O documento descreve instrumentos e técnicas de desenho técnico, normas para projetos e especificações para projetos arquitetônicos. O capítulo 1 discute instrumentos como régua T, esquadros, compasso e transferidor. O capítulo 2 apresenta normas técnicas como uso de escalas e linhas. O capítulo 3 detalha elementos de projetos arquitetônicos como plantas, cortes e fachadas.
1. ÍNDICE
Capítulo 1. Instrumentos e acessórios utilizados em desenho técnico
1.1 Régua T e esquadros 1
1.2 Compasso 2
1.3 Transferidor 3
1.4 Lápis e borracha 4
1.5 Escalímetro 4
Capítulo 2. Normas técnicas para desenho
2.1 Introdução 11
2.2 Emprego de escalas em desenho técnico 12
2.3 Aplicação de linhas em desenho - tipos e largura de linhas 12
2.4 Folha de desenho - Leiaute e dimensões 13
2.5 Cotagem em desenho técnico 16
2.6 Conteúdo da folha para desenho técnico 20
Capítulo 3. Projeto Arquitetônico
3.1 Introdução 23
3.2 Planta Baixa 24
3.2.1 Convenções 24
3.2.1.1 Janelas 24
3.2.1.2 Portas 25
3.2.1.3 Diferenças de níveis em pisos 26
3.2.1.4 Escadas 28
3.2.2 Principais recomendações no traçado de planta baixa 29
3.3 Planta de Situação 30
3.3.1 Principais recomendações no traçado da planta de situação 30
3.4.Cortes 31
3.4.1 Nomenclatura das peças de um telhado 31
3.4.2 Principais recomendações no traçado de cortes 33
3.5 Fachadas 35
3.5.1 Principais recomendações no traçado de fachadas 35
3.6 Diagrama de cobertura 35
3.6.1 Nomenclatura das linhas de cobertura 36
3.6.2 Processo de determinação das águas de um telhado usando espigões
e rincões (bissetrizes) 37
3.6.3 Principais recomendações no traçado de diagrama de cobertura 41
ANEXOS 43
Planta Baixa 44
Planta de Situação 45
Diagrama de Cobertura 46
Cortes - Corte AB 47
Cortes - Corte CD 48
Fachadas - Fachada Lateral 49
Fachadas - Fachada Principal 50
Fachadas - Fachada Posterior 51
Exercícios de Diagrama de Cobertura 52
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 53
1
2. CAPITULO 1 - Instrumentos e acessórios utilizados em
desenho técnico
1.1. Régua T e esquadros
Utilizamos a régua T para a execução de linhas
horizontais, no qual a mesma deverá ficar apoiada pela sua
cabeça fixa no lado esquerdo da mesa de desenho. No
traçado das linhas horizontais, preferencialmente, deve-se
desenhar as linhas no sentido da esquerda para a direita e de
cima para baixo (Figura 1).
FIGURA 1. Sentido de execução de linhas horizontais utilizando a réguaT
Obs: Para se ter um bom traçado horizontal, apóie
firmemente a régua T contra a mesa de desenho utilizando
a mão esquerda. Dessa forma, a régua se manterá firme e
na horizontal, facilitando o traçado das linhas do desenho.
Os esquadros são utilizados apoiados sobre a régua T
para a execução de linhas verticais. Normalmente
utilizamos dois tipos de esquadros, sendo o primeiro com
ângulos de 300, 600 e 90° e o segundo com 45°, 45° e 90°.
2
3. Para o traçado das linhas verticais, a face
perpendicular do esquadro deve ficar voltada para o lado
da cabeça da régua T, conforme ilustra a Figura 2.
FIGURA 2. Jogo de esquadros utilizados em desenho técnico e posição recomendada do
esquadro na mesa para traçado de linhas verticais.
Podamos obter uma série de combinações de ângulos
(múltiplos de 15°) quando trabalhamos com os esquadros
em conjunto, facilitando dessa forma, o traçado de linhas
com ângulos utilizando apenas o jogo de esquadros.
1.2 Compasso
O compasso é utilizado para o traçado de
circunferências, arcos de circunferências e para
transportar medidas.
O traçado, logo depois de definido o raio de abertura,
deve ser feito com um traço contínuo, sem interrupção e no
sentido horário, girando-se a cabeça do compasso com uma
leve inclinação do instrumento na direção do grafite.
1.3 Transferidor
3
4. O transferidor é utilizado para a tomada de medidas
angulares, sendo que podemos encontrar transferidores de
1800 e 360° (Figura 3). Os ângulos podem ser obtidas tanto
no sentido horário como no sentido anti-horário,
dependendo de cada situação.
