1. WILTER FURTADO
ANÁLISE CONTÁBIL; UM ENFOQUE VOLTADO
PARA A GESTÃO DE EMPRESAS
ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E
ADMINISTRATIVAS DE ITUIUTABA
ITUIUTABA – FEVEREIRO - 2001
1
3. WILTER FURTADO, Prof.
ANÁLISE CONTÁBIL; UM ENFOQUE VOLTADO PARA A GESTÃO DE
EMPRESAS
ITUIUTABA
ESCCAI - 2001
3
4. ÍNDICE
AGRADECIMENTOS 9
NOTAS DO AUTOR 10
INTRODUÇÃO 12
I REVISÃO DE ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE 15
1.1 Introdução
1.2 Seqüência conceitual da construção contábil 16
1.3 Tipos e estruturas das principais demonstrações financeiras 22
1.3.1 Estrutura do balancete 24
1.3.2 Estrutura da demonstração de resultados 26
1.3.3 Estrutura do balanço patrimonial 27
1.4 Leitura dos dados contábeis para efeito de análise 27
II ANÁLISE NA CONCEPÇÃO TRADICIONAL 31
2.1 Introdução 31
2.2 A contabilidade e a análise 31
2.3 Conceitos de análise das demonstrações 32
2.4 Análise através dos coeficientes e índices 33
2.4.1 Conceitos e definições 33
2.4.1.1 Coeficientes 34
2.4.1.2 Quocientes 34
2.4.1.3 Índices 34
2.4.2 Os principais coeficientes e índices 35
2.4.2.1 De liquidez 35
2.4.2.2 De endividamento 35
2.4.2.3 De Rentabilidade 35
2.4.2.4 De Lucratividade 35
2.4.2.5 De Rotatividade 36
2.4.3 As limitações do uso dos coeficientes e índices 36
2.4.3.1 Os limites e o bom-senso 36
2.4.3.2 As limitações do analista 37
2.5 A análise horizontal e vertical 39
2.5.1 A origem do método 39
2.5.2 A análise horizontal 39
2.5.3 A análise vertical 39
2.5.3.1 Exemplo de análise horizontal e vertical 40
2.5.3.2 Informações retiradas da análise do balanço patrimonial 40
2.5.3.3 Informações retiradas da análise da demonstração de resultados 41
2.5.4 Análise Horizontal e vertical sob o enfoque do mercado 42
2.5.4.1 Análise horizontal e vertical com dados gerenciais 44
2.5.4.2 Informações retiradas da análise horizontal e vertical 45
2.5.4.3 Informações importantes para a definição de ações e de estratégias 46
4
5. 2.6 Limitações da análise tradicional para efeito de gestão 47
2.6.1 Dados e informações 47
2.6.2 Respostas que não satisfazem o gestor 48
III UM NOVO ENFOQUE PARA ANÁLISE CONTÁBIL 51
3.1 Introdução 51
3.2 Caminhos e instrumentos para aplicação do novo enfoque 53
3.2.1 Conceitos de análise de gestão 56
3.2.2 Campos de aplicação da análise sob o enfoque de gestão 58
IV PRÁTICA DA ANÁLISE ORIENTADA PARA A GESTÃO E DECISÃO 64
4.1 Introdução 64
4.2 Os cenários e a análise aplicada à gestão 65
4.2.1 Cenários determinantes 65
4.2.1.1 Variáveis internas e efeitos externos 65
4.2.1.2 Variáveis externas e efeitos internos 66
4.2.2 As ameaças e oportunidades do mercado 69
4.2.2.1 O tom do negócio 69
4.2.2.2 A análise da demanda 69
4.2.2.3 A análise da oferta 70
4.2.2.4 A análise do composto de marketing 70
4.3 As influências dos fatores internos na gestão 70
4.3.1 Fatores internos determinantes 70
4.3.2 Os pontos fortes e os pontos fracos da organização 71
4.3.2.1 A análise das operações 71
4.3.2.2 A análise das finanças 71
4.3.2.3 A análise da estrutura 71
V EFICIÊNCIAS, EFICÁCIAS E COMPETÊNCIAS 72
5.1 Introdução 72
5.2 Conceitos gerais das eficiências 74
5.3 A análise através das eficiências 74
5.3.1 Tipos de eficiência 76
5.3.1.1 Eficiência mercadológica 76
5.3.1.2 Eficiência operacional 76
5.3.1.3 Eficiência financeira 76
5.3.1.4 Eficiência patrimonial 76
5.4 Aspectos comuns à todas as análises 77
5.4.1 Lucratividade 77
5.4.2 Liquidez 77
5.4.3 Rentabilidade 77
5.4.4 Endividamento 77
5.4.5 Rotatividade ou giro 77
VI EFICIÊNCIA MERCADOLÓGICA 78
6.1 Introdução 78
6.2 Capacidade de criar demanda 81
6.2.1 Medidas que revelam as capacidades de criar demanda 82
5
6. 6.2.1.1 Investimentos em marketing 82
6.2.1.2 A demanda e a participação social e cultural da empresa 84
6.2.1.3 A demanda e o meio ambiente 85
6.2.1.4 Melhorias nos processos e nos produtos 86
6.2.1.5 Eficiência e eficácia das campanhas 92
6.2.1.6 Resultados das campanhas de vendas 94
6.2.1.7 Eficácia na fidelização de clientes 98
6.2.1.8 Os custos e o mercado 99
6.2.1.9 A margem e as suas influências 101
6.3 A Capacidade de atender a demanda 102
6.3.1 Medidas que revelam a capacidade de atender a demanda 103
6.3.1.1 Capacidade de vender estoques 103
6.3.1.2 Poder de negociação 104
6.3.1.3 Gestão de conflitos 105
6.3.1.4 Eficiências nas entregas 105
6.3.1.5 Participação no mercado 106
6.3.1.6 Produtividade do permanente 108
6.3.1.7 Produtividade do ativo total 109
6.3.1.8 Racionalização da produção e dos equipamentos 110
6.3.1.9 Tempo de negociação 112
6.3.1.10 Grau de garantia 112
VII EFICIÊNCIA OPERACIONAL 114
7.1 Introdução 114
7.2 Capacidade de dimensionar os equipamentos e os fatores produtivos 115
7.2.1 Medidas que revelam a capacidade de dimensionar fatores 116
7.2.1.1 Aplicações em ativo circulante 116
7.2.1.2 Aplicações em estoques 117
7.2.1.3 Aplicações em contas a receber 118
7.2.1.4 Aplicações em realizável a longo 118
7.2.1.5 Aplicações em permanente 119
7.2.1.6 Aplicações em custos diretos 119
7.2.1.7 “Benchmarking” da eficácia dos custos diretos 122
7.2.1.8 Valor agregado 123
7.2.1.9 Aplicações em despesas operacionais 124
7.2.1.10 Melhorias contínuas (Kaizen) 125
7.2.1.11 Grau de rejeição e devolução 125
7.2.1.12 Coeficiente do retrabalho 126
7.2.1.13 Mão de obra e retrabalho 127
7.2.1.14 Prevenção de acidentes 128
7.2.1.15 Eficácia da matéria prima 128
7.2.1.16 Racionalidade da mão de obra 129
7.2.1.17 Taxa “Turnover” 129
7.2.1.18 Remuneração variável por resultados 129
7.2.1.19 Tempo para educação 130
7.2.1.20 Investimentos em capacitação 131
7.2.1.21 “Benchmarking” da capacitação 132
6
7. 7.2.1.22 Produtividade da mão de obra 132
7.2.1.23 Eficiência dos fatores produtivos 133
7.2.1.24 “Benchmarking” dos processos 133
7.2.1.25 Comprometimento com as despesas 134
7.3 Capacidade para girar ativos 134
7.3.1 Medidas que revelam a capacidade para girar ativos 135
7.3.1.1 Giro do ativo total 135
7.3.1.2 Giro do permanente 136
7.3.1.3 Giro do realizável a longo 137
7.3.1.4 Giro do ativo circulante 137
7.3.1.5 Giro do ativo operacional 138
7.3.1.6 Giro dos estoques 138
7.3.1.7 Giro das contas a receber 139
7.3.1.8 Giro dos custos e das despesas operacionais 141
VIII EFICIÊNCIA FINANCEIRA 143
8.1 Introdução 143
8.2 Capacidades de minimizar custos de oportunidade 143
8.2.1 Medidas que revelam a capacidade de minimizar custos 144
8.2.1.1 Giro do capital circulante líquido 144
8.2.1.2 Imobilização dos capitais próprios 144
8.2.1.3 Necessidade líquida de capital de giro 145
8.2.1.4 Imobilização financeira 147
8.2.1.5 Capacidade de realização das contas a receber 147
8.2.1.6 Quocientes de recursos operacionais 147
8.2.1.7 Quociente do fluxo operacional 148
8.2.1.8 Liquidez corrente 148
8.2.1.9 Liquidez real ou seca 149
8.2.1.10 Liquidez geral 150
8.3 Capacidades de evitar alavancagens excessivas 151
8.3.1 Medidas que revelam a capacidade de evitar alavancagens 151
8.3.1.1 Liquidez imediata 151
8.3.1.2 Giro dos passivos totais 152
8.3.1.3 Comprometimento da margem 152
8.3.1.4 Giro dos fornecedores 153
8.3.1.5 Giro das dívidas operacionais 153
8.3.1.6 Giro das dívidas com instituições financeiras 154
8.3.1.7 Quociente de posicionamento relativo 154
8.3.1.8 Rendimento deflacionador 155
8.3.1.9 Aplicações em custos financeiros 155
8.3.1.10 Alavancagem da dívida – custo financeiro 156
8.3.1.11 Alavancagem financeira 157
8.3.1.12 Endividamento total 157
8.3.1.13 Estrutura do endividamento 158
8.3.1.14 Participação de capitais 158
IX EFICIÊNCIA PATRIMONIAL 159
9.1 Introdução 159
7
8. 9.2 Capacidade de manter a longevidade do negócio 159
9.2.1 Medidas que revelam a capacidade de dar perenidade ao negocio160
9.2.1.1 Rendimento do ativo circulante 160
9.2.1.2 Rendimento do realizável a longo 161
9.2.1.3 Rendimento do permanente 161
9.2.1.4 Rendimento do ativo total 161
9.2.1.5 Grau de imobilização do patrimônio 162
9.2.1.6 Margem líquida 162
9.2.1.7 Margem operacional 163
9.2.1.8 Decomposição dos fatores de retorno 164
9.2.1.9 Capitalização dos resultados 164
9.2.1.10 Evolução do patrimônio 165
9.2.1.11 Solvência 165
9.3 Capacidade de garantir o retorno dos investimentos 166
9.3.1 Medidas que revelam a capacidade de garantir retornos 166
9.3.1.1 Rendimento nominal 166
9.3.1.2 Valor contábil da ação 166
9.3.1.3 Retorno sobre o patrimônio 167
9.3.1.4 Rentabilidade da ação 168
9.3.1.5 Quociente preço lucro 168
9.3.1.6 Ganho por ação ordinária 168
9.3.1.7 Garantia de pagamento de dividendos 169
9.3.1.8 Dividendos pagos por ação 169
9.3.1.9 Taxa mínima de retorno 169
9.3.1.10 Aporte de recursos próprios 170
9.3.1.10 Rendimento atual 170
9.3.1.11 Rendimento real. 171
8
9. AGRADECIMENTOS
A todos os alunos atuais e egressos dos cursos da
ESCCAI, que tanto me ensinaram e ensinam.
