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A Revista da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento. nº 04. maio de 2007   Edição Especial • KM Brasil 2006




                                                                                                    A Revista da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento. nº 04. maio de 2007




 ESPECIAL
SuMáRIo
                                                        Editorial       04

                                         Palavra da SBGC                05
                                                 Heitor José Pereira
                                                Presidente da SBGC


                  Palavras do Conselho Científico
                 A Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento
                                                                        08
                                  em relação aos diferentes setores
                                       Por Maria Terezinha Angeloni
                        Presidente do Conselho Científico da SBGC

                                          Mesa Redonda 2
            o processo de implantação da Gestão do Conhecimento:
                                                                        09
                                              barreiras e facilidades
      Por Luiz Carlos Valle Ramos / Roger Lahorgue Castagno Júnior

                                          Mesa Redonda 3
                              Tutorial: Construção coletiva do saber
                                                                        14
    Alavancando valor por meio de redes dinâmicas de conhecimento
                                                 Por Filipe Cassapo

                                      Tutorial: GC no KM Brasil 2006
                                       Por Maria de Lourdes Martins     17
                 Tutorial: Gestão do Conhecimento em organizações:
                      Proposta de mapeamento conceitual integrativo     20
                 Por Rivadávia Correa Drummond de Alvarenga Neto

                                          Mesa Redonda 5
                       A mesa de debates sobre gestão de projetos e
                                                                        24
                                Gestão de Conhecimento no GeCIC
                                  Por Alberto Sulaiman Sade Júnior

                                          Mesa Redonda 7                27
                            Inovação e conhecimento organizacional
                                         Por Ingrid Paola Stoeckicht

                                          Mesa Redonda 8
                            Dimensões da Gestão do Conhecimento
                                                                        30
                                       na Câmara dos Deputados
                                Por Cássia Regina o. M. Botelho e
                                                   Roberto Costa

                     Gestão pública na Sociedade do Conhecimento
                                             Por Marcos Cavalcanti      34
ESPECIAL
ExPEDIENTE




                                                                       Expediente
          uma publicação da:       Rivadávia Correa Drummond de
SBGC – Sociedade Brasileira de     Alvarenga Neto
     Gestão do Conhecimento        Roberto Pacheco
            www.sbgc.org.br        Rodrigo Baroni
                                   Serafim Firmo de Souza Ferraz
   Integrantes Permanentes do      Silvio Aparecido dos Santos
  Conselho Científico da SBGC      Sonisley Machado
                                   Walter Félix Cardoso Jr.

                   Presidente:




                                                                       03
      Maria Terezinha Angeloni     REVISTA GC BRASIL

                                   Editora-Chefe:
                                   Elisabeth Gomes
 Alberto Sulaiman Sade Júnior
         Aline França de Abreu     Produção Executiva:
           Carlos olavo Quandt     Maria de Lourdes Martins
                Chu Shao Yong
                                   Supervisor Editorial:
                Eduardo Moresi     Anderson Fagundes de Paula
     Faimara do Rocio Strauhs
Fernando Antônio Ribeiro Serra     Jornalista Responsável:
     Hélio Gomes de Carvalho       Cristiano Pio MG 09315 JP
                Gilson Schwartz    Revisão:
          Guilherme Ary Plonski    Cristiano Pio e
       Helena Pereira da Silva     Anderson Fagundes de Paula
                   Helena Tonet
               João Amato Neto     Diagramação:
 Jorge Tadeu de Ramos Neves        Fator Um Comunicação e
          José Ângelo Gregolin     Eventos
                José Rodrigues     Edição de Imagens:
                 Kira Tarapanoff   Maria de Lourdes Martins e
    Marília M.R. Damiani Costa     Ana Mambrini
           Moacir de M. oliveria
Mônica Erichsen Nassif Borges      Design:
                                   Quinto Elemento
                Raquel Balceiro
             Resilda Rodrigues     Tecle conosco:
          Ricardo Roberto Behr     gcbrasil@sbgc.org.br




                                                                   ESPECIAL
Editorial




             EDIToRIAL
04




             Pode parecer estranho a alguns de vocês fazer uma revista sobre um evento que já
             aconteceu. Mas, se pensarmos que Gestão do Conhecimento preconiza compartilhar
             e registrar conhecimento para uso, o conteúdo desta revista está nesta linha: estamos
             registrando, no formato de artigos, o conhecimento compartilhado nas mesas redondas
             do KM BRASIL 2006. Esta revista é um número especial da GC Brasil e vai apresentar
             a vocês um resumo, na visão dos palestrantes, dos assuntos tratados nas mesas
             redondas do evento.

             A mesa 1 tratou da medição de ativos intangíveis e sustentabilidade; a mesa 2 tratou
             sobre o processo de implantação da Gestão do Conhecimento: barreiras e facilidades; A
             mesa 3 foi um tutorial - como implementar, contextualizar e focar a gestão na estratégia,
             conhecimento e retorno do investimento. Tivemos ainda a mesa 4 que abordou práticas
             de Gestão do Conhecimento no agronegócio; a mesa 5 sobre gestão de projetos e
             Gestão do Conhecimento; a mesa 6 teve como tema a educação e conhecimento: uma
             agenda para o Brasil; a mesa 7 discutiu inovação e conhecimento organizacional e,
             por último, a mesa 8 que nos apresentou discussões sobre Gestão do Conhecimento
             na Administração Pública. Algumas dessas mesas redondas não possuem artigos
             publicados aqui. A razão é simples: alguns autores não puderam enviar seus artigos
             por diversos motivos, mas nos prometeram que os enviarão até o final deste semestre
             e, então, neste caso, os publicaremos nos números regulares da GC Brasil. Portanto,
             não se preocupem: não ficaremos sem esses registros tão preciosos.

             Neste contexto esta revista foi organizada por mesa redonda de forma que os leitores
             possam escolher a ordem da leitura. Faço a vocês uma sugestão: leiam todos os
             artigos. Estão ótimos! Tratam seus temas de forma clara, o que nos faz refletir. Sendo
             assim, nada mais me resta para falar sobre este número especial, que não seja desejar
             BoA LEITuRA!




                                                              Elisabeth Gomes
                                                        Editora-Chefe da GC Brasil
                                                      Coordenadora de Conteúdo e
  ESPECIAL                                                   Publicações da SBGC
Heitor José Pereira
                                                                              Presidente da SBGC
                                                                                Gestão 2007-2009
                                                                             heitorrh@gmail.com




Nos anos de 2005 e 2006, a SBGC realizou vários eventos, de âmbito
nacional e regional, e, apesar de muitas dificuldades neste período,
conseguimos, nos dois anos, cumprir, no calendário anual de atividades
o nosso principal evento, o KM Brasil.

Em 2005, o KM Brasil foi realizado novamente   Assim, várias universidades tiveram
em São Paulo e o tema principal do congres-    espaço para uma ampla discussão
so foi “A interação universidade-Empresa na    sobre a importância estratégica das
Sociedade do Conhecimento”, cujo objetivo      pesquisas acadêmicas e a transfe-
era refletir sobre a presença vital do setor   rência de seus resultados para a so-
acadêmico nos processos de criação e trans-    ciedade brasileira, tanto em âmbito
ferência de conhecimento para a competi-       nacional como regional. Ficou clara,
tividade e sustentabilidade das empresas.      em várias apresentações, a contri-      ESPECIAL
buição destas instituições para que      nizações, dos setores público e privado, bem
Palavra da SBGC



                  o País possa, de um lado, resolver       como da academia, apresentando propostas
                  problemas de natureza social, e, de      e idéias relacionadas a práticas de Gestão
                  outro lado, também fortalecer sua        do Conhecimento que contribuam para a
                  posição tecnológica e a competitivi-     gestão sustentável. Isto indica um novo de-
                  dade das empresas brasileiras no         safio para os profissionais atuantes na área
                  mercado doméstico e internacional.       de GC, pois será necessário, cada vez mais,
                  Este tema continua na agenda             vincular as ações de GC com a perspectiva
                  permanente das preocupações              da perenidade das organizações. Por exem-
                  da SBGC, pois faz parte da sua           plo, na sessão dedicada ao agronegócio, fi-
                  missão.                                  cou evidente a importância de agregar cada
                                                           vez mais valor aos produtos agropecuários
                  Em 2006, pela primeira vez, o KM         nas fontes de produção, sobretudo no seg-
                  Brasil foi realizado fora de São         mento de cooperativas de produtores rurais,
                  Paulo, na cidade de Curitiba, uma        o que significa aumentar o desafio do con-
                  vez que a SBGC decidiu comparti-         hecimento neste setor e beneficiar milhares
                  lhar com outras entidades a realiza-
06




                                                           de famílias brasileiras que dependem desta
                  ção de um novo evento de caráter         atividade econômica.
                  interdisciplinar e bianual, o GeCIC
                  – Congresso Brasileiro de Gestão         Em outra sessão, coordenada pela
                  do Conhecimento e Inteligência           Fundação Nacional da Qualidade – FNQ,
                  Competitiva. o tema geral decidido       foram apresentados três casos de empresas
                  pelas entidades foi “Norteando a         brasileiras que foram premiadas pelos crité-
                  Competição Sustentável”.                 rios de Excelência em Gestão e que desta-
                                                           caram suas ações relacionadas aos ativos
                  Assim, o LACTEC - Instituto de           intangíveis, objeto do critério 5 do Prêmio
                  Tecnologia para o Desenvolvimento,       Nacional da Qualidade, relacionado à gestão
                  ficou encarregado da organização         da informação e do conhecimento.
                  geral do GeCIC e foram realizados
                  os seguintes eventos paralelos:          Já no setor público, alguns dos casos apre-
                  1º Congresso Ibero-Americano             sentados mostram que práticas de Gestão
                  de Gestão do Conhecimento e              do Conhecimento têm como benefício final
                  Inteligência Competitiva, sob tu-        os próprios cidadãos ou contribuintes, razão
                  tela do IBICT/MCT; o 6º Workshop         de ser da existência de tais instituições.
                  de Gestão do Conhecimento e              Enfim, a grande contribuição temática do KM
                  Inteligência Competitiva, sob amparo     Brasil 2006 foi apresentar evidências práti-
                  da FINEP; o Encontro Nacional de         cas de que ações orientadas pela Gestão do
                  Analistas de Inteligência Competitiva,   Conhecimento garantirão perenidade e com-
                  sob coordenação da ABRAIC e o 5º         petitividade para as organizações brasilei-
                  KM Brasil, organizado pela SBGC.         ras. Sem dúvida, este é um fator estimulante
                                                           para as ações da SBGC, sobretudo no cum-
                  Para a SBGC, foi uma experiência
                                                           primento de sua missão de disseminar as
                  nova, tanto em termos da organiza-
                                                           práticas de Gestão do Conhecimento.
                  ção (compartilhada), como levar o
                  KM Brasil para outras regiões do         Espero que esta presente edição, seja tes-
                  País. Podemos afirmar que o re-          temunho e registro histórico das discussões
                  sultado foi satisfatório, conforme       e resultados apresentados por profissionais
                  pesquisa de avaliação entre os par-      da academia, setor público e privado, con-
                  ticipantes do evento. Certamente,        sultores e gestores empresariais, e que seja
                  em 2008, quando voltar a segun-          referência para aqueles profissionais e em-
                  da edição do GeCIC, a SBGC tem           presas que ainda olham com desconfiança a
                  compromisso previamente acordado         Gestão do Conhecimento. o evento nos per-
                  com as demais entidades de integrar      mite concluir que a Gestão do Conhecimento
                  novamente aquele evento, devendo         já não pode mais ser vista como modismo
                                                           gerencial, e, sim, como uma evolução ge-
                  incorporar as lições aprendidas na
                                                           rencial pela qual todas as organizações de-
                  primeira edição.
                                                           verão passar como requisito para alcançar
                  Em termos técnicos, o evento contou      estágios avançados de competitividade e da
    ESPECIAL      com a participação de várias orga-       sua própria sustentabilidade.
PALAVRAS
 Do CoNSELHo
    CIENTÍFICo
                 Maria Terezinha Angeloni
     Presidente do Conselho Científico da SBGC
                             Gestão 2007-2009
                      angelggc@hotmail.com
                                                 ESPECIAL
A SoCIEDADE BRASILEIRA DE
Palavras do Conselho Científico




                                   GESTão Do CoNHECIMENTo
                                       E A RELAção CoM oS
                                     DIFERENTES SEToRES DA
                                            SoCIEDADE
                                  A Sociedade Brasileira de Gestão      Vale destacar também a diversidade de
                                  do Conhecimento - SBGC, tem           abordagens no conjunto de trabalhos que
                                  como objetivo central abrir espaços   vêm sendo apresentados cobrindo prati-
                                  que possibilitem o diálogo entre os   camente todos os referenciais teóricos e
                                                                        todos os assuntos tratados pelas áreas de
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                                  diferentes setores da sociedade
                                  buscando estimular discussões         Gestão do Conhecimento.
                                  e inter-relacionamentos entre os      Agradecemos aos autores de trabalhos
                                  mundos acadêmico, profissional e      científicos que, cada vez mais, escolhem
                                  organizacional.                       o KMBrasil como o fórum para o debate
                                  os temas dos eventos que organi-      de suas reflexões sobre a sociedade e as
                                  za vem ao encontro de sua missão,     organizações da era da informação e do
                                  que consiste em:                      conhecimento.
                                  Contribuir para o compartilhamento    Nossos agradecimentos aos integrantes
                                  de conceitos, métodos e técnicas      do Conselho Científico e avaliadores, todos
                                  que promovam a socialização do        doutores, que formam o Comitê Científico
                                  conhecimento, visando o aumento       que atua na árdua, anônima e silenciosa
                                  da efetividade das organizações, a    tarefa de avaliação dos trabalhos apresen-
                                  competitividade do País e a quali-    tados.
                                  dade de vida das pessoas.             Queremos ressaltar              Missão da SBGC:
                                                                        o nosso orgulho por             Contribuir para o
                                  As chamadas de trabalhos têm
                                                                        compartilhar    esse         compartilhamento de
                                  atraído a atenção de inúmeros
                                                                        esforço com pessoas         conceitos, métodos e
                                  pesquisadores e profissionais
                                                                        com tamanha com-
                                  brasileiros, que submetem, a cada                                  técnicas que promo-
                                                                        petência, seriedade
                                  ano, um número crescente de tra-                                 vam a socialização do
                                                                        e conhecimento. um
                                  balhos.                               esforço    voluntário     conhecimento, visando
                                  Dos trabalhos apresentados ape-       que, temos certeza,         o aumento da efetivi-
                                  nas uma parte é selecionado, tan-     enriquece sobrema-       dade das organizações,
                                  to para apresentação oral, como       neira os eventos e,        a competitividade do
                                  para apresentação em pôster. São      acreditamos,    eno-           País e a qualidade
                                  números expressivos, que refor-       brece cada um de
                                                                                                    de vida das pessoas.
                                  çam a importância da área no Bra-     nós.
                                  sil. Vale ressaltar a procedência     Esperamos poder continuar contando com
                                  dos trabalhos oriundos tanto do       a participação, tanto dos autores como
                                  mundo acadêmico como do empre-        dos avaliadores, nos próximos KM Brasil,
                                  sarial, fortalecendo o objetivo dos   espaço de diálogo e debates aberto pela
                                  eventos: estabelecer a discussão      SBGC para o amadurecimento das teo-
                                  e a interação entre os diferentes     rias e práticas de Gestão do Conhecimen-
                                  setores da sociedade na busca de      to que, cada vez, mais vêm integrando
                                  mecanismos de compartilhamento        os modelos de gestão nas organizações
        ESPECIAL                  e transferências de conhecimento.     brasileiras.
o PRoCESSo DE
IMPLANTAção
DA GESTão Do
CoNHECIMENTo:
BARREIRAS E FACILIDADES



Luiz Carlos Valle Ramos
Universidade Bematech
Engenheiro Mecânico - UFRJ
luiz.ramos@bematech.com.br

Roger Lahorgue Castagno Júnior
Universidade Bematech
Engenheiro Civil - UCPel
roger.castagno@bematech.com.br




                                 ESPECIAL
INTRoDução                            zidos em termos de inovações, qualidade
Mesa Redonda 2



                 As profundas transformações por       de serviços ou produtos, e produtividade
                 que passa o cenário empresarial       no trabalho. Práticas de administração de
                 têm evidenciado a importância de      recursos humanos, de acordo com Porter
                 as organizações aprenderem como       (1991), serão capazes de criar e sustentar
                 fazer a Gestão do Conhecimento,       vantagens competitivas, se complementa-
                 tornando-se este um fator crucial e   rem capacitações econômicas, tecnológi-
                 diferenciador para o sucesso.         cas, estratégicas e dos produtos em si.
                 Alguns autores preferem a ex-         As vertentes sobre gestão de pessoas
                 pressão gestão de talentos hu-        mais discutidas, atualmente, apontam três
                 manos, por considerá-la mais          aspectos capazes de sustentar a competi-
                 abrangente. o talento humano
                                                       tividade das empresas. Seriam eles: como
                 inclui motivação, competência,
                                                       envolver e comprometer pessoas levando
                 conhecimento, criatividade, ge-
                                                       em conta sua diversidade cultural e ofere-
10




                 nialidade, habilidades, posturas,
                                                       cendo segurança e autoconfiança; como
                 atitudes, qualificação, educação,
                                                       atrair e desenvolver pessoas talentosas
                 etc. Todos esses termos que temos
                 visto com freqüência invadir o am-    e como manter a competitividade da em-
                 biente organizacional.                presa em um ambiente com tecnologia da
                                                       informação e o conhecimento circulando
                 A Gestão de Conhecimento (GC)         em velocidade crescente.
                 é um processo que extrapola, em
                 muito, a função de gestão de pes-     Segundo as teorias organizacionais con-
                 soas, compreende uma infinidade       temporâneas, o maior valor competitivo
                 de atividades, processos e abor-      das empresas é o capital intelectual.
                 dagens que visam tornar os ambi-      os investimentos feitos em GC no mundo
                 entes de trabalho mais proficientes   empresarial crescem de forma exponen-
                 em termos de convivência diária,      cial, conforme atestam relatórios divulga-
                 produtividade e geração de resulta-   dos anualmente pelas entidades voltadas
                 dos. É um esforço que começa nos      a esta atividade.
                 gestores estratégicos da empresa
                 e perpassa toda a estrutura, a cul-   As “organizações do conhecimento” são
                 tura e as práticas da organização.    aquelas voltadas para os seus clientes
                                                       internos e externos, colocando no plano
                 Fazer a Gestão do Conhecimento
                                                       central a prestação de serviços (a quali-
                 nas organizações é o atual desafio
                                                       dade do produto é condição sine qua non),
                 dos profissionais de recursos hu-
                 manos. Algumas funções, porém,        tendo uma relação mais próxima com a
                 tem um papel particular, tais como:   comunidade, assumindo postura de maior
                 marketing e inteligência competi-     responsabilidade para com o meio ambi-
                 tiva, tecnologia da informação e o    ente, possuindo gestores motivados, bem
                 cuidado com o fluxo de informa-       capacitados e motivadores para atuarem
                 ções, as áreas de pesquisa e de-      com as mais complexas tecnologias e ma-
                 senvolvimento.                        neiras de gerenciar pessoas.
                 Este quadro reflete novos paradig-    CoNHECIMENTo
                 mas, tais como os mencionados         “É uma mistura de experiências, valores e
                 por Albuquerque (1992), que tra-      percepções, informações e dados, a qual
                 tam da iminência de novos con-        proporciona uma estrutura para a aplica-
                 tornos para políticas de recursos     ção, avaliação e incorporação de novas
                 humanos, voltadas à obtenção de       experiências e informações” (Thomas
                 resultados que podem ser tradu-       Davenport).
   ESPECIAL
Tipos de conhecimento que:                   e com produtos finais de quali-




