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Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010



Taxonomia de Bloom: revisão teórica e
apresentação das adequações do instrumento
para definição de objetivos instrucionais

Bloom’s taxonomy and its adequacy to define
instructional objective in order to obtain excellence in teaching

                                          Ana Paula do Carmo Marcheti Ferraz1
                                                 Renato Vairo Belhot2


     Resumo: Muitos são os instrumentos existentes para apoiar o planejamento didático-pedagógico, a estruturação, a
     organização, a definição de objetivos instrucionais e a escolha de instrumentos de avaliação. A Taxonomia de Bloom é
     um desses instrumentos cuja finalidade é auxiliar a identificação e a declaração dos objetivos ligados ao desenvolvimento
     cognitivo que, no contexto deste artigo, engloba a aquisição do conhecimento, competência e atitudes, visando facilitar
     o planejamento do processo de ensino e aprendizagem. Embora este seja um instrumento adequado para utilização
     no ensino superior, poucos educadores fazem uso dele por não conhecerem uma maneira adequada de utilizá-lo. Este
     artigo tem como objetivo apresentar a Taxonomia de Bloom e as modificações ocorridas nos últimos anos, assim como
     esclarecer a forma como ela pode ser utilizada dentro do contexto de ensino de engenharia.
     Palavras-chave: Ensino de engenharia. Taxonomia de Bloom. Objetivos instrucionais. Desenvolvimento cognitivo.
     Processo cognitivo.


     Abstract: Bloom’s taxonomy was created in order to support the classification of educational objectives and facilitate
     the process of teaching, learning and the cognitive development. Even though Bloom’s Taxonomy has proven to be a
     significant tool for the process of teaching, learning, and assessment, few educators use it adequately, mostly because
     its use is not as clear as it should be. This paper describes the Bloom’s Taxonomy including its updated version, and
     has the objective of clarifying some important points of how to Bloom’s Taxonomy can be used in engineering courses
     (teaching, learning, and assessment) to provide an adequate, planed, and controlled cognitive development.
     Keywords: Bloom’s taxonomy. Instructional objectives. Cognitive development. Cognitive process. Excellence in
     engineering teaching.


1	 Introdução
   Na educação, decidir e definir os objetivos de                   da disciplina, mas infelizmente alguns desses objetivos
aprendizagem significa estruturar, de forma consciente,             podem não ser bem definidos e outros podem ficar
o processo educacional de modo a oportunizar                        implícitos ao processo de aprendizagem e, muitas
mudanças de pensamentos, ações e condutas.                          vezes, (re)conhecidos apenas pelo educador.
   Essa estruturação é resultado de um processo de                     O educador pode ter expectativas e diretrizes
planejamento que está diretamente relacionado à                     para o processo de ensino que não são oficialmente
escolha do conteúdo, de procedimentos, de atividades,
                                                                    declaradas, mas que farão parte do processo de
de recursos disponíveis, de estratégias, de instrumentos
                                                                    avaliação da aprendizagem. É notório que é mais fácil
de avaliação e da metodologia a ser adotada por um
determinado período de tempo.                                       atingir objetivos quando estes estão bem definidos,
   Na delimitação dos objetivos, de acordo com                      entretanto fica mais difícil, para os discentes, atingirem
Vaughan (1980), é fundamental ter os objetivos                      o nível de desenvolvimento cognitivo, por não saberem
instrucionais cognitivos, atitudinais e de competências             exatamente o que deles é esperado durante e após o
bem definidos que deve ser feito previamente ao início              processo de ensino.


1	
     Escola de Engenharia de São Carlos – USP, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, Av. Trabalhador Sãocarlense, 400,
     CEP 13566-590, São Carlos – SP, Brasil, e-mail: apmarcheti@msn.com
2	
     Departamento de Engenharia de Produção, EESC, Universidade de São Carlos – USP, Av. Trabalhador Sãocarlense, 400,
     CEP 13566-590, São Carlos – SP, Brasil, e-mail: rvbelhot@eesc.usp.br
Recebido em 13/7/2006 — Aceito em 19/1/2010
                      ­
Suporte financeiro: CAPES e Universidade Simon Frasier, Canadá.
422   Ferraz & Belhot                                               Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010


   Muitos dos objetivos implícitos estão relacionados          Segundo Bloom et al., vários pesquisadores
a aspectos cognitivos de alta abstração, em outras          utilizaram-se dessa terminologia conceitual baseada
palavras, os educadores almejam que seus alunos             em classificações estruturadas e orientadas para definir
atinjam um nível de maturidade de conhecimento              algumas teorias instrucionais. Duas das inúmeras
muitas vezes incompatível com os objetivos declarados       vantagens de se utilizar a taxonomia no contexto
e com os procedimentos, estratégias e conteúdos             educacional são:
utilizados e ministrados.                                     •	 Oferecer a base para o desenvolvimento de
   Alguns educadores esquecem que é mais fácil                    instrumentos de avaliação e utilização de
e adequado atingir altos graus de abstração de um                 estratégias diferenciadas para facilitar, avaliar e
conteúdo a partir do estímulo do desenvolvimento
                                                                  estimular o desempenho dos alunos em diferentes
cognitivo linear, ou seja, a partir de conceitos mais
                                                                  níveis de aquisição de conhecimento; e
simples para os mais elaborados (estratégia indutiva)
e/ou do concreto/real para o abstrato.                        •	 Estimular os educadores a auxiliarem seus
   Especificamente no ensino de engenharia, constan­              discentes, de forma estruturada e consciente, a
temente é solicitado aos discentes alto grau de abstração         adquirirem competências específicas a partir da
na realização de algumas atividades acadêmicas que                percepção da necessidade de dominar habilidades
simulam a realidade, e pode-se perceber que uma                   mais simples (fatos) para, posteriormente,
proporção muito pequena de alunos consegue realizar               dominar as mais complexas (conceitos).
essas atividades de forma satisfatória. Desenvolver            A Associação Norte Americana de Psicologia
essa capacidade de abstração e utilização de um             (American Psycological Association), baseada no
conhecimento específico de forma multidisciplinar           princípio e na importância de se utilizar o conceito de
é um processo que dever ser bem planejado, definido         classificação como forma de se estruturar e organizar
e organizadamente estimulado durante o período de           um processo, solicitou a alguns de seus membros,
formação (graduação), levando-se em consideração            em 1948, que montassem uma “força tarefa” para
os estilos de aprendizagem (BELHOT; FREITAS;                discutir, definir e criar uma taxonomia dos objetivos
VASCONCELLOS, 2006).                                        de processos educacionais (LOMENA, 2006).
   Embora essa atividade de definição de conteúdo do
                                                               Bloom et al. (1956) assumiu a liderança desse
curso/disciplina seja realizada periodicamente, alguns
                                                            projeto e, junto com seus colaboradores – M.D.
educadores ainda a fazem de modo inconsciente e se
                                                            Englehart, E. J. Furst, W. H. Hill e D. Krathwohl –,
sentem despreparados quando solicitados a realizar
                                                            definiu que o primeiro passo em direção à execução
essa tarefa de modo diferente do habitual. É nesse
                                                            da responsabilidade a eles atribuída seria a divisão
contexto que o uso de instrumentos que facilitem
                                                            do trabalho de acordo com o domínio específico de
essa atividade é fundamental.
                                                            desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor.
   A definição clara e estruturada dos objetivos
                                                            Embora todos tenham colaborado significativamente
instrucionais, considerando a aquisição de conheci­
                                                            no desenvolvimento dessa taxonomia, ela é conhecida
mento e de competências adequados ao perfil
                                                            como “Taxonomia de Bloom”.
profissional a ser formado direcionará o processo
                                                               Segundo Lomena (2006), Guskey (2001),
de ensino para a escolha adequada de estratégias,
                                                            Bloom et al. (1956), Bloom (1972), School of
métodos, delimitação do conteúdo específico,
                                                            Education (2005) e Clark (2006), as características
instrumentos de avaliação e, consequentemente,
                                                            básicas de cada um desses domínios podem ser
para uma aprendizagem efetiva e duradoura.
                                                            resumidas em:
   Neste contexto, um dos instrumentos existentes
que pode vir a facilitar esse processo nos cursos             •	 Cognitivo: relacionado ao aprender, dominar um
superiores é a taxonomia proposta por Bloom et al.                conhecimento. Envolve a aquisição de um novo
(1956), que tem, explicitamente, como objetivo                    conhecimento, do desenvolvimento intelectual, de
ajudar no planejamento, organização e controle dos                habilidade e de atitudes. Inclui reconhecimento
objetivos de aprendizagem.                                        de fatos específicos, procedimentos padrões e
                                                                  conceitos que estimulam o desenvolvimento
2	 Taxonomia dos objetivos do                                     intelectual constantemente. Nesse domínio, os
   processo aprendizagem                                          objetivos foram agrupados em seis categorias e
                                                                  são apresentados numa hierarquia de comple­
   Taxonomia é um termo bastante usado em diferentes
áreas e, segundo a Wikipédia (2006), é a ciência de               xidade e dependência (categorias), do mais
classificação, denominação e organização de um                    simples ao mais complexo. Para ascender a
sistema pré-determinado e que tem como resultante                 uma nova categoria, é preciso ter obtido um
um framework conceitual para discussões, análises                 desempenho adequado na anterior, pois cada
e/ou recuperação de informação.                                   uma utiliza capacidades adquiridas nos níveis
Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações...                                           423


     anteriores. As categorias desse domínio são:          nível de profundidade e abstração do conhecimento
     Conhecimento; Compreensão; Aplicação;                 adquirido (BLOOM; HASTIN; MADAUS, 1971).
     Análise; Síntese; e Avaliação;                           Essa diferença poderia ser caracterizada pelas
  •	 Afetivo: relacionado a sentimentos e posturas.        estratégias utilizadas (que levariam ao estudo de
     Envolve categorias ligadas ao desenvolvimento         estilos de ensino e aprendizagem) e pela organização
                                                           dos processos de aprendizagem para estimular o
     da área emocional e afetiva, que incluem
                                                           desenvolvimento cognitivo. Naquele momento,
     comportamento, atitude, responsabilidade,
                                                           o desenvolvimento cognitivo e sua relação com a
     respeito, emoção e valores. Para ascender a           definição do objetivo do processo de aprendizagem
     uma nova categoria é preciso ter obtido um            foram a direção tomada para a definição da
     desempenho adequado na anterior, pois cada            taxonomia.
     uma utiliza capacidades adquiridas nos níveis            Segundo Conklin (2005), a Taxonomia de Bloom
     anteriores para serem aprimoradas. As categorias      e sua classificação hierárquica dos objetivos de
     desse domínio são: Receptividade; Resposta;           aprendizagem têm sido uma das maiores contribuições
     Valorização; Organização; e Caracterização; e         acadêmicas para educadores que, conscientemente,
  •	 Psicomotor: relacionado a habilidades físicas         procuram meios de estimular, nos seus discentes,
     específicas. Bloom e sua equipe não chegaram a        raciocínio e abstrações de alto nível (higher order
     definir uma taxonomia para a área psicomotora,        thinking), sem distanciar-se dos objetivos instrucionais
     mas outros o fizeram e chegaram a seis categorias     previamente propostos.
                                                              Segundo Mager (1984), um objetivo instrucional
     que incluem ideias ligadas a reflexos, percepção,
                                                           é uma descrição clara sobre o desempenho e a
     habilidades físicas, movimentos aperfeiçoados
                                                           competência que os educadores gostariam que seus
     e comunicação não verbal. Para ascender               educandos demonstrassem antes de serem considerados
     a uma nova categoria, é preciso ter obtido            conhecedores de determinados assuntos. Esse objetivo
     um desempenho adequado na anterior, pois              está ligado a um resultado intencional diretamente
     cada uma utiliza capacidades adquiridas nos           relacionado ao conteúdo e à forma como ele deverá
     níveis anteriores. As categorias desse domínio        ser aplicado.
     são: Imitação; Manipulação; Articulação; e               Um dos motivos pelo qual a taxonomia proposta
     Naturalização.                                        por Bloom et al. tornou-se tão importante e trouxe
                                                           significativas contribuições à área acadêmica foi o fato
   Embora todos os três domínios (cognitivo,
                                                           de que antes dos anos 50 um dos grandes problemas
afetivo e psicomotor) tenham sido amplamente
                                                           na literatura educacional era a falta de consenso
discutidos e divulgados, em momentos diferentes e
                                                           com relação a determinadas palavras usualmente
por pesquisadores diferentes, o domínio cognitivo
                                                           relacionadas à definição dos objetivos instrucionais
é o mais conhecido e utilizado. Muitos educadores
                                                           como, por exemplo, o verbo conhecer era utilizado
se apoiam nos pressupostos teóricos desse domínio
                                                           com o sentido de ter consciência, saber da existência
para definirem, em seus planejamentos educacionais,
                                                           ou para expressar domínio de um determinado assunto
objetivos, estratégias e sistemas de avaliação.
                                                           (CONKLIN, 2005).
                                                              A taxonomia trouxe a possibilidade de padronização
2.1	 Taxonomia dos objetivos cognitivos                    da linguagem no meio acadêmico e, com isso, também
   Segundo Bloom (1944, 1972), muitas pessoas              novas discussões ao redor dos assuntos relacionados
reconhecem que a capacidade humana de aprendiza­ em
                                                g          à definição de objetivos instrucionais. Neste contexto,
difere de uma pessoa para outra e, por um grande           instrumentos de aprendizagem puderam ser trabalhados
período, acreditou-se que a razão pela qual uma            de forma mais integrada e estruturada, inclusive
porcentagem de discentes obtinha desempenho                considerando os avanços tecnológicos que podiam
melhor do que outros estava relacionada às situações       prover novas e diferentes ferramentas para facilitar
e variáveis existentes fora do ambiente educacional        o processo de ensino e aprendizagem.
e que, nas mesmas condições de aprendizagem,                  Segundo Guskey (2001), poucos indivíduos na
todos aprenderiam com a mesma competência e                história da educação tiveram grande impacto nas
profundidade o conteúdo.                                   políticas e práticas educacionais como Benjamim
   Entretanto, Bloom e sua equipe ao direcionar seus       S. Bloom que, durante sua carreira, desenvolveu
estudos, fizeram uma descoberta que viria a ser de         inúmeros projetos, programas e poderosas perspectivas
grande notoriedade no meio educacional: nas mesmas         para os educadores em como facilitar o aprendizado
condições de ensino (desconsiderando as variáveis          e definir objetivos cognitivos.
externas ao ambiente educacional) todos os alunos             A Taxonomia de Bloom do Domínio Cognitivo é
aprendiam, mas se diferenciavam em relação ao              estruturada em níveis de complexidade crescente – do
424   Ferraz & Belhot                                            Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010