“Os poucos professores que me impressionaram, não
foram os que sabiam mais, mas aqueles que deram o
máximo de si, que me olharam de frente, tal como eu
era, com um humanismo que despertou e atraiu meu
espírito inseguro e me chamou a assumir minha
existência com minhas próprias mãos”
Charles Chaplin
9
10. NOTAS DO AUTOR
Em razão das diversas deficiências estruturais do ensino brasileiro e
dos inúmeros problemas conjunturais gerados pela volatilidade do nosso
sistema econômico vividos por todos os agente do país, os professores que
ministram a disciplina Análise das Demonstrações Financeiras ou Análise de
Balanços nos cursos de graduação, enfrentam grandes dificuldades para
ministrá-la, principalmente, quando o enfoque é centrado nos seus conceitos
e nas suas técnicas.
O primeiro problema é conseguir fazer o aluno entender que na
realidade o que está sendo analisado não são as demonstrações e, sim, uma
organização total, dinâmica e viva refletida nas demonstrações. De forma
indireta estão sendo analisados também os seus dirigentes e as suas políticas.
As demonstrações são herméticas e, mesmo conhecendo todo o processo
contábil que lhes dá origem, se apresentam por números porquanto frias e
estáticas.Além disso, retratam apenas os efeitos das operações, das políticas e
dos procedimentos internos da empresa, ou seja, ignoram a causa da causa.
Ignoram os fatores exógenos que mobilizaram os fatores internos a realizar
uma operação, desenvolver uma ação, estipular uma política, definir uma
estratégia, dar dimensão etc. retratados nas demonstrações, mas obscuras.
É difícil fazer com que o aluno faça uma leitura ideal dos dados
contábeis; que aprenda transformá-los em informações e que consiga usá-las
como instrumento de gestão ou decisão. Na verdade ele revela dificuldades e
até resistência em usar o passado (dados contábeis) para gerir o presente ou
projetar o futuro. Dificilmente ele consegue realizar uma leitura do cenário
macroambiental e, muito menos, consegue compará-lo com as informações
extraídas dos dados internos da empresa.
É quase impossível fazê-lo usar ao mesmo tempo os dados financeiros,
econômicos, patrimonais etc. refletidos nas demonstrações. A razão é simples.
O sistema modulado de levantar, traduzir e interpretar e usar tais dados
modula também, de forma inconsciente o seu raciocínio. Ele se esquece que a
organização é uma matriz formada por vários subsistemas, e que todos eles
reagem ou provocam reações num ambiente externo e maior que é o mercado.
As suas limitações para entender um processo de gestão e as funções de uma
organização econômica, um mercado e o seu funcionamento são barreiras
intransponíveis para viabilizar o estudo da análise.
Traduzir o mercado como uma arena de competição inevitável para a
empresa, dando aquele uma dimensão igual ou até maior do que a essa, é
extremamente positivo. Usando ao mesmo tempo os conceitos de análise,
contabilidade, administração, marketing, economia, gestão etc. e criando
10
11. justificativas convincentes da importância de tudo isso para a organização
econômica, consegue-se motivar o aluno para o estudo da análise.
11
12. INTRODUÇÃO
Quem planeja a curto prazo deve cultivar
cereais; a médio prazo, plantar árvores;
a longo prazo, educar homens.”
Kwantsu, Século 3 a.C.
A gestão fundamenta-se no diagnóstico do ontem; orienta-se
pela missão, pelos objetivos, pela visão, pelas crenças e es-
tratégias da organização; operacionaliza-se com os recursos
e com as competências do hoje; avalia-se pelas informações
e projeta-se no futuro, pelos próprios valores.
Esta obra destina-se a profissionais e a estudantes das ciências administrativas,
contábeis e econômicas, principalmente para aqueles que atuam ou que queiram
aprofundar estudos nas áreas de análise contábil, de gestão de negócios, de planejamento
estratégico, de marketing e de técnicas para a tomada de decisão.
A despeito de existirem várias e renomadas obras de inúmeros e conceituados
autores sobre tais assuntos, existem lacunas. Faltam trabalhos com enfoques matriciais
sobre os conceitos, princípios, fundamentos, técnicas e procedimentos já consagrados por
aquelas áreas como instrumentos de gestão de negócios. A análise contábil tem dado
enormes contribuições às ciências administrativas e econômicas. A recíproca não é menos
verdadeira. Por outro lado, por ser uma ramificação das ciências contábeis esta técnica é
vista como uma mera análise quantitativa de produção de dados, o que não deixa de ser
uma verdade. Isso ocorre porque somente os estudiosos desta área sabem transformar
aqueles dados em informações gerenciais. Por conseguinte são poucos, aqui incluindo os
usuários das informações (gerentes, administradores, contadores etc.) que sabem usar
aquelas informações como ferramenta de gestão. Talvez estejamos muito preocupados
com a criação de informações e menos com a forma de utilizá-las.
12
13. Sem a pretensão de esgotar o assunto, o trabalho se propõe desmistificar a idéia de
que a análise contábil, estribada fundamentalmente em dados contábeis só sirva para a
construção de séries histórias e demonstração de tendências. A união dos conceitos e
princípios da contabilidade, com os conceitos e princípios daquelas áreas, permite a criação
de instrumentos poderosíssimos para o planejamento e para a gestão nas organizações.
O texto é separado em nove capítulos com os seguintes conteúdos:
O Capítulo 1 - Revisão de alguns conceitos básicos da contabilidade - faz uma
breve revisão das técnicas contábeis, das estruturas das demonstrações; compara a leitura
contábil das demonstrações, com uma leitura especial sugerida, para efeito de análise;
O Capítulo 2 - A Análise tradicional – retoma a ligação contabilidade/análise,
explora os conceitos de análise das demonstrações financeiras e contábeis; trabalha com as
formas tradicionais de análise (coeficientes, índices, análise horizontal e vertical etc.) e
estuda as limitações de uso desta análise para efeito de gestão;
O Capitulo 3 – Um novo enfoque para a análise contábil – procura definir, os
caminhos e os instrumentos para a aplicação do novo enfoque; cria conceitos para a análise
de gestão e delimita o campo de aplicação da análise sob o enfoque de gestão.
O Capítulo 4 – A prática da análise orientando a gestão e a decisão – define os
cenários externos e os fatores internos como determinantes básicas para a análise focada na
gestão; sugere a criação de indicadores que demonstrem se a organização é ou não é capaz
de minimizar as ameaças e de maximizar as oportunidades de negócios existentes no seu
ambiente externo; assim como, sugere a exploração de indicadores que demonstrem os
pontos fortes e os pontos fracos da empresa através da análise estrutural.
O Capítulo 5 – Eficiências, Eficácias e Competências – explora conceitualmente os
tipos de eficiências (mercadológica, operacional, financeira e patrimonial).
O Capítulo 6 – Eficiência Mercadológica - trata dos indicadores desta eficiência
definindo as capacidades da empresa de: a) criar demanda e b) atender a demanda; insere e
define os coeficientes e índices tradicionais que revelam tais eficiências e cria novos
indicadores utilizando dos conceitos de administração, economia etc.;
O Capítulo 7 – Eficiência operacional – trata dos indicadores desta eficiência
definindo as capacidades da empresa de: a) dimensionar os equipamentos e os demais
fatores produtivos e b) girar ativos; insere e define os coeficientes e índices tradicionais
13
14. que revelam tais eficiências e cria novos indicadores utilizando dos conceitos de
administração, economia etc;
O Capítulo 8 – Eficiência financeira – trata dos indicadores desta eficiência
definindo as capacidades da empresa de: a) minimizar os custos de oportunidade e b) evitar
alavancagens excessivas; insere e define os coeficientes e índices tradicionais que revelam
tais eficiências e cria novos indicadores utilizando dos conceitos de administração,
economia etc.;
O capitulo 9 – Eficiência patrimonial – trata dos indicadores desta eficiência
definindo as capacidades da empresa de: a) manter a longevidade do negócio e b) garantir
o retorno dos investimentos; insere e define os coeficientes e índices tradicionais que
revelam tais eficiências e cria novos indicadores, utilizando dos conceitos de
administração, economia etc.;
Se algum ponto deste trabalho provocar, por menor que seja, alguma reflexão sobre
o papel da análise contábil já me darei por satisfeito.
14
15. I REVISÃO DE ALGUNS CONCEITOS BÁSI-
COS DE CONTABILIDADE.
Muda o mercado, a economia, as organizações,
os homens e os seus enfoques.O que não muda é
a eterna necessidade de todos esses agentes,de
uma ciência que os ajude na mensuração, na a-
nálise e na decisão de seus atos e ações.
1.1 INTRODUÇÃO
O processo ininterrupto e abrangente de qualquer atividade econômica provoca a
todo instante mesmo que a organização não esteja fisicamente funcionando (em recesso ou
fechada), alterações no seu patrimônio.
