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Renovar a Teoria Crítica
    e Reinventar a
    Emancipação
        social
  Boaventura de Souza Santos

                          Luciane I. Ely
                               Luis Righi
                 Maria Beatriz C. Bertoja
                        Ricardo Rambo
UMA NOVA CULTURA
      POLÍTICA
EMANCIPATÓRIA E PARA
 UMA DEMOCRACIA DE
  ALTA INTENSIDADE
“Eu só quero é ser feliz...”
Da regulação social à
      emancipação social
“A ciência moderna consagrou o homem
enquanto sujeito epistêmico, mas
expulsou-o, tal como a Deus, enquanto
sujeito empírico. Um conhecimento
objetivo, factual e rigoroso não tolerava a
interferência dos valores humanos ou
religiosos. Foi nesta base que se
constituiu a distinção dicotômica
sujeito/objeto.” (Santos, 1987, p.50)
Os três capítulos
• 1º Plano epistemológico

• 2º Fundamentos da produção teórica nas
  ciências sociais e sua base cultural

• 3º Transformações sociais pela
  democracia de alta intensidade
O argumento central

   Há uma reinterada tensão e crise entre
a regulação e a emancipação social e
entre a experiência e as expectativas na
sociedade moderna ocidental.
“Se fecharmos os olhos e os voltarmos a
abrir, verificamos com surpresa que os
grandes cientistas que estabeleceram e
mapearam o campo teórico em que ainda
hoje nos movemos viveram ou
trabalharam entre o século XVIII e os
primeiros vinte anos do século XX, de
Adam Smith, Ricardo a Lavoisier e
Darwin, de Marx e Durkheim a Max Weber
e Pareto, de Humboldt e Planck a
Poincaré e Einstein.
De tal modo é assim que se torna possível
dizer que em termos científicos vivemos
ainda no século XIX e que o século XX
ainda não começou nem talvez comece
antes de terminar”. (Santos,1987)
O que Deleuze quer da
         Educação?

• Quer um currículo aventureiro, que não
  proponha gestos a serem reproduzidos, a
  serem reconhecidos. Ele nunca diz faça
  como eu faço, mas convida a fazer juntos.
“Quem vem por lá, no meio da neblina?
Quem entra sem bater, sem se anunciar, sem
dizer o nome próprio? Quem chega ao jardim
de infância da educação? As crianças
assustam-se, pois, veem, é um homem de
saúde frágil, a quem frequentemente falta ar.
Elas gritam por socorro, ao olharem suas
unhas longas, não aparadas, que protegem a
falta de impressões digitais. As crianças
perguntam: - O que ele vem fazer aqui? O
que quer da educação? Cometerá
violências contra a educação, ao fazê-las
aprender a pensar sem imagens e a
desaprender o que já aprenderam? Quem
ele acha que é, para vir se meter com
elas, até agora tranquilamente fixadas em
formas essenciais e saturadas por
definições substanciais? Quanto
atrevimento por parte de quem nunca
atribuiu à infância qualquer
valor, enquanto fonte do sujeito, origem do
sentir e do pensar adultos! Quanta
invasão de quem jamais deu qualquer
importância
à infância-arquivo, à criança-lembrança
ou ao infantil traço universal, por
privilegiar somente um devir-criança do
mundo! Que ousadia a desse homem
intrometer-se na educação, justamente ele
que, enquanto aluno, foi uma nulidade na
escola...” (Sandra Corazza)
O que Boaventura quer dizer ao
   colocar “Uma nova cultura
    Política emancipatória”?
• Reinventar a teoria crítica de acordo com
  nossas necessidades de hoje;
• Propor o conhecimento emancipação como
  contra proposta do conhecimento regulação;
• Propor o conhecimento de autonomia solidária
  como contra proposta do colonialismo –
  capitalismo;
• Propor para o conhecimento
  emancipatório, uma ecologia de saberes.
O que se aprende vale o que
   se desaprende ou se
         esquece?

• Porque ecologia de saberes é o que se
  pode aprender sem esquecer os próprios
  conhecimentos
“Pelas relações entre a ciência e a
virtude, pelo valor do conhecimento
ordinário ou vulgar que criamos e usamos
– como sujeitos individuais e coletivos –
para dar sentido às nossas práticas e que
a ciência teima em considerar
irrelevante, ilusório e falho: e temos de
perguntar pelo papel de todo o
conhecimento científico no enriquecimento
ou empobrecimento prático das nossas
vidas, ou seja, pela contribuição positiva
ou negativa da ciência para nossa
felicidade.” (Rousseau)
Desafios propostos por
         Boaventura

• Reinvenção de possibilidades
  emancipatórias – utopia crítica;
• Como fazer o silêncio falar de forma que
  produza autonomia?

