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INSTITUTO PRESBITERIANO VALE DO TOCANTINS                                                     ANO: 2010
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA                                                  PROF : JOSSIVALDO MORAIS
                                                                               o


SÉRIE: 3o ANO – ENSINO MÉDIO                       BIMESTRE: TERCEIRO                 AULA: 01 / 02 / 03

           Eixo Temático: ABORDAGENS SOCIOLÓGICAS CONTEMPORÂNEAS

1 – FORMAÇÃO CULTURAL E IDENTIDADE TOCANTINENSE
  A formação da cultura e identidade tocantinenses estão intimamente ligadas aos povos indígenas que aqui
residiam e aos primeiros exploradores dessa região: os bandeirantes. Além de desbravar, explorar e povoar
novas terras, os colonizadores tinham também uma justificativa ideológica: a expansão da fé cristã:
"Explorava-se em nome de Deus e do lucro”.
  As bandeiras, que tinham como objetivo a descoberta de metais preciosos e o aprisionamento de índios,
foram responsáveis pelo povoamento e formação das primeiras vilas e arraiais no norte goiano. Norte goiano
que, segundo a historiadora Temis Gomes Parente, teve três interpretações: a primeira, devido a localização
geográfica; a segunda, ficou conhecida por conta da enorme quantidade de ouro que foi aqui encontrado,
norte de Goiás era sinônimo de riqueza; e a terceira interpretação, após a decadência do período do ouro, o
norte goiano foi relacionado à ideia de atraso econômico, miséria e pobreza.
  Com a febre da descoberta do ouro no norte goiano, vieram para cá portugueses, mineiros, paulistas e outros
colonos de outras localidades, em geral brancos e solteiros; logo trataram de miscigenar as raças com índias e
negras escravas. A população branca era composta de mineiros e de pessoas pobres que não tinham nenhuma
ocupação e eram tratados, nos documentos oficiais, como vadios. No final do século XVIII, os mestiços já
eram grande parte da população que posteriormente foram absorvidos no comércio e no serviço militar.
  A cultura tocantinense (norte goiano), desde o início de seu povoamento, foi marcada pela exploração e pelo
descaso das autoridades. Quando a fase aurífera entrou em declínio, os arraiais criados por conta da
exploração do ouro foram aos poucos abandonados, e, muitos acabaram por deixar de existir. Com isso a
população mais pobre, que não tinha para onde ir e com que viver, ficava jogada à miséria completa.
  Com o objetivo de ressuscitar a vida no sertão do norte de Goiás, Marquês de Pombal concederia “Cartas de
Sesmarias” para aqueles que passassem a dedicar-se a criar gado ou a plantar próximos às margens dos rios
Araguaia e Tocantins. O objetivo era fazer surgir arraias, pousos, lugarejos, fazendas e vilas e favorecer a
navegação por esses dois principais rios e interligar o sul ao norte do país.
  Essa interligação através da navegação, criação de gado e agricultura proporcionou o enriquecimento
cultural e a formação da identidade tocantinense através do contato com indivíduos vindos de outras regiões
brasileiras: paulista, mineiros, baianos, piauiense, as diversas tribos indígenas que povoaram esta região por
diversas épocas, negros escravos e forros etc.
As lutas do povo do norte de Goiás e os movimentos separatistas
  Sempre o norte goiano, devido à distância e a terras com pouca cultura e pela falta de tecnologia para
cultivos agrícolas, a região norte se tornou atrasada em relação ao resto do estado goiano, assim, a população
e autoridades desta região, preocupados com o desenvolvimento, decidiram não mais brigar para que o
Governo de Goiás olhasse para o norte, mas decidiram se libertar e constituírem um novo estado brasileiro,
daí nasce a ideia do que futuramente viria a ser o novo estado do Tocantins.
  Primeiros Movimentos Separatistas
  A trajetória da autonomia do Norte de Goiás teve seu primeiro grande momento em 1804, quando Joaquim
Theotônio Segurado foi nomeado Ouvidor da Capitania de Goiás. Junto ao Reino fez a reivindicação de
medidas que incentivassem a navegação com a Capitania do Pará através dos rios Tocantins e Araguaia.
Assim, o capitão general D. Francisco de Assis Mascarenhas conseguiu junto ao Príncipe Regente D. João a
criação da Comarca de São João das Duas Barras, e depois a Comarca da Palma, em 18 de março de 1809.
  Em 25 de fevereiro de 1814, D. João autorizou a criação de São João da Palma, vila na barra da Palma,
oficialmente instalada pelo Ouvidor em 26 de fevereiro de 1815. O governo autônomo do Norte de Goiás foi
declarado em 14 de setembro de 1821, com capital provisória em Cavalcante. Segurado liderou o movimento
e presidiu a Junta Provisória da Província da Palma até janeiro de 1822, quando assumiu cadeira de deputado
na Assembleia Constituinte, em Lisboa. Foi sucedido pelo tenente-coronel Pio Pinto Cerqueira. A forte
oposição do governo do Sul e as divergências internas no próprio governo da província aceleraram o fim do
primeiro projeto de autonomia do Norte.
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Após o declínio do movimento separatista liderado por Segurado e também por Felipe Antônio Cardoso, os
ideais de fomento da economia nortense foram retomados em 1868, quando Couto Magalhães fundou a
Companhia de Navegação do Araguaia, com navios a vapor. O projeto foi abandonado com a proclamação da
República. A retomada do movimento aconteceria nas décadas de 30, 40 e 50, em Porto Nacional. Incumbido
de implantar as linhas do Correio Aéreo Nacional, o Brigadeiro Lysias Rodrigues tornou-se defensor da
cultura, costumes e autonomia administrativa da região e chegou a apresentar, em 1944, projeto para a criação
do Território do Tocantins, com capital em Pedro Afonso ou Carolina (MA).
        Os Conflitos Agrários
  A ocorrência de intensos conflitos agrários na região do "Bico do Papagaio" na divisa entre o norte de
Goiás, o Pará e o Maranhão a partir de 1960 soergueu a causa dos que defendiam a emancipação da região ao
longo das décadas seguintes.
        O veto de José Sarney
  Em 1982 circulou um rumor segundo o qual o governo federal estaria disposto a criar o "Território Federal
do Tocantins". Em 1985 o deputado federal José Wilson Siqueira Campos (PDS-GO) apresentou ao
Congresso Nacional um projeto de lei criando o estado do Tocantins. Aprovado pelos parlamentares em
março, foi encaminhado ao presidente José Sarney que o vetou em 3 de abril de 1985.
        Constituição de 1988
  Uma nova tentativa de emancipação foi durante a Assembleia Nacional Constituinte que estabeleceu no
Artigo 13 do "Ato das Disposições Constitucionais Transitórias" as condições para a criação do novo estado
no bojo de uma reforma que extinguiu os territórios federais existentes e concedeu plena autonomia política
ao Distrito Federal.
  Em 5 de outubro de 1988 o norte de Goiás finalmente é emancipado e passa a se chamar Tocantins. Em 1º
de janeiro de 1989 a Unidade Federativa do Tocantins é oficialmente instalada.
Temos uma cultura e uma identidade próprias?
  A cultura e a identidade tocantinense não tem uma raiz única, como se fosse constituída a partir de apenas
um povo ou cultura. Nossa cultura é fruto de uma miscigenação de outras culturas e do amadurecimento
daquilo que nos caracteriza: nossos costumes, nosso clima, nossa culinária, nosso jeito próprio de ser,
produzir, vestir, falar etc. Portanto, não somos uma mistura de outras cultura, somos o despontar de uma
cultura própria que surgiu do contato e do desenvolvimento de suas próprias características.
  Quando o norte goiano foi abandonado e quase esquecido por completo, as pessoas sem condição financeira
que aqui ficaram, sem trabalho, sem perspectiva de vida, tiveram que se adaptarem, sobreviverem. Essa busca
de adaptação e sobrevivência acaba por desenvolver formas próprias de viver e, isso, contribui na constituição
de costumes, tradições e aspectos culturais próprios.
  Essa é a identidade do tocantinense. Nos identificamos pela luta herdada de nossos antepassados, um povo
lutador que aprendeu a sobreviver numa região esquecida pelos governantes, mas que nunca desistiu o ideal
de tornar-se um Estado independente, de afirmar-se como um povo que tem costumes e vida próprios.
FONTE:
NASCIMENTO, Junio Bastista. Tocantins: história e geografia. 6. ed. Goiânia: Bandeirante, 2009. p. 10-19.
TOCANTINS. In: Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tocantins#Hist.C3.B3ria>. Acesso
em 10 ago 2010.
TOCANTINS – HISTÓRIA. In: Fundação Cultural do Estado do Tocantins. Disponível em:
<http://cultura.to.gov.br/conteudo.php?id=3>. Acesso em 09 ago 2010.