Para o traçado de linhas com um determinado ângulo,
devemos seguir os seguintes passos:
a) Traçá-se inicialmente urna linha reta e marca-se
um ponto qualquer nessa linha (vértice do ângulo);
b) Posicione o transferidor sobre essa linha, coincidindo
o índex do instrumento com o ponto marcado
anteriormente (vértice);
c) Alinhe o transferidor através da linha de fé com a
linha traçada anteriormente;
d) Marque o ângulo desejado no transferidor e,
finalmente, trace a linha desejada no ângulo encontrado
(Exemplo na Figura 3 para os ângulos de 430 e 28°).
FIGURA 3. Transferidor de 360° e 1800
1.4 Lápis e borracha
4
5. A execução de desenhos a lápis, deve garantir o
perfeito acabamento final do trabalho. Entretanto, o
projetista deve escolher bem o tipo de lápis a ser utilizado,
de acordo com a finalidade do projeto.
Os lápis são classificados de acordo com a sua dureza e
visibilidade do traçado (macios ou duros e claros ou
escuros) e são graduados com a seguinte combinação de
letras: 6B (macio e escuro), 5B, 4B, 3B, 26, 6, HB, F, H,
2H, 3H, 4H, 5H, 6H, 7H, 8H e 9H (extremamente duro e
claro).
Para o traçado de esboços iniciais, deve ser utilizado o
lápis da série H (claros e duros) e para a parte final, os
lápis da série 6 (macios e escuros). Os tipos de lápis
intermediários F (claro e ligeiramente duro) e o HB (macio
e ligeiramente escuro) também são muito utilizados pelos
desenhistas. Em geral, o que vai variar no traçado a lápis
é apenas a tonalidade do traço, ou seja, teremos linhas
mais claras ou linhas mais escuras.
A borracha deve ser ta que garanta que as linhas serão
apagadas sem danificar o papel ou mesmo que borre o
desenho. Portanto, deve ser utilizada borracha dura para
traços com lápis duros e borrachas macias para : os traços
com lápis macios.
1.5 Escalímetro
A utilização de escalas, bem como o seu entendimento,
é muito importante para a execução de qualquer tipo de
trabalho (projeto) em DESENHO TÉCNICO. Para isso,
5
6. trabalhamos com o escalímetro, ou seja, uma régua
graduada em forma de triângulo, no qual ela apresenta a
escala 1:100 como escala padrão e outras cinco escalas mais
utilizadas (Figura 4).
FIGURA 4. Escalímetro
Um escalímetro pode apresentar, por exemplo, as
seguintes escalas impressas na régua: 1:20, 1:25v 1:50,
1:75, 1:100 e 1:125 (escalas muito utilizadas em desenho
arquitetônico). Mas primeiramente, vamos entender o que
são e como trabalhar com escalas.
Denominamos escala, a razão existente entre a
dimensão do desenho no papel e as dimensões reais do
objeto que esse desenho representa, segundo a seguinte
equação:
l E = escala do desenho;
E =L , onde: l = dimensão do desenho (linha gráfica);
L = dimensão real do objeto (linha natural).
Exemplo: Deseja-se representar um poste cuja altura é de 5
metros, numa folha de papel através de uma linha de 5 cm.
Qual é a escala utilizada?
E = 5cm/5m E = 5cm/500cm E = 1/100 ou seja, Escala 1:100
6
7. Nesse caso, temos que 1 unidade do desenho (linha gráfica) equivale a 100 unidades reais
(linha natural).
Podemos ter três tipos de escalas de acordo com a necessidade:
a) Escala natural (l = L), no qual o desenho tem as mesmas dimensões do objeto real.
Exemplo: desenhos de peças mecânicas.
b) Escala de ampliação (l > L), no qual o desenho é maior que as dimensões do objeto real.
Exemplo: desenhos de pequenas peças de um relógio de pulso.
c) Escala de redução (l < L), sendo esse tipo de escala a mais freqüentemente utilizada em
desenho arquitetônico.
Exemplo: Plantas arquitetônicas de instalações rurais e urbanas.
Trabalhando com escalas, podemos encontrar três tipos comuns de problemas.
01. Quando se tem a grandeza linear real do objeto, a escala utilizada e deseja-se determinar
a grandeza linear gráfica.
1) Qual o valor gráfico 1 de uma avenida cujo comprimento é de 875,0 m a ser representado em
planta na escala de 1: 5000?
Desenho Natural
1 5000
1 875,0 m
l =1x875 / 5000 l= 0,175 m ou 17,5 cm
Obs.: Deve-se tomar o cuidado de manter sempre as mesmas unidades em ambos os lados da regra
de três, ou seja, metro com metro (desenho e natural), centímetro com centímetro, etc. Dessa forma,
evita-se o cálculos de dimensões de forma errônea.
