PARTE III
Artigo 11
Biblioteca Multimídia em saúde pública. por Ana Cristina Da Matta Furniel, Rosane Mendes, Maria Elisa Andries Reis e Ana Paula Mendonça
Artigo 12
A gestão estratégica do conhecimento a partir de hábitos organizacionais inteligentes. por Jacqueline Sá Ricarte
Artigo 13
Índice de Desenvolvimento da Gestão Pública na Prefeitura Municipal de Curitiba. por Marcia Schlichting
Artigo 14
Inteligência Corporativa. por Ana Paula Guzela Bertolin, Adriana Andréa Rodrigues, Cicemara A. D. Cordeiro e Felipe De Lameida Rezende
Palavra da SBGC
1. Edição Especial KM Brasil -Brasil 2007 e 2008
Esdição Especial • KM 2007 ISSN 1981-5751
ISSN 1981-5751
A Revista da Sociedade Brasileira dede Gestão do Conhecimento. nº Dezembro de 2008
A Revista da Sociedade Brasileira Gestão do Conhecimento. nº 09. 10. Maio de 2009
Biblioteca Multimídia em
saúde pública
A gestão estratégica do
conhecimento a partir de
hábitos organizacionais
inteligentes
Inteligência Corporativa
A Revista da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento. nº 10. Maio de 2009 2008
PARTE III
A Revista da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento. nº 09. Dezembro de
2. SUMÁRIO
Editorial 04 28 Artigo 09
A Gestão do Conhecimento como
PARTE I Artigo 01 05
determinante para o desempenho das
estratégias organizacionais
Gestão Do Conhecimento por Ivani Costa, Jailma Araujo dos Santos,
E Redes Organizacionais José de Arimatéia A. de Lima, Luciana
por Sonia Maria Marques de Oliveira, Ribeiro Rabay, e João Batista de Freitas
Ana Cristina Francisco e Vera Lúcia Harcar
Artigo 02 16 37 Artigoavaliação do conhecimento
Método de
10
Gestão do Conhecimento e organizacional
desenvolvimento tecnológico e por Maria De Fátima Peregrino Torres, Ana
econômico na avaliação da Flávia P. M. Da Fonseca,
conformidade de válvulas industriais Cassia Regina Ossipe Martins Botelho e
por Ricardo Nóbrega e Walter Câmara. Luiz Vicente Da Costa Braga
Artigo 03 25 PARTE III
Grupos de trabalho
06 Artigo 11 em saúde pública
e comunidades virtuais
por Marco Aurélio Ferreira Pinto e
Carlos Cesar Leal Xavier Biblioteca Multimídia
por Ana Cristina Da Matta Furniel, Rosane
Artigo 04 31 Mendes, Maria Elisa Andries Reis e Ana
Paula Mendonça
Compartilhamento do conhecimento por
14 Artigo 12 do conhecimento
meio da auto-avaliação da gestão
por João Silva dos Santos e Ricardo José Dória
A gestão estratégica
Artigo 05 44 a partir de hábitos organizacionais
inteligentes
Gestão do Conhecimento como
Estratégia para a Inovação por Jacqueline Sá Ricarte
21 Artigo 13
na Indústria Farmacêutica
por Ana Matilde Zarif Moukrzel Rached
Índice de Desenvolvimento da Gestão
Pública na Prefeitura Municipal de Curitiba
PARTE II Artigo 06 05 por Marcia Schlichting
O Perfil do Profissional
de Inteligência Competitiva
por Alfredo Passos, Telma Gonçalves
27 ArtigoCorporativa
Inteligência
14
Cunha e Luiz Ricardo Cobra por Ana Paula Guzela Bertolin, Adriana
Andréa Rodrigues, Cicemara A. D.
Cordeiro e Felipe De Lameida Rezende
Artigo 07 15
A educação corporativa como 51 Palavra da SBGC
estratégia de Gestão do por Heitor Pereira
Conhecimento
por Pedro Carlos Resende Junior e
Lúcia Helena Rosa Da Costa
Artigo 08 24
Portal corporativo como diferencial
estratégico para tomada de
decisões e Gestão do Conhecimento
por Paulo Roberto Floriano,
Juliana Vale Marques e
Luciano Xavier De Miranda
3. Expediente
EXPEDIENTE
Uma publicação da: Prof. Dr. Ricardo Roberto Behr
SBGC – Sociedade Brasileira de Prof. Dr. Roberto Pacheco
Gestão do Conhecimento Prof. Dr. Rodrigo Baroni
www.sbgc.org.br Prof. Dr. Serafim Firmo
de Souza Ferraz
Prof. Dr. Silvio Aparecido dos Santos
Integrantes Permanentes do Prof. Dr. Sonisley Machado
Conselho Científico da SBGC Prof. Dr. Walter Felix Cardoso Jr.
03
Presidente: Profª Drª Neusa
Maria Bastos F. Santos
REVISTA GC BRASIL
Prof. Dr. Alberto Sulaiman Sade Junior
Profª Drª Aline França de Abreu Editora-Chefe:
Prof. Dr. André Saito Elisabeth Gomes
Prof. Dr. Carlos Olavo Quandt
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Profª Drª Mônica Erichsen Nassif Borges
Profª Drª Raquel Balceiro Tecle conosco:
Profª Drª Resilda Rodrigues revistagcbrasil@gmail.com
4. Editorial
04
EDITORIAL
Prezados leitores,
A Gestão de Conhecimento preconiza organizacionais nos âmbitos privado e
que todo conhecimento relevante público, consultores empresariais, acadêmicos
deve ser identificado, registrado e (professores, pesquisadores e estudantes) e
disseminado para uso e criação de representantes do Terceiro Setor.
novos conhecimentos. Sendo assim, Portanto, boa leitura a todos e, qualquer
mesmo depois de tanto tempo a SBGC atualização que se faça necessária, enviem
resolveu publicar os conteúdos relativos para nosso email: revista, que faremos a errata
aos eventos KM Brasil 2007 e KM na próxima edição.
Brasil 2008. Neste número vocês irão
verificar ou relembrar o que aconteceu KM BRASIL 2007
nos eventos Mas todos, com certeza O Congresso anual da Sociedade Brasileira de
irão gostar e, usar. Gestão do Conhecimento – SBGC, o KMBRASIL
O público presente nos dois eventos 2007 foi realizado na cidade de São Paulo,
foi de aproximadamente mil pessoas nos dias 29 e 30 de novembro de 2007.
de vários segmentos da sociedade, Em sua sexta versão, o evento contou com a
incluindo empresários empreendedores, participação da área acadêmica, da área , do
gestores dos setores privado e público, setor privado e com expressiva participação
formuladores de políticas e diretrizes do terceiro setor.
Elisabeth Gomes
Editora-Chefe da GC Brasil
Coordenadora de Conteúdo e
Publicações da SBGC
5. Em 2007 o tema praticado foi – Crescimento O tema em 2008 foi – O Conhecimento
Editorial
Econômico Sustentável: o Papel da Gestão do como Recurso Estratégico Agregando
Conhecimento. No evento se discutiu as práticas Valor à Organização. A proposta
relacionadas à informação e ao conhecimento foi estabelecer um debate para que
nas organizações, tanto no desenvolvimento os participantes do evento pudessem
de tecnologias, processos, produtos e serviços, trocar experiências sobre como formular
como na relação com o ambiente, clientes, estratégias de criação, disseminação
fornecedores e parceiros. e aplicação do conhecimento nos
Dentro do tema debatido se buscou destacar processos organizacionais de modo
iniciativas no setor privado e público com relação a transformar o conhecimento (tácito)
a práticas de Gestão do Conhecimento, focada das pessoas em ativos (recursos
em inovações relacionadas a soluções de infra- estratégicos) que agreguem valor à
estrutura do país com visão de longo prazo. organização como um todo, visando
Foi um momento para congregar profissionais, sua sustentabilidade.
05
gestores e acadêmicos que tem interesse em
Como sabemos o conhecimento é cada
GC e querem compartilhar informações e trocar
vez mais o recurso estratégico para
experiências voltadas para inovações.
a competitividade e sobrevivência
Durante o KM BRASIL 2007 verificamos um das organizações, portanto construí-
ambiente propício para trocas de experiências lo e disseminá-lo nas organizações é
e geração de novo conhecimento relacionado prioritário.
ao crescimento econômico sustentável do país.
No decorrer do evento os congressistas
O evento ainda trouxe ao Brasil o ex-diretor tiveram a oportunidade de manter
do Cynefin Center da IBM, Dave Snowden, contato com os melhores profissionais
grande referências mundial no campo da GC e oriundos das empresas nacionais e
o indiano Soumodip Sarkar, professor associado
internacionais com experiências em
e diretor do Centro de Estudos e Formação
práticas de Gestão do Conhecimento.