                                                   ATIVIDADE

1) Além dos povos indígenas que já habitavam as terras tocantinenses, que outro grupo foi responsável pelo
povoamento e exploração dessa região?
2) Por qual motivo o norte goiano era visto como uma região de atraso econômico e miséria geral?
3) Quando surgiu a luta do goiano do norte em tornar-se independente do governo de Goiás?
4) Que fato, ocorrido já no final do século XX, contribuiu para a efetivação (realização) do desejo de
independência do Tocantins em relação a Goiás?
5) O que, no seu modo de pensar, constitui a identidade do povo tocantinense?



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INSTITUTO PRESBITERIANO VALE DO TOCANTINS                                                     ANO: 2010
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA                                                  PROF : JOSSIVALDO MORAIS
                                                                               o


SÉRIE: 3o ANO – ENSINO MÉDIO                       BIMESTRE: TERCEIRO                 AULA: 04 / 05

2 – CIDADES HISTÓRICAS E PATRIMÔNIO CULTURAL
  Com a descoberta do ouro no norte goiano nas décadas de 1730 e 1740, os primeiros arraias foram criados
onde hoje é o atual Estado do Tocantins: Natividade e Almas (1734), Traíras e São José do Tocantins (1735),
Arraias e Chapada (1736), Pontal e Porto Real (1738). Nos anos 40, surgiram Conceição, Carmo, Cavalcante
(1740), Santa Luzia (1746), Cocal (1749) e Taboca, e mais tarde Príncipe (1770). Alguns foram extintos,
como Pontal, Taboca e Príncipe.
  Dentre os agrupamentos urbanos que permaneceram mesmo após o declínio do período da mineração,
destacam-se: Natividade, Arraias, Almas, Porto Nacional, Dianópolis, Conceição e Monte do Carmo.
  Falaremos de algumas das cidades históricas do Estado do Tocantins, lembrando que as datas nem sempre
são um consenso entre os historiadores.
NATIVIDADE
  Nascida com a exploração do ouro e fundada por Antônio Ferraz de Araújo, sua origem remonta ao século
XVIII, ligada ao Arraial de São Luiz, no alto da serra. Hoje restam apenas ruínas daquele fluente e rico
garimpo de ouro. Provavelmente em 1733, em homenagem a Nossa Senhora da Natividade, o local passa
então a ser chamado de Natividade. Em 1734, o português Manoel Rodrigues de Araújo transferiu o Arraial
para o Sopé da Serra, local de melhor acesso, onde hoje situa a cidade.
  Em 1831, Natividade foi elevada à categoria de Vila. Em 1834 contava com 300 casas e ruas guarnecidas de
calçadas de laje e em 1° de julho de 1901, a vila ganhou o termo de Município de Natividade, se
desmembrado da Comarca de Porto Nacional, e em 23 de dezembro de 1905, pela influente atuação do
Senador Fulgêncio Nunes da Silva, aconteceu à instalação da Comarca de Natividade.
  Atualmente, Natividade tem o seu espaço urbano dividido em três zonas de usos específicos: Zona de
Proteção Histórica, Zona de Proteção Ambiental, e Zona de Expansão. O conjunto arquitetônico é constituído
pelas ruas estreitas de casarões e igrejas.
                                                Festas populares
- Festa do Divino (data móvel)
- Festa de São João Batista (23 a 24/06)
- Festa do Senhor do Bonfim (12 a 17/08)
- Festa da padroeira de N. Sra. da Natividade (30/08 a 08/09)
- Baile de pastorinhas (24/12)
- Festa de Reis (01 a 06/01)
                                              Patrimônio Material
- Igreja da Matriz, datada de 1759, nela se encontra a imagem de Nossa Senhora da Natividade, santa
Padroeira do Estado do Tocantins, possui dois sinos em bronze, datados de 1858.
- Igreja do Rosário dos Pretos
Toda em pedra possui os arcos da entrada central feitos com grandes tijolos especiais da época. Construída
pelos escravos, ficou inacabada.
- Prédio da Antiga Cadeia Pública
Continua com as características originais da sua construção. Impressiona pelas suas janelas e portas de largas
grades e enormes portais em madeiras. Museu Histórico Municipal.
- Casa do Sr. Salvador José Ribeiro (ten. Salvador)
Foi sede da primeira escola pública de Natividade, nos anos de 1831 – Grupo Escolar D. Pedro II
- Ruínas de São Luis
Local do antigo povoado no alto da Serra de Natividade, rico em buracos de garimpos de ouro, que no início a
historia do nascimento da atual cidade, onde também se encontra a Lagoa Encantada, construída pelos
escravos.
-Igreja de São Benedito
De características coloniais, conserva o sino original e a estrutura do primeiro altar.