02. Quando se tem o valor da dimensão gráfica (desenho), a escala e deseja-se calcular a
dimensão da linha natural.
2) Uma Unha de 8 cm representa graficamente a altura de um poste na escala de 1:25. Qual o valor
da sua altura real?
Desenho Natural
1 25
0,80 m L
L =0,80m x 25 / 1 L = 2,0 m, ou seja o poste tem 2,0 metros de altura.
03. Neste caso, se tem o valor da dimensão gráfica (desenho), a dimensão real do objeto e
deseja-se calcular a escala utilizada.
3) Uma linha no papel de 30 mm representa o comprimento de uma rua de 600 metros. Qual a escala
utilizada?
Desenho Natural
1 E
7
8. 30 mm 600.000 mm
E =1x600.000 / 30 mm E = 20.000 m ou seja a escala é de 1:20.000
As escalas são, usualmente, pré-fixadas de acordo com o trabalho que se pretende realizar:
01. Em construções civis (projetos arquitetônicos), as escalas usuais são: 1:50,1:75,1:100 e 1:200 e
para representação de detalhes, utilizamos as escalas de 1:10, 1:20 e 1:25.
02. Em topografia utilizamos escalas de acordo com tipo de levantamento.
- Levantamentos cadastrais: 1:250 a 1:5000;
- Levantamentos técnicos: 1:1000 a 1:10.000;
- Levantamentos gerais: superiores a 1:10.000.
USO DO ESCALÍMETRO
O uso do escalímetro vem assegurar ao projetista,
facilidade ao trabalhar com vários tipos de escalas,
evitando dessa forma uma série de cálculos dispendiosos,
que tornaria o trabalho muito oneroso.
Vamos supor que o nosso escalímetro apresenta as
seguintes escalas impressas na régua: 1:20, 1:25, 1:50,
1:75, 1:100 e 1:125. Agora, se quisermos trabalhar com a
escala de 1:250? Bem, se observarmos no nosso
escalímetro, percebemos que não temos a escala desejada.
Uma opção, então, seria realizarmos cálculos através de
regra de três como discutimos anteriormente. Nesse caso,
teríamos que calcular todas as dimensões necessárias.
Uma segunda opção, e a mais interessante é utilizar o
nosso próprio escalímetro. Se observarmos o nosso
escatímetro, temos a escala de 1:25 e se colocarmos um
zero a direita da escala, bem como, um zero a mais em cada
unidade do nosso escalímetro, teremos, portanto, a escala
desejada (Figura 5).
8
9. FIGURA 5. Transformação de escalas de 1:25 1:250,
utilizando o escalímetro
Da mesma forma, podemos utilizar esse mesmo
procedimento para as outras escalas como, por exemplo,
1:100 que pode derivar para 1:1.000, 1:10.000 e assim por
diante.
Vejamos outro caso. Agora queremos trabalhar com a
escala de 1:40? Bom, em alguns escalímetros encontramos a
escala 1:40 ou 1:400. Mas, se o nosso escalímetro não tiver
essa escala? Se observarmos bem, além das escalas
múltiplas de 10, podemos trabalhar com escalas
derivadas. No nosso caso, veremos que a escala 1:40
corresponde à metade da escala derivada de 1:20, ou seja,
para cada unidade inteira da escala 1:20, corresponde ao
dobro da escala 1:40 (Figura 6).
FIGURA 6. Transformação de escalas de 1:40 1:20
9
10. Obs Outro caso é a escala 1:80 que equivale a % da escala 1:20; 1:300 que corresponde a 1/6
da escala 1:50 ou % da escala 1:75, etc.
CAPÍTULO 2 - Normas técnicas para desenho
2.1 Introdução
Na execução de um projeto em desenho técnico, é necessário estabelecer um padrão dos
elementos que compõem a estrutura do projeto através de normas reconhecidas, de modo a
padronizar todos os elementos que constituirão a arte final de qualquer tipo de projeto a ser
realizado em Desenho Técnico.
Nesse ponto, a ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) em conjunto com o SENAI-SP
(Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), criaram
e atualizaram um conjunto de normas para auxiliar os
profissionais da área, na execução de Desenho Técnico. As
principais normas são as seguintes:
• Emprego de escalas em desenho técnico (NBR 8196);
• Aplicação de linhas em desenho - tipos e largura de linhas (NBR 8403);
• Folha de desenho - Leiaute e dimensões (NBR 10068);
• Cotagem em desenho técnico (NBR 10126) e;
• Conteúdo da folha para desenho técnico (NBR 10582).
Faremos a seguir, um estudo das principais normas, pois, a sua interpretação é muito
importante.
2.2 Emprego de escalas em desenho técnico
A utilização de escalas em desenho técnico, assunto já comentado no capítulo 1, deverá ser
escolhida de acordo com a finalidade da sua representação e da complexidade do objeto a ser
representado.