Há um paradigma até mesmo como conceito, que deve ser quebrado. A rigor, a idéia
de que somente os atos praticados pela administração da empresa provocam uma operação
e um registro contábil não procede.Conseqüentemente, o patrimônio pode ser alterado por
atos praticados por outras pessoas que nada tem a ver com a empresa. Parece paradoxal,
mas é verdade. Um banco pode, por estar autorizado pelo administrador da empresa,
efetuar um débito ou um crédito na conta da empresa no mesmo dia em que ela estiver, por
exemplo, fechada para balanço e que o seu administrador não tenha praticado nenhum ato
naquele sentido. Nem lá ele estava.
Por questões conceituais deve ser dito que atos administrativos ou contábeis são
ações praticadas pelo administrador ou por terceiros por ele autorizados, que provocam de
alguma forma alterações no patrimônio da empresa. Quanto aos fatos administrativos ou
contábeis deve ser dito que são atitudes tomadas pelo administrador ou por terceiros por
ele autorizados, que não provocam alterações no patrimônio.
15
16. No exemplo acima o fato (a atitude) do administrador autorizando o banco a
promover algum débito na conta da empresa provocou um ato (a ação) do banco que
modificou o patrimônio da empresa.
1.2 A SEQUÊNCIA CONCEITUAL DA CONSTRUÇÃO
CONTÁBIL.
A estruturação e a execução da contabilidade se dá através de conceitos, de
princípios, de postulados e de técnicas criadas pela ciência contábil. Este trabalho
pressupõe que o usuário já possui os conhecimentos básicos de contabilidade. A proposta
resume-se apenas em reviver alguns conceitos básicos sobre as técnicas contábeis, mais
utilizadas na análise contábil. Recomenda-se outros estudos para os usuários que não
dispõem de tais conhecimentos. As técnicas da construção da contabilidade mais comuns
ou básicas são:
O PLANO DE CONTAS – Para orientar e facilitar o seu uso, as contas são criadas
separadamente (individualizadas) para cada operação, levando-se em consideração: a) a
linha de negócio da empresa (indústria, comércio, serviços etc.) b) o tipo das operações
que a empresa realiza (a prazo, a vista etc.) c) as pessoas e as relações com elas mantidas
(fornecedores, bancos, clientes, empregados, diretores, etc) d) outros referenciais. As
contas representando tudo isso são criadas, catalogadas, agrupadas, sistematizadas e
codificadas por um documento chamado de plano de contas. É elaborado no início das
atividades da empresa, mas pode a qualquer momento ser alterado em função de um novo
acontecimento ou operação nova.
Para facilitar a localização, definir claramente a função, facilitar a leitura e a análise
essas contas são agrupadas e classificadas no plano de contas por natureza, passando a ser
chamadas de grupo ou de subgrupos de contas. Os principais grupos e subgrupos de contas
criadas no plano de contas são:
GRUPOS PATRIMONIAIS ATIVOS (DESTINOS DE CAPITAIS) - CONTAS
DE NATUREZA “DEVEDORA”
16
17. 1 Ativo circulante – onde são registradas as operações com os bens e os direitos que
estão circulando constantemente (dinheiro em caixa, saldo de bancos, estoques,
contas a receber, aplicações financeiras etc.)
2 Realizável a longo – onde são registradas as operações com os bens e os direitos
que estão circulando, mas com um prazo maior (contas a receber de longo prazo)
3 Permanente – este grupo é subdivido em:
Imobilizado - onde são registradas as operações com os bens que são usados nas
operações da empresa (máquinas, veículos, móveis, imóveis etc.);
Investimentos – onde são registradas as operações com bens e direitos que não são
usados no dia-a-dia da empresa. Foram adquiridos com o objetivo de dar rendas
(imóveis de aluguéis, ações de outras empresas etc.)
Diferido – onde são registradas os pagamentos feitos, mas que ainda não são
custos nem despesas isto é, que dependem de um acontecimento futuro para que
sejam assim, classificadas (gastos feitos antes da empresa entrar em operações,
despesas com pesquisas, despesas com projetos, juros pagos para os sócios que já
entraram com o capital e que ainda não está produzindo etc.) São chamados de
pré-operacionais;
GRUPOS PATRIMONIAIS PASSIVOS (ORIGENS DE CAPITAIS) – CONTAS DE
NATUREZA “CREDORA”
1 Passivo circulante – onde são registradas as operações relacionadas com as
dívidas da empresa e que vencem num curto prazo (fornecedores, salários,
tributos, débitos com bancos de curto prazo etc.)
2 Exigível a longo – onde são registradas as operações relacionadas com as dívidas
da empresa que vencem em prazos mais longos ( financiamentos, contas a pagar
etc.)
GRUPO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (ORIGENS DE CAPITAIS) – CONTAS DE
NATUREZA “CREDORA”
Este grupo é fácil de ser entendido. Se pegarmos o primeiro grupo (ATIVO)
veremos que nele estão registrados todos os BENS E DIREITOS da empresa. No
segundo grupo (PASSIVO) estão registradas todas as DÍVIDAS da empresa.
17
18. Diminuindo o segundo do primeiro vai sobrar o valor líquido dos bens e direitos que a
empresa possui. É aí que ficam registrados: o capital que os sócios investiram mais os
eventuais lucros que eles ainda não retiraram da empresa menos os eventuais
prejuízos que tenham acontecido.
GRUPO DE RESULTADOS
Neste grupo estão as contas que permitem a empresa apurar os seus resultados, ou
seja, as RECEITAS (origens de capitais) , os CUSTOS e as DESPESAS (destinos de
capitais).
Os CUSTOS E DESPESAS são contas de NATUREZA DEVEDORA
As RECEITAS são contas de NATUREZA CREDORA.
EXEMPLOS DE SUBGRUPOS
O uso de subgrupos para classificar as contas serve para identificá-las por
natureza revelando os detalhes das contas do subgrupo, do grande grupo e
conseqüentemente, do todo:
a) No subgrupo “contas a receber” que pertence ao grupo “ativo circulante” são
registradas as vendas a prazo e permite saber de quem e quanto a empresa terá para
receber de seus clientes. É lógico que se um cliente pagar uma duplicata o valor é
imediatamente baixado;
b) No subgrupo “móveis e equipamentos” que pertence ao grupo “ativo permanente”, são
registrados os bens com esta característica e por ele pode-se saber quais são os bens
que a empresa possui, e quais são os seus valores;
c) No subgrupo “contas a pagar” que pertence ao grupo “passivo circulante” pode-se
saber para quem e quanto a empresa possui de obrigações a pagar. Quando ela efetua
um pagamento este é imediatamente baixado ou diminuído do saldo;
d) No subgrupo “vendas” que faz parte do grupo “resultados” pode-se saber o que e
quanto a empresa vendeu durante aquele período que se quer saber. Serve também
para apurar o resultado referente a um determinado período de tempo.
e) No subgrupo “despesas” é possível saber o quanto a empresa teve de despesas de um
determinado tipo, durante aquele período que se quer saber. Serve também para apurar
o resultado de um determinado período.
18
19. OS LANÇAMENTOS CONTÁBEIS - O registro pela contabilidade de qualquer ato ou
fato que ocorre no dia-a-dia da empresa na linguagem técnica, é chamado de lançamento
contábil.
AS CONTAS - Para uniformizar e individualizar os acontecimentos, facilitar as suas
identificações e acumular os seus valores o lançamento contábil é feito em locais
previamente definidos e intitulados de contas.Exemplos: as vendas são registradas na
conta denominada, vendas; as compras são registradas na conta chamada de estoques; as
despesas com salários são registradas numa conta chamada “despesas com salários”; e daí
por diante.Cada conta representa um tipo de evento ou operação, denominada de acordo
com a sua natureza.
AS PARTIDAS DOBRADAS – ORIGENS E DESTINOS. É a técnica utilizada para
registrar os atos e fatos contábeis. São chamadas de partidas dobradas porque cada fato ou
ato invariavelmente representa
Uma causa x um efeito
Uma origem x um destino.
Vamos explicar melhor. Na verdade em nossas vidas tudo é composto de causas e
de efeitos, de origens e destinos. Tudo é representado por uma troca uma partida dobrada.
Eis alguns exemplos:
a) Quando trabalhamos estamos oferecendo a nossa força de trabalho (origem) e
recebendo em troca, a remuneração por esse trabalho (destino);
b) Quando comprarmos alguma mercadoria recebemos a mercadoria (destino) e em
troca damos o dinheiro, cheque ou assinamos um documento assumindo aquela
dívida (origens)
c) Quando consumirmos energia, água etc. (destino do capital) em troca pagamos
por esse uso (destino do capital);
d) Quando pagamos uma conta (destino do capital) entregamos o dinheiro e em
troca recebemos a nota ou o documento da dívida devidamente quitado (origem
do capital);
Assim por diante. Numa empresa nada é diferente. O que é um negócio senão uma
operação de troca isto é, onde existe um comprador levando um bem e em troca, dando ao
vendedor o dinheiro ou um título que garanta sua dívida. A única diferença é que na
empresa, as origens e os destinos são registrados pela contabilidade ao mesmo tempo, ou
19
20. seja, os lançamentos contábeis sempre demonstram a origem e o destino da operação. É
nesta linha de raciocínio que se convencionou que as partidas dobradas sempre possuem
um “débito” e um “crédito” do mesmo valor. Isso nada mais é do que “somar” ou
“subtrair” valores de cada conta, de acordo com a operação e com a natureza da conta.
O DIÁRIO – Como os atos e os fatos ocorrem todos os dias e a todos os momentos, os
lançamentos contábeis são feitos num livro chamado diário. Regra geral é um livro exigido
por lei. Mas, mesmo que não seja exigido como acontece em alguns tipos de empresas ou
atividades (micros e pequenas empresas etc.) é imprescindível para a administração da
empresa, pois é ali que ela encontra registrado tudo o que acontece, podendo assim
identificar todas as suas operações e o que é mais importante, apurar os resultados obtidos
(lucros ou prejuízos) a qualquer hora que quiser. é portanto um livro que armazena todos
os acontecimentos. É como se fosse um diário de uma pessoa.