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ARRAIAS
  Originou-se em 1739 com a descoberta de um garimpo. Em 1740, com o apoio do Governador D. Luís de
Mascarenhas, foi definido traçado das ruas, o que contribuiu para o assentamento da população sob a
nomenclatura de Nossa Senhora dos Remédios de Arraias. No dia 16 de agosto de 1807, o povoado de Arrais
foi elevado a Julgado e, mais tarde, através da Resolução de 1° de abril de 1833, passou à categoria de vila,
instalada em 19 de setembro do mesmo ano.
  O declínio da mineração contribuiu para a evasão urbana e o crescimento da zona rural, onde os habitantes
desenvolviam atividades de pecuária e de agricultura de subsistência, perdurando esta situação até meados do
século XIX, quando Arraias perde a condição de vila, e em 1850 sendo anexada a Cavalcante e mais tarde a
Monte Alegre.
                                                 Festas populares
- vaquejada e congada.
- Danças: Capoeira, Sússia e a Roda de São Gonçalo.
- Festas Religiosas: Padroeira Nossa Senhora dos Remédios (9 de setembro); Festas de Santos Reis (01 a 06
de janeiro); São Sebastião (11 a 20 de janeiro)
- Entrudo (carnaval).
                                                   Arte Popular
- Painel Histórico: Festival de Artes de Arraias “Canta Nordeste”
- Artesanato: Peças executadas em couro, palha, madeira e argila.
- Pratos Típicos: Maria Isabel, Paçoca de Pilão e Mucunzá, Doces de Caju e buriti.
- Bebidas: Licores e pingas.
                                               Patrimônio Material
- Ruínas da casa do feitor na Chapado dos Negros
- Vestígios do povoado, testemunhados pelas ruínas de igrejas, de habitações e por rego de captação de água,
entre matagais e grandes blocos de pedras.
- Igreja Matriz
  Dedicada a Nossa Senhora dos Remédios, foi reconstruída com aproveitamento dos velhos paredões,
localizada na praça Dr. João D’Abreu.
DIANÓPOLIS
    Antigo Arraial de São José do Duro é uma das cidades tocantinenses mais contempladas em obras de
escritores, poetas e historiadores, especialmente por ter sido palco de movimentos armados. Em 1750,
criadores de gados da região nordestina através do vale de São Francisco, chegaram às terras tocantinenses,
antigo norte goiano. Das Minas Gerais também partiram aventureiros em busca de riquezas minerais e índios,
adentrando ao vale do Tocantins chegando à região de Dianópolis, dando assim inicio ao povoamento urbano.
    A cidade tem suas origens ligadas ao aldeamento indígena e à mineração em meados de 1750/51.
    A lei Provincial n° 03, de 14/10/1854, criou o distrito de São José do Duro, sob a jurisdição de Conceição
do Norte e, em 26/08/1884, a Lei Provincial n° 723 elevou o distrito a Vila com o mesmo topônimo,
provavelmente instalada em 1890. Em 1938 recebeu o nome de Dianópolis em homenagem às irmãs
Custodianas ou Dianas, pertencentes a umas das famílias tradicionais da cidade.
    As relações historicamente mantidas com a Bahia proporcionaram acentuada influência cultural. Em
Dianópolis pouco se conservou da arquitetura. O centro histórico da cidade, situado em torno da Praça Cel.
Wolney é composto de prédios residenciais, restando duas casas do século XIX. Essas casas mantêm suas
características originais (foram construídas em 1885 e 1892, respectivamente). Além desses imóveis restam
também cerca de meia dúzia de outros, que conservam o aspecto original, porém, retratam um estilo já do
inicio do século passado, por volta dos anos 30 e 40.
                                              Patrimônio Material
- Capelinha dos Nove: Igreja erguida no túmulo das nove vítimas do massacre que houve no “tronco” em 16
de janeiro de 1919.
- Prefeitura Velha
- Casa do Cel. Wolney : Casa construída em 1885 pelo Coronel Joaquim Ayres Cavalcante Wolney, é dividida
em 14 cômodos e foi erguida por braço escravo.
- Igreja Sagrada Família
- Igreja de São José das Missões: importante por pertencer a um povoado resultante de aldeamento indígena.


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MONTE DO CARMO
    Sua história data do período do “Ciclo do ouro no Brasil”, quando aventureiros adentraram os sertões à
procura das minas. O bandeirante Manuel de Souza Ferreira, à procura de ouro pelo Vale do Alto Tocantins,
deparou com essa localidade.
    Cronologicamente, sua história se desenvolve com maior precisão e detalhes, quando a Rainha Maria I
nomeia o Padre Faustino José da Gama, em 1870, para, no Arraial do Carmo, exercer serviços religiosos.
    Sediado no sopé da Serra do Carmo, Padre Gama tornou-se o mais famoso senhor, “dono de muitos
escravos e lavouras”.
    Na sede do município, podem ser encontrados resquícios de muros e pedras e antigos casarões em ruínas
que ficam em torno da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, como testemunhos do importante povoado
minerador que foi Monte do Carmo. O Distrito de Monte do Carmo foi emancipado no dia 23/10/1963, e a
sua instalação aconteceu em 10/01/1964, com a nomeação do prefeito Durval da Silva R. Barros, que
permaneceu até a nomeação de Ademar Pereira da Silva, em 1965.
                                               Festas populares
- Festa de São Sebastião (20/01)
- Festejos do Carmo (julho) - onde se festeja Nossa Senhora do Rosário, Divino Espírito do Santo e Nossa
Senhora do Carmo.
                                               Comidas típicas
- arroz sirigado e arroz com pequi, doces de caju, buriti, banana, e bolos de arroz, de mãe, amor perfeito entre
outros.
                                             Patrimônio Material
- Igreja de Nossa Senhora do Rosário
- Ruínas do Arraial do Carmo: a casa, igreja e diques que os escravos do padre Gama fizeram no sopé da
Serra do Carmo. Padre Gama tinha sob seu comando cerca de 1200 escravos trabalhando na sua lavoura e no
garimpo.
PORTO NACIONAL
    Segundo os historiadores, a origem de Porto Nacional deve-se á navegação pelo rio Tocantins, fazendo a
ligação entre os dois centros de mineração: Pontal e Monte do Carmo. Depois destacamento militar
encarregado da vigilância da navegação.
    Seu primeiro morador foi o português Felix Camôa, barqueiro que, no final do século XVIII, dedicara-se à
travessia no rio Tocantins de mineiros procedentes das minas de ouro de Bom Jesus do Pontal para as minas
do Arraial do Carmo e vice-versa.
    Por volta de 1805, os índios Xerente revoltados com a exploração de toda ordem a que eram submetidos,
atacaram e dizimaram o “Garimpo de bom Jesus do Pontal”. Os sobreviventes do massacre vieram refugiar-se
e fixar residência em Porto Real.
    Os nomes atribuídos à cidade estão relacionados com a situação política vigente no país: Porto Real,
quando era Brasil-reino; Porto Imperial, na época do Império e finalmente Porto Nacional, após a
proclamação da república. Tal foi o desenvolvimento de Porto, que em 1831, foi promovido à categoria de
“vila”, com a denominação de Porto Imperial. A vila despontou como importante entreposto comercial para os
comerciantes que de “bote” faziam a viagem de Palmas até Belém do Pará e vice-versa. A vila de Porto
Imperial adquire o título de cidade em 1861, com o nome de Porto Nacional.
                                                 Festa Populares
- Festa de São Sebastião (20/01)
- Via Sacra
- Festa do Divino (data móvel)
- Festa da Padroeira - Nossa Sra. das Mercês (24/10)
                                              Patrimônio Material
- Catedral Nossa Senhora das Mercês: essa obra monumental foi iniciada em 1894 e concluída 1904.
Projetada em pedra e tijolos, representa o estilo romântico de Toulouse, França.
- Seminário São José
- Prédio da Prefeitura Velha
- Colégio Sagrado Coração de Jesus
- Prédio do Abrigo João XXIII
Residência do Sr. Oswaldo Ayres

