Poder midiático global e concentração na contemporaneidade
1. Poder da mídia na
contemporaneidade
Disciplina: Estudos do Contemporâneo
Prof.: Ms. Laércio Torres de Góes
2. Poder midiático: alcance mundial
• “Não se preocupem. Não queremos
controlar o mundo. Só queremos um
pedaço dele.” - Rupert Murdoch, dono
da News Corporation, colossal império
de comunicação presente em 133 países.
• Poder planetário da mídia na
contemporaneidade.
• Papel estratégico: As corporações de
informação e entretenimento ocupam um
duplo papel estratégico no processo de
reprodução ampliada do capitalismo.
3. Discurso hegemônico
• Discurso hegemônico: agentes operacionais da globalização. Não
apenas legitimam o ideário global, como também o transformam no
discurso social hegemônico.
• Propagação de visões de mundo e modos de vida que transferem para o
mercado a regulação das demandas coletivas.
• Retórica da globalização: consumo como valor universal, capaz de
converter necessidades, desejos e fantasias em bens integrados à esfera
da produção.
• Valor do mercado: consenso sobre a hipotética superioridade das
“economias abertas”. (neoliberalismo)
4. Discurso hegemônico
• Monopólio/oligopólio: não há espaços para contestações.
• Construção ideológica: ressignificações de sentido das
palavras: reforma (contra-reforma?), desrregulamentação.
• Novas tecnologias – Aldeia global: capacidade única de
interconectar o planeta, através de satélites, cabos de fibra óptica
e redes infoeletrônicas.
• Interliga povos, países, sociedades, culturas e economias.
5. CNN: alcance mundial
•
Exemplo da articulação existente entre o modo de
produção capitalista e as tecnologias de comunicação e
informação:
•
CNN: distribui, por satélites e cabos, a partir da matriz em
Atlanta, notícias 24 horas por dia para 240 milhões de lares
em 200 países e 86 milhões nos Estados Unidos, além de
890 mil quartos de hotéis conveniados. O mundo em tempo
real exibido para 1 bilhão de telespectadores.
•
Criou e universalizou uma linguagem e um formato para a
informação televisiva, como, várias vezes, alinha a sua
orientação editorial com interesses estratégicos norteamericanos (cobertura favorável ao governo Bush na
invasão do Iraque em 2003).
6. Informação globalizada
•
A informação como fonte alimentadora das
engrenagens indispensáveis à hegemonia do capital,
recurso básico de gestão e produção.
•
A noção de informação vai além da notícia e embute
várias concepções: informação de base (bancos de
dados, acervos digitais, arquivos multimídias),
informação cultural (filmes, vídeos, jornais, programas
televisivos, livros etc.) e know-how (invenções,
patentes, protótipos etc.).
•
Agência de notícias: gatekeepers mundiais (Reuters,
AP, AFP, EFE, Xinhua, Itar-Tass).
•
Domínio dos fluxos de informação mundial.
7. Conglomerados de mídia
• Conglomerados de mídia desempenham
também o papel de agentes econômicos
globais.
• Todos eles figuram entre as 300 maiores
empresas não-financeiras do mundo.
• Concentração no setor a partir dos
anos 90: convergência multimídia,
alianças, fusões e participações cruzadas.
• Agentes discursivos e agentes
econômicos
8.
9. Conglomerados de mídia
• Convergência multimídia
• Mudança de paradigma comunicacional: do
gabarito midiático para o multimidiático ou
multimídia, sob o signo da digitalização.
• A linguagem digital favorece a convergência de
redes e plataformas, contribuindo para a união
das infra-estruturas de transmissão de dados,
imagens e sons, em proporções incalculáveis.
• Infotelecomunicações: a soma dos prefixos dos
setores convergentes (informática,
telecomunicação e comunicação).
10. Conglomerados de mídia
• Novos canais e suportes: aumento da capacidade de transmissão
(Internet, DVD, TV interativa de alta definição, celulares com web
móvel, webcam, MP3 e os tantos que virão).
• Multiplicação dos fluxos informativos, financeiros, culturais e comerciais.
• Segmentação: a convergência de sistemas digitais de transmissão e
recepção favorece a segmentação dos consumidores pela variedade de
serviços oferecidos por dispositivos integrados de comunicação.
• Espiral reprodutiva: necessidade produzir e disponibilizar conteúdos
diversificados para vários canais. Cada um deles constitui uma mídia
específica, com dinâmicas de linguagem, áreas de entretenimento,
padrões de interação e campos de atração de assinantes, usuários, capitais
publicitários e serviços pagos.
11. Conglomerados de mídia
• Holding destaca-se como pólo de planejamento e decisão ao qual se
remetem as estratégias locais, nacionais e regionais.
• Desterritorialização da produção: as corporações implementam
políticas de produção, comercialização e marketing, absorvendo certas
particularidades socioculturais dos países em que operam.
• Os consumidores passam a ser classificados não exclusivamente por
faixas de renda, classes ou escolaridade, mas também em função de
estilos de vida e gostos comuns, que se superpõem às identidades
clássicas.