                                                                                         Mesa Redonda 2
• ajudem na análise e definição dos pro-     dade similar, o grande diferencial
blemas;                                      das organizações é a satisfação
• respondem às questões operacionais e       de seus clientes. o grande ques-
de negócios;                                 tionamento é: a satisfação é con-
• solucionem problemas, e                    seguida através das tecnologias
• melhorem a performance/desempenho          ou do capital intelectual? Tecno-
pessoal e organizacional.                    logias estão ao alcance de todos,
GESTão Do CoNHECIMENTo                       porém o capital intelectual não está
Aprendizado organizacional e Gestão do       à venda, não pode ser comprado,
Conhecimento são vitais na criação e ma-     precisa ser desenvolvido e man-
nutenção da vantagem competitiva.
• é a capacidade organizacional que cria
valor a partir do capital intelectual;




                                                                                         10
• são processos de aprendizagem indivi-
dual e em equipe, que aumentam a com-
petência, e
• melhores decisões.
SISTEMAS DE EDuCAção CoNTINu-
ADA
A capacitação dos recursos humanos as-
sume importância vital para o desempenho
organizacional e o sucesso de qualquer em-
presa. Inseridas em um mercado altamente
competitivo, em uma economia globalizada




                                             tido com políticas adequadas de
                                             retenção de talentos. Nesse con-
                                             texto, a Gestão do Conhecimento
                                             pode ser implementada através          ESPECIAL
de um sistema de educação con-          proveitosas. o engajamento do grupo es-
Mesa Redonda 2



                 tinuada ou de uma universidade          tratégico do negócio é evidenciado for-
                 corporativa? (TERRA e ALBANAZ,          malmente pela emissão de um elenco de
                 2003).                                  políticas de RH. As políticas traduzem a
                 Nossas experiências comprovam           vontade inquestionável da diretoria, apon-
                 que algumas organizações já fize-       tando o alvo de investimentos para RH. As
                 ram a transição do um modelo de         políticas trazem anunciadas, com clareza,
                 treinamento tradicional para um         o universo de esforço a ser cumprido, de-
                 sistema de educação corporativa,        safiando a elaboração de um planejamento
                 e essa é uma das melhores ferra-        que aponte o melhor modelo de execução
                 mentas para se fazer a Gestão do        (BAYMA e MoNTENEGRo, 2005).
                 Conhecimento organizacional.            De uma maneira geral, são três grandes
                 As universidades corporativas           pilares que surgem das políticas:
                 são os “guarda-chuvas” estraté-         - otimização dos resultados corporativos:
12




                 gicos das organizações, tendo           a partir dos resultados internos, gerados
                 como principal objetivo alavancar o     por um grupo de indicadores ou pela ne-
                 negócio. Para isso, devem possuir       cessidade de uma ação de modernização,
                 programas que avaliem as reais          toma-se, para público-alvo, os empregados
                 necessidades de desenvolvimento         do negócio (treinandos internos). A diretriz
                 das pessoas, forneçam condições         estratégica das ações necessárias é re-
                 para a aprendizagem organizacio-        presentada por um plano de capacitação,
                 nal e contemplem um sistema de          descrevendo com detalhes as etapas de
                 educação continuada. Aprenden-          desenvolvimento, execução e avaliação.
                 do sempre. (TERRA e ALBANAZ,
                                                         - Agregação de valor ao produto: um desa-
                 2003).
                                                         fio permanente para os talentos do negó-
                 o relacionamento mais estraté-          cio. A preocupação com a manutenção da
                 gico entre o negócio e seus clien-      carteira de clientes, como a constatação
                 tes, na medida em que amplia o          de ameaças permanentes e a exploração
                 conhecimento do negócio e sua           de novas oportunidades, proporciona uma
                 potencialidade, além de preservar       significativa ampliação da base de clien-
                 a fidelização, fortifica a divulgação   tes, podendo mobilizar o desenvolvimen-
                 boca a boca. Quando relacionando        to de um plano de marketing que, além
                 o negócio com seus empregados,          das campanhas que se desdobrarão, pro-
                 torná-los mais competentes obje-        moverá o desenvolvimento de programas
                 tiva ampliar o nível de competitivi-    de treinamentos para clientes.
                 dade do negócio, garantindo a sua
                 sobrevivência, como um dos resul-       - Implantação de um novo negócio: a
                 tados mais significativos. Desen-       competência alcançada por determinados
                 volver a relação do negócio com         negócios na transferência de conhecimen-
                 o público geral, entendido como         tos pode proporcionar a criação de uma
                 não-cliente, através de atividades      unidade de negócios, autogerida e lucra-
                 de capacitação, resulta em me-          tiva. Seu público-alvo se concentrará nos
                 canismo para a ampliação do uni-        treinandos externos, oferecendo treina-
                 verso de futuros clientes (BAYMA e      mento direta ou indiretamente vinculados
                 MoNTENEGRo, 2005).                      ao negócio original, suportado por infra-
                                                         estrutura própria.
                 Finalmente, um relacionamento
                 do negócio com fornecedores, for-       A áREA DE RH E A GESTão Do
                 tificado por transferências plane-      CoNHECIMENTo
                 jadas de conhecimentos, acaba           um dos pontos fundamentais desta intera-
   ESPECIAL      por proporcionar negociações mais       ção é o processo de criação de uma agen-
da integrada de atividades. Existem aspec-     BIBLIoGRAFIA




                                                                                              Mesa Redonda 2
tos que devem ser suportados pela área         BAYMA, Fátima; MoNTENEGRo,
de RH para uma efetiva implantação da          Eraldo. Educação Corporativa: uni-
Gestão do Conhecimento, vejamos quais:         versidade Corporativa, uma decisão
                                               estratégica. p.82-85. São Paulo,
- a contínua análise da evolução da estru-     Pearson, 2005.
tura organizacional, avaliando o momento       DAVENPoRT, Thomas. Ecologia da
e os seus desdobramentos futuros;              informação: porque só a tecnologia
                                               não basta para o sucesso na era
- a realização de um inventário do conhe-
                                               da informação. São Paulo, Futura,
cimento atual dos funcionários (a chamada      1998.
“árvore do Conhecimento“);                     _________; MARCHAND, Donald A.;
- o relacionamento estreito entre remune-      DICKSoN, Tim. Dominando a gestão
ração estratégica e o processo de conhe-       da informação. Porto Alegre, Book-
                                               man, 2004.
cimento;




                                                                                              13
                                               _________; PRuSAK, Laurence.
- a criação de carreiras flexíveis e ajus-     Cnhecimento empresarial: como as
táveis a demandas de áreas específicas;        organizações gerenciam seu capi-
                                               tal intelectual. 2ª ed. Rio de Janeiro,
- a retenção e gestão de talentos baseada
                                               Campus, 1998.
em fatos e não em percepções; e                EBoLI, Marisa. Coletânea de artigos:
- o perfeito entendimento e participação       universidades Corporativas. São
dos impactos da Gestão do Conhecimento         Paulo, Schmukler, 1999.
no planejamento estratégico.                   _________; Educação Corporativa
                                               no Brasil: mitos e verdades. São
Todos esses aspectos nos levam ao enten-       Paulo, Editora Gente, 2004.
dimento que a atual área de RH deve ser        LouRES, Rodrigo Costa da Rocha.
expandida na sua forma de atuar, passan-       Evolução de T&D e aprendizagem
do a englobar áreas como planejamento          nas empresas. Paraná, Informativo
estratégico, qualidade, Gestão do Conhe-       Abinee, 2006.
                                               MACuCCI, José Valério. A teoria e a
cimento e a própria gestão de pessoas.
                                               prática em Gestão do Conhecimen-
Todos esses assuntos se correlacionam          to. São Paulo, Palestra Ibmec/SP -
e ampliam a capacidade de contribuição         Evento HSM Management, 2006.
para os resultados da empresa envolvida.       MEISTER, Jeanne C. Educação Cor-
Não existe mais espaço para atuação seg-       porativa. São Paulo, Pearson, 2005.
mentada como até então estamos vivendo,        MuNDIM, Ana Paula Freitas; RICAR-
                                               Do, Eleonora Jorge. Educação cor-
e caberá à área atual de RH revistar seu
                                               porativa: fundamentos e práticas. Rio
papel, seu perfil de profissionais e por fim   de Janeiro, Qualitymark, 2004.
o seu próprio conhecimento, para aumento       RICARDo, Eleonora Jorge. Educa-
de contribuição para os novos objetivos        ção Corporativa e Educação a Dis-
empresariais. Tratar a Gestão do Conhe-        tância. Rio de Janeiro, Qualitymark,
cimento como o antigo T&D, como algum          2005.
modismo, é perder a excelente oportuni-        T e D Inteligência Corporativa. A era
dade que o momento proporciona à função        das competências. São Paulo, edi-
de RH para tornar-se um verdadeiro par-        ção 139, T&D Editora, 2005.
                                               TERRA, José Cláudio Cyrineu; AL-
ceiro estratégico. Que os profissionais não
                                               BANAZ, Emiliana. Gestão do Co-
tenham medo desta nova etapa, que eles
                                               nhecimento e e-learning na prática:
enfrentem este desafio de transformação        Gestão do Conhecimento através de
da própria função como uma chance sin-         sistemas de educação continuada.
cera e verdadeira de avançarem na gera-        p.123-127. Rio de Janeiro, Elsevier,
ção de valor para a empresa.                   2003.                                     ESPECIAL
TUTORIAL
CONSTRUÇÃO
COLETIVA DO SABER
ALAVANCANDo VALoR PoR MEIo
DE REDES DINÂMICAS DE CoNHECIMENTo
                                        Filipe Cassapo
                                            Grupo Votorantim
                     Engenheiro da Computação - UTC/França
                                filipe.cassapo@vpar.com.br




ESPECIAL
o VALoR Do CoNHECIMENTo No CoN-                   FoMENTANDo A CoNSTRução




                                                                                               Mesa Redonda 3
TExTo DE NEGóCIo Do SÉCuLo xxI                    CoLETIVA DE CoNHECIMENTo
Pense rapidamente nas seguintes pergun-           Como, então, desenvolver, assimi-
tas: no seu contexto organizacional, o que        lar e utilizar, de forma constante,
teria acontecido, há dez anos, se o serviço       conhecimentos úteis para uma
corporativo de e-mail fosse desconectado          determinada organização? Seria
durante trinta minutos? E o que acontece          através do foco na transformação
hoje, na sua Empresa, quando o mesmo              de conhecimentos tácitos em co-
serviço de e-mail, ou a rede da Intranet,         nhecimentos explícitos, como su-
encontram-se desconectados durante um             gere a interpretação simplificada
                                                  da “Espiral do Conhecimento”, dos
simples minuto? o mundo mudou! Viven-
                                                  pesquisadores japoneses Nonaka
ciamos, nos últimos dez anos, um conjunto
                                                  e Takeuchi (1995)? Deveríamos
de profundas transformações do contexto
                                                  criar “bases de conhecimentos”,
sócio-econômico global. Como o anali-




                                                                                               15
                                                  nas quais as mais diversas ex-
sou Michel Cartier, no seu artigo intitulado      periências dos colaboradores se-
“2005, a Sociedade do Saber e sua eco-            riam armazenadas e deixadas à
nomia”, esta revolução sócio-econômica,           disposição de quem delas neces-
cuja última conseqüência são as alterações        sitasse?
comportamentais e sociais dos indivíduos
                                                  Apesar de bastante sedutora, esta
e das organizações, é a conseqüência
                                                  proposta possui sérias falhas.
de duas mutações prévias: uma mutação
                                                  Primeiramente, não podemos es-
tecnológica (a emergência da Internet,
                                                  quecer que o “conhecimento ex-
que podemos datar de 1992), seguida de
                                                  plícito”, como aqui formulado, não
uma mutação econômica (o comércio ele-            é conhecimento: ele é informação.
trônico e a virtualização da economia, que        Se a informação é, com certeza, a
podemos datar de 1999). Assim, podemos,           matéria-prima do conhecimento,
resumidamente, descrever o novo mundo             ela não é, porém, o conhecimento
no qual vivemos: uma macrorede de redes           em si! Em segundo lugar, para que
extremamente conectada e dinâmica.                qualquer relatório de “boas práti-
Para as organizações, este novo mundo             cas” seja útil em uma organização,
trouxe um conjunto de alterações ambien-          não é obviamente suficiente que
tais bastante significativas, do ponto de vista   esteja simplesmente disponível.
das transformações, aplicadas em termos           Além de poder ser encontrado (o
                                                  que pode parecer óbvio, mas não
de gestão. É preciso, hoje, saber lidar com
                                                  o é realmente), é necessária a
os fenômenos de globalização, mutação
                                                  existência de uma intrínseca moti-
constante do contexto sócio-econômico, hi-
                                                  vação por parte de quem pode pre-
percompetição, hiperinformação, redução
                                                  cisar dele, de buscar este relatório,
dos ciclos de vida de produtos, serviços
                                                  ler integralmente e genuinamente
e processos, sem, nunca, perder de vista          seu conteúdo e fazer um efetivo
a fundamental sustentabilidade de toda e          uso do que lá aprendeu. Apesar
qualquer ação. Todos precisam, portanto,          destas diversas etapas de uma as-
ficar “intensivamente conectados”, para           similação aberta de informações
poderem tomar decisões acertadas, além            disponíveis parecerem triviais,
de inovar constantemente! Neste novo              elas não o são, pois exigem que
contexto, flexibilidade, rapidez, foco es-        a iniciativa de “Gestão do Conhe-
tratégico e uso intensivo de conhecimento         cimento” subjacente tire o foco do
são os grandes fatores críticos, não só de        “explicitar”, para comprar a causa
sucesso, mas, também, de sobrevivência.           do “conectar as pessoas”.
                                                                                          ESPECIAL
Isto significa que a organização         o VALoR AGREGADo PARA A oRGA-
Mesa Redonda 3



                 deve, então, passar a se preocu-         NIZAção
                 par com a criação de um ambiente         A construção coletiva de saber, proporcio-
                 favorável para a geração, a trans-       nada pela emergência de redes dinâmicas
                 ferência, a retenção e a aplicação       de conhecimento, culmina na transfor-
                                                          mação sistêmica da própria cultura orga-
                 do conhecimento em rede. Tal tipo
                                                          nizacional, permitindo uma metamorfose
                 de ambiente não pode apenas ser
                                                          de uma organização pouco conectada e
                 artificialmente promovido por de-        estática, para uma organização hiperco-
                 creto. Ele deve ser continuamente        nectada e dinâmica. os benefícios obtidos
                 cultivado no tempo, por meio de:         por esta mutação vão de perfeito encontro
                 • uma governança organizacional          às necessidades do contexto de negócio
                 que incentive uma gestão do todo         do século xxI, quais sejam:
                 como um todo;                            • a criação de uma memória organizacio-
16




                                                          nal caracterizada pela transmissão de sa-
                 • a existência e o compartilhamen-
                                                          bedoria entre as gerações, conectadas por
                 to na organização de um conjunto         meio de redes de conhecimento;
                 de valores, que demonstrem e in-
                 centivem a confiança entre os in-        • a geração de uma inteligência de negó-
                                                          cios, que permita a assimilação rápida de
                 divíduos;
                                                          tendências e cenários por parte de toda a
                 • o desenvolvimento constante de         organização, por meio de redes externas
                 lideranças, capazes de atuar como        conectadas às redes internas; e
                 modelos, catalisando, por meio do        • o fortalecimento da criatividade dos
                 seu próprio exemplo, a emergência        indivíduos, potencializada na direção da
                 das mudanças; e                          obtenção de inovações incrementais,
                 • a existência de práticas flexíveis e   substanciais ou até radicais, que propor-
                                                          cionem uma fonte inegável de vantagem
                 dinâmicas de geração instantânea
                                                          competitiva.
                 de fluxos múltiplos de informação,
                 permitindo, a todos os atores do
                 negócio, se relacionarem de forma        BIBLIoGRAFIA
                 imediata.                                Nonaka, I., Takeuchi, H. The Knowledge-
                                                          Creating Company. New York, N.Y.: oxford
                 As conseqüências sintomáticas da
                                                          university Press; ISBN 0-19-509269-4;
                 elaboração cuidadosa deste am-           1995.
                 biente consistem na emergência
                 de redes dinâmicas e flexíveis de        Prax, Jean-Yves. Le Manuel du Know-
                                                          ledge Management. une approche de 2e
                 conhecimento, que se formarão
                                                          Génération. Dunod, Paris. 2003.
                 espontaneamente por agregação
                 colaborativa de atores do negócio,       Senge, P. The fifth discipline: The art and
                 em resposta quase-instantânea à          the practice of the Learning organization.
                                                          New York: Doubleday/Currency; 1990.
                 aparição de um elemento contex-
                 tual novo. Tais redes dinâmicas
                 se constituem como o instrumento
                 da construção coletiva rápida e
                 dinâmica do saber da organização
                 inteligente, ou “Learning Organi-
                 zation”, como descrita por Peter
                 Senge na sua “Quinta Disciplina”
   ESPECIAL      (1990).
TuToRIAL
GC: CoMo IMPLEMENTAR , CoNTExTuALIZAR
E FoCAR A GESTão NA ESTRATÉGIA,
No CoNHECIMENTo E No REToRNo Do
INVESTIMENTo
Maria de Lourdes Martins
UNA
Mestre em Tecnologia Educacional - CEFET/MG
Coordenadora de Relações Internacionais da SBGC
lourdes.martins@uol.com.br