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TOCANTÍNIA
    Os primeiros registros que envolvem a região que hoje é a cidade de Tocantínia vêm de 1738, quando
começa a chegar na região muitos aventureiros em busca do ouro, terras e outras riquezas. A região já era
habitada pelos índios Xerente que ocupavam as terras próximas ao Rio Providência e ao longo do Rio
Tocantins. Nesse período ocorreram muitos conflitos envolvendo os índios e os chegantes, que tinham que
passar por terras indígenas. Vieram também os bandeirantes que abriam caminho e aprisionavam os índios
para trabalharem como escravos em outras regiões.
    Com o projeto de povoamento da região, foram utilizadas muitas estratégias para afastar os índios, umas
delas foi o aldeamento, iniciado em 1840 pelo Frei Antonio de Ganges, que chegou ao Brasil acompanhado
por Frei Rafael de Targia, com a missão de aldear os índios Xerente, Krahô e Xavante.
    O primeiro nome da atual Tocantínia foi Tereza Cristina (nome do aldeamento), em homenagem a então
Imperatriz do Brasil. Depois em virtude da proximidade com o Ribeirão Piabanha, passou a se chamar
Piabanha, e em 20 de abril de 1936 adotou o nome atual, sendo elevado a categoria de município no dia 3 de
outubro de 1953.
                                            Patrimônio Material
- Igreja de Tocantínia
A igreja em adobe, construída pelos índios, foi idealizada por frei Antônio. Anos depois foi reconstruída pela
vontade do Monsenhor Pedro Pereira Piagem.
TOCANTINÓPOLIS
Cidade que ficou popularmente conhecida como “Boa Vista do Padre João”, devido à grande influência
histórica deste vigário, a antiga boa Vista do Tocantins, se tornou cenário de alguns acontecimentos
marcantes.
O primeiro Núcleo de habitantes teve inicio em 1818, quando bandeirantes, partindo de Pastos Bons, no
Maranhão, vieram à procura de índios para catequizar. A região era muito fértil e possuía grande quantidade
de madeiras adequadas para a construção e produção de imóveis.
Espalhada a noticia da fertilidade do local, grande número de habitantes de Carolina – MA, se deslocaram
para o novo povoado.
Em 1852 foi criado o Distrito de Boa Vista do Tocantins, em 28 de julho de 1858 foi elevada à categoria de
cidade, e Pedro José Cipriano foi reconhecido como seu fundador.
Em 1943 a Cidade passou a ser chamada de Tocantinópolis.
                                             Patrimônio Material
- Catedral de Nossa Senhora da Consolação
- Seminário João XXIII
A importância arquitetônica do prédio reside no fato de simbolizar a grande influencia religiosa da cidade,
que abrigou a sede da prelazia por vários anos, ao elevar-se diocese fundou também este seminário, que tem
ordenado várias turmas de padre, inclusive o Padre Josimo que se tornou conhecido nacionalmente pela sua
atuação ao lado das lutas em favor dos oprimidos da região. Trata-se de um prédio de construção recente
(1955-1960)

FONTE:

NASCIMENTO, Junio Bastista. Tocantins: história e geografia. 6. ed. Goiânia: Bandeirante, 2009. p. 10-19.

TOCANTINS – HISTÓRIA. In: Fundação Cultural do Estado do Tocantins. Disponível em:
<http://cultura.to.gov.br/conteudo.php?id=3>. Acesso em 09 ago 2010.




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INSTITUTO PRESBITERIANO VALE DO TOCANTINS                                                     ANO: 2010
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA                                                  PROF : JOSSIVALDO MORAIS
                                                                               o


SÉRIE: 3o ANO – ENSINO MÉDIO                       BIMESTRE: TERCEIRO                 AULA: 04 / 05

3 – CIDADES RECENTES E MIGRAÇÃO

    O ciclo do Cristal de Rocha
    Na década de 1930, o interior do Brasil era um imenso vazio demográfico, a população concentrava-se no
litoral e o interior era visto como algo exótico.
    O então presidente da República Getúlio Vargas, na ânsia de suprir o abalo econômico e resguardar o
território de possível invasão estrangeira, implanta uma Política de Integração Nacional, conhecida como
“Marcha para o Oeste”. Na prática, o plano consistia basicamente em duas linhas: a primeira, era aldear os
índios; e a segunda era explorar os recursos naturais com o intuito de ocupar e povoar grandes vazios
demográficos.
    A ideia era que cada região fosse explorada de acordo com suas peculiaridades e, à medida que a
população fosse atraída, naturalmente surgiriam novos núcleos populacionais.
    No Tocantins, essa marcha, liderada por Cândido Rondon, acabou descobrindo o quartzo, conhecido
popularmente como cristal de rocha. No vale do Araguaia esse produto tinha enorme valor comercial por ser
matéria-prima para confecção de armamento bélico.
    A consequência dessa descoberta foi que, em curtíssimo tempo, a região recebeu uma grande quantidade
de migrantes, vindos principalmente do nordeste (Maranhão e Piauí) e do Pará, que acabaram povoando uma
vasta extensão, entre as quais: Xambioá (1933), Cristalândia (1939), Pium (1940), Dois Irmãos (1943),
Ananás (1946), Araguaçu (1948), Formoso do Araguaia (1949), Dueré (1953) e Arapoema (1956). Apesar de
ter durado pouco tempo, algo em torno de vinte anos (20 anos), tal movimento foi responsável por grande
povoamento recente do norte goiano.

   O ciclo da construção da BR-153 (Belém-Brasília)
   Apesar dos ciclos anteriores de povoamento e exploração, o norte de Goiás ainda permanecia no abandono
e isolamento. Sem estradas nem formas de comunicação, o único meio de transporte era a rota hidroviária
pelo rio Tocantins.
   O projeto de construção da rodovia BR-153, iniciada no governo de Juscelino Kubitschek, serviu de via de
comunicação e transformação de todo o norte goiano. Economicamente, ela proporcionou o escoamento da
produção, a chegada de produtos industrializados dos grandes centros e uma mudança significativa no perfil
do produtor, bem como um melhoramento genético do gado da região. Demograficamente, a região foi
invadida por pessoas de todas as partes, especialmente por nordestinos. Em menos de duas décadas a
população saltou de 204 mil habitantes para 521 mil, um acréscimo de mais de 150%.
A consequência direta foi o surgimento de povoados à beira da rodovia. Alguns permaneceram como simples
entroncamentos ou pousos, e demoraram décadas para evoluir. Outros cresceram rapidamente, impulsionados
pela base migratória que aqui acampava durante as obras de construção. Foi o caso de Araguaína e Gurupi,
emancipadas antes mesmo da inauguração da rodovia, ainda no ano de 1959; além de Wanderlândia, Colinas,
Guaraí, Miranorte, Presidente Kennedy, Paraíso, Fátima e Alvorada, que foram emancipadas na década de
1960.

FONTE:

NASCIMENTO, Junio Bastista. Tocantins: história e geografia. 6. ed. Goiânia: Bandeirante, 2009. p. 20-21.