O RAZÃO - Como pode acontecer durante um dia, durante o mês ou durante o ano,
vários fatos e acontecimentos iguais isto é, da mesma natureza (várias compras, várias
vendas), ao mesmo tempo em que eles estão sendo registrados no diário, estão sendo
condensados, classificados e acumulados (armazenados) juntamente com outros fatos
iguais ocorridos anteriormente ou no mesmo período, num outro livro chamado de razão.
Isso quer dizer, por exemplo: se a empresa quiser saber o total das vendas ocorridas até
certa hora do dia, o total até o dia anterior, o total até o mês anterior etc. basta buscar o
arquivo da conta vendas que todos os valores estarão ali acumulados. Ficam guardados e
vão aumentando ou diminuindo de acordo com os fatos. Significa que a qualquer momento
que se precisar de algum dado ele estará atualizado até aquele momento. No razão as
contas já estarão classificadas convenientemente.
O BALANCETE - A cumulação (somatória) de tais lançamentos podem ser transferidos
para um demonstrativo transitório e auxiliar chamado balancete. Este demonstrativo nada
mais é do que a transferência de todas as contas que estão com os saldos acumulados no
razão em um determinado momento, de forma a permitir o encerramento dos resultados do
período e a elaboração dos demais demonstrativos (Demonstração de Resultado, Balanço
Patrimonial etc.). Geralmente, é composto de duas colunas onde na primeira são
registrados os saldos das contas de NATUREZA DEVEDORA e na segunda, os saldos das
contas de NATUREZA CREDORA. Lembrando que a contabilidade sempre registra um
20
21. débito e um crédito ao mesmo tempo, o valor total duas colunas devem ser exatamente
iguais.
A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS - Como o próprio nome indica é uma
demonstração destinada a apurar os resultados obtidos pela empresa em um determinado
período. O procedimento é simples. Retira-se do BALANCETE as contas de
RESULTADOS numa disposição lógica cujas operações matemáticas demonstram no final
se a empresa obteve “lucro” ou “prejuízo”. Esse resultado é transferido para o BALANÇO
na conta específica de lucro ou de prejuízo, do grupo PATRIMÔNIO LÍQUIDO.
O BALANÇO – É o demonstrativo que reflete a situação da empresa no momento daquele
encerramento. Composto pelas contas patrimoniais (que não foram para a demonstração de
resultados) e pelo resultado apurado, estará refletindo todos os bens, direitos e obrigações
da empresa.
CONCLUSÃO - Pode-se perceber pelos conceitos propostos que a contabilidade se
processa numa ordem perfeitamente lógica. Ratificando:
a) Para instrumentalizar e orientar os trabalhos da contabilidade a empresa cria um plano
de contas, de acordo com suas operações, com o seu tipo de negócio e com as normas
contábeis.Classifica as operações previstas em quatro grupos de contas (ATIVO –
PASSIVO – PATRIMÔNIO LÍQUIDO e RESULTADOS)
b) Subdivide-se esses quatro GRANDES GRUPOS de acordo com os subgrupos acima
demonstrados. Qualquer evento a partir daí pode ser registrado na contabilidade.
c) Todo evento vai envolver as partidas dobradas e a contabilidade sempre vai registrar
“debitando” à uma conta e “creditando” à outra. São os lançamentos.
d) Os lançamentos vão sendo guardados no diário e ao mesmo tempo, individualizados no
razão.
e) A qualquer momento que queira verificar todo o patrimônio da empresa, ou que queira
apurar os resultados, para facilitar esse trabalho, transfere os saldos de cada conta para
um balancete.
f) Se for somente para verificação o trabalho está concluído. Todas as contas que tiverem
saldos estarão demonstradas.
g) Se for para apurar resultados se separa as contas de RESULTADO do balancete e
transfere-as para a demonstração de resultados. As demais contas permanecem no
balancete. Nesta demonstração vai aparecer o lucro ou o prejuízo do período.
21
22. h) Apurado o resultado pega-se todas as contas que estavam no balancete e transfere-as
para o balanço modificando apenas as contas do PATRIMÔNIO LÏQUIDO,
(aumentado) pela conta e no valor do lucro apurado ou (diminuído) pela conta e no
valor do prejuízo, se for o caso.
Depreende-se que os fatos contábeis vão formando um patrimônio que em algum momento
é apresentado pelas demonstrações. Se o patrimônio representa tudo isso é fácil traduzi-lo
em um conceito como sendo “o conjunto de bens, direitos e obrigações” Em outras
palavras e de forma resumida os conceitos propostos são os mesmos utilizados por
HILÁRIO FRANCO (1992;25) 1A análise é posterior a tudo isso. Segundo HILÁRIO
FRANCO 2 os meios de que se utiliza a contabilidade ou as técnicas contábeis são:
Para atingir sua finalidade a contabilidade utiliza-se das seguintes técnicas contábeis:
1 Escrituração – registro dos fatos;
2 Demonstrações Contábeis (Balanços, inventários e outras) – exposição dos fatos;
3 Auditoria – confirmação dos registros das demonstrações;
4 Análise de Balanços – análise e interpretação das demonstrações.
1.3 TIPOS E ESTRUTURAS DAS PRINCIPAIS DEMONS -
TRAÇÕES FINANCEIRAS.
As demonstrações financeiras possuem finalidades específicas embora todas tenham
uma finalidade comum, ou seja, resumir em um determinado momento os registros dos
atos e fatos praticados pela empresa dentro de um determinado período. Alguns desses
períodos ou momentos também são determinados por lei, outros, são definidos de acordo
com o interesse da própria organização. Da mesma forma são as demonstrações, algumas
são exigidas por leis especiais outras não.
As principais demonstrações financeiras exigidas pela legislação do imposto de
rendas e pela lei das sociedades anônimas, aplicáveis também aos demais tipos de
sociedade são:
a) Demonstração de Resultados;
b) Balanço Patrimonial;
1
FRANCO HILÁRIO. Estrutura, Análise e Interpretação de Balanços. 15 ed. São Paulo, Atlas, 1992.
2
Op.Cit.
22
23. c) Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos;
e) Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido.
Suas estruturas básicas também são regulamentadas ou normatizadas. Esta
exigência faz sentido porque uma das principais funções das demonstrações é classificar os
eventos administrativos, os atos ou os fatos contábeis em grupos representativos de eventos
patrimoniais ou do próprio patrimônio.
Embora não existam modelos exigidos por lei a praxe contábil conseguiu criar
estruturas que facilitam a leitura de tais demonstrações. Uma particularidade é importante.
Para efeito de análise em muitos casos há a necessidade de readequar a estrutura
demonstrada ou de reclassificar algumas contas ou grupos no sentido de facilitar os
trabalhos e dar valor real à análise.
Há estudiosos que já consolidaram algumas convenções sobre a estrutura gráfica das
demonstrações embora legalmente isso não exista. Mas em respeito às autoridades que são
e em razão do bom “layout” que defendem, a práxis contábil as adota. Como exemplo de
uma demonstração sugerida por um autor, IUDÍCIBUS (1988;51)3. Ele entende que
embora sendo uma convenção, o balanço patrimonial deva ser constituído de duas colunas:
a coluna do lado esquerdo, destinada ao Ativo, e a do lado direito destinada ao Passivo e ao
Patrimônio Líquido. Já que é convenção poderia ser colocado, por exemplo, que em
primeiro lugar ou em cima o grupo Ativo e que em segundo lugar ou logo abaixo, o
Passivo e o Patrimônio Líquido.
Mas quando falamos de estrutura na acepção estrita da palavra não estamos nos
referindo a exposição gráfica das demonstrações. Estamos nos referindo à estrutura das
demonstrações no que diz respeito à disposição, à classificação e à lógica dos dados que
nelas são expostos. Aí sim, existem normas e princípios mínimos a serem seguidos.
Nesse caso exige-se que os grupos ou as contas do ativo sejam colocados numa
ordem crescente de prazo em que poderão ser realizados. Explica-se assim a razão de que
todos os Balanços Patrimoniais reflitam os bens e direitos na seguinte ordem: Circulante,
Realizável a Longo e Permanente; que um Ativo Circulante espelhe suas contas na
seguinte ordem: Disponibilidades, Valores em Contas Bancárias, Valores em Aplicações
Financeiras de Curto Prazo, Contas a Receber, Estoques e daí por diante. Pelo lado do
Passivo e do Patrimônio Líquido o raciocínio é o mesmo isto é, os grupos e as contas são
23
24. colocados numa ordem crescente, mas agora, do prazo de maturação isto é, do prazo que
tais recursos serão exigidos da empresa. Assim explica-se a razão de serem representados
na seguinte ordem: Passivo Circulante, Exigível a Longo e Patrimônio Líquido; que o
Passivo Circulante disponha-se pelos débitos operacionais de curto prazo: salários a pagar,
tributos a recolher, fornecedores, empréstimos de curto prazo etc.
As demais demonstrações primam muito pela lógica. Um exemplo é a demonstração
de resultados. A lógica para se chegar a um resultado é que, das Receitas sejam deduzidos
os Custos e as Despesas. É assim que ela se apresenta. Na Demonstração de Origens e
Aplicações de Recursos pela lógica demonstra-se primeiramente em que os recursos foram
aplicados e em segundo lugar, demonstra-se de onde eles vieram. Forma-se pela ordem:
primeiro as origens e depois as aplicações ou destinos. Para efeito de análise essas
estruturas são muito importantes.
1.3.1 ESTRUTURA SIMPLES DE UM BALANCETE DE
VERIFICAÇÃO
BALANCETE DE VERIFICAÇÃO DO PERÍODO 01/01/x1 a 31/12/x1
C O N T A S SALDOS EM 31/12/X1
Código TÍTULOS DÉBITO CRÉDITO
001 Caixa 20
002 Bancos 3.100
003 Contas a receber 6.480
004 Estoques 18.650
011 Contas a receber longo prazo 420
021 Móveis e utensílios 9.930
031 Fornecedores 12.300
032 Salários a pagar 1.030
033 Tributos a pagar 1.320
041 Financiamentos de longo prazo 7.460
051 Capital 6.430
052 Lucros acumulados 12.530
054 Prejuízos acumulados ( 6.570)
061 Despesas diversas 1.650
062 Despesas com salários 6.910
063 Despesas com aluguéis 2.990
071 Receitas de vendas 36.300
074 Tributos sobre vendas ( 1.050)
072 Rendas de aplicações financeiras 1.010
080 Compras 20.610
TOTAIS 70.760 70.760
3
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços. 5 ed. São Paulo, Atlas, 1988.