Em todos os casos, a escala escolhida deverá ser
suficientemente grande para permitir uma interpretação
clara e fácil do objeto representado. Portanto, a escala e o
tamanho do objeto em questão deverão decidir o tamanho
da folha.
10
11. 2.3 Aplicação de linhas em desenho - tipos e largura de
linhas
Na execução de qualquer tipo de projeto em desenho técnico devemos, inicialmente,
estabelecer uma série de convenções importantes relativas a tipos E larguras de linhas e sua
aplicação aos vários componentes do projeto. Mas, antes de estudarmos os tipos de linhas, faremos
algumas observações importantes:
a) Na execução de qualquer traçado, independente do
tipo de linha, a ponta do lápis ou a lapiseira deverá estar
devidamente apoiado sobre a face do esquadro ou da régua
T.
b) Para obter um traçado uniforme, gire lentamente o
lápis ou lapiseira durante a execução do desenho.
c) Inicie o desenho com linhas mais claras e finas que
são mais fáceis de serem apagadas. Ao final, de o
acabamento com outros tipos de linhas.
Na Tabela 1, apresentamos os principais tipos de linhas
utilizadas em desenho arquitetônico.
TABELA 1. Principais linhas utilizadas em desenho
técnico.
11
12. 2.4 Folha de desenho - Leiaute e dimensões
O formato do papel a ser utilizado na execução de
desenho técnico já vem padronizado, segundo o formato da
série A (Figura 7). O importante aqui é definir o tipo de
formato de papel a ser utilizado, que é função do tipo de
objeto que se. deseja representar (original), desde que não
prejudique a sua compreensão.
A base do formato da série A é o tamanho AO,
representado por um retângulo de 841 mm x 1189 mm (área
equivalente a 1 m sendo os outros formatos derivados a
partir da divisão em duas partes iguais de cada série, até os
menores formatos do mesmo.
12
13. A3 A2
A1 A0
FRGURA 7. Formatos padrão de folhas de desenho da séria A. Dobragem
Vale salientar que, o formato final após a dobragem
do papel desde o formato A0, será o formato A4, em
virtude desse formato facilitar o arquivamento das folhas
em pastas. Mas, antes de dobrarmos a folha de papel,
devemos a folha no local denominado linha de corte,
ficando assim a folha nas dimensões da séria A (Figura 8).
FIGURA 8. Folha de desenho da série A — Linha de corte
13
14. FIGURA 9. Formatos derivados da série A, a partir do formato AO
Observando a Figura 9, podemos notar como fica a divisão das folhas da série A, desde o
formato A0, até o formato A6. Portanto, a partir do formato AO, podemos ter as seguintes
dimensões do outros formatos da série A.
TABELA 2. Dimensões do papel da série A
2.5 Cotagem em desenho técnico
A cotagem em desenho técnico, nada mais é que
colocar as várias dimensões de todos os elementos que
compõem o objeto. Mas, antes de passarmos para as
principais recomendações para a cotagem, definiremos a
nomenclatura utilizada em cotagem. Pela Figura 10,
temos um exemplo de um objeto cotado, com as principais
14
15. linhas que compõem a cotagem, bem como a sua
denominação.
FIGURA 10. Nomenclatura utilizada em cotagem
Depois de definido a nomenclatura de cotagem,
devemos seguir as seguintes recomendações ao cotar um
desenho:
1. Colocar as cotas, sempre que possível, fora do
desenho.
2. As linhas de cota deverão ser traçadas com linha
contínua estreita (fina) e terminadas (limite da linha de
cota) em traço oblíquo a 45° ou setas (ângulo de abertura
de 150 aberta ou fechada/preenchida) ou ponto (Figura 11).
15
16. FIGURA 11. Tipos de limite de linha de cota
3. As cotas serão escritas no valor real e em uma única
unidade. No caso de desenhos arquitetônicos, adota-se de
preferência o centímetro (cm).
4. As linhas de cotas ficarão afastadas do desenho e entre si
a uma distância d 8 mm. As linhas auxiliares não deverão
tocar no desenho, ficando afastadas a uma distância mínima
do desenho.
5. Nas cotas verticais, os valores da cota serão escritos nos
locais onde a linha de cota for interrompida ou à esquerda
da linha de cota, sempre no sentido de baixo para cima e
centralizada (Figura 12).
6. Nas cotas horizontais, os valores da cota serão escritos
nos locais onde a linha de cota for interrompida ou acima da
linha de cota A cota deverá ser centralizada (Figura 12).
7. As linhas de cota conterão valores de cotas parciais e
totais.