                                                  ESPECIAL
o TuToRIAL                             com o relato da sua vivência e atuação
Mesa Redonda 3



                 Mais uma vez apresentamos o tuto-      em todo processo de negociação para a
                 rial sobre Gestão do Conhecimento      formação desta instituição, que é privada,
                 (GC) no KM Brasil. Pudemos per-        e presta serviço público. o oNS é re-
                 ceber que há um público crescente,     sponsável pela distribuição e pela utiliza-
                 interessado em trilhar os primeiros    ção dos recursos de geração e rede de
                 passos de GC e ouvir as experiên-      transmissão de energia no Brasil. Rogério
                 cias dos palestrantes. o tutorial se   Salles Loureiro, atualmente no Centro de
                 mantém com a mesma estrutura           Tecnologia Canavieira (CTC), uma orga-
                 desde o primeiro KM Brasil, que é      nização do seguimento da agro-indústria
                 a exposição do referencial teórico,    do açúcar, tem uma experiência de mais
                 a apresentação de um guia rápido,      de 10 anos em GC. Sua abordagem sobre
                 das primeiras atitudes para se         o retorno no investimento, que o CTC vem
                 implementar GC nas empresas e,         focando, nos trouxe alguns pontos de vista
                 também, três casos práticos.           esclarecedores. Felipe Cassapo, que es-
18




                 observamos que todos estão ávi-        teve à frente do projeto de GC da Siemens
                 dos por entender e saber por onde      no Brasil até 2006, e hoje desenvolve um
                 começar a trabalhar com GC. Acre-      trabalho no processo de implementação
                 ditamos que a chave do sucesso         da GC na Votorantim, apresentou, por fim,
                 seja trazermos temas inovadores        um case.
                 e profissionais que possam relatar     AFINAL, PoRQuE Há SEMPRE uM Pú-
                 experiências e casos reais. o tema     BLICo áVIDo PELo TuToRIAL No KM
                 escolhido em 2006 foi: “GC: como       BRASIL
                 implementar, contextualizar e focar    o termo “Gestão do Conhecimento” (GC)
                 a gestão na estratégia, no conheci-    muitas vezes, é visto com estranheza por
                 mento e no retorno do investimen-      diversas organizações que oferecem re-
                 to”.                                   sistência à idéia de gerenciar conhecimen-
                 Rivadávia Correa Drummond de           to. Independente do nome, o importante
                 Alvarenga Neto fez, na primeira        é que a gestão das organizações, na era
                 parte do tutorial, uma abordagem       do conhecimento, seja fruto de uma ad-
                 teórica e apresentou conceitos         ministração que auxilie, favoreça, ampare
                 de autores reconhecidos mundi-         e propicie a geração, compartilhamento,
                 almente. Ele ainda apresentou a        colaboração e disseminação deste co-
                 proposta de modelagem teórica          nhecimento, tanto nas empresas públicas
                 conceitual integrativa e casos de      quanto nas privadas. Ainda não temos
                 empresas brasileiras. Maria de         consolidado uma nova metodologia nem
                 Lourdes Martins expôs uma me-          técnica deste gerenciamento. o mundo
                 todologia genérica na qual indica      dos negócios mudou e as empresas pre-
                 e sugere várias atitudes e ações       cisam modificar sua gestão.
                 que irão favorecer o projeto de GC.    Falar em GC, ou, unicamente em gestão,
                 Não se trata de uma receita, mas é     significa falar na necessidade de se recon-
                 um passo-a-passo que visa ofere-       siderar as práticas através das quais as
                 cer uma rota para quem necessita       empresas, até então, são administradas.
                 de um norte para começar um pro-       Para manter as empresas competitivas o
                 jeto de GC. Posteriormente, foram      gerenciamento da informação, dos ativos
                 apresentados 3 casos de empre-         intangíveis e a constante inovação são
                 sas brasileiras.                       fundamentais. A informação e o conheci-
                 Jairo Gomes Queiroz expôs o case       mento, os recursos mais valiosos das or-
                 do operador Nacional de Energia        ganizações, são as alavancas e os ativos
   ESPECIAL      Elétrica (oNS) e muito contribuiu      capazes de conferir sua sustentabilidade
de longo prazo.                                cional e comportamento humano,




                                                                                           Mesa Redonda 3
Mas como fazer esta “nova” GESTão? É           autonomia, layout, locais de en-
preciso muito mais que apenas gerenciar        contro que tenham um ambiente
processos, ter boas ferramentas, e um su-      propício a interação e integração
porte que garanta uma excelente infra-es-      entre pessoas.
trutura. Tudo isso é muito importante, mas,    CoMo IMPLEMENTAR GC -
para que a empresa tenha um bom siste-         ATITuDES E AçõES
ma de gerenciamento da informação, uma         Não temos uma resposta, mas,
parte da GC. Para se ter um projeto de GC      nos tutoriais apresentados nos
uma organização deve oferecer condições        KM Brasil 2002, 2003, 2004, 2005
para que os seus colaboradores tenham          e 2006, discutimos as melhores
um ambiente no qual possa acontecer a          práticas observadas em empresas
construção do conhecimento. É ter um es-       brasileiras e multinacionais, públi-
paço no qual as pessoas possam desen-          cas e privadas. o primeiro passo




                                                                                           19
volver processos de criação, articulação,      para se implantar GC é identificar
validação, tratamento e disseminação do        que conhecimento a empresa pre-
conhecimento.                                  cisa e quais são os mais estraté-
Essas condições estratégicas, para per-        gicos, para, a partir disto, propor
mitir a implantação de um processo de GC       um modelo que se adapte à cada
são definidas com base na cultura orga-        empresa.
nizacional, na liderança e no clima, no in-    Os profissionais Renato Souza
vestimento para promover a inovação, e na      Rocha (uFMG), Rodrigo Baroni
propagação do conhecimento. Também é           (BDMG), Rogério Salles Loureiro
preciso ter políticas de remuneração e pre-    (CTC), Maria de Lourdes o. Mar-
miação para quem realmente é um agente         tins (uNA), Rivadávia Drummond
ativo no processo de GC.                       de Alvarenga Neto (FDC), Ro-
                                               berto Souza (PLANSIS) Filipe M.
Mas como podemos determinar que em-
                                               Cassapo (VoToRANTIN) e Jairo
presa “já tem” Gestão de Conhecimento?
                                               Gomes Queiroz (oNS) estiveram
Será que as empresas que têm um portal         presentes nestes tutoriais e pu-
ou apenas gerenciam documentos eletroni-       deram relatar experiências e trazer
camente ou então têm uma comunidade            inúmeras práticas de GC.
na qual as pessoas se reúnem periodica-
mente para compartilhar práticas fazem         os relatos apresentados no KM
GC? E se as organizações desenvolvem           2006 apontaram que é fundamen-
um projeto para mapear as competências         tal a mudança de uma cultura indi-
e realizam o treinamento e desenvolvimen-      vidualista para uma cultura colabo-
to, elas realizam GC? E aquelas que têm        rativista e que, o maior desafio, é
uma excelente universidade corporativa,        ter indicadores consistentes de re-
                                               sultados muitas vezes intangíveis.
inclusive com e-learning, são empresas
                                               GC é um processo longo e com-
que praticam GC?
                                               plexo de mudanças pois precisa
As organizações que fazem GC estão se          gerir esforços e mobilizar pessoas,
reorganizando para que os seus funcioná-       sempre apoiados em uma ex-
rios, clientes e fornecedores possam,          celente infra-estrutura tecnológica
juntos, promover a construção do saber.        e em um projeto de comunicação.
Para isto, é preciso gerenciar e garantir as   Fazer aliança com o RH é fator
condições indispensáveis para que ocorra       determinante para o sucesso do
a inovação, criatividade, aprendizagem e       projeto. Se GC custa caro, sabere-
compartilhamento de informações e co-          mos que a ignorância custa muito
nhecimentos relevantes, cultura organiza-      mais!                                  ESPECIAL
TuToRIAL
  GESTão Do CoNHECIMENTo
  EM oRGANIZAçõES
  PRoPoSTA DE MAPEAMENTo CoNCEITuAL INTEGRATIVo

  Rivadávia Correa Drummond de Alvarenga Neto
  UNA / FEAD / SBGC - Pólo MG
  Doutor em Ciência da Informação - UFMG
  Membro do Conselho Científico da SBGC
  riva@alvarenganeto.com.br




ESPECIAL
um dos grandes objetivos do tutorial apre-      é utilizada estrategicamente para




                                                                                              Mesa Redonda 3
    sentado ininterruptamente em todas as e-        a criação de conhecimento através
    dições do KM Brasil é promover a polêmica       da aprendizagem organizacional.
    e o embate acerca da temática do uso da         o novo conhecimento gerado é
    informação e do conhecimento em orga-           cristalizado na organização na
    nizações. Longe de aceitar, sem a devida        forma de produtos, serviços e no
    apreciação crítica, os mais diversos e cu-      redesenho de processos organiza-
    riosos clichês gerenciais sobre o tema, uti-    cionais. A FIGuRA 1 apresenta
    liza-se a metodologia do “enfrentamento de      uma proposta de mapeamento
    idéias” com o objetivo de tirar os partícipes   conceitual integrativo para a GC,
    da zona de conforto. São essas faíscas cria-    debatida à exaustão no tutorial do
    tivas que propiciam a flutuação necessária      evento:
    para que se pense fora do quadrado. Por
    que e para que se pensar estrategicamente       Como forma de se compartilhar as
    sobre informação e conhecimento em or-          visões e iniciativas concretas das




                                                                                              21
    ganizações? A resposta é emblemática e          empresas no campo da GC, apre-
    não permite tergiversações: a explosão da       sentou-se um relato sintético com
    produção informacional revela que o desa-       os resultados de estudos de casos
    fio organizacional contemporâneo traduz-        realizados em três grandes orga-
    se em aprender a nadar em um oceano             nizações atuantes no Brasil que
    de informações, prospectando e coletando        implementaram iniciativas de GC.
    informações relevantes para a sobrevivên-       São elas: o Centro de Tecnologia
    cia/prosperidade organizacional e para a        Canavieira (CTC), a Siemens do
    compreensão de um ambiente de negócios          Brasil e a Pricewaterhouse Coo-
    cada vez mais dinâmico e mutável. A infor-      pers (PwC). o estudo objetivava
    mação é matéria prima do conhecimento e         investigar e analisar as concep-

FIGuRA 1




                                                                                         ESPECIAL
ções, motivações, práticas e re-        acesso e utilização, dentre outros;
Mesa Redonda 3



                 sultados de GC. Eis os principais
                 resultados:                             • pRáTICAS DE GC
                                                         Com o objetivo de verificar a proposta
                 • MOTIVADORES pARA ADOÇÃO               intitulada “guarda-chuva conceitual de
                 DA GC                                   GC”, solicitou-se aos entrevistados que
                 (I) inexistência de práticas de com-    respondessem quais eram os aspectos,
                 partilhamento e proteção de infor-      abordagens gerenciais e ferramentas con-
                 mações e conhecimentos, levando         sideradas sob a égide da área, programa
                 à reinvenção da roda e à duplica-       ou projeto de GC em suas respectivas or-
                 ção de esforços;                        ganizações. Eis a síntese das respostas:
                 (II) problemas com a coleta, trata-     (a) monitoração ambiental, inteligência
                 mento, organização e dissemina-         competitiva, pesquisa de mercado;
                 ção de informações, denotando
                 ausência de uma gestão estraté-         (b) gestão estratégica da informação,
22




                 gica da informação;                     gestão eletrônica de documentos, ma-
                                                         peamento de processos;
                 (III) reconhecimento de que a in-
                 formação e o conhecimento são           (c) gestão do capital intelectual, competên-
                 os principais fatores de competitivi-   cias, pessoas e ativos intangíveis;
                 dades dos tempos atuais; e
                                                         (d) comunidades de prática – reais e vir-
                 (IV) premência da criação de um         tuais;
                 contexto capacitante na organiza-
                                                         (e) aprendizagem organizacional, inclusive
                 ção vis-à-vis à necessidade de se
                                                         e-learning;
                 endereçar questões culturais e
                 comportamentais.                        (f) apoio ao processo decisório, e
                                                         (g) criação do contexto capacitante.
                                                         • ÊNFASE OU ASpECTOS pRIORITá-
                                                         RIOS DA GC
                                                         observou-se que a fase inicial e ponto de
                                                         partida para quaisquer iniciativas de GC
                                                         – a gestão estratégica da informação – es-
                                                         tava em estágios de quase maturidade,
                                                         com a consciência de que é um processo
                                                         permanente. As organizações procuravam
                                                         avançar para aspectos relativos ao com-
                                                         partilhamento, à cultura organizacional
                                                         e à criação do contexto organizacional
                                                         favorável ou contexto capacitante Res-
                 • CONCEpÇõES E DEFINIÇõES               salta-se a existência de várias iniciativas
                 DE GC                                   genuinamente brasileiras adotadas por
                 Constatou-se a ausência de con-         tais organizações nesses sentidos, como
                 senso acerca de uma definição           o “Momento Cultural” no CTC e o “Happy
                 para a GC nas organizações es-          Hour do Saber”, na Siemens;
                 tudadas. Contudo, alguns termos
                 eram comuns nas respostas dos           • pRINCIpAIS RESULTADOS ALCANÇA-
                 entrevistados: processo, infor-         DOS COM A GC
                 mação, conhecimento, inovação,          (a) Redução do ciclo de inovações e a ace-
                 explicitação, registro, comparti-       leração do tempo de entrega de soluções
   ESPECIAL
                 lhamento, cultura organizacional,       ao mercado;
(b) ampliação da fatia de mercado, aumen-     organizacional,    comportamento




                                                                                          Mesa Redonda 3
to do portfólio de negócios e aumento da      humano e criação do contexto ca-
carteira de clientes;                         pacitante, além da criação de um
                                              conjunto de indicadores para se
(c) melhoria na colaboração entre as pes-
                                              medir os retornos e benefícios de
soas e equipes, facilidade de se localizar
                                              GC. Afirma-se que não se pode
expertise;
                                              avaliar a GC somente com indica-
(d) diminuição do retrabalho e redução de     dores quantitativos, uma vez que
custos;                                       se está gerenciando mudanças
                                              culturais, comportamentais e atitu-
(e) preservação da memória organizacio-       dinais.
nal; e
                                              BIBLIOGRAFIA
(f) aumento da potência de aprendizagem
                                              1. ALVARENGA NETo, Rivadávia
organizacional.
                                              C. Drummond de. Gestão do co-




                                                                                          23
As conclusões sugerem que não se ge-          nhecimento em organizações: pro-
rencia conhecimento, apenas se promove        posta de mapeamento conceitual
ou se estimula o conhecimento através da      integrativo. 2005. 400 f. Tese (Dou-
criação de contextos organizacionais fa-      torado em Ciência da Informação)
voráveis. Dentre os principais desafios co-   – PPGCI, Escola de Ciência da
locados para a GC nas organizações, des-      Informação da uFMG, Belo Hori-
tacam-se as questões relativas à cultura      zonte.




                                                                                     ESPECIAL
A MESA DE DEBATES SoBRE
     GESTão DE PRoJEToS E
     GESTão DE CoNHECIMENTo No

    GeCIC                                                  Alberto Sulaiman Sade Júnior
                                                                 Banco Central do Brasil - RJ.
                                                       Engenheiro de Sistemas - COPPE/UFRJ
                                                               alberto.sulaiman@bcb.gov.br




           INTRODUÇÃO
           A Mesa de Debates sobre gestão de pro-      primeira MD presencial de 2005,
           jetos e Gestão de Conhecimento (MDG-        bem como os da MDGPGC, esti-
           PGC) presencial aconteceu pela segunda      veram na mesa virtual, como mo-
           vez no GeCIC, em 30 de agosto de 2006.      deradores ou participantes ativos.
           uma primeira edição aconteceu em 2005,      o grande incentivador e também
           durante o KM Brasil.                        participante em todos esses even-
           A Mesa de Debates Virtual no portal da      tos foi o Fernando Antonio Gual-
           SBGC serviu como uma prévia da MD           berto Lopes. A MD virtual aconte-
           presencial (a MD virtual pode ser baixada   ceu no período de 31 de julho a 18
           de www.sbgc.org.br). os moderadores da      de agosto de 2006.
ESPECIAL
os moderadores da mesa virtual foram: (1)     do setor acadêmico; e criar um di-




                                                                                        Mesa Redonda 5
Alberto Sulaiman Sade Júnior; (2) Améri-      ploma de GP em governo;
co Pinto; (3) Christina Barbosa; (4) Darci
                                              2. Benchmarking EM GEREN-
Prado; (5) Eliseu Castelo Branco Júnior;
                                              CIAMENTO DE pROjETOS NO
(6) Lysio Séllos; (7) Margareth Fabíola dos
                                              BRASIL
Santos Carneiro; (8) osmar Zózimo de
                                              Esta apresentação teve como foco
Souza Júnior; e (9) Roberto Gattoni. Foram
                                              apresentar o posicionamento atual
91 mensagens, 2040 hits e 17 participantes
                                              de importantes segmentos empre-
ativos, além dos moderadores.
                                              sariais brasileiros em relação as
os participantes da MD presencial foram:      suas práticas de gerenciamento de
(1) Alberto Sulaiman Sade Júnior; (2)         projetos, servindo como referência
Américo Pinto; (3) Margareth Fabíola dos      para organizações e profissionais
Santos Carneiro; e (4) osmar Zózimo de        que tenham interesse em alcançar




