6. Introdução.
Na lição de hoje vamos estudar acerca da
qualidade relacional da igreja nos diversos
níveis de interação entre pessoas geradas pela
Palavra. Veremos a Epístola de Tiago
apontando as distorções sociais que podem
existir em um ambiente eclesiástico ou de
convivência entre irmãos. A nossa perspectiva
é a de que possamos nos relacionar com o
outro independente da sua condição
econômica e social. Ligados, sobretudo, pelo
Evangelho.
7.
8. 1. Os pobres na Igreja do primeiro século.
Do ponto de vista social, a pobreza exclui o ser
humano dos direitos básicos necessários à sua
subsistência. Não é difícil reconhecer que a
Igreja do primeiro século era constituída por
duas classes sociais: a dos pobres e a dos ricos,
tendo evidentemente mais pobres em sua
composição. Uma vez que não podemos fazer
acepção de pessoas (Rm 2.11; Cl 3.11), os
pobres daquela época, que foram gerados
pela Palavra e inseridos no corpo de Cristo - a
Igreja - tinham motivos de alegrar-se no
Senhor, pois além do novo nascimento, eles
eram acolhidos pela igreja local (Gl 2.10).
9.
10. 2. Os ricos na Igreja Antiga.
Por vezes, os ricos são identificados na Bíblia como judeus
proprietários de muitos bens e que negligenciavam as
obrigações que pesam sobre os que desfrutam de tal condição
(Lv 19.10; 23.22,35-55; Dt 15.1-18; Is 1.15-17; Mq 6.9-16; 1 Tm 6.9,17-
19). Por cuja razão, e pelas suas atitudes, eles eram
frequentemente repreendidos pelas Escrituras (Am 3.10; Pv 11.28;
1 Tm 6.17-19; Lc 6.24; 18.24,25). Os ricos e abastados têm a
tendência a desenvolverem a arrogância, a autossuficiência e
a postura de senhores poderosos, que pensam poder comprar
as pessoas a qualquer preço. As Escrituras são claras em afirmar
que o Reino de Deus não pode ser comprado por dinheiro
algum. É possível o irmão rico ser gerado pela Palavra e tornar-
se um filho de Deus? Sim, claro (Lc 18.25-26). Porém, ele pode
encontrar maior dificuldade para desprender-se de suas
riquezas (Mt 19.23-26, cf. v.11). É imprescindível que os mais
abastados compreendam que após entregarem-se a Cristo,
obedecerão ao mesmo Evangelho a que os irmãos pobres
submetem-se. Aqui, torna-se ainda mais clara a verdade bíblica:
para Deus não há acepção de pessoas (Rm 2.11; Cl 3.11).
11.
12. 3. Perante Deus, pobres e ricos são iguais.
A igreja local deve receber a todos no espírito do
Evangelho, isto é, como membros da família de Deus,
pois através da salvação em Cristo,
independentemente da condição social, todos têm a
Deus como Pai (Rm 8.14), e a Jesus como irmão (Lc
8.21). Somos coerdeiros, juntamente com Cristo, de
uma herança eterna (1 Pe 1.4), pertencentes à santa
família de Deus (Ef 2.19) e cidadãos de um reino
imutável (Hb 12.28). Na família de Deus há lugar para
todo ser humano justificado por Cristo. Portanto, o
irmão pobre e o irmão rico não devem se
envergonhar de suas condições sociais. Se o
Evangelho alcançou seus corações, o rico saberá
biblicamente o que fazer com a sua riqueza. E o
pobre, de igual forma, como viverá sua pobreza. O
importante é que Cristo em tudo seja exaltado!
13.
14.
15.
16. 1. Não erreis (v.16).
Com essa advertência o meio-irmão do
Senhor não está afirmando a doutrina da
"santidade plena" ou perfeccionista: a de que
o homem, uma vez remido, não mais pecará.
Tal palavra tem como propósito conclamar o
crente a não dar ouvidos à "voz" da
concupiscência carnal. Recapitulando a
mensagem dos versículos 12 a 15, que tratam
do tema da tentação, os versículos 9 a 11
formam uma introdução ao tema da
tentação, ao passo o que versículo 16 é uma
advertência para os crentes não se curvarem
aos desejos imorais e infames do mundo, pois
Deus é a fonte de tudo o que é bom. Logo,
não podemos dar crédito àquilo que é mau.
17.
18. 2. Todo dom e boa dádiva vêm de Deus.
