que tem as atribuições de Serviço Geológico do Brasil. Sua missão é: "Gerar e difundir o conhecimento geológico e hidrológico básico necessário para o desenvolvimento sustentável do Brasil". O Decreto-Lei n. 764, de 15 de agosto de 1969 autorizou a constituição da CPRM, que teve seu primeiro estatuto aprovado pelo Decreto n. 65.058, de 13 de janeiro de 1970, iniciando suas atividades em 30 de janeiro de 1970. Em 28 de dezembro de 1994, pela Lei no. 8970, a CPRM passa a ser uma empresa pública, com funções de Serviço Geológico do Brasil, sendo seu estatuto aprovado pelo Decreto, 1524, de 20 de junho de 1995. (CPRM, on- line). Entre as áreas de atuação da empresa encontram-se: • Levantamento Geológico; • Levantamento Geofísico; • Levantamento Geoquímico; • Levantamento Hidrológico; • Levantamento Hidrogeológico; • Levantamento de Informações para Gestão Territorial; • Gestão e Divulgação de Informações Geológicas e Hidrológicas. Todas estas áreas de atuação da CPRM são de extrema importância para o país, nutrindo-o de informações geocientíficas necessárias para o seu desenvolvimento sustentável. Por receber status de Serviço Geológico a CPRM é responsável por atender uma gama de projetos do Estado, colocando a geologia brasileira como instrumento para subsidiar políticas públicas em todas as esferas que necessitam de informações geocientíficas. PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 43. 42 4.2 PROGRAMAS DESENVOLVIDOS PELA CPRM A geologia e demais atividades fins da CPRM - Serviço Geológico do Brasil, são desenvolvidas no contexto do Programa Geologia do Brasil, compreendendo fundamentalmente, atividades de levantamento de dados geológicos, pesquisa e estudos técnico-científicos executados nas seguintes áreas: Geologia básica, Geofísica, Geoquímica, Paleontologia, Geologia Marinha, Sensoriamento Remoto e Geocronologia. As ações desenvolvidas pelo Serviço Geológico do Brasil no âmbito dos Recursos Minerais englobam atividades de geologia econômica, prospecção e economia mineral, tendo como meta principal o levantamento de informações geológicas que permitam caracterizar o potencial econômico de ocorrências, depósitos, distritos e províncias minerais do Brasil, além de promover o conhecimento sobre a gênese de depósitos já conhecidos. Nas áreas de Hidrologia são realizados os seguintes programas: • Programa Recursos Hídricos Superficiais Monitoramento de Redes Hidrológicas: implantação e operação de redes hidrometeorológicas, telemétricas, de qualidade de água e sedimentométricas bem como monitoramento de níveis em açudes. Opera a rede hidrometeorológica nacional constituída de cerca de 2.500 estações, sendo 200 telemétricas via satélite. Além da coleta, consiste e armazena cerca de 240.000 dados hidrológicos anuais. Previsão e Alerta de Enchentes e Inundações: implantação e operação de Sistemas de Previsão de Níveis e Alerta Hidrológico. Atuação nas previsões de níveis da cidade de Manaus e Pantanal Matogrogressense, e Alerta Hidrológico na Bacia do Rio Doce. • Programa Recursos Hídricos Subterrâneos Cadastramento, Recuperação, Revitalização e Instalação de Poços: este programa realiza o cadastramento de poços e de usuários de água, bem como a revitalização e instalação de poços. Estudos, Levantamento e Cartografia Hidrogeológica: consiste no desenvolvimento de pesquisa e estudos hidrogeológicos, bem como elaboração de mapas hidrogeológicos em ambiente SIG. Realizam-se pesquisas em pequenas bacias sedimentares interiores no semi- PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 44. 43 árido brasileiro e a elaboração de estudos e mapas hidrogeológicos no Estado do Rio Grande do Sul, no Vale do Jequitinhonha e na Borda Sudeste da Parnaíba. Sistema de Informações de Águas Subterrâneas - SIAGAS: apresenta mecanismos que facilitam a coleta, consistência e armazenamento de dados hidrogeológicos, e sua difusão junto aos órgãos gestores e usuários de hidrogeologia. Atualmente encontra-se cadastrado no Sistema 102.000 poços e já se encontra em implantação do produto em 10 órgãos gestores estaduais. Nas áreas de Gestão Territorial podemos destacar os projetos: • Geoecoturismo Uma das linhas de atuação do SGB-CPRM tem sido a caracterização física de regiões de interesse geoecoturístico, tendo como objetivo principal disseminar o conhecimento básico de geologia, informações geoambientais, geo-históricas e sobre o patrimônio mineiro entre as comunidades, profissionais e cidadãos em geral, assim como incrementar os potenciais turísticos das regiões, criando novos roteiros de visitação. • Riscos Geológicos e Desastres Naturais Esta linha de ação tem sido abordada nos últimos anos pelo Serviço Geológico do Brasil em razão do histórico de ocorrências de acidentes resultantes dos processos naturais somados às intervenções antrópicas no meio ambiente. Tal ação tem por objetivo identificar, caracterizar e orientar a tomada de decisões para a redução dos danos resultantes desses processos, principalmente dos escorregamentos, erosões diversas, assoreamento e inundações, que muitas vezes causam a perda de vidas humanas, e danos materiais. Decorre também da necessidade de incrementar o conhecimento desses processos destrutivos atuantes por parte dos órgãos gestores em nosso território, de modo a orientar a tomada de decisões relativas a cada um dos casos citados, podendo ainda tais decisões serem acompanhadas de intervenções estruturais, planejamento urbano, educação ambiental, implantação de sistemas de alerta, entre outros. • Zoneamento Ecológico-Econômico PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 45. 