                                                                                        25
Souza Júnior (os participantes da MD          a excelência no desenvolvimento
presencial agradecem à SGBC que viabi-        de seus projetos;
lizou suas presenças no evento).
                                              3. UM Framework pARA ALI-
A MESA DE DEBATES pRESENCIAL                  NhAMENTO DE pERCEpÇÃO
Na mesa de debate presencial foram apro-      ESTRATéGICA DE pROGRAMAS
fundados alguns assuntos destacados na        E O pROCESSO DE DECISÃO
MD virtual. De modo resumido, os assun-       EM pROjETOS
tos abordados na MD presencial foram os       Atualmente evidencia-se que o
seguintes:                                    desempenho organizacional é
                                              prejudicado devido à lacuna de
1. GERENCIAMENTO DE pROjETOS NO
                                              mecanismos de gestão existente
GOVERNO
                                              entre a definição da estratégia e
Quando o governo atua com melhores práti-
                                              sua execução, mais especifica-
cas de gerenciamento de projeto faz o uso
                                              mente quanto à gestão de percep-
mais eficaz do dinheiro público. Através de
                                              ção do gestor. o contexto deste
práticas de gestão de projetos o governo
                                              estudo delimita-se à conexão en-
produz mais, com menos, permite con-
                                              tre os níveis de programas e pro-
troles e pode dar transparência às ações.
                                              jetos organizacionais. A gestão e
A boa gestão de projetos governamentais
                                              organização por projetos como e-
e sociais é de interesse de todo cidadão.
                                              lemento de implementação da es-
o objetivo foi apresentar o posicionamento
                                              tratégia constitui uma opção à la-
atual de importantes segmentos empresa-
                                              cuna do alinhamento entre o nível
riais brasileiros em relação às suas práti-
                                              estratégico e o nível de operação,
cas de gerenciamento de projetos, ser-
                                              em especial, quando se trata da
vindo como referência para organizações
                                              formação da percepção do gestor
e profissionais que tenham interesse em
                                              quanto aos objetivos estratégicos
alcançar a excelência no desenvolvimento
                                              determinados nos programas or-
de seus projetos; ampliar a atuação do PMI
                                              ganizacionais e o impacto destas
GovSIG no mundo, em especial em novos
                                              nas decisões tomadas em projetos
mercados da América Latina, Europa e
                                              que os implementa.
ásia; melhorar a Gestão do Conhecimen-
to, servindo como fonte de referência em      CONCLUSÃO
gerenciamento de projetos para governo e      Esse pequeno artigo faz o regis-
criar um Knowledge Center; aproximar-se       tro da Mesa de Debates Presen-
                                                                                   ESPECIAL
cial “Gestão de Projetos e Gestão     gresses.pmi.org/LatinAmerica2005/Lan-
Mesa Redonda 5



                 de Conhecimento”        acontecida    dingClosed.cfm .
                 em 30 de agosto de 2006, du-          PINTo, Américo. Benchmarking em Ge-
                 rante o GeCIC. A opção foi con-       renciamento de Projetos no Brasil. Editora
                 tar a história da MD e os eventos     Senai, Rio de Janeiro, 2005. Apresentação
                 que a precederam desde 2005,          disponível em http://www.americopinto.
                 procurando dar o crédito devido a     com.br/biblioteca.htm , obtida em 03 de
                 todos os participantes. o autor se    abril de 2007.
                 desculpa caso alguém tenha sido
                 omitido: buscou-se o máximo de        CARNEIRo, Margareth. Gerenciamento
                                                       de Projetos no Governo. Apresentação
                 informação possível para realizar
                                                       para o GeCIC, 30 de agosto de 2006.
                 esse registro.
                                                       http://pmisp.org.br/exe/artigos/Palestra_
                 BIBLIOGRAFIA                          PMISP_31Ago06.pdf, obtida em 03 de
26




                 SuLAIMAN, Alberto, BARRoS,            abril de 2007.
                 Adolfo Costa D’Assunção, RoDRI-
                                                       SouZA JR, osmar Zózimo de. um Frame-
                 GuEZ, Roberto Blanco - Gestão         work para alinhamento de percepção es-
                 de Conhecimento e Gerência de         tratégica de Programas e o Processo de
                 Projetos: Ferramentas & Técnicas      Decisão em Projetos. Dissertação de Mes-
                 do PMBoK®, PMI Latin America          trado. Pontifícia universidade Católica do
                 Congress - Santiago, Chile, 06-08     Paraná, 2006. http://www.produtronica.
                 de novembro de 2006. Informa-         pucpr.br/publico/ppgeps/conteudo/dis-
                 ções sobre o congresso obtidas        sertacoes/pdf/osmarZozimo.pdf,      obtida
                 em 03 de abril de 2007: http://con-   em 03 de abril de 2007.




   ESPECIAL
INoVAção E
CoNHECIMENTo
oRGANIZACIoNAL
Ingrid Paola Stoeckicht
Innovation, Practices & Strategies
Mestre em Sistemas Integrados de Gestão
ingrid@innovation.com.br




                                          ESPECIAL
A mesa redonda sobre inovação e        Inovação”, um novo instrumento do MCT,
Mesa Redonda 7



                 conhecimento organizacional reali-     serviço de governo eletrônico; ferramenta
                 zado no 1º Congresso Ibero-Ame-        de grande importância no apoio à coopera-
                 ricano de Gestão do Conhecimento       ção entre empresas, ICTIs, a comunidade
                 e Inteligência Competitiva realiza-    técnico-científica e outras organizações de
                 da em Curitiba, trouxe importantes     fomento à inovação, que objetiva estimular
                 contribuições no sentido de fomen-     a geração de conhecimentos e promover a
                 tar a discussão em busca de uma        competitividade das empresas nacionais,
                 organização social da inovação em      o desenvolvimento sustentável e a difusão
                 nosso país.                            de tecnologias competitivas no comércio
                                                        internacional.
                 Para tal, tivemos o prazer de rece-
                 ber representantes de três institui-   o Sr. José Eduardo Fiates apresentou as
                 ções nacionais com forte atuação       principais ações da ANPRoTEC, cujo pa-
28




                 na área de inovação junto ao setor     pel é criar mecanismos de apoio às incuba-
                 acadêmico, empresarial e gover-        doras de empresas, parques tecnológicos,
                 namental: o Sr. Alessandro Teixei-     pólos, tecnópoles e outras entidades pro-
                 ra da ABDI – Associação Brasileira     motoras de empreendimentos inovadores,
                 de Desenvolvimento Industrial; os      fortalecendo-as como instrumentos para
                 Srs. Roberto Pacheco e Vinicius        o desenvolvimento sustentável nacional,
                 Kern do Instituto Stela - uFSC, e      tendo como objetivo a criação e fortaleci-
                 o Sr. José Eduardo Fiates da AN-       mento de empresas baseadas em conhe-
                 PRoTEC - Associação Nacional           cimento. Apresentou informações acerca
                 de Entidades Promotoras de Em-         dos diversos programas através dos quais
                 preendimentos Inovadores.              a entidade busca consolidar seus objeti-
                 As apresentações abordaram a           vos institucionais; a saber: Programas e
                 necessidade de o Brasil estabe-        Incentivos ao Movimento de Incubação
                 lecer vínculos cooperativos dire-      Programa Nacional de Apoio a Incubadora
                 tos entre a comunidade científica      de Empresas (PNI), Fundos Setoriais de
                 e tecnológica e empresas do setor      Ciência & Tecnologia, dentre outros, e os
                 público e empresarial do País; de-     resultados obtidos por meio das ações ins-
                 manda esta que se acentuou sig-        titucionais desenvolvidas pelos associados
                 nificantemente a partir da regula-     da ANPRoTEC.
                 mentação da “Lei de Inovação”.         Por fim, na apresentação acerca da ABDI
                 os Srs. Pacheco e Kern, do Instituto   - Agência Brasileira de Desenvolvimento
                 Stela, fizeram um breve relato so-     Industrial - foi realizada uma explanação
                 bre o Sistema Nacional de Inovação     de suas ações visando promover o de-
                 (SNI), o papel de cada ator na rede    senvolvimento industrial e tecnológico
                 de inovação e o papel da Gestão        brasileiro por meio do aumento da com-
                 do Conhecimento neste processo.        petitividade e da inovação. Seu foco princi-
                 Abordaram, também, situações e         pal de atuação é nos programas e projetos
                 fatores de inovação no País, di-       estabelecidos pela Política Industrial, Tec-
                 vulgando informações acerca de         nológica e de Comércio Exterior (PITCE),
                 agências de apoio, instrumentos e      da qual é coordenadora e promotora, e nos
                 iniciativas pró-inovação existentes.   quais atua como elemento de articulação
   ESPECIAL      Por fim, apresentaram o “Portal        entre as diretrizes estratégicas discutidas
em várias instâncias governamentais e na     comercialmente por não disporem




                                                                                       Mesa Redonda 7
sociedade civil e os executores de políti-   do conhecimento e dos recursos
cas públicas.                                necessários para tal, por desco-
                                             nhecerem os caminhos para pro-
As três apresentações tiveram um fio con-    teger sua propriedade intelectual,
dutor comum: a discussão sobre formas de     e por não pertencerem à redes de
alavancar a competitividade nacional por     inovação formais.
meio da inovação, de maneira sustentável.
                                             Certamente, no Brasil de hoje,
Verificamos, portanto, o comprometimento
                                             existe um cenário muito mais fa-
destas instituições em buscar promover,
                                             vorável à inovação do que há anos
o que poderíamos chamar de “uma orga-
                                             atrás. Verificamos uma tendência
nização social da inovação”, traduzindo-se
                                             crescente nos meios acadêmicos
na necessidade de gerenciar a inovação       e instituições do setor público e




                                                                                       29
enquanto uma competência essencial de        privado de engendrar ações que
um país em desenvolvimento, por meio do      promovam o diálogo entre os diver-
fomento e apoio ao diálogo, intercâmbio e    sos atores das redes de inovação
interdependência entre os mais diversos      no país. Acreditamos, no entanto,
arranjos organizacionais no processo de      que a inovação deve tornar-se uma
criação de novos conhecimentos.              competência essencial à competi-
                                             tividade, acessível à grande maio-
No entanto, instituições comprometidas em
                                             ria dos profissionais de mercado
buscar esta nova organização da inova-       que não estão ligados à centros
ção devem fomentar o empreendedorismo        de pesquisas acadêmicas, do go-
inovador, não somente em empresas de         verno ou empresariais e às redes
diversos setores ou portes, como, tam-       e sistemas de inovação regionais,
bém, auxiliar os milhares de profissionais   mas que contribuem, sobremanei-
autônomos que desenvolvem soluções           ra, mesmo que de forma esporádi-
inovadoras, mas que enfrentam imensos        ca e não sustentável, à geração de
desafios em tornar seus inventos viáveis     riqueza de nosso País.




                                                                                  ESPECIAL
DIMENSõES DA GESTão
    Do CoNHECIMENTo
    NA CÂMARA DoS
    DEPuTADoS




                 Cássia Regina o. M. Botelho
                              Câmara dos Deputados
                Especialista em Administração e GC
                   cassia.botelho@camara.gov.br

                                 Roberto Costa
                           Câmara dos Deputados
                                     Engenheiro
                    roberto.costa@camara.gov.br




ESPECIAL
No setor público, a Gestão do Conheci-         da Casa, a partir da análise das




                                                                                          Mesa Redonda 8
mento pode ser visualizada sob dois pris-      respostas contidas nos formulários
mas: o da política pública e o da ferramen-    coletados após as palestras.
ta gerencial. É política pública porque visa   Daí surgiu a necessidade de im-
dar efetividade e excelência ao serviço        plementar, de forma prática, um
público prestado, com perspectivas de mé-      projeto piloto que respondesse às
dio a longo prazo. É ferramenta gerencial      demandas apontadas pelos fun-
porque busca otimizar processos e eliminar     cionários da Casa, a fim de validar
redundâncias, mapear onde está o conhe-        a aplicabilidade da GC na Câmara
cimento na instituição, quem são os peri-      dos Deputados. Alguns dos pres-
tos, onde estão as soluções que possam         supostos considerados relevantes
subsidiar o processo decisório, em tempo       para a escolha desse projeto
hábil para a resolução dos mais diversos       foram:




                                                                                          31
problemas. Para tal, é necessário, organi-
zar, filtrar e encontrar as competências e     • praticidade – o resultado do pro-
informações.                                   jeto deve ser a solução de pro-
                                               blemas reais e relevantes para a
A partir dessas premissas e consideran-        Casa;
do, neste primeiro momento, a Gestão do
Conhecimento como uma ferramenta ge-           • viabilidade – o projeto não deve
rencial, em março de 2004, foi instituído,     ter custos financeiros diretos;
na Câmara dos Deputados, por meio da           • abrangência – o projeto deve
Portaria nº 20 da Diretoria-Geral, o Grupo     abranger várias áreas;
de Trabalho para estudar e propor ações
                                               • generalização - a solução adota-
relacionadas ao tema “Gestão Estratégica
                                               da deve ser passível de ser repro-
da Informação e do Conhecimento”. Fruto
                                               duzida e aplicada em outras situa-
da criação desse grupo, o assunto foi pro-
                                               ções no futuro.
fundamente estudado e discutido. um ciclo
de palestras foi organizado para sensibili-    No aspecto organizacional, a at-
zar os funcionários da Casa em relação ao      mosfera de constantes mudanças
tema, para o qual foram convidados espe-       exerce pressão sobre as institui-
cialistas e dirigentes que implantaram com     ções no sentido de que se dê res-
sucesso a Gestão do Conhecimento em            posta a questões cada vez mais
suas organizações. Ao final de cada pa-
lestra - foram 16 no total, os participantes
eram convidados a preencher um formu-
lário com algumas indagações, como, por
exemplo, “Você identificou de que modo a
Gestão do Conhecimento pode melhorar o
desempenho do seu setor?”
Entre outros resultados, o Grupo, que atu-
almente funciona com a estrutura de um
Comitê multidisciplinar, apresentou uma
publicação, ao final de 2004, contendo a
transcrição de todas as palestras e algu-
mas recomendações sobre o tema dirigi-
das ao Grupo pelos próprios funcionários                                             ESPECIAL
complexas em tempos cada vez           complexos certames licitatórios. Assim, a
Mesa Redonda 8



                 menores. Segundo alguns relatos        implementação de uma comunidade virtu-
                 observados e toda a literatura em      al de práticas que discutisse a questão das
                 relação ao tema, o compartilhamen-     aquisições foi eleita como uma proposta a
                 to de informações e a validação do     ser encampada pela administração.
                 conhecimento produzidos por meio       A participação na Comunidade Virtual
                 de uma comunidade virtual de           de alguém que atuou no processo de
                 práticas contribui para melhorar o     aquisição proporcionou o acesso e o de-
                 desempenho da instituição e para       bate com membros que exerciam ativi-
                 aumentar a sua efetividade, com        dades, por exemplo, no órgão interessado
                 o mínimo de recursos e tempes-         pela aquisição. A meta era a de que todas
                 tividade. Mas qual assunto discutir    essas áreas “falassem a mesma língua”, e
                 nessa Comunidade? Qual seria o         que, com essa “linguagem” estabelecida,
32




                 nosso projeto piloto de sucesso?       no futuro, o objetivo era que qualquer fun-
                 Em 2002, já ocorrera uma tentativa     cionário, fosse ele antigo ou novo na Casa,
                 semelhante na Casa, que, apesar        ao necessitar realizar uma aquisição,
                 dos resultados positivos de um         soubesse, com segurança, que caminho
                 fórum que discutiu o Regimento In-     percorrer. Foi validado na comunidade um
                 terno, havia sido frustada por outro   manual produzido pela Assessoria Técnica
                 fórum em que não houve a atuação       da Casa que, com a contribuição de vários
                 de um moderador, elemento essen-       setores, culminou com a publicação ele-
                 cial nas comunidades virtuais para     trônica do Manual de Aquisições da Câmara
                 dar o “tempero” certo à discussão.     dos Deputados, que, hoje, encontra-se em
                 A partir dessas considerações, ob-     sua 2ª edição, dada a dinâmica das comi-
                 servamos que, nos últimos anos,        nações legais — aqui entendidas recentes
                 houve na Câmara um sensível            decisões do TCu, jurisprudências dos tri-
                 acréscimo do número de proces-         bunais judiciários, instruções normativas,
                 sos de aquisições de serviços e        decretos e portarias do Poder Executivo
                 mão-de-obra, proporcionalmente         que envolvem o tema e suscetibilidades
                 superior ao ganho em pessoal. o        dos produtos a serem adquiridos. Devem
                 processo de aquisições envolve         ser analisadas, por exemplo, as compras
                 praticamente toda a Casa, isto é,      com foco no compromisso de não serem
                 ocorre de forma bastante descen-       adquiridos materiais que agridam o meio
                 tralizada. Em vista disso, é natu-     ambiente ou que comprometam a sus-
                 ral que o profissional interessado     tentabilidade. A partir dessa experiência,
                 em alguma aquisição detenha um         outras comunidades virtuais foram cria-
                 conhecimento       majoritariamente    das na Casa em áreas que tratam desde
                 técnico sobre o assunto. Contudo,      o processo legislativo até a comunicação
                 o trabalho diário com aquisições       social. Muitas outras práticas de GC foram
                 e licitações exige do profissional     efetivadas ao longo desse tempo: o Guia
                 uma visão abrangente de Admi-          de Serviços (“Páginas-Amarelas”) da Insti-
                 nistração Pública, uma vez que         tuição, o Banco de Talentos, o Tesauro e
                 envolve etapas que compreendem         o Glossário de Termos Legislativos e orça-
                 desde a realização de um projeto       mentários, o salto qualitativo do Portal da
                 básico até a elaboração do orça-       Câmara dos Deputados, a Rede do Saber
                 mento, a justificativa de preços e     Legislativo, o observatório do Legislativo
   ESPECIAL
Internacional e o Concurso Bienal Câmara       nizados pela Gestão do Conheci-




                                                                                          Mesa Redonda 8
em Idéias.                                     mento no âmbito da Administração
Em especial, destacam-se as ações de-          Pública é a satisfação do cidadão
senvolvidas, em parceria com o Núcleo de       brasileiro, que recebe melhores
Gestão Ambiental da Câmara dos Deputa-         serviços e atenções por parte do
dos (Ecocâmara), na área de Engenharia         ente público.
da Casa, que incorporam a Gestão do            A Casa está sempre disposta a
Conhecimento em suas “melhores práti-          compartilhar experiências e de-
cas” diariamente, promovendo o chamado         senvolver programas com outras
“Troca-Troca do Saber” e viabilizando rea-     organizações interessadas. Para
lizações. Apesar de muitos questionamen-       tanto, basta entrar em contato
tos existirem sobre os resultados práticos     com o nosso Comitê de Gestão
da Gestão do Conhecimento (indicadores         do Conhecimento, no endereço




                                                                                          33
tangíveis e intangíveis), isso não ocorre na   cgc@camara.gov.br.
Câmara dos Deputados, principalmente na        Nesse caminho percorrido, a nossa
área de engenharia. Podem ser observados       principal lição aprendida, parafra-
resultados concretos em relação à redução      seando uma sábia e famosa frase
de custos, gerada a partir do projeto de       do urbanista Lúcio Costa, é que,
Gestão do uso e Reúso da água Potável          ao final, “os interesses do homem
e águas Pluviais (economia projetada de        como indivíduo, nem sempre coin-
R$ 1.200.000,00 ao ano) e do programa          cidem com os interesses desse
de Limpeza do Espelho D’água (economia         mesmo homem como ser coletivo.
projetada de R$ 300.000,00 ao ano). Há,        Cabe, então, ‘aos trabalhadores
ainda, muitas outras ações em andamento.       da Era do Conhecimento’ procu-
Podemos ressaltar o programa de Gestão         rar resolver esta contradição fun-
de Eficiência Energética, em que se pro-       damental.”
cura resolver as questões relativas à eco-
nomia e ao direcionamento para a efetiva
melhoria na qualidade de vida no ambiente
de trabalho (as atividades já desenvolvidas
e as em andamento sinalizam a redução
de R$ 4.000.000,00 ao ano nos custos com
enegia elétrica).
É reconhecido, portanto, que os princípios
que norteiam a Gestão do Conhecimento,
encontram na área da engenharia dos es-
paços públicos um dos seus reais fatores
de aplicabilidade, pois essa, lida com as
necessidades básicas do indíviduo. Nesse
sentido, o incessante compartilhamento de
informações e saberes, sejam técnicos ou
funcionais, é de fundamental valia para o
aprimoramento das ações nessa área do
saber.
o “lucro” de todos os conceitos      preco-
                                                                                     ESPECIAL
GESTÃO pÚBLICA
           NA SOCIEDADE DO
             CONhECIMENTO

                                         Marcos Cavalcanti
                               CRIE - Centro de Referência em
                                       Inteligência empresarial
                  Doutor em Informática - Université de Paris XI
                                          marcos@crie.ufrj.br




ESPECIAL
Estamos vivendo em plena sociedade do          cia e efetividade?




