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ACADEMIA CELESTIAL
DA TROVA
E agora no final
Este quesito me enleia:
Quem terá sido, afinal,
O garçon da Santa Ceia?
Eno Teodoro Wanke – RJ
Uma jovem, na janela,
Deixando o tempo passar,
Canta uma canção singela.
Cantando... só por cantar.
Pedro Giusti – RJ
Ser eterno ele queria,
Sem ater-se ao principal...
Todo artista morre um dia,
Só a arte é imortal.
Fernando Vasconcelos – PR
Quando a saudade chegar,
Não ponhas as mãos no peito.
A vida é para se amar,
Sem mágoa, ódio ou desgosto.
Osael de Carvalho – RJ
Por vezes, na revisão,
Dá um branco no revisor
E o texto sai com senão:
“Errar é humano”, leitor.
Sinésio Cabral - CE
HAICAIS
Tão plascidamente
O sete de abril revela
A nova manhã.
Eliana Ruiz Jimenez – SC
Folha caída
No quintal do casarão:
Bilhete da vida.
Olivaldo Junior – SP
Só eu e o salgueiro –
Que procuram nossos olhos
Sempre para o chão?
Neide Rocha Portugal – PR
Conta mil façanhas
Para a amada impressionar:
Fogo que não queima.
João Batista Serra-Ce
No meio da noite,
Um súbito despertar:
Pernilongos a postos.
Renata Paccola – SP
Muita ventania
Nas avenidas e praças.
- A tarde cai fria.
Humberto Del Maestro – ES
À noite, na rua,
Pelo caminho de sempre.
Jasmineiro em flor.
Manoel F. Menendez – SP
O silêncio divino
Diviniza o sonho.
Chega a ser enfadonho.
Silvério da Costa – SC
Chove de mansinho
Na manhã de primavera:
Frio tropical.
No baile das flores,
Beija-flores fazem festa:
Eis a primavera.
Caminho do mar:
A navalha no meu rosto,
Corta que nem gelo.
Trilha do mosteiro:
O andarilho vai convicto,
Busca paz de espírito.
Antonio Cabral Filho - RJ
TROVAS
Sonho ainda ser criança,
Neste instante matinal,
Brincando com a esperança
Nas sombras do meu quintal.
Humberto Del Maestro – ES
Por mais que as regras morais
Moldem o bom cidadão,
Dia a dia os imorais
Na vida melhor se dão.
Jessé Nascimento – RJ
Vem chegando a primavera,
Os jardins ficam floridos...
Almas cheias de quimera
E corações coloridos.
Henny Kropf – RJ
Suscitando a inquietude
De uma longa odisséia,
A trova, mais que virtude,
É gênese de uma idéia.
Silvério da Costa – SC
Urubu sobre o telhado
E voando abertamente
Ficou muito bem olhado
Pelo suspiro da gente.
FranciscodeAssisNascimento
Contemplando o próprio rosto,
Sem saber do que é preciso,
Sou “Narciso” e tenho o gosto
Que provém do meu sorriso.
Olivaldo Júnior - SP
Sorte, aleatório caminho
Que cada destino traça:
Para alguns, tão forte vinho;
A outros, vazia taça.
Eliana Ruiz Jimenez - SC
Camomila e poesia
Mais o cobertor de orelhas
Fazem a minha alegria
Numa noite sem estrelas.
&
No Largo da Abolição
Ouvi berimbau nos ares,
Lembrei que a escravidão
Fez do Brasil seu Palmares.
Ano VIII nº53 Jan/Fev 2014 Distribuição Gratuita Editor:Antonio Cabral Filho
Rua São Marcelo, 50/202 Curicica-Rio de Janeiro – RJ Cep 22.780-300 Email: letrastaquarenses@yahoo.com.br
http://blogdopoetacabral.blogspot.com.br / http://letrastaquarenses.blogspot.com.br Filiado à FEBAC
Minha pedra, minha vida,
Diz o craqueiro a cantar,
Sem saber que aquela “vida”
Acaba de se queimar...