        O silêncio denuncia aspirações
                improferíveis
• No diálogo intercultural deve produzir uma
  luta contra duas frentes:
  – Política de hegemonia
  – Política de identidade absoluta (universalismo
    / incomensurabilidade);
• A busca de outra metodologia de
  saber, ensinar e aprender;
• A ação científica é diferente da análise
  científica das consequências dessa ação:
  – Saber-se um sujeito contextualizado de sua
    cultura,
– Saber ter uma distância crítica da realidade,
  – Saber a diferença entre objetividade e
    neutralidade.
• O desenvolvimento de subjetividades
  rebeldes contra o conformismo;
• Além da dimensão racional há dimensões
  críticas, crenças, fé, emoção, desejos;
• A busca de quadros teóricos e políticos
  para saídas de enganos, fugindo de uma
  celebração de que não há nada além;
• A possibilidade de criar uma epstemologia
  do Sul, atento para:
  – Colonialismo social ou cultural,
  – Colonialidade do poder,
  – Sul imperial e anti-imperial;
• É preciso criar o Sul contra-hegemônico e
  o pós-colonialismo, cuja ideia pontua que
  das margens se veem melhor as
  estruturas de poder e compreender que o
  centro está nas margens, escapando, às
  vezes de toda a nossa análise.
• nessa concepção o colonialismo são
  todas as trocas, todos os intercâmbios, as
  relações em que uma parte mais fraca é
  expropriada de sua humanidade. É a
  privatização da Humanidade.
• para tanto, há que se ficar atento à
  Sociologia das ausências e do
  Procedimento da Tradução, como
  tentativa de se criar uma epstemologia do
  Sul.
“A distinção dicotômica entre ciências
naturais e ciências sociais deixou de ter
sentido e utilidade. Esta distinção assenta
numa visão mecanicista da matéria e da
natureza a que contrapõe, com
pressuposta evidência, os conceitos de
ser humano, cultura e sociedade.”
(Santos, 1987)
Níveis para renovar a Teoria
        Social e Política
• concepção mais ampla de poder e de
  opressão:
  – Espaço-tempo doméstico, o poder é
    patriarcado,
  – Espaço-tempo da produção, o poder é
    exploração,
  – Espaço-tempo da comunidade, o poder é
    diferenciação desigual,
  – Espaço estrutural do mercado, o poder é
    fetichismo das mercadorias,
– Espaço-tempo da cidadania, o espaço
  público, o poder é dominação,
– espaço-tempo mundial, o poder é desigual.

   A parcelização e a disciplinação do saber
   científico fazem do cientista um ignorante
 especializado e os efeitos são profundamente
      negativos. Para Santos, os males da
       parcelização do conhecimento e o
        reducionismo arbitrário são hoje
    reconhecidos, mas a solução para esse
   problema acaba por reproduzir o modelo
                   existente.
Como trabalhar as formas de
            poder:

• modos de produção de poder e de saber;
• percepção da lógica de desenvolvimento
  como forma de se criticar a razão
  indolente;
• tentativa para uma nova teoria política e
  uma democracia radical de alta
  intensidade;
• democratização de todos os espaços;
• emancipação a partir do respeito da
  igualdade e do reconhecimento da
  diferença, mas tratar as diferenças iguais;
• uma contra-proposta ao sistema de
  desigualdade e ao sistema de
  desigualdade e ao sistema de
  exclusão, novamente com saídas na
  sociologia das ausências;
• opressão, princípio de igualdade e
  reconhecimento da diferença na prática
  relacional entre
  inconformismo, rebeldia, revolução e
  transformação social;
• a luta contra hegemônica é conviver e
  entrar em conflito com o internacionalismo
  da globalização neoliberal;
• trabalho teórico e político no processo de
  desnacionalização, como contrariar as
  imposições externas e a regulação social;
• há necessidade de se produzir teorias e
  práticas transescalares, que as escalas
  locais possam articular com escalas
  nacionais e globais.
• estamos em um contexto no qual a
  legalidade, direitos humanos e
  democracia são realmente instrumentos
  hegemônicos, portanto, não serão por si
  mesmo processos de emancipação
  social, seu papel, ao contrário, é de
  impedi-la.

 A alternativa é a grande proposta de uma
 ecologia de saberes.
“Ao contrário do que sucede no
paradigma atual,    o conhecimento
avança à medida que o seu objeto se
amplia, ampliação que, como a
árvore, procede pela diferenciação e
pelo alastramento das raízes em
busca de novas e variadas interfaces.”
(Santos, 1987)
• Todo conhecimento emancipatório visa
  constituir-se em senso comum: “Um
  indígena dos Andes com frequência é
  analfabeto. Significa que é inculto? Nada
  disso. É um homem imerso numa cultura
  própria, arcaica, sem dúvida, que não se
  desenvolveu, mas que ele soube
  conservar e lhe permitiu viver intergrado e
  em solidariedade com outros homens
  como ele, relacionar-se com o passado e
  com a terra que trabalha, que o dotou de
  forças espirituais para resistir a todo tipo
de adversidades, desde a exploração até
as catástrofes naturais. Embora
analfabeto, esse camponês é certamente
mais culto que universitários que embora
saibam ler e escrever, vivem
intelectualmente de modo
precário, repetindo ideias que aceitaram
de forma mecânica e que, por isso
mesmo, em vez de servi-lhes para
conhecer a realidade na qual
vivem, divorciam-nos dela” (Mário Vargas
Llosa)
A reinvenção da emancipação
social para uma sociedade mais
             justa
• Se os instrumentos hegemônicos podem ser
  utilizados de maneira contra-hegemônica;
• Se podemos desenvolver um conceito
  contra-hegemônico de legalidade, de direitos
  humanos e de democracia;
• Se podemos encontrar ambições e sementes
  de coisas novas a fim de poder trabalhar nas
  culturas e formas políticas marginalizadas e
  oprimidas.
Para uma democracia de alta intensidade