mais simples ao mais complexo – e isso significa que,    3	 Alterações da Taxonomia de Bloom
para adquirir uma nova habilidade pertencente ao
                                                             Krathwohl (2002), Bloom et al. (1956) viram
próximo nível, o aluno deve ter dominado e adquirido
                                                         a teoria de taxonomia como uma ferramenta que,
a habilidade do nível anterior.                          dentro outros pontos:
   Só após conhecer um determinado assunto alguém
                                                            •	 Padronizaria a linguagem sobre os objetivos
poderá compreendê-lo e aplicá-lo. Nesse sentido, a
                                                               de aprendizagem para facilitar a comunicação
taxonomia proposta não é apenas um esquema para
                                                               entre pessoas (docente, coordenadores etc.),
classificação, mas uma possibilidade de organização
hierárquica dos processos cognitivos de acordo com             conteúdos, competências e grau de instrução
níveis de complexidade e objetivos do desenvolvimento          desejado;
cognitivo desejado e planejado.                             •	 Serviria como base para que determinados cursos
   Os processos categorizados pela Taxonomia dos               definissem, de forma clara e particular, objetivos e
Objetivos Cognitivos de Bloom, além de repre­                  currículos baseados nas necessidades e diretrizes
sentarem resultados de aprendizagem esperados,                 contextual, regional, federal e individual (perfil
são cumulativos, o que caracteriza uma relação de              do discente/curso);
dependência entre os níveis e são organizados em            •	 Determinaria a congruência dos objetivos educa­
termos de complexidades dos processos mentais                  cionais, atividade e avaliação de uma unidade,
como mostra a Figura 1.                                        curso ou currículo; e
   Embora a Figura 1 represente a estrutura mais            •	 Definiria um panorama para outras oportunidades
conhecida da Taxonomia de Bloom (6 categorias),                educacionais (currículos, objetivos e cursos),
ela, na verdade, é um pouco mais complexa, pois é              quando comparado às existentes antes dela ter
dividida em subcategorias com o objetivo de melhor
                                                               sido escrita.
direcionar a definição dos objetivos instrucionais
assim como de esclarecer os limites entre eles.              Todos os pontos citados são contribuições da
Relacionados às categorias, estão os verbos que          taxonomia original e que, em alguns momentos,
                                                         justifica a sua popularidade, entretanto a taxonomia
procuram dar suporte ao planejamento acadêmico
                                                         original tem sido utilizada para a classificação de
(objetivo, estratégia e avaliação) relacionado a cada
                                                         objetivos curriculares e para descrever o resultado
uma delas, como mostra o Quadro 1.
                                                         de aprendizagem em termos de conteúdo e discussão
   Muitos foram os trabalhos originados a partir
                                                         do que deve ser realizado com o conteúdo assimilado
da primeira divulgação da Taxonomia de Bloom
                                                         (Driscoll, 2000).
no Domínio Cognitivo, entretanto, com as novas               O que interessava para Bloom et al. (1956), era
publicações e com tecnologias incorporadas ao            proporcionar uma ferramenta prática e útil que
sistema educacional, foi observada a necessidade         fosse coerente com as características dos processos
de reavaliação e releitura dos pressupostos teóricos     mentais superiores (nível de conhecimento e abstração
que sustentaram a pesquisa original para avaliação       complexa) do modo como eram consideradas e
da necessidade de adaptações.                            conhecidas.
   No ano de 2001, um novo grupo, formado como               Quarenta anos depois de ter sido divulgada, Lori
o primeiro (a partir de um convite da Associação de      Anderson publicou, em 1999, um significativo trabalho
Psicologia Americana), divulgou o trabalho realizado     de retrospectiva da utilização da taxonomia e, no
de revisão e atualização da Taxonomia de Bloom           mesmo ano, um grupo de especialistas se encontrou em
apresentada em 1956.                                     Syracuse, Nova Iorque, para discutir a possibilidade
                                                         de rever os pressupostos teóricos da Taxonomia de
                                                         Bloom uma vez que novos conceitos, recursos e
                                                         teorias foram incorporados ao campo educacional,
                                                         avanços psico-pedagógicos e tecnológicos ocorreram,
 6. Avaliação
                                                         e diversas experiências de sucesso no uso efetivo da
      5. Síntese                                         taxonomia foram publicadas.
          4. Análise                                         Esse grupo de especialistas (psicólogos, educadores,
                3. Aplicação                             especialistas em currículos, testes, avaliação etc.) foi
                       2. Compreensão                    supervisionado por David Krathwohl, que participou do
                           1. Conhecimento               desenvolvimento da Taxonomia original no ano de 1956,
                                                         e, no ano de 2001, o relatório da revisão foi publicado
Figura 1. Categorias do domínio cognitivo proposto por   num livro intitulado A taxonomy for learning, teaching
Bloom, Englehart, Furst, Hill e Krathwolh, que ficou     and assessing: a revision of Bloom’s taxonomy for
conhecido como Taxonomia de Bloom.                       educational objectives (ANDERSON et al., 2001).
Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações...                                           425


    Esse grupo tentou buscar o equilíbrio entre o que      especificidades e generalidades de métodos, proce­
existia, a estruturação da taxonomia original e os         dimentos, padrões e instruções; e b) habilidade de
novos desenvolvimentos incorporados à educação             achar, no problema proposto, sinais, dicas, pequenas
nos quarenta e poucos anos de existência.                  informações que efetivamente tragam à consciência o
    Segundo Krathwohl (2002), geralmente os                aprendizado prévio adquirido, ou seja, conhecimento
objetivos declaram o que é esperado que os discentes       é o que é lembrado. Essas duas definições, por si só, já
aprendam e esquecem de explicitar, de forma                correspondem respectivamente à diferença significativa
coerente, o que eles deverão ser capazes de realizar       entre processo e produto (ANDERSON, 1999).
com aquele conhecimento. Os objetivos são descritos           Essa observação levou a nova equipe a dividir
utilizando verbos de ação e substantivos que procuram      o conhecimento em dois tipos: (1) conhecimento
descrever os processos cognitivos desejados, por           como processo e (2) conhecimento como conteúdo
exemplo: ao final dessa unidade os alunos deverão          assimilado.
lembrar (verbo) as três leis de Newton (substantivo/          Como na taxonomia original, a categoria conhe­
conteúdo), mas não esclarecem como será verificado         cimento está diretamente relacionada ao conteúdo e
se realmente lembraram e aplicaram esse novo               essa dimensão passou a conter quatro, ao invés das
conhecimento.                                              três, subcategorias como mostrado no Quadro 2.
    A partir dessa discussão (verbo-substantivo)              Três delas (efetivo, conceitual e procedural) estão
e da observação da prática educacional de como             relacionadas à subdivisão da categoria inicial, mas
educadores definem seus objetivos gerais e específicos     foram reorganizadas para usar uma terminologia
de disciplinas/cursos, Krathwohl et al. – começaram        mais clara e na qual fosse possível reconhecer as
a perceber que mudanças na taxonomia original              diferenças psicocognitivas que seriam desenvolvidas
seriam necessárias e o primeiro ponto analisado estava     e a quarta e nova subcategoria está relacionada ao
relacionado à questão do verbo e sua associação direta     conceito de metacognição.
com o objetivo cognitivo, avaliação do objetivo e             De acordo com Anderson et al. (2001), metacognição
desenvolvimento de competências.                           envolve o conhecimento cognitivo real assim como
    Ao analisar a relação direta entre verbo e             a consciência da aprendizagem individual. Essa
substantivo os pesquisadores chegaram à conclusão          subcategoria tem se tornado cada vez mais importante
de que verbos e substantivos deveriam pertencer            na área educacional uma vez que a possibilidade
a dimensões separadas na qual os substantivos              de autoaprendizagem e o controle do aprendizado
formariam a base para a dimensão conhecimento              relacionado à autonomia de aprender deve ser um
(o que) e verbo para a dimensão relacionada aos            processo cada vez mais consciente e passível de
aspectos cognitivos (como).                                medição. Isso é possibilitado pela utilização da
    Essa separação de substantivos e verbos, conhe­        tecnologia da comunicação na educação, a criação de
cimento e aspectos cognitivos, deu um caráter              novas oportunidades educacionais e a popularização
bidimensional à taxonomia original e direcionou            da modalidade a distância.
todo o trabalho de revisão. Cada uma das partes
da estrutura bidimensional foi nominada como
Dimensão Conhecimento e Dimensão dos Processos             3.2	 Dimensão processo cognitivo
Cognitivos (Figura 2).                                        Segundo Anderson (1999) e Bloom et al. (1956),
                                                           a taxonomia original foi concebida de maneira
3.1	 Dimensão conhecimento                                 hierárquica e unidimensional e relacionava a aquisição
                                                           de conhecimento com a mudança de comportamento
   A primeira fase da revisão veio com a observação
                                                           observável relacionada ao objetivo previamente
detalhada sobre a categoria e as subcategorias do
                                                           proposto e essas mudanças podem ser medidas em
conhecimento.
                                                           termos de atos e pensamentos. Essa análise detalhada
   De acordo com a taxonomia original, de 1956,
                                                           incentivou a alteração da terminologia domínio
conhecimento envolve: a) habilidade de lembrar
                                                           cognitivo para domínio do processo cognitivo que,
                                                           de acordo com os pesquisadores, é mais clara e
                                                           diretamente relacionada ao que acontece no contexto
                         Verbos
                         (dimensão: processos
                                                           educacional.
                         cognitivos - como)                   Processo cognitivo pode ser entendido como o meio
                                                           pelo qual o conhecimento é adquirido ou construído
Substantivos                                               e usado para resolver problemas diários e eventuais
(dimensão:
conhecimento - o que)
                                                           (ANDERSON et al., 2001).
                                                              Na taxonomia original, embora as seis categorias
Figura 2. Caráter bidimensional da “nova” Taxonomia de     fizessem parte do domínio cognitivo, apenas cinco
Bloom.                                                     delas (compreensão, aplicação, análise, síntese e
426    Ferraz & Belhot                                                        Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010


