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A FUNÇÃO
           DISCURSIVA/TEXTUAL
                   DOS
               OPERADORES
            ARGUMENTATIVOS
           NO TEXTO INFANTIL

8/8/2009         marta melo de oliveira   1
A ANCORAGEM
           TEÓRICA SE RESUME
           EM QUATRO PONTOS:


8/8/2009         marta melo de oliveira   2
1º.

  A produção de textos orais e escritos é o “ ponto
       de partida (e ponto de chegada) de todo o
     processo de ensino/aprendizagem da língua
    (GERALDI, 2003)”, pois é através do texto que a
     língua se revela em sua totalidade, seja como
               forma, seja como discurso.


8/8/2009             marta melo de oliveira           3
2º.

 Redação   são textos para a escola.

 Produção   de textos são textos
    produzidos na escola.


8/8/2009         marta melo de oliveira   4
3º.
   À medida que a criança desenvolve
    habilidades para fazer uso da língua,
    obviamente, também desenvolve
    habilidades para argumentar, porque a
    argumentatividade está inscrita na
    linguagem.



8/8/2009            marta melo de oliveira   5
4º.
 Na    cabeça da criança há uma
    macroestrutura narrativa que se
    expressa em itens lexicais com funções
    de introduzir, retomar, relacionar
    “fatos, personagens e diálogos” em
    operações narrativas.

8/8/2009          marta melo de oliveira     6
O uso destes itens ou
           operadores argumentativos
               não é aleatório, mas
              determinado por uma
             necessidade da narrativa.

8/8/2009             marta melo de oliveira   7
Os operadores, diz Fávero (2005:39) são
      responsáveis pela estruturação dos enunciados
      em textos, por meio de encadeamentos, dando-
           lhes uma orientação argumentativa.




8/8/2009              marta melo de oliveira          8
   Em razão do papel funcional textual-discursivo
    que exercem nos segmentos lingüísticos (início
    de turno de fala, meio de turno de fala, meios de
    parágrafos e início de parágrafos) na literatura
    infantil, os operadores argumentativos podem
    ser classificados, de acordo com Santos (2003)
    em: organização tópica, progressão
    narrativa, interação e contrajunção.

8/8/2009              marta melo de oliveira        9
   A organização tópica compreende as
    subfunções: ruptura e retomada.
   A progresssão narrativa se desdobra em:
    mudança de condução da narrativa, adição,
    progressão temporal, causa/efeito, ênfase e
    conclusão/finalização.
   A interação tem as subfunções: interpelação,
    ênfase exclamativa/interrogativa e
    contestação.
   Finalmente, a contrajunção com as subfunções:
    quebra de expectativa, retificação e ressalva.
8/8/2009             marta melo de oliveira      10
Os operadores usados pelas
   ...          crianças são:




8/8/2009            marta melo de oliveira   11
Para a produção do texto infantil
   O USO DOS OPERADORES é importante
    porque funcionam como um “gancho” que
    mantém a progressão da narrativa ou seja:
   Mudança de condição da narrativa
   Adição
   Progressão temporal
   Causa/efeito
   Ênfase
   Conclusão/finalização

8/8/2009            marta melo de oliveira      12
EXEMPLO

   “Era   uma vez um cão aí no mesmo
    instante um coelho ladrão viu cenouras e
    foi roubar aí o cão viu e latiu aí o dono
    correu, correu e aí o coelho passou a
    cerca...”


8/8/2009            marta melo de oliveira      13
8/8/2009   marta melo de oliveira   14
SABEMOS QUE
   o discurso pedagógico pode condicionar o aluno
    a repetir apenas as experiências textuais
    padronizadas pela escola.
    Assim na produção textual, o professor orienta
    a não utilização de aí/ então/ e/ mas como
    mecanismos de coesão e progressão textual,
    porque são termos inadequados para a escrita.