24
25. Explicando melhor os conceitos vamos agora separar as contas que geram
RESULTADOS (Receitas, Custos e Despesas), das contas PATRIMONIAIS para
podermos encerrar o período. Para isso é preciso saber o valor dos ESTOQUES que
sobraram no final do período que logicamente fazem parte do resultado. De acordo com o
levantamento físico (poderia estar expresso na conta de estoques) apurou-se o valor de $
21.780
CONTAS DE RESULTADOS
C O N T A S SALDOS EM 31/12/X1
Código TÍTULOS DÉBITO CRÉDITO
Estoques anteriores ou iniciais 18.650
Despesas diversas 1.650
Despesas com salários 6.910
Despesas com aluguéis 2.990
Receitas de vendas 36.300
Tributos sobre vendas ( 1.050)
Rendas de aplicações financeiras 1.010
Compras 20.610
Estoques não vendidos 21.780
TOTAIS 50.810 58.040
Como podemos observar há uma diferença entre as duas colunas de $ 7.230 que é
seguramente o resultado do período. Basta-nos transportar aquelas informações para a
demonstração própria para comprovar. As contas patrimoniais já estão separadas.
Mudamos apenas os estoques isto é, retiramos aqueles que existiam no início do período e
no seu lugar colocamos os que sobraram no final do período e que passaram a fazer parte
do patrimônio.
CONTAS PATRIMONIAIS
C O N T A S SALDOS EM 31/12/X1
Código TÍTULOS DÉBITO CRÉDITO
001 Caixa 20
002 Bancos 3.100
003 Contas a receber 6.480
004 Estoques 21.780
011 Contas a receber longo prazo 420
021 Móveis e utensílios 9.930
031 Fornecedores 12.300
032 Salários a pagar 1.030
25
26. 033 Tributos a pagar 1.320
041 Financiamentos de longo prazo 7.460
051 Capital 6.430
052 Lucros acumulados 12.530
054 Prejuízos acumulados ( 6.570)
TOTAIS 41.730 34.500
A diferença entre as duas colunas é a mesma, ou seja, $7.230. Agora estamos certos de que
o resultado deverá ser $7.230. Ele nos permitirá fechar o balanço.
Vamos agora transportar as contas de resultados para a DEMONSTRAÇÃO DE
RESULTADOS DO EXERCÍCIO, destinada a apurar o lucro ou o prejuízo.
1.3.2 ESTRUTURA DE UMA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DE 01/01/X1 a 31/12/X1
+/- VALORES
Nº = C O N T A S PARCIAIS TOTAIS
1 (+) Receita operacional bruta 36.300
2 (-) Deduções das receitas
Devoluções de vendas -
Tributos sobre vendas 1.050 1.050
3 (=) Receita operacional líquida ( 1 – 2 ) 35.250
4 (-) Custo das mercadorias vendidas
(+) Estoque inicial 18.650
(+) Compras 20.610
(-) Devoluções de compras
(-) Tributos sobre compras
(-) Estoque final 21.780 17.480
5 (=) Resultado operacional bruto (3 – 4 ) 17.770
6 (-) Despesas operacionais
(-) Despesas diversas 1.650
(-) Despesas salários 6.910
(-) Despesas com aluguéis 2.990 11.550
7 (=) Resultado operacional liquido ( 5 – 6 ) 6.220
8 (+ / -) Resultado não operacional (R – D) 1.010
9 (=) Resultado líquido ( 7 – 8 ) 7.230
10 (-) Imposto de rendas e contrib. social -
11 (=) Lucro líquido após tributos (9 – 10) 7.230
Realmente o valor do resultado é $7.230. Como falamos este resultado irá compor as
contas patrimoniais e permitirá o fechamento do balanço. Basta transportar as contas
patrimoniais que foram separadas e o resultado da DRE para o balanço. O resultado, se for
26
27. lucro, pode ser somado aos lucros anteriores, diminuir prejuízos acumulados ou ficar
separado no patrimônio líquido. Se for prejuízo pode ser somado a prejuízos anteriores,
compensados com lucros anteriores ou ficar destacado no patrimônio líquido.
Fizemos: Lucros acumulados anteriores $12.530
Lucro apurado no período $ 7.230 = $19.760
1.3.3 ESTRUTURA DE UM BALANÇO PATRIMONIAL
BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM 31/12/X1
ATIVO VALOR PASSIVO E PL VALOR
CIRCULANTE 31.380 CIRCULANTE 14.650
Caixa 20 Fornecedores 12.300
Bancos 3.100 Salários a pagar 1.030
Contas a receber 6.480 Tributos a pagar 1.320
Estoques 21.780 EXIGÍVEL A LONGO 7.460
Financiamentos longo prazo 7.460
REALIZÁVEL A LONGO 420 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 19.620
Contas de longo prazo 420 Capital 6.430
PERMANENTE 9.930 Lucros acumulados 19.760
Móveis e utensílios 9.930 Prejuízos acumulados (6.570)
TOTAL DO ATIVO 41.730 PASSIVO + P.L. 41.730
1.4 LEITURA DOS DADOS CONTÁBEIS PARA EFEITO DE
ANÁLISE.
Os conceitos dos componentes patrimoniais também são definidos por legislações
especiais, basicamente pela Lei 6.404/96 e Dec. Lei 1.598/97. Mas para serem utilizados
como fontes de análise as definições dos componentes – entenda-se dados – devem ser
traduzidos em informações pois é a partir daí que se consegue entender a contabilidade
como fonte de informações indispensáveis à gestão das empresas. A partir do momento em
que os dados são transformados em informações, já é início de um trabalho de análise. É
mais ou menos nessa linha de pensamento que DANTE MATARAZZO4 (1991:22) dá o
seu conceito sobre os objetivos da análise das demonstrações – “A análise de balanços
objetiva extrair informações das Demonstrações Financeiras para a tomada de decisão”.
Seu comentário separa portanto o Contador do Analista sendo que o primeiro preocupa-se
4
Op.Cit
27
28. com dados e o segundo preocupa-se em traduzir dados em informações. Um melhor
entendimento poderia ser retirado das seguintes comparações:
GRUPOS ATIVOS
DEFINIÇÕES TRADUÇÃO EM INFORMAÇÕES
CONTÁBEIS MAIS PARA EFEITO DE ANÁLISE
GRUPO COMUNS
a) É estratégico para investimentos;
a) Bens e direitos de b) Sua redução pode provocar insuficiência de
curto prazo; capital de giro ou remessa de recursos para o
ATIVO b) Aplicações de curto longo prazo;
CIRCU prazo; c) É sensível aos efeitos inflacionários;
LANTE c) Destinos de capitais d) Deve ser financiado pelos créditos
de curto prazo; operacionais;
d) Parte do capital de e) O importante não é o seu volume, é a sua
giro a curto e do dinâmica
CCL f) Parte do ativo operacional ou do CCL
a) Seu aumento implica na absorção de recursos
a) Bens e direitos de do curto prazo ou do longo prazo, interferindo
REALIZ longo prazo; na liquidez;
A b) Aplicações de b) Deve ser financiado por recursos de longo
VEL longo prazo; prazo;
LONGO c) Destinos de longo c) São os recursos que mais sofrem com os
prazo; efeitos inflacionários;
d) Parte do capital de d) Tem uma dinâmica menor do que a do ativo
giro de longo prazo circulante.
e) É parte do ativo operacional mas não do CCL
DEFINIÇÕES TRADUÇÃO EM INFORMAÇÕES
CONTÁBEIS MAIS PARA EFEITO DE ANÁLISE
GRUPO COMUNS
a) investimentos em a) os investimentos devem ser limitados,
bens de renda de evitados ou substituídos;
uso e em gastos b) deve ser financiado por recursos de longo
PERMA pré-operacionais prazo;
NENTE c) É insensível aos efeitos inflacionários e o seu
valor auto-atualiza;
d) o uso deve ser extremamente racionalizado;
e) gera custos financeiros e não financeiros.
GRUPO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
DEFINIÇÕES TRADUÇÃO EM INFORMAÇÕES
CONTÁBEIS MAIS PARA EFEITO DE ANÁLISE
GRUPO COMUNS
a) Obrigações de curto; a) Não deve ser privilegiado e deve financiar
28
29. b) Passivo operacional ativos de curto prazo, e não ser oneroso;
PASSIVO e parte do CCG e b) A sua qualidade é determinante, pois
CIRCU CCL; compromete a liquidez e gera custos;
LANTE c) Exigível ou origens c) Reduz o capital de giro total;
de curto prazo; d) Seu aumento pode significar redução de
d) Capitais de 3 º curto; origens de longo prazo;
e) Passivo real de curto e) Deve privilegiar as dívidas operacionais;
a) Obrigações de longo a) É a melhor fonte de capitais de terceiros e
EXIGÍVEL prazo; deve financiar investimentos de longo prazo;
A b) Passivo operacional b) A qualidade também é importante;
LONGO ou origens de longo; c) Seu aumento implica na remessa para o curto
c) Passivo real longo; ou para o longo prazo;
d) Parte exigível total d) Não deve ser reduzido para aumentar fontes
e) Parte do CG longo de curto prazo;
a) Capitais próprios ou a) Devem ser privilegiados por não serem
origens próprias; onerosos;
PATRIMÔ b) Diferença entre b) Reflete a performance e a evolução da
NIO ativo e passivo; empresa;
LIQUIDO c) Compõe-se de c) Regula o nível de remuneração sobre os
capital lucros e capitais investidos;
reservas; d) Dá a dimensão à empresa;
d) Patrimônio social; e) Altera-se pelos aportes, pelos resultados e
pelas reavaliações;
GRUPO DE RECEITAS, CUSTOS E DESPESAS
DEFINIÇÕES TRADUÇÃO EM INFORMAÇÕES
GRUPO CONTÁBEIS MAIS PARA EFEITO DE ANÁLISE
COMUNS
a) Reflete a eficiência operacional da empresa
b) Sua qualidade é fundamental para avaliar a
RECEITAS a) Resultado da própria eficiência e a eficácia;
OPERA atividade; c) O preço é determinante do seu volume;
CIONAIS b) Reflete a capacidade d) Seu aumento não significa necessariamente
de produção; melhorias nos resultados;
e) Depende mais das variáveis externas do que
internas;
a) São dispêndios neces a) Seu valor depende do sistema de controles
sários à obtenção das adotado e influi diretamente nos resultados;
receitas; b) A política de compras é determinante do seu
b) Custo de produção de volume;
CUSTOS comercialização e c) É indicador da eficiência e da eficácia da
dos serviços; empresa;
c) São fixos, semi-fixos d) É determinante do preço e da competitividade
ou variáveis; e) Depende de variáveis internas e externas;
Deve ser considerado agregados aos produtos
ou serviços.