Quadro 1. Estruturação da Taxonomia de Bloom no domínio cognitivo.
      Categoria                                                        Descrição
1. Conhecimento Definição: Habilidade de lembrar informações e conteúdos previamente abordados como fatos, datas,
                palavras, teorias, métodos, classificações, lugares, regras, critérios, procedimentos etc. A habilidade
                pode envolver lembrar uma significativa quantidade de informação ou fatos específicos. O objetivo
                principal desta categoria nível é trazer à consciência esses conhecimentos.
                    Subcategorias: 1.1 Conhecimento específico: Conhecimento de terminologia; Conhecimento de
                    tendências e sequências; 1.2 Conhecimento de formas e significados relacionados às especificidades
                    do conteúdo: Conhecimento de convenção; Conhecimento de tendência e sequência; Conhecimento
                    de classificação e categoria; Conhecimento de critério; Conhecimento de metodologia; e 1.3
                    Conhecimento universal e abstração relacionado a um determinado campo de conhecimento:
                    Conhecimento de princípios e generalizações; Conhecimento de teorias e estruturas.
                    Verbos: enumerar, definir, descrever, identificar, denominar, listar, nomear, combinar, realçar, apontar,
                    relembrar, recordar, relacionar, reproduzir, solucionar, declarar, distinguir, rotular, memorizar, ordenar
                    e reconhecer.
2. Compreensão      Definição: Habilidade de compreender e dar significado ao conteúdo. Essa habilidade pode ser
                    demonstrada por meio da tradução do conteúdo compreendido para uma nova forma (oral, escrita,
                    diagramas etc.) ou contexto. Nessa categoria, encontra-se a capacidade de entender a informação ou
                    fato, de captar seu significado e de utilizá-la em contextos diferentes.
                    Subcategorias: 2.1 Translação; 2.2 Interpretação e 2.3 Extrapolação.
                    Verbos: alterar, construir, converter, decodificar, defender, definir, descrever, distinguir, discriminar,
                    estimar, explicar, generalizar, dar exemplos, ilustrar, inferir, reformular, prever, reescrever, resolver,
                    resumir, classificar, discutir, identificar, interpretar, reconhecer, redefinir, selecionar, situar e traduzir.
3. Aplicação        Definição: Habilidade de usar informações, métodos e conteúdos aprendidos em novas situações
                    concretas. Isso pode incluir aplicações de regras, métodos, modelos, conceitos, princípios, leis e teorias.
                    Verbos: aplicar, alterar, programar, demonstrar, desenvolver, descobrir, dramatizar, empregar, ilustrar,
                    interpretar, manipular, modificar, operacionalizar, organizar, prever, preparar, produzir, relatar, resolver,
                    transferir, usar, construir, esboçar, escolher, escrever, operar e praticar.
4. Análise          Definição: Habilidade de subdividir o conteúdo em partes menores com a finalidade de entender a
                    estrutura final. Essa habilidade pode incluir a identificação das partes, análise de relacionamento entre
                    as partes e reconhecimento dos princípios organizacionais envolvidos. Identificar partes e suas inter-
                    relações. Nesse ponto é necessário não apenas ter compreendido o conteúdo, mas também a estrutura
                    do objeto de estudo.
                    Subcategorias: Análise de elementos; Análise de relacionamentos; e Análise de princípios
                    organizacionais.
4. Análise          Verbos: analisar, reduzir, classificar, comparar, contrastar, determinar, deduzir, diagramar, distinguir,
                    diferenciar, identificar, ilustrar, apontar, inferir, relacionar, selecionar, separar, subdividir, calcular,
                    discriminar, examinar, experimentar, testar, esquematizar e questionar.
5. Síntese          Definição: Habilidade de agregar e juntar partes com a finalidade de criar um novo todo. Essa
                    habilidade envolve a produção de uma comunicação única (tema ou discurso), um plano de operações
                    (propostas de pesquisas) ou um conjunto de relações abstratas (esquema para classificar informações).
                    Combinar partes não organizadas para formar um “todo”.
                    Subcategorias: 5.1 Produção de uma comunicação original; 5.2 Produção de um plano ou propostas de
                    um conjunto de operações; e 5.3 Derivação de um conjunto de relacionamentos abstratos.
                    Verbos: categorizar, combinar, compilar, compor, conceber, construir, criar, desenhar, elaborar,
                    estabelecer, explicar, formular, generalizar, inventar, modificar, organizar, originar, planejar, propor,
                    reorganizar, relacionar, revisar, reescrever, resumir, sistematizar, escrever, desenvolver, estruturar,
                    montar e projetar.
6. Avaliação        Definição: Habilidade de julgar o valor do material (proposta, pesquisa, projeto) para um propósito
                    específico. O julgamento é baseado em critérios bem definidos que podem ser externos (relevância)
                    ou internos (organização) e podem ser fornecidos ou conjuntamente identificados. Julgar o valor do
                    conhecimento.
                    Subcategorias: 6.1 Avaliação em termos de evidências internas; e 6.2 Julgamento em termos de
                    critérios externos.
                   Verbos: Avaliar, averiguar, escolher, comparar, concluir, contrastar, criticar, decidir, defender,
                   discriminar, explicar, interpretar, justificar, relatar, resolver, resumir, apoiar, validar, escrever um review
                   sobre, detectar, estimar, julgar e selecionar.
Fonte: Bloom et al. (1956), Bloom (1986), Driscoll (2000) e Krathwohl (2002).
Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações...                                              427


avaliação) estavam diretamente relacionadas a ele,             •	 Os estilos de aprendizagem possibilitam aos
pois a categoria conhecimento, desde sua idealização,             discentes aprenderem melhor num estágio mais
estava relacionada ao conteúdo instrucional.                      elevado e depois serem capazes de entender os
   Na atual Taxonomia de Bloom, a base das                        anteriores; e
categorias foi mantida, continuam existindo seis               •	 O conceito de metacognição abre espaço para que
categorias, o nome da taxonomia continua sendo
                                                                  alunos transitem livremente pelas subcategorias
o mesmo (eventualmente pode aparecer com a
                                                                  com o objetivo de melhorar seu autoaprendizado
expressão “revisada” adicionada a ele), entretanto,
ao separar, conceitualmente, o conhecimento do                    (Krathwohl, 2002).
processo cognitivo, ocorreram as seguintes mudanças
(KRATHWOHL, 2002):                                           4	 Tabela bidimensional da
   •	 Os aspectos verbais utilizados na categoria               Taxonomia de Bloom
      Conhe­ imento foram mantidos, mas esta foi
             c                                                  Na nova estrutura proposta na Taxonomia de Bloom
      renomeada para Lembrar; Compreensão foi                “revisada”, a dimensão conhecimento (conteúdo)
      renomeada para Entender; e Aplicação, Análise,         e de processos cognitivos foi mais claramente
      Síntese e Avaliação, foram alteradas para a forma      diferenciada, e isso originou um novo modelo
      verbal Aplicar, Analisar, Sintetizar e Criar, por      de utilização que tem como estrutura uma tabela
      expressarem melhor a ação pretendida e serem           bidimensional denominada de Tabela Bidimensional
                                                             da Taxonomia de Bloom (ANDERSON et al.,
      condizentes com o que se espera de resultado
                                                             2001).
      a determinado estímulo de instrução;
                                                                Essa tabela deve ser utilizada com o intuito de
   •	 As categorias avaliação e síntese (avaliar e criar)    melhor estruturar os objetivos educacionais, ao
      foram trocadas de lugar; e                             mesmo tempo em que auxilia os educadores na melhor
   •	 	Os nomes das subcategorias existentes foram           elaboração do planejamento e na escolha adequada
      alterados para verbos no gerúndio (Quadro 3).          de estratégias e tecnologias educacionais.
    Na Figura 3, encontra-se a categorização atual da           Ao estruturar a tabela, os pesquisadores diferen­
Taxonomia de Bloom.                                          ciaram, para cada categoria, o que estaria relacionado
    Segundo Krathwohl (2002) e Anderson (1999),              à aquisição do conhecimento, desenvolvimento de
na revisão da taxonomia publicada em 1956, a                 habilidade e competência.
maior ênfase foi dada à discussão da análise e                  Na tabela bidimensional, a dimensão conhecimento
interpretação das subcategorias com a intenção de            pertence à coluna vertical e o processo cognitivo
suprir a necessidade de estimular um desenvolvimento         à coluna horizontal. Nas células, formadas pela
cognitivo amplo, duradouro e profundo.                       intersecção das dimensões, são inseridos os objetivos.
    Embora a nova taxonomia mantenha o design                Um mesmo objetivo pode ser inserido em mais de
hierárquico da original, ela é flexível, pois possibilitou   uma célula e não é necessário o preenchimento de
considerar a possibilidade de interpolação das               todas as células consecutivas, como mostra a situação
categorias do processo cognitivo quando necessário,          hipotética representada no Quadro 4.
devido ao fato de que determinados conteúdos                    Entretanto, um dos desafios para se utilizar o
podem ser mais fáceis de serem assimilados a partir          novo modelo é a dificuldade que alguns educadores
do estímulo pertencente a uma mais complexa. Por             encontram na utilização adequada da tabela proposta.
exemplo, pode ser mais fácil entender um assunto             Os verbos de ação da taxonomia original podem
após aplicá-lo e só então ser capaz de explicá-lo.           ser perfeitamente inseridos nas correspondentes
    A interpolação das categorias não é total,               categorias; entretanto para a descrição do como
especificamente no domínio conhecimento, a
ordem deve ser respeitada, pois se considera que
não há como estimular ou avaliar o conhecimento
metacognitivo sem anteriormente ter adquirido                  6. Criar
todos os anteriores.                                              5. Síntetizar
    O princípio da progressão da complexidade foi                      4. Analisar
mantido: do simples para o complexo; do concreto
                                                                             3. Aplicar
para o abstrato; mas, novamente, foi atribuída mais
                                                                                     2. Entender
flexibilidade ao conceito cumulativo e dependente
de cada categoria, pois:                                                                  1. Lembrar

  •	 Sabe-se que diferentes disciplinas requerem             Figura 3. Categorização atual da Taxonomia de Bloom pro­
     processos cognitivos diferenciados;                     posta por Anderson, Krathwohl e Airasian, no ano de 2001.
428   Ferraz & Belhot                                                 Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010


Quadro 2. Mudanças na subcategoria conhecimento no domínio cognitivo da taxonomia de Bloom.
            Taxonomia original                                         Taxonomia revisada
Categoria: 1.0     Conhecimento               1.1 Conhecimento Efetivo: relacionado ao conteúdo básico que
Conhecimento       específico                 o discente deve dominar a fim de que consiga realizar e resolver
                                              problemas apoiados nesse conhecimento. Relacionado aos fatos que
                   Conhecimento de
                                              não precisam ser entendidos ou combinados, apenas reproduzidos
                   formas e significado
                                              como apresentados.
                   relacionados às
                   especificidades do         Conhecimento da Terminologia; e Conhecimento de detalhes e
                   conteúdo                   elementos específicos.

                   Conhecimento universal     1.2 Conhecimento Conceitual: relacionado à inter-relação dos
                   e abstração relacionados   elementos básicos num contexto mais elaborado que os discentes
                   a um determinado           seriam capazes de descobrir. Elementos mais simples foram abordados
                   campo de conhecimento      e agora precisam ser conectados. Esquemas, estruturas e modelos
                                              foram organizados e explicados. Nessa fase, não é a aplicação de um
                                              modelo que é importante, mas a consciência de sua existência.
                                              Conhecimento de classificação e categorização; Conhecimento de
                                              princípios e generalizações; e Conhecimento de teorias, modelos e
                                              estruturas.
                                              1.3 Conhecimento Procedural: relacionado ao conhecimento de “como
                                              realizar alguma coisa” utilizando métodos, critérios, algoritmos e
                                              técnicas. Nesse momento, o conhecimento abstrato começa a ser
                                              estimulado, mas dentro de um contexto único e não interdisciplinar.
                                              Conhecimento de conteúdos específicos, habilidades e algoritmos;
                                              Conhecimento de técnicas específicas e métodos; e Conhecimento
                                              de critérios e percepção de como e quando usar um procedimento
                                              específico.
                                              1.4 Conhecimento Metacognitivo: relacionado ao reconhecimento da
                                              cognição em geral e da consciência da amplitude e profundidade de
                                              conhecimento adquirido de um determinado conteúdo. Em contraste
                                              com o conhecimento procedural, esse conhecimento é relacionado
                                              à interdisciplinaridade. A ideia principal é utilizar conhecimentos
                                              previamente assimilados (interdisciplinares) para resolução de
                                              problemas e/ou a escolha do melhor método, teoria ou estrutura.
                                              Conhecimento estratégico; Conhecimento sobre atividades cognitivas
                                              incluindo contextos preferenciais e situações de aprendizagem (estilos);
                                              e Autoconhecimento.
Fonte: Driscoll (2000) e Krathwohl (2002).