44 Esta linha de ação consiste num instrumento de planejamento que gera indicadores sobre as potencialidades e fragilidades dos meios físico, biótico e socioeconômico capazes de subsidiar a tomada de decisões nos diferentes níveis hierárquicos do aparelho governamental, com vistas a viabilizar o desenvolvimento sustentável e harmônico do território brasileiro. Esses estudos apontam soluções e propostas para a implementação de um planejamento territorial adequado, visando otimizar o grau de integração regional nos níveis externo (entre o Brasil e os países vizinhos) e interno. Propicia aos órgãos estaduais de planejamento a delimitação de zonas destinadas à preservação ambiental ou à recuperação das áreas degradadas pela ação humana ou por processos naturais, bem como aquelas direcionadas ao fortalecimento e incentivo ao desenvolvimento sustentável do território nacional. A maior parte dos produtos gerados pelos projetos acima já estão disponíveis para consulta e download na Internet no sitio da CPRM (ver anexo C) ou na Biblioteca Digital Acesso Livre disponível no mesmo endereço, e os demais documentos podem ser consultados também na Rede de Bibliotecas da CPRM. 4.3 ACESSO LIVRE: A BIBLIOTECA DIGITAL DA CPRM Dentre os muitos projetos realizados para o acesso livre à informação, destaca-se neste estudo o desenvolvido pela Rede de Bibliotecas da CPRM - Serviço Geológico do Brasil, que entendendo as dificuldades que seus usuários tinham para ter acesso rápido a sua documentação institucional e a carência por informações brasileiras na área de Geociências se criou a proposta de construir uma biblioteca digital para melhor atender essa comunidade, a biblioteca Acesso Livre. Através da Biblioteca Acesso Livre foi possível a preservação do conhecimento produzido pela instituição em seus 40 anos de existência, por meio de uma política de digitalização de documentos que permitiu a disponibilização desses conteúdos em acesso livre através do sitio da CPRM na Internet. A possibilidade de qualquer pesquisador ter acesso a diversas coleções digitais da CPRM sem ter que se locomover a uma das doze unidades da Rede de Bibliotecas localizadas em Estados distintos do Brasil é um avanço considerável para o desenvolvimento de novas pesquisas e ainda para o compartilhamento de informações geocientíficas ligadas às PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 46. 45 atividades o Setor de Geociências e Tecnologia Mineral no Brasil (ver anexo B). A partir do referencial teórico apresentado sobre as questões que permeiam a utilização de bibliotecas digitais e suas ferramentas tecnológicas para promover o acesso livre à informação busca-se aqui avaliar através da pesquisa realizada como se dá a disseminação das coleções digitais pelos bibliotecários da Rede de Bibliotecas da CPRM e verificar as competências desses profissionais para utilizar esta ferramenta e mediar à informação aos usuários na biblioteca digital Acesso Livre. PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com
  • 47. 46 5 METODOLOGIA A motivação para a realização dessa pesquisa se deu ao analisar certa lacuna na literatura brasileira na área de Ciência da Informação sobre a mediação da informação nas bibliotecas digitais, e ainda sobre a disseminação das informações geocientíficas, temas estes que recorrem a outros assuntos correlatos às questões de acesso e usoda informação no ambiente virtual, relacionando-se também à gestão de novas tecnologias da informação e comunicação. A utilização da biblioteca digital Acesso Livre pelos bibliotecários da CPRM como suporte a disseminação da informação institucional, modificou a rotina da organização e ainda o processo de mediação da informação, agora dispostos também através de documentos digitais, sendo este o motivo pelo qual se deu esta pesquisa. Outro aspecto decisivo para realizar este trabalho foi à oportunidade de aproximação com objeto de estudo ao realizar atividades de estágio supervisionado na biblioteca da CPRM, Superintendência Regional de Salvador, no período de setembro de 2009 até junho de 2010, o que de certa maneira proporcionou a conclusão desta pesquisa. Trata-se de uma pesquisa exploratória, pois tem com objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, e dá suporte a temas de grande complexidade social, se utilizando a estratégia metodológica de estudo de caso, a qual permite compreender um recorte da realidade, podendo-se então abranger uma analise multidisciplinar de pesquisa dentro de uma totalidade observada. O objeto de pesquisa aqui observado corresponde à avaliação da competência informacional do profissional bibliotecário ao ser responsável pela disseminação e mediação da informação aos usuários da biblioteca digital Acesso Livre, mantida pela CPRM - Serviço Geológico do Brasil. 5.1 PROBLEMA A pesquisa parte da necessidade de um estudo aprofundado sobre a disseminação dos documentos digitais disponíveis em uma biblioteca digital na área de Geociências, devido aos diversos tipos de informações que a mesma contempla, e a dificuldade no tratamento e mediação da informação dessas coleções para os usuários. PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com