4 – POVOS INDÍGENAS
   Os povos indígenas do Tocantins estão distribuídos em mais de 82 aldeias, perfazendo uma população de
cerca de 10 mil indígenas.
                                                POVO INY
   Karajá, Karajá/Xambioá e Javaé formam o povo Iny, pertencente ao tronco lingüístico Macro-Jê, família e
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língua Karajá. Coletores e pescadores, após longo período de migração se fixaram na Ilha do Bananal. Os
Karajá da Ilha ou de cima são chamados de Ibòò Marãdu. Os Javaé vivem às margens do rio Javaé,
denominados o povo do meio (Iny Webohony). Os Karajá/Xambioá (Iraru Mahãdu), os Karajá de baixo, estão
localizados na Reserva Xambioá, município de Santa Fé do Tocantins.
   A convivência constante do Karajá de baixo (Xambioá/Karajá) com os não indígenas contribuiu para que
gradativamente agregasse à sua cultura os usos e costumes externos e conseqüentemente, a perda de parte da
cultura tradicional e principalmente a fala a língua original.
   Atualmente, está havendo a recuperação do falar a língua Karajá através do ensino ministrado nas escolas
implantadas nas aldeias, exigência da Lei 10.172/2001. Paralelamente, a gerencia indígena da Diretoria de
Patrimônio Cultural da Fundação Cultural vem apoiando a realização das festas tradicionais, participação em
intercâmbios e no resgate do ritual do Hetoroky.
   A confecção de objetos de cerâmica, a pintura corporal e as bonecas ritxokò são tradicionais da cultura
Karajá, assim como as festas e rituais.
   O Tocantins apresenta aproximadamente 3 mil Karajá, distribuídos em 07 aldeias na Ilha do Bananal. Os
Javaé estão distribuídos em 13 aldeias e os Karajá/Xambioá, são cerca de 500 índios em 03 aldeias.
Festas Karajá (Ilhado Bananal)
* Rituais: do Hetohoky (Casa Grande) e Aruanã
* Festa do Mel
Homenagem aos Mortos – Itxeo
Festa da alegria- Maarasi
Festas Javaé
* Rituais: do Aruanã e Hetohoky (Casa Grande)
* Festa da alegria– Marakasi
Festas Karajá/Xambioá
* Rituais: do Kralaru
* Festa do Peixe
   O povo Iny mantém a tradição através de seus rituais e celebrações. Ensinam aos descendentes a
importância e necessidade da transmissão destes conhecimentos que vêm de tempos milenares. O Hetoroky
têm caráter religioso e acontece durante a época de fartura alimentar. As figuras míticas dos espíritos
protetores (Aruanãs) cantam e dançam para todos sem data determinada.
   Na preparação das festas os homens saem para as caça e pescarias, as mulheres preparam a alimentação e
os ornamentos e enfeites: colares, braçadeiras e tornozeleiras. A pintura corporal é a representação de figuras
simbólicas de animais como pássaros, peixes e répteis. Utilizam as cores preta, retirada do jenipapo, e
vermelha do urucum. Existem dentro da comunidade pessoas conhecedoras de como fazer a pintura corporal
Ritual
   O Hetoroky representa a passagem do menino para a fase adulta. A festa começa quando o pai do menino
vai conversar com o pajé para que ele chame os aruanãs (espíritos). Convidam os Karajá de toda a região para
participar e constroem uma grande casa para os convidados, onde deverá ter comida farta para todos. São
realizadas lutas tradicionais e a disputa do mastro. Os Aruanãs entram e saem das casas cantando e dançando
para marcarem a passagem do menino iniciando a fase adulta, dando continuidade aos feitos de seus
ancestrais dos quais muito se orgulham.
   Depois das boas vindas, começa a luta (Ijesu) entre os homens, uma verdadeira prova de força e resistência
corporal. A competição entre as aldeias começa à noite, quando os homens se reúnem em torno da “grande
tora” (Thoo). A luta vai até o amanhecer, quando o Iyeré (menino que está sendo iniciado) chega para a
cerimônia com o corpo todo pintado de preto e a cabeça raspada.
                                                  XERENTE
   Akwê, “gente importante”, “indivíduo”. O povo que assim se denomina vive na margem direita do rio
Tocantins, perto da cidade de Tocantínia, nas Reservas Indígenas Xerente e Funil num total de 183.542
hectares de área demarcada. Os Xerente também pertencem ao grupo lingüístico Macro-Jê. Seu artesanato é
produzido principalmente com a palha de babaçu, seda de buriti, sementes dos quais surgem cestas, balaios,
redes, bolsas, esteiras, adereços e de adornos e enfeites. O artesanato produzido é comercializado nas cidades
próximas à reserva.
   Atualmente, os Xerente atendem sua demanda alimentar com projetos de autosustentabilidade promovido
pelo Procambix-Programa de Compensação Ambiental Xerente, resultado das negociações com a Investco,

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responsável pela construção da UHE de Lajeado.
   No Tocantins são aproximadamente 3 mil índios em 46 aldeias.
Festas
Festa de dar nomes - Wakê
Homenagem aos mortos - Kuprê
Padi - tamanduá bandeira
Corrida de toras de buriti
Feira de Sementes do Cerrado
                                                  APINAJÉ
   Na região Norte do Estado, na reserva que abrange os municípios de Tocantinópolis, Maurilândia,
Cachoeirinha e Lagoa de São Bento perfazendo um total de 141.904 hectares, desde 1985. As aldeias estão
distribuídas em dois PINS (Postos Indígenas), em São José e Marizinhas, onde vive o povo Apinajé, que se
autodenomina de Panhi e pertence ao tronco lingüístico Macro-Jê.
   Os Apinajé sobrevivem da agricultura de subsistência, da caça, da coleta de babaçu do qual extraem o óleo
das amêndoas, aproveitam a palha para fabricar utensílios domésticos, coberturas de suas casas e as cascas
são utilizadas como combustível para cozinhar. Produzem o artesanato de sementes e miçangasque
comercializam nas cidades vizinhas. Entre suas tradições está a Mêkaprî, ritual para fazer o espírito voltar ao
corpo do doente; o Parkapé, ritual que homenageia os mortos e o fim do luto, chamada festa da Tora Grande.
Ritual do casamento quando se prepara TwýKupu – bolo grande enrolado na folha de bananeira e assado no
braseiro cavado no chão.
   São 1,8 mil indígenas em 22 aldeias
Festas
Ritual de homenagem aos morto - Párkape
Ritual para retorno do espírito do doente ao corpo – Mêkaprî.
                                                  KRAHÔ
   As aldeias Krahô situadas na região de Itacajá e Goiatins com 302.533 hectares demarcados em 1976,
lembram os sítios encontrados no médio Tocantins, Sul do Estado. Apresentam estrutura em forma circular,
com habitações em torno de uma área vazia, o pátio central ou Ká, representa o coração da aldeia, onde se
reúnem para dividir o trabalho e tomar decisões importantes para a comunidade. Pertencentes ao tronco
Macro-Jê, têm suas aldeias divididas em dois partidos – o do inverno (Katam’jê) e o do verão (Wakm’jê) -,
que se revezam no poder de acordo com os períodos de chuva e seca na região.
   Os Krahô acreditam que os sonhos predizem o futuro do sonhador. Cultivam seus rituais e celebrações e
possuem como símbolo sagrado uma machadinha de pedra a qual chamam de Khoyré, pois acreditam que
mantêm a harmonia e o respeito dentro da comunidade, dando continuidade a tradição e a vida. Mantêm a
tradição da corrida de toras de buriti, especilamente preparada para cada tipo de festa, e os participantes
representam os dois partidos.
   No Tocantins, são cerca de 3 mil índios em 23 aldeias.
Festas
* Festa da Batata (Panti)
* Festa do Milho (pônhê)
*Festa wythô
* Empenação das Crianças
* Feira da Semente.
                                            KRAHÔ-CANELA
   Este povo assim se auto-identifica por ser descendente de duas etnias distintas: Krahô e Canela, povo
Timbira (tronco Macro-Jê), originários do Maranhão.
   Atualmente os Krahô -Canela estão em um processo ocupação das terras de Mata Alagada, município de
Lagoa da Confusão e de resgate de sua cultura.
Calendário de festas
   As festas indígenas no Tocantins acontecem de março a dezembro. São datas móveis definidas pelas
lideranças de cada aldeia. Nos meses de fevereiro a julho acontecem as maiorias dessas festas, principalmente
nos Xerente, Krahô e Apinajé.