12. Concentração midiática
•
A mídia global está nas mãos de duas dezenas de
conglomerados, com receitas entre US$ 8 bilhões e US$ 40
bilhões (2004).
•
Veiculam dois terços das informações e dos conteúdos
culturais disponíveis no planeta.
•
São proprietários de estúdios, produtoras, distribuidoras e
exibidoras de filmes, gravadoras de discos, editoras,
parques de diversões, TVs abertas e pagas, emissoras de
rádio, revistas, jornais, serviços on line, portais e
provedores de Internet, vídeos, videogames, jogos,
softwares, CD-ROMs, DVDs, equipes esportivas,
megastores, agências de publicidade e marketing, telefonia
celular, telecomunicações, transmissão de dados, agências
de notícias e casas de espetáculos.
13. Concentração midiática
• Somente em 2003, houve mais de 460 fusões e aquisições de
empresas do setor de mídia nos Estados Unidos, movimentando
cerca de US$ 36 bilhões.
• As vantagens empresariais são evidentes: aumenta o poder de
negociação comercial com fornecedores, diminui despesas,
reparte dívidas e soma ativos.
• O monopólio privado reduz a possibilidade de escolha dos
consumidores, já que as opções se agrupam em um único
portfólio e sob idêntica diretriz estratégica.
14. Concentração midiática
• Indústrias culturais:
• Em ¾ do planeta, as principais cadeias de distribuição e
exibição cinematográficas pertencem a cartéis de Hollywood.
• 80% do mercado fonográfico estão em poder das chamadas
“quatro irmãs”: Universal Music, Warner (Time Warner), Sony
BMG e EMI.
• O ramo editorial é controlado por dez megafirmas (Bertelsmann,
Time Warner, Viacom, News, Pearson, Hachette, McGrawHill, Reed Elsevier, Wolters Kluwer, Thomson e RizzoliCorriere della Sera).
15. Concentração midiática
• Conglomerados asiáticos (quanto à fabricação de equipamentos ) e
norte-americanos (quanto à produção de mídias pré-gravadas)
dominam as indústrias de DVD e Blue-ray.
• Dez empresas japonesas, entre elas Sony, Hitachi, Fuji e Matsushita,
são responsáveis por 90% das exportações mundiais de aparelhos de
DVD e Blue-ray.
• Sony, Sega e Nintendo centralizam 90% das vendas de videogames.
• “Na lógica da ‘coisificação’, a intenção final é transformar objetos de
todos os tipos em mercadorias. Se esses objetos são estrelas de cinema,
sentimentos ou experiência política não importa.” (Fredric Jameson)
16. Concentração midiática
•
Concentração nos países ricos: os Estados Unidos
ficam com 55% das receitas mundiais geradas por bens
culturais e comunicacionais; a União Européia, com
25%; Japão e Ásia, com 15%; e a América Latina, com
apenas 5%.
•
Alianças com monopólios nacionais: as principais
organizações de mídia (Globo do Brasil; Televisa do
México; Cisneros da Venezuela; Clarín da Argentina)
têm acordos e joint ventures com conglomerados
transnacionais.
•
Além de monopolizar os mercados nacionais, ajudam a
rentabilizar os negócios dos sócios globais com a
importação e royalties de filmes, seriados, vídeos,
discos, livros, programas de TV e desenhos animados (a
maioria dublada em espanhol e português).
17. Democratização da comunicação
•
Medidas de salvaguarda das identidades culturais na América Latina sugeridas
por Néstor García Canclini:
•
1) os governos precisam preservar o patrimônio histórico tangível e intangível,
bem como incentivar a geração de conteúdos que ampliem as ofertas de
entretenimento fora da bitola da mídia;
•
2) ações coordenadas envolvendo a sociedade civil compatibilizariam o avanço
tecnológico, a expressão multicultural e a participação democrática dos
cidadãos;
•
3) políticas públicas devem apoiar e desonerar a produção culturalnacional,
aumentando a competitividade nos mercados interno e externo;
•
4) é importante proteger legalmente as singularidades culturais através de
mecanismos consistentes de regulação dos fluxos de programações e imagens.
18. Democratização da comunicação
• Papel da Internet: com baixo custo e rapidez, o ecossistema digital
favorece a difusão descentralizada de informações e conhecimentos, sem
submetê-los às hierarquias de juízos e aos filtros ideológicos da mídia
convencional.
• No espaço público desterritorializado da Web, organismos sociais podem
ampliar a circulação de conteúdos críticos, debater alternativas ao
neoliberalismo e difundir reivindicações éticas.
• Ofensiva dos conglomerados midiáticos na Web
• A questão da exclusão e desigualdade digital
• Implantação de política de acesso à Web.
19. Referência
• MORAES, Dênis. A lógica da mídia no sistema de
poder mundial. Revista de Economía Política de
las Tecnologías de la Información y
Comunicación, Vol. VI, n. 2, Mai – Ago. 2004.