                           “É democrática
                           somente uma
                           sociedade na qual
                           ninguém seja tão
                           pobre que tenha que
                           se vender, nem
                           ninguém seja tão rico
                           que possa comprar
                           alguém” Rousseau
A questão das condições da
       democracia
• Democracia só se fazia possível em um
  pequeno pedaço do mundo;
• Tensão crítica entre democracia e
  capitalismo, evidenciando na metáfora do
  contrato social uma luta por uma inclusão;
• Mas, o capitalismo não gosta de
  redistribuição e cria-se a tensão criativa
  entre regulação e emancipação que é:
  epistemológica, teórica e política;
• Pensar o Estado como solução e a
  sociedade como o problema, clareia dois
  processos: socialização da economia e a
  politização do Estado.
A politização do Estado vai
    constituir na produção de:

• Identidade nacional;
• Bem-estar individual e coletivo;
• Segurança individual e coletiva;
• Soberania nacional.
     Mas, apenas um modelo de
democracia sobrevive: a democracia liberal
representativa.
Mas também perdemos a diversidade de
formas democráticas alternativas. E a
tensão entre capitalismo e democracia
desaparece para dar lugar a uma
democracia que não produz redistribuição
social, mas destrói.
O que acontece com a falta de
     redistribuição social?
• A discrepância entre experiência e
  expectativa sofre um colapso;
• Sociedade é apenas receber salário no fim
  do mês, é a expectativa estabilizada;
• Emerge uma nova forma de fascismo. Não é
  um regime político é um regime social;
• Não é um contrato social, mas um
  contratualismo individual, é o fascismo
  contratual;
• A sociedade civil passa a ser a solução e
  o Estado passa a ser o problema;
• Com o Estado ineficiente há um
  desdobramento: a desnacionalização do
  Estado e a desestatização da regulação
  social;
• Aparece o problema da relação entre
  reguladores e não regulados: os
  regulados são os reféns dos reguladores.
O que devemos saber para
 desafiar a reinvenção de uma
prática e de uma teoria política:


• Consagra-se o direito mas desconsidera-
  se direitos sociais e políticos;
• A emergência de um Constitucionalismo
  global prevalecendo leis nacionais e
  violando as mesmas;
• A democratização de baixa intensidade
  que exemplifica como uma proposta
  contrária é aquilo que Rousseau dizia, que
  é democracia somente uma sociedade na
  qual ninguém seja tão pobre que tenha
  que se vender, nem ninguém seja tão rico
  que possa comprar alguém;
• Estamos longe do ideal democrático de
  Rosseau.
Propósitos da tese central
    de Boaventura neste
         seminário:

• Reinventar a demodiversidade – relação
  entre democracia representativa e
  participativa; análise rigorosa da
  democracia de baixa intensidade.
Para construir alternativas contra a
       Democracia de baixa
   intensidade, há que se rever:

• O mercado econômico, onde os valores
  se transformam em preços;
• O mercado político, que faz o intercâmbio
  dos valores sem preços, mas criam-se
  ideias políticas e ideologias;
• Com a confusão entre mercado
  econômico e político, se naturaliza a
  corrupção;
• Aqui vai aparecer a democracia
  representativa como autorização e como
  prestação de contas;
• Há autorização, mas não há prestação de
  contas;
• A autorização entra em crise por meio de
  duas patologias: a representação, onde os
  representados não se sentem
  representados e a da participação que
  seria a desvalorização do voto.
Condições fundamentais
     para o poder participar:

•   Sobrevivência garantida;
•   Ter um mínimo de liberdade;
•   Ter acesso à informação;
•   Saber que, todas as formas de
    democracia participativa têm também
    elementos de representação.
Condições para efetuação da
     complementaridade entre
   Representação e Participação

• Relação entre Estado e movimentos
  sociais, entre partidos e movimentos
  sociais e dos movimentos sociais entre si;
• Mas não devemos esquecer que existe
  uma situação totalmente hostil à
  complementaridade;
• Isso significa que a dificuldade dessa
  articulação entre democracia
  representativa e participativa é que, na
  primeira há o domínio pelos partidos, e a
  segunda, é dominada pelos movimentos
  sociais e associações;
• É preciso vencer fundamentalismos.
Como desafiar a perda do
  controle da agenda política?

• Por movimentos populares;
• Por meio de uma dialética entre o que
  deve ser legal e ilegal;
• A soma de uma luta institucional com uma
  luta direta;
• Abrir espaços para possibilidades de uma
  luta direta, ilegal e pacífica.
Como buscar outra cultura
   política como pluralidade
         despolarizada?
• União entre teoria e prática;
• Uma relação entre as possibilidades de
  curto prazo e as incertezas de longo
  prazo;
• Ir contra um extremismo dentro do
  pensamento crítico: a crença de que o
  sujeito histórico é classe operária, e que
  outros acreditam que é massa;
• Criticar formas de organizações e formas
  espontâneas, assim como fazer crítica sobre
  ideias de tomar o poder ou ignorá-lo;
• A grande questão é: encontrar uma via na
  qual não importa se é tomar ou não o
  poder, mas transformá-lo, sabendo-se que
  não consta na agenda política uma
  transformação global.
  Essa é uma situação que traz em si toda a
  tensão e oportunidade criativa que temos
  para poder construir uma alternativa
  democrática.
Como sair disso para o novo?