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Artesanato indígena
    O artesanato indígena é utilizado como enfeites, compor a indumentária usada nos rituais e também,
produção de utensílios domésticos e na comercialização. Os Karajá são excelentes artesãos da arte plumária e
cerâmica. Os Akwe (Xerente) são considerados o povo do trançado (cestaria) e os Timbiras (Apinajé e
Krahô), são especialistas na arte dos trançados e artefatos de sementes nativas do cerrado.
    A cestaria é utilizada no transporte e armazenamento de mantimentos e como peças decorativas. A técnica
é ensinada pelos mais velhos aos jovens que desejam aprender. As crianças aprendem desenhando na areia,
depois transportam para a palha. Os motivos são transmitidos de geração para geração e representam a fauna e
a flora. Para confecção das cestarias são utilizadas a palmeira do babaçu, da bacaba, tucum e a seda do buriti.
    Para confeccionar a cerâmica, os artesãos Iny utilizam uma argila especifica chamada de barro de louça
que misturado com cinzas da madeira do “cega machado” e colocada para secar ao sol, depois queimada no
forno tradicional. No final, a peça é pintada de preto e vermelho. Feitas pelas mulheres, podem ser utilitárias
(potes, pratos, tigelas) ou ornamentais assim também, são confeccionadas as (bonecas ritxokò e ritxoo). As
miniaturas em cerâmica, representam o cotidiano do povo Iny (Karajá) como o parto, a caçada e a pescaria.
São figuras de animais encontrados na Ilha do Bananal, como onça, anta, jacaré, tucano, ariranha e paca.

   FONTE:

TOCANTINS – HISTÓRIA. In: Fundação Cultural do Estado do Tocantins. Disponível em:
<http://cultura.to.gov.br/conteudo.php?id=3>. Acesso em 09 ago 2010.


5 – COMUNIDADES QUILOMBOLAS
   Atualmente existem 21 comunidades reconhecidas como remanescentes de quilombo no estado do
Tocantins, mediante o decreto presidencial 4.887 de 20 de novembro 2003.
   As comunidades compreendem o patrimônio cultural estadual e possuem características culturais próprias
e peculiaridades que as distinguem umas das outras e de toda a sociedade, apresentando semelhanças no que
diz respeito ao uso e ligação com a terra onde estão localizadas.
   Apresentam manifestações culturais peculiares: danças tradicionais, cantigas de roda, festas religiosas,
além de produzirem artesanatos que são usados como adereços ao corpo e como utensílios necessários para a
manutenção de suas atividades diárias. Produzem ainda alimentos típicos de uma culinária que tem como base
produtos encontrados na natureza ou produzidos em suas hortas comunitárias. As comunidades quilombolas
do estado do Tocantins estão distribuídas de Norte a Sul, em vários municípios, conforme tabela abaixo.

              COMUNIDADES                                      MUNICÍPIOS / TO
                Lagoa da Pedra
                                                                      Arraias
               Mimoso Kalungas
                 Malhadinha
                                                               Brejinho de Nazaré
                Córrego Fundo
                   São José
                                                             Chapada de Natividade
             Chapada de Natividade
                 São Joaquim
                                                                   Porto Alegre
                   Laginha
                  Redenção                                         Natividade
               Barra da Aroeira                             Santa Tereza do Tocantins
                  Cocalinho                                   Santa Fé do Araguaia
              Morro de São João                              Santa Rosa do Tocantins
                   Baviera                                         Aragominas
               Povoado do Prata                                     São Félix
                  Mumbuca                                           Mateiros


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Carrapato
                   Formiga
                  Ambrósio
                    Grotão                                         Filadélfia
                 Mata Grande                                     Monte do Carmo
          Santa Maria das Mangueiras                              Dois Irmãos

   Para muitas pessoas falar sobre quilombos e comunidades quilombolas é tratar de um tema do passado, um
assunto distante e longínquo. Mas, na verdade, nós temos visto que essa questão é bastante atual e têm tudo a
ver com assuntos bem recentes, como a proteção ambiental e a valorização de minorias étnicas.
   Nos séculos passados, como no interior do Brasil não existiam estradas unindo as cidades, os grandes rios
faziam esse papel, servindo para o deslocamento de pessoas e mercadorias. Dessa forma, diversas expedições
formadas por colonizadores, bandeirantes e missionários chegaram à região do Planalto Central, navegando
pelos rios Araguaia e Tocantins. Assim, surgiram na região os primeiros povoados e aldeamentos indígenas,
implementados pelos padres católicos da Companhia de Jesus.
   A ocupação econômica do coração do Brasil se efetivou com os bandeirantes paulistas chegando em busca
de ouro e pedras preciosas, no final do século XVIII. Com o estabelecimento dos primeiros garimpos, foram
trazidos escravos e, consequentemente, daí surgiram os grandes arraiais. Muitos desses aglomerados deram
origem a diversas cidades, tais como: Dianópolis (vila São José do Duro), Paranã (vila São João da Palma),
Natividade (arraial de Nossa Senhora de Natividade) e Arraias (povoado Nossa Senhora dos Remédios de
Arraias).
   Um pouco após o ciclo do ouro, nos séculos XIX até a metade do século XX, outras cidades nasceram
através do desenvolvimento da navegação e com o aumento do comércio estabelecido entre a região central
do Brasil e a cidade de Belém do Pará (principal centro econômico da região Norte). Daí surgiram, às
margens do Tocantins, as cidades de Porto Nacional (antigo povoado Porto Real), Tocantínia (antiga vila
Piabanha), Pedro Afonso (aldeamento Rio do Sono), Filadélfia (povoado Porto de Paula) e Tocantinópolis
(antiga vila São João da Boa Vista).
   Ao longo desses anos, desde o ciclo do ouro até o fim da escravidão, em 1888, milhares de escravos foram
trazidos à região para servirem de mão-de-obra nos garimpos e nas demais atividades que se desenvolveram
posteriormente. E, como em diversos outros lugares do Brasil, era comum que os escravos fugissem para
lugares distantes e isolados, buscando uma vida livre nos quilombos.
   Até recentemente, muitas dessas comunidades quilombolas se mantiveram isoladas, totalmente à parte da
assistência de órgãos públicos e demais instituições sociais. Nessa situação, acabaram mantendo usos e
costumes próprios, subsistindo a partir de pequenas roças, da caça e do extrativismo.
   Nos últimos anos, a Fundação Cultural Palmares (órgão vinculado ao Ministério da Cultura) já reconheceu
21 comunidades quilombolas no Tocantins.
   Um aspecto bastante curioso em relação à distribuição dessas comunidades é que quase todas elas estão
situadas em municípios da bacia do rio Tocantins, sendo que apenas duas (Cocalinho e Baviera), localizam-se
na bacia do rio Araguaia.
   Outro aspecto importante que vale destacar trata-se da origem das comunidades quilombolas, pois nem
todas elas nasceram de quilombos, como a comunidade Mumbuca, situada na região do Jalapão, que foi
originada pela fusão de negros e índios; e a Barra do Arroeira, em Santa Tereza do Tocantins, que é formada
por negros que participaram da Guerra do Paraguai e receberam, como mérito pela participação na Guerra,
algumas terras no antigo norte de Goiás, hoje Tocantins.
   Mas, independente dessas discussões históricas acerca da origem de tais comunidades, o INCRA (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária) reconhece que todas são remanescentes de ex-escravos e seus
descendentes, sendo, portanto, garantido a cada uma delas o direito às terras que ocupam tradicionalmente.
Tal direito está assegurado no Artigo 216 da Constituição Federal de 1988.