16
17. FIGURA 12. Exemplos de cotagem iertical e
horizontal
2.6 Conteúdo da folha para desenho técnico
Depois de feita a escolha do tipo de folha a ser utilizado em desenho técnico, bem como o
material e acessórios, devemos definir condições para a disposição do desenho na folha, posição
para textos e espaço para legenda.
O espaço para desenho é aquele onde são dispostos os desenhos tanto na posição horizontal
ou vertical, devendo, se possível, dispô-los considerando o dobramento da folha de papel.
O espaço para texto tem o objetivo fornecer às informações que julgar necessárias para o
entendimento do desenho a ser realizado, como por exemplo, explanação sobre o projeto (símbolos
especiais, abreviaturas, etc.), instruções como realizar o projeto (material, local de montagem,
número de peças, etc.), localização da planta de situação e outras informações pertinentes ao projeto.
Na Figura 13, apresentamos os formatos comuns de disposição do desenho, texto e legenda
na folha de papel.
FIGURA 13. Disposição do desenho, texto e legenda no papel de desenho
17
18. A legenda deverá ser posicionada no canto inferior direito da folha de
desenho, com dimensões variáveis, porém, com valores variando entre 100 mm e 165 mm na
horizontal (comprimento) e com altura, geralmente, a metade da dimensão
horizontal.
As seguintes informações deverão conter na legenda:
a) firma, empresa, indústria, universidade, etc;
b) projetista, desenhista ou responsável p’ projeto;
c) local, data e assinatura;
d) título e subtítulo do projeto;
e) escala(s) adotada(s);
f) número de folhas do desenho, além de outras informações
necessárias.
No nosso caso, adotaremos a seguintes dimensões e informações
para a legenda na execucão de projetos em desenho técnico
(Figura 14):
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FIGURA 14. Legenda Obs.: Dimensões em mm
18
19. CAPÍTULO 3 - Projeto Arquitetônico
3.1 INTRODUÇÃO
Os princípios gerais do desenho arquitetônico são os mesmos para qualquer espécie de
trabalho técnico, mas, com uma aplicação especial no emprego de métodos padronizados, símbolos
e convenções particulares, que venham a facilitar a leitura do desenho e a execução da construção.
Os desenhos arquitetônicos podem ser divididos em três classes gerais: desenhos
preliminares, desenho de apresentação e desenhos de execução.
Os desenhos preliminares são os esboços iniciais, onde as idéias são apresentadas no papel
de forma grosseira, a partir de idéias discutidas entre o proprietário e o projetista.
Os desenhos de apresentação são aqueles que consiste na representação real e efetiva do
projeto, com utilização de cores, vistas em perspectivas, sombras e luz. O projetista utiliza, também,
como artifícios para dar a idéia de dimensão do objeto, árvores, figuras humanas, construções
adjacentes, folhagens, etc.
Os desenhos para execução são: planta baixa, planta de situação, diagrama de cobertura,
cortes, fachadas e detalhes, executados sob procedimentos padronizados e escalas pré-definidas.
Devemos lembrar, também, a existência de outros desenhos complementares como projetos
elétricos, hidráulicos e desenhos estruturais.
A partir dessas informações, o projetista poderá desenvolver o projeto em suas várias fases.
3.2 PLANTA BAIXA
A planta baixa consiste na visualização superior de uma construção, supondo que a mesma
foi cortado por um plano de corte horizontal paralelo ao piso situado a 1.80 metro de altura e
retirando a parte superior,
Através da planta baixa, podemos visualizar os seguintes componentes:
a) disposição, denominação e dimensões dos compartimentos (comprimento e larguras);
b) localização de aberturas (portas, janelas, etc.) com suas dimensões;
c) espessura de paredes;
d) indicação do tipo de piso;
e) localização de aparelhos sanitários existentes nos banheiros, cozinhas, etc;
f) indicação de planos de corte (longitudinais e transversais).
3.2.1 Convenções
3.2.1.1 Janelas
As janelas apresentam dimensões variáveis, com vãos calculados em função da
ventilação/iluminação que o compartimento deve receber. O peitoril, ou seja, a altura da base da
janela em relação ao piso, apresenta alturas diferenciadas em função do cômodo. Na Figura 15,
apresentamos a forma de representação gráfica de janelas em planta baixa, inclusive com o padrão
de cotagem para janelas (dimensão horizontal, vertical e altura de peitoril da janela).
19
20. Obs.: 200 - cota horizontal
150- cota vertical
100 - altura do peitorial
15. Representação gráfica de janelas em planta baixa
Algumas dimensões usuais são adotadas na maioria das janelas durante a elaboração de
planta baixa, contudo, fica a critério do projetista definir quais dimensões das janelas que mais se
adeque ao projeto. Aqui sugerimos algumas dimensões usuais:
a) janelas de quartos, salas e cozinhas: 150x150, 200x150, etc;
b) janelas de banheiros: 50x50, 70x70, 80x80, etc;
c) peitoril de janelas de quartos, salas e cozinhas: 100 cm;
d) peitoril da janela do banheiro: 170 a 190 cm.
