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Práticas com poesia na biblioteca
            escolar


     Antonia de Souza Verdini
A Linguagem Poética
    A matéria prima do poeta é a palavra. A palavra que vai ser
     selecionada, trabalhada, reorganizada, usada com significados
     muitas vezes diferentes do convencional.
    “ A linguagem poética explora o sentido conotativo das
     palavras, isto é, não o sentido frio e impessoal, “em estado de
     dicionário”, mas sim o sentido alterado, passível de
     interpretações”. Como neste poema de Ferreira Gullar –

     


    Programa Biblioteca e Educação - 2012
2
Meu povo, meu poema
                                                          Ferreira
      Goulart

    Meu povo e meu poema crescem              Meu povo em meu poema
    juntos                                    se reflete
    como cresce no fruto                      como a espiga se funde em terra
    a árvore nova                             fértil

    No povo meu poema vai nascendo
    como no canavial                          Ao povo seu poema aqui devolvo
    nasce verde o açúcar                      menos como quem canta
                                              do que planta
    No povo meu poema está maduro
    como o sol
    na garganta do futuro



3     Programa Biblioteca e Educação - 2012
As figuras de linguagem
    O trabalho artístico de elaboração com as palavras vai resultar muitas vezes
    no que se conhece como “figuras de linguagem”, ou seja, recursos que
    podem tornar mais expressivas as mensagens e que se subdividem em
    figuras de som, de construção ou sintaxe, de pensamento e de palavras. No
    poema do Gullar – Meu povo, meu poema –, vemos a repetição constante
    da palavra povo e poema, o que constitui uma figura de linguagem de
    construção – anáfora.
    Neruda tentava explicar ao carteiro, no filme “O carteiro e o poeta”, o que
    são metáforas. A metáfora consiste em “empregar um termo com
    significado diferente do habitual, com base numa relação de
    similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. Por
    exemplo: Meu pensamento é um rio subterrâneo”. As metáforas são figuras
    de linguagem dentro da classificação de figuras de palavras.


4   Programa Biblioteca e Educação - 2012
As rimas:          As rimas vão se constituir no “jogo sonoro” feito com
    os sons semelhantes ou idênticos no final dos versos, como no famoso
    “Soneto de fidelidade” de Vinícius de Moraes:
    Soneto de Fidelidade                       E assim, quando mais tarde me
    Vinicius de Moraes                         procure
                                               Quem sabe a morte, angústia de quem
    De tudo ao meu amor serei atento           vive
    Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto   Quem sabe a solidão, fim de quem ama
    Que mesmo em face do maior encanto
    Dele se encante mais meu pensamento.       Eu possa me dizer do amor (que tive):
                                               Que não seja imortal, posto que é
    Quero vivê-lo em cada vão momento          chama
    E em seu louvor hei de espalhar meu        Mas que seja infinito enquanto dure.
    canto
    E rir meu riso e derramar meu pranto       in Vinicius de Moraes, "Antologia
    Ao seu pesar ou seu contentamento          Poética", Editora do Autor, Rio de
                                               Janeiro, 1960, pág. 96.




5      Programa Biblioteca e Educação - 2012
Os poetas modernistas do século XX se contrapõem a essa
    exigência exagerada de rimas em seus poemas, uma vez que a
    linguagem poética pode ser trabalhada de outras maneiras.
            Carlos Drummond de Andrade faz um poema em que essa questão é
                                     destacada. Vejamos a primeira estrofe:
             CONSIDERAÇÃO DO POEMA
             Não rimarei a palavra sono
             com a incorrespondente palavra outono.
             Rimarei com a palavra carne
             ou qualquer outra, que todas me convêm.
             As palavras não nascem amarradas,

             elas saltam, se beijam, se dissolvem,
             no céu livre por vezes um desenho,
             são puras, largas, autênticas, indevassáveis.
                                                             (...)



6     Programa Biblioteca e Educação - 2012
A métrica
     
    Dizemos que os versos são regulares quanto à metrificação quando
    apresentam o mesmo número de sílabas poéticas, ou seja, de emissões
    sonoras. O conceito de sílaba poética difere do de sílaba gramatical.
    Ver no texto as junções sonoras em que duas sílabas gramaticais vão ser
    pronunciadas numa única sílaba poética.

    A estrofe
    Nome que se dá aos grupos de versos dos poemas. No “Soneto de
    fidelidade” de Vinícius de Moraes temos quatro estrofes, sendo dois
    quartetos e dois tercetos.




7     Programa Biblioteca e Educação - 2012
O ritmo poético : A rima e a métrica vão contribuir para a
       determinação do ritmo poético, somando-se ao jogo das sílabas
       tônicas das palavras, dos fonemas vocálicos e consonantais, da
       pontuação, entre outros recursos.