Avançada em Gestão e Economia (CEFAGE-UE)
Aconteceu também um encontro com
da Universidade de Évora.
profes-sores e estudantes atuantes em
KM BRASIL 2008 linhas de pesquisa relacionadas à GC
Realizado em 2008 o já tradicional evento de e temas co-relacionados. Em paralelo
Gestão do conhecimento promovido pela SBGC pudemos ver uma feira com exposição
aconteceu no período de 27 a 29 de agosto de de empresas fornecedoras de soluções
2008. tecnológicas para GC.
6. Biblioteca Multimídia
em saúde pública:
compartilhamento de
conhecimento e transparência
da informação
Ana Cristina Da Matta Furniel
Rosane Mendes
Maria Elisa Andries Reis
Ana Paula Mendonça
Escola Nacional De Saúde Pública/Fiocruz.
7. Resumo: A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz,
Artigo 11
lançou, em agosto de 2007, a segunda versão de sua Biblioteca Multimídia da ENSP.
Trata-se de um ambiente baseado na internet, apoiando-se na metodologia de gestão
do conhecimento, em que qualquer usuário conectado à rede mundial pode, depois de se
cadastrar, incluir documentos em formato texto, planilha, vídeo, imagem, áudio ou hipertexto.
Dessa forma, o conteúdo deixa de ser privado e passa a ser preservado e, ao mesmo tempo,
público.
O novo ambiente digital da ENSP tem o objetivo de apoiar, reutilizar e construir coletivamente
o conhecimento na área de saúde pública, visando atender às necessidades dos cidadãos.
Além de dar acesso livre a qualquer usuário da internet, a Biblioteca Multimídia da ENSP
também possibilita que todos façam comentários sobre cada um dos documentos postados,
promovendo a interação e o debate.
A partir de uma ferramenta de busca, o usuário consegue recuperar os arquivos eletrônicos
postados. Entre outros objetivos da nova ferramenta estão: ampliar e melhorar as formas
93
de comunicação e disseminação das informações em saúde pública; potencializar a geração
de novos conhecimentos na área de saúde pública; e fomentar o compartilhamento do
conhecimento entre alunos e pesquisadores da ENSP e entre a comunidade científica da
Escola e o campo da saúde pública.
A primeira versão da Biblioteca Multimídia foi lançada em 2004. Na primeira versão, a
gestão do conteúdo era feita de forma centralizada: apenas os editores tinham permissão
para postar documentos. Hoje, com a inserção de documentos feita de forma descentralizada,
seguindo padrões da Web 2.0, os arquivos são avaliados por editores e, depois, liberados
para acesso na Biblioteca. O conteúdo considerado impróprio, desrespeitando princípios
éticos, ferindo a privacidade dos colaboradores ou denegrindo a imagem institucional, não
é publicado.
Palavras Chave: biblioteca, virtual, multimídia, gestão do conhecimento, saúde pública
1. TEMA digitais em espaços desenhados para
favorecer a comunicação entre as
De acordo com a enciclopédia livre Wikipédia,
pessoas, a recuperação e a transfe-
biblioteca é todo espaço, concreto ou virtual,
rência de informação e o intercâmbio
destinado a uma coleção de livros de quaisquer
de idéias.
tipos e ainda outros tipos de materiais
digitais que possam ser úteis para consulta. Desse modo, apresenta-se como desafio
O desenvolvimento das bibliotecas virtuais a necessidade de contextualização e
está intimamente relacionado com a evolução organização estruturada da informa-
da tecnologia e com o modo de tratamento ção, determinando requisitos de
e transmissão de dados. Com o advento e a qualidade e relevância dos conteúdos,
popularização da Internet, passa-se a dispor tornando-se necessária a utilização de
de novos meios de acesso a diversos recursos categorias que permitam organizar,
informacionais. No entanto, se é fato que a Internet de forma eficiente, o oceano onde
beneficia a disseminação e a transferência da ocorre um “dilúvio de informações”
informação, é também verdade que com a rede (LÉVY;1999).
surgiu a necessidade de organizar a informação A desterritorialização da informação
através de repositórios atualizados e confiáveis através do mundo virtual e a criação
que facilitem o uso desses recursos. de novos espaços e velocidades são
Marchionini (2001) apresenta uma definição de necessidades reais. A informação é
destituída do objeto físico que a contém.
biblioteca virtual como um lugar de reunião onde
os usuários trocam idéias com outros usuários, “O conhecimento e a informação não são
virtualmente, e com coleções de documentos imateriais, e sim, desterritorializados;
8. longe de estarem presos a um suporte O presente trabalho contextualiza a sociedade
Artigo 11
privilegiado, eles podem viajar. Mas da informação e da comunicação e a
a informação e o conhecimento tão necessidade de organização de informação
pouco são materiais. A alternativa em ambientes virtuais. A segunda parte
do material e imaterial vale apenas justifica e aborda a relevância do trabalho,
para substâncias, coisas, ao passo que apresentando a Escola Nacional de Saúde
a informação e o conhecimento são Pública, unidade técnico-científica da Fundação
da ordem do acontecimento ou do Oswaldo Cruz, e suas necessidades de
processo.” (LÉVY;1996:56) utilização das novas tecnologias em práticas de
A distância e o tempo entre a fonte gestão do conhecimento relacionadas ao ensino
de informação e os que buscam a e à aprendizagem. Em seguida, apresentamos
informação deixaram de ter qualquer os objetivos, a metodologia e os resultados da
importância, pois as pessoas não implantação da Biblioteca Multimídia da ENSP
precisam mais se deslocar visto que e, buscamos compartilhar todas as informações
relativas à implantação da biblioteca e a
94
são os dados que trafegam. Estas
mudanças levam a novas exigências, tecnologia utilizada. Por fim, em “resultados”,
estratégias e ações. Como são os novos o objetivo é mostrar de que forma a Biblioteca
meios, os novos conteúdos, quem são os Multimídia contribuirá para o avanço do campo
profissionais e os usuários desse novo da saúde pública no Brasil e no mundo.
imperativo tecnológico são questões
que devem acompanhar este debate.
As instituições que atuam como 2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO
produtoras e disseminadoras de TRABALHO
informação lidam com problemas con- Em países em desenvolvimento, como o Brasil,
cretos para garantir sua inserção nesse o acesso à informação científica tem sido um
novo contexto. Prover acesso on-line, grande desafio. Instituições de ensino, pesquisa
estruturar instrumentos de pesquisas de e desenvolvimento tecnológico encontram-
maior qualidade, conhecer seu usuário, se num momento de questionamento sobre as
adotar estratégias de disseminação novas práticas desenvolvidas a partir do uso
mais agressiva e fazer uso das novas
intensivo das tecnologias de informação e de
tecnologias da informação repre-
comunicação no novo cenário da disseminação
sentam um conjunto de demandas que
do conhecimento.
impulsionam essas instituições a adotar
novos caminhos. É o caso da Escola Nacional de Saúde Pública
No entanto, afirmar que a Internet hoje Sergio Arouca – unidade técnico-científica da
é um imenso repositório de informações Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – a maior
onde se encontra praticamente tudo, escola de saúde publica da América Latina,
não é mais novidade. Para Tarapanoff sendo membro articulador e privilegiado de
(2000), “a informação dispersa não uma rede em saúde publica e de escolas de
constitui inteligência”, ou seja, se a governo em saúde. Constitui-se numa escola de
“informação está disponível na Internet, pós-graduação acadêmica, com três programas
mas não é localizada, o conhecimento com excelentes avaliações da Coordenação
não é realizado” (MARCONDES;2002). de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
“A cada minuto que passa, novas pessoas Superior (Capes), do Ministério da Educação.
passam a acessar a Internet, novos Ao mesmo tempo, é uma das principais
computadores são interconectados, formadoras de profissionais de saúde através
novas informações são injetadas na de seus programas de capacitação em cursos
rede. Quanto mais o ciberespaço se Lato sensu presenciais e a distância. Um dos
amplia, mais ele se torna “universal”, e seus objetivos é facilitar a formação de redes
menos o mundo informacional se torna de aprendizagem na área e possibilitar a
totalizável.” (LÉVY;1999:111). construção coletiva do conhecimento.
9. Em 2004, a ENSP/Fiocruz decidiu criar a integral do seu trabalho, recurso de
Artigo 11
primeira versão da sua Biblioteca Multimídia. informação ou objeto de aprendizagem,
Na época, o objetivo era atender à demanda em qualquer formato de arquivo
interna para armazenar materiais divulgados digital (texto, planilha eletrônica, víd-
no Informe ENSP, boletim eletrônico da Escola. eo, imagem, áudio ou hipertexto).