3.2.1.2 Portas
As portas, geralmente, vêm com dimensões pré-definidas pelo fabricante. As portas podem
ser de uma folha, duas folhas ou de correr (Figura 16). As dimensões usuais são as seguintes:
a) banheiros e lavabos (lavatório): 60x210;
b) quartos: 70x210 ou 80x210;
c) cozinhas e salas: 80x210.
FIGURA 16. Representação gráfica de portas em planta baixa
Obs: As dimensões podem ser colocadas diretamente no desenho ou através de letras do
nosso alfabeto com a respectiva descrição das dimensões na legenda (por exemplo: J1 - Janela
150x150/100; P1 - Porta 80x210, etc).
3.2.1.3 Diferença de níveis em pisos
20
21. As diferenças de níveis de piso são representadas através de um número precedido pelo sinal
negativo ou positivo e serve para mostrar as diferenças de níveis que existem entre os vários
cômodos e entre o cômodo e o nível do terreno (por exemplo, piso do banheiro rebaixado em
relação aos outros cômodos, de modo a evitar o molhamento externo pelo banheiro).
Além de indicarmos a diferença com um sina! e o número (ex.: +0,10), na porta que separa
os dois cômodos traçamos uma linha contínua média dentro da porta, do lado de menor desnível do
compartimento, facilitando dessa forma a visualização do desnível em planta baixa (Figura 17).
FIGURA 17. Desnível de piso entre o banheiro e corredor
3.2.1.4 Escadas
21
22. As escadas, quando utilizadas, facilitam o avanço para outros cômodos com níveis de piso
diferentes. As dimensões das escadas podem variar de acordo com a condição da construção,
entretanto, podemos recomendar as seguintes dimensões:
a) piso: 25 a 30 cm;
b) espelho: 15 a 20 cm;
c) largura: variável.
FIGURA 18. Várias vistas de uma escada
3.2.2 Principais recomendações no traçado da planta baixa
Para executar um projeto em planta baixa, algumas recomendações importantes
devem ser seguidas. São elas:
a) as linhas horizontais devem ser traçadas com a régua T e as verticais, com os esquadros;
b) traçam-se inicialmente, todas as paredes e em seguida, marcam-se as portas e janelas;
c) a escala a ser adotada deverá ser de 1:50 e em casos excepcionais de 1:75 ou 1:100;
d) a planta baixa deverá ser traçada com a frente principal voltada para baixo;
e) na planta baixa deverá ser indicados pelo menos dois cortes, um transversal e um longitudinal;
f) quando a construção apresenta mais de um pavimento (ex. sobrados), deverá ser apresentada a
planta baixa de cada pavimento separadamente;
g) as paredes externas deverão ter espessura de 25 cm por serem de 1 tijolo e as internas de 15 cm,
por serem de 1/2 tijolo (Figura 19);
h) a nomeclatura - “Planta Baixa” e a “Escala” utilizada deverão ser indicadas no canto inferior
direito ou esquerdo do desenho;
i) O deesenho deverá ser todo cotado adotando de preferência o cm;
j) Os tipos de linha a serem empregados na planta baixa são:
Paredes - linha contínua larga (grossa);
22
23. Cortes transversais e longitudinais - linha traço-ponto larga (grossa);
Janelas, portas, peças sanitárias, cotas, hachuras, escadas, etc. - linha contínua estreita (fina);
Arestas não visíveis acima de 180 m de altura - linha tracejada média;
FIGURA 19. Alvenaria para paredes internas e externas
3.3 PLANTA DE SITUAÇÃO
A planta de situação, uma das partes constituintes de um projeto arquitetônico, tem como
objetivo apresentar a posição do lote (terreno) em relação a seus confrontantes (ruas, praças, etc.) e a
posição da construção em relação ao lote com as suas devidas dimensões.
3.3.1 Principais recomendações no traçado da planta de situação
Na execução de uma planta de situação, algumas recomendações importantes devem ser
seguidas. São elas:
a) escala mínima a ser adotada será de 1-500;
b) na planta de situação, a frente principal da construção deverá ser desenhada voltada para baixo;
c) a construção será representada na planta de situação apenas peio seu contorno externo, sendo o
seu interior hachurado (linha contínua estreita - fina);
d) na planta de situação deverão ser indicadas as seguintes informações:
d.1) o terreno;
d.2) posição da construção em relação aos limites do terreno;
d.3) orientação geográfica com indicação do Norte (Norte Magnético);
e) a nomenclatura ‘Planta de Situação”, bem como a “Escala” utilizada no desenho deverão ser
indicadas no canto inferior direito ou esquerdo do desenho;
f) o desenho deverá conter todas as cotas necessárias.