será alcançado esse objetivo, e, para a escolha das          4.1	 Objetivos do módulo
estratégias e tecnologias educacionais, deve-se                   Previsão de Venda
pensar no gerúndio do verbo.
                                                                Ao final da unidade de Previsão de Vendas, os
    Assim, pensando os objetivos em termos de
                                                             discentes deverão ser capazes de:
verbos, substantivos e gerúndios, é possível escolher
                                                               • 	 Lembrar as três hipóteses de previsão e listar
estratégias, conteúdos e instrumentos de avaliação
                                                                   os padrões típicos de comportamento de dados
eficazes e efetivos. A montagem da tabela deve
                                                                   históricos, reproduzindo-os na realização de
iniciar-se a partir da definição dos objetivos específicos
da disciplina, curso ou conteúdo.                                  exercícios teóricos, envolvendo os nomes
    Suponha uma disciplina hipotética denominada                   das técnicas de previsão mais utilizadas em
Planejamento e Controle da Produção dentro da qual                 processos estacionários, com tendência e com
é tratado o tópico Previsão de Vendas, que é o ponto               sazonalidade;
de partida para a gestão da produção.                          • 	 Entender as diferenças entre as técnicas
    Essa disciplina normalmente aborda outros tópicos              existentes, comparando cada uma com as
e deverá ser dividida em módulos semanais, e os                    diferentes hipóteses e padrão de dados;
discentes deverão entender os conceitos, as técnicas e         •	 Escolher e aplicar, de forma consciente, uma
avaliar resultados de previsões de venda, portanto:                das técnicas, implementando um programa
Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações...                                              429


Quadro 3. Estrutura do processo cognitivo na taxonomia de Bloom – revisada.
 1. Lembrar: Relacionado a reconhecer e reproduzir ideias e conteúdos. Reconhecer requer distinguir e selecionar
 uma determinada informação e reproduzir ou recordar está mais relacionado à busca por uma informação
 relevante memorizada. Representado pelos seguintes verbos no gerúndio: Reconhecendo e Reproduzindo.
 2. Entender: Relacionado a estabelecer uma conexão entre o novo e o conhecimento previamente adquirido. A
 informação é entendida quando o aprendiz consegue reproduzi-la com suas “próprias palavras”. Representado
 pelos seguintes verbos no gerúndio: Interpretando, Exemplificando, Classificando, Resumindo, Inferindo,
 Comparando e Explicando.
 3. Aplicar: Relacionado a executar ou usar um procedimento numa situação específica e pode também abordar
 a aplicação de um conhecimento numa situação nova. Representado pelos seguintes verbos no gerúndio:
 Executando e Implementando.
 4. Analisar: Relacionado a dividir a informação em partes relevantes e irrelevantes, importantes e menos
 importantes e entender a inter-relação existente entre as partes. Representado pelos seguintes verbos no gerúndio:
 Diferenciando, Organizando, Atribuindo e Concluindo.
 5. Avaliar: Relacionado a realizar julgamentos baseados em critérios e padrões qualitativos e quantitativos ou de
 eficiência e eficácia. Representado pelos seguintes verbos no gerúndio: Checando e Criticando.
 6. Criar: Significa colocar elementos junto com o objetivo de criar uma nova visão, uma nova solução, estrutura
 ou modelo utilizando conhecimentos e habilidades previamente adquiridos. Envolve o desenvolvimento de ideias
 novas e originais, produtos e métodos por meio da percepção da interdisciplinaridade e da interdependência de
 conceitos. Representado pelos seguintes verbos no gerúndio: Generalizando, Planejando e Produzindo.



Quadro 4. Processo cognitivo na taxonomia revisada.
    Dimensão                                          Dimensão processo cognitivo
  conhecimento
                       Lembrar         Entender         Aplicar         Analisar       Sintetizar         Criar
 Efetivo/factual      Objetivo1
 Conceitual                           Objetivo 2       Objetivo 2
 Procedural                                                                            Objetivo3
 Metacognitivo
                            Conhecimento              Competência                      Habilidade




      específico ou utilizando um aplicativo disponível        Ao se observar o Quadro 5, percebe-se que há
      no mercado; e                                         espaços em branco e isso leva a uma análise e
   •	 Avaliar os resultados obtidos por meio do             reavaliação dos objetivos propostos.
      emprego da técnica de previsão, estimando                É importante salientar que, conforme mencionado
                                                            anteriormente, não há nenhum problema na ordem dos
      o impacto da acuracidade e das incertezas
                                                            objetivos inseridos na dimensão do processo cognitivo,
      associadas a todo o processo.
                                                            entretanto, a ordem da dimensão conhecimento deve ser
    Observe-se que, em cada objetivo, o gerúndio do         respeitada de forma hierárquica e, para se ter um maior
verbo possibilita que seja esclarecido o “quê” e “como”     controle do processo de aprendizagem, é sugerido
avaliar, e se o objetivo foi ou não alcançado.              que não haja colunas em branco, entretanto, ao se
    Como os verbos no início de cada objetivo facilitam     observar o Quadro 5, pode ser que haja algum tópico
o trabalho de inserção na dimensão processo cognitivo,      ou assunto específico em determinadas disciplinas no
o passo mais delicado será a diferenciação desses na        qual o processo de criar independa do analisar.
categoria conhecimento (Quadro 5).                             No exemplo específico, uma análise a partir do
    Segundo Krathwohl (2002), a tabela de processos         preenchimento do quadro levou a uma redefinição
cognitivos funciona não só para classificar objetivos       mais precisa dos objetivos, pois, para que os discentes
instrucionais de desenvolvimento cognitivo, mas             consigam avaliar os resultados da previsão (objetivo 4,
para direcionar atividades, avaliações e escolha de         Quadro 5), é necessário que sejam capazes de analisar
estratégias.                                                diferentes medidas de erros, sendo assim, deveria
430   Ferraz & Belhot                                                   Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010


Quadro 5. Preenchimento da tabela processo cognitivo.
        Dimensão                                         Dimensão processo cognitivo
      conhecimento
                            Lembrar         Entender         Aplicar          Analisar         Avaliar            Criar
 Efetivo/factual            Objetivo1
 Conceitual/Princípios                     Objetivo 2      Objetivo 3                                          Objetivo 3
 Procedural                                                                                  Objetivo 4
 Metacognitivo
                                 Conhecimento             Competência                         Habilidade



Quadro 6. Preenchimento da tabela processo cognitivo – atualizada.
        Dimensão                                         Dimensão Processo Cognitivo
      conhecimento
                            Lembrar         Entender         Aplicar          Analisar         Avaliar            Criar
 Efetivo/factual            Objetivo1
 Conceitual/princípios                     Objetivo 2      Objetivo 3        Objetivo 4                        Objetivo 3
 Procedural                                                                  Objetivo 4      Objetivo 5
 Metacognitivo                                                               Objetivo 4      Objetivo 5
                                 Conhecimento             Competência                         Habilidade




ser inserido um novo objetivo a fim de estruturar,             •	 Avaliar os resultados obtidos por meio do
adequadamente, o desenvolvimento cognitivo                        emprego da técnica de previsão, estimando
desejado.                                                         o impacto da acuracidade e das incertezas
                                                                  associadas a todo o processo.
4.2	 Objetivos do módulo Previsão de                            No Quadro 6, observa-se a tabela bidimensional
     Venda, atualizado a partir da análise                   dos objetivos cognitivos, atualizada, a partir dos
     das considerações descritas                             novos objetivos propostos.
   Ao final da unidade de previsão de vendas, os                Se forem utilizadas estratégias específicas
                                                             nos objetivos 4 e  5, poderá ser estimulado o
discentes deverão ser capazes de:
                                                             desenvolvimento do conhecimento metacognitivo
  •	 Lembrar as três hipóteses de previsão e listar
                                                             caso o educador tenha este como uma das metas
     os padrões típicos de comportamento de dados            gerais do seu curso/disciplina.
     históricos, reproduzindo-os na realização de
     exercícios teóricos, envolvendo os nomes
                                                             5	 Considerações finais
     das técnicas de previsão mais utilizadas em
                                                                Planejar uma disciplina ou um curso não é tarefa
     processos estacionários, com tendência e com
                                                             fácil, ainda mais para profissionais que não tiveram
     sazonalidade.                                           o devido preparo didático e pedagógico para realizar
  •	 Entender as diferenças entre as técnicas                esse tipo de atividade, realidade que muitos docentes
     existentes, comparando cada uma com as                  do ensino superior enfrentam com regularidade.
     diferentes hipóteses e padrão de dados.                    A não realização de um planejamento pedagógico
  •	 Escolher e aplicar, de forma consciente, uma            adequado, que delimite conteúdo e escolha estratégias
     das técnicas, implementando um programa                 educacionais eficazes, pode levar os docentes a
     específico ou utilizando um aplicativo disponível       enfrentarem alto grau de evasão em suas disciplinas,
                                                             ou mesmo uma ansiedade pessoal relacionada ao
     no mercado.
                                                             fato de perceberem que seus discentes não estão
  •	 Analisar as diferentes medidas de erro,                 atingindo o nível de desenvolvimento (cognitivo, de
     diferenciando-as, atribuindo significados de            competência e de habilidade) desejado.
     importância e entendendo em quais circunstâncias           Essa situação de evasão e de ansiedade, gerada pela
     cada uma delas é mais adequada.                         percepção de não estar atingindo a meta proposta,
Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações...                                               431


pode ser fruto da falta de comprometimento efetivo         Referências
dos discentes, mas também pode ser reação às               ANDERSON, L. W. Rethinking Bloom’s Taxonomy:
dificuldades que enfrentam na realização das tarefas         implication for testing and assessment. Columbia:
propostas, pois não percebem ou não possuem uma              University of South Carolina, 1999. (Report n. MF01/
compreensão adequada do objetivo pretendido, da              PC01).
importância do conteúdo abordado e das técnicas            ANDERSON, L. W. et. al. A taxonomy for learning,
instrucionais utilizadas, além da concordância desses        teaching and assessing: a revison of Bloom’s Taxonomy
itens com os critérios de avaliação e de recuperação         of Educational Objectives. Nova York: Addison Wesley
do aprendizado.                                              Longman, 2001. 336 p.
   Todo desenvolvimento cognitivo deve seguir uma          BELHOT, R. V.; FREITAS, A. A.; VASCONCELLOS D. D.
estrutura hierárquica para que, no momento oportuno,         Requisitos profissionais do estudante de engenharia de
                                                             produção: uma visão através dos estilos de aprendizagem.
os discentes sejam capazes de aplicar e transferir, de
                                                             Revista Gestão da Produção e Sistemas, v. 1, n. 2,
forma multidisciplinar, um conhecimento adquirido.
                                                             p. 125-135, 2006.
   Entretanto, para que isso aconteça, o planejamento      BLOOM, B. S. Some major problems in educational
é essencial e precisa ser estruturado de forma coerente,     measurement. Journal or Educational Research,
seja em torno de objetivos bem definidos (gerais e           v. 38, n. 1, p. 139-142, 1944.
específicos), da delimitação dos conteúdos, da escolha     BLOOM, B. S. et al. Taxonomy of educational objectives.
das estratégias e instrumentos de avaliação, ou seja,        New York: David Mckay, 1956. 262 p. (v. 1)
para “medir” o que foi aprendido e direcionar, de forma    BLOOM, B. S.; HASTINGS, J. T.; MADAUS, G.
corretiva e formativa, todo processo educacional.            F. Handbook on formative and sommative
   A utilização de instrumentos que facilitem essa           evaluation of student learning. New York: McGraw-
atividade é fundamental e nesse contexto a Taxonomia         Hill, 1971. 923 p.
de Bloom tem colaborado significativamente, pois           BLOOM, B. S. Innocence in education. The School Review,
                                                             v. 80, n. 3, p. 333-352, 1972.
é um instrumento de classificação de objetivos de
                                                           BLOOM, B. S. What we are learning about teaching and
aprendizagem de forma hierárquica (do mais simples           learning: a summary of recent research. Principal,
para o mais complexo) que pode ser utilizado para            v. 66, n. 2, p. 6-10, 1986.
estruturar, organizar e planejar disciplinas, cursos       CLARK, D. Learning domains or Bloom’s taxonomy:
ou módulos instrucionais.                                    the three types of learning. Disponível em: <www.
   O que torna a utilização da Taxonomia de Bloom            nwlink.com/~donclark/hrd/bloom.html>. Acesso em:
um instrumento adequado para ser utilizado no                19 abril 2006.
ensino de terceiro grau é que ela, nos últimos anos,       CONKLIN, J. A taxonomy for learning, teaching and
foi avaliada e atualizada considerando os avanços            assessing: a revision of Blooms’s taxonomy of educational
estratégicos e tecnológicos incorporados ao meio             objectives. Educational Horizons, v. 83, n. 3, p. 153-159,
educacional.                                                 2005
                                                           DRISCOLL, M. Psychology of learning for instruction.
   A bidimensionalidade (tabela de dupla entrada)
                                                             Needhan Heights: Allyn & Bacon, 200. 476 p.
criada na atualização do instrumento provê um novo
                                                           GUSKEY, T. R. Benjamin S. Bloom’s contributions
direcionamento para que educadores possam planejar           to curriculum, instruction, and school learning.
melhor seus objetivos instrucionais e direcionem, de         In: ANNUAL MEETING OF THE AMERICAN
forma coerente, clara e concisa, seu processo de ensino,     EDUCATIONAL RESEARCH ASSOCIATION, 2001,
de forma a efetivar o processo de aprendizagem.              Seattle. Proceedings... Seattle: AERA
   Como na taxonomia original de 1956, a atual             KRATHWOHL, D. R. A revision of Bloom’s taxonomy: an
Taxonomia de Bloom, publicada em 2001, não possui            overview. Theory in Practice, v. 41, n. 4, p. 212-218,
sua utilização delimitada por nenhuma modalidade             2002.
educacional, em outras palavras, ela não está              LOMENA, M. Benjamin Bloom. Disponível em: <http://
relacionada à modalidade na qual a educação acontece         www.everything2.com/ index.pl?node_id=143987>.
                                                             Acesso em: 28 março 2006.
(presencial ou a distância), e, sim, à efetividade do
                                                           MAGER, R. F. Preparing instructional objectives.
processo educacional, pois é o “como” implementar
                                                             Belmont: Lake Publishers Co., 1984. 136 p.
objetivos, estratégias e conteúdo que realmente            SCHOOL OF EDUCATION. Bloom’s Taxonomy: cognitive
importa, e não a forma ou o ambiente na qual a               domain. Disponível em: <http://www.olemiss.edu/depts/
aprendizagem ocorrerá.                                       educ_school2/docs/stai_manual/manual8.html>. Acesso
                                                             em: 27 setembro 2005.
Agradecimentos                                             VAUGHAN, C. A. Identifying course goals: domains
                                                             and levels of learning. Teaching Sociology, v. 7, n. 3,
  Ana Paula do Carmo Marcheti agradece à CAPES               p. 265-279, 1980.
(Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível      WIKIPEDIA. Taxonomy. 2006. Disponível em: <http://
Superior) e à Universidade Simon Frasier, Canadá, o          en.wikipedia.org/wiki/Taxonomy>. Acesso em: 28
apoio à pesquisa que deu origem a este artigo.               março 2006.