&
Amizade não tem preço
Nem é presente que enjeito,
É sempre mais que mereço
E guardo aqui bem no peito.
&
Eis que surge nova lei:
Rico gera violência,
Diz a filha do Sarney
Num acesso de demência.
Antonio Cabral Filho – RJ
Se existe coisa mais bela
Que o luar do eu sertão,
Deus então ficou com ela
E fim de papo, meu irmão.
Arlindo Nóbrega – SP
Grande mesmo é quem descobre
Que ser grande é ser alguém
Que abre espaço para o pobre
Tornar-se grande também.
A. A. de Assis - PR
Um instante pensamento
Quando você renasceu:
Floriu fértil sentimento
Que a todos fortaleceu.
Agostinho Rodrigues – RJ
Ao acordar, que beleza,
Ver sol bater na janela!
Parece que a natureza
Me chama de filho dela.
Murilo Teixeira – MG
A saudade de você
Dói demais – você nem sabe.
É duro ter que viver
Suportando esta saudade.
Araci Barreto da Costa – RJ
Para a vida ter valor
É preciso meditar,
Fazer o bem com amor
Deixar o mal se calar.
Ivone Vebber – RS
A trova, de qualquer jeito,
Chega forte e vai bem fundo:
Em seu contexto perfeito
Já percorre todo o mundo.
Diamantino Ferreira – RJ
Expresso com emoção
E com orgulho bendigo,
O que diz meu coração:
Como é bom ser teu amigo.
OEFE de Souza – SP
A trova, rica magia,
Da mais ampla distinção
Tem o toque da harmonia
E o bater do coração.
Vidal Idony Stockler – PR
Canta a poesia na janela
Do meu feliz coração
Tornando a vida tão bela
Como a luz de uma oração.
Ziney Santos Moreira – SP
Há um casal que sintetiza
Todo amor que o céu projeta:
- A minha alma de poetisa
E o teu coração de poeta...
Laura da Fonseca e Silva – RJ
Jamais deixe no caminho
A semente de um pecado,
Leve amor e muito carinho
Ao menor abandonado.
Antonio Fernando de Andrade
Nenhuma vida é pequena
Restrita em sua pequenez,
Ora... viver vale a pena,
Só se entra em cena uma vez.
Milton Dias Fernandes – MG
Lapidador de palavras
Sou poeta e trovador,
De versos eu tenho lavras
Num peito cheio de amor.
Miguel J. Malty – DF
COMO ( EU ) VIA
Aquela paisagem
Que eu via da janela
Era triste
Porque perdi meu irmão.
Aquela paisagem
Que eu via da janela
Não me comovia
Porque eu era só.
Essa paisagem
Que vejo da janela
É bela
Porque encontrei um amigo.
Renata Paccola – SP
POEMAS DO TOUCHÉ
Sei o que quero dizer
Mas não encontro palavras:
Inspirar-se é florescer.
&
Por entre rosas e primaveras
Desce a tarde púrpura:
Com poemas me esperas.
&
A claridade da manhã
Desenhava o horizonte:
Como um sorriso de mãe.
Antonio Luiz Lopes – SP
AUTOBRIOGRAFIA
A história quis fazer mártir
O amor me fez mulher
A poesia me levou além
Da história, do martírio.
Me afundou no vazio
Para poder criar
E recriar-me
Noutra forma de ser
Sendo sempre mulher.
Ilma fontes – SE
DAS CARÍCIAS
Minha mão percorre teu corpo
Como água seguindo o rio.
Encontrando emoções.
Encontrando sentimentos.
Walmor DS Colmenero – SP
MULHERES DO TALIBÃ
Anônimas, sem rosto,
Escondidas atrás de um muro
Que não é de concreto
Ou de pedra
Mas é tão sólido e forte
Como se fosse de matéria dura
E não fina, leve,fechada,escura.