Todo material apresentado em eventos da Dessa forma, o conteúdo deixa de ser
ENSP, tratados por professores em salas de privado e passa a ser preservado e
aula ou fruto de discussões e debates passaram ao mesmo tempo público. Além disso, a
a ser incluídos no novo ambiente. No entanto, proposta é apoiar, reutilizar e construir
essa primeira versão, apesar de atender aos coletivamente o conhecimento na área
objetivos iniciais, apresentava problemas de de saúde pública, visando atender às
navegação, acessibilidade e busca do material necessidades dos cidadãos.
através de ferramenta própria. Denominada Biblioteca Virtual Multi-
O Informe ENSP – que circula todos os dias com mídia, sua atribuição principal é a
95
reportagens sobre a área de saúde pública oferta de um ambiente que, além de
e, principalmente, com a cobertura jornalística permitir a publicação de informações
de todos os eventos realizados na ENSP/ multimodais na rede, de forma orga-
Fiocruz – é enviado para todos os alunos, nizada, abre possibilidades de pensar
professores, pesquisadores e funcionários da coletivamente e construir o conhe-
Escola e para qualquer pessoa com interesse cimento numa área estratégica para o
na área. Atualmente, conta com uma base de desenvolvimento do país, como a da
cerca de cinco mil assinantes. Esse produto saúde pública. Seu desafio é se tornar
da Escola – que é enviado pela internet e uma ferramenta de gestão coletiva da
tem assinatura gratuita – ajudou a divulgar a inteligência pública.
Biblioteca Multimídia da ENSP, uma vez que “Permirtir-nos compartilhar nossos
todo o material referenciado no Informe ENSP conhecimentos e apontá-los uns para os
era incluído na biblioteca virtual para acesso outros, o que é condição elementar da
do público. O aumento da demanda e da inteligência coletiva” (LÉVY;1999:18).
visibilidade mostrou que era necessária uma
avaliação do projeto e a realização de ajustes
para uma segunda versão, principalmente em 3 OBJETIVOS
relação à classificação do material.
No intuito de alcançar o resultado
Frente ao compromisso da ENSP/Fiocruz esperado e preencher a lacuna da
de garantir a transparência na gestão e o falta de acesso e disseminação das
acesso irrestrito às informações públicas, foi informações e do conhecimento em
desenvolvido um modelo de biblioteca virtual saúde pública, estabelecemos objeti-
organizado por temas de interesse. Um modelo vos específicos para a criação da
que possibilita a publicação de conteúdos Biblioteca Virtual Multimídia da ENSP.
na internet com acesso livre e completo às São eles:
informações e de interface amigável para os
usuários. O público-alvo da biblioteca constitui- -Promover e apoiar estratégias alter-
se numa rede formada por alunos da Escola, nativas de cooperacão em rede,
pesquisadores, profissionais de saúde, gestores regionais, sub-regionais, nacionais ou
do Sistema Único de Saúde e seus usuários, institucionais;
estudantes e cidadãos. -Possibilitar o armazenamento de
arquivos eletrônicos a serem compar-
Apoiando-se na metodologia de gestão do
tilhados, ou seja, não ser apenas um
conhecimento, a Biblioteca Multimídia da ENSP
apontador para fontes de informações
encaixa-se como um projeto de formação
e sim um repositório on-line;
colaborativa de base de conhecimento, onde
qualquer usuário cadastrado envia uma versão -Fomentar o debate direto entre os
10. usuários da biblioteca virtual multimídia atualmente na Internet. Baseia-se no GILS (Glo-
Artigo 11
e seus colaboradores; bal Information Locator Service) e no formato
-Disponibilizar um ambiente para sub- Dublin Core, com alguns campos de dados
missão, busca e recuperação de arqui- adicionais. Todo o acervo será classificado me-
vos eletrônicos; diante esta metodologia.
-Ampliar e melhorar as formas de • Elaboração de ferramenta web considerando
comunicação e disseminação das infor- as políticas de software livre e as diretrizes
mações em saúde pública no Brasil, de acessibilidade que sirva de modelo para
com a conseqüente geração de novos utilização coletiva, inclusive para uso da Fiocruz
conhecimentos; e demais parceiros institucionais.
-Fornecer um ambiente agradável, • Desenvolvimento de um sistema de distribuição
interativo e com ferramentas de auxí- de informes diários ou semanais (listas aéreas)
-lio de pesquisa, de modo a am- para os interessados para que suscite o interesse
constante de utilização intensa do modelo para
96
pliar a usabilidade do mesmo para
diversos grupos de usuários, do mais compartilhar e recuperar informações.
especializado ao leigo; • Estabelecer critérios para controle de quali-
-Possibilitar que profissionais de outras dade e avaliação, como o preenchimento de
instituições de ensino, pesquisa e orga- formulários, documentos enviados e cadastra-
nizações não-governamentais do setor mento de usuários.
saúde compartilhem seus recursos de • Adoção de um sistema de métrica que possa
informação. ajudar na avaliação do alcance da biblioteca,
seu público e novas metas a serem alcançadas.
4 METODOLOGIA Fases compreendidas durante o processo de
desenvolvimento:
O aumento da informação circulante
não significa necessariamente a garan- 1. Planejamento:
tia de informação qualificada ou • Levantamento bibliográfico: pesquisa biblio-
classificada. Desse modo, apresenta- gráfica sobre Bibliotecas Virtuais;
se como desafio a necessidade de
• Definição de políticas de gerenciamento de
contextualização e organização estrutu-
submissão de arquivos e da preservação dos
rada da informação, determinando
mesmos;
requisitos de qualidade e relevância
dos conteúdos, tornando-se necessária a • Definição de um conjunto mínimo de metadados.
utilização de categorias que permitam 2. Desenvolvimento e Implantação:
organizar as informações. Em outras
palavras, colaborar para a informação • Definição dos tipos de documentos contem-
se constituir em conhecimento. Para isso, plados;
alguns procedimentos foram seguidos: • Definição do conjunto de campos para cada
• Utilização do sistema de classificação documento, inclusive atribuindo obrigatoriedade
de acordo com a metodologia LIS quando for o caso;
(Loca-lizador de Informação em • Soluções de Tecnologia da Informação: Mode-
Saúde), resultado da cooperação lar um banco de dados onde serão depositados
técnica entre o Centro Nacional de os arquivos;
Información de Ciências Médicas
• Desenvolvimento de piloto que possibilite a
(CNICM), a Red Telemática de Salud de
geração de dados para analisar o modelo;
Cuba (INFOMED) e a BIREME. Seguindo
normas e formatos internacionais já • Elaboração da ferramenta WEB, atentando
amplamente adotados em bibliotecas para as políticas de software livre e as diretrizes
e centros de documentação e em uso de Acessibilidade;
11. • Teste da ferramenta. Institucional da ENSP/Fiocruz, apontou
Artigo 11
3. Disseminação da informação: a importância da ferramenta de
comentários existente na Biblioteca,
• Desenvolvimento de um pequeno sistema de embaixo de cada publicação. Vários
distribuição de informes diários ou semanais documentos foram alvos de debates
(listas aéreas) para os usuários para que suscite direto entre os colaboradores/usuá-
o interesse constante de utilização intensa rios.
do modelo para compartilhar e recuperar
informações. O relatório de avaliação teve por
objetivo realizar os ajustes necessários
4. Definição de critérios para controle de para a nova versão e definir uma
qualidade e avaliação para o preenchimento estratégia de divulgação. De acordo
de formulários, documentos enviados e com o relatório, a Biblioteca Multimídia
cadastramento de usuários. da ENSP possui um acervo de cerca de
5. Adoção de um sistema de métrica que mil documentos armazenados, sem a
97
possa ajudar na avaliação do alcance da participação do público externo – até
biblioteca, seu público e novas metas a serem 2007, apenas a equipe de jornalismo
alcançadas. fazia a inclusão dos documentos na
ferramenta. Essa constatação mostrou
a necessidade de alteração no ambi-
5 RESULTADOS ente e a classificação do material.
A solução foi buscada em conversas
O acesso a Biblioteca Multimídia é feito pelo
com os técnicos da área de saúde pú-
público através do Portal da Escola Nacional de
blica e biblioteconomia e adotamos
Saúde Pública Sergio Arouca – ENSP/Fiocruz.
então a classificação conforme as
A entrada do material é aberta a qualquer
áreas temáticas da saúde pública
usuário, especificamente os que acessam o Portal
na metodologia LIS (Localizador de
ENSP e o Portal Fiocruz, mediante cadastro e
senha. O controle da publicação é feito pela Informação em Saúde), resultado da
equipe de jornalismo da Coordenação de cooperação técnica entre o Centro
Comunicação Institucional da ENSP/Fiocruz. A Nacional de Información de Ciências
Escola conta com infra-estrutura tecnológica e Médicas (CNICM), a Red Telemática
com o apoio de pessoal técnico especializado de Salud de Cuba (INFOMED) e a
que desenvolveu a ferramenta. BIREME.