                                                                                          Mesa Redonda 8
conhecimento com uma estrutura pública
                                               Para os especialistas, EFICIÊN-
de governo concebida no século xVIII.
                                               CIA está relacionada em fazermos
Como isto pode dar certo? Neste artigo
                                               as atividades corretamente. Quan-
gostaria de contar algumas histórias que fui
                                               to mais resultados obtivermos com
coletando ao longo destes 10 anos de tra-
                                               uma dada quantidade de recursos
balho pela inserção competitiva do Brasil
                                               disponíveis, mais eficientes se-
na Sociedade do Conhecimento. No final
                                               remos. Quanto mais processos o
apresento, à guise de conclusão, algumas
                                               INSS despachar (para uma mes-
reflexões sobre como podemos sair deste
                                               ma quantidade de funcionários),
atoleiro...
                                               mais eficiente ele será.
1) A LILI E A MáqUINA pÚBLICA
                                               Mas, obviamente, isto não é sufi-
Esta semana a Lili, a moça que trabalha lá




                                                                                          35
                                               ciente! Ele precisa ser EFICAZ, ou
em casa, me contou o drama de sua mãe
                                               seja, fazer as atividades corretas,
para conseguir a pensão do INSS: foram
                                               e EFETIVo: gerar resultados, dar
mais de cinco idas à agência para levar
                                               o retorno que a sociedade deseja.
documentos! A cada vez colocavam a ne-
cessidade de trazer um novo documento,         Nossa sociedade é muito pouco
deixando-nos a clássica pergunta: porque       exigente! A mãe da Lili aprendeu
não deram a lista completa da primeira         que os serviços do Estado são
vez, ou, ainda melhor, porque não informa-     uma benesse que ela recebe e
ram qual a lista de documentos necessá-        não um direito pelo fato dela ser
rios ANTES dela ir ao posto de uma única       uma cidadã.
vez?
                                               Claro que podemos REVER oS
A resposta é evidente: criar dificuldades      PRoCESSoS Do INSS E ToRNá-
para vender facilidades. Todos nós temos       LoS EFICIENTES! Fizemos isso
um caso para contar a este respeito, mas o     com as delegacias de polícia do Rio
que talvez não tenhamos consciência é do       de Janeiro no programa Delegacia
custo desta ineficiência, não apenas para a    Legal. Eram mais de 70 livros
mãe da Lili, mas para o país.                  desnecessários e um processo de
                                               trabalho totalmente irracional, que
Para a mãe da Lili, o INSS a obrigou:
                                               fazia um inquérito policial demorar
• a gastar cinco vezes mais com o trans-       mais de 18 meses, em média. Com
porte (um dinheiro que ela não tinha pre-      os novos processos, um inquérito
visto em seu orçamento contado, onde           passou a demorar menos de dois
R$ 2,00 fazem uma grande falta);               meses, em média. Mais importante
                                               ainda, a polícia civil do estado do
• a perder cinco dias de trabalho;
                                               Rio dispõe de um sistema com in-
Para a sociedade e o país, o INSS:             formações valiosíssimas que per-
                                               mitiriam o desmantelamento de
• desperdiçou cinco dias de trabalho;
                                               várias quadrilhas e um combate
• ocupou, desnecessariamente, vários fun-      muito mais eficaz ao crime. Mas,
cionários públicos.                            apesar de termos mudado os pro-
                                               cessos, não mudamos a gestão.
Alguém já parou para pensar no custo da
nossa ineficiência? Mas e a falta de eficá-    No nosso caso do INSS nem isso        ESPECIAL
Palavra da SBGC sobre o KM Brasil 2006
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Palavra da SBGC sobre o KM Brasil 2006

