O documento discute a função discursiva dos operadores argumentativos em textos infantis. A ancoragem teórica inclui quatro pontos: 1) a produção textual é fundamental para o ensino da língua; 2) redações são textos para a escola enquanto produções textuais são feitas na escola; 3) à medida que crianças desenvolvem habilidades linguísticas, também desenvolvem habilidades de argumentação; 4) crianças usam operadores para introduzir, retomar e relacionar elementos narrativos.
Operadores argumentativos na produção textual infantil
1. A FUNÇÃO
DISCURSIVA/TEXTUAL
DOS
OPERADORES
ARGUMENTATIVOS
NO TEXTO INFANTIL
8/8/2009 marta melo de oliveira 1
2. A ANCORAGEM
TEÓRICA SE RESUME
EM QUATRO PONTOS:
8/8/2009 marta melo de oliveira 2
3. 1º.
A produção de textos orais e escritos é o “ ponto
de partida (e ponto de chegada) de todo o
processo de ensino/aprendizagem da língua
(GERALDI, 2003)”, pois é através do texto que a
língua se revela em sua totalidade, seja como
forma, seja como discurso.
8/8/2009 marta melo de oliveira 3
4. 2º.
Redação são textos para a escola.
Produção de textos são textos
produzidos na escola.
8/8/2009 marta melo de oliveira 4
5. 3º.
À medida que a criança desenvolve
habilidades para fazer uso da língua,
obviamente, também desenvolve
habilidades para argumentar, porque a
argumentatividade está inscrita na
linguagem.
8/8/2009 marta melo de oliveira 5
6. 4º.
Na cabeça da criança há uma
macroestrutura narrativa que se
expressa em itens lexicais com funções
de introduzir, retomar, relacionar
“fatos, personagens e diálogos” em
operações narrativas.
8/8/2009 marta melo de oliveira 6
7. O uso destes itens ou
operadores argumentativos
não é aleatório, mas
determinado por uma
necessidade da narrativa.
8/8/2009 marta melo de oliveira 7
8. Os operadores, diz Fávero (2005:39) são
responsáveis pela estruturação dos enunciados
em textos, por meio de encadeamentos, dando-
lhes uma orientação argumentativa.
8/8/2009 marta melo de oliveira 8
9. Em razão do papel funcional textual-discursivo
que exercem nos segmentos lingüísticos (início
de turno de fala, meio de turno de fala, meios de
parágrafos e início de parágrafos) na literatura
infantil, os operadores argumentativos podem
ser classificados, de acordo com Santos (2003)
em: organização tópica, progressão
narrativa, interação e contrajunção.
8/8/2009 marta melo de oliveira 9
10. A organização tópica compreende as
subfunções: ruptura e retomada.
A progresssão narrativa se desdobra em:
mudança de condução da narrativa, adição,
progressão temporal, causa/efeito, ênfase e
conclusão/finalização.
A interação tem as subfunções: interpelação,
ênfase exclamativa/interrogativa e
contestação.
Finalmente, a contrajunção com as subfunções:
quebra de expectativa, retificação e ressalva.
8/8/2009 marta melo de oliveira 10
11. Os operadores usados pelas
... crianças são:
8/8/2009 marta melo de oliveira 11
12. Para a produção do texto infantil
O USO DOS OPERADORES é importante
porque funcionam como um “gancho” que
mantém a progressão da narrativa ou seja:
Mudança de condição da narrativa
Adição
Progressão temporal
Causa/efeito
Ênfase
Conclusão/finalização
8/8/2009 marta melo de oliveira 12
13. EXEMPLO
“Era uma vez um cão aí no mesmo
instante um coelho ladrão viu cenouras e
foi roubar aí o cão viu e latiu aí o dono
correu, correu e aí o coelho passou a
cerca...”
8/8/2009 marta melo de oliveira 13
15. SABEMOS QUE
o discurso pedagógico pode condicionar o aluno
a repetir apenas as experiências textuais
padronizadas pela escola.
Assim na produção textual, o professor orienta
a não utilização de aí/ então/ e/ mas como
mecanismos de coesão e progressão textual,
porque são termos inadequados para a escrita.