A operação da Biblioteca Virtual Multimídia de No entanto, o que mais caracteriza a
Saúde Pública é assistida pela Coordenação de aceitação e a viabilidade da ferra-
Comunicação Institucional da Escola Nacional de menta são os mais de 52 mil acessos
Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) e sua alimentação a diversas publicações no período de
é feita de maneira descentralizada por março de 2006 a março de 2007, sem
qualquer usuário cadastrado, obedecendo a que qualquer divulgação fosse feita. A
critérios de qualidade, assim como metodologias Biblioteca Multimídia da ENSP é hoje
e tecnologias públicas, sendo avaliada por uma referência na Fundação Oswaldo
uma equipe de profissionais de informação Cruz para o armazenamento, a busca
responsáveis pela aprovação para efetiva e a divulgação de documentos. Além
publicação na internet. disso, a divulgação do projeto nesta
segunda versão, a participação do
Em 2007, o ambiente foi totalmente reformulado
público inserindo documentos e comen-
para garantir uma navegação mais amigável
tários fomentará o debate sobre os
ao público, uma vez que o acesso foi ampliado
temas e aumentará o alcance da rede
de forma irrestrita. O relatório de avaliação
de conhecimento.
dos dois primeiros anos (2004-2006) de
existência da Biblioteca Multimídia da ENSP, A Biblioteca Virtual Multimídia de
realizado pela Coordenação de Comunicação Saúde Pública constitui-se num ambi-
12. ente interativo onde uma rede de vez mais se tornam indistintas suas barreiras
Artigo 11
pessoas e instituições compartilham (RUSSELL;2001). Certamente, a gratuidade
conhecimento com o propósito de faci- de acesso a diversos periódicos e documentos
litar o acesso à informação para o eletrônicos já influi no modo como se organiza
desenvolvimento de competências indi- a comunicação científica. Alguns estudos indi-
viduais e capacidades institucionais. cam que artigos, livros, papers disponíveis
Um espaço de aprendizagem e de gratuitamente on-line são mais freqüentemente
cooperação interdisciplinar no campo citados. Os profissionais de informação e de
da saúde pública. comunicação e os bibliotecários sabem há muito
A Biblioteca Virtual Multimídia da tempo que a facilidade de uso é crucial.
ENSP possui algumas particularidades. No entanto, a quantidade de informações
Mas o sistema pode ser implantado muitas vezes encontra-se dispersa e sem liga-
em institutos de ensino e pesquisa da ções claras para os usuários, ficando de fora
área de saúde pública com algumas todas as possibilidades de trabalho em redes
98
adaptações. Para implantá-la, é ne- de conhecimentos que poderiam advir das
cessário ter um servidor de banco de bibliotecas virtuais. Ontalba y Ruipérez (2002)
dados MySQL ou Oracle e servidor estudou a RedIris – rede acadêmica e de pes-
web Linux ou Windows, para hospedar quisa espanhola – e verificou que são pouco
os dados, e os scripts que germa a aproveitadas as possibilidades de trabalho,
interface do Sistema. Por ser uma de investigação colaborativa e de criação
aplicação internet, esse servidor deve cooperativa de conteúdos que a rede oferece.
ficar na área desmilitarizada (DMZ) Atualmente, documentos tradicionalmente de
e ter um esquema de proteção que tiragens reduzidas, divulgações restritas e de
garanta a segurança dos dados. A difíceis acessos vêm se tornando cada vez
criação de tabelas no banco de dados mais visíveis graças aos esforços de criação
pode ser feita por scripts ou por uma de bibliotecas virtuais. No entanto, dentro da
ferramenta case. temática de saúde pública, encontramos, em
A Biblioteca Multimídia da ENSP foi sua maioria, bibliotecas virtuais que oferecem
desenvolvida em PHP 4.0 (http:// acesso apenas a apontadores, ou seja, são
www.php.net), podendo rodar sobre compostas por links que levam a outros
qualquer arquitetura de hardware e sites, normalmente relacionados a um tema
sistema operacional (Linux, Windows, específico. Muitas vezes, limitam-se a seleção e
Solaris, Mac, etc.), o que permite organização de referências afins.
a utilização de uma plataforma A Biblioteca Virtual Multimídia da ENSP vai
totalmente baseada em software além dos apontadores, pois se apresenta como
livre (sistema operacional, banco de um espaço para difusão e o compartilhamento
dados, servidores e demais recursos). de informações e conhecimentos, onde o próprio
No entanto, apesar de termos toda colaborador remete seu material na íntegra e
a estrutura de banco de dados este pode se tornar alvo de debate direto entre
funcionando para MySQL (http:// os leitores e o colaborador. Em outras palavras,
www.mysql.com), optamos em utilizar o colaborar para a informação se constituir em
banco de dados Oracle (http://www. conhecimento público.
oracle.com), pois o mesmo é o adotado
pela instituição. Essa A iniciativa de constituição da Biblioteca Multi-
mídia da ENSP encaixa-se nas diretrizes do
decisão baseou-se nos critérios adota- governo federal de democratização das
dos para a integração de todas as informações publicas, de inclusão digital e
ferramentas do Portal da ENSP. acessibilidade.
A comunicação científica, seja formal No mundo contemporâneo da sociedade da
ou informal, está passando por mu- informação, ou sociedade em rede, a grande
danças tão significativas que cada questão é como as pessoas terão amplo e
13. livre acesso aos benefícios das tecnologias de e, conseqüentemente, no cumprimento
Artigo 11
informação e comunicação, de forma que a dos compromissos de saúde contidos
Internet, por sua apropriação social, seja um nos Objetivos de Desarrollo del
poderoso instrumento de educação, ciência e Milenio. Com isso, todas as instituições
tecnologia, cultura e formação de cidadania. envolvidas reafirmam o direito
Para tudo isso se torne realidade é necessário que de universalizar e democratizar o
governos e instituições nacionais e internacionais acesso à informação, que é condição
proporcionem não apenas a infra-estrutura fundamental para o processo de
tecnológica, de comunicação e de informação, desenvolvimento social e de acesso
mas também formulem e concretizem políticas universal aos serviços na sociedade
com essa finalidade, abarcando, ao mesmo contemporânea.
tempo, coleções e acervos manuscritos, impressos
e eletrônicos, aí incluída a pluralidade do
diversificado conjunto de textos, imagens e sons
BIBLIOGRAFIA
99
– patrimônio documental e patrimônio digital, CEBRIÁN, Juan Luis. A rede: como nossas vidas
serão transformadas pelos novos meios de
memória do mundo. comunicação. São Paulo: Summus, 1999.
É fato afirmar que maior acessibilidade é igual DONATH, Judith S.; ROBERTSON, Niel. The
a maior uso, que significa maior impacto, que, sociable web. In: INTERNATIONAL WWW
por sua vez, significa maiores recompensas, CONFERENCE, 2., 1994, Chicago. (Anais
eletrônicos).
provocando mais produção, a qual, estando
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34,
mais acessível, provoca maior uso e assim 1999.
sucessivamente.
LÉVY, P. A Inteligência coletiva: por uma
Com isso, esta Biblioteca Virtual Multimídia da antropologia do ciberespaço. 3 ed. São Paulo:
ENSP pode ser considerada um instrumento que Ed. Loyola, (a). 212 p, 2000.
mobilizará e impulsionará a disseminação e MARCONDES, C.H.; GOMES, S.L.R. O
a democratização das informações em saúde impacto da Internet nas bibliotecas brasileira.
Transinformação, Campinas, v. 9, n. 2., jul./
pública no Brasil e para os países de língua ago., 1997.
portuguesa, visto que todo o conteúdo da
MARCHIONINI, G. Research and Development
mesma estará disponível, também, no Campus in Digital Libraries. Disponível em: <http://ils.
Virtual de Saúde Pública – projeto organizado unc.edu/~march/digital_library_R_and_D.
pela Organização Pan-Americana de Saúde html>, acesso em: 24 mar. 2001.
(Opas/OMS) de desenvolvimento de um ONTALBA Y RUIPÉREZ, José Antonio. Las
ambiente virtual que seja um meio de operação comunidades virtuales académicas y científicas
españolas: el caso de RedIris. El Profesional de
conjunta entre a Organização e os países da la Información, v. 11, n. 5, p. 328-338, sept./
Região. O projeto abrange vários países da oct. 2002.