8/8/2009              marta melo de oliveira      15
 Impedida    de usar aí/então/e/mas
    como mecanismos de coesão e
    progressão textual, a criança, segundo
    o que ensina Geraldi (2003) produz a
    redação escolar. Ela faz textos para a
    escola. Não pensa nem cria, reproduz.

8/8/2009          marta melo de oliveira   16
   Tal metodologia desarticula a competência
    argumentativa das nossas crianças.
   Em razão disso a criança fica insegura e tolhida
    no processo de construção de texto, incapaz de
    argumentar e o professor ensina-lhe a preencher
    espaço em branco com frases estereotipadas.




8/8/2009              marta melo de oliveira      17
COMO CONSEQÜÊNCIA

 Mais    tarde, temos jovens que não
    sabem argumentar em virtude desta
    pedagogia que conspira contra a
    identidade do sujeito, quando impõe a
    mera assimilação de técnicas no
    ensino/aprendizagem de produção de
    textos.
8/8/2009          marta melo de oliveira    18
 Verificando    a literatura infantil,
    podemos ver que é comum iniciar
    períodos com e ou aí. Não é literatura
    apropriada para crianças? Por que os
    autores infantis podem usar e abusar
    destes operadores e as crianças não?

8/8/2009          marta melo de oliveira   19
EXEMPLO
   Um dia o menino estava distraído, meio longe de casa, e
    pisou num galho seco que estalou. Aí o lobinho, que
    também estava por ali, distraído, meio longe de casa,
    ouviu o estalo, se assustou e bufou. Então os dois se
    viraram e se olharam. De repente. Frente a frente. Aí
    cada um ...” (Ana Maria Machado)




8/8/2009                 marta melo de oliveira               20
   O que propomos para contornar este problema
    é uma metodologia voltada para a interação
    professor/alunos. Que ambos se reconheçam
    sujeitos do processo dialógico
    ensino/aprendizagem. Que as respostas sejam
    “respostas” e não verdades a serem
    memorizadas. Que o texto produzido seja na
    escola e não para a escola.

8/8/2009            marta melo de oliveira        21
   Nesse sentido, o aluno/locutor escolhe as
    estratégias para realizar o que tem a dizer e,
    conseqüentemente, as operações de
    argumentação que lhe são familiares para
    construir o seu texto, como por exemplo o uso
    do operador argumentativo aí.




8/8/2009              marta melo de oliveira         22
 Propomos      ainda que os operadores
    argumentativos que fazem parte do
    universo de conhecimentos da criança
    sejam aceitos pelos professores como
    aliados no processo de produção
    textual junto à pontuação.

8/8/2009          marta melo de oliveira   23
   É como diz Drummond: “lutar com as palavras/
    parece sem fruto/ não tem carne e sangue.../
    entretanto, luto”. Lutamos por uma metodologia
    que permita que nossas crianças possam utilizar
    as operações de argumentação que lhes sejam
    familiares, para que se sintam seguras no
    processo de produção de textos.



8/8/2009             marta melo de oliveira       24
É    uma luta aparentemente sem
    perspectiva de vitórias, uma luta
    em vão, entretanto lutamos.




8/8/2009         marta melo de oliveira   25
REFERÊNCIAS
   FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência
    textuais. São Paulo: Ática, 2005.
   GERALDI, J. Wanderley. Portos de
    passagem. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
   PÉCORA, A. Problemas de redação. São
    Paulo: Martins Fontes, 2002.
   SANTOS, Leonor Werneck dos. Articulação
    textual na literatura infantil e juvenil. Rio de
    Janeiro: Lucerna, 2003.
8/8/2009              marta melo de oliveira       26
REFERÊNCIAS
   Literatura infantil
   MACHADO, A. M. Alguns medos e seus
    segredos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
   Textos produzidos por crianças na internet
   JORGE, L. L. / Idade: 4 anos/ Escolaridade:
    Alfabetização. Recife, Pe. Disponível em<
    http://sitededicas.uol.com.br/contoscri.htm >.
    Acessado em 26 de fevereiro de 2006.