• Partindo dos conflitos e transformando os
  termos do conflito;
• Um exemplo de luta cultural entre os
  índios, mostrando o caminho da
  autodeterminação à autonomia;
• Enfim, incentivando e criando pluralidades
  despolarizadas;
• Então fica claro neste texto, que o início
  se concretiza pela epistemologia a partir
das ecologias dos saberes e finaliza-se
com as pluralidades despolarizadas.
É importante saber que o lado político de
uma epistemologia dos saberes é a
incompletude de propostas políticas e a
necessidade de uní-las sem uma teoria
geral.
Mas afinal, o que significa
  pluralidades despolarizadas?
• Sobretudo uma necessidade de uma
  inteligibilidade, uma articulação coletiva de
  ações cada vez maior. Tudo isso requer:
  – Procedimento de tradução;
  – Resultados de uma argumentação como base
    das funções interpretativas da hermenêutica;
  – Passar da tolerância ao respeito mútuo e
    recíproco, sem esquecer um jeito de se
    pensar que possa configurar a lógica da
    paciência da utopia.
Boaventura Sousa Santos nos lembra que
vivemos numa democracia minguada e cada
vez menos participativa, pois se torna
incomoda para os centros de decisão que
são entidades opacas e que estão muito
longe dos cidadãos.
Na democracia os cidadãos escolhem os
seus governantes nos atos
eleitorais, porém, atualmente as esferas de
decisão transcendem os próprios
governantes porque os verdadeiros
decisores são os investidores naquilo a
que, comumente, se chama o poder oculto
dos mercados.
Música: Até Quando? (Gabriel Pensador)
• http://www.youtube.com/watch?v=yJZh4JfWo8U

Vídeo feito por estudantes do 1o semestre de
  Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC)
  para a conclusão do trabalho sobre
  DEMOCRACIA da cadeira de Ciência Política
  em 2007.2

  Música: Gabriel Pensador - Até Quando
  Videos: Extraídos do Youtube
  Imagens: Google Imgs
  Edição: Artur Pequeno e Andrei Serra
Palestras de Boaventura
Diálogos Globais - O Sentido da Democracia:
https://mail.google.com/mail/?shva=1#search/boaventura/13b1bb0
a63db8785



Democracia de alta intensidade:
http://www.youtube.com/watch?v=I1G8gdbOY34
Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores
                - Geraldo Vandré
   Caminhando e cantando                           Pelos campos há fome
     E seguindo a canção                           Em grandes plantações
     Somos todos iguais                            Pelas ruas marchando
     Braços dados ou não                           Indecisos cordões
     Nas escolas, nas ruas                         Ainda fazem da flor
     Campos, construções                           Seu mais forte refrão
     Caminhando e cantando                         E acreditam nas flores
     E seguindo a canção                           Vencendo o canhão
                                                   Há soldados armados
   Vem, vamos embora
     Que esperar não é saber                       Amados ou não
     Quem sabe faz a hora                          Quase todos perdidos
     Não espera acontecer                          De armas na mão
                                                   Nos quartéis lhes ensinam
                                                   Uma antiga lição:
                                                   De morrer pela pátria
                                                   E viver sem razão
O sucesso de uma canção que incitava o povo à resistência levou os militares a proibi-
la, durante a Ditadura Militar, usando como pretexto a "ofensa" à instituição contida nos versos
"Há soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão / Nos quartéis
lhes ensinam uma antiga lição / de morrer pela pátria e viver sem razão".
Herdeiro da Pampa Pobre- Gaúcho da Fronteira
Mas que pampa é essa que eu recebo        Herdei um campo onde o patrão é rei
  agora                                   Tendo poderes sobre o pão e as águas
  Com a missão de cultivar raízes
  Se dessa pampa que me fala a            Onde esquecidos vive o peão sem leis
  estória                                 De pés descalços cabresteando
  Não me deixaram nem se quer             mágoas
  matizes?
                                          O que hoje herdo da minha grei chirua
Passam as mãos da minha geração           É um desafio que a minha idade afronta
   Heranças feitas de fortunas rotas
   Campos desertos que não geram          Pois me deixaram com a guaiaca nua
   pão                                    Pra pagar uma porção de contas
   Onde a ganância anda de rédeas
   soltas                                 ...refrão