   FONTE:

  TOCANTINS – HISTÓRIA. In: Fundação Cultural do Estado do Tocantins. Disponível em:
<http://cultura.to.gov.br/conteudo.php?id=3>. Acesso em 09 ago 2010.

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Formação cultural e identidade tocantinense

  • 1. INSTITUTO PRESBITERIANO VALE DO TOCANTINS ANO: 2010 DISCIPLINA: SOCIOLOGIA PROF : JOSSIVALDO MORAIS o SÉRIE: 3o ANO – ENSINO MÉDIO BIMESTRE: TERCEIRO AULA: 01 / 02 / 03 Eixo Temático: ABORDAGENS SOCIOLÓGICAS CONTEMPORÂNEAS 1 – FORMAÇÃO CULTURAL E IDENTIDADE TOCANTINENSE A formação da cultura e identidade tocantinenses estão intimamente ligadas aos povos indígenas que aqui residiam e aos primeiros exploradores dessa região: os bandeirantes. Além de desbravar, explorar e povoar novas terras, os colonizadores tinham também uma justificativa ideológica: a expansão da fé cristã: "Explorava-se em nome de Deus e do lucro”. As bandeiras, que tinham como objetivo a descoberta de metais preciosos e o aprisionamento de índios, foram responsáveis pelo povoamento e formação das primeiras vilas e arraiais no norte goiano. Norte goiano que, segundo a historiadora Temis Gomes Parente, teve três interpretações: a primeira, devido a localização geográfica; a segunda, ficou conhecida por conta da enorme quantidade de ouro que foi aqui encontrado, norte de Goiás era sinônimo de riqueza; e a terceira interpretação, após a decadência do período do ouro, o norte goiano foi relacionado à ideia de atraso econômico, miséria e pobreza. Com a febre da descoberta do ouro no norte goiano, vieram para cá portugueses, mineiros, paulistas e outros colonos de outras localidades, em geral brancos e solteiros; logo trataram de miscigenar as raças com índias e negras escravas. A população branca era composta de mineiros e de pessoas pobres que não tinham nenhuma ocupação e eram tratados, nos documentos oficiais, como vadios. No final do século XVIII, os mestiços já eram grande parte da população que posteriormente foram absorvidos no comércio e no serviço militar. A cultura tocantinense (norte goiano), desde o início de seu povoamento, foi marcada pela exploração e pelo descaso das autoridades. Quando a fase aurífera entrou em declínio, os arraiais criados por conta da exploração do ouro foram aos poucos abandonados, e, muitos acabaram por deixar de existir. Com isso a população mais pobre, que não tinha para onde ir e com que viver, ficava jogada à miséria completa. Com o objetivo de ressuscitar a vida no sertão do norte de Goiás, Marquês de Pombal concederia “Cartas de Sesmarias” para aqueles que passassem a dedicar-se a criar gado ou a plantar próximos às margens dos rios Araguaia e Tocantins. O objetivo era fazer surgir arraias, pousos, lugarejos, fazendas e vilas e favorecer a navegação por esses dois principais rios e interligar o sul ao norte do país. Essa interligação através da navegação, criação de gado e agricultura proporcionou o enriquecimento cultural e a formação da identidade tocantinense através do contato com indivíduos vindos de outras regiões brasileiras: paulista, mineiros, baianos, piauiense, as diversas tribos indígenas que povoaram esta região por diversas épocas, negros escravos e forros etc. As lutas do povo do norte de Goiás e os movimentos separatistas Sempre o norte goiano, devido à distância e a terras com pouca cultura e pela falta de tecnologia para cultivos agrícolas, a região norte se tornou atrasada em relação ao resto do estado goiano, assim, a população e autoridades desta região, preocupados com o desenvolvimento, decidiram não mais brigar para que o Governo de Goiás olhasse para o norte, mas decidiram se libertar e constituírem um novo estado brasileiro, daí nasce a ideia do que futuramente viria a ser o novo estado do Tocantins. Primeiros Movimentos Separatistas A trajetória da autonomia do Norte de Goiás teve seu primeiro grande momento em 1804, quando Joaquim Theotônio Segurado foi nomeado Ouvidor da Capitania de Goiás. Junto ao Reino fez a reivindicação de medidas que incentivassem a navegação com a Capitania do Pará através dos rios Tocantins e Araguaia. Assim, o capitão general D. Francisco de Assis Mascarenhas conseguiu junto ao Príncipe Regente D. João a criação da Comarca de São João das Duas Barras, e depois a Comarca da Palma, em 18 de março de 1809. Em 25 de fevereiro de 1814, D. João autorizou a criação de São João da Palma, vila na barra da Palma, oficialmente instalada pelo Ouvidor em 26 de fevereiro de 1815. O governo autônomo do Norte de Goiás foi declarado em 14 de setembro de 1821, com capital provisória em Cavalcante. Segurado liderou o movimento e presidiu a Junta Provisória da Província da Palma até janeiro de 1822, quando assumiu cadeira de deputado na Assembleia Constituinte, em Lisboa. Foi sucedido pelo tenente-coronel Pio Pinto Cerqueira. A forte oposição do governo do Sul e as divergências internas no próprio governo da província aceleraram o fim do primeiro projeto de autonomia do Norte. Professor Morais - e-mail: profemorais@gmail.com MSN SPACES: profmorais.spaces.live.com 1
  • 2. Após o declínio do movimento separatista liderado por Segurado e também por Felipe Antônio Cardoso, os ideais de fomento da economia nortense foram retomados em 1868, quando Couto Magalhães fundou a Companhia de Navegação do Araguaia, com navios a vapor. O projeto foi abandonado com a proclamação da República. A retomada do movimento aconteceria nas décadas de 30, 40 e 50, em Porto Nacional. Incumbido de implantar as linhas do Correio Aéreo Nacional, o Brigadeiro Lysias Rodrigues tornou-se defensor da cultura, costumes e autonomia administrativa da região e chegou a apresentar, em 1944, projeto para a criação do Território do Tocantins, com capital em Pedro Afonso ou Carolina (MA). Os Conflitos Agrários A ocorrência de intensos conflitos agrários na região do "Bico do Papagaio" na divisa entre o norte de Goiás, o Pará e o Maranhão a partir de 1960 soergueu a causa dos que defendiam a emancipação da região ao longo das décadas seguintes. O veto de José Sarney Em 1982 circulou um rumor segundo o qual o governo federal estaria disposto a criar o "Território Federal do Tocantins". Em 1985 o deputado federal José Wilson Siqueira Campos (PDS-GO) apresentou ao Congresso Nacional um projeto de lei criando o estado do Tocantins. Aprovado pelos parlamentares em março, foi encaminhado ao presidente José Sarney que o vetou em 3 de abril de 1985. Constituição de 1988 Uma nova tentativa de emancipação foi durante a Assembleia Nacional Constituinte que estabeleceu no Artigo 13 do "Ato das Disposições Constitucionais Transitórias" as condições para a criação do novo estado no bojo de uma reforma que extinguiu os territórios federais existentes e concedeu plena autonomia política ao Distrito Federal. Em 5 de outubro de 1988 o norte de Goiás finalmente é emancipado e passa a se chamar Tocantins. Em 1º de janeiro de 1989 a Unidade Federativa do Tocantins é oficialmente instalada. Temos