Um dom de Deus, como a sabedoria que
torna uma pessoa espiritualmente madura
(v.4), não pode ser recebido pelo crente
através de esforço humano. Quem o distribui
é Deus. Este dom é fruto da graça do Pai
para nós. Num tempo onde o ascetismo
religioso tende a tirar o foco da glória de
Deus e da sua benignidade, tornando o ser
humano "digno" do céu, precisamos lembrar
que a nossa vida espiritual não depende de
disciplinas humanas para receber dádivas de
Deus. Depende de um relacionamento livre,
espontâneo e sincero com o Pai das Luzes
mediante o seu Filho, Jesus Cristo, e na força
do Espírito Santo.
19.
20. 3. A origem de tudo o que é bom está no Pai das
Luzes.
Ao escrever que "toda boa dádiva e todo dom
perfeito vêm do alto", Tiago declara que apenas
as boas virtudes vêm de Deus. Não há sombra de
variação no Pai das Luzes, isto é, nEle não há
momentos de trevas e outros de luzes. Só há luz.
Ele não muda e é bom! Não faz o mal aos seus
filhos (Lc 11.11-13). Infelizmente, muitos têm uma
visão turva de Deus como se Ele fosse um
carrasco pronto a castigar-nos na primeira
oportunidade. Não devemos falar sobre o Pai
desta maneira, lembremo-nos do ensinamento
joanino que fala sobre sermos defendidos e
advogados por Jesus, o Filho de Deus (1 Jo
2.1,2).
21.
22.
23.
24. 1. Algo que somente Deus faz.
A regeneração é um milagre proveniente do
Pai das Luzes, segundo a sua vontade (v.17).
Foi Ele que nos gerou pela Palavra da
Verdade. Ser gerado de novo é uma ação
realizada exclusivamente pelo Pai das Luzes
através do Santo Espírito. Ele limpa o homem
dos seus pecados (Is 1.18), dando-lhe perdão
e implantando-lhe um novo caráter. Aqui,
acontece o que o nosso Senhor falou aos
seus discípulos: "Se alguém me ama,
guardará a minha palavra, e meu Pai o
amará, e viremos para ele e faremos nele
morada" (Jo 14.23). O Pai é a fonte de nossa
vida espiritual (Jo 1.12,13).
25.
26. 2. A Palavra da verdade.
Naqueles dias, parte da igreja estava
dispersa, sofrendo muitas tribulações. Para
superá-las era preciso uma inabalável
convicção de que, apesar das lutas, ela não
havia deixado de ser as primícias do Senhor
entre as criaturas. Por esse motivo, Tiago
enfatiza a expressão "Palavra da Verdade".
Fomos gerados e enxertados pela Palavra
que salva a nossa alma (v.21). Assim, a
despeito de todas as circunstâncias difíceis da
vida, podemos aplicar essa verdade
afirmando que somos filhos de Deus, as
primícias entre as criaturas do Senhor.
27.
28. 3. O propósito de Deus.
A salvação é a maior bênção de Deus para a
humanidade. O propósito divino não é
primeiramente abençoar o crente com bênçãos
materiais, mas fazer dele primícias de suas
criaturas: os salvos pela graça mediante a fé (Ef
2.8). No Antigo Testamento, as primícias eram a
colheita do melhor fruto (Lv 23.10,11 cf. Êx 23.19;
Dt 18.4). Ao referir-se às primícias, Tiago dizia aos
primeiros irmãos, notadamente judeus, que eles
foram escolhidos como primícias do Evangelho.
Os primeiros de muitos outros que Deus havia
começado a colher. Alegre-se no Senhor! Você
faz parte das primícias da sua geração. Escolhido
por Deus e nomeado por Ele para proclamar as
virtudes do Senhor neste mundo.
29.
30.
31.
32. Conclusão
Inseridos no processo de aperfeiçoamento espiritual,
sofremos os mais diversos tipos de provações,
independentemente de nossa posição social, econômica e
cultural. Tais situações aperfeiçoam-nos e amadurecem-nos
como pessoas. Quando alguém é gerado pela Palavra da
Verdade, ele é chamado pelo Pai a viver o Evangelho em
fidelidade. Não podemos nos esquecer do nosso maior
desafio: fazer o Evangelho falar num mundo dominado por
relacionamentos distorcidos. Somo o Corpo de Cristo, a
Igreja de Deus: a coluna e firmeza da verdade (1 Tm 3.15)