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Taxonomia de Bloom

  • 1. Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010 Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais Bloom’s taxonomy and its adequacy to define instructional objective in order to obtain excellence in teaching Ana Paula do Carmo Marcheti Ferraz1 Renato Vairo Belhot2 Resumo: Muitos são os instrumentos existentes para apoiar o planejamento didático-pedagógico, a estruturação, a organização, a definição de objetivos instrucionais e a escolha de instrumentos de avaliação. A Taxonomia de Bloom é um desses instrumentos cuja finalidade é auxiliar a identificação e a declaração dos objetivos ligados ao desenvolvimento cognitivo que, no contexto deste artigo, engloba a aquisição do conhecimento, competência e atitudes, visando facilitar o planejamento do processo de ensino e aprendizagem. Embora este seja um instrumento adequado para utilização no ensino superior, poucos educadores fazem uso dele por não conhecerem uma maneira adequada de utilizá-lo. Este artigo tem como objetivo apresentar a Taxonomia de Bloom e as modificações ocorridas nos últimos anos, assim como esclarecer a forma como ela pode ser utilizada dentro do contexto de ensino de engenharia. Palavras-chave: Ensino de engenharia. Taxonomia de Bloom. Objetivos instrucionais. Desenvolvimento cognitivo. Processo cognitivo. Abstract: Bloom’s taxonomy was created in order to support the classification of educational objectives and facilitate the process of teaching, learning and the cognitive development. Even though Bloom’s Taxonomy has proven to be a significant tool for the process of teaching, learning, and assessment, few educators use it adequately, mostly because its use is not as clear as it should be. This paper describes the Bloom’s Taxonomy including its updated version, and has the objective of clarifying some important points of how to Bloom’s Taxonomy can be used in engineering courses (teaching, learning, and assessment) to provide an adequate, planed, and controlled cognitive development. Keywords: Bloom’s taxonomy. Instructional objectives. Cognitive development. Cognitive process. Excellence in engineering teaching. 1 Introdução Na educação, decidir e definir os objetivos de da disciplina, mas infelizmente alguns desses objetivos aprendizagem significa estruturar, de forma consciente, podem não ser bem definidos e outros podem ficar o processo educacional de modo a oportunizar implícitos ao processo de aprendizagem e, muitas mudanças de pensamentos, ações e condutas. vezes, (re)conhecidos apenas pelo educador. Essa estruturação é resultado de um processo de O educador pode ter expectativas e diretrizes planejamento que está diretamente relacionado à para o processo de ensino que não são oficialmente escolha do conteúdo, de procedimentos, de atividades, declaradas, mas que farão parte do processo de de recursos disponíveis, de estratégias, de instrumentos avaliação da aprendizagem. É notório que é mais fácil de avaliação e da metodologia a ser adotada por um determinado período de tempo. atingir objetivos quando estes estão bem definidos, Na delimitação dos objetivos, de acordo com entretanto fica mais difícil, para os discentes, atingirem Vaughan (1980), é fundamental ter os objetivos o nível de desenvolvimento cognitivo, por não saberem instrucionais cognitivos, atitudinais e de competências exatamente o que deles é esperado durante e após o bem definidos que deve ser feito previamente ao início processo de ensino. 1 Escola de Engenharia de São Carlos – USP, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, Av. Trabalhador Sãocarlense, 400, CEP 13566-590, São Carlos – SP, Brasil, e-mail: apmarcheti@msn.com 2 Departamento de Engenharia de Produção, EESC, Universidade de São Carlos – USP, Av. Trabalhador Sãocarlense, 400, CEP 13566-590, São Carlos – SP, Brasil, e-mail: rvbelhot@eesc.usp.br Recebido em 13/7/2006 — Aceito em 19/1/2010 ­ Suporte financeiro: CAPES e Universidade Simon Frasier, Canadá.
  • 2. 422 Ferraz & Belhot Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010 Muitos dos objetivos implícitos estão relacionados Segundo Bloom et al., vários pesquisadores a aspectos cognitivos de alta abstração, em outras utilizaram-se dessa terminologia conceitual baseada palavras, os educadores almejam que seus alunos em classificações estruturadas e orientadas para definir atinjam um nível de maturidade de conhecimento algumas teorias instrucionais. Duas das inúmeras muitas vezes incompatível com os objetivos declarados vantagens de se utilizar a taxonomia no contexto e com os procedimentos, estratégias e conteúdos educacional são: utilizados e ministrados. • Oferecer a base para o desenvolvimento de Alguns educadores esquecem que é mais fácil instrumentos de avaliação e utilização de e adequado atingir altos graus de abstração de um estratégias diferenciadas para facilitar, avaliar e conteúdo a partir do estímulo do desenvolvimento estimular o desempenho dos alunos em diferentes cognitivo linear, ou seja, a partir de conceitos mais níveis de aquisição de conhecimento; e simples para os mais elaborados (estratégia indutiva) e/ou do concreto/real para o abstrato. • Estimular os educadores a auxiliarem seus Especificamente no ensino de engenharia, constan­ discentes, de forma estruturada e consciente, a temente é solicitado aos discentes alto grau de abstração adquirirem competências específicas a partir da na realização de algumas atividades acadêmicas que percepção da necessidade de dominar habilidades simulam a realidade, e pode-se perceber que uma mais simples (fatos) para, posteriormente, proporção muito pequena de alunos consegue realizar dominar as mais complexas (conceitos). essas atividades de forma satisfatória. Desenvolver A Associação Norte Americana de Psicologia essa capacidade de abstração e utilização de um (American Psycological Association), baseada no conhecimento específico de forma multidisciplinar princípio e na importância de se utilizar o conceito de é um processo que dever ser bem planejado, definido classificação como forma de se estruturar e organizar e organizadamente estimulado durante o período de um processo, solicitou a alguns de seus membros, formação (graduação), levando-se em consideração em 1948, que montassem uma “força tarefa” para os estilos de aprendizagem (BELHOT; FREITAS; discutir, definir e criar uma taxonomia dos objetivos VASCONCELLOS, 2006). de processos educacionais (LOMENA, 2006). Embora essa atividade de definição de conteúdo do Bloom et al. (1956) assumiu a liderança desse curso/disciplina seja realizada periodicamente, alguns projeto e, junto com seus colaboradores – M.D. educadores ainda a fazem de modo inconsciente e se Englehart, E. J. Furst, W. H. Hill e D. Krathwohl –, sentem despreparados quando solicitados a realizar definiu que o primeiro passo em direção à execução essa tarefa de modo diferente do habitual. É nesse da responsabilidade a eles atribuída seria a divisão contexto que o uso de instrumentos que facilitem do trabalho de acordo com o domínio específico de essa atividade é fundamental. desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor. A definição clara e estruturada dos objetivos Embora todos tenham colaborado significativamente instrucionais, considerando a aquisição de conheci­ no desenvolvimento dessa taxonomia, ela é conhecida mento e de competências adequados ao perfil como “Taxonomia de Bloom”. profissional a ser formado direcionará o processo Segundo Lomena (2006), Guskey (2001), de ensino para a escolha adequada de estratégias, Bloom et al. (1956), Bloom (1972), School of métodos, delimitação do conteúdo específico, Education (2005) e Clark (2006), as características instrumentos de avaliação e, consequentemente, básicas de cada um desses domínios podem ser para uma aprendizagem efetiva e duradoura. resumidas em: Neste contexto, um dos instrumentos existentes que pode vir a facilitar esse processo nos cursos • Cognitivo: relacionado ao aprender, dominar um superiores é a taxonomia proposta por Bloom et al. conhecimento. Envolve a aquisição de um novo (1956), que tem, explicitamente, como objetivo conhecimento, do desenvolvimento intelectual, de ajudar no planejamento, organização e controle dos habilidade e de atitudes. Inclui reconhecimento objetivos de aprendizagem. de fatos específicos, procedimentos padrões e conceitos que estimulam o desenvolvimento 2 Taxonomia dos objetivos do intelectual constantemente. Nesse domínio, os processo aprendizagem objetivos foram agrupados em seis categorias e são apresentados numa hierarquia de comple­ Taxonomia é um termo bastante usado em diferentes áreas e, segundo a Wikipédia (2006), é a ciência de xidade e dependência (categorias), do mais classificação, denominação e organização de um simples ao mais complexo. Para ascender a sistema pré-determinado e que tem como resultante uma nova categoria, é preciso ter obtido um um framework conceitual para discussões, análises desempenho adequado na anterior, pois cada e/ou recuperação de informação. uma utiliza capacidades adquiridas nos níveis
  • 3. Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações... 423 anteriores. As categorias desse domínio são: nível de profundidade e abstração do conhecimento Conhecimento; Compreensão; Aplicação; adquirido (BLOOM; HASTIN; MADAUS, 1971). Análise; Síntese; e Avaliação; Essa diferença poderia ser caracterizada pelas • Afetivo: relacionado a sentimentos e posturas. estratégias utilizadas (que levariam ao estudo de Envolve categorias ligadas ao desenvolvimento estilos de ensino e aprendizagem) e pela organização dos processos de aprendizagem para estimular o da área emocional e afetiva, que incluem desenvolvimento cognitivo. Naquele momento, comportamento, atitude, responsabilidade, o desenvolvimento cognitivo e sua relação com a respeito, emoção e valores. Para ascender a definição do objetivo do processo de aprendizagem uma nova categoria é preciso ter obtido um foram a direção tomada para a definição da desempenho adequado na anterior, pois cada taxonomia. uma utiliza capacidades adquiridas nos níveis Segundo Conklin (2005), a Taxonomia de Bloom anteriores para serem aprimoradas. As categorias e sua classificação hierárquica dos objetivos de desse domínio são: Receptividade; Resposta; aprendizagem têm sido uma das maiores contribuições Valorização; Organização; e Caracterização; e acadêmicas para educadores que, conscientemente, • Psicomotor: relacionado a habilidades físicas procuram meios de estimular, nos seus discentes, específicas. Bloom e sua equipe não chegaram a raciocínio e abstrações de alto nível (higher order definir uma taxonomia para a área psicomotora, thinking), sem distanciar-se dos objetivos instrucionais mas outros o fizeram e chegaram a seis categorias previamente propostos. Segundo Mager (1984), um objetivo instrucional que incluem ideias ligadas a reflexos, percepção, é uma descrição clara sobre o desempenho e a habilidades físicas, movimentos aperfeiçoados competência que os educadores gostariam que seus e comunicação não verbal. Para ascender educandos demonstrassem antes de serem considerados a uma nova categoria, é preciso ter obtido conhecedores de determinados assuntos. Esse objetivo um desempenho adequado na anterior, pois está ligado a um resultado intencional diretamente cada uma utiliza capacidades adquiridas nos relacionado ao conteúdo e à forma como ele deverá níveis anteriores. As categorias desse domínio ser aplicado. são: Imitação; Manipulação; Articulação; e Um dos motivos pelo qual a taxonomia proposta Naturalização. por Bloom et al. tornou-se tão importante e trouxe significativas contribuições à área acadêmica foi o fato Embora todos os três domínios (cognitivo, de que antes dos anos 50 um dos grandes problemas afetivo e psicomotor) tenham sido amplamente na literatura educacional era a falta de consenso discutidos e divulgados, em momentos diferentes e com relação a determinadas palavras usualmente por pesquisadores diferentes, o domínio cognitivo relacionadas à definição dos objetivos instrucionais é o mais conhecido e utilizado. Muitos educadores como, por exemplo, o verbo conhecer era utilizado se apoiam nos pressupostos teóricos desse domínio com o sentido de ter