3.4 CORTES
Cortes são planos verticais imaginários que interceptam a construção no seu interior, com a
finalidade de visualizar as alturas e os espaços internos, permitindo esclarecer as dúvidas que
venham a surgir durante a execução da obra. Nos cortes aparecem as alturas de portas e peitoris de
janelas, pé-direito dos vários cômodos, além de detalhes do telhado, que compõem a estrutura de
cobertura da nossa futura construção. Também podemos ver outros elementos, tais como: vergas,
vigas, lajes e fundações. O número de cortes deve ser no mínimo de dois, sendo um transversal e um
longitudinal.
Os cortes são indicados na planta baixa e, preferencialmente, devem ser traçados nos locais
da construção mais ricos em detalhes, geralmente sobre pisos frios (cozinha, banheiros, etc.).
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24. No traçado das linhas de cortes na planta baixa, deve ficar claro o sentido de visualização do
corte.
Obs.: Os cortes são feitos baseados na planta baixa, no qual o projetista deve ficar atento ao
local onde foi passado os planos de corte e o sentido de visualização.
3.4.1 Nomenclatura das peças de um telhado
Antes de iniciarmos o estudo de cortes, iremos definir alguns termos técnicos utilizados para
descrever as peças que compõem os telhados.
FIGURA 20. Tesoura de um telhado
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25. FIGURA 21. Tesoura de um telhado com peças complementares
TABELA 3. Dimensões comerciais de peças de um telhado
Para o traçado da inclinação de tesouras do telhado, sugerimos os seguintes valores:
TABELA 4. Inclinação de telhados
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26. As telhas de cimento amianto, muito utilizados em telhados de poucas águas, dispensam
caibros e ripas, sendo as terças espaçadas de acordo com os tamanhos das telhas que são fornecidas
em catálogos técnicos.
3.4.2 Principais recomendações no traçado de cortes
a) a escala a ser adotada será de 1:50 e em casos excepcionais de 1:100;
b) haverá, no mínimo, dois cortes, sendo um transversal e um longitudinal;
c) os cortes deverão ser feitos nos locais da construção mais ricos em detalhes;
d) iniciando o desenho de cortes, deverá ser traçado, primeiramente, o perfil do terreno e em
seguida, os detalhes do corte propriamente dito;
e) as lajes, geralmente, são desenhadas com espessura de 10 cm. As fundações corridas estarão
presentes sob as paredes da construção, com larguras variando de 25 a 40 cm para paredes de 1/2
tijolo e de 30 a 60 cm para paredes de 1 tijolo. As profundidades das fundações nos cortes não serão
estabelecidas, sendo indicadas com sinal de interrupção, pois
dependem de estudos preliminares de qualidade do solo;
f) espessuras de lajes, fundações e peças que compõem o telhado não deverão ser cotadas;
g) as portas e janelas, quando vistas de frente, deverão ser representadas apenas pelo seu contorno
externo, ou seja, nas dimensões cotadas na planta baixa;
h) deverão ser cotadas todas as dimensões verticais (por exemplo: altura de portas, vergas, janelas,
peitoris, pé-direito, etc.), adotando de preferência o cm como unidade;
i) as partes cortadas deverão ser destacadas com traço mais forte, ou seja, linha contínua larga
(grossa). As portas e janelas não cortados, tesouras de telhado (exceto as peças cortadas), cotas e
outros detalhes não cortados, deverão ser traçados com linha contínua estreita (fina);
j) a nomenclatura “Corte”, bem com a “Escala” utilizada deverão, ser indicadas no canto inferior
direito ou esquerdo do desenho;
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27. k) os telhados são vistos em ambos os cortes, transversais e longitudinais. O telhado é sustentado
pelas tesouras que são vistas de frente no corte transversal. Apoiadas nas tesouras são colocadas
peças no sentido longitudinal, destinados a sustentar caibros e ripas;
1) o espaçamento entre cunhas tesouras, que são vistas de perfil no corte longitudinal, não deve u os
3 metros de distância, quando forem usadas terças de madeira
rn) no corte longitudinal, para efeito de representação gráfica do telhado, considera-se o corte
passando na parte mais alta do telhado, ou seja, na cumieira.
3.5 FACHADAS
As fachadas tem com objetivo facilitar a visualização das várias faces externas da nossa
construção após a sua conclusão.