  • 1. A Revista da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento. nº 04. maio de 2007 Edição Especial • KM Brasil 2006 A Revista da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento. nº 04. maio de 2007 ESPECIAL
  • 2. SuMáRIo Editorial 04 Palavra da SBGC 05 Heitor José Pereira Presidente da SBGC Palavras do Conselho Científico A Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento 08 em relação aos diferentes setores Por Maria Terezinha Angeloni Presidente do Conselho Científico da SBGC Mesa Redonda 2 o processo de implantação da Gestão do Conhecimento: 09 barreiras e facilidades Por Luiz Carlos Valle Ramos / Roger Lahorgue Castagno Júnior Mesa Redonda 3 Tutorial: Construção coletiva do saber 14 Alavancando valor por meio de redes dinâmicas de conhecimento Por Filipe Cassapo Tutorial: GC no KM Brasil 2006 Por Maria de Lourdes Martins 17 Tutorial: Gestão do Conhecimento em organizações: Proposta de mapeamento conceitual integrativo 20 Por Rivadávia Correa Drummond de Alvarenga Neto Mesa Redonda 5 A mesa de debates sobre gestão de projetos e 24 Gestão de Conhecimento no GeCIC Por Alberto Sulaiman Sade Júnior Mesa Redonda 7 27 Inovação e conhecimento organizacional Por Ingrid Paola Stoeckicht Mesa Redonda 8 Dimensões da Gestão do Conhecimento 30 na Câmara dos Deputados Por Cássia Regina o. M. Botelho e Roberto Costa Gestão pública na Sociedade do Conhecimento Por Marcos Cavalcanti 34 ESPECIAL
  • 3. ExPEDIENTE Expediente uma publicação da: Rivadávia Correa Drummond de SBGC – Sociedade Brasileira de Alvarenga Neto Gestão do Conhecimento Roberto Pacheco www.sbgc.org.br Rodrigo Baroni Serafim Firmo de Souza Ferraz Integrantes Permanentes do Silvio Aparecido dos Santos Conselho Científico da SBGC Sonisley Machado Walter Félix Cardoso Jr. Presidente: 03 Maria Terezinha Angeloni REVISTA GC BRASIL Editora-Chefe: Elisabeth Gomes Alberto Sulaiman Sade Júnior Aline França de Abreu Produção Executiva: Carlos olavo Quandt Maria de Lourdes Martins Chu Shao Yong Supervisor Editorial: Eduardo Moresi Anderson Fagundes de Paula Faimara do Rocio Strauhs Fernando Antônio Ribeiro Serra Jornalista Responsável: Hélio Gomes de Carvalho Cristiano Pio MG 09315 JP Gilson Schwartz Revisão: Guilherme Ary Plonski Cristiano Pio e Helena Pereira da Silva Anderson Fagundes de Paula Helena Tonet João Amato Neto Diagramação: Jorge Tadeu de Ramos Neves Fator Um Comunicação e José Ângelo Gregolin Eventos José Rodrigues Edição de Imagens: Kira Tarapanoff Maria de Lourdes Martins e Marília M.R. Damiani Costa Ana Mambrini Moacir de M. oliveria Mônica Erichsen Nassif Borges Design: Quinto Elemento Raquel Balceiro Resilda Rodrigues Tecle conosco: Ricardo Roberto Behr gcbrasil@sbgc.org.br ESPECIAL
  • 4. Editorial EDIToRIAL 04 Pode parecer estranho a alguns de vocês fazer uma revista sobre um evento que já aconteceu. Mas, se pensarmos que Gestão do Conhecimento preconiza compartilhar e registrar conhecimento para uso, o conteúdo desta revista está nesta linha: estamos registrando, no formato de artigos, o conhecimento compartilhado nas mesas redondas do KM BRASIL 2006. Esta revista é um número especial da GC Brasil e vai apresentar a vocês um resumo, na visão dos palestrantes, dos assuntos tratados nas mesas redondas do evento. A mesa 1 tratou da medição de ativos intangíveis e sustentabilidade; a mesa 2 tratou sobre o processo de implantação da Gestão do Conhecimento: barreiras e facilidades; A mesa 3 foi um tutorial - como implementar, contextualizar e focar a gestão na estratégia, conhecimento e retorno do investimento. Tivemos ainda a mesa 4 que abordou práticas de Gestão do Conhecimento no agronegócio; a mesa 5 sobre gestão de projetos e Gestão do Conhecimento; a mesa 6 teve como tema a educação e conhecimento: uma agenda para o Brasil; a mesa 7 discutiu inovação e conhecimento organizacional e, por último, a mesa 8 que nos apresentou discussões sobre Gestão do Conhecimento na Administração Pública. Algumas dessas mesas redondas não possuem artigos publicados aqui. A razão é simples: alguns autores não puderam enviar seus artigos por diversos motivos, mas nos prometeram que os enviarão até o final deste semestre e, então, neste caso, os publicaremos nos números regulares da GC Brasil. Portanto, não se preocupem: não ficaremos sem esses registros tão preciosos. Neste contexto esta revista foi organizada por mesa redonda de forma que os leitores possam escolher a ordem da leitura. Faço a vocês uma sugestão: leiam todos os artigos. Estão ótimos! Tratam seus temas de forma clara, o que nos faz refletir. Sendo assim, nada mais me resta para falar sobre este número especial, que não seja desejar BoA LEITuRA! Elisabeth Gomes Editora-Chefe da GC Brasil Coordenadora de Conteúdo e ESPECIAL Publicações da SBGC
  • 5. Heitor José Pereira Presidente da SBGC Gestão 2007-2009 heitorrh@gmail.com Nos anos de 2005 e 2006, a SBGC realizou vários eventos, de âmbito nacional e regional, e, apesar de muitas dificuldades neste período, conseguimos, nos dois anos, cumprir, no calendário anual de atividades o nosso principal evento, o KM Brasil. Em 2005, o KM Brasil foi realizado novamente Assim, várias universidades tiveram em São Paulo e o tema principal do congres- espaço para uma ampla discussão so foi “A interação universidade-Empresa na sobre a importância estratégica das Sociedade do Conhecimento”, cujo objetivo pesquisas acadêmicas e a transfe- era refletir sobre a presença vital do setor rência de seus resultados para a so- acadêmico nos processos de criação e trans- ciedade brasileira, tanto em âmbito ferência de conhecimento para a competi- nacional como regional. Ficou clara, tividade e sustentabilidade das empresas. em várias apresentações, a contri- ESPECIAL
  • 6. buição destas instituições para que nizações, dos setores público e privado, bem Palavra da SBGC o País possa, de um lado, resolver como da academia, apresentando propostas problemas de natureza social, e, de e idéias relacionadas a práticas de Gestão outro lado, também fortalecer sua do Conhecimento que contribuam para a posição tecnológica e a competitivi- gestão sustentável. Isto indica um novo de- dade das empresas brasileiras no safio para os profissionais atuantes na área mercado doméstico e internacional. de GC, pois será necessário, cada vez mais, Este tema continua na agenda vincular as ações de GC com a perspectiva permanente das preocupações da perenidade das organizações. Por exem- da SBGC, pois faz parte da sua plo, na sessão dedicada ao agronegócio, fi- missão. cou evidente a importância de agregar cada vez mais valor aos produtos agropecuários Em 2006, pela primeira vez, o KM nas fontes de produção, sobretudo no seg- Brasil foi realizado fora de São mento de cooperativas de produtores rurais, Paulo, na cidade de Curitiba, uma o que significa aumentar o desafio do con- vez que a SBGC decidiu comparti- hecimento neste setor e beneficiar milhares lhar com outras entidades a realiza- 06 de famílias brasileiras que dependem desta ção de um novo evento de caráter atividade econômica. interdisciplinar e bianual, o GeCIC – Congresso Brasileiro de Gestão Em outra sessão, coordenada pela do Conhecimento e Inteligência Fundação Nacional da Qualidade – FNQ, Competitiva. o tema geral decidido foram apresentados três casos de empresas pelas entidades foi “Norteando a brasileiras que foram premiadas pelos crité- Competição Sustentável”. rios de Excelência em Gestão e que desta- caram suas ações relacionadas aos ativos Assim, o LACTEC - Instituto de intangíveis, objeto do critério 5 do Prêmio Tecnologia para o Desenvolvimento, Nacional da Qualidade, relacionado à gestão ficou encarregado da organização da informação e do conhecimento. geral do GeCIC e foram realizados os seguintes eventos paralelos: Já no setor público, alguns dos casos apre- 1º Congresso Ibero-Americano sentados mostram que práticas de Gestão de Gestão do Conhecimento e do Conhecimento têm como benefício final Inteligência Competitiva, sob tu- os próprios cidadãos ou contribuintes, razão tela do IBICT/MCT; o 6º Workshop de ser da existência de tais instituições. de Gestão do Conhecimento e Enfim, a grande contribuição temática do KM Inteligência Competitiva, sob amparo Brasil 2006 foi apresentar evidências práti- da FINEP; o Encontro Nacional de cas de que ações orientadas pela Gestão do Analistas de Inteligência Competitiva, Conhecimento garantirão perenidade e com- sob coordenação da ABRAIC e o 5º petitividade para as organizações brasilei- KM Brasil, organizado pela SBGC. ras. Sem dúvida, este é um fator estimulante para as ações da SBGC, sobretudo no cum- Para a SBGC, foi uma experiência primento de sua missão de disseminar as nova, tanto em termos da organiza- práticas de Gestão do Conhecimento. ção (compartilhada), como levar o KM Brasil para outras regiões do Espero que esta presente edição, seja tes- País. Podemos afirmar que o re- temunho e registro histórico das discussões sultado foi satisfatório, conforme e resultados apresentados por profissionais pesquisa de avaliação entre os par- da academia, setor público e privado, con- ticipantes do evento. Certamente, sultores e gestores empresariais, e que seja em 2008, quando voltar a segun- referência para aqueles profissionais e em- da edição do GeCIC, a SBGC tem presas que ainda olham com desconfiança a compromisso previamente acordado Gestão do Conhecimento. o evento nos per- com as demais entidades de integrar mite concluir que a Gestão do Conhecimento novamente aquele evento, devendo já não pode mais ser vista como modismo gerencial, e, sim, como uma evolução ge- incorporar as lições aprendidas na rencial pela qual todas as organizações de- primeira edição. verão passar como requisito para alcançar Em termos técnicos, o evento contou estágios avançados de competitividade e da ESPECIAL com a participação de várias orga- sua própria sustentabilidade.
  • 7. PALAVRAS Do CoNSELHo CIENTÍFICo Maria Terezinha Angeloni Presidente do Conselho Científico da SBGC Gestão 2007-2009 angelggc@hotmail.com ESPECIAL
  • 8. A SoCIEDADE BRASILEIRA DE Palavras do Conselho Científico GESTão Do CoNHECIMENTo E A RELAção CoM oS DIFERENTES SEToRES DA SoCIEDADE A Sociedade Brasileira de Gestão Vale destacar também a diversidade de do Conhecimento - SBGC, tem abordagens no conjunto de trabalhos que como objetivo central abrir espaços vêm sendo apresentados cobrindo prati- que possibilitem o diálogo entre os camente todos os referenciais teóricos e todos os assuntos tratados pelas áreas de 08 diferentes setores da sociedade buscando estimular discussões Gestão do Conhecimento. e inter-relacionamentos entre os Agradecemos aos autores de trabalhos mundos acadêmico, profissional e científicos que, cada vez mais, escolhem organizacional. o KMBrasil como o fórum para o debate os temas dos eventos que organi- de suas reflexões sobre a sociedade e as za vem ao encontro de sua missão, organizações da era da informação e do que consiste em: conhecimento. Contribuir para o compartilhamento Nossos agradecimentos aos integrantes de conceitos, métodos e técnicas do Conselho Científico e avaliadores, todos que promovam a socialização do doutores, que formam o Comitê Científico conhecimento, visando o aumento que atua na árdua, anônima e silenciosa da efetividade das organizações, a tarefa de avaliação dos trabalhos apresen- competitividade do País e a quali- tados. dade de vida das pessoas. Queremos ressaltar Missão da SBGC: o nosso orgulho por Contribuir para o As chamadas de trabalhos têm compartilhar esse compartilhamento de atraído a atenção de inúmeros esforço com pessoas conceitos, métodos e pesquisadores e profissionais com tamanha com- brasileiros, que submetem, a cada técnicas que promo- petência, seriedade ano, um número crescente de tra- vam a socialização do e conhecimento. um balhos. esforço voluntário conhecimento, visando Dos trabalhos apresentados ape- que, temos certeza, o aumento da efetivi- nas uma parte é selecionado, tan- enriquece sobrema- dade das organizações, to para apresentação oral, como neira os eventos e, a competitividade do para apresentação em pôster. São acreditamos, eno- País e a qualidade números expressivos, que refor- brece cada um de de vida das pessoas. çam a importância da área no Bra- nós. sil. Vale ressaltar a procedência Esperamos poder continuar contando com dos trabalhos oriundos tanto do a participação, tanto dos autores como mundo acadêmico como do empre- dos avaliadores, nos próximos KM Brasil, sarial, fortalecendo o objetivo dos espaço de diálogo e debates aberto pela eventos: estabelecer a discussão SBGC para o amadurecimento das teo- e a interação entre os diferentes rias e práticas de Gestão do Conhecimen- setores da sociedade na busca de to que, cada vez, mais vêm integrando mecanismos de compartilhamento os modelos de gestão nas organizações ESPECIAL e transferências de conhecimento. brasileiras.
  • 9. o PRoCESSo DE IMPLANTAção DA GESTão Do CoNHECIMENTo: BARREIRAS E FACILIDADES Luiz Carlos Valle Ramos Universidade Bematech Engenheiro Mecânico - UFRJ luiz.ramos@bematech.com.br Roger Lahorgue Castagno Júnior Universidade Bematech Engenheiro Civil - UCPel roger.castagno@bematech.com.br ESPECIAL
  • 10. INTRoDução zidos em termos de inovações, qualidade Mesa Redonda 2 As profundas transformações por de serviços ou produtos, e produtividade que passa o cenário empresarial no trabalho. Práticas de administração de têm evidenciado a importância de recursos humanos, de acordo com Porter as organizações aprenderem como (1991), serão capazes de criar e sustentar fazer a Gestão do Conhecimento, vantagens competitivas, se complementa- tornando-se este um fator crucial e rem capacitações econômicas, tecnológi- diferenciador para o sucesso. cas, estratégicas e dos produtos em si. Alguns autores preferem a ex- As vertentes sobre gestão de pessoas pressão gestão de talentos hu- mais discutidas, atualmente, apontam três manos, por considerá-la mais aspectos capazes de sustentar a competi- abrangente. o talento humano tividade das empresas. Seriam eles: como inclui motivação, competência, envolver e comprometer pessoas levando conhecimento, criatividade, ge- em conta sua diversidade cultural e ofere- 10 nialidade, habilidades, posturas, cendo segurança e autoconfiança; como atitudes, qualificação, educação, atrair e desenvolver pessoas talentosas etc. Todos esses termos que temos visto com freqüência invadir o am- e como manter a competitividade da em- biente organizacional. presa em um ambiente com tecnologia da informação e o conhecimento circulando A Gestão de Conhecimento (GC) em velocidade crescente. é um processo que extrapola, em muito, a função de gestão de pes- Segundo as teorias organizacionais con- soas, compreende uma infinidade temporâneas, o maior valor competitivo de atividades, processos e abor- das empresas é o capital intelectual. dagens que visam tornar os ambi- os investimentos feitos em GC no mundo entes de trabalho mais proficientes empresarial crescem de forma exponen- em termos de convivência diária, cial, conforme atestam relatórios divulga- produtividade e geração de resulta- dos anualmente pelas entidades voltadas dos. É um esforço que começa nos a esta atividade. gestores estratégicos da empresa e perpassa toda a estrutura, a cul- As “organizações do conhecimento” são tura e as práticas da organização. aquelas voltadas para os seus clientes internos e externos, colocando no plano Fazer a Gestão do Conhecimento central a prestação de serviços (a quali- nas organizações é o atual desafio dade do produto é condição sine qua non), dos profissionais de recursos hu- manos. Algumas funções, porém, tendo uma relação mais próxima com a tem um papel particular, tais como: comunidade, assumindo postura de maior marketing e inteligência competi- responsabilidade para com o meio ambi- tiva, tecnologia da informação e o ente, possuindo gestores motivados, bem cuidado com o fluxo de informa- capacitados e motivadores para atuarem ções, as áreas de pesquisa e de- com as mais complexas tecnologias e ma- senvolvimento. neiras de gerenciar pessoas. Este quadro reflete novos paradig- CoNHECIMENTo mas, tais como os mencionados “É uma mistura de experiências, valores e por Albuquerque (1992), que tra- percepções, informações e dados, a qual tam da iminência de novos con- proporciona uma estrutura para a aplica- tornos para políticas de recursos ção, avaliação e incorporação de novas humanos, voltadas à obtenção de experiências e informações” (Thomas resultados que podem ser tradu- Davenport). ESPECIAL
  • 11. Tipos de conhecimento que: e com produtos finais de quali- Mesa Redonda 2 • ajudem na análise e definição dos pro- dade similar, o grande diferencial blemas; das organizações é a satisfação • respondem às questões operacionais e de seus clientes. o grande ques- de negócios; tionamento é: a satisfação é con- • solucionem problemas, e seguida através das tecnologias • melhorem a performance/desempenho ou do capital intelectual? Tecno- pessoal e organizacional. logias estão ao alcance de todos, GESTão Do CoNHECIMENTo porém o capital intelectual não está Aprendizado organizacional e Gestão do à venda, não pode ser comprado, Conhecimento são vitais na criação e ma- precisa ser desenvolvido e man- nutenção da vantagem competitiva. • é a capacidade organizacional que cria valor a partir do capital intelectual; 10 • são processos de aprendizagem indivi- dual e em equipe, que aumentam a com- petência, e • melhores decisões. SISTEMAS DE EDuCAção CoNTINu- ADA A capacitação dos recursos humanos as- sume importância vital para o desempenho organizacional e o sucesso de qualquer em- presa. Inseridas em um mercado altamente competitivo, em uma economia globalizada tido com políticas adequadas de retenção de talentos. Nesse con- texto, a Gestão do Conhecimento pode ser implementada através ESPECIAL
  • 12. de um sistema de educação con- proveitosas. o engajamento do grupo es- Mesa Redonda 2 tinuada ou de uma universidade tratégico do negócio é evidenciado for- corporativa? (TERRA e ALBANAZ, malmente pela emissão de um elenco de 2003). políticas de RH. As políticas traduzem a Nossas experiências comprovam vontade inquestionável da diretoria, apon- que algumas organizações já fize- tando o alvo de investimentos para RH. As ram a transição do um modelo de políticas trazem anunciadas, com clareza, treinamento tradicional para um o universo de esforço a ser cumprido, de- sistema de educação corporativa, safiando a elaboração de um planejamento e essa é uma das melhores ferra- que aponte o melhor modelo de execução mentas para se fazer a Gestão do (BAYMA e MoNTENEGRo, 2005). Conhecimento organizacional. De uma maneira geral, são três grandes As universidades corporativas pilares que surgem das políticas: são os “guarda-chuvas” estraté- - otimização dos resultados corporativos: 12 gicos das organizações, tendo a partir dos resultados internos, gerados como principal objetivo alavancar o por um grupo de indicadores ou pela ne- negócio. Para isso, devem possuir cessidade de uma ação de modernização, programas que avaliem as reais toma-se, para público-alvo, os empregados necessidades de desenvolvimento do negócio (treinandos internos). A diretriz das pessoas, forneçam condições estratégica das ações necessárias é re- para a aprendizagem organizacio- presentada por um plano de capacitação, nal e contemplem um sistema de descrevendo com detalhes as etapas de educação continuada. Aprenden- desenvolvimento, execução e avaliação. do sempre. (TERRA e ALBANAZ, - Agregação de valor ao produto: um desa- 2003). fio permanente para os talentos do negó- o relacionamento mais estraté- cio. A preocupação com a manutenção da gico entre o negócio e seus clien- carteira de clientes, como a constatação tes, na medida em que amplia o de ameaças permanentes e a exploração conhecimento do negócio e sua de novas oportunidades, proporciona uma potencialidade, além de preservar significativa ampliação da base de clien- a fidelização, fortifica a divulgação tes, podendo mobilizar o desenvolvimen- boca a boca. Quando relacionando to de um plano de marketing que, além o negócio com seus empregados, das campanhas que se desdobrarão, pro- torná-los mais competentes obje- moverá o desenvolvimento de programas tiva ampliar o nível de competitivi- de treinamentos para clientes. dade do negócio, garantindo a sua sobrevivência, como um dos resul- - Implantação de um novo negócio: a tados mais significativos. Desen- competência alcançada por determinados volver a relação do negócio com negócios na transferência de conhecimen- o público geral, entendido como tos pode proporcionar a criação de uma não-cliente, através de atividades unidade de negócios, autogerida e lucra- de capacitação, resulta em me- tiva. Seu público-alvo se concentrará nos canismo para a ampliação do uni- treinandos externos, oferecendo treina- verso de futuros clientes (BAYMA e mento direta ou indiretamente vinculados MoNTENEGRo, 2005). ao negócio original, suportado por infra- estrutura própria. Finalmente, um relacionamento do negócio com fornecedores, for- A áREA DE RH E A GESTão Do tificado por transferências plane- CoNHECIMENTo jadas de conhecimentos, acaba um dos pontos fundamentais desta intera- ESPECIAL por proporcionar negociações mais ção é o processo de criação de uma agen-