consciência, saber da existência para definirem, em seus planejamentos educacionais, ou para expressar domínio de um determinado assunto objetivos, estratégias e sistemas de avaliação. (CONKLIN, 2005). A taxonomia trouxe a possibilidade de padronização 2.1 Taxonomia dos objetivos cognitivos da linguagem no meio acadêmico e, com isso, também Segundo Bloom (1944, 1972), muitas pessoas novas discussões ao redor dos assuntos relacionados reconhecem que a capacidade humana de aprendiza­ em g à definição de objetivos instrucionais. Neste contexto, difere de uma pessoa para outra e, por um grande instrumentos de aprendizagem puderam ser trabalhados período, acreditou-se que a razão pela qual uma de forma mais integrada e estruturada, inclusive porcentagem de discentes obtinha desempenho considerando os avanços tecnológicos que podiam melhor do que outros estava relacionada às situações prover novas e diferentes ferramentas para facilitar e variáveis existentes fora do ambiente educacional o processo de ensino e aprendizagem. e que, nas mesmas condições de aprendizagem, Segundo Guskey (2001), poucos indivíduos na todos aprenderiam com a mesma competência e história da educação tiveram grande impacto nas profundidade o conteúdo. políticas e práticas educacionais como Benjamim Entretanto, Bloom e sua equipe ao direcionar seus S. Bloom que, durante sua carreira, desenvolveu estudos, fizeram uma descoberta que viria a ser de inúmeros projetos, programas e poderosas perspectivas grande notoriedade no meio educacional: nas mesmas para os educadores em como facilitar o aprendizado condições de ensino (desconsiderando as variáveis e definir objetivos cognitivos. externas ao ambiente educacional) todos os alunos A Taxonomia de Bloom do Domínio Cognitivo é aprendiam, mas se diferenciavam em relação ao estruturada em níveis de complexidade crescente – do
  • 4. 424 Ferraz & Belhot Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010 mais simples ao mais complexo – e isso significa que, 3 Alterações da Taxonomia de Bloom para adquirir uma nova habilidade pertencente ao Krathwohl (2002), Bloom et al. (1956) viram próximo nível, o aluno deve ter dominado e adquirido a teoria de taxonomia como uma ferramenta que, a habilidade do nível anterior. dentro outros pontos: Só após conhecer um determinado assunto alguém • Padronizaria a linguagem sobre os objetivos poderá compreendê-lo e aplicá-lo. Nesse sentido, a de aprendizagem para facilitar a comunicação taxonomia proposta não é apenas um esquema para entre pessoas (docente, coordenadores etc.), classificação, mas uma possibilidade de organização hierárquica dos processos cognitivos de acordo com conteúdos, competências e grau de instrução níveis de complexidade e objetivos do desenvolvimento desejado; cognitivo desejado e planejado. • Serviria como base para que determinados cursos Os processos categorizados pela Taxonomia dos definissem, de forma clara e particular, objetivos e Objetivos Cognitivos de Bloom, além de repre­ currículos baseados nas necessidades e diretrizes sentarem resultados de aprendizagem esperados, contextual, regional, federal e individual (perfil são cumulativos, o que caracteriza uma relação de do discente/curso); dependência entre os níveis e são organizados em • Determinaria a congruência dos objetivos educa­ termos de complexidades dos processos mentais cionais, atividade e avaliação de uma unidade, como mostra a Figura 1. curso ou currículo; e Embora a Figura 1 represente a estrutura mais • Definiria um panorama para outras oportunidades conhecida da Taxonomia de Bloom (6 categorias), educacionais (currículos, objetivos e cursos), ela, na verdade, é um pouco mais complexa, pois é quando comparado às existentes antes dela ter dividida em subcategorias com o objetivo de melhor sido escrita. direcionar a definição dos objetivos instrucionais assim como de esclarecer os limites entre eles. Todos os pontos citados são contribuições da Relacionados às categorias, estão os verbos que taxonomia original e que, em alguns momentos, justifica a sua popularidade, entretanto a taxonomia procuram dar suporte ao planejamento acadêmico original tem sido utilizada para a classificação de (objetivo, estratégia e avaliação) relacionado a cada objetivos curriculares e para descrever o resultado uma delas, como mostra o Quadro 1. de aprendizagem em termos de conteúdo e discussão Muitos foram os trabalhos originados a partir do que deve ser realizado com o conteúdo assimilado da primeira divulgação da Taxonomia de Bloom (Driscoll, 2000). no Domínio Cognitivo, entretanto, com as novas O que interessava para Bloom et al. (1956), era publicações e com tecnologias incorporadas ao proporcionar uma ferramenta prática e útil que sistema educacional, foi observada a necessidade fosse coerente com as características dos processos de reavaliação e releitura dos pressupostos teóricos mentais superiores (nível de conhecimento e abstração que sustentaram a pesquisa original para avaliação complexa) do modo como eram consideradas e da necessidade de adaptações. conhecidas. No ano de 2001, um novo grupo, formado como Quarenta anos depois de ter sido divulgada, Lori o primeiro (a partir de um convite da Associação de Anderson publicou, em 1999, um significativo trabalho Psicologia Americana), divulgou o trabalho realizado de retrospectiva da utilização da taxonomia e, no de revisão e atualização da Taxonomia de Bloom mesmo ano, um grupo de especialistas se encontrou em apresentada em 1956. Syracuse, Nova Iorque, para discutir a possibilidade de rever os pressupostos teóricos da Taxonomia de Bloom uma vez que novos conceitos, recursos e teorias foram incorporados ao campo educacional, avanços psico-pedagógicos e tecnológicos ocorreram, 6. Avaliação e diversas experiências de sucesso no uso efetivo da 5. Síntese taxonomia foram publicadas. 4. Análise Esse grupo de especialistas (psicólogos, educadores, 3. Aplicação especialistas em currículos, testes, avaliação etc.) foi 2. Compreensão supervisionado por David Krathwohl, que participou do 1. Conhecimento desenvolvimento da Taxonomia original no ano de 1956, e, no ano de 2001, o relatório da revisão foi publicado Figura 1. Categorias do domínio cognitivo proposto por num livro intitulado A taxonomy for learning, teaching Bloom, Englehart, Furst, Hill e Krathwolh, que ficou and assessing: a revision of Bloom’s taxonomy for conhecido como Taxonomia de Bloom. educational objectives (ANDERSON et al., 2001).
  • 5. Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações... 425 Esse grupo tentou buscar o equilíbrio entre o que especificidades e generalidades de métodos, proce­ existia, a estruturação da taxonomia original e os dimentos, padrões e instruções; e b) habilidade de novos desenvolvimentos incorporados à educação achar, no problema proposto, sinais, dicas, pequenas nos quarenta e poucos anos de existência. informações que efetivamente tragam à consciência o Segundo Krathwohl (2002), geralmente os aprendizado prévio adquirido, ou seja, conhecimento objetivos declaram o que é esperado que os discentes é o que é lembrado. Essas duas definições, por si só, já aprendam e esquecem de explicitar, de forma correspondem respectivamente à diferença significativa coerente, o que eles deverão ser capazes de realizar entre processo e produto (ANDERSON, 1999). com aquele conhecimento. Os objetivos são descritos Essa observação levou a nova equipe a dividir utilizando verbos de ação e substantivos que procuram o conhecimento em dois tipos: (1) conhecimento descrever os processos cognitivos desejados, por como processo e (2) conhecimento como conteúdo exemplo: ao final dessa unidade os alunos deverão assimilado. lembrar (verbo) as três leis de Newton (substantivo/ Como na taxonomia original, a categoria conhe­ conteúdo), mas não esclarecem como será verificado cimento está diretamente relacionada ao conteúdo e se realmente lembraram e aplicaram esse novo essa dimensão passou a conter quatro, ao invés das conhecimento. três, subcategorias como mostrado no Quadro 2. A partir dessa discussão (verbo-substantivo) Três delas (efetivo, conceitual e procedural) estão e da observação da prática educacional de como relacionadas à subdivisão da categoria inicial, mas educadores definem seus objetivos gerais e específicos foram reorganizadas para usar uma terminologia de disciplinas/cursos, Krathwohl et al. – começaram mais clara e na qual fosse possível reconhecer as a perceber que mudanças na taxonomia original diferenças psicocognitivas que seriam desenvolvidas seriam necessárias e o primeiro ponto analisado estava e a quarta e nova subcategoria está relacionada ao relacionado à questão do verbo e sua associação direta conceito de metacognição. com o objetivo cognitivo, avaliação do objetivo e De acordo com Anderson et al. (2001), metacognição desenvolvimento de competências. envolve o conhecimento cognitivo real assim como Ao analisar a relação direta entre verbo e a consciência da aprendizagem individual. Essa substantivo os pesquisadores chegaram à conclusão subcategoria tem se tornado cada vez mais importante de que verbos e substantivos deveriam pertencer na área educacional uma vez que a possibilidade a dimensões separadas na qual os substantivos de autoaprendizagem e o controle do aprendizado formariam a base para a dimensão conhecimento relacionado à autonomia de aprender deve ser um (o que) e verbo para a dimensão relacionada aos processo cada vez mais consciente e passível de aspectos cognitivos (como). medição. Isso é possibilitado pela utilização da Essa separação de substantivos e verbos, conhe­ tecnologia da comunicação na educação, a criação de cimento e aspectos cognitivos, deu um caráter novas oportunidades educacionais e a popularização bidimensional à taxonomia original e direcionou da modalidade a distância. todo o trabalho de revisão. Cada uma das partes da estrutura bidimensional foi nominada como Dimensão Conhecimento e Dimensão dos Processos 3.2 Dimensão processo cognitivo Cognitivos (Figura 2). Segundo Anderson (1999) e Bloom et al. (1956), a taxonomia original foi concebida de maneira 3.1 Dimensão conhecimento hierárquica e unidimensional e relacionava a aquisição de conhecimento com a mudança de comportamento A primeira fase da revisão veio com a observação observável relacionada ao objetivo previamente detalhada sobre a categoria e as subcategorias do proposto e essas mudanças podem ser medidas em conhecimento. termos de atos e pensamentos. Essa análise detalhada De acordo com a taxonomia original, de 1956, incentivou a alteração da terminologia domínio conhecimento envolve: a) habilidade de lembrar cognitivo para domínio do processo cognitivo que, de acordo com os pesquisadores, é mais clara e diretamente relacionada ao que acontece no contexto Verbos (dimensão: processos educacional. cognitivos - como) Processo cognitivo pode ser entendido como o meio pelo qual o conhecimento é adquirido ou construído Substantivos e usado para resolver problemas diários e eventuais (dimensão: conhecimento - o que) (ANDERSON et al., 2001). Na taxonomia original, embora as seis categorias Figura 2. Caráter bidimensional da “nova” Taxonomia de fizessem parte do domínio cognitivo, apenas cinco Bloom. delas (compreensão, aplicação, análise, síntese e