América Latina, além da Espanha. No Brasil, a PINHEIRO, Lena Vânia R. Comunidades
coordenação do campus virtual está a cargo científicas e infra-estrutura tecnológica no
da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Brasil para uso de recursos eletrônicos de
Arouca (ENSP/Fiocruz). comunicação e informação na pesquisa.
Ciência da Informação, Brasília, v. 32, n. 3, p.
O Campus Virtual de Saúde Pública Brasil 62-73, set./dez. 2003.
insere-se nessa política de ampliação de RUSSELL, Jane M. La comunicación científica a
acesso e informações. Constitui-se num espaço comienzos del siglo XXI. Disponível em <http://
www.oei.es/salactsi> Acesso em: 30 jul. 2007.
virtual privilegiado que potencializa a gestão
do conhecimento nos programas de educação TARAPANOFF, K; ARAÚJO JÚNIOR, R. H;
CORMIER, P. M. J. Sociedade da informação
permanente para o desenvolvimento de recursos e inteligência em unidades de informação.
humanos em saúde pública, contribuindo Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, p.
ativamente para La Iniciativa La Salud Pública 91-100, set./dez 2000.
en las Américas, através do compartilhamento e Wikipedia. Disponível em: <http://www.
da disseminação das práticas em saúde pública wikipedia.com>. Acesso em: 15 mar. 2007.
14. A gestão
estratégica do
CONHECIMENTO
a partir de hábitos
organizacionais Jacqueline Sá Ricarte
inteligentes. Fundo Brasileiro Para
A Biodiversidade - Funbio
15. Resumo: Este trabalho apresenta idéias e congressos, seminários, feiras e
Artigo 12
métodos para a promoção do conhecimento em encontros, associações profissionais e
organizações, tendo como base as premissas setoriais, governo e instituições com
de inovação, simplicidade e competências relações preferenciais, consultores e,
essenciais. Embora sem a apresentação de um claro, os próprios empregados.
caso específico, foi pensado e escrito tendo A gestão inteligente está orientada para
como foco a organização não-governamental o conhecimento. Como? Identificando e
Fundo Brasileiro para a Biodiversidade - Funbio, desenvolvendo as competências dos
onde a autora é funcionária. trabalhadores, estimulando as idéias,
Palavras Chave: estratégia, competências, fomentando o intercâmbio pessoal
gestão do conhecimento, inovação, inteligência de conhecimentos, promovendo o
organizacional aprendizado, promovendo a gestão de
projetos orientada ao conhecimento,
estruturando a documentação e
1
101
- Introdução melhorando a transparência da
informação, inovando, atuando com
simplicidade, entre outros hábitos que
A palestra proferida pelo Prof. Klaus North*,
serão abordados neste trabalho.
em dezembro de 2007, no Rio de Janeiro,
intitulada “Construindo empresas inteligentes”, E o que é o FUNBIO? Fundo Brasileiro
serviu de inspiração para a elaboração deste para a Biodiversidade, uma
trabalho. A palestra foi iniciada com a seguinte associação civil sem fins lucrativos
questão: A sua organização é inteligente? criada em 28/09/1995 com o
Segundo North, A escala do saber é a base objetivo de complementar as ações
para a organização inteligente. Signos, dados, governamentais para a conservação
informações, conhecimento, saber fazer, inovar e o uso sustentável da diversidade
com simplicidade, agir com competência, ter biológica do país. A atuação do Funbio
capacidade competitiva, entre outros. é pautada pelas decisões do seu
Conselho Deliberativo, que é formado
Para uma organização se considerar inteligente
por representantes dos setores
ela deve ter processos bem estruturados,
empresarial, ambiental, acadêmico
transparentes, integrando pessoas e motivando
e governamental. Sua Missão é
seus funcionários. Os conhecimentos básicos
aportar recursos estratégicos para a
estão relacionados a mercado, clientes,
conservação da biodiversidade. E sua
processos, tecnologia, produtos e serviços, e aos
Visão é ser o parceiro preferencial dos
empregados.
principais atores ambientais nacionais
A organização inteligente se abre para e globais na busca de soluções para
fora. Compartilhar conhecimentos é poder! esta finalidade.
É preciso apoiar uma cultura de intercâmbio
de conhecimentos. É necessário aprender,
sistematicamente, de mercados, clientes,
competidores, provedores e outras fontes
externas.
2 – Inovação
Como fazer com que a organização
Quem são as fontes de informação e seja ágil para se adaptar à velocidade
conhecimento? Livros, revistas, páginas web, das mudanças mundiais? Como tornar a
catálogos, redes, contatos pessoais, clientes organização atraente para trabalhar?
e clientes potenciais, bancos e agências Como mobilizar a imaginação e as
financeiras, universidades e centros tecnológicos, ações dos funcionários diariamente?
16. Como diz C.K. Prahalad*, um dos espalhados pelo mundo, em vez de tentar fazer
Artigo 12
maiores especialistas em estratégia da a maior parte das coisas elas mesmas.
atualidade, são necessárias mudan-
É necessário aproveitar as oportu-nidades,
ças significativas - fronteiras menos
sem deixar que a inovação fracasse ao
definidas entre os setores - fim da
chocar-se com as barei-ras organizacionais.
intermediação - nova consciência –
Segundo Larry Prusak*, a unidade de análise
entre outras - e elas precisam ser
do conhecimento não deve ser a organi-zação,
administradas simultaneamente. E para
nem o indivíduo, mas sim grupos com contextos
administrar essas mudanças, os gesto-
comuns.
res se defrontarão com desafios novos
e complexos. Complementando, outro especialista em
estratégia, Lowell Bryan*, considera que o
O papel fundamental dos líderes do
modelo tradicional do século 20, baseado em
futuro será gerenciar o presente, es-
hierarquias, não é efetivo para organizar o tipo
quecer seletivamente o passado e
102
de trabalho das novas gerações, que aprendem
dar combustível para o futuro. Não
poderão simplesmente deixar de fazer a se autogerir e criam critérios subjetivos
o que fazem hoje e começar algo 100% com base no próprio conhecimento adquirido
novo. Terão de proteger o negócio em contextos dinâmicos. Na era digital, são
atual e, ao mesmo tempo, conduzir a essas pessoas que geram riqueza. Todas as
empresa para uma nova fronteira. grandes instituições têm muitos funcionários
Por que empresas fabulosas perdem que usam o pensamento de forma intensa e
a liderança do mercado? Porque não devem colaborar entre si. As organizações que
conseguem escapar do passado ou permitem a esses profissionais canalisar seu
porque não conseguem criar o futuro. poder mental coletivo inteligente conseguirão
O mesmo vale para os profissionais. obter mais lucros e se posicionar no mercado
(Prahalad. Artigo da Você S.A, 2000) com sucesso.*
A verdadeira inovação caracteriza-
se por ser um potencial jogo de mu-
danças. Prahalad vislumbra um futuro
onde as organizações de ponta
3 - Simplicidade
serão inovadoras em duas frentes: a As soluções mais eficientes normalmente são
primeira, co-criando valor com seus simples, não possuem grandes sofisticações.
clientes e tratando cada um deles Por tal motivo, são aprendidas por todos,
individualmente. A segunda, utilizando independentemente do nível hierárquico, e
recursos de terceiros, especializados e aplicadas de forma objetiva no dia a dia.
* O Dr. Klaus North é professor catedrático em Administração Internacional de Empresas da Universidade de
Wiesbaden (Alemanha) e consultor de diversos organismos internacionais (OIT - Organização Internacional do
Trabalho) no tema gestão do conhecimento. É Diretor Cientifico do Prêmio Alemão de Gestão do Conhecimento
e Presidente fundador da Sociedade Alemã de Gestão do Conhecimento.
* C.K. Prahalad é um dos mais influentes especialistas em estratégia empresarial da atualidade. Consagrado
internacionalmente por sua inestimável contribuição ao pensamento estratégico corporativo, é considerado um
dos dez maiores especialistas em administração e negócios do mundo.
* Larry Prusak é pesquisador e consultor pioneiro em Gestão do Conhecimento. Tem ministrado palestras sobre
os temas aprendizado organizacional, gestão da informação e gestão do conhecimento, capital humano e social
nas melhores universidades e conferências dos E.U.A., Canadá, Europa, Japão, Austrália, China, Coréia, etc.
* Lowell Bryan é sócio da Consultoria McKinsey. Ao longo dos últimos 30 anos, ele tem falado e escrito
extensamente sobre estratégia e organização. Ele é colaborador freqüente do Wall Street Journal página
editorial e os seus artigos têm sido publicados na Harvard Business Review e na McKinsey Quarterly.