  • 13. da integrada de atividades. Existem aspec- BIBLIoGRAFIA Mesa Redonda 2 tos que devem ser suportados pela área BAYMA, Fátima; MoNTENEGRo, de RH para uma efetiva implantação da Eraldo. Educação Corporativa: uni- Gestão do Conhecimento, vejamos quais: versidade Corporativa, uma decisão estratégica. p.82-85. São Paulo, - a contínua análise da evolução da estru- Pearson, 2005. tura organizacional, avaliando o momento DAVENPoRT, Thomas. Ecologia da e os seus desdobramentos futuros; informação: porque só a tecnologia não basta para o sucesso na era - a realização de um inventário do conhe- da informação. São Paulo, Futura, cimento atual dos funcionários (a chamada 1998. “árvore do Conhecimento“); _________; MARCHAND, Donald A.; - o relacionamento estreito entre remune- DICKSoN, Tim. Dominando a gestão ração estratégica e o processo de conhe- da informação. Porto Alegre, Book- man, 2004. cimento; 13 _________; PRuSAK, Laurence. - a criação de carreiras flexíveis e ajus- Cnhecimento empresarial: como as táveis a demandas de áreas específicas; organizações gerenciam seu capi- tal intelectual. 2ª ed. Rio de Janeiro, - a retenção e gestão de talentos baseada Campus, 1998. em fatos e não em percepções; e EBoLI, Marisa. Coletânea de artigos: - o perfeito entendimento e participação universidades Corporativas. São dos impactos da Gestão do Conhecimento Paulo, Schmukler, 1999. no planejamento estratégico. _________; Educação Corporativa no Brasil: mitos e verdades. São Todos esses aspectos nos levam ao enten- Paulo, Editora Gente, 2004. dimento que a atual área de RH deve ser LouRES, Rodrigo Costa da Rocha. expandida na sua forma de atuar, passan- Evolução de T&D e aprendizagem do a englobar áreas como planejamento nas empresas. Paraná, Informativo estratégico, qualidade, Gestão do Conhe- Abinee, 2006. MACuCCI, José Valério. A teoria e a cimento e a própria gestão de pessoas. prática em Gestão do Conhecimen- Todos esses assuntos se correlacionam to. São Paulo, Palestra Ibmec/SP - e ampliam a capacidade de contribuição Evento HSM Management, 2006. para os resultados da empresa envolvida. MEISTER, Jeanne C. Educação Cor- Não existe mais espaço para atuação seg- porativa. São Paulo, Pearson, 2005. mentada como até então estamos vivendo, MuNDIM, Ana Paula Freitas; RICAR- Do, Eleonora Jorge. Educação cor- e caberá à área atual de RH revistar seu porativa: fundamentos e práticas. Rio papel, seu perfil de profissionais e por fim de Janeiro, Qualitymark, 2004. o seu próprio conhecimento, para aumento RICARDo, Eleonora Jorge. Educa- de contribuição para os novos objetivos ção Corporativa e Educação a Dis- empresariais. Tratar a Gestão do Conhe- tância. Rio de Janeiro, Qualitymark, cimento como o antigo T&D, como algum 2005. modismo, é perder a excelente oportuni- T e D Inteligência Corporativa. A era dade que o momento proporciona à função das competências. São Paulo, edi- de RH para tornar-se um verdadeiro par- ção 139, T&D Editora, 2005. TERRA, José Cláudio Cyrineu; AL- ceiro estratégico. Que os profissionais não BANAZ, Emiliana. Gestão do Co- tenham medo desta nova etapa, que eles nhecimento e e-learning na prática: enfrentem este desafio de transformação Gestão do Conhecimento através de da própria função como uma chance sin- sistemas de educação continuada. cera e verdadeira de avançarem na gera- p.123-127. Rio de Janeiro, Elsevier, ção de valor para a empresa. 2003. ESPECIAL
  • 14. TUTORIAL CONSTRUÇÃO COLETIVA DO SABER ALAVANCANDo VALoR PoR MEIo DE REDES DINÂMICAS DE CoNHECIMENTo Filipe Cassapo Grupo Votorantim Engenheiro da Computação - UTC/França filipe.cassapo@vpar.com.br ESPECIAL
  • 15. o VALoR Do CoNHECIMENTo No CoN- FoMENTANDo A CoNSTRução Mesa Redonda 3 TExTo DE NEGóCIo Do SÉCuLo xxI CoLETIVA DE CoNHECIMENTo Pense rapidamente nas seguintes pergun- Como, então, desenvolver, assimi- tas: no seu contexto organizacional, o que lar e utilizar, de forma constante, teria acontecido, há dez anos, se o serviço conhecimentos úteis para uma corporativo de e-mail fosse desconectado determinada organização? Seria durante trinta minutos? E o que acontece através do foco na transformação hoje, na sua Empresa, quando o mesmo de conhecimentos tácitos em co- serviço de e-mail, ou a rede da Intranet, nhecimentos explícitos, como su- encontram-se desconectados durante um gere a interpretação simplificada da “Espiral do Conhecimento”, dos simples minuto? o mundo mudou! Viven- pesquisadores japoneses Nonaka ciamos, nos últimos dez anos, um conjunto e Takeuchi (1995)? Deveríamos de profundas transformações do contexto criar “bases de conhecimentos”, sócio-econômico global. Como o anali- 15 nas quais as mais diversas ex- sou Michel Cartier, no seu artigo intitulado periências dos colaboradores se- “2005, a Sociedade do Saber e sua eco- riam armazenadas e deixadas à nomia”, esta revolução sócio-econômica, disposição de quem delas neces- cuja última conseqüência são as alterações sitasse? comportamentais e sociais dos indivíduos Apesar de bastante sedutora, esta e das organizações, é a conseqüência proposta possui sérias falhas. de duas mutações prévias: uma mutação Primeiramente, não podemos es- tecnológica (a emergência da Internet, quecer que o “conhecimento ex- que podemos datar de 1992), seguida de plícito”, como aqui formulado, não uma mutação econômica (o comércio ele- é conhecimento: ele é informação. trônico e a virtualização da economia, que Se a informação é, com certeza, a podemos datar de 1999). Assim, podemos, matéria-prima do conhecimento, resumidamente, descrever o novo mundo ela não é, porém, o conhecimento no qual vivemos: uma macrorede de redes em si! Em segundo lugar, para que extremamente conectada e dinâmica. qualquer relatório de “boas práti- Para as organizações, este novo mundo cas” seja útil em uma organização, trouxe um conjunto de alterações ambien- não é obviamente suficiente que tais bastante significativas, do ponto de vista esteja simplesmente disponível. das transformações, aplicadas em termos Além de poder ser encontrado (o que pode parecer óbvio, mas não de gestão. É preciso, hoje, saber lidar com o é realmente), é necessária a os fenômenos de globalização, mutação existência de uma intrínseca moti- constante do contexto sócio-econômico, hi- vação por parte de quem pode pre- percompetição, hiperinformação, redução cisar dele, de buscar este relatório, dos ciclos de vida de produtos, serviços ler integralmente e genuinamente e processos, sem, nunca, perder de vista seu conteúdo e fazer um efetivo a fundamental sustentabilidade de toda e uso do que lá aprendeu. Apesar qualquer ação. Todos precisam, portanto, destas diversas etapas de uma as- ficar “intensivamente conectados”, para similação aberta de informações poderem tomar decisões acertadas, além disponíveis parecerem triviais, de inovar constantemente! Neste novo elas não o são, pois exigem que contexto, flexibilidade, rapidez, foco es- a iniciativa de “Gestão do Conhe- tratégico e uso intensivo de conhecimento cimento” subjacente tire o foco do são os grandes fatores críticos, não só de “explicitar”, para comprar a causa sucesso, mas, também, de sobrevivência. do “conectar as pessoas”. ESPECIAL
  • 16. Isto significa que a organização o VALoR AGREGADo PARA A oRGA- Mesa Redonda 3 deve, então, passar a se preocu- NIZAção par com a criação de um ambiente A construção coletiva de saber, proporcio- favorável para a geração, a trans- nada pela emergência de redes dinâmicas ferência, a retenção e a aplicação de conhecimento, culmina na transfor- mação sistêmica da própria cultura orga- do conhecimento em rede. Tal tipo nizacional, permitindo uma metamorfose de ambiente não pode apenas ser de uma organização pouco conectada e artificialmente promovido por de- estática, para uma organização hiperco- creto. Ele deve ser continuamente nectada e dinâmica. os benefícios obtidos cultivado no tempo, por meio de: por esta mutação vão de perfeito encontro • uma governança organizacional às necessidades do contexto de negócio que incentive uma gestão do todo do século xxI, quais sejam: como um todo; • a criação de uma memória organizacio- 16 nal caracterizada pela transmissão de sa- • a existência e o compartilhamen- bedoria entre as gerações, conectadas por to na organização de um conjunto meio de redes de conhecimento; de valores, que demonstrem e in- centivem a confiança entre os in- • a geração de uma inteligência de negó- cios, que permita a assimilação rápida de divíduos; tendências e cenários por parte de toda a • o desenvolvimento constante de organização, por meio de redes externas lideranças, capazes de atuar como conectadas às redes internas; e modelos, catalisando, por meio do • o fortalecimento da criatividade dos seu próprio exemplo, a emergência indivíduos, potencializada na direção da das mudanças; e obtenção de inovações incrementais, • a existência de práticas flexíveis e substanciais ou até radicais, que propor- cionem uma fonte inegável de vantagem dinâmicas de geração instantânea competitiva. de fluxos múltiplos de informação, permitindo, a todos os atores do negócio, se relacionarem de forma BIBLIoGRAFIA imediata. Nonaka, I., Takeuchi, H. The Knowledge- Creating Company. New York, N.Y.: oxford As conseqüências sintomáticas da university Press; ISBN 0-19-509269-4; elaboração cuidadosa deste am- 1995. biente consistem na emergência de redes dinâmicas e flexíveis de Prax, Jean-Yves. Le Manuel du Know- ledge Management. une approche de 2e conhecimento, que se formarão Génération. Dunod, Paris. 2003. espontaneamente por agregação colaborativa de atores do negócio, Senge, P. The fifth discipline: The art and em resposta quase-instantânea à the practice of the Learning organization. New York: Doubleday/Currency; 1990. aparição de um elemento contex- tual novo. Tais redes dinâmicas se constituem como o instrumento da construção coletiva rápida e dinâmica do saber da organização inteligente, ou “Learning Organi- zation”, como descrita por Peter Senge na sua “Quinta Disciplina” ESPECIAL (1990).
  • 17. TuToRIAL GC: CoMo IMPLEMENTAR , CoNTExTuALIZAR E FoCAR A GESTão NA ESTRATÉGIA, No CoNHECIMENTo E No REToRNo Do INVESTIMENTo Maria de Lourdes Martins UNA Mestre em Tecnologia Educacional - CEFET/MG Coordenadora de Relações Internacionais da SBGC lourdes.martins@uol.com.br ESPECIAL
  • 18. o TuToRIAL com o relato da sua vivência e atuação Mesa Redonda 3 Mais uma vez apresentamos o tuto- em todo processo de negociação para a rial sobre Gestão do Conhecimento formação desta instituição, que é privada, (GC) no KM Brasil. Pudemos per- e presta serviço público. o oNS é re- ceber que há um público crescente, sponsável pela distribuição e pela utiliza- interessado em trilhar os primeiros ção dos recursos de geração e rede de passos de GC e ouvir as experiên- transmissão de energia no Brasil. Rogério cias dos palestrantes. o tutorial se Salles Loureiro, atualmente no Centro de mantém com a mesma estrutura Tecnologia Canavieira (CTC), uma orga- desde o primeiro KM Brasil, que é nização do seguimento da agro-indústria a exposição do referencial teórico, do açúcar, tem uma experiência de mais a apresentação de um guia rápido, de 10 anos em GC. Sua abordagem sobre das primeiras atitudes para se o retorno no investimento, que o CTC vem implementar GC nas empresas e, focando, nos trouxe alguns pontos de vista também, três casos práticos. esclarecedores. Felipe Cassapo, que es- 18 observamos que todos estão ávi- teve à frente do projeto de GC da Siemens dos por entender e saber por onde no Brasil até 2006, e hoje desenvolve um começar a trabalhar com GC. Acre- trabalho no processo de implementação ditamos que a chave do sucesso da GC na Votorantim, apresentou, por fim, seja trazermos temas inovadores um case. e profissionais que possam relatar AFINAL, PoRQuE Há SEMPRE uM Pú- experiências e casos reais. o tema BLICo áVIDo PELo TuToRIAL No KM escolhido em 2006 foi: “GC: como BRASIL implementar, contextualizar e focar o termo “Gestão do Conhecimento” (GC) a gestão na estratégia, no conheci- muitas vezes, é visto com estranheza por mento e no retorno do investimen- diversas organizações que oferecem re- to”. sistência à idéia de gerenciar conhecimen- Rivadávia Correa Drummond de to. Independente do nome, o importante Alvarenga Neto fez, na primeira é que a gestão das organizações, na era parte do tutorial, uma abordagem do conhecimento, seja fruto de uma ad- teórica e apresentou conceitos ministração que auxilie, favoreça, ampare de autores reconhecidos mundi- e propicie a geração, compartilhamento, almente. Ele ainda apresentou a colaboração e disseminação deste co- proposta de modelagem teórica nhecimento, tanto nas empresas públicas conceitual integrativa e casos de quanto nas privadas. Ainda não temos empresas brasileiras. Maria de consolidado uma nova metodologia nem Lourdes Martins expôs uma me- técnica deste gerenciamento. o mundo todologia genérica na qual indica dos negócios mudou e as empresas pre- e sugere várias atitudes e ações cisam modificar sua gestão. que irão favorecer o projeto de GC. Falar em GC, ou, unicamente em gestão, Não se trata de uma receita, mas é significa falar na necessidade de se recon- um passo-a-passo que visa ofere- siderar as práticas através das quais as cer uma rota para quem necessita empresas, até então, são administradas. de um norte para começar um pro- Para manter as empresas competitivas o jeto de GC. Posteriormente, foram gerenciamento da informação, dos ativos apresentados 3 casos de empre- intangíveis e a constante inovação são sas brasileiras. fundamentais. A informação e o conheci- Jairo Gomes Queiroz expôs o case mento, os recursos mais valiosos das or- do operador Nacional de Energia ganizações, são as alavancas e os ativos ESPECIAL Elétrica (oNS) e muito contribuiu capazes de conferir sua sustentabilidade
  • 19. de longo prazo. cional e comportamento humano, Mesa Redonda 3 Mas como fazer esta “nova” GESTão? É autonomia, layout, locais de en- preciso muito mais que apenas gerenciar contro que tenham um ambiente processos, ter boas ferramentas, e um su- propício a interação e integração porte que garanta uma excelente infra-es- entre pessoas. trutura. Tudo isso é muito importante, mas, CoMo IMPLEMENTAR GC - para que a empresa tenha um bom siste- ATITuDES E AçõES ma de gerenciamento da informação, uma Não temos uma resposta, mas, parte da GC. Para se ter um projeto de GC nos tutoriais apresentados nos uma organização deve oferecer condições KM Brasil 2002, 2003, 2004, 2005 para que os seus colaboradores tenham e 2006, discutimos as melhores um ambiente no qual possa acontecer a práticas observadas em empresas construção do conhecimento. É ter um es- brasileiras e multinacionais, públi- paço no qual as pessoas possam desen- cas e privadas. o primeiro passo 19 volver processos de criação, articulação, para se implantar GC é identificar validação, tratamento e disseminação do que conhecimento a empresa pre- conhecimento. cisa e quais são os mais estraté- Essas condições estratégicas, para per- gicos, para, a partir disto, propor mitir a implantação de um processo de GC um modelo que se adapte à cada são definidas com base na cultura orga- empresa. nizacional, na liderança e no clima, no in- Os profissionais Renato Souza vestimento para promover a inovação, e na Rocha (uFMG), Rodrigo Baroni propagação do conhecimento. Também é (BDMG), Rogério Salles Loureiro preciso ter políticas de remuneração e pre- (CTC), Maria de Lourdes o. Mar- miação para quem realmente é um agente tins (uNA), Rivadávia Drummond ativo no processo de GC. de Alvarenga Neto (FDC), Ro- berto Souza (PLANSIS) Filipe M. Mas como podemos determinar que em- Cassapo (VoToRANTIN) e Jairo presa “já tem” Gestão de Conhecimento? Gomes Queiroz (oNS) estiveram Será que as empresas que têm um portal presentes nestes tutoriais e pu- ou apenas gerenciam documentos eletroni- deram relatar experiências e trazer camente ou então têm uma comunidade inúmeras práticas de GC. na qual as pessoas se reúnem periodica- mente para compartilhar práticas fazem os relatos apresentados no KM GC? E se as organizações desenvolvem 2006 apontaram que é fundamen- um projeto para mapear as competências tal a mudança de uma cultura indi- e realizam o treinamento e desenvolvimen- vidualista para uma cultura colabo- to, elas realizam GC? E aquelas que têm rativista e que, o maior desafio, é uma excelente universidade corporativa, ter indicadores consistentes de re- sultados muitas vezes intangíveis. inclusive com e-learning, são empresas GC é um processo longo e com- que praticam GC? plexo de mudanças pois precisa As organizações que fazem GC estão se gerir esforços e mobilizar pessoas, reorganizando para que os seus funcioná- sempre apoiados em uma ex- rios, clientes e fornecedores possam, celente infra-estrutura tecnológica juntos, promover a construção do saber. e em um projeto de comunicação. Para isto, é preciso gerenciar e garantir as Fazer aliança com o RH é fator condições indispensáveis para que ocorra determinante para o sucesso do a inovação, criatividade, aprendizagem e projeto. Se GC custa caro, sabere- compartilhamento de informações e co- mos que a ignorância custa muito nhecimentos relevantes, cultura organiza- mais! ESPECIAL
  • 20. TuToRIAL GESTão Do CoNHECIMENTo EM oRGANIZAçõES PRoPoSTA DE MAPEAMENTo CoNCEITuAL INTEGRATIVo Rivadávia Correa Drummond de Alvarenga Neto UNA / FEAD / SBGC - Pólo MG Doutor em Ciência da Informação - UFMG Membro do Conselho Científico da SBGC riva@alvarenganeto.com.br ESPECIAL
  • 21. um dos grandes objetivos do tutorial apre- é utilizada estrategicamente para Mesa Redonda 3 sentado ininterruptamente em todas as e- a criação de conhecimento através dições do KM Brasil é promover a polêmica da aprendizagem organizacional. e o embate acerca da temática do uso da o novo conhecimento gerado é informação e do conhecimento em orga- cristalizado na organização na nizações. Longe de aceitar, sem a devida forma de produtos, serviços e no apreciação crítica, os mais diversos e cu- redesenho de processos organiza- riosos clichês gerenciais sobre o tema, uti- cionais. A FIGuRA 1 apresenta liza-se a metodologia do “enfrentamento de uma proposta de mapeamento idéias” com o objetivo de tirar os partícipes conceitual integrativo para a GC, da zona de conforto. São essas faíscas cria- debatida à exaustão no tutorial do tivas que propiciam a flutuação necessária evento: para que se pense fora do quadrado. Por que e para que se pensar estrategicamente Como forma de se compartilhar as sobre informação e conhecimento em or- visões e iniciativas concretas das 21 ganizações? A resposta é emblemática e empresas no campo da GC, apre- não permite tergiversações: a explosão da sentou-se um relato sintético com produção informacional revela que o desa- os resultados de estudos de casos fio organizacional contemporâneo traduz- realizados em três grandes orga- se em aprender a nadar em um oceano nizações atuantes no Brasil que de informações, prospectando e coletando implementaram iniciativas de GC. informações relevantes para a sobrevivên- São elas: o Centro de Tecnologia cia/prosperidade organizacional e para a Canavieira (CTC), a Siemens do compreensão de um ambiente de negócios Brasil e a Pricewaterhouse Coo- cada vez mais dinâmico e mutável. A infor- pers (PwC). o estudo objetivava mação é matéria prima do conhecimento e investigar e analisar as concep- FIGuRA 1 ESPECIAL
  • 22. ções, motivações, práticas e re- acesso e utilização, dentre outros; Mesa Redonda 3 sultados de GC. Eis os principais resultados: • pRáTICAS DE GC Com o objetivo de verificar a proposta • MOTIVADORES pARA ADOÇÃO intitulada “guarda-chuva conceitual de DA GC GC”, solicitou-se aos entrevistados que (I) inexistência de práticas de com- respondessem quais eram os aspectos, partilhamento e proteção de infor- abordagens gerenciais e ferramentas con- mações e conhecimentos, levando sideradas sob a égide da área, programa à reinvenção da roda e à duplica- ou projeto de GC em suas respectivas or- ção de esforços; ganizações. Eis a síntese das respostas: (II) problemas com a coleta, trata- (a) monitoração ambiental, inteligência mento, organização e dissemina- competitiva, pesquisa de mercado; ção de informações, denotando ausência de uma gestão estraté- (b) gestão estratégica da informação, 22 gica da informação; gestão eletrônica de documentos, ma- peamento de processos; (III) reconhecimento de que a in- formação e o conhecimento são (c) gestão do capital intelectual, competên- os principais fatores de competitivi- cias, pessoas e ativos intangíveis; dades dos tempos atuais; e (d) comunidades de prática – reais e vir- (IV) premência da criação de um tuais; contexto capacitante na organiza- (e) aprendizagem organizacional, inclusive ção vis-à-vis à necessidade de se e-learning; endereçar questões culturais e comportamentais. (f) apoio ao processo decisório, e (g) criação do contexto capacitante. • ÊNFASE OU ASpECTOS pRIORITá- RIOS DA GC observou-se que a fase inicial e ponto de partida para quaisquer iniciativas de GC – a gestão estratégica da informação – es- tava em estágios de quase maturidade, com a consciência de que é um processo permanente. As organizações procuravam avançar para aspectos relativos ao com- partilhamento, à cultura organizacional e à criação do contexto organizacional favorável ou contexto capacitante Res- • CONCEpÇõES E DEFINIÇõES salta-se a existência de várias iniciativas DE GC genuinamente brasileiras adotadas por Constatou-se a ausência de con- tais organizações nesses sentidos, como senso acerca de uma definição o “Momento Cultural” no CTC e o “Happy para a GC nas organizações es- Hour do Saber”, na Siemens; tudadas. Contudo, alguns termos eram comuns nas respostas dos • pRINCIpAIS RESULTADOS ALCANÇA- entrevistados: processo, infor- DOS COM A GC mação, conhecimento, inovação, (a) Redução do ciclo de inovações e a ace- explicitação, registro, comparti- leração do tempo de entrega de soluções ESPECIAL lhamento, cultura organizacional, ao mercado;
  • 23. (b) ampliação da fatia de mercado, aumen- organizacional, comportamento Mesa Redonda 3 to do portfólio de negócios e aumento da humano e criação do contexto ca- carteira de clientes; pacitante, além da criação de um conjunto de indicadores para se (c) melhoria na colaboração entre as pes- medir os retornos e benefícios de soas e equipes, facilidade de se localizar GC. Afirma-se que não se pode expertise; avaliar a GC somente com indica- (d) diminuição do retrabalho e redução de dores quantitativos, uma vez que custos; se está gerenciando mudanças culturais, comportamentais e atitu- (e) preservação da memória organizacio- dinais. nal; e BIBLIOGRAFIA (f) aumento da potência de aprendizagem 1. ALVARENGA NETo, Rivadávia organizacional. C. Drummond de. Gestão do co- 23 As conclusões sugerem que não se ge- nhecimento em organizações: pro- rencia conhecimento, apenas se promove posta de mapeamento conceitual ou se estimula o conhecimento através da integrativo. 2005. 400 f. Tese (Dou- criação de contextos organizacionais fa- torado em Ciência da Informação) voráveis. Dentre os principais desafios co- – PPGCI, Escola de Ciência da locados para a GC nas organizações, des- Informação da uFMG, Belo Hori- tacam-se as questões relativas à cultura zonte. ESPECIAL
  • 24. A MESA DE DEBATES SoBRE GESTão DE PRoJEToS E GESTão DE CoNHECIMENTo No GeCIC Alberto Sulaiman Sade Júnior Banco Central do Brasil - RJ. Engenheiro de Sistemas - COPPE/UFRJ alberto.sulaiman@bcb.gov.br INTRODUÇÃO A Mesa de Debates sobre gestão de pro- primeira MD presencial de 2005, jetos e Gestão de Conhecimento (MDG- bem como os da MDGPGC, esti- PGC) presencial aconteceu pela segunda veram na mesa virtual, como mo- vez no GeCIC, em 30 de agosto de 2006. deradores ou participantes ativos. uma primeira edição aconteceu em 2005, o grande incentivador e também durante o KM Brasil. participante em todos esses even- A Mesa de Debates Virtual no portal da tos foi o Fernando Antonio Gual- SBGC serviu como uma prévia da MD berto Lopes. A MD virtual aconte- presencial (a MD virtual pode ser baixada ceu no período de 31 de julho a 18 de www.sbgc.org.br). os moderadores da de agosto de 2006. ESPECIAL