  • 6. 426 Ferraz & Belhot Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010 Quadro 1. Estruturação da Taxonomia de Bloom no domínio cognitivo. Categoria Descrição 1. Conhecimento Definição: Habilidade de lembrar informações e conteúdos previamente abordados como fatos, datas, palavras, teorias, métodos, classificações, lugares, regras, critérios, procedimentos etc. A habilidade pode envolver lembrar uma significativa quantidade de informação ou fatos específicos. O objetivo principal desta categoria nível é trazer à consciência esses conhecimentos. Subcategorias: 1.1 Conhecimento específico: Conhecimento de terminologia; Conhecimento de tendências e sequências; 1.2 Conhecimento de formas e significados relacionados às especificidades do conteúdo: Conhecimento de convenção; Conhecimento de tendência e sequência; Conhecimento de classificação e categoria; Conhecimento de critério; Conhecimento de metodologia; e 1.3 Conhecimento universal e abstração relacionado a um determinado campo de conhecimento: Conhecimento de princípios e generalizações; Conhecimento de teorias e estruturas. Verbos: enumerar, definir, descrever, identificar, denominar, listar, nomear, combinar, realçar, apontar, relembrar, recordar, relacionar, reproduzir, solucionar, declarar, distinguir, rotular, memorizar, ordenar e reconhecer. 2. Compreensão Definição: Habilidade de compreender e dar significado ao conteúdo. Essa habilidade pode ser demonstrada por meio da tradução do conteúdo compreendido para uma nova forma (oral, escrita, diagramas etc.) ou contexto. Nessa categoria, encontra-se a capacidade de entender a informação ou fato, de captar seu significado e de utilizá-la em contextos diferentes. Subcategorias: 2.1 Translação; 2.2 Interpretação e 2.3 Extrapolação. Verbos: alterar, construir, converter, decodificar, defender, definir, descrever, distinguir, discriminar, estimar, explicar, generalizar, dar exemplos, ilustrar, inferir, reformular, prever, reescrever, resolver, resumir, classificar, discutir, identificar, interpretar, reconhecer, redefinir, selecionar, situar e traduzir. 3. Aplicação Definição: Habilidade de usar informações, métodos e conteúdos aprendidos em novas situações concretas. Isso pode incluir aplicações de regras, métodos, modelos, conceitos, princípios, leis e teorias. Verbos: aplicar, alterar, programar, demonstrar, desenvolver, descobrir, dramatizar, empregar, ilustrar, interpretar, manipular, modificar, operacionalizar, organizar, prever, preparar, produzir, relatar, resolver, transferir, usar, construir, esboçar, escolher, escrever, operar e praticar. 4. Análise Definição: Habilidade de subdividir o conteúdo em partes menores com a finalidade de entender a estrutura final. Essa habilidade pode incluir a identificação das partes, análise de relacionamento entre as partes e reconhecimento dos princípios organizacionais envolvidos. Identificar partes e suas inter- relações. Nesse ponto é necessário não apenas ter compreendido o conteúdo, mas também a estrutura do objeto de estudo. Subcategorias: Análise de elementos; Análise de relacionamentos; e Análise de princípios organizacionais. 4. Análise Verbos: analisar, reduzir, classificar, comparar, contrastar, determinar, deduzir, diagramar, distinguir, diferenciar, identificar, ilustrar, apontar, inferir, relacionar, selecionar, separar, subdividir, calcular, discriminar, examinar, experimentar, testar, esquematizar e questionar. 5. Síntese Definição: Habilidade de agregar e juntar partes com a finalidade de criar um novo todo. Essa habilidade envolve a produção de uma comunicação única (tema ou discurso), um plano de operações (propostas de pesquisas) ou um conjunto de relações abstratas (esquema para classificar informações). Combinar partes não organizadas para formar um “todo”. Subcategorias: 5.1 Produção de uma comunicação original; 5.2 Produção de um plano ou propostas de um conjunto de operações; e 5.3 Derivação de um conjunto de relacionamentos abstratos. Verbos: categorizar, combinar, compilar, compor, conceber, construir, criar, desenhar, elaborar, estabelecer, explicar, formular, generalizar, inventar, modificar, organizar, originar, planejar, propor, reorganizar, relacionar, revisar, reescrever, resumir, sistematizar, escrever, desenvolver, estruturar, montar e projetar. 6. Avaliação Definição: Habilidade de julgar o valor do material (proposta, pesquisa, projeto) para um propósito específico. O julgamento é baseado em critérios bem definidos que podem ser externos (relevância) ou internos (organização) e podem ser fornecidos ou conjuntamente identificados. Julgar o valor do conhecimento. Subcategorias: 6.1 Avaliação em termos de evidências internas; e 6.2 Julgamento em termos de critérios externos. Verbos: Avaliar, averiguar, escolher, comparar, concluir, contrastar, criticar, decidir, defender, discriminar, explicar, interpretar, justificar, relatar, resolver, resumir, apoiar, validar, escrever um review sobre, detectar, estimar, julgar e selecionar. Fonte: Bloom et al. (1956), Bloom (1986), Driscoll (2000) e Krathwohl (2002).
  • 7. Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações... 427 avaliação) estavam diretamente relacionadas a ele, • Os estilos de aprendizagem possibilitam aos pois a categoria conhecimento, desde sua idealização, discentes aprenderem melhor num estágio mais estava relacionada ao conteúdo instrucional. elevado e depois serem capazes de entender os Na atual Taxonomia de Bloom, a base das anteriores; e categorias foi mantida, continuam existindo seis • O conceito de metacognição abre espaço para que categorias, o nome da taxonomia continua sendo alunos transitem livremente pelas subcategorias o mesmo (eventualmente pode aparecer com a com o objetivo de melhorar seu autoaprendizado expressão “revisada” adicionada a ele), entretanto, ao separar, conceitualmente, o conhecimento do (Krathwohl, 2002). processo cognitivo, ocorreram as seguintes mudanças (KRATHWOHL, 2002): 4 Tabela bidimensional da • Os aspectos verbais utilizados na categoria Taxonomia de Bloom Conhe­ imento foram mantidos, mas esta foi c Na nova estrutura proposta na Taxonomia de Bloom renomeada para Lembrar; Compreensão foi “revisada”, a dimensão conhecimento (conteúdo) renomeada para Entender; e Aplicação, Análise, e de processos cognitivos foi mais claramente Síntese e Avaliação, foram alteradas para a forma diferenciada, e isso originou um novo modelo verbal Aplicar, Analisar, Sintetizar e Criar, por de utilização que tem como estrutura uma tabela expressarem melhor a ação pretendida e serem bidimensional denominada de Tabela Bidimensional da Taxonomia de Bloom (ANDERSON et al., condizentes com o que se espera de resultado 2001). a determinado estímulo de instrução; Essa tabela deve ser utilizada com o intuito de • As categorias avaliação e síntese (avaliar e criar) melhor estruturar os objetivos educacionais, ao foram trocadas de lugar; e mesmo tempo em que auxilia os educadores na melhor • Os nomes das subcategorias existentes foram elaboração do planejamento e na escolha adequada alterados para verbos no gerúndio (Quadro 3). de estratégias e tecnologias educacionais. Na Figura 3, encontra-se a categorização atual da Ao estruturar a tabela, os pesquisadores diferen­ Taxonomia de Bloom. ciaram, para cada categoria, o que estaria relacionado Segundo Krathwohl (2002) e Anderson (1999), à aquisição do conhecimento, desenvolvimento de na revisão da taxonomia publicada em 1956, a habilidade e competência. maior ênfase foi dada à discussão da análise e Na tabela bidimensional, a dimensão conhecimento interpretação das subcategorias com a intenção de pertence à coluna vertical e o processo cognitivo suprir a necessidade de estimular um desenvolvimento à coluna horizontal. Nas células, formadas pela cognitivo amplo, duradouro e profundo. intersecção das dimensões, são inseridos os objetivos. Embora a nova taxonomia mantenha o design Um mesmo objetivo pode ser inserido em mais de hierárquico da original, ela é flexível, pois possibilitou uma célula e não é necessário o preenchimento de considerar a possibilidade de interpolação das todas as células consecutivas, como mostra a situação categorias do processo cognitivo quando necessário, hipotética representada no Quadro 4. devido ao fato de que determinados conteúdos Entretanto, um dos desafios para se utilizar o podem ser mais fáceis de serem assimilados a partir novo modelo é a dificuldade que alguns educadores do estímulo pertencente a uma mais complexa. Por encontram na utilização adequada da tabela proposta. exemplo, pode ser mais fácil entender um assunto Os verbos de ação da taxonomia original podem após aplicá-lo e só então ser capaz de explicá-lo. ser perfeitamente inseridos nas correspondentes A interpolação das categorias não é total, categorias; entretanto para a descrição do como especificamente no domínio conhecimento, a ordem deve ser respeitada, pois se considera que não há como estimular ou avaliar o conhecimento metacognitivo sem anteriormente ter adquirido 6. Criar todos os anteriores. 5. Síntetizar O princípio da progressão da complexidade foi 4. Analisar mantido: do simples para o complexo; do concreto 3. Aplicar para o abstrato; mas, novamente, foi atribuída mais 2. Entender flexibilidade ao conceito cumulativo e dependente de cada categoria, pois: 1. Lembrar • Sabe-se que diferentes disciplinas requerem Figura 3. Categorização atual da Taxonomia de Bloom pro­ processos cognitivos diferenciados; posta por Anderson, Krathwohl e Airasian, no ano de 2001.
  • 8. 428 Ferraz & Belhot Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010 Quadro 2. Mudanças na subcategoria conhecimento no domínio cognitivo da taxonomia de Bloom. Taxonomia original Taxonomia revisada Categoria: 1.0 Conhecimento 1.1 Conhecimento Efetivo: relacionado ao conteúdo básico que Conhecimento específico o discente deve dominar a fim de que consiga realizar e resolver problemas apoiados nesse conhecimento. Relacionado aos fatos que Conhecimento de não precisam ser entendidos ou combinados, apenas reproduzidos formas e significado como apresentados. relacionados às especificidades do Conhecimento da Terminologia; e Conhecimento de detalhes e conteúdo elementos específicos. Conhecimento universal 1.2 Conhecimento Conceitual: relacionado à inter-relação dos e abstração relacionados elementos básicos num contexto mais elaborado que os discentes a um determinado seriam capazes de descobrir. Elementos mais simples foram abordados campo de conhecimento e agora precisam ser conectados. Esquemas, estruturas e modelos foram organizados e explicados. Nessa fase, não é a aplicação de um modelo que é importante, mas a consciência de sua existência. Conhecimento de classificação e categorização; Conhecimento de princípios e generalizações; e Conhecimento de teorias, modelos e estruturas. 1.3 Conhecimento Procedural: relacionado ao conhecimento de “como realizar alguma coisa” utilizando métodos, critérios, algoritmos e técnicas. Nesse momento, o conhecimento abstrato começa a ser estimulado, mas dentro de um contexto único e não interdisciplinar. Conhecimento de conteúdos específicos, habilidades e algoritmos; Conhecimento de técnicas específicas e métodos; e Conhecimento de critérios e percepção de como e quando usar um procedimento específico. 1.4 Conhecimento Metacognitivo: relacionado ao reconhecimento da cognição em geral e da consciência da amplitude e profundidade de conhecimento adquirido de um determinado conteúdo. Em contraste com o conhecimento procedural, esse conhecimento é relacionado à interdisciplinaridade. A ideia principal é utilizar conhecimentos previamente assimilados (interdisciplinares) para resolução de problemas e/ou a escolha do melhor método, teoria ou estrutura. Conhecimento estratégico; Conhecimento sobre atividades cognitivas incluindo contextos preferenciais e situações de aprendizagem (estilos); e Autoconhecimento. Fonte: Driscoll (2000) e Krathwohl (2002). será alcançado esse objetivo, e, para a escolha das 4.1 Objetivos do módulo estratégias e tecnologias educacionais, deve-se Previsão de Venda pensar no gerúndio do verbo. Ao final da unidade de Previsão de Vendas, os Assim, pensando os objetivos em termos de discentes deverão ser capazes de: verbos, substantivos e gerúndios, é possível escolher • Lembrar as três hipóteses de previsão e listar estratégias, conteúdos e instrumentos de avaliação os padrões típicos de comportamento de dados eficazes e efetivos. A montagem da tabela deve históricos, reproduzindo-os na realização de iniciar-se a partir da definição dos objetivos específicos da disciplina, curso ou conteúdo. exercícios teóricos, envolvendo os nomes Suponha uma disciplina hipotética denominada das técnicas de previsão mais utilizadas em Planejamento e Controle da Produção dentro da qual processos estacionários, com tendência e com é tratado o tópico Previsão de Vendas, que é o ponto sazonalidade; de partida para a gestão da produção. • Entender as diferenças entre as técnicas Essa disciplina normalmente aborda outros tópicos existentes, comparando cada uma com as e deverá ser dividida em módulos semanais, e os diferentes hipóteses e padrão de dados; discentes deverão entender os conceitos, as técnicas e • Escolher e aplicar, de forma consciente, uma avaliar resultados de previsões de venda, portanto: das técnicas, implementando um programa