29
30. a) Sua evolução e controle são fundamentais
a)São despesas necessá- para a determinação dos resultados;
DESPESAS . rias à obtenção de b) Também avaliam a eficiência e a eficácia;
OPERA receitas; c) Em análise as despesas financeiras não são
CIONAIS b)Podem ser fixas ou . necessárias à atividade operacional;
. variáveis d) Possui relação direta com os resultados;
e) Sofrem interferências de fatores internos e
externos;
f) devem ser consideradas como agregados;
GRUPO DO RESULTADO
DEFINIÇÕES TRADUÇÃO EM INFORMAÇÕES
CONTÁBEIS MAIS PARA EFEITO DE ANÁLISE
GRUPO COMUNS
a) É o efeito do a) Depende da eficiência e da eficácia das
trabalho de uma receitas, dos custos e das despesas;
empresa; b) Não existe limite máximo mas deve ter um
RESULTA b) É a diferença entre parâmetro mínimo;
DOS as receitas, custos e c) Deve ser conhecido e definido antes das
despesas; operações;
c) Pode ser operacional d) É a fonte mais barata de capitalização;
Ou não operacional ; e) É o grau de atratividade p/o investidor;
f) Reflete o trabalho geral da administração;
30
31. II ANÁLISE NA CONCEPÇÃO TRADICIONAL
Há determinados conceitos, fundamentos e princípios que
são imutáveis pela própria essência, e por isso,
circunstanciam e institucionalizam a ciência a que
servem.
.
2.1 INTRODUÇÃO
Muitas definições e conceitos sobre a análise são explorados pelos autores das mais
variadas escolas de contabilidade. Para alguns como DANTE MATARAZO (1991;26)5 a
análise surgiu e prosperou dentro do sistema bancário no final do século XIX mas no
Brasil somente começou a ser difundida no final dos anos 70. Alias a SERASA empresa
conhecida no Brasil por trabalhar nessa área, foi criada em 1.968. É, portanto uma parte da
ciência contábil relativamente nova. Segundo o autor, a análise de balanços tornou-se
obrigatória nos EEUU em 1.915 quando o Federal Reserv Board (Banco Central do
EEUU) definiu que somente poderia negociar títulos com empresas que apresentassem os
seus balanços aos bancos. A concessão de crédito foi, portanto, uma das primeiras
finalidades da análise de balanços.
Em 1.918 o FED (Banco Central Americano) normatizou as apresentações das
demonstrações para efeito de análise criando inclusive, formulários padronizados para que
fossem apresentados pelas empresas como orientador das operações bancárias.
2.2 A CONTABILIDADE E A ANÁLISE
Segundo vários autores a contabilidade e a análise muito embora, esta última
somente tenha se difundido no Brasil a partir da década de 70, nasceram juntas. Aliás,
6
IUDÍCIBUS (1988;19) vai mais longe. Para ele a necessidade de analisar as
demonstrações é pelo menos tão antiga quanto a própria origem de tais peças.
5
Op.Cit
6
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços. 5 ed. São Paulo, Atlas, 1988.
31
32. O mesmo autor, na mesma obra a análise de balanços (sic) deve ser entendida como
uma técnica cheia de possibilidades mas também com várias limitações. Mais aponta
problemas a serem investigados do que soluções.
É sintomática a necessidade de mudar a forma de analisar a partir do momento que a
própria contabilidade deixa de responder às necessidades de várias outras informações
utilizadas na gestão de empresas.
DRUCKER (1995:69)7 emérito conhecedor da arte de administrar entende que
existem dois grandes desafios para a gestão moderna. O primeiro é como obter os dados
necessários, testá-los e juntá-los ao sistema de informações existente; o segundo é torná-los
eficazes para o processo de decisões da empresa. Lembrando a contabilidade o autor diz
que as empresas dependem de dados internos como custos, ou de hipóteses não testadas a
respeito do exterior. De uma ou de outra forma ele afirma: “as empresas estão tentando
voar com uma asa só”. Referindo especificamente à contabilidade ele diz
“As pessoas normalmente consideram a contabilidade como sendo “financeira”. Mas isto
é válido somente para a parte que lida com ativos, passivos e fluxos de caixa; esta é ape-
nas uma pequena parte da contabilidade moderna. A maior parte desta lida com operações
ao invés de finanças e, para a contabilidade operacional, o dinheiro é simplesmente uma
anotação e uma linguagem para expressar eventos não-monetários. A contabilidade está
sendo abalada até as raízes por movimentos de reforma que visão fazer com que ela deixe
de ser financeira, e se torne operacional....A contabilidade tornou-se a área intelectualmen-
te mais desafiadora no campo gerencial e a mais turbulenta.”
2.3 CONCEITOS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES
Eisnsten já dizia: “Tudo deve ser tão simples, quanto mais simples puder ser, e
nunca ainda mais simplificável”. É partindo dessa crua verdade que deve se propor alguns
conceitos de análise das demonstrações. Simplificar é a palavra de ordem. Simplificar os
dados em coeficientes, índices, quocientes ou percentuais para com isso conseguir
simplificar as suas leituras; detectar e simplificar as suas causas; simplificar o estudo de
seus efeitos e racionalizar estratégias futuras.
É o conhecimento do todo pelas partes que o compõe. Filosoficamente é um
processo por meio do qual se sobe do composto ao simples, dos efeitos às causas.
Matematicamente falando é um conjunto de operações que permite produzir um espectro a
fim de se tirar uma conclusão. Como instrumento de gestão (englobando todos os
32
33. conceitos), é um conjunto de diagnósticos setoriais da organização, traduzindo os efeitos e
as causas dos resultados obtidos pelo processo administrativo e produzindo espectros
sobre o futuro do patrimônio gerido, orientado pelas representações de suas partes.
Para HILÁRIO FRANCO (1992;93,97)8
“Analisar uma demonstração é decompô-la nas partes que a formam, para melhor interpreta-
ção de seus componentes...é a decomposição dos fenômenos patrimoniais em seus elemen-
tos mais simples e irredutíveis”.
LOPES SÁ (1981;13)9 um dos grandes cientistas da contabilidade usa o
comportamento humano para explicar o trabalho de análise. Segundo ele é latente no
espírito humano o desejo de conhecer as partes de um todo.
“O método de conhecer as partes de um objeto, de um idéia, ou de qualquer coisa, é o método
analítico.... Analisar é dividir um objeto em partes para conhecer bem tudo aquilo de que é feito um
todo....Análise é, pois, um caminho de entendimentos através das partes ou elementos de um conjunto.
....Busca-se o mais simples para conhecer como se estrutura e como funciona o mais complexo”.
O autor citado defende a diversidade dos procedimentos de análise de acordo com
cada tipo de atividade econômica. É uma idéia que lança desafios mostrando que o
trabalho de análise não possui receitas iguais para os mesmos números, e que vai além da
mera tradução dos números expressos nas demonstrações. Referindo-se às normas
internacionais de contabilidade, ressalta também que os procedimentos de análise variam
de país para país.
2.4 A ANÁLISE ATRAVÉS DOS COEFICIENTES E
ÍNDICES
2.4.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Segundo MATARAZZO (1991;27)10 Alexander Wall, considerado pai da Análise
de Balanços, apresentou em 1.919 o modelo de análise através dos índices hoje bastante
modificados, mas cujo princípio é o mais utilizado até hoje. A partir de 1.931, a Dan &
Badstreet começar a divulgar os índices padrão de várias atividades econômicas
7
DRUCKER, F.Peter. Administrando em tempos de grandes mudanças. São Paulo, Pioneira, 1995.
8
Op.Cit.
9
SÁ, de Antonio Lopes. Introdução à Análise de Balanços. 2 ed. Rio de Janeiro, Tecnoprint, 1981.
10
Op.Cit.
33
34. americanas. Na década de 30 o primeiro modelo de análise de rentabilidade para as
empresas conhecido até hoje como Du Pont, (análise do ROI – Return on Investiment) que
decompunha a taxa de retorno em taxas de margem de lucro e de giro dos negócios.
2.4.1.1 COEFICIENTES - é a relação de uma parte com o todo isto é, com uma
grandeza maior. Para HILÁRIO FRANCO (1992;97)11 “coeficiente é a
determinação da percentagem de cada conta ou grupo de contas em relação ao
seu conjunto.” –
Exemplo:Ativo Circulante relacionado com o Ativo Total;ou Contas a receber
com o Ativo Total
2.4.1.2 QUOCIENTES – é uma relação entre os componentes de um conjunto
homogêneo. HILÁRIO FRANCO assim definiu: “é o estabelecimento da relação entre
componentes de um mesmo conjunto”
Exemplo: Caixa relacionado com o Ativo Circulante; ou Ativo Circulante
relacionado com o Ativo Total.
12
Segundo IUDÍCIBUS o uso dos quocientes tem como finalidade
principal permitir aos analistas visualizar e extrair tendências e compará-los
com os padrões preestabelecidos. É em outras palavras ver o passado e através
dele, fornecer algumas atitudes que deverão ser aplicadas no futuro.
