2. Textualidade e Coesão
Comunicação
Sendo o homem um ser social, relaciona-se de modo
interdependente com os indivíduos do grupo que vive. A
convivência realiza-se pela comunicação, que pode ser
gestual, oral ou escrita. A eficácia determina a escolha
da modalidade de que se utiliza; por vezes, combinam
–se duas ou mais formas de comunicação.
Os elementos que atuam ao se comunicar são:
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3. Na expressão oral, o conteúdo deve ser exposto com
ideias claras, no nível de entendimento do seu interlocutor,
usando vocabulário que lhe seja compreensível, em
sequência lógica fácil de acompanhar.
Na expressão escrita, além de se dominar o assunto, deve
haver preocupação com uma cuidadosa organização do
texto: relacionar os itens pertinentes, selecionar os que
possibilitem uma planificação harmoniosa. A língua escrita
requer mais organização das ideias e mais correção
gramatical ao se comunicar. Os erros aparecem mais, pois
conta-se com a possibilidade de reler, de reexaminar o
texto.
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4. Ter ideias , entender o assunto de pouco adianta se
não souber como comunicar seus conhecimentos. Isso
vale tanto na sua vida social quanto na profissional. Você
terá mais facilidade de convivência e mais prestigio se
souber se comunicar bem, falando ou escrevendo.
Para exemplificar isso, temos o seguinte bilhete
redigido por um apressado gerente de uma grande
empresa. Ele precisava ir ao Rio de Janeiro para tratar de
alguns negócios urgentes, mas por ter medo de viajar de
avião, deixou o bilhete a seguir para a sua recém
contratada secretária.
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5. “Maria: devo ir ao Rio amanhã sem falta.
Quero que você me rezerve, um lugar ,à noite,
no trem das 8 para o Rio.”
A secretária ao ler o bilhete, franziu a testa e, com uma
cara desanimada e cheia de dúvidas, ficou pensando,
pensando e resolveu fazer o que o chefe mandara.
Foi , à noite, à estação ferroviária e reservou um lugar,
para o dia seguinte, no trem das 8h da manhã.
No entanto, ao chegar ao emprego, no dia seguinte, a
dedicada secretária encontra seu gerente bem tranquilo
assinando seus papéis na mesma hora em que deveria
embarcar no trem.
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6. Erros cometidos :
1. Reservar e não rezervar;
2. Abreviação de horas é “h”, 8h;
3. Comprar não reservar;
4. Pontuação confusa;
5. Reservar 1) um lugar à noite (=lugar noturno)
2) à noite
um lugar
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7. O bilhete deveria ter sido escrito assim:
“ Maria: por favor, providencie, para mim um
passagem, em cabina com leito, no trem da 20h de
amanhã (4ª feira), para o Rio de Janeiro.
Muito obrigado.”
Três tropeços e três segredos
1º bilhete errado = resposta errada
2º mensagem correta = resposta correta
3º “Com vinagre não se apanham moscas!” = não é
com maus modos que vamos persuadir.
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8. . Textualidade e coesão
Mecanismos de coesão textual
Um texto não é uma unidade construída por uma
soma de sentenças, mas pelo encadeamento
semântico delas, criando, assim,uma trama
semântica a que damos o nome de textualidade. O
encadeamento semântico que produz a textualidade
chama-se coesão.
Ex: Pegue três maçãs, coloque-as sobre a mesa.
ProfªMichele Ap. Wolff Alexandre 8
9. A maior parte das pessoas constrói razoavelmente
a textualidade na língua oral, mas, quando se trata
de escrever um texto, em geral se limitam a usar as
palavras mesmo e referido, produzindo
sequências do tipo:
1. Pegue três maçãs. Coloque as mesmas sobre a
mesa.
2. João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Na
referida cidade, o mesmo disse que a Igreja
continuava a favor do celibato.
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10. Para evitar este desagradável procedimento é
necessário o uso de amplos recursos de que a língua
dispõem.
Para entender esses mecanismos, vejamos outras versões
possíveis da sequência 2:
2a) João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Lá, ele disse
que a Igreja continua a favor do celibato.
Esse processo de coesão se chama coesão por
referência. As palavras responsáveis por esse tipo de
coesão são os pronomes, que podem ser pessoais (ele,
ela, nós, o, a, lhe, etc.), possessivos (meu, teu, seu,
etc.), demonstrativos (este, esse, aquele, etc.), os
advérbios de lugar e também os artigos definidos.
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11. Uma outra possibilidade seria utilizar palavras ou
expressões sinônimas dos termos que deverão ser
retomados em sentenças subsequentes.
2b) João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Na
capital da Polônia, o papa disse que a Igreja
continua a favor do celibato.
Esse tipo de coesão, também conhecido como
coesão lexical, permite também àquele que escreve
manifestar sua atitude apreciativa, ou depreciativa,
em relação aos termos – objetos da coesão.
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12. Em uma apreciação positiva, poderíamos dar a 2 uma
versão como:
2c) João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Lá, Sua
Santidade disse que a Igreja continua a favor do
celibato.
Numa apreciação negativa, poderíamos ter uma versão
como:
2d) João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Lá, o
mais recente aliado do capitalismo ocidental, disse que
a Igreja continua a favor do celibato.
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13. Coesão lexical e clareza do texto
Comparemos as duas versões, a seguir, de um
mesmo trecho:
Versão 1
O governo de muitos países tem decidido liberar a
maconha para uso doméstico. A Inglaterra agora
faz vistas grossas ao seu consumo. Ela deixará, a
partir de agora, de efetuar prisões por seu porte
para consumo próprio. Ela segue a tendência
européia de maior tolerância com os usuários de
drogas leves.
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14. Versão 2
O governo de muitos países tem decidido liberar a
maconha para uso doméstico. A Inglaterra agora faz
vistas grossas ao consumo da erva. As autoridades
inglesas deixarão, a partir de agora, de efetuar prisões
pelo porte desse entorpecente para consumo próprio.
O país segue a tendência européia de maior tolerância
com os usuários de drogas leves.
Na primeira versão, a coesão textual é realizada por
pronomes como seu e ela, o que não conduz a um
texto claro. Na segunda, a coesão é construída pela
coesão lexical, com sinônimos. O resultado é um texto
bem mais claro.
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15. Fonte de consulta:
ABREU, Antonio Suárez. Curso de Redação. 12
ed.,São Paulo: Ática Universidade, 2004.
Blikstein, Izidoro. Técnicas de comunicação
escrita. 13 ed., São Paulo: Ática – Série Princípios
NADÓLSKIS, Hêndricas. Comunicação
Redacional. 10 ed., São Paulo: Saraiva. 2004.
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