Atrás desse muro
Existe alguém,
Embora não apareça.
Alguém que de tanto
Viver escondido
Perdeu a própria identidade.
Agora,sem rosto, sem nome,
Sem lágrimas,
Enfrenta um mundo
Que lhe é desconhecido.
Ela também é desconhecida,
Sem nome, sem
Rosto, sem sorrisos.
Vera Puget - RJ
OSÓRIO PEIXOTO SILVA
CHEGA AO CÉU
Depois que esse cara
Chegou por aqui
Combatendo a hipocrisia
Esse lugar virou uma zona
Ta pior do que o inferno!
Rogério Salgado – MG
CONVOCATÓRIA
Os jovens vão ao encontro
Na praça nacional para
Uma demonstração de protesto
Exigindo um fim à violência
Um pouco de justiça
Mais transparência no governo
E na política financeira,
A consigna é demandar
Respeito a seu direito
À escola e educação
Ao trabalho sustentável
E alimento para seus sonhos.
Os estudantes vão marchando
Com sua coragem
E suas esperanças,
Com o futuro
Em seu pensamento
Braço a braço com o povo
Até à vitória, sempre!
Terezinka Pereira - EUA
VERTENTE
Tente ver
A vertente verde.
Tente ser
Exemplar vertente.
Percorra
Caminhos da mente
Sem acidentes.
Renasça. Esqueça
O mal devastador,
Tente ver a vertente
Verde. Sorria.
Alcance a nascente,
Beba nas águas da fonte
Vida que ali se sente.
Eduardo Waack – SP
POEMAS
Apesar
De tantas mudanças
Montanhas
Arredondadas
Continuam circundando
Meu território
Assim me reconheço.
Djanira Pio - SP
QUEM?
Tudo é cru e tudo universo
Mais se renova do que perece?
Não o real o que enxergamos?
O mais está sempre mais longe?
Sinal mais longe, mais que o som,
Então: quem disse
De cada coisa
O verdadeiro nome?
Aricy Curvello - ES
EM BUSCA DAS BORBOLETAS
À Irmã Marina Lopes
Se preciso suportar larvas
Para conhecer as borboletas
Por que então, eu não as conheci?
As borboletas de Exupéry?
Eu as suportei dia a dia
Desde a primavera ao outono!
Hoje, o inverno vem chegando
As larvas continuam queimando.
Mas...dentro de mim há uma força
Que os olhos do mundo desconhecem
Que, mesmo as larvas me queimando
Vou as lindas borboletas esperando!
Espero!...Espero!...Peço a Deus
Que não canse de esperar!
Mesmo qu’elas custem a aparecer...
Que as borboletas um dia eu possa ver!
Ondina de Aquino Carrilho Cruz – RJ
O FÉRETRO DOS VIVOS
3
Linha dura
Linha férrea
Corpo partido
Doído esquartejado
Menos uma mão-de-obra.
Corpo desfigurado
Banhado de sangue
Verde, vermelho e amarelo.
Feriado nacional trem vazio
Apenas algum marginal.
Airton R. Oliveira – RJ
GONZAGUIANA
Em tronco de velho freixo
Exposto à lixa dos ventos
Ao vitríolo do tempo
Não gravo teu nome não:
Gravo meu coração.
José Paulo Paes – SP
BANDEIRA
Nunca participei
De escaramuças literárias,
Não por medo de escaramuças,
Mas por não ser tropa
Nem chegado a general.
SALDO ESCASSO
Após devorar
A sagrada esperança
De Agostinho Neto,
Com gosto de suor africano
Explorado em solo brasileiro,
Regada a muito café
E mergulhado em insônia,
Vou passear no quintal
Ver se colho um poema
Ou o sal da escassez.
NOITE
Depois de trabalhar
O dia inteiro
A noite fica exausta
E se dependura
Lá do céu sobre nós
E dorme como os morcegos...
É por isso que acordamos
Chamuscados de escuridão.