8/8/2009              marta melo de oliveira      27
Marta Melo de Oliveira

              marta.e.melo@gmail.com




8/8/2009            marta melo de oliveira   28

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Operadores argumentativos na produção textual infantil

  • 1. A FUNÇÃO DISCURSIVA/TEXTUAL DOS OPERADORES ARGUMENTATIVOS NO TEXTO INFANTIL 8/8/2009 marta melo de oliveira 1
  • 2. A ANCORAGEM TEÓRICA SE RESUME EM QUATRO PONTOS: 8/8/2009 marta melo de oliveira 2
  • 3. 1º. A produção de textos orais e escritos é o “ ponto de partida (e ponto de chegada) de todo o processo de ensino/aprendizagem da língua (GERALDI, 2003)”, pois é através do texto que a língua se revela em sua totalidade, seja como forma, seja como discurso. 8/8/2009 marta melo de oliveira 3
  • 4. 2º.  Redação são textos para a escola.  Produção de textos são textos produzidos na escola. 8/8/2009 marta melo de oliveira 4
  • 5. 3º.  À medida que a criança desenvolve habilidades para fazer uso da língua, obviamente, também desenvolve habilidades para argumentar, porque a argumentatividade está inscrita na linguagem. 8/8/2009 marta melo de oliveira 5
  • 6. 4º.  Na cabeça da criança há uma macroestrutura narrativa que se expressa em itens lexicais com funções de introduzir, retomar, relacionar “fatos, personagens e diálogos” em operações narrativas. 8/8/2009 marta melo de oliveira 6
  • 7. O uso destes itens ou operadores argumentativos não é aleatório, mas determinado por uma necessidade da narrativa. 8/8/2009 marta melo de oliveira 7
  • 8. Os operadores, diz Fávero (2005:39) são responsáveis pela estruturação dos enunciados em textos, por meio de encadeamentos, dando- lhes uma orientação argumentativa. 8/8/2009 marta melo de oliveira 8
  • 9. Em razão do papel funcional textual-discursivo que exercem nos segmentos lingüísticos (início de turno de fala, meio de turno de fala, meios de parágrafos e início de parágrafos) na literatura infantil, os operadores argumentativos podem ser classificados, de acordo com Santos (2003) em: organização tópica, progressão narrativa, interação e contrajunção. 8/8/2009 marta melo de oliveira 9
  • 10. A organização tópica compreende as subfunções: ruptura e retomada.  A progresssão narrativa se desdobra em: mudança de condução da narrativa, adição, progressão temporal, causa/efeito, ênfase e conclusão/finalização.  A interação tem as subfunções: interpelação, ênfase exclamativa/interrogativa e contestação.  Finalmente, a contrajunção com as subfunções: quebra de expectativa, retificação e ressalva. 8/8/2009 marta melo de oliveira 10
  • 11. Os operadores usados pelas  ... crianças são: 8/8/2009 marta melo de oliveira 11
  • 12. Para a produção do texto infantil  O USO DOS OPERADORES é importante porque funcionam como um “gancho” que mantém a progressão da narrativa ou seja:  Mudança de condição da narrativa  Adição  Progressão temporal  Causa/efeito  Ênfase  Conclusão/finalização 8/8/2009 marta melo de oliveira 12
  • 13. EXEMPLO  “Era uma vez um cão aí no mesmo instante um coelho ladrão viu cenouras e foi roubar aí o cão viu e latiu aí o dono correu, correu e aí o coelho passou a cerca...” 8/8/2009 marta melo de oliveira 13
  • 14. 8/8/2009 marta melo de oliveira 14
  • 15. SABEMOS QUE  o discurso pedagógico pode condicionar o aluno a repetir apenas as experiências textuais padronizadas pela escola.  Assim na produção textual, o professor orienta a não utilização de aí/ então/ e/ mas como mecanismos de coesão e progressão textual, porque são termos inadequados para a escrita. 8/8/2009 marta melo de oliveira 15