2.4.1.3 ÍNDICES - designa os valores de uma mesma variável isto é, a posição de um
elemento no quadro. Geralmente são relações entre dois coeficientes. Para
MATATARAZZO (1991;96)13
“Ïndice é uma relação entre contas ou grupos de contas das Demonstrações Financeiras, que
visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa...
fornecendo uma visão ampla da situação econômica ou financeira da empresa”
HILÁRIO FRANCO conceitua índice da seguinte forma: “é a comparação
entre componentes do conjunto em sucessivos períodos”.
11
Op.Cit
12
Op.Cit
13
Op.Cit
34
35. 2.4.2 OS PRINCIPAIS COEFICIENTES E ÍNDICES.
Regra geral a análise das demonstrações financeiras é feita mediante a tradução dos
dados ou valores, em coeficientes ou índices permitindo assim a sua análise. Os principais
grupos de coeficientes e índices são:
2.4.2.1 DE LIQUIDEZ
Medem a capacidade que a empresa possui de pagar suas obrigações com base nos
próprios recursos circulantes. É parte da análise financeira da empresa. Para IUDÍCIBUS 14
a análise financeira por quocientes é um dos mais importantes no desenvolvimento da
contabilidade.
Por unanimidade dos autores considera-se que tais coeficientes representam o
quanto para pagar cada unidade monetária (real), a empresa dispõe. Assim, como
parâmetro usa-se dizer que estando ele acima de 1,00 a empresa está como uma capacidade
de pagamento ideal.
2.4.2.2 DE ENDIVIDAMENTO
São relações que demonstram o grau de comprometido da empresa perante
terceiros. É também unanimidade entre os autores a avaliação de que quando esse
coeficiente é superior a 0,50, indica que a empresa começa a pertencer mais terceiros do
que aos próprios componentes da sociedade.
2.4.2.3 DE RENTABILIDADE
Revelam a capacidade de retorno sobre os investimentos isto é, sobre os capitais
investidos. É uma análise que segundo os estudiosos revela a real capacidade que a
empresa possui e obter resultados em função de suas atividades principais (operacionais)
2.4.2.4 DE LUCRATIVIDADE
Demonstram a capacidade que a empresa possui de promover retorno através de
suas atividades operacionais. É, segundo a maioria dos autores uma análise de suma
14
Op.Cit.
35
36. importância para o investidor que interessa em saber a capacidade da empresa de conseguir
resultados com os capitais que nela são investidos;
2.4.2.5 ROTATIVIDADE
Demonstra a velocidade com que os recursos giram tanto pelos destinos quanto
pelas origens. Considerando que o poder de ganho da organização está
condicionado a dois fatores básicos, margem e giro esse estudo é da mais alta
importância principalmente porque numa economia altamente competitiva, o fator
margem é determinado pelo mercado. Assim, a capacidade de dar velocidade aos
recursos aplicados é determinante na análise da administração.
2.4.3 AS LIMITAÇÕES DO USO DOS COEFICIENTES E ÍNDICES
2.4.3.1 OS LIMITES E O BOM-SENSO
Uma análise nos conceitos, nas definições e nas propostas dos vários autores da área
deixa claro que não há limites para a construção de fórmulas para a elaboração de uma
análise de empresas. Elas podem variar em função do tipo ou da linha do negócio; de
acordo com o momento ou com a finalidade a que se destinam; pelo grau de criatividade e
sensibilidade do analista; pelo enfoque que se quer dar ou investigar etc. Além das
fórmulas já consagradas muitas outras já surgiram e ainda surgirão. Assemelha-nos
entretanto, que sempre haverá limitações e que jamais o assunto poderá ser esgotado.
WOLFGANG ( 1997:34) 15 nos dá uma grande lição. Vejamos:
“ O bom-senso (common sense) é, sem dúvida, a base mais sólida para sermos lógicos, prá-
ticos e claros. Afinal, o bom-senso é um aliado da lógica, praticidade e clareza. O entusiasmo
ou pessimismo em excesso e a falta de informações mínimas são inimigos do bom-senso.
Não devemos confundir arrojo ou medo com bom-senso. O bom-senso fortalece e sustenta
mais concretamennte idéias e conclusões.....Contudo, o bom-senso implica a necessidade de
certo conhecimento técnico, pesquisa e questionamento....Por outro lado, o conhecido
feeling (percepção, sentimento) muitas vezes pode ser (e é) invocado para tentar explicar
algum fenômeno na análise.... O feeling, mesmo sendo de origem subjetiva, implica certa
sustentação lógica...”
É exatamente isso que se pretende. Primeiramente é preciso deixar claro que o
bom senso e os estudos já provaram que a análise através do coeficiente e índices, já
prestou grandes serviços à gestão e aos negócios. Por outro lado há estudiosos, raros com
36
37. certeza, que abominam a importância de tais estudos como instrumentos de gestão, dado
exatamente às suas limitações. O que deve ter faltado é o bom senso isto é, certo
conhecimento específico e técnico, pesquisas e questionamento. É o que está sendo feito
agora. O que se questiona é se os coeficientes e índices são verdades ou inverdades
absolutas. Nem uma coisa nem outra. Questiona-se também se o conhecimento sobre o
ambiente, sobre o mercado e o feeling não oferecem lógicas suficientes para enriquecer e
robustecer um trabalho de análise.
2.4.3.2 AS LIMITAÇÕES E O ANALISTA
Não há como discutir a limitação do estudo feito através de coeficiente e de índices
vez que se referem a dados e à informações passadas, e sobretudo, não trabalham com um
cenário maior de informações. Ensaios e opiniões de vários autores quando sinalizam e até
mesmo enfatizam as limitações da análise e, conseqüentemente, ao uso de coeficiente e de
índices, o que é uma máxima. MATARAZZO (1991;31)16 é enfático: “A análise de
balanços tradicional detém-se exclusivamente no passado da empresa, por serem os dados
do passado os únicos contidos nas demonstrações financeiras”.
17
IUDÍCIBUS (1988:175) deixa muito claro que o uso dos quocientes oferece
grandes limitações mesmo que comparados com: a) com a série histórica da própria
empresa, b) com algum padrão previamente estabelecido, c) com quocientes análogos de
empresas pertencente ao mesmo mercado, d) com certos parâmetros de interesse regional,
nacional ou internacional.
O mesmo autor na mesma obra (183) é enfático que a análise onde se leva em conta
apenas os valores das demonstrações financeiras possui uma limitação adicional que é não
considerar as quantidades físicas expressas naqueles valores. Defende a análise que se leva
em conta a eficiência e a produtividade dos fatores.
Esta é mais uma das razões do presente trabalho. Mesmo utilizando algumas
técnicas previsionais, com as quais alguns autores mais modernos já estão trabalhando, as
15
SCHRICKEL, Wolfgang Kurt. Análise de crédito; Concessão e Gerência de Empréstimos. 3 ed. São
Paulo, Atlas, 1997.
16
Op.Cit
17
Op.Cit
37
38. limitações não são totalmente eliminadas. Sempre haverá uma margem de erro,
principalmente tratando de previsões.
Sem a presunção de querer eliminar com essas margens de erro, o trabalho propõe
uma análise ambiental isto é, considerando o mercado e o seu funcionamento como
variável tão ou mais importante do que as potencialidades internas da organização. Mais do
que isso amplia na análise dos fatores internos, estudos de informações que extrapolam as
demonstrações financeiras, mas que nela se refletem, pois interferem nas capacidades e
competências da empresa. Finalmente conjuga as informações obtidas pela a análise das
várias eficiências da empresa traduzindo isso em ferramenta para gestão ou para tomada de
decisão.
18
WOLFGANG (1997:239) traduz toda preocupação com as limitações da análise
quantitativa. Para ele:
“ Os índices, como medidores das relações entre vários números integrantes das demonstrações
financeiras de uma empresa, são ferramentas bastante úteis para análise, resumindo grande quan
tidade de dados e de forma que é geralmente de fácil compreensão. Contudo, os índices
têm limitações consideráveis que devem ser lembradas quando avaliamos seu significado
em determinado caso”
O autor foi muito feliz nas suas conclusões. Leva em conta a rigidez das
demonstrações contábeis diante dos princípios; ressalta os reflexos das mudanças macro
ambientais sobre as demonstrações; considera as mudanças internas etc. Chega ao ponto de
concluir que os índices não esgotam a análise e, isolados, não refletem situações
favoráveis ou desfavoráveis na operação ou administração da empresa. Esta é a pura
realidade. A análise ambiental interna e externa na opinião do autor é fundamental para
qualquer avaliação, política de gestão ou tomada de decisão.
Em outra obra do mesmo autor (1997:119) 19 ensina:
“ Ainda que a análise de balanços utilize uma série de cálculos consagrados (quocientes de li-
quidez, de rentabilidade, de endividamento, por exemplo), sempre haverá espaço para diferen-
ças pessoais entre cada analista, à luz de sua formação acadêmica, experiência profissional, pers-
picácia, sensibilidade etc.....(124). É fundamental ter em mente que as cifras dos demonstrativos
podem estar sensivelmente afetadas por oscilações macro e micro econômicas, ocorridas durante
o período contábil, e que fogem ao controle da empresa...”
18
Op.Cit.
19
SCHRICKEL, Wolfgang Hurt. Demonstrações Financeiras; Abrindo a Caixa-preta, Como interpretar
Balanços para a Concessão de Empréstimos. São Paulo, Atlas, 1997.
38
39. É uma prova contundente da relatividade da análise quantitativa e do subjetivismo
da análise na ótica de cada analista. Entretanto, fica claro o peso da sensibilidade do
analista, ao vislumbrar os ambientes interno e externo em que a empresa se insere. É com
essa sensibilidade que ele consegue avaliar as interferências e os efeitos provocados pelas
políticas internas e externas nas atividades empresariais.
2.5 A ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL
2.5.1 A ORIGEM DO MÉTODO
A análise horizontal e vertical é a forma mais comum de expressar uma análise.