  • 25. os moderadores da mesa virtual foram: (1) do setor acadêmico; e criar um di- Mesa Redonda 5 Alberto Sulaiman Sade Júnior; (2) Améri- ploma de GP em governo; co Pinto; (3) Christina Barbosa; (4) Darci 2. Benchmarking EM GEREN- Prado; (5) Eliseu Castelo Branco Júnior; CIAMENTO DE pROjETOS NO (6) Lysio Séllos; (7) Margareth Fabíola dos BRASIL Santos Carneiro; (8) osmar Zózimo de Esta apresentação teve como foco Souza Júnior; e (9) Roberto Gattoni. Foram apresentar o posicionamento atual 91 mensagens, 2040 hits e 17 participantes de importantes segmentos empre- ativos, além dos moderadores. sariais brasileiros em relação as os participantes da MD presencial foram: suas práticas de gerenciamento de (1) Alberto Sulaiman Sade Júnior; (2) projetos, servindo como referência Américo Pinto; (3) Margareth Fabíola dos para organizações e profissionais Santos Carneiro; e (4) osmar Zózimo de que tenham interesse em alcançar 25 Souza Júnior (os participantes da MD a excelência no desenvolvimento presencial agradecem à SGBC que viabi- de seus projetos; lizou suas presenças no evento). 3. UM Framework pARA ALI- A MESA DE DEBATES pRESENCIAL NhAMENTO DE pERCEpÇÃO Na mesa de debate presencial foram apro- ESTRATéGICA DE pROGRAMAS fundados alguns assuntos destacados na E O pROCESSO DE DECISÃO MD virtual. De modo resumido, os assun- EM pROjETOS tos abordados na MD presencial foram os Atualmente evidencia-se que o seguintes: desempenho organizacional é prejudicado devido à lacuna de 1. GERENCIAMENTO DE pROjETOS NO mecanismos de gestão existente GOVERNO entre a definição da estratégia e Quando o governo atua com melhores práti- sua execução, mais especifica- cas de gerenciamento de projeto faz o uso mente quanto à gestão de percep- mais eficaz do dinheiro público. Através de ção do gestor. o contexto deste práticas de gestão de projetos o governo estudo delimita-se à conexão en- produz mais, com menos, permite con- tre os níveis de programas e pro- troles e pode dar transparência às ações. jetos organizacionais. A gestão e A boa gestão de projetos governamentais organização por projetos como e- e sociais é de interesse de todo cidadão. lemento de implementação da es- o objetivo foi apresentar o posicionamento tratégia constitui uma opção à la- atual de importantes segmentos empresa- cuna do alinhamento entre o nível riais brasileiros em relação às suas práti- estratégico e o nível de operação, cas de gerenciamento de projetos, ser- em especial, quando se trata da vindo como referência para organizações formação da percepção do gestor e profissionais que tenham interesse em quanto aos objetivos estratégicos alcançar a excelência no desenvolvimento determinados nos programas or- de seus projetos; ampliar a atuação do PMI ganizacionais e o impacto destas GovSIG no mundo, em especial em novos nas decisões tomadas em projetos mercados da América Latina, Europa e que os implementa. ásia; melhorar a Gestão do Conhecimen- to, servindo como fonte de referência em CONCLUSÃO gerenciamento de projetos para governo e Esse pequeno artigo faz o regis- criar um Knowledge Center; aproximar-se tro da Mesa de Debates Presen- ESPECIAL
  • 26. cial “Gestão de Projetos e Gestão gresses.pmi.org/LatinAmerica2005/Lan- Mesa Redonda 5 de Conhecimento” acontecida dingClosed.cfm . em 30 de agosto de 2006, du- PINTo, Américo. Benchmarking em Ge- rante o GeCIC. A opção foi con- renciamento de Projetos no Brasil. Editora tar a história da MD e os eventos Senai, Rio de Janeiro, 2005. Apresentação que a precederam desde 2005, disponível em http://www.americopinto. procurando dar o crédito devido a com.br/biblioteca.htm , obtida em 03 de todos os participantes. o autor se abril de 2007. desculpa caso alguém tenha sido omitido: buscou-se o máximo de CARNEIRo, Margareth. Gerenciamento de Projetos no Governo. Apresentação informação possível para realizar para o GeCIC, 30 de agosto de 2006. esse registro. http://pmisp.org.br/exe/artigos/Palestra_ BIBLIOGRAFIA PMISP_31Ago06.pdf, obtida em 03 de 26 SuLAIMAN, Alberto, BARRoS, abril de 2007. Adolfo Costa D’Assunção, RoDRI- SouZA JR, osmar Zózimo de. um Frame- GuEZ, Roberto Blanco - Gestão work para alinhamento de percepção es- de Conhecimento e Gerência de tratégica de Programas e o Processo de Projetos: Ferramentas & Técnicas Decisão em Projetos. Dissertação de Mes- do PMBoK®, PMI Latin America trado. Pontifícia universidade Católica do Congress - Santiago, Chile, 06-08 Paraná, 2006. http://www.produtronica. de novembro de 2006. Informa- pucpr.br/publico/ppgeps/conteudo/dis- ções sobre o congresso obtidas sertacoes/pdf/osmarZozimo.pdf, obtida em 03 de abril de 2007: http://con- em 03 de abril de 2007. ESPECIAL
  • 27. INoVAção E CoNHECIMENTo oRGANIZACIoNAL Ingrid Paola Stoeckicht Innovation, Practices & Strategies Mestre em Sistemas Integrados de Gestão ingrid@innovation.com.br ESPECIAL
  • 28. A mesa redonda sobre inovação e Inovação”, um novo instrumento do MCT, Mesa Redonda 7 conhecimento organizacional reali- serviço de governo eletrônico; ferramenta zado no 1º Congresso Ibero-Ame- de grande importância no apoio à coopera- ricano de Gestão do Conhecimento ção entre empresas, ICTIs, a comunidade e Inteligência Competitiva realiza- técnico-científica e outras organizações de da em Curitiba, trouxe importantes fomento à inovação, que objetiva estimular contribuições no sentido de fomen- a geração de conhecimentos e promover a tar a discussão em busca de uma competitividade das empresas nacionais, organização social da inovação em o desenvolvimento sustentável e a difusão nosso país. de tecnologias competitivas no comércio internacional. Para tal, tivemos o prazer de rece- ber representantes de três institui- o Sr. José Eduardo Fiates apresentou as ções nacionais com forte atuação principais ações da ANPRoTEC, cujo pa- 28 na área de inovação junto ao setor pel é criar mecanismos de apoio às incuba- acadêmico, empresarial e gover- doras de empresas, parques tecnológicos, namental: o Sr. Alessandro Teixei- pólos, tecnópoles e outras entidades pro- ra da ABDI – Associação Brasileira motoras de empreendimentos inovadores, de Desenvolvimento Industrial; os fortalecendo-as como instrumentos para Srs. Roberto Pacheco e Vinicius o desenvolvimento sustentável nacional, Kern do Instituto Stela - uFSC, e tendo como objetivo a criação e fortaleci- o Sr. José Eduardo Fiates da AN- mento de empresas baseadas em conhe- PRoTEC - Associação Nacional cimento. Apresentou informações acerca de Entidades Promotoras de Em- dos diversos programas através dos quais preendimentos Inovadores. a entidade busca consolidar seus objeti- As apresentações abordaram a vos institucionais; a saber: Programas e necessidade de o Brasil estabe- Incentivos ao Movimento de Incubação lecer vínculos cooperativos dire- Programa Nacional de Apoio a Incubadora tos entre a comunidade científica de Empresas (PNI), Fundos Setoriais de e tecnológica e empresas do setor Ciência & Tecnologia, dentre outros, e os público e empresarial do País; de- resultados obtidos por meio das ações ins- manda esta que se acentuou sig- titucionais desenvolvidas pelos associados nificantemente a partir da regula- da ANPRoTEC. mentação da “Lei de Inovação”. Por fim, na apresentação acerca da ABDI os Srs. Pacheco e Kern, do Instituto - Agência Brasileira de Desenvolvimento Stela, fizeram um breve relato so- Industrial - foi realizada uma explanação bre o Sistema Nacional de Inovação de suas ações visando promover o de- (SNI), o papel de cada ator na rede senvolvimento industrial e tecnológico de inovação e o papel da Gestão brasileiro por meio do aumento da com- do Conhecimento neste processo. petitividade e da inovação. Seu foco princi- Abordaram, também, situações e pal de atuação é nos programas e projetos fatores de inovação no País, di- estabelecidos pela Política Industrial, Tec- vulgando informações acerca de nológica e de Comércio Exterior (PITCE), agências de apoio, instrumentos e da qual é coordenadora e promotora, e nos iniciativas pró-inovação existentes. quais atua como elemento de articulação ESPECIAL Por fim, apresentaram o “Portal entre as diretrizes estratégicas discutidas
  • 29. em várias instâncias governamentais e na comercialmente por não disporem Mesa Redonda 7 sociedade civil e os executores de políti- do conhecimento e dos recursos cas públicas. necessários para tal, por desco- nhecerem os caminhos para pro- As três apresentações tiveram um fio con- teger sua propriedade intelectual, dutor comum: a discussão sobre formas de e por não pertencerem à redes de alavancar a competitividade nacional por inovação formais. meio da inovação, de maneira sustentável. Certamente, no Brasil de hoje, Verificamos, portanto, o comprometimento existe um cenário muito mais fa- destas instituições em buscar promover, vorável à inovação do que há anos o que poderíamos chamar de “uma orga- atrás. Verificamos uma tendência nização social da inovação”, traduzindo-se crescente nos meios acadêmicos na necessidade de gerenciar a inovação e instituições do setor público e 29 enquanto uma competência essencial de privado de engendrar ações que um país em desenvolvimento, por meio do promovam o diálogo entre os diver- fomento e apoio ao diálogo, intercâmbio e sos atores das redes de inovação interdependência entre os mais diversos no país. Acreditamos, no entanto, arranjos organizacionais no processo de que a inovação deve tornar-se uma criação de novos conhecimentos. competência essencial à competi- tividade, acessível à grande maio- No entanto, instituições comprometidas em ria dos profissionais de mercado buscar esta nova organização da inova- que não estão ligados à centros ção devem fomentar o empreendedorismo de pesquisas acadêmicas, do go- inovador, não somente em empresas de verno ou empresariais e às redes diversos setores ou portes, como, tam- e sistemas de inovação regionais, bém, auxiliar os milhares de profissionais mas que contribuem, sobremanei- autônomos que desenvolvem soluções ra, mesmo que de forma esporádi- inovadoras, mas que enfrentam imensos ca e não sustentável, à geração de desafios em tornar seus inventos viáveis riqueza de nosso País. ESPECIAL
  • 30. DIMENSõES DA GESTão Do CoNHECIMENTo NA CÂMARA DoS DEPuTADoS Cássia Regina o. M. Botelho Câmara dos Deputados Especialista em Administração e GC cassia.botelho@camara.gov.br Roberto Costa Câmara dos Deputados Engenheiro roberto.costa@camara.gov.br ESPECIAL
  • 31. No setor público, a Gestão do Conheci- da Casa, a partir da análise das Mesa Redonda 8 mento pode ser visualizada sob dois pris- respostas contidas nos formulários mas: o da política pública e o da ferramen- coletados após as palestras. ta gerencial. É política pública porque visa Daí surgiu a necessidade de im- dar efetividade e excelência ao serviço plementar, de forma prática, um público prestado, com perspectivas de mé- projeto piloto que respondesse às dio a longo prazo. É ferramenta gerencial demandas apontadas pelos fun- porque busca otimizar processos e eliminar cionários da Casa, a fim de validar redundâncias, mapear onde está o conhe- a aplicabilidade da GC na Câmara cimento na instituição, quem são os peri- dos Deputados. Alguns dos pres- tos, onde estão as soluções que possam supostos considerados relevantes subsidiar o processo decisório, em tempo para a escolha desse projeto hábil para a resolução dos mais diversos foram: 31 problemas. Para tal, é necessário, organi- zar, filtrar e encontrar as competências e • praticidade – o resultado do pro- informações. jeto deve ser a solução de pro- blemas reais e relevantes para a A partir dessas premissas e consideran- Casa; do, neste primeiro momento, a Gestão do Conhecimento como uma ferramenta ge- • viabilidade – o projeto não deve rencial, em março de 2004, foi instituído, ter custos financeiros diretos; na Câmara dos Deputados, por meio da • abrangência – o projeto deve Portaria nº 20 da Diretoria-Geral, o Grupo abranger várias áreas; de Trabalho para estudar e propor ações • generalização - a solução adota- relacionadas ao tema “Gestão Estratégica da deve ser passível de ser repro- da Informação e do Conhecimento”. Fruto duzida e aplicada em outras situa- da criação desse grupo, o assunto foi pro- ções no futuro. fundamente estudado e discutido. um ciclo de palestras foi organizado para sensibili- No aspecto organizacional, a at- zar os funcionários da Casa em relação ao mosfera de constantes mudanças tema, para o qual foram convidados espe- exerce pressão sobre as institui- cialistas e dirigentes que implantaram com ções no sentido de que se dê res- sucesso a Gestão do Conhecimento em posta a questões cada vez mais suas organizações. Ao final de cada pa- lestra - foram 16 no total, os participantes eram convidados a preencher um formu- lário com algumas indagações, como, por exemplo, “Você identificou de que modo a Gestão do Conhecimento pode melhorar o desempenho do seu setor?” Entre outros resultados, o Grupo, que atu- almente funciona com a estrutura de um Comitê multidisciplinar, apresentou uma publicação, ao final de 2004, contendo a transcrição de todas as palestras e algu- mas recomendações sobre o tema dirigi- das ao Grupo pelos próprios funcionários ESPECIAL
  • 32. complexas em tempos cada vez complexos certames licitatórios. Assim, a Mesa Redonda 8 menores. Segundo alguns relatos implementação de uma comunidade virtu- observados e toda a literatura em al de práticas que discutisse a questão das relação ao tema, o compartilhamen- aquisições foi eleita como uma proposta a to de informações e a validação do ser encampada pela administração. conhecimento produzidos por meio A participação na Comunidade Virtual de uma comunidade virtual de de alguém que atuou no processo de práticas contribui para melhorar o aquisição proporcionou o acesso e o de- desempenho da instituição e para bate com membros que exerciam ativi- aumentar a sua efetividade, com dades, por exemplo, no órgão interessado o mínimo de recursos e tempes- pela aquisição. A meta era a de que todas tividade. Mas qual assunto discutir essas áreas “falassem a mesma língua”, e nessa Comunidade? Qual seria o que, com essa “linguagem” estabelecida, 32 nosso projeto piloto de sucesso? no futuro, o objetivo era que qualquer fun- Em 2002, já ocorrera uma tentativa cionário, fosse ele antigo ou novo na Casa, semelhante na Casa, que, apesar ao necessitar realizar uma aquisição, dos resultados positivos de um soubesse, com segurança, que caminho fórum que discutiu o Regimento In- percorrer. Foi validado na comunidade um terno, havia sido frustada por outro manual produzido pela Assessoria Técnica fórum em que não houve a atuação da Casa que, com a contribuição de vários de um moderador, elemento essen- setores, culminou com a publicação ele- cial nas comunidades virtuais para trônica do Manual de Aquisições da Câmara dar o “tempero” certo à discussão. dos Deputados, que, hoje, encontra-se em A partir dessas considerações, ob- sua 2ª edição, dada a dinâmica das comi- servamos que, nos últimos anos, nações legais — aqui entendidas recentes houve na Câmara um sensível decisões do TCu, jurisprudências dos tri- acréscimo do número de proces- bunais judiciários, instruções normativas, sos de aquisições de serviços e decretos e portarias do Poder Executivo mão-de-obra, proporcionalmente que envolvem o tema e suscetibilidades superior ao ganho em pessoal. o dos produtos a serem adquiridos. Devem processo de aquisições envolve ser analisadas, por exemplo, as compras praticamente toda a Casa, isto é, com foco no compromisso de não serem ocorre de forma bastante descen- adquiridos materiais que agridam o meio tralizada. Em vista disso, é natu- ambiente ou que comprometam a sus- ral que o profissional interessado tentabilidade. A partir dessa experiência, em alguma aquisição detenha um outras comunidades virtuais foram cria- conhecimento majoritariamente das na Casa em áreas que tratam desde técnico sobre o assunto. Contudo, o processo legislativo até a comunicação o trabalho diário com aquisições social. Muitas outras práticas de GC foram e licitações exige do profissional efetivadas ao longo desse tempo: o Guia uma visão abrangente de Admi- de Serviços (“Páginas-Amarelas”) da Insti- nistração Pública, uma vez que tuição, o Banco de Talentos, o Tesauro e envolve etapas que compreendem o Glossário de Termos Legislativos e orça- desde a realização de um projeto mentários, o salto qualitativo do Portal da básico até a elaboração do orça- Câmara dos Deputados, a Rede do Saber mento, a justificativa de preços e Legislativo, o observatório do Legislativo ESPECIAL
  • 33. Internacional e o Concurso Bienal Câmara nizados pela Gestão do Conheci- Mesa Redonda 8 em Idéias. mento no âmbito da Administração Em especial, destacam-se as ações de- Pública é a satisfação do cidadão senvolvidas, em parceria com o Núcleo de brasileiro, que recebe melhores Gestão Ambiental da Câmara dos Deputa- serviços e atenções por parte do dos (Ecocâmara), na área de Engenharia ente público. da Casa, que incorporam a Gestão do A Casa está sempre disposta a Conhecimento em suas “melhores práti- compartilhar experiências e de- cas” diariamente, promovendo o chamado senvolver programas com outras “Troca-Troca do Saber” e viabilizando rea- organizações interessadas. Para lizações. Apesar de muitos questionamen- tanto, basta entrar em contato tos existirem sobre os resultados práticos com o nosso Comitê de Gestão da Gestão do Conhecimento (indicadores do Conhecimento, no endereço 33 tangíveis e intangíveis), isso não ocorre na cgc@camara.gov.br. Câmara dos Deputados, principalmente na Nesse caminho percorrido, a nossa área de engenharia. Podem ser observados principal lição aprendida, parafra- resultados concretos em relação à redução seando uma sábia e famosa frase de custos, gerada a partir do projeto de do urbanista Lúcio Costa, é que, Gestão do uso e Reúso da água Potável ao final, “os interesses do homem e águas Pluviais (economia projetada de como indivíduo, nem sempre coin- R$ 1.200.000,00 ao ano) e do programa cidem com os interesses desse de Limpeza do Espelho D’água (economia mesmo homem como ser coletivo. projetada de R$ 300.000,00 ao ano). Há, Cabe, então, ‘aos trabalhadores ainda, muitas outras ações em andamento. da Era do Conhecimento’ procu- Podemos ressaltar o programa de Gestão rar resolver esta contradição fun- de Eficiência Energética, em que se pro- damental.” cura resolver as questões relativas à eco- nomia e ao direcionamento para a efetiva melhoria na qualidade de vida no ambiente de trabalho (as atividades já desenvolvidas e as em andamento sinalizam a redução de R$ 4.000.000,00 ao ano nos custos com enegia elétrica). É reconhecido, portanto, que os princípios que norteiam a Gestão do Conhecimento, encontram na área da engenharia dos es- paços públicos um dos seus reais fatores de aplicabilidade, pois essa, lida com as necessidades básicas do indíviduo. Nesse sentido, o incessante compartilhamento de informações e saberes, sejam técnicos ou funcionais, é de fundamental valia para o aprimoramento das ações nessa área do saber. o “lucro” de todos os conceitos preco- ESPECIAL
  • 34. GESTÃO pÚBLICA NA SOCIEDADE DO CONhECIMENTO Marcos Cavalcanti CRIE - Centro de Referência em Inteligência empresarial Doutor em Informática - Université de Paris XI marcos@crie.ufrj.br ESPECIAL
  • 35. Estamos vivendo em plena sociedade do cia e efetividade? Mesa Redonda 8 conhecimento com uma estrutura pública Para os especialistas, EFICIÊN- de governo concebida no século xVIII. CIA está relacionada em fazermos Como isto pode dar certo? Neste artigo as atividades corretamente. Quan- gostaria de contar algumas histórias que fui to mais resultados obtivermos com coletando ao longo destes 10 anos de tra- uma dada quantidade de recursos balho pela inserção competitiva do Brasil disponíveis, mais eficientes se- na Sociedade do Conhecimento. No final remos. Quanto mais processos o apresento, à guise de conclusão, algumas INSS despachar (para uma mes- reflexões sobre como podemos sair deste ma quantidade de funcionários), atoleiro... mais eficiente ele será. 1) A LILI E A MáqUINA pÚBLICA Mas, obviamente, isto não é sufi- Esta semana a Lili, a moça que trabalha lá 35 ciente! Ele precisa ser EFICAZ, ou em casa, me contou o drama de sua mãe seja, fazer as atividades corretas, para conseguir a pensão do INSS: foram e EFETIVo: gerar resultados, dar mais de cinco idas à agência para levar o retorno que a sociedade deseja. documentos! A cada vez colocavam a ne- cessidade de trazer um novo documento, Nossa sociedade é muito pouco deixando-nos a clássica pergunta: porque exigente! A mãe da Lili aprendeu não deram a lista completa da primeira que os serviços do Estado são vez, ou, ainda melhor, porque não informa- uma benesse que ela recebe e ram qual a lista de documentos necessá- não um direito pelo fato dela ser rios ANTES dela ir ao posto de uma única uma cidadã. vez? Claro que podemos REVER oS A resposta é evidente: criar dificuldades PRoCESSoS Do INSS E ToRNá- para vender facilidades. Todos nós temos LoS EFICIENTES! Fizemos isso um caso para contar a este respeito, mas o com as delegacias de polícia do Rio que talvez não tenhamos consciência é do de Janeiro no programa Delegacia custo desta ineficiência, não apenas para a Legal. Eram mais de 70 livros mãe da Lili, mas para o país. desnecessários e um processo de trabalho totalmente irracional, que Para a mãe da Lili, o INSS a obrigou: fazia um inquérito policial demorar • a gastar cinco vezes mais com o trans- mais de 18 meses, em média. Com porte (um dinheiro que ela não tinha pre- os novos processos, um inquérito visto em seu orçamento contado, onde passou a demorar menos de dois R$ 2,00 fazem uma grande falta); meses, em média. Mais importante ainda, a polícia civil do estado do • a perder cinco dias de trabalho; Rio dispõe de um sistema com in- Para a sociedade e o país, o INSS: formações valiosíssimas que per- mitiriam o desmantelamento de • desperdiçou cinco dias de trabalho; várias quadrilhas e um combate • ocupou, desnecessariamente, vários fun- muito mais eficaz ao crime. Mas, cionários públicos. apesar de termos mudado os pro- cessos, não mudamos a gestão. Alguém já parou para pensar no custo da nossa ineficiência? Mas e a falta de eficá- No nosso caso do INSS nem isso ESPECIAL