METAPOÉTICA
De tanto
Alavancar o poema
Acabei pavimentando
O verso
E instalando a poesia
Sempre no ponto final.
COMPLEXO DE KAFKA
Não fossem os calafrios
Da pobre coitada mãe
Que vivia em panos quentes
Pra manter seu pai
Em banho-maria
Teríamos mais psicanalistas
Tentando livrar as pessoas
Dos estados parasitários
E Kafka transformado
em barata.
LARGO DA BATALHA
Já diz tudo
O nome do local
Que nos lembra
Algo longe
Transido de combates
E ainda agora
Nos seus arredores
Chegam avisos da pólvora:
Seguem escaramuças
Por seu corpo escarpado,
Todo respingado de rubro.
PONTO CEM RÉIS
Não sei quantos reis
Passaram por este ponto
E não sei ainda
Se era sem réis
Caso houvesse pedágio
Transitar livremente.
ENQUETE
O vovô anarquista
Perguntou para o netinho
Se acreditava em Papai Noel:
- Por quê, vai me dar presente?
Inquiriu o garoto, todo serelepe,
Enquanto o avô confabulava
Com seus bigodes:
- Que menino materialista!
ANTI GULLAR
Inútil a luta corporal
Sem poemas concretos
Sobre romances de cordel
A sós dentro da noite veloz
Pra cometer poema sujo
E acender uma luz no chão
Em plena vertigem do dia
Causar crime na flora
E sair por aí fazendo barulhos
Com muitas vozes
E argumentação contra
A morte da arte
Pleno de antologias...
HORA DA RVOLUÇÃO
É hora da revolução!
É hora da revolução!
Não! Não é nenhum
Sinal dos tempos
Nem devido à queda
De algum ditador.
É que eu vi
Um homem no ônibus
Lendo o Manifesto Comunista.
PRÊMIO JUSTO
Corredor polonês
Só para o maldito inventor
Do corredor polonês,
Que eu fui.....
CACETE BAIANO
Depois de apanhar
Até gato morto miar,
Por dizer gracinhas
Para a menina dos olhos
Do paizão ciumento,
Diz que ganhou
O maior cacete baiano.
APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Eu sei que o boca-a-boca
É a melhor propaganda,
Mas não adianta resmungos
Nem choro pelos cantos.
Só devolvo o beijo
Que te roubei dormindo,
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Boca-a-boca...
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O dia em seu desfile
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E fecha a porta.
Antonio Cabral Filho - RJ

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*Letras Taquarenses Nº 53 * Antonio Cabral Filho - Rj

  • 1. ACADEMIA CELESTIAL DA TROVA E agora no final Este quesito me enleia: Quem terá sido, afinal, O garçon da Santa Ceia? Eno Teodoro Wanke – RJ Uma jovem, na janela, Deixando o tempo passar, Canta uma canção singela. Cantando... só por cantar. Pedro Giusti – RJ Ser eterno ele queria, Sem ater-se ao principal... Todo artista morre um dia, Só a arte é imortal. Fernando Vasconcelos – PR Quando a saudade chegar, Não ponhas as mãos no peito. A vida é para se amar, Sem mágoa, ódio ou desgosto. Osael de Carvalho – RJ Por vezes, na revisão, Dá um branco no revisor E o texto sai com senão: “Errar é humano”, leitor. Sinésio Cabral - CE HAICAIS Tão plascidamente O sete de abril revela A nova manhã. Eliana Ruiz Jimenez – SC Folha caída No quintal do casarão: Bilhete da vida. Olivaldo Junior – SP Só eu e o salgueiro – Que procuram nossos olhos Sempre para o chão? Neide Rocha Portugal – PR Conta mil façanhas Para a amada impressionar: Fogo que não queima. João Batista Serra-Ce No meio da noite, Um súbito despertar: Pernilongos a postos. Renata Paccola – SP Muita ventania Nas avenidas e praças. - A