                                          Eu não quero deixar pro meu filho
Se for preciso, eu volto a ser caudilho   A pampa pobre que herdei de meu pai
   Por essa pampa que ficou pra trás
   Porque eu não quero deixar pro         Eu não quero deixar pro meu filho
   meu filho                              A pampa pobre que herdei de meu pai
   A pampa pobre que herdei de meu
   pai
O colono - Teixeirinha
• Eu vi um moço bonito, numa rua principal
  Por ele passou um colono, que trajava muito mal
  O moço pegou a rir, faz ali um carnaval
  Resouvi fazer uns versos, pra este fulano de tál.
  Não ri seu moço daquele colono
  Agricultor que ali vai passando
  Adimirado com o movimento
  Desconfiado la vai tropicando
  Ele não veio aqui te pedir nada
  São ferramentas que ele anda comprando
  Ele é digno do nosso respeito
  De sol a sol vive trabalhando
  Não toque frauta, não chame de grosso
  Pra ti alimentar, na roça esta lutando.
  Se o terno dele não esta na moda
  Não é motivo pra dar gargalhada
  Este colono que ali vai passando
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  Se o seu chapeu é da aba comprida

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Renovar a teoria crítica

  • 1. Renovar a Teoria Crítica e Reinventar a Emancipação social Boaventura de Souza Santos Luciane I. Ely Luis Righi Maria Beatriz C. Bertoja Ricardo Rambo
  • 2. UMA NOVA CULTURA POLÍTICA EMANCIPATÓRIA E PARA UMA DEMOCRACIA DE ALTA INTENSIDADE
  • 3. “Eu só quero é ser feliz...”
  • 4. Da regulação social à emancipação social “A ciência moderna consagrou o homem enquanto sujeito epistêmico, mas expulsou-o, tal como a Deus, enquanto sujeito empírico. Um conhecimento objetivo, factual e rigoroso não tolerava a interferência dos valores humanos ou religiosos. Foi nesta base que se constituiu a distinção dicotômica sujeito/objeto.” (Santos, 1987, p.50)
  • 5. Os três capítulos • 1º Plano epistemológico • 2º Fundamentos da produção teórica nas ciências sociais e sua base cultural • 3º Transformações sociais pela democracia de alta intensidade
  • 6. O argumento central Há uma reinterada tensão e crise entre a regulação e a emancipação social e entre a experiência e as expectativas na sociedade moderna ocidental.
  • 7. “Se fecharmos os olhos e os voltarmos a abrir, verificamos com surpresa que os grandes cientistas que estabeleceram e mapearam o campo teórico em que ainda hoje nos movemos viveram ou trabalharam entre o século XVIII e os primeiros vinte anos do século XX, de Adam Smith, Ricardo a Lavoisier e Darwin, de Marx e Durkheim a Max Weber e Pareto, de Humboldt e Planck a Poincaré e Einstein.
  • 8. De tal modo é assim que se torna possível dizer que em termos científicos vivemos ainda no século XIX e que o século XX ainda não começou nem talvez comece antes de terminar”. (Santos,1987)
  • 9. O que Deleuze quer da Educação? • Quer um currículo aventureiro, que não proponha gestos a serem reproduzidos, a serem reconhecidos. Ele nunca diz faça como eu faço, mas convida a fazer juntos.
  • 10. “Quem vem por lá, no meio da neblina? Quem entra sem bater, sem se anunciar, sem dizer o nome próprio? Quem chega ao jardim de infância da educação? As crianças assustam-se, pois, veem, é um homem de saúde frágil, a quem frequentemente falta ar. Elas gritam por socorro, ao olharem suas unhas longas, não aparadas, que protegem a falta de impressões digitais. As crianças perguntam: - O que ele vem fazer aqui? O que quer da educação? Cometerá
  • 11. violências contra a educação, ao fazê-las aprender a pensar sem imagens e a desaprender o que já aprenderam? Quem ele acha que é, para vir se meter com elas, até agora tranquilamente fixadas em formas essenciais e saturadas por definições substanciais? Quanto atrevimento por parte de quem nunca atribuiu à infância qualquer valor, enquanto fonte do sujeito, origem do sentir e do pensar adultos! Quanta invasão de quem jamais deu qualquer importância
  • 12. à infância-arquivo, à criança-lembrança ou ao infantil traço universal, por privilegiar somente um devir-criança do mundo! Que ousadia a desse homem intrometer-se na educação, justamente ele que, enquanto aluno, foi uma nulidade na escola...” (Sandra Corazza)
  • 13. O que Boaventura quer dizer ao colocar “Uma nova cultura Política emancipatória”? • Reinventar a teoria crítica de acordo com nossas necessidades de hoje; • Propor o conhecimento emancipação como contra proposta do conhecimento regulação; • Propor o conhecimento de autonomia solidária como contra proposta do colonialismo – capitalismo; • Propor para o conhecimento emancipatório, uma ecologia de saberes.
  • 14. O que se aprende vale o que se desaprende ou se esquece? • Porque ecologia de saberes é o que se pode aprender sem esquecer os próprios conhecimentos
  • 15. “Pelas relações entre a ciência e a virtude, pelo valor do conhecimento ordinário ou vulgar que criamos e usamos – como sujeitos individuais e coletivos – para dar sentido às nossas práticas e que a ciência teima em considerar irrelevante, ilusório e falho: e temos de perguntar pelo papel de todo o conhecimento científico no enriquecimento ou empobrecimento prático das nossas vidas, ou seja, pela contribuição positiva ou negativa da ciência para nossa felicidade.” (Rousseau)