17. Todos os empregados têm como colaborar um portfólio de atividades distintas,
Artigo 12
com a Inovação na sua organização, indepen- uma organização é um portfólio de
dentemente de seu nível hierárquico bem como competências essenciais, que são uma
da relevância da idéia proposta. combinação de:
Uma idéia simples pode ser aperfeiçoada a • Várias tecnologias (hard e soft).
partir da colaboração. Uma boa idéia que • Aprendizado coletivo (multinível, mul-
funcione bem em um domínio, pode servir de tifuncional).
inspiração para ser reutilizada em um outro
domínio. • Capacidade de compartilhar (além
das fronteiras organizacionais e geo-
Na organização, a simplicidade deverá ser gráficas).
objetivo permanente. Não há lugar para des-
perdício, em sentido geral e, em particular, para Uma competência essencial pode
o desperdício causado pelas práticas buro- ser representada como uma função
multiplicadora desses três elementos.
103
cratizantes e desnecessárias.
Para administrar as mudanças compe-
O tempo dedicado à burocracia e às atividades
titivas, os gestores terão desafios novos
artificialmente complicadas é tempo que poderia
e complexos. Eles deverão tomar as
ser dedicado à inovação, ao aprendizado, à
seguintes iniciativas:
criatividade, enfim, ao aperfeiçoamento pessoal,
organizacional e dos produtos e serviços. • Incorporar novos pacotes de tecno-
logias aos negócios tradicionais da
O auto-desenvolvimento deve ser promovido
organização.
com ênfase. O desenvolvimento somente pode
ser obtido por meio do engajamento, interesse, • Modificar a composição das equipes.
emoção e persistência do próprio empregado. A globalização exige que os membros
das equipes provenientes de diferentes
O gerente deve atuar como elo dos empregados
culturas aprendam como um grupo
à Visão organizacional. Ele deve fomentar o
único.
alinhamento dos empregados sendo mais um
facilitador, fomentador, criador de condições e • Transferir rapidamente as competên-
persistente identificador de oportunidades para cias essenciais para as diferentes uni-
desenvolver pessoas e reconhecer seus méritos. dades da organização.
A simplicidade está em pensamentos just-in-time, A seguir, três das nove tarefas para
equipes pequenas e com membros multi-tarefas, administrar as competências, elen-
com ações rápidas, eficazes e participativas. cadas por Prahalad:
O diferencial da simplicidade está em ser 1. Conquistar acesso ao conhecimento
amigável e pessoal, em atuar com menos e conquistar novos conhecimentos.
burocracia e mais liberdade, em estar sempre O modo mais óbvio de conquistar
disponível para o cliente, em manter uma cultura acesso ao novo fluxo de conhecimento
aberta que torne fácil corrigir erros e aceitar é recrutar pessoas que já possuam o
novas idéias. É preciso pensar grande, agindo novo conhecimento necessário. E, além
pequeno. disso, vários níveis da organização
precisam aprender e aplicar o saber
4 - Competências essenciais desse novo conhecimento. Não basta
identificar a necessidade de novos
conhecimentos e tomar as providências
Ainda segundo Prahalad, o conceito, já para adquiri-los. É preciso dar
amplamente aceito, é o de que, além de ser legitimidade e urgência a essa tarefa.
18. 2. Associar os fluxos de conhecimento. vantes para as atividades da organização é
Artigo 12
Mais difícil que adquirir um novo conhe- a primeira ação de gestão. Deve-se levan-
cimento é associá-lo coerentemente ao tar os conhecimentos necessários para o
conhecimento tradicional para criar desenvolvimento de cada projeto, definindo
novas oportunidades de negócio. As o grau de importância, associando-os com
organizações aprendem fazendo. as responsabilidades de cada Unidade da
Portanto, é crucial que os gestores de- organização e relacionando-os com as compe-
senvolvam projetos específicos e peque- tências essenciais necessárias.
nos. Os projetos são os portadores do O resgate e a disseminação das lições aprendidas
novo aprendizado. Eles concentram a em projetos desenvolvidos anteriormente
atenção da organização na solução pela organização é fundamental e deve ser
dos problemas de associação do novo amplamente multiplicado internamente. Deve-
conhecimento ao antigo. As equipes de se criar uma política de incentivo ao registro e
projeto com membros de várias áreas disseminação de resultados, buscando motivar
104
são imprescindíveis para o sucesso da os colaboradores por meio de premiação
aprendizagem e da aplicação daquilo e realização de eventos presenciais para a
que foi aprendido. socialização do aprendizado. O Aprendizado
3. Aprender a esquecer adquirido em projetos anteriores possibilita o
desenvolvimento de novos projetos e produtos
Em um ambiente competitivo, para con- com menor custo, maior qualidade e, por fim,
correr na nova economia é essencial em um menor período de tempo.
esquecer os antigos padrões. A lógica
predominante da organização ou das A organização precisa “aprender” a partir do
pessoas pode se tornar um sério obs- aprendizado e, porque não, também, com os
táculo ao aprendizado. As pessoas pre- “erros” de seus colaboradores. “Tolerar erros”
cisam aprender a esquecer, e esque- é um sinal de que o aprendizado tem papel
cer é mais difícil do que aprender. importante na organização. A “ameaça” aos
erros cometidos faz com que os colaboradores
tenham receio de evoluir e implantar inovações
5 - A Gestão para a promoção
do Conhecimento baseada na
Inovação, na Simplicidade e nas
que podem proporcionar melhorias. O erro
não é um fracasso, e sim uma oportunidade de
aprender. Deve-se incentivar o registro dos erros,
Competências Organizacionais premiando os colaboradores que registram os
Essenciais. erros cometidos em um projeto, criando eventos
para divulgar e discutir os problemas ocorridos
durante o seu desenvolvimento. É importante
A inovação deve ser tratada com aprender com os “acertos”, para repeti-los e,
simplicidade. Ela pode ser desen- com os “erros”, para evitá-los.
volvida em qualquer área da orga-
Considerações relevantes para a promoção do
nização. Qualquer funcionário, inde-
conhecimento nas organizações:
pendente de seu nível hierárquico,
pode contribuir de forma decisiva • Tendo como objetivo registrar idéias inovadoras
para o desenvolvimento de inovações. e originais que uma vez implementadas possam
Deve-se reconhecer a importância e proporcionar melhorias contínuas de qualidade,
as experiências dos profissionais da otimização dos processos, redução dos custos e
organização e incentivar seu apren- dos prazos, dentre outros benefícios, deve-se
dizado e colaboração. criar um Programa de Idéias.
A definição dos conhecimentos rele- • É de vital importância a divulgação dos nomes
19. de todos os colaboradores que se dispõem a Como diz o Prof. Rivadávia*, o
Artigo 12
registrar e disseminar seus conhecimentos aos conhecimento é essencialmente humano.
demais colegas. Esta divulgação deve considerar Não é possível alcançar a Gestão do
todos os níveis hierárquicos e não estar restrita Conhecimento sem se voltar para o
a um grupo de profissionais. aspecto da humanidade. É preciso
• Todo colaborador que registra e dissemina que treinemos os colaboradores a se
idéias e conhecimentos, deve receber algum comportarem pró-ativamente em favor
destaque que permita com que ele passe da busca e da obtenção do saber. Mas
a ser considerado referência e ponto de se não houver disposição, motivação,
consulta para o desenvolvimento de novas empatia, propósito e atitude, de nada
soluções e para atuar em projetos que exigem valerá o saber.
tal especialidade. Deve-se considerar o Nesse contexto, o maior desafio de
desenvolvimento de Mecanismo que permita uma organização deve ser o de criar
divulgar os conhecimentos e as idéias mais a cultura voltada para o ‘aprender
105
consultadas, com o devido destaque aos nomes a aprender’. Não basta inserir no
dos colaboradores responsáveis pelas mesmas. profissional um conhecimento específico
• Os colaboradores devem ser estimulados a da organização, ou, até mesmo,
fazerem apresentações sobre soluções propostas colocá-lo para realizar cursos. Existe,
para melhorias de atividades da organização. hoje, a necessidade de se trabalhar
Deve-se criar Programas de Incentivo à Colabo- habilidades, ou, até mesmo “gênios”,
ração e ao Compartilhamento. que se não encontrarem um ambiente
propício e estimulante, certamente não
• Com o objetivo de incentivar o desenvolvimento permanecerão e levarão consigo toda
de novas tecnologias e processos de inovação, a bagagem de anos de experiência.
torna-se importante desenvolver prêmios Tornar o conhecimento produtivo é uma
específicos. A escolha dos melhores trabalhos responsabilidade gerencial.
deve levar em conta as opiniões dos próprios
colaboradores. Deve-se estruturar uma publi-
cação, em papel ou eletrônica, para divulgar os
novos conhecimentos. 6 – Conclusões
• A criação de redes de trabalho entre pessoas, A Inovação tem se tornado um dos
também denominada comunidades de prática, principais fatores de geração de
normalmente espontâneas e informais em riqueza e valor das organizações.
relação à estrutura formal da organização, Atualmente, as organizações consi-
podendo envolver pessoas de dentro e de deradas Inovadoras
fora na troca de experiências e na busca de
novas abordagens para problemas comuns, são mais reconhecidas e valorizadas no
deve receber incentivos e motivações. Dessas Mercado. Constata-se uma significativa
comunidades surgem proposições de idéias e diferença entre o Valor de Mercado e
soluções originais, além do estímulo ao compar- o Valor dos Ativos das organizações.
tilhamento de experiências individuais no O Capital Intelectual de uma orga-
ambiente de trabalho. nização é constituído de patentes,
* Rivadávia Correa Drummond de Alvarenga Neto é doutor e mestre em Ciência da Informação pela
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, especialista em Negócios Internacionais pela PUC Minas e
bacharel em Administração pela UFMG. É Professor Titular do curso de Mestrado Profissionalizante da FEAD
Minas, e Professor e Pesquisador Convidado da Fundação Dom Cabral e do Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação da UFMG.
