O documento discute a relação entre o conhecimento científico e o senso comum. A ciência surgiu no século XVII com métodos de investigação como a matematização e experimentação, enquanto o senso comum depende da razão, imaginação e dedução. A ciência busca precisar causas de forma sistemática, objetiva e rigorosa ao contrário do senso comum.
2. Ciência e senso comum
O conceito atual de ciência surgiu no século XVII, com os
métodos de investigação instituídos por Galileu, que se
caracterizam pela matematização e experimentação. Nas
culturas mais antigas já existia algum tipo de conhecimento
teórico que possibilitava a intervenção na natureza. Tal
conhecimento dependia do senso comum, do uso espontâneo
da razão e da imaginação, da dedução ou indução e era
transmitido ao longo
do tempo.
Na Antiguidade edificaram-se
grandes construções sólidas, como
o Arqueduto de Roma, apesar de
não existir ainda um rigor nos
conhecimentos científicos.
GLOWIMAGES-SCALA,FLORENCE
3. Ciência e senso comum
O senso comum é um saber empírico e transmitido,
enquanto o saber científico busca precisar as causas e os
motivos de um evento.
O senso comum é um conhecimento particular, ele realiza
generalizações que carecem de rigor. Já a ciência é um saber
sistemático, controlado pela experiência.
O conhecimento do senso comum é fragmentário, pois não
estabelece as conexões adequadas. Por sua vez, o conhecimento
científico é unificador, tem a capacidade de conectar saberes
sobre diversos fenômenos entre si.
4. Ciência e senso comum
O senso comum é subjetivo e pessoal, enquanto a ciência
procura a objetividade, isto é, independe de preferências
individuais.
A linguagem do senso comum é ambígua, enquanto a ciência
procura se utilizar de uma linguagem rigorosa, com o recurso
da matemática e da experimentação. Desse modo, foi possível
controlar esse conhecimento, tornando-o sistemático, preciso
e objetivo.
5. O trabalho do cientista
Por comunidade científica entendem-se os membros de um
determinado grupo que se reconhecem mutuamente, como
detentores de conhecimentos específicos em determinada área
de investigação científica.
A ciência se utiliza de métodos rigorosos, mas nem por isso é
infalível ou indubitável.
O trabalho do cientista
envolve valores
estritamente cognitivos,
mas também valores
éticos e políticos.
Pesquisa com célula-tronco
em um instituto de doenças
cardiovasculares, em São Francisco,
Califórnia (EUA, setembro de 2010).
A utilização de experimentos com
célula-tronco foi objeto de inúmeras
discussões de caráter ético.
NOAHBERGER/BLOOMBERG/GETTYIMAGES
6. O trabalho do cientista
Do ponto de vista dos valores cognitivos, podemos destacar
três características da ciência: a imparcialidade, a
autonomia e a neutralidade.
• Diz-se que a ciência é imparcial por seguir rigorosos padrões
de avaliação, que podem ser verificados por qualquer membro
da comunidade científica.
• Fala-se em autonomia porque o cientista deve ter condições
independentes de investigação.
• A neutralidade decorre do fato de que a pesquisa se orienta
apenas pelo valor cognitivo.
7. O trabalho do cientista
Essas características dizem respeito apenas às exigências
do método científico. No entanto, o cientista encontra-se
inserido em um contexto sujeito a um conjunto de
valores éticos e políticos que devem ser avaliados.
Daí a importância de uma formação humanista que
possibilite a reflexão sobre as aplicações da atividade
científica.
Ou seja, a ciência é neutra, mas não são neutros os
interesses que envolvem as pesquisas, a definição de
prioridade e os fins a que se destinam. Decorre daí a
responsabilidade do cientista.
8. Os métodos das ciências
Podemos classificar as ciências em: ciências formais
(matemática e lógica), ciências da natureza (física,
química, geografia física etc.) e ciências humanas
(sociologia, antropologia, psicologia, história, geografia
humana etc.).
As ciências da natureza recorrem ao método
experimental, que trabalha com as seguintes etapas:
a observação científica é metódica e orientada por teorias; a
hipótese é uma explicação provisória dos fatos observados.
Elas dependem de intuição, imaginação, mas também de
raciocínios (dedução, indução e analogia);
a experimentação é a observação provocada para controle
da hipótese; a generalização é a formulação de leis, de
enunciados que descrevem regularidades ou normas, como
as leis empíricas ou particulares (queda dos corpos); a
teoria é constituída por leis gerais ou teorias (teoria
newtoniana), que abrangem e reúnem diversas leis.
9. Os métodos das ciências
As ciências humanas enfrentam dificuldades
metodológicas por ter como objeto o próprio ser que
conhece. São elas: a complexidade (o comportamento
humano resulta de múltiplas influências); a dificuldade
de experimentação e matematização; o
subjetivismo (o próprio ser humano é seu objeto de
estudo, além disso, trata-se de individualidades);
a liberdade (apesar dos condicionamentos,
o ser humano é capaz de ações livres).
A diversidade de métodos: podem-se distinguir duas
tendências metodológicas. Segundo a tendência
naturalista, as ciências humanas devem se adequar
ao método das ciências da natureza. Já a tendência
humanista propõe métodos distintos que respeitem
a especificidade do seu objeto, como individualidade,
liberdade e consciência moral.
10. Os métodos das ciências
Os vários órgãos da mente, gravura da década de
1890. O objeto de estudo da psicologia, como o das
demais ciências humanas, exige, pela sua
complexidade, definições metodológicas muito
distintas das utilizadas pelas ciências da natureza.
ALBUM/AKG-IMAGES/NORTHWINDPICTUREARCHIVES/LATINSTOCK