  • 16. Desafios propostos por Boaventura • Reinvenção de possibilidades emancipatórias – utopia crítica; • Como fazer o silêncio falar de forma que produza autonomia? O silêncio denuncia aspirações improferíveis
  • 17. • No diálogo intercultural deve produzir uma luta contra duas frentes: – Política de hegemonia – Política de identidade absoluta (universalismo / incomensurabilidade); • A busca de outra metodologia de saber, ensinar e aprender; • A ação científica é diferente da análise científica das consequências dessa ação: – Saber-se um sujeito contextualizado de sua cultura,
  • 18. – Saber ter uma distância crítica da realidade, – Saber a diferença entre objetividade e neutralidade. • O desenvolvimento de subjetividades rebeldes contra o conformismo; • Além da dimensão racional há dimensões críticas, crenças, fé, emoção, desejos; • A busca de quadros teóricos e políticos para saídas de enganos, fugindo de uma celebração de que não há nada além;
  • 19. • A possibilidade de criar uma epstemologia do Sul, atento para: – Colonialismo social ou cultural, – Colonialidade do poder, – Sul imperial e anti-imperial; • É preciso criar o Sul contra-hegemônico e o pós-colonialismo, cuja ideia pontua que das margens se veem melhor as estruturas de poder e compreender que o centro está nas margens, escapando, às vezes de toda a nossa análise.
  • 20. • nessa concepção o colonialismo são todas as trocas, todos os intercâmbios, as relações em que uma parte mais fraca é expropriada de sua humanidade. É a privatização da Humanidade. • para tanto, há que se ficar atento à Sociologia das ausências e do Procedimento da Tradução, como tentativa de se criar uma epstemologia do Sul.
  • 21. “A distinção dicotômica entre ciências naturais e ciências sociais deixou de ter sentido e utilidade. Esta distinção assenta numa visão mecanicista da matéria e da natureza a que contrapõe, com pressuposta evidência, os conceitos de ser humano, cultura e sociedade.” (Santos, 1987)
  • 22. Níveis para renovar a Teoria Social e Política • concepção mais ampla de poder e de opressão: – Espaço-tempo doméstico, o poder é patriarcado, – Espaço-tempo da produção, o poder é exploração, – Espaço-tempo da comunidade, o poder é diferenciação desigual, – Espaço estrutural do mercado, o poder é fetichismo das mercadorias,
  • 23. – Espaço-tempo da cidadania, o espaço público, o poder é dominação, – espaço-tempo mundial, o poder é desigual. A parcelização e a disciplinação do saber científico fazem do cientista um ignorante especializado e os efeitos são profundamente negativos. Para Santos, os males da parcelização do conhecimento e o reducionismo arbitrário são hoje reconhecidos, mas a solução para esse problema acaba por reproduzir o modelo existente.
  • 24. Como trabalhar as formas de poder: • modos de produção de poder e de saber; • percepção da lógica de desenvolvimento como forma de se criticar a razão indolente; • tentativa para uma nova teoria política e uma democracia radical de alta intensidade; • democratização de todos os espaços;
  • 25. • emancipação a partir do respeito da igualdade e do reconhecimento da diferença, mas tratar as diferenças iguais; • uma contra-proposta ao sistema de desigualdade e ao sistema de desigualdade e ao sistema de exclusão, novamente com saídas na sociologia das ausências; • opressão, princípio de igualdade e reconhecimento da diferença na prática relacional entre inconformismo, rebeldia, revolução e transformação social;
  • 26. • a luta contra hegemônica é conviver e entrar em conflito com o internacionalismo da globalização neoliberal; • trabalho teórico e político no processo de desnacionalização, como contrariar as imposições externas e a regulação social; • há necessidade de se produzir teorias e práticas transescalares, que as escalas locais possam articular com escalas nacionais e globais.
  • 27. • estamos em um contexto no qual a legalidade, direitos humanos e democracia são realmente instrumentos hegemônicos, portanto, não serão por si mesmo processos de emancipação social, seu papel, ao contrário, é de impedi-la. A alternativa é a grande proposta de uma ecologia de saberes.
  • 28. “Ao contrário do que sucede no paradigma atual, o conhecimento avança à medida que o seu objeto se amplia, ampliação que, como a árvore, procede pela diferenciação e pelo alastramento das raízes em busca de novas e variadas interfaces.” (Santos, 1987)
  • 29. • Todo conhecimento emancipatório visa constituir-se em senso comum: “Um indígena dos Andes com frequência é analfabeto. Significa que é inculto? Nada disso. É um homem imerso numa cultura própria, arcaica, sem dúvida, que não se desenvolveu, mas que ele soube conservar e lhe permitiu viver intergrado e em solidariedade com outros homens como ele, relacionar-se com o passado e com a terra que trabalha, que o dotou de forças espirituais para resistir a todo tipo
  • 30. de adversidades, desde a exploração até as catástrofes naturais. Embora analfabeto, esse camponês é certamente mais culto que universitários que embora saibam ler e escrever, vivem intelectualmente de modo precário, repetindo ideias que aceitaram de forma mecânica e que, por isso mesmo, em vez de servi-lhes para conhecer a realidade na qual vivem, divorciam-nos dela” (Mário Vargas Llosa)