  • 9. Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações... 429 Quadro 3. Estrutura do processo cognitivo na taxonomia de Bloom – revisada. 1. Lembrar: Relacionado a reconhecer e reproduzir ideias e conteúdos. Reconhecer requer distinguir e selecionar uma determinada informação e reproduzir ou recordar está mais relacionado à busca por uma informação relevante memorizada. Representado pelos seguintes verbos no gerúndio: Reconhecendo e Reproduzindo. 2. Entender: Relacionado a estabelecer uma conexão entre o novo e o conhecimento previamente adquirido. A informação é entendida quando o aprendiz consegue reproduzi-la com suas “próprias palavras”. Representado pelos seguintes verbos no gerúndio: Interpretando, Exemplificando, Classificando, Resumindo, Inferindo, Comparando e Explicando. 3. Aplicar: Relacionado a executar ou usar um procedimento numa situação específica e pode também abordar a aplicação de um conhecimento numa situação nova. Representado pelos seguintes verbos no gerúndio: Executando e Implementando. 4. Analisar: Relacionado a dividir a informação em partes relevantes e irrelevantes, importantes e menos importantes e entender a inter-relação existente entre as partes. Representado pelos seguintes verbos no gerúndio: Diferenciando, Organizando, Atribuindo e Concluindo. 5. Avaliar: Relacionado a realizar julgamentos baseados em critérios e padrões qualitativos e quantitativos ou de eficiência e eficácia. Representado pelos seguintes verbos no gerúndio: Checando e Criticando. 6. Criar: Significa colocar elementos junto com o objetivo de criar uma nova visão, uma nova solução, estrutura ou modelo utilizando conhecimentos e habilidades previamente adquiridos. Envolve o desenvolvimento de ideias novas e originais, produtos e métodos por meio da percepção da interdisciplinaridade e da interdependência de conceitos. Representado pelos seguintes verbos no gerúndio: Generalizando, Planejando e Produzindo. Quadro 4. Processo cognitivo na taxonomia revisada. Dimensão Dimensão processo cognitivo conhecimento Lembrar Entender Aplicar Analisar Sintetizar Criar Efetivo/factual Objetivo1 Conceitual Objetivo 2 Objetivo 2 Procedural Objetivo3 Metacognitivo Conhecimento Competência Habilidade específico ou utilizando um aplicativo disponível Ao se observar o Quadro 5, percebe-se que há no mercado; e espaços em branco e isso leva a uma análise e • Avaliar os resultados obtidos por meio do reavaliação dos objetivos propostos. emprego da técnica de previsão, estimando É importante salientar que, conforme mencionado anteriormente, não há nenhum problema na ordem dos o impacto da acuracidade e das incertezas objetivos inseridos na dimensão do processo cognitivo, associadas a todo o processo. entretanto, a ordem da dimensão conhecimento deve ser Observe-se que, em cada objetivo, o gerúndio do respeitada de forma hierárquica e, para se ter um maior verbo possibilita que seja esclarecido o “quê” e “como” controle do processo de aprendizagem, é sugerido avaliar, e se o objetivo foi ou não alcançado. que não haja colunas em branco, entretanto, ao se Como os verbos no início de cada objetivo facilitam observar o Quadro 5, pode ser que haja algum tópico o trabalho de inserção na dimensão processo cognitivo, ou assunto específico em determinadas disciplinas no o passo mais delicado será a diferenciação desses na qual o processo de criar independa do analisar. categoria conhecimento (Quadro 5). No exemplo específico, uma análise a partir do Segundo Krathwohl (2002), a tabela de processos preenchimento do quadro levou a uma redefinição cognitivos funciona não só para classificar objetivos mais precisa dos objetivos, pois, para que os discentes instrucionais de desenvolvimento cognitivo, mas consigam avaliar os resultados da previsão (objetivo 4, para direcionar atividades, avaliações e escolha de Quadro 5), é necessário que sejam capazes de analisar estratégias. diferentes medidas de erros, sendo assim, deveria
  • 10. 430 Ferraz & Belhot Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010 Quadro 5. Preenchimento da tabela processo cognitivo. Dimensão Dimensão processo cognitivo conhecimento Lembrar Entender Aplicar Analisar Avaliar Criar Efetivo/factual Objetivo1 Conceitual/Princípios Objetivo 2 Objetivo 3 Objetivo 3 Procedural Objetivo 4 Metacognitivo Conhecimento Competência Habilidade Quadro 6. Preenchimento da tabela processo cognitivo – atualizada. Dimensão Dimensão Processo Cognitivo conhecimento Lembrar Entender Aplicar Analisar Avaliar Criar Efetivo/factual Objetivo1 Conceitual/princípios Objetivo 2 Objetivo 3 Objetivo 4 Objetivo 3 Procedural Objetivo 4 Objetivo 5 Metacognitivo Objetivo 4 Objetivo 5 Conhecimento Competência Habilidade ser inserido um novo objetivo a fim de estruturar, • Avaliar os resultados obtidos por meio do adequadamente, o desenvolvimento cognitivo emprego da técnica de previsão, estimando desejado. o impacto da acuracidade e das incertezas associadas a todo o processo. 4.2 Objetivos do módulo Previsão de No Quadro 6, observa-se a tabela bidimensional Venda, atualizado a partir da análise dos objetivos cognitivos, atualizada, a partir dos das considerações descritas novos objetivos propostos. Ao final da unidade de previsão de vendas, os Se forem utilizadas estratégias específicas nos objetivos 4 e  5, poderá ser estimulado o discentes deverão ser capazes de: desenvolvimento do conhecimento metacognitivo • Lembrar as três hipóteses de previsão e listar caso o educador tenha este como uma das metas os padrões típicos de comportamento de dados gerais do seu curso/disciplina. históricos, reproduzindo-os na realização de exercícios teóricos, envolvendo os nomes 5 Considerações finais das técnicas de previsão mais utilizadas em Planejar uma disciplina ou um curso não é tarefa processos estacionários, com tendência e com fácil, ainda mais para profissionais que não tiveram sazonalidade. o devido preparo didático e pedagógico para realizar • Entender as diferenças entre as técnicas esse tipo de atividade, realidade que muitos docentes existentes, comparando cada uma com as do ensino superior enfrentam com regularidade. diferentes hipóteses e padrão de dados. A não realização de um planejamento pedagógico • Escolher e aplicar, de forma consciente, uma adequado, que delimite conteúdo e escolha estratégias das técnicas, implementando um programa educacionais eficazes, pode levar os docentes a específico ou utilizando um aplicativo disponível enfrentarem alto grau de evasão em suas disciplinas, ou mesmo uma ansiedade pessoal relacionada ao no mercado. fato de perceberem que seus discentes não estão • Analisar as diferentes medidas de erro, atingindo o nível de desenvolvimento (cognitivo, de diferenciando-as, atribuindo significados de competência e de habilidade) desejado. importância e entendendo em quais circunstâncias Essa situação de evasão e de ansiedade, gerada pela cada uma delas é mais adequada. percepção de não estar atingindo a meta proposta,
  • 11. Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações... 431 pode ser fruto da falta de comprometimento efetivo Referências dos discentes, mas também pode ser reação às ANDERSON, L. W. Rethinking Bloom’s Taxonomy: dificuldades que enfrentam na realização das tarefas implication for testing and assessment. Columbia: propostas, pois não percebem ou não possuem uma University of South Carolina, 1999. (Report n. MF01/ compreensão adequada do objetivo pretendido, da PC01). importância do conteúdo abordado e das técnicas ANDERSON, L. W. et. al. A taxonomy for learning, instrucionais utilizadas, além da concordância desses teaching and assessing: a revison of Bloom’s Taxonomy itens com os critérios de avaliação e de recuperação of Educational Objectives. Nova York: Addison Wesley do aprendizado. Longman, 2001. 336 p. Todo desenvolvimento cognitivo deve seguir uma BELHOT, R. V.; FREITAS, A. A.; VASCONCELLOS D. D. estrutura hierárquica para que, no momento oportuno, Requisitos profissionais do estudante de engenharia de produção: uma visão através dos estilos de aprendizagem. os discentes sejam capazes de aplicar e transferir, de Revista Gestão da Produção e Sistemas, v. 1, n. 2, forma multidisciplinar, um conhecimento adquirido. p. 125-135, 2006. Entretanto, para que isso aconteça, o planejamento BLOOM, B. S. Some major problems in educational é essencial e precisa ser estruturado de forma coerente, measurement. Journal or Educational Research, seja em torno de objetivos bem definidos (gerais e v. 38, n. 1, p. 139-142, 1944. específicos), da delimitação dos conteúdos, da escolha BLOOM, B. S. et al. Taxonomy of educational objectives. das estratégias e instrumentos de avaliação, ou seja, New York: David Mckay, 1956. 262 p. (v. 1) para “medir” o que foi aprendido e direcionar, de forma BLOOM, B. S.; HASTINGS, J. T.; MADAUS, G. corretiva e formativa, todo processo educacional. F. Handbook on formative and sommative A utilização de instrumentos que facilitem essa evaluation of student learning. New York: McGraw- atividade é fundamental e nesse contexto a Taxonomia Hill, 1971. 923 p. de Bloom tem colaborado significativamente, pois BLOOM, B. S. Innocence in education. The School Review, v. 80, n. 3, p. 333-352, 1972. é um instrumento de classificação de objetivos de BLOOM, B. S. What we are learning about teaching and aprendizagem de forma hierárquica (do mais simples learning: a summary of recent research. Principal, para o mais complexo) que pode ser utilizado para v. 66, n. 2, p. 6-10, 1986. estruturar, organizar e planejar disciplinas, cursos CLARK, D. Learning domains or Bloom’s taxonomy: ou módulos instrucionais. the three types of learning. Disponível em: <www. O que torna a utilização da Taxonomia de Bloom nwlink.com/~donclark/hrd/bloom.html>. Acesso em: um instrumento adequado para ser utilizado no 19 abril 2006. ensino de terceiro grau é que ela, nos últimos anos, CONKLIN, J. A taxonomy for learning, teaching and foi avaliada e atualizada considerando os avanços assessing: a revision of Blooms’s taxonomy of educational estratégicos e tecnológicos incorporados ao meio objectives. Educational Horizons, v. 83, n. 3, p. 153-159, educacional. 2005 DRISCOLL, M. Psychology of learning for instruction. A bidimensionalidade (tabela de dupla entrada) Needhan Heights: Allyn & Bacon, 200. 476 p. criada na atualização do instrumento provê um novo GUSKEY, T. R. Benjamin S. Bloom’s contributions direcionamento para que educadores possam planejar to curriculum, instruction, and school learning. melhor seus objetivos instrucionais e direcionem, de In: ANNUAL MEETING OF THE AMERICAN forma coerente, clara e concisa, seu processo de ensino, EDUCATIONAL RESEARCH ASSOCIATION, 2001, de forma a efetivar o processo de aprendizagem. Seattle. Proceedings... Seattle: AERA Como na taxonomia original de 1956, a atual KRATHWOHL, D. R. A revision of Bloom’s taxonomy: an Taxonomia de Bloom, publicada em 2001, não possui overview. Theory in Practice, v. 41, n. 4, p. 212-218, sua utilização delimitada por nenhuma modalidade 2002. educacional, em outras palavras, ela não está LOMENA, M. Benjamin Bloom. Disponível em: <http:// relacionada à modalidade na qual a educação acontece www.everything2.com/ index.pl?node_id=143987>. Acesso em: 28 março 2006. (presencial ou a distância), e, sim, à efetividade do MAGER, R. F. Preparing instructional objectives. processo educacional, pois é o “como” implementar Belmont: Lake Publishers Co., 1984. 136 p. objetivos, estratégias e conteúdo que realmente SCHOOL OF EDUCATION. Bloom’s Taxonomy: cognitive importa, e não a forma ou o ambiente na qual a domain. Disponível em: <http://www.olemiss.edu/depts/ aprendizagem ocorrerá. educ_school2/docs/stai_manual/manual8.html>. Acesso em: 27 setembro 2005. Agradecimentos VAUGHAN, C. A. Identifying course goals: domains and levels of learning. Teaching Sociology, v. 7, n. 3, Ana Paula do Carmo Marcheti agradece à CAPES p. 265-279, 1980. (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível WIKIPEDIA. Taxonomy. 2006. Disponível em: <http:// Superior) e à Universidade Simon Frasier, Canadá, o en.wikipedia.org/wiki/Taxonomy>. Acesso em: 28 apoio à pesquisa que deu origem a este artigo. março 2006.