tarde cai fria. Humberto Del Maestro – ES À noite, na rua, Pelo caminho de sempre. Jasmineiro em flor. Manoel F. Menendez – SP O silêncio divino Diviniza o sonho. Chega a ser enfadonho. Silvério da Costa – SC Chove de mansinho Na manhã de primavera: Frio tropical. No baile das flores, Beija-flores fazem festa: Eis a primavera. Caminho do mar: A navalha no meu rosto, Corta que nem gelo. Trilha do mosteiro: O andarilho vai convicto, Busca paz de espírito. Antonio Cabral Filho - RJ TROVAS Sonho ainda ser criança, Neste instante matinal, Brincando com a esperança Nas sombras do meu quintal. Humberto Del Maestro – ES Por mais que as regras morais Moldem o bom cidadão, Dia a dia os imorais Na vida melhor se dão. Jessé Nascimento – RJ Vem chegando a primavera, Os jardins ficam floridos... Almas cheias de quimera E corações coloridos. Henny Kropf – RJ Suscitando a inquietude De uma longa odisséia, A trova, mais que virtude, É gênese de uma idéia. Silvério da Costa – SC Urubu sobre o telhado E voando abertamente Ficou muito bem olhado Pelo suspiro da gente. FranciscodeAssisNascimento Contemplando o próprio rosto, Sem saber do que é preciso, Sou “Narciso” e tenho o gosto Que provém do meu sorriso. Olivaldo Júnior - SP Sorte, aleatório caminho Que cada destino traça: Para alguns, tão forte vinho; A outros, vazia taça. Eliana Ruiz Jimenez - SC Camomila e poesia Mais o cobertor de orelhas Fazem a minha alegria Numa noite sem estrelas. & No Largo da Abolição Ouvi berimbau nos ares, Lembrei que a escravidão Fez do Brasil seu Palmares. Ano VIII nº53 Jan/Fev 2014 Distribuição Gratuita Editor:Antonio Cabral Filho Rua São Marcelo, 50/202 Curicica-Rio de Janeiro – RJ Cep 22.780-300 Email: letrastaquarenses@yahoo.com.br http://blogdopoetacabral.blogspot.com.br / http://letrastaquarenses.blogspot.com.br Filiado à FEBAC
  • 2. Minha pedra, minha vida, Diz o craqueiro a cantar, Sem saber que aquela “vida” Acaba de se queimar... & Amizade não tem preço Nem é presente que enjeito, É sempre mais que mereço E guardo aqui bem no peito. & Eis que surge nova lei: Rico gera violência, Diz a filha do Sarney Num acesso de demência. Antonio Cabral Filho – RJ Se existe coisa mais bela Que o luar do eu sertão, Deus então ficou com ela E fim de papo, meu irmão. Arlindo Nóbrega – SP Grande mesmo é quem descobre Que ser grande é ser alguém Que abre espaço para o pobre Tornar-se grande também. A. A. de Assis - PR Um instante pensamento Quando você renasceu: Floriu fértil sentimento Que a todos fortaleceu. Agostinho Rodrigues – RJ Ao acordar, que beleza, Ver sol bater na janela! Parece que a natureza Me chama de filho dela. Murilo Teixeira – MG A saudade de você Dói demais – você nem sabe. É duro ter que viver Suportando esta saudade. Araci Barreto da Costa – RJ Para a vida ter valor É preciso meditar, Fazer o bem com amor Deixar o mal se calar. Ivone Vebber – RS A trova, de qualquer jeito, Chega forte e vai bem fundo: Em seu contexto perfeito Já percorre todo o mundo. Diamantino Ferreira – RJ Expresso com emoção E com orgulho bendigo, O que diz meu coração: Como é bom ser teu amigo. OEFE de Souza – SP A trova, rica magia, Da mais ampla distinção Tem o toque da harmonia E o bater do coração. Vidal Idony Stockler – PR Canta a poesia na janela Do meu feliz coração Tornando a vida tão bela Como a luz