  • 31. A reinvenção da emancipação social para uma sociedade mais justa • Se os instrumentos hegemônicos podem ser utilizados de maneira contra-hegemônica; • Se podemos desenvolver um conceito contra-hegemônico de legalidade, de direitos humanos e de democracia; • Se podemos encontrar ambições e sementes de coisas novas a fim de poder trabalhar nas culturas e formas políticas marginalizadas e oprimidas.
  • 32.
  • 33. Para uma democracia de alta intensidade “É democrática somente uma sociedade na qual ninguém seja tão pobre que tenha que se vender, nem ninguém seja tão rico que possa comprar alguém” Rousseau
  • 34. A questão das condições da democracia • Democracia só se fazia possível em um pequeno pedaço do mundo; • Tensão crítica entre democracia e capitalismo, evidenciando na metáfora do contrato social uma luta por uma inclusão; • Mas, o capitalismo não gosta de redistribuição e cria-se a tensão criativa entre regulação e emancipação que é: epistemológica, teórica e política;
  • 35. • Pensar o Estado como solução e a sociedade como o problema, clareia dois processos: socialização da economia e a politização do Estado.
  • 36. A politização do Estado vai constituir na produção de: • Identidade nacional; • Bem-estar individual e coletivo; • Segurança individual e coletiva; • Soberania nacional. Mas, apenas um modelo de democracia sobrevive: a democracia liberal representativa.
  • 37. Mas também perdemos a diversidade de formas democráticas alternativas. E a tensão entre capitalismo e democracia desaparece para dar lugar a uma democracia que não produz redistribuição social, mas destrói.
  • 38. O que acontece com a falta de redistribuição social? • A discrepância entre experiência e expectativa sofre um colapso; • Sociedade é apenas receber salário no fim do mês, é a expectativa estabilizada; • Emerge uma nova forma de fascismo. Não é um regime político é um regime social; • Não é um contrato social, mas um contratualismo individual, é o fascismo contratual;
  • 39. • A sociedade civil passa a ser a solução e o Estado passa a ser o problema; • Com o Estado ineficiente há um desdobramento: a desnacionalização do Estado e a desestatização da regulação social; • Aparece o problema da relação entre reguladores e não regulados: os regulados são os reféns dos reguladores.
  • 40. O que devemos saber para desafiar a reinvenção de uma prática e de uma teoria política: • Consagra-se o direito mas desconsidera- se direitos sociais e políticos; • A emergência de um Constitucionalismo global prevalecendo leis nacionais e violando as mesmas;
  • 41. • A democratização de baixa intensidade que exemplifica como uma proposta contrária é aquilo que Rousseau dizia, que é democracia somente uma sociedade na qual ninguém seja tão pobre que tenha que se vender, nem ninguém seja tão rico que possa comprar alguém; • Estamos longe do ideal democrático de Rosseau.
  • 42. Propósitos da tese central de Boaventura neste seminário: • Reinventar a demodiversidade – relação entre democracia representativa e participativa; análise rigorosa da democracia de baixa intensidade.
  • 43. Para construir alternativas contra a Democracia de baixa intensidade, há que se rever: • O mercado econômico, onde os valores se transformam em preços; • O mercado político, que faz o intercâmbio dos valores sem preços, mas criam-se ideias políticas e ideologias; • Com a confusão entre mercado econômico e político, se naturaliza a corrupção;
  • 44. • Aqui vai aparecer a democracia representativa como autorização e como prestação de contas; • Há autorização, mas não há prestação de contas; • A autorização entra em crise por meio de duas patologias: a representação, onde os representados não se sentem representados e a da participação que seria a desvalorização do voto.
  • 45. Condições fundamentais para o poder participar: • Sobrevivência garantida; • Ter um mínimo de liberdade; • Ter acesso à informação; • Saber que, todas as formas de democracia participativa têm também elementos de representação.
  • 46. Condições para efetuação da complementaridade entre Representação e Participação • Relação entre Estado e movimentos sociais, entre partidos e movimentos sociais e dos movimentos sociais entre si; • Mas não devemos esquecer que existe uma situação totalmente hostil à complementaridade;
  • 47. • Isso significa que a dificuldade dessa articulação entre democracia representativa e participativa é que, na primeira há o domínio pelos partidos, e a segunda, é dominada pelos movimentos sociais e associações; • É preciso vencer fundamentalismos.
  • 48. Como desafiar a perda do controle da agenda política? • Por movimentos populares; • Por meio de uma dialética entre o que deve ser legal e ilegal; • A soma de uma luta institucional com uma luta direta; • Abrir espaços para possibilidades de uma luta direta, ilegal e pacífica.
  • 49. Como buscar outra cultura política como pluralidade despolarizada? • União entre teoria e prática; • Uma relação entre as possibilidades de curto prazo e as incertezas de longo prazo; • Ir contra um extremismo dentro do pensamento crítico: a crença de que o sujeito histórico é classe operária, e que outros acreditam que é massa;