Apesar de suas simplicidades tais análises revelam informações importantes. Este tipo de
análise surgiu em 1925 nos EEUU quando, Stephen Gilman ao criticar o sistema de análise
por coeficientes propôs a análise que vislumbrasse índices encadeados para indicar as
variações havidas nos vários elementos do patrimônio.
2.5.2 A ANÁLISE HORIZONTAL
Permite analisar a evolução de uma de uma conta ou de um grupo de contas entre
períodos diferentes. Serve também para construção de uma série histórica da empresa,
elemento fundamental para ajudar no estudo de tendências. Trabalha fundamentalmente
com efeitos e dificilmente revelas as causas das mudanças. Pode ser evolutiva ou
retrospectiva. Segundo IUDÍCIBUS20 esse tipo de análise é muito importante para
descobrir e avaliar a estrutura e composição de itens das demonstrações e a sua evolução
no tempo.
2.5.3 A ANÁLISE VERTICAL
Demonstra a estrutura das demonstrações podendo assim servir para estabelecer
tendências. Também espelha os efeitos e em algumas demonstrações é também possível
descobrir algumas causas primárias. Revela o percentual que uma grandeza está contida na
outra. Exemplo:
39
40. 2.5.3.1 EXEMPLO DA ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL
Demonstrações em milhares de reais
ELEMENTOS / ANOS 20x2 20x1 20x0
Contas ou Grupos Valor H V Valor H V valor H V
ATIVOCIRCULNTE 1.250 1,15 0,48 1.820 1,68 0,64 1080 1,00 0,47
Disponibilidades 120 0,48 0,10 90 0,36 0,05 250 1,00 0,23
Contas a receber 480 0,94 0,38 620 1,21 0,34 510 1,00 0,48
Estoques 650 2,03 0,52 1.110 3,47 0,61 320 1,00 0,29
REALIZ. A LONGO 420 0,82 0,16 180 0,35 0,06 510 1,00 0,22
PERMANENTE 980 1,30 0,36 860 1,14 0,30 750 1,00 0,31
ATIVO TOTAL 2.650 1,13 1,00 2.860 1,22 1,00 2.340 1,00 1,00
ELEMENTOS / ANOS 20x2 20x1 20x0
Contas ou Grupos Valor H V Valor H V valor H V
PASS. CIRCULANTE 1.450 0,77 0,55 2.320 1,23 0,81 1.880 1,00 0,81
Fornecedores 490 0,81 0,34 760 1,26 0,33 600 1,00 0,32
Débitos operacionais 345 2,15 0,24 280 1,75 0,12 160 1,00 0,08
Empr. Bancários 615 0,55 0,42 1.280 1,14 0,55 1.120 1,00 0,60
EXIGÍVEL LONGO 160 2,66 0,66 120 2,00 0,04 60 1,00 0,02
PATRIM. LÍQUIDO 1040 2,60 0,39 420 1,05 0,15 400 1,00 0,17
PASSIVO + P.L. 2.650 1,13 1,00 2.860 1,22 1,00 2.340 1,00 1,00
ELEMENTOS / ANOS 20x2 20x1 20x0
Contas ou Grupos Valor H V Valor H V valor H V
+ Receita Oper.Líquda 6.650 1,24 1,00 5.820 1,08 1,00 5.370 1,00 1,00
- Custo prod.vendidos 3.190 1,22 0,48 2.760 1,06 0,47 2.610 1,00 0,48
= Lucro oper.bruto 3.460 1,25 0,52 3.060 1,10 0,53 2.760 1,00 0,52
- Desp.operacionais 1.550 1,11 0,23 1.590 1,13 0,27 1.400 1,00 0,26
= Lucro oper.líquido 1.910 1,40 0,29 1.470 1,08 0,25 1.360 1,00 0,25
- Despesas financeiras 1.290 1,31 0,19 1.450 1,48 0,25 980 1,00 0,18
= Lucro líquido período 620 1,63 0,09 20 0,05 0,00 380 1,00 0,07
- Lucros distribuídos 155 0,62 0,02 -0- -o- 0,00 250 1,00 0,05
= Resultado final 465 3,57 0,07 20 0,15 0,00 130 1,00 0,02
2.5.3.2 INFORMAÇÕES RETIRADAS DA ANÁLISE BALANÇO PATRIMONIAL
a) O Ativo Circulante subgrupo mais importante do ativo, depois de crescer 68% no
segundo ano cresceu apenas 15% no terceiro ano. Se em 20x0 ele representava 47%
do ativo total, em 20x1 passou a representar 64% mas em 20x2 voltou a representar
apenas 48% do ativo total. Isso significa a transferência de recursos do curto para o
40
41. longo prazo, entre o segundo e o terceiro ano, o que pode comprometer a liquidez da
empresa.
b) As contas a receber de curto prazo – cresceram 21% entre o primeiro e o segundo
ano reduzindo em 6% entre o terceiro e o primeiro ano. No primeiro ano elas
representavam 48% do ativo circulante, no segundo reduziram para 34% e no terceiro
voltaram a crescer passando a representar 38% do ativo circulante. As variações para
mais nas contas a receber podendo significar aumento no volume das vendas a prazo,
aumento nos prazos concedidos ou ineficácia nas cobranças. Nas variações para
menos o raciocínio é o oposto.
c) Estoques – Cresceram no segundo ano em 247% e subiram no terceiro ano, ainda em
relação ao primeiro, em 103%. No primeiro ano representavam 29% do ativo
circulante, no segundo 61% e no terceiro 52%. Os aumentos da participação dos
estoques podem ser justificados pelo aumento de investimentos neste item ou pela
redução do seu giro o que é grave. Nas variações para menos o raciocínio é inverso.
d) Realizável a longo – Reduziram em valor, no segundo e no terceiro ano em relação ao
primeiro. Representava respectivamente em relação ao ativo total: 22% no primeiro
ano, 6% e 16% no terceiro ano. Quando este item aumenta representa a transferência
de recursos do curto prazo e quando diminui representa remessas para o curto prazo.
Seu aumento pode originar do aumento das vendas a prazo, do aumento dos prazos
concedidos ou do baixo giro (ineficácia) da carteira de cobrança. Na redução
raciocina-se de forma inversa.
e) Permanente – Aumentou 14% no segundo ano e 30% no segundo. Este aumento é
justificado por novos investimentos neste item. Representava 31%, 30% e 36% do
ativo total no primeiro, segundo e terceiro ano. O aumento representa em última
análise, a transferência de recursos do curto para o longo prazo.
2.5.3.3 INFORMAÇÕES IMPORTANTES RETIRADAS DA DEMONSTRAÇÃO DE
RESULTADOS
41
42. a) Receita operacional – Depois de aumentar 8 % no segundo ano melhorou bastante
aumentando 24%% no terceiro. No terceiro ano teoricamente a empresa ganhou
participação no mercado o que é bom sinal.
b) Custo dos produtos vendidos – Cresceram 6% no segundo ano, portanto menos do
que o aumento das vendas (8%) o que é bom sinal. No terceiro ano, enquanto as
vendas aumentaram 24%% os custos aumentaram apenas 22%.No primeiro ano
representavam 48% das vendas; no segundo 47% e no terceiro passaram a representar
48%. No segundo ano foram melhores administrados. Portanto, os custos não estão
crescendo mais que proporcionalmente à variação das vendas. Isso significa que as
matérias primas e secundárias ou os demais custos diretos foram reduzidos por uma ou
outra razão;
c) Lucro bruto – é o reflexo das ocorrências com os dois fatores anteriores.
d) Despesas operacionais – No segundo ano cresceram 13% (as vendas cresceram
apenas 8%); no terceiro ano aumentaram 11%. Representaram no primeiro ano 26%
das vendas totais; no segundo subiram para 27% e no terceiro ano caíram para 23%.
Foi um item que a administração se preocupou e promover saneamento.
e) Lucro operacional – é o resultado das políticas de vendas, de custos e de despesas
demonstrados pelos itens anteriores;
f) Despesas financeiras – Cresceram 48% no segundo ano e 31% no terceiro.
Absorveram no primeiro ano 18% das receitas, no segundo 25% e no terceiro 19%.
Realmente estão prejudicando os resultados da empresa;
g) Lucro Líquido – Não está com performance boa. Anularam-se no segundo ano e no
terceiro subiram 63%. Entretanto a lucratividade das vendas no primeiro ano foi de
7%, nula no segundo ano e de 9% no terceiro;
h) Lucros distribuídos – Apenas 5% das receitas no primeiro e 2% no terceiro ano. No
segundo ano nada foi distribuído aos sócios.
2.5.4 A ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL SOB O ENFOQUE
DE MERCADO.
42
43. Como vimos no subitem anterior a análise horizontal e vertical elaborada apenas
pelos dados da contabilidade oferece informações importantes. Entretanto, não é possível
revelar as causas que provocaram alterações em algum item deixando as informações
extraídas efetivamente limitadas. Serve como série histórica e como tendências mas
limita-se na definição de ações e de estratégias mais concretas.
Por outro lado a elaboração da análise vertical e horizontal utilizando de dados e de
informações do mercado e de dados quantitativos das operações da empresa, oferece uma
quantidade muito maior de novas informações facilitando assim, as conclusões e
orientando melhor para possíveis ações ou estratégias. A maioria das incertezas deixadas
pela análise tradicional podem se transformar em certezas, com a adoção do novo modelo.
O que se pode questionar é quanto a disponibilidade das informações sobre o
mercado e quanto aos dados da empresa, não expressos na contabilidade. Isto é simples.
São dados que podem ser obtidos por uma das seguintes fontes:
a) Quantidades vendidas de um determinado produto no mercado, que pode ser obtida
por uma ou por várias das informações a seguir:
Pela mídia da região quando analisa a performance de um determinado segmento
do mercado;
Pelas entidades classistas que controlam dados de determinados segmentos;
Pelos fornecedores que fornecem o produto à região;
Pelas repartições públicas que controlam entradas e saídas regionais de
determinados produtos;
Pelos concorrentes que disponibilizam os seus dados;
Pelos órgão encarregados de pesquisas;
Através de banco de dados sobre o mercado.
b) Quantidades vendidas pela empresa:
Levantadas através dos controles de estoques da própria empresa;
43