  • 16.  Impedida de usar aí/então/e/mas como mecanismos de coesão e progressão textual, a criança, segundo o que ensina Geraldi (2003) produz a redação escolar. Ela faz textos para a escola. Não pensa nem cria, reproduz. 8/8/2009 marta melo de oliveira 16
  • 17. Tal metodologia desarticula a competência argumentativa das nossas crianças.  Em razão disso a criança fica insegura e tolhida no processo de construção de texto, incapaz de argumentar e o professor ensina-lhe a preencher espaço em branco com frases estereotipadas. 8/8/2009 marta melo de oliveira 17
  • 18. COMO CONSEQÜÊNCIA  Mais tarde, temos jovens que não sabem argumentar em virtude desta pedagogia que conspira contra a identidade do sujeito, quando impõe a mera assimilação de técnicas no ensino/aprendizagem de produção de textos. 8/8/2009 marta melo de oliveira 18
  • 19.  Verificando a literatura infantil, podemos ver que é comum iniciar períodos com e ou aí. Não é literatura apropriada para crianças? Por que os autores infantis podem usar e abusar destes operadores e as crianças não? 8/8/2009 marta melo de oliveira 19
  • 20. EXEMPLO  Um dia o menino estava distraído, meio longe de casa, e pisou num galho seco que estalou. Aí o lobinho, que também estava por ali, distraído, meio longe de casa, ouviu o estalo, se assustou e bufou. Então os dois se viraram e se olharam. De repente. Frente a frente. Aí cada um ...” (Ana Maria Machado) 8/8/2009 marta melo de oliveira 20
  • 21. O que propomos para contornar este problema é uma metodologia voltada para a interação professor/alunos. Que ambos se reconheçam sujeitos do processo dialógico ensino/aprendizagem. Que as respostas sejam “respostas” e não verdades a serem memorizadas. Que o texto produzido seja na escola e não para a escola. 8/8/2009 marta melo de oliveira 21
  • 22. Nesse sentido, o aluno/locutor escolhe as estratégias para realizar o que tem a dizer e, conseqüentemente, as operações de argumentação que lhe são familiares para construir o seu texto, como por exemplo o uso do operador argumentativo aí. 8/8/2009 marta melo de oliveira 22
  • 23.  Propomos ainda que os operadores argumentativos que fazem parte do universo de conhecimentos da criança sejam aceitos pelos professores como aliados no processo de produção textual junto à pontuação. 8/8/2009 marta melo de oliveira 23
  • 24. É como diz Drummond: “lutar com as palavras/ parece sem fruto/ não tem carne e sangue.../ entretanto, luto”. Lutamos por uma metodologia que permita que nossas crianças possam utilizar as operações de argumentação que lhes sejam familiares, para que se sintam seguras no processo de produção de textos. 8/8/2009 marta melo de oliveira 24
  • 25. É uma luta aparentemente sem perspectiva de vitórias, uma luta em vão, entretanto lutamos. 8/8/2009 marta melo de oliveira 25
  • 26. REFERÊNCIAS  FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 2005.  GERALDI, J. Wanderley. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 2003.  PÉCORA, A. Problemas de redação. São Paulo: Martins Fontes, 2002.  SANTOS, Leonor Werneck dos. Articulação textual na literatura infantil e juvenil. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003. 8/8/2009 marta melo de oliveira 26
  • 27. REFERÊNCIAS  Literatura infantil  MACHADO, A. M. Alguns medos e seus segredos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.  Textos produzidos por crianças na internet  JORGE, L. L. / Idade: 4 anos/ Escolaridade: Alfabetização. Recife, Pe. Disponível em< http://sitededicas.uol.com.br/contoscri.htm >. Acessado em 26 de fevereiro de 2006.  8/8/2009 marta melo de oliveira 27
  • 28. Marta Melo de Oliveira marta.e.melo@gmail.com 8/8/2009 marta melo de oliveira 28