de uma oração. Ziney Santos Moreira – SP Há um casal que sintetiza Todo amor que o céu projeta: - A minha alma de poetisa E o teu coração de poeta... Laura da Fonseca e Silva – RJ Jamais deixe no caminho A semente de um pecado, Leve amor e muito carinho Ao menor abandonado. Antonio Fernando de Andrade Nenhuma vida é pequena Restrita em sua pequenez, Ora... viver vale a pena, Só se entra em cena uma vez. Milton Dias Fernandes – MG Lapidador de palavras Sou poeta e trovador, De versos eu tenho lavras Num peito cheio de amor. Miguel J. Malty – DF COMO ( EU ) VIA Aquela paisagem Que eu via da janela Era triste Porque perdi meu irmão. Aquela paisagem Que eu via da janela Não me comovia Porque eu era só. Essa paisagem Que vejo da janela É bela Porque encontrei um amigo. Renata Paccola – SP POEMAS DO TOUCHÉ Sei o que quero dizer Mas não encontro palavras: Inspirar-se é florescer. & Por entre rosas e primaveras Desce a tarde púrpura: Com poemas me esperas. & A claridade da manhã Desenhava o horizonte: Como um sorriso de mãe. Antonio Luiz Lopes – SP AUTOBRIOGRAFIA A história quis fazer mártir O amor me fez mulher A poesia me levou além Da história, do martírio. Me afundou no vazio Para poder criar E recriar-me Noutra forma de ser Sendo sempre mulher. Ilma fontes – SE DAS CARÍCIAS Minha mão percorre teu corpo Como água seguindo o rio. Encontrando emoções. Encontrando sentimentos. Walmor DS Colmenero – SP
  • 3. MULHERES DO TALIBÃ Anônimas, sem rosto, Escondidas atrás de um muro Que não é de concreto Ou de pedra Mas é tão sólido e forte Como se fosse de matéria dura E não fina, leve,fechada,escura. Atrás desse muro Existe alguém, Embora não apareça. Alguém que de tanto Viver escondido Perdeu a própria identidade. Agora,sem rosto, sem nome, Sem lágrimas, Enfrenta um mundo Que lhe é desconhecido. Ela também é desconhecida, Sem nome, sem Rosto, sem sorrisos. Vera Puget - RJ OSÓRIO PEIXOTO SILVA CHEGA AO CÉU Depois que esse cara Chegou por aqui Combatendo a hipocrisia Esse lugar virou uma zona Ta pior do que o inferno! Rogério Salgado – MG CONVOCATÓRIA Os jovens vão ao encontro Na praça nacional para Uma demonstração de protesto Exigindo um fim à violência Um pouco de justiça Mais transparência no governo E na política financeira, A consigna é demandar Respeito a seu direito À escola e educação Ao trabalho sustentável E alimento para seus sonhos. Os estudantes vão marchando Com sua coragem E suas esperanças, Com o futuro Em seu pensamento Braço a braço com o povo Até à vitória, sempre! Terezinka Pereira - EUA VERTENTE Tente ver A vertente verde. Tente ser Exemplar vertente. Percorra Caminhos da mente Sem acidentes. Renasça. Esqueça O mal devastador, Tente ver a vertente Verde. Sorria. Alcance a nascente, Beba nas águas da fonte Vida que ali se sente. Eduardo Waack – SP POEMAS Apesar De tantas mudanças Montanhas Arredondadas Continuam circundando Meu território Assim me reconheço. Djanira Pio - SP QUEM? Tudo é cru e tudo universo Mais se renova do que perece? Não o real o que enxergamos? O mais está sempre mais longe? Sinal mais longe, mais que o som, Então: quem disse De cada coisa O verdadeiro nome? Aricy Curvello - ES EM BUSCA DAS BORBOLETAS À Irmã Marina Lopes Se preciso suportar larvas Para conhecer as borboletas Por que então, eu não as conheci? As borboletas de