20. processos de inovação, habilidades de ser buscada na hora que dela necessitamos, e
Artigo 12
funcionários, tecnologias, informações, armazenada se necessário for, o conhecimento
conhecimentos e, talvez, sabedoria. exige inferência e uso para gerar valor.
Para continuarem competitivas, em seus A propósito, o conhecimento só serve para duas
mercados, as organizações precisam coisas: ser compartilhado ou gerar valor. O
executar suas atividades com maior conhecimento retido na pessoa ou num livro que
rapidez – A Inovação exerce um nunca será lido é um tesouro no fundo do mar. A
importante papel para o atendimento sabedoria, por sua vez, é todo o conhecimento
deste intento. “As Únicas Vantagens aplicado. Quando você usa conhecimento para
Competitivas que uma Empresa tem viver melhor, produzir melhor, está exercendo
são aquilo que ela coletivamente sabe, uma certa sabedoria.
a eficiência com que ela usa o que sabe A obsolescência nas organizações parece advir
e a prontidão com que ela adquire e cada vez mais da incapacidade de gerir e
usa novos conhecimentos”. DAVENPORT
106
compartilhar as experiências que estão nas
& PRUSAK (1998) pessoas que lá trabalham. Por outro lado,
O valor de uma organização é você sabe que está ficando obsoleto no campo
dividido em Valores Tangíveis (visíveis) pessoal quando pára de aprender.
e Valores Intangíveis, difíceis de serem A organização que é centrada em valores
visualizados porque são baseados é aquela que ensina, que reflete, que tem
no conhecimento e competência dos memória, que opera em rede, que experimenta,
colaboradores. Há uma significativa que inova, que é transparente, que aprende.
diferença entre o valor de mercado
de uma organização e seu efetivo Referências
valor físico. Esta diferença se deve Bryan, Lowell. Gestão inovadora: uma conversa
a valorização de ativos intangíveis com Gary Hamel e Lowell Bryan. Revista
(informações, conhecimentos, idéias, Marketeer, março/2008.
inovações, criatividade), e estes
Alvarenga Neto, Rivadávia Correa Drummond
representam cerca de 70% do valor
de. Gestão do conhecimento em organizações :
de uma organização. proposta de mapeamento conceitual integrativo.
É importante que se entenda muito bem São Paulo : Saraiva, 2008.
que o que traz valor para as pessoas Davenport, T. H.; Prusak, L. Conhecimento
e para as empresas, no longo prazo, empresarial: como as organizações gerenciam o
é o conhecimento e não a informação. seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus,
Não se trata de renegar o valor da 1998.
informação certa na hora certa,
principalmente aquelas de caráter North, Klaus. Palestra: Construindo empresas
competitivo. Porém, há de se definir que inteligentes. Coppe/UFRJ, Centro de Tecnologia,
Rio de Janeiro, dia 19/12/2007.
a informação tem caráter cumulativo,
enquanto o conhecimento é seletivo, Prahalad, C. K. O trabalho no futuro. Artigo
ou seja, enquanto a informação pode publicado na Revista Você S.A., agosto/2000.
21. Índice de Desenvolvimento da Gestão
Pública na Prefeitura Municipal de Curitiba
uma estratégia
focada no
conhecimento
Marcia Schlichting
Instituto Municipal de
Administração Pública
22. Resumo: Este relato técnico tem Desde 2004 a Prefeitura estuda e utiliza o
Artigo 13
como objetivo apresentar o Índice de modelo de excelência em gestão pública,
Desenvolvimento da Gestão Pública. nos processos de plane-jamento, utilizando-
Este índice é uma estratégia focada se da auto-avaliação para alguns órgãos da
no conhecimentode para avaliação da administração municipal. Esta experiência trouxe
gestão pública municipal que contém resultados altamente positivos, com impacto
22 indicadores que estão relacionados direto nos diversos processos de trabalho e nos
às práticas de gestão utilizadas na resultados de cada um dos órgãos.
Prefeitura Municipal de Curitiba. Com o conhecimento da ferramenta de auto-
Palavras Chave: Práticas de avaliação avaliação, a necessidade de avaliar mais
da gestão; inovação, Índice de Desen- objetivamente a gestão e focar o conhecimento
volvimento da Gestão Pública já existente, desenvolveu um índice, com
indicadores que possam dar uma noção objetiva
da realidade, que agrupados, formaram o
108
1 . Tema índice de cada Órgão e o da Prefeitura.
A Prefeitura Municipal de Curitiba, ao
longo do tempo, tem sido reconhecida
2 . Objetivo
como uma Instituição que adota Este relato técnico tem como objetivo apresentar
constantemente novas práticas, que um instrumento de avaliação de gestão que
venham a contribuir com uma gestão contempla 22 práticas utilizadas na Prefeitura
administrativa moderna, incorporando Municipal de Curitiba como uma estratégia
medidas de execução e controle focada no conhecimento.
capazes de substituir velhas práticas,
3
por instrumentos criados sob o princípio
da Administração Pública Gerencial,
. Metodologia
voltada para resultados e com foco no
atendimento ao cidadão e à sociedade. O Índice de Desenvolvimento da Gestão Pública
Para cumprir com este papel implantou, é um Instrumento de Política de Governança que
em 2007, o Índice de Desenvolvimento estimula e avalia as práticas de gestão pública,
da Gestão Pública - IDGP, com o com foco na melhoria contínua dos serviços
objetivo de avaliar e estimular o de- prestados. É formado por 22 indicadores
senvolvimento das práticas em gestão estratégicos, agrupados de acordo com os 07
pública, utilizadas pelos Órgãos da critérios do Sistema de Excelência : liderança,
Administração Municipal, com vistas a estratégias e planos, cidadão e sociedade,
padrões elevados de resultado. informação e conhecimento, pessoas, processos
Esta proposta tem como diretriz o Plano e resultados.
de Governo 2005-2008, é uma ação
Cada um dos 22 indicadores está relacionado
do programa denominado Governança
com uma prática realizada nos órgãos da
Pública e tem como base o Modelo de
Prefeitura e 9 deles já monitorados em
Excelência do Programa Nacional de
sistemas informatizados. Os resultados destes
Gestão Pública e Desburocratização
indicadores foram levantados em relatórios
– Gespública – que estabelece 07
específicos para cada um dos órgãos e os
critérios de excelência: liderança,
demais por uma pesquisa aplicada diretamente
estratégias e planos, cidadão e socie-
aos gestores municipais.
dade, informação e conhecimento, pes-
soas, processos e resultados. Cada um dos indicadores tem a descrição, a
1
Este sistema faz parte do Modelo de Excelência em Gestão Pública do Programa Nacional de Gestão Pública
e Desburocratização – Gespública.
23. fundamentação, a base de cálculo, o peso que este indicador tem no índice, as suas faixas
Artigo 13
de pontuação, bem como a sua fonte de informação. Alguns indicadores precisaram ser
normalizados para que ficassem na escala entre 0 e 1.
Para cada um dos critérios há uma média dos indicadores e o resultado final estabelecido,
pode ser analisado conforme as faixas de pontuação descritas no quadro a seguir:
109
Quadro 1 – Faixas de pontuação para cada critério
A composição do resultado final da Prefeitura foi obtida pela média do resultado do Índice
de cada Órgão, respeitando sua classificação em faixas de pontuação, com variações de 0
a 1, conforme o quadro a seguir:
Quadro 2 – Faixas de pontuação global para o Índice de cada órgão
Em novembro de 2007 o levantamento de alguns indicadores foi feito por meio de uma
pesquisa com os gestores da Prefeitura e seu resultado foi apresentado em dezembro de
2007 em reunião de Secretariado a todos os dirigentes.