  • 50. • Criticar formas de organizações e formas espontâneas, assim como fazer crítica sobre ideias de tomar o poder ou ignorá-lo; • A grande questão é: encontrar uma via na qual não importa se é tomar ou não o poder, mas transformá-lo, sabendo-se que não consta na agenda política uma transformação global. Essa é uma situação que traz em si toda a tensão e oportunidade criativa que temos para poder construir uma alternativa democrática.
  • 51. Como sair disso para o novo? • Partindo dos conflitos e transformando os termos do conflito; • Um exemplo de luta cultural entre os índios, mostrando o caminho da autodeterminação à autonomia; • Enfim, incentivando e criando pluralidades despolarizadas; • Então fica claro neste texto, que o início se concretiza pela epistemologia a partir
  • 52. das ecologias dos saberes e finaliza-se com as pluralidades despolarizadas. É importante saber que o lado político de uma epistemologia dos saberes é a incompletude de propostas políticas e a necessidade de uní-las sem uma teoria geral.
  • 53. Mas afinal, o que significa pluralidades despolarizadas? • Sobretudo uma necessidade de uma inteligibilidade, uma articulação coletiva de ações cada vez maior. Tudo isso requer: – Procedimento de tradução; – Resultados de uma argumentação como base das funções interpretativas da hermenêutica; – Passar da tolerância ao respeito mútuo e recíproco, sem esquecer um jeito de se pensar que possa configurar a lógica da paciência da utopia.
  • 54. Boaventura Sousa Santos nos lembra que vivemos numa democracia minguada e cada vez menos participativa, pois se torna incomoda para os centros de decisão que são entidades opacas e que estão muito longe dos cidadãos. Na democracia os cidadãos escolhem os seus governantes nos atos eleitorais, porém, atualmente as esferas de decisão transcendem os próprios governantes porque os verdadeiros decisores são os investidores naquilo a que, comumente, se chama o poder oculto dos mercados.
  • 55. Música: Até Quando? (Gabriel Pensador) • http://www.youtube.com/watch?v=yJZh4JfWo8U Vídeo feito por estudantes do 1o semestre de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC) para a conclusão do trabalho sobre DEMOCRACIA da cadeira de Ciência Política em 2007.2 Música: Gabriel Pensador - Até Quando Videos: Extraídos do Youtube Imagens: Google Imgs Edição: Artur Pequeno e Andrei Serra
  • 56. Palestras de Boaventura Diálogos Globais - O Sentido da Democracia: https://mail.google.com/mail/?shva=1#search/boaventura/13b1bb0 a63db8785 Democracia de alta intensidade: http://www.youtube.com/watch?v=I1G8gdbOY34
  • 57. Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores - Geraldo Vandré Caminhando e cantando Pelos campos há fome E seguindo a canção Em grandes plantações Somos todos iguais Pelas ruas marchando Braços dados ou não Indecisos cordões Nas escolas, nas ruas Ainda fazem da flor Campos, construções Seu mais forte refrão Caminhando e cantando E acreditam nas flores E seguindo a canção Vencendo o canhão Há soldados armados Vem, vamos embora Que esperar não é saber Amados ou não Quem sabe faz a hora Quase todos perdidos Não espera acontecer De armas na mão Nos quartéis lhes ensinam Uma antiga lição: De morrer pela pátria E viver sem razão O sucesso de uma canção que incitava o povo à resistência levou os militares a proibi- la, durante a Ditadura Militar, usando como pretexto a "ofensa" à instituição contida nos versos "Há soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão / Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição / de morrer pela pátria e viver sem razão".
  • 58. Herdeiro da Pampa Pobre- Gaúcho da Fronteira Mas que pampa é essa que eu recebo Herdei um campo onde o patrão é rei agora Tendo poderes sobre o pão e as águas Com a missão de cultivar raízes Se dessa pampa que me fala a Onde esquecidos vive o peão sem leis estória De pés descalços cabresteando Não me deixaram nem se quer mágoas matizes? O que hoje herdo da minha grei chirua Passam as mãos da minha geração É um desafio que a minha idade afronta Heranças feitas de fortunas rotas Campos desertos que não geram Pois me deixaram com a guaiaca nua pão Pra pagar uma porção de contas Onde a ganância anda de rédeas soltas ...refrão Eu não quero deixar pro meu filho Se for preciso, eu volto a ser caudilho A pampa pobre que herdei de meu pai Por essa pampa que ficou pra trás Porque eu não quero deixar pro Eu não quero deixar pro meu filho meu filho A pampa pobre que herdei de meu pai A pampa pobre que herdei de meu pai
  • 59. O colono - Teixeirinha • Eu vi um moço bonito, numa rua principal Por ele passou um colono, que trajava muito mal O moço pegou a rir, faz ali um carnaval Resouvi fazer uns versos, pra este fulano de tál. Não ri seu moço daquele colono Agricultor que ali vai passando Adimirado com o movimento Desconfiado la vai tropicando Ele não veio aqui te pedir nada São ferramentas que ele anda comprando Ele é digno do nosso respeito De sol a sol vive trabalhando Não toque frauta, não chame de grosso Pra ti alimentar, na roça esta lutando. Se o terno dele não esta na moda Não é motivo pra dar gargalhada Este colono que ali vai passando É o brasileiro da mão calejada Se o seu chapeu é da aba comprida