Exupéry? Eu as suportei dia a dia Desde a primavera ao outono! Hoje, o inverno vem chegando As larvas continuam queimando. Mas...dentro de mim há uma força Que os olhos do mundo desconhecem Que, mesmo as larvas me queimando Vou as lindas borboletas esperando! Espero!...Espero!...Peço a Deus Que não canse de esperar! Mesmo qu’elas custem a aparecer... Que as borboletas um dia eu possa ver! Ondina de Aquino Carrilho Cruz – RJ O FÉRETRO DOS VIVOS 3 Linha dura Linha férrea Corpo partido Doído esquartejado Menos uma mão-de-obra. Corpo desfigurado Banhado de sangue Verde, vermelho e amarelo. Feriado nacional trem vazio Apenas algum marginal. Airton R. Oliveira – RJ GONZAGUIANA Em tronco de velho freixo Exposto à lixa dos ventos Ao vitríolo do tempo Não gravo teu nome não: Gravo meu coração. José Paulo Paes – SP
  • 4. BANDEIRA Nunca participei De escaramuças literárias, Não por medo de escaramuças, Mas por não ser tropa Nem chegado a general. SALDO ESCASSO Após devorar A sagrada esperança De Agostinho Neto, Com gosto de suor africano Explorado em solo brasileiro, Regada a muito café E mergulhado em insônia, Vou passear no quintal Ver se colho um poema Ou o sal da escassez. NOITE Depois de trabalhar O dia inteiro A noite fica exausta E se dependura Lá do céu sobre nós E dorme como os morcegos... É por isso que acordamos Chamuscados de escuridão. METAPOÉTICA De tanto Alavancar o poema Acabei pavimentando O verso E instalando a poesia Sempre no ponto final. COMPLEXO DE KAFKA Não fossem os calafrios Da pobre coitada mãe Que vivia em panos quentes Pra manter seu pai Em banho-maria Teríamos mais psicanalistas Tentando livrar as pessoas Dos estados parasitários E Kafka transformado em barata. LARGO DA BATALHA Já diz tudo O nome do local Que nos lembra Algo longe Transido de combates E ainda agora Nos seus arredores Chegam avisos da pólvora: Seguem escaramuças Por seu corpo escarpado, Todo respingado de rubro. PONTO CEM RÉIS Não sei quantos reis Passaram por este ponto E não sei ainda Se era sem réis Caso houvesse pedágio Transitar livremente. ENQUETE O vovô anarquista Perguntou para o netinho Se acreditava em Papai Noel: - Por quê, vai me dar presente? Inquiriu o garoto, todo serelepe, Enquanto o avô confabulava Com seus bigodes: - Que menino materialista! ANTI GULLAR Inútil a luta corporal Sem poemas concretos Sobre romances de cordel A sós dentro da noite veloz Pra cometer poema sujo E acender uma luz no chão Em plena vertigem do dia Causar crime na flora E sair por aí fazendo barulhos Com muitas vozes E argumentação contra A morte da arte Pleno de antologias... HORA DA RVOLUÇÃO É hora da revolução! É hora da revolução! Não! Não é nenhum Sinal dos tempos Nem devido à queda De algum ditador. É que eu vi Um homem no ônibus Lendo o Manifesto Comunista. PRÊMIO JUSTO Corredor polonês Só para o maldito inventor Do corredor polonês, Que eu fui..... CACETE BAIANO Depois de apanhar Até gato morto miar, Por dizer gracinhas Para a menina dos olhos Do paizão ciumento, Diz que ganhou O maior cacete baiano. APROPRIAÇÃO INDÉBITA Eu sei que o boca-a-boca É a melhor propaganda, Mas não adianta resmungos Nem choro pelos cantos. Só devolvo o beijo Que te roubei dormindo, Se vieres tomá-lo Boca-a-boca... NOITE O dia em seu desfile Monótono Pede passagem E fecha a porta. Antonio Cabral Filho - RJ