3.5.1 Principais recomendações no traçado de fachadas
a) a escala a ser adotada será de 1:50 e em casos excepcionais de 1:100;
b) haverá no mínimo uma fachada, sendo essa a principal. Entretanto, outras vistas da construção
poderão ser representadas para melhor compreensão do projeto final, sendo consideradas fachadas
secundárias;
c) a fachada não deverá ser cotada;
d) a nomenclatura “Fachada”, bem como a “Escala” utilizada, deverão ser indicadas no canto
inferior direito ou esquerdo do desenho.
3.6 DIAGRAMA DE COBERTURA
O diagrama de cobertura é um desenho realizado em escala pré-definida, com o objetivo de
mostrar a disposição dos vários planos de um telhado (tambem denominados de águas) e o sentido
de queda de águas pluviais. As linhas do diagrama de cobertura são traçadas com linhas visíveis
(contínua) e o contorno da construção, ou seja, as paredes que estão sob a cobertura, são traçadas em
linhas invisíveis (tracejada) formando o beiral.
3.6.1 Nomenclatura das linhas de cobertura
Na Figura 22, apresentamos um diagrama de cobertura em perspectiva, para mostrar o nome
das principais linhas que compõem a cobertura, inclusive com a indicação do sentido de queda das
águas pluviais através de setas.
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28. FIGURA 22. Nomenclatura das linhas que compõem o diagrama de cobertura
3.6.2 Processo de determinação das águas de um telhado usando espigões e rincões (bissetrizes)
Este processo é um método gráfico, no qual devemos seguir algumas recomendações básicas.
São elas:
a) no traçado das linhas do diagrama de cobertura, não devem existir calhas horizontais;
b) todos os planos (águas) deverão ter a mesma declividade;
c) no beiral, todos os planos deverão estar no mesmo nível.
Mas, antes de iniciarmos o traçado do diagrama de cobertura, algumas observações importantes
devem ser levadas em conta:
1) Dividimos o desenho em retângulos, sempre com predomin do retângulo de maior vão
transversal.
2) As concordâncias das linhas são traçadas a partir das bissetrizes dos ângulos dos espigões ou dos
rincões.
3) a cumieira sempre encontra com outra cumieira ou com um espigão/rincão, sendo que nesse
último caso, a cumieira muda de direção.
A seguir, segue a seqüência dos passos para o traçado de um diagrama de cobertura:
Passo 1) Projeção do beiral e divisão do diagrama em retângulos.
Passo 2) Desenho dos espigões com linhas a 450 (ângulo interno < 900).
Passo 3) Marcação dos rincões com linhas a 45° (ângulo interno > 90 ou = 270°).
Passo 4) Traçado da cumieira.
Passo 5) Indicação por setas (horizontal e vertical) do sentido de queda de águas pluviais.
Passo 6) Verificação e acabamento final dó desenho do diagrama de cobertura.
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31. Diagrama de cobertura - 1 água Diagrama de cobertura -2 águas
Diagrama de cobertura -3 águas Diagrama de cobertura -4 águas
Diagrama de cobertura -5 águas Diagrama de cobertura - 6 águas
FIGURA 25. Alguns exemplos de diagramas de cobertura (telhados abertos)
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32. FIGURA 26. Alguns exemplos de diagramas de cobertura (telhados fechados) 3.6.3
Principais recomendações no traçado de diagrama de cobertura
a) a escala mínima a ser adotada será de 1-200;
b) o diagrama de cobertura será sempre desenhado com a frente principal voltada para baixo;
c) os telhados poderão ter as águas pluviais caindo livremente, (telhados abertos) ou descendo
através de calhas e condutores (telhados fechados);
d) no diagrama de cobertura serão indicados:
d.1) contornos e divisões dos planos do telhado;
d.2) indicação por meio de setas, do sentido de queda das águas pluviais no telhado;
d.3) contorno externo das paredes da construção, através de Unha tracejada (Unha invisível);
d.4) elementos que possam aparecer quando os telhados são fechados;
d.5) a nomenclatura “Diagrama de Cobertura” e a “Escala” utilizada no desenho, deverão ser
indicados no canto inferior direito ou esquerdo do desenho;
d.6) o desenho não será cotado.
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39. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ABNT. Coletânea de normas de desenho técnico. São Paulo: SENAI-DTE DMD. 1990. 86p.
(Programa de Publicações Técnicas e Didáticas, Série Organização e Administração, 1).
SILVA, S. F. da. A linguagem do desenho técnico. Rio de Janeiro: LTC — Livros técnicos e
científicos editora S.A., 1984. 151p.
FRENCH, T. E. Desenho técnico. Tradução por Soveral Ferreira de Souza e Paulo de Barros Ferlini.
Porto Alegre: Editora Globo, 1967. 74Op. Tradução de: A manual of engineering drawing for
students and draftsmen.
MENICUCCI, E.;RODARTE, J. F.;SILVA, N. F. da Apostila de desenho técnico L Lavras:
ESALQ, 1988. 33p.
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