Para 2008, uma das prioridades será a análise dos resultados atingidos no IDGP de cada
Órgão e o resultado consolidado da PMC, visando o envolvimento dos gestores municipais,
na implementação de ações de melhorias.
A partir do diagnóstico e da análise destes índices, torna-se necessário uma ampla discussão,
com o auxílio de ferramentas adequadas, que propicie a análise e a instrumentalização
para que os gestores possam adotar práticas de intervenção na melhoria da gestão dos
processos de trabalho, melhorando os indicadores e consequentemente a gestão de cada
Órgão, visando o desenvolvimento institucional.
Os indicadores estão divididos em cada um dos 7 critérios conforme ilustrado no quadro a
seguir:
24. Artigo 13
110
Quadro 3 - Indicadores em cada critério
A seguir a descrição e a forma de os líderes participam e conduzem o processo
levantar o resultado de cada um dos de definição da Estratégia e Políticas de
indicadores: Gestão para o Órgão, bem como disseminam
1. Eficiência do sistema de reuniões o processo em todos os níveis da organização.
- manutenção do sistema de reuni- Resultado obtido pela média das respostas dos
ões, para compartilhamento das infor- gestores do Órgão
mações e tomada de decisões, envol- 3. Aproveitamento no desenvolvimento
vendo todos os níveis com regularidade. gerencial - relação entre o número total de
Este indicador foi obtido pela média horas realizadas no Desenvolvimento Gerencial
das respostas dos gestores do Órgão. pelos gestores de cada Órgão pelo número total
2. O papel da liderança na estrutura- de horas de capacitação no Desenvolvimento
ção da estratégia - forma pela qual Gerencial ofertadas pelo IMAP para cada
25. Órgão. Resultado verificado em relatórios às ações realizadas no Órgão. Resul-
Artigo 13
específicos. tado obtido pela média das respostas
4. Eficácia do desdobramento do plane- dos gestores do Órgão.
jamento: eficácia quanto ao desdobramento do 12. Registro de melhores práticas -
Planejamento em planos de ação, programas, Quantidade de melhores práticas por
projetos, objetivos, metas, ações e tarefas. 100 servidores registradas por Órgão
Resultado obtido pela média das respostas dos no sistema. Registro de melhores
gestores do Órgão. práticas construídas coletivamente
5. Utilização gerencial do SAGA-PG - Perio- pelo grupo de servidores, visando
dicidade e forma de atualização do Sistema inovações que venham a promover
de Acompanhamento das Ações do Plano de melhoria e eficácia na consecução das
Governo - SAGA–PG, pela análise do preen- atividades, produtos e/ou serviços,
chimento dos campos iniciais dos projetos e tornando o conhecimento tácito em
explícito. Resultado obtido em rela-
111
verificação da atualização das ações e tarefas.
O indicador é calculado pela média do índice tórios específicos.
de preenchimento e do índice de atualização 13. Registro de idéias - Quantidade
do sistema em cada um dos projetos do Plano de idéias registradas por servidor em
de Governo. cada Órgão no sistema. Resultado
6. Execução orçamentária - Relação entre os obtido em relatórios específicos.
valores orçados e executados da Lei Orçamen- 14. Reconhecimento e valorização
tária Anual em cada Órgão. Resultado dos servidores - Analisar a existência
verificado em relatórios específicos. de práticas que permitem ao gestor
7. Levantamento das necessidades - Verificação reconhecer e valorizar os servidores.
da existência de práticas que permitam levantar Resultado obtido em relatórios
as necessidades do cidadão/usuário, visando específicos.
à criação de produtos e ou serviços. Resultado 15. Utilização do SemEADor - Número
obtido pela média das respostas dos gestores médio de horas de capacitação no
do Órgão. projeto SemEADor/por servidor.
8. Qualidade do atendimento - Verificação da Resultado obtido em relatórios
existência de atitude dos servidores de prestar específicos.
atendimento de qualidade ao cidadão/usuário. 16. Cobertura em educação perma-
Resultado obtido pela média das respostas dos nente - Verificar a % de servidores
gestores do Órgão. por órgão que participaram de
9. Práticas de avaliação da satisfação - cursos de capacitação em educação
Verificação da existência de práticas que permanente. Resultado obtido em
permitam avaliar e verificar a satisfação do relatórios específicos.
cidadão/usuário com os produtos e/ou serviços 17. Clima organizacional - Verificar o
prestados. Resultado obtido pela média das percentual de satisfação dos servidores
respostas dos gestores do Órgão. com a gestão do Órgão. Resultado
10. Compartilhamento das informações obtido em relatórios específicos de
- Verificação de como as informações são Pesquisa de Clima Organizacional
organizadas, atualizadas, disponibilizadas 18. Gestão de processos - Verificar a
e como ocorre o compartilhamento com os existência de práticas que permitam
servidores. Resultado obtido pela média das identificar, descrever, avaliar e refor-
respostas dos gestores do Órgão. mular os processos de trabalho do
11. Uso de informações comparativas - Uso de Órgão. Resultado obtido pela média
forma sistemática de informações comparativas das respostas dos gestores do Órgão.
para avaliar e analisar experiências correlatas 19. Qualidade dos produtos e servi-
26. ços prestados pelos fornecedores - julgadas principais para que a gestão tenha
Artigo 13
Analisar a existência de práticas que sucesso. Assim sendo, se cada gestor tiver a
verifiquem a qualidade dos produtos e preocupação de acompanhar e monitorar cada
serviços prestados pelos fornecedores um destes indicadores terá, conseqüentemente,
no Órgão. Resultado obtido pela um bom nível de desenvolvimento em sua gestão.
média das respostas dos gestores do Outra evidência significativa de que o IDGP é
Órgão. uma ferramenta importante de avaliação da
20. Redução de custos no E-Com-pras gestão pública municipal, é a incorporação
- Verificar a economia por meio de destes indicadores como instrumento de
pregão eletrônico/ano (preço inicial monitoramento e avaliação de uma parte
x preço final). Resultado obtido em de gestão de um Programa Integrado
relatórios específicos de Desenvolvimento Social e Urbano de
Curitiba, vinculado ao Banco Interamericano
21. Práticas de avaliação de resultados
de Desenvolvimento – BID. O resultado do
112
- Verificar a existência de práticas IDGP será a síntese para o componente de
que permitam identificar a análise desenvolvimento institucional do programa de
gerencial do desempenho do Órgão investimento em infra-estrutura da cidade.
através de um sistema de avaliação
dos seus resultados. Resultado obtido Este instrumento mostra que não mede tudo
pela média das respostas dos gestores sobre gestão, mas procura indicar das práticas
do Órgão. existentes o que pode ser avaliado como
gestão de excelência tanto dentro de cada um
22. Apresentação dos resultados dos órgãos como da Prefeitura como um todo.
- Analisar a existência de práticas E também faz com que ocorra um movimento
que permitam divulgar os resultados de focar as práticas existentes para que cada
dos Órgãos, aos atores envolvidos gestor tenha como ponto de partida para sua
(comunidade, servidores e parceiros) e atuação, os 7 critérios de excelência e as 22
implementar as sugestões de melhoria. práticas escolhidas.
Resultado obtido pela média das
respostas dos gestores do Órgão. Em resumo, este índice se propôs a unificar uma
sistemática de acompanhamento e avaliação
da gestão pública na Prefeitura de Curitiba,
4 . Resultados, discussões e bem como identificar e entender, de forma
sistemática, a situação atual da gestão dos seus
conclusões Órgãos, por meio do conhecimento e análise
de indicadores estratégicos de gestão. Pode-
O IDGP não pretende abranger todas se oportunizar o envolvimento, a participação
as dimensões da gestão, mas sim e a construção coletiva dos gestores municipais
avaliar as práticas mais importantes para trabalhar com o resultado do índice da
gestão do seu Órgão especificamente.
para a gestão do município de
Curitiba e mobilizar os gestores para Conclui-se desta forma, que o conhecimento
que aperfeiçoem os seus processos de sistematizado em uma metodologia de
trabalho para atingirem, da melhor avaliação possibilita parâmetros de análise e
forma os resultados de excelência na melhoria da gestão como uma linguagem única
gestão. Foram selecionadas as práticas entre os gestores.
27. Inteligência Corporativa
A integração de modelos
de gestão transformando
planejamento em resultado Ana Paula Guzela Bertolin
Adriana Andréa Rodrigues
Cicemara A. D. Cordeiro
Felipe De Lameida Rezende
Instituto Curitiba De Informática