O documento discute a evolução da percepção e organização do espaço ao longo da história. Primeiro, o espaço era percebido de forma subjetiva e variável, mas a perspectiva trouxe uma visão mais objetiva e impessoal. Posteriormente, mapas passaram a ser usados para racionalizar e controlar espaços de forma uniforme, desconsiderando percepções locais. Atualmente, há debates sobre se o espaço deve refletir planejamentos racionais ou deixar espaço para a criatividade humana.
1. O controle Na porta
Ritmo
sobre o a varredeira varre o cisco
varre o cisco
varre o cisco
espaço Na pia
a menininha escova os dentes
eo escova os dentes
escova os dentes
tempo No arroio
a lavadeira bate a roupa
bate a roupa
bate a roupa
Até que enfim
se desenrola
a corda toda
e o mundo gira imóvel como um pião!
Mario Quintana
2. O mundo medido pelo corpo
humano
Pés
Jardas
Braças
Punhados
Polegadas
Manhãs – morgen
ou Acres (alemão)
3. Controlar – contornar - neutralizar
O impacto negativo da variedade e da
contingência:
Impossibilidade de tratamento uniforme de
todos os suditos
Imposição de medidas padrão obrigatórias:
distância, superfície, volume
Substitui o uso da força física
4. Lévi-Strauss e o primeiro ato de
cultura
• Proibição do incesto
Necessidade de distinções artificiais sobre
indivíduos que não se diferenciam
Progressivamente insere o mundo “natural”
nas divisões, classificações e distinções
5. Estado Moderno:
• Unificação do espaço submetido à sua
autoridade direta
Substituição das práticas locais e dispersas
por práticas administrativas
Ponto unificado de referência: universal e
impositivo
6. A batalha dos mapas
Poderes centrais: desnorteados frente à
variedade de sistemas de medidas e
contagens
• Melhor lidar com corporações, líderes,
anciãos.
• Preferência pelo pagamento em moeda
• Desafio: legibilidade e transparência do
espaço – “reorganizar” o espaço.
7. O ofício do cartógrafo
• Subordinar o espaço a um único mapa
oficial
• Desqualificação de outras representações
ou representações
• Legível pelo poder estatal
Imune ao processamento semântico pelos
usuários / vítimas
Resistente às iniciativas interpretativas fora
do controle.
8.
9.
10. Revolução: a perspectiva
• Percepção humana na organização do
espaço
O olho do observador como ponto de
partida de toda perspectiva
11. Determinava o tamanho e as distâncias
mútuas dos objetos que entravam no seu
campo
Era o único ponto de referência para
localização dos objetos no espaço
CONSEQUÊNCIA:
Impessoalidade do olho que observa
O ponto de observação é mais importante.
12. Qualquer observador, colocado naquela
ponto veria as relações espaciais entre os
objetos exatamente da mesma forma.
Não mais o observador, mas a localização
inteiramente quantificável do ponto de
observação
13. Duplo efeito:
• Atrelou a natureza praxeomórfica da
distância à necessidade de uma nova
homogeneidade
• Despersonalizou as consequências das
origens subjetivas das percepções.
A pergunta não é mais “quem” olha...
17. A pergunta agora é:
De que ponto do espaço?
Ponto privilegiado de observação
Melhor percepção
Capaz de superar a relatividade
18. Inovação moderna:
• Transformar a transparência e a
legibilidade do espaço como objetivo
SISTEMATICAMENTE perseguido
Tornar o mundo receptivo à administração
supracomunitária estatal.
19. Do mapeamento do espaço à
espacialização dos mapas
Princípios de uniformidade e regularidade
• Norteiam as necessidades globais de uma
cidade
• Separar espacialmente partes da cidade
dedicada a diferentes funções
• Ou pela qualidade de seus habitantes
Cada “tribo” um distrito separado
Cada família um apartamento separado
20. Diferentes espaços
Cadeias Inaptos para o
Manicômios convívio social
cemitérios - desviantes
Fábricas Espaços de
produção e
Shopping Centers
consumo
21. A cidade perfeita
• Espaço ordenado e depurado de todo
ACASO:
Tudo que seja fortuito
Acidental
ambivalente
22. Espaço moderno
• Despojamento do ser humano:
Ausência de multidões
Esquinas vazias
Anonimato dos lugares
Monotonia das formas
Ausência de intrigas, perplexidade,
excitação
25. O mapa e o território
• Modernização = monopolização dos
direitos cartográficos
• O mapa deve anteceder ao território
mapeado
• A cidade como palimpsesto
• A cidade/espaço como projeção do mapa
sobre o espaço
Brasília: fazer surgir do mapa
27. Fobias espaciais – O panóptico
• Os muros das cidades
Bairros vigiados
Espaços públicos protegidos
Condomínios
Portões eletrônicos
Câmeras de vigilância
30. 3 formas de perceber o espaço
• Foucault – Ordem (violência) transmitida
numa tecnologia disciplinar
• De Certeau – instâncias abertas à
criatividade humana
• Bourdieu – relação dialética entre o corpo
e uma organização estruturada do espaço
e do tempo – determinam as práticas e
representações comuns.