    No poema do Neruda declamado para o carteiro, no filme “O carteiro e o poeta”,
                                   percebemos bem o jogo rítmico estabelecido:

       Aqui na ilha há tanto mar,                Batendo numa pedra, mas sem
       O mar e mais o mar.                       convencê-la.
       Ele transborda de tempo em tempo.         Depois com as sete línguas verdes
       Diz que sim, depois que não,              De sete tigres verdes, de sete cães
       Diz sim e de novo não.                    verdes,
       No azul, na espuma, em galope             De sete mares verdes
       Ele diz não e novamente sim.              Ele a acaricia, a beija e a umedece;
       Não fica tranquilo, não consegue          E escorre em seu peito
       parar.                                    Repetindo seu próprio nome.
       Meu nome é mar ele repete

                                                                           Pablo Neruda


8        Programa Biblioteca e Educação - 2012
Trecho do Filme: O carteiro e o Poeta




9     Programa Biblioteca e Educação - 2012

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Práticas poéticas na biblioteca escolar

  • 1. Práticas com poesia na biblioteca escolar Antonia de Souza Verdini
  • 2. A Linguagem Poética A matéria prima do poeta é a palavra. A palavra que vai ser selecionada, trabalhada, reorganizada, usada com significados muitas vezes diferentes do convencional. “ A linguagem poética explora o sentido conotativo das palavras, isto é, não o sentido frio e impessoal, “em estado de dicionário”, mas sim o sentido alterado, passível de interpretações”. Como neste poema de Ferreira Gullar –   Programa Biblioteca e Educação - 2012 2
  • 3. Meu povo, meu poema Ferreira Goulart Meu povo e meu poema crescem Meu povo em meu poema juntos se reflete como cresce no fruto como a espiga se funde em terra a árvore nova fértil No povo meu poema vai nascendo como no canavial Ao povo seu poema aqui devolvo nasce verde o açúcar menos como quem canta do que planta No povo meu poema está maduro como o sol na garganta do futuro 3 Programa Biblioteca e Educação - 2012
  • 4. As figuras de linguagem O trabalho artístico de elaboração com as palavras vai resultar muitas vezes no que se conhece como “figuras de linguagem”, ou seja, recursos que podem tornar mais expressivas as mensagens e que se subdividem em figuras de som, de construção ou sintaxe, de pensamento e de palavras. No poema do Gullar – Meu povo, meu poema –, vemos a repetição constante da palavra povo e poema, o que constitui uma figura de linguagem de construção – anáfora. Neruda tentava explicar ao carteiro, no filme “O carteiro e o poeta”, o que são metáforas. A metáfora consiste em “empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. Por exemplo: Meu pensamento é um rio subterrâneo”. As metáforas são figuras de linguagem dentro da classificação de figuras de palavras. 4 Programa Biblioteca e Educação - 2012
  • 5. As rimas: As rimas vão se constituir no “jogo sonoro” feito com os sons semelhantes ou idênticos no final dos versos, como no famoso “Soneto de fidelidade” de Vinícius de Moraes: Soneto de Fidelidade E assim, quando mais tarde me Vinicius de Moraes procure Quem sabe a morte, angústia de quem De tudo ao meu amor serei atento vive Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Quem sabe a solidão, fim de quem ama Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é Quero vivê-lo em cada vão momento chama E em seu louvor hei de espalhar meu Mas que seja infinito enquanto dure. canto E rir meu riso e derramar meu pranto in Vinicius de Moraes, "Antologia Ao seu pesar ou seu contentamento Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96. 5 Programa Biblioteca e Educação - 2012
  • 6. Os poetas modernistas do século XX se contrapõem a essa exigência exagerada de rimas em seus poemas, uma vez que a linguagem poética pode ser trabalhada de outras maneiras.  Carlos Drummond de Andrade faz um poema em que essa questão é destacada. Vejamos a primeira estrofe:   CONSIDERAÇÃO DO POEMA   Não rimarei a palavra sono com a incorrespondente palavra outono. Rimarei com a palavra carne ou qualquer outra, que todas me convêm. As palavras não nascem amarradas, elas saltam, se beijam, se dissolvem, no céu livre por vezes um desenho, são puras, largas, autênticas, indevassáveis. (...) 6 Programa Biblioteca e Educação - 2012
  • 7. A métrica   Dizemos que os versos são regulares quanto à metrificação quando apresentam o mesmo número de sílabas poéticas, ou seja, de emissões sonoras. O conceito de sílaba poética difere do de sílaba gramatical. Ver no texto as junções sonoras em que duas sílabas gramaticais vão ser pronunciadas numa única sílaba poética. A estrofe Nome que se dá aos grupos de versos dos poemas. No “Soneto de fidelidade” de Vinícius de Moraes temos quatro estrofes, sendo dois quartetos e dois tercetos. 7 Programa Biblioteca e Educação - 2012
  • 8. O ritmo poético : A rima e a métrica vão contribuir para a determinação do ritmo poético, somando-se ao jogo das sílabas tônicas das palavras, dos fonemas vocálicos e consonantais, da pontuação, entre outros recursos. No poema do Neruda declamado para o carteiro, no filme “O carteiro e o poeta”, percebemos bem o jogo rítmico estabelecido: Aqui na ilha há tanto mar, Batendo numa pedra, mas sem O mar e mais o mar. convencê-la. Ele transborda de tempo em tempo. Depois com as sete línguas verdes Diz que sim, depois que não, De sete tigres verdes, de sete cães Diz sim e de novo não. verdes, No azul, na espuma, em galope De sete mares verdes Ele diz não e novamente sim. Ele a acaricia, a beija e a umedece; Não fica tranquilo, não consegue E escorre em seu peito parar. Repetindo seu próprio nome. Meu nome é mar ele repete Pablo Neruda 8 Programa Biblioteca e Educação - 2012
  • 9. Trecho do Filme: O carteiro e o Poeta 9 Programa Biblioteca e Educação - 2012