8/8/2009 marta melo de oliveira 15
16. Impedida de usar aí/então/e/mas
como mecanismos de coesão e
progressão textual, a criança, segundo
o que ensina Geraldi (2003) produz a
redação escolar. Ela faz textos para a
escola. Não pensa nem cria, reproduz.
8/8/2009 marta melo de oliveira 16
17. Tal metodologia desarticula a competência
argumentativa das nossas crianças.
Em razão disso a criança fica insegura e tolhida
no processo de construção de texto, incapaz de
argumentar e o professor ensina-lhe a preencher
espaço em branco com frases estereotipadas.
8/8/2009 marta melo de oliveira 17
18. COMO CONSEQÜÊNCIA
Mais tarde, temos jovens que não
sabem argumentar em virtude desta
pedagogia que conspira contra a
identidade do sujeito, quando impõe a
mera assimilação de técnicas no
ensino/aprendizagem de produção de
textos.
8/8/2009 marta melo de oliveira 18
19. Verificando a literatura infantil,
podemos ver que é comum iniciar
períodos com e ou aí. Não é literatura
apropriada para crianças? Por que os
autores infantis podem usar e abusar
destes operadores e as crianças não?
8/8/2009 marta melo de oliveira 19
20. EXEMPLO
Um dia o menino estava distraído, meio longe de casa, e
pisou num galho seco que estalou. Aí o lobinho, que
também estava por ali, distraído, meio longe de casa,
ouviu o estalo, se assustou e bufou. Então os dois se
viraram e se olharam. De repente. Frente a frente. Aí
cada um ...” (Ana Maria Machado)
8/8/2009 marta melo de oliveira 20
21. O que propomos para contornar este problema
é uma metodologia voltada para a interação
professor/alunos. Que ambos se reconheçam
sujeitos do processo dialógico
ensino/aprendizagem. Que as respostas sejam
“respostas” e não verdades a serem
memorizadas. Que o texto produzido seja na
escola e não para a escola.
8/8/2009 marta melo de oliveira 21
22. Nesse sentido, o aluno/locutor escolhe as
estratégias para realizar o que tem a dizer e,
conseqüentemente, as operações de
argumentação que lhe são familiares para
construir o seu texto, como por exemplo o uso
do operador argumentativo aí.
8/8/2009 marta melo de oliveira 22
23. Propomos ainda que os operadores
argumentativos que fazem parte do
universo de conhecimentos da criança
sejam aceitos pelos professores como
aliados no processo de produção
textual junto à pontuação.
8/8/2009 marta melo de oliveira 23
24. É como diz Drummond: “lutar com as palavras/
parece sem fruto/ não tem carne e sangue.../
entretanto, luto”. Lutamos por uma metodologia
que permita que nossas crianças possam utilizar
as operações de argumentação que lhes sejam
familiares, para que se sintam seguras no
processo de produção de textos.
8/8/2009 marta melo de oliveira 24
25. É uma luta aparentemente sem
perspectiva de vitórias, uma luta
em vão, entretanto lutamos.
8/8/2009 marta melo de oliveira 25
26. REFERÊNCIAS
FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência
textuais. São Paulo: Ática, 2005.
GERALDI, J. Wanderley. Portos de
passagem. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
PÉCORA, A. Problemas de redação. São
Paulo: Martins Fontes, 2002.
SANTOS, Leonor Werneck dos. Articulação
textual na literatura infantil e juvenil. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2003.
8/8/2009 marta melo de oliveira 26
27. REFERÊNCIAS
Literatura infantil
MACHADO, A. M. Alguns medos e seus
segredos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
Textos produzidos por crianças na internet
JORGE, L. L. / Idade: 4 anos/ Escolaridade:
Alfabetização. Recife, Pe. Disponível em<
http://sitededicas.uol.com.br/contoscri.htm >.
Acessado em 26 de fevereiro de 2006.
8/8/2009 marta melo de oliveira 27
28. Marta Melo de Oliveira
marta.e.melo@gmail.com
8/8/2009 marta melo de oliveira 28