uma cultura e uma identidade próprias? A cultura e a identidade tocantinense não tem uma raiz única, como se fosse constituída a partir de apenas um povo ou cultura. Nossa cultura é fruto de uma miscigenação de outras culturas e do amadurecimento daquilo que nos caracteriza: nossos costumes, nosso clima, nossa culinária, nosso jeito próprio de ser, produzir, vestir, falar etc. Portanto, não somos uma mistura de outras cultura, somos o despontar de uma cultura própria que surgiu do contato e do desenvolvimento de suas próprias características. Quando o norte goiano foi abandonado e quase esquecido por completo, as pessoas sem condição financeira que aqui ficaram, sem trabalho, sem perspectiva de vida, tiveram que se adaptarem, sobreviverem. Essa busca de adaptação e sobrevivência acaba por desenvolver formas próprias de viver e, isso, contribui na constituição de costumes, tradições e aspectos culturais próprios. Essa é a identidade do tocantinense. Nos identificamos pela luta herdada de nossos antepassados, um povo lutador que aprendeu a sobreviver numa região esquecida pelos governantes, mas que nunca desistiu o ideal de tornar-se um Estado independente, de afirmar-se como um povo que tem costumes e vida próprios. FONTE: NASCIMENTO, Junio Bastista. Tocantins: história e geografia. 6. ed. Goiânia: Bandeirante, 2009. p. 10-19. TOCANTINS. In: Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tocantins#Hist.C3.B3ria>. Acesso em 10 ago 2010. TOCANTINS – HISTÓRIA. In: Fundação Cultural do Estado do Tocantins. Disponível em: <http://cultura.to.gov.br/conteudo.php?id=3>. Acesso em 09 ago 2010. ATIVIDADE 1) Além dos povos indígenas que já habitavam as terras tocantinenses, que outro grupo foi responsável pelo povoamento e exploração dessa região? 2) Por qual motivo o norte goiano era visto como uma região de atraso econômico e miséria geral? 3) Quando surgiu a luta do goiano do norte em tornar-se independente do governo de Goiás? 4) Que fato, ocorrido já no final do século XX, contribuiu para a efetivação (realização) do desejo de independência do Tocantins em relação a Goiás? 5) O que, no seu modo de pensar, constitui a identidade do povo tocantinense? Professor Morais - e-mail: profemorais@gmail.com MSN SPACES: profmorais.spaces.live.com 2
  • 3. INSTITUTO PRESBITERIANO VALE DO TOCANTINS ANO: 2010 DISCIPLINA: SOCIOLOGIA PROF : JOSSIVALDO MORAIS o SÉRIE: 3o ANO – ENSINO MÉDIO BIMESTRE: TERCEIRO AULA: 04 / 05 2 – CIDADES HISTÓRICAS E PATRIMÔNIO CULTURAL Com a descoberta do ouro no norte goiano nas décadas de 1730 e 1740, os primeiros arraias foram criados onde hoje é o atual Estado do Tocantins: Natividade e Almas (1734), Traíras e São José do Tocantins (1735), Arraias e Chapada (1736), Pontal e Porto Real (1738). Nos anos 40, surgiram Conceição, Carmo, Cavalcante (1740), Santa Luzia (1746), Cocal (1749) e Taboca, e mais tarde Príncipe (1770). Alguns foram extintos, como Pontal, Taboca e Príncipe. Dentre os agrupamentos urbanos que permaneceram mesmo após o declínio do período da mineração, destacam-se: Natividade, Arraias, Almas, Porto Nacional, Dianópolis, Conceição e Monte do Carmo. Falaremos de algumas das cidades históricas do Estado do Tocantins, lembrando que as datas nem sempre são um consenso entre os historiadores. NATIVIDADE Nascida com a exploração do ouro e fundada por Antônio Ferraz de Araújo, sua origem remonta ao século XVIII, ligada ao Arraial de São Luiz, no alto da serra. Hoje restam apenas ruínas daquele fluente e rico garimpo de ouro. Provavelmente em 1733, em homenagem a Nossa Senhora da Natividade, o local passa então a ser chamado de Natividade. Em 1734, o português Manoel Rodrigues de Araújo transferiu o Arraial para o Sopé da Serra, local de melhor acesso, onde hoje situa a cidade. Em 1831, Natividade foi elevada à categoria de Vila. Em 1834 contava com 300 casas e ruas guarnecidas de calçadas de laje e em 1° de julho de 1901, a vila ganhou o termo de Município de Natividade, se desmembrado da Comarca de Porto Nacional, e em 23 de dezembro de 1905, pela influente atuação do Senador Fulgêncio Nunes da Silva, aconteceu à instalação da Comarca de Natividade. Atualmente, Natividade tem o seu espaço urbano dividido em três zonas de usos específicos: Zona de Proteção Histórica, Zona de Proteção Ambiental, e Zona de Expansão. O conjunto arquitetônico é constituído pelas ruas estreitas de casarões e igrejas. Festas populares - Festa do Divino (data móvel) - Festa de São João Batista (23 a 24/06) - Festa do Senhor do Bonfim (12 a 17/08) - Festa da padroeira de N. Sra. da Natividade (30/08 a 08/09) - Baile de pastorinhas (24/12) - Festa de Reis (01 a 06/01) Patrimônio Material - Igreja da Matriz, datada de 1759, nela se encontra a imagem de Nossa Senhora da Natividade, santa Padroeira do Estado do Tocantins, possui dois sinos em bronze, datados de 1858. - Igreja do Rosário dos Pretos Toda em pedra possui os arcos da entrada central feitos com grandes tijolos especiais da época. Construída pelos escravos, ficou inacabada. - Prédio da Antiga Cadeia Pública Continua com as características originais da sua construção. Impressiona pelas suas janelas e portas de largas grades e enormes portais em madeiras. Museu Histórico Municipal. - Casa do Sr. Salvador José Ribeiro (ten. Salvador) Foi sede da primeira escola pública de Natividade, nos anos de 1831 – Grupo Escolar D. Pedro II - Ruínas de São Luis Local do antigo povoado no alto da Serra de Natividade, rico em buracos de garimpos de ouro, que no início a historia do nascimento da atual cidade, onde também se encontra a Lagoa Encantada, construída pelos escravos. -Igreja de São Benedito De características coloniais, conserva o sino original e a estrutura do primeiro altar. Professor Morais - e-mail: profemorais@gmail.com MSN SPACES: profmorais.spaces.live.com 3
  • 4. ARRAIAS Originou-se em 1739 com a descoberta de um garimpo. Em 1740, com o apoio do Governador D. Luís de Mascarenhas, foi definido traçado das ruas, o que contribuiu para o assentamento da população sob a nomenclatura de Nossa Senhora dos Remédios de Arraias. No dia 16 de agosto de 1807, o povoado de Arrais foi elevado a Julgado e, mais tarde, através da Resolução de 1° de abril de 1833, passou à categoria de vila, instalada em 19 de setembro do mesmo ano. O declínio da mineração contribuiu para a evasão urbana e o crescimento da zona rural, onde os habitantes desenvolviam atividades de pecuária e de agricultura de subsistência, perdurando esta situação até meados do século XIX, quando Arraias perde a condição de vila, e em 1850 sendo anexada a Cavalcante e mais tarde a Monte Alegre. Festas populares - vaquejada e congada. - Danças: Capoeira, Sússia e a Roda de São Gonçalo. - Festas Religiosas: Padroeira Nossa Senhora dos Remédios (9 de setembro); Festas de Santos Reis (01 a 06 de janeiro); São Sebastião (11 a 20 de janeiro) - Entrudo (carnaval). Arte Popular - Painel Histórico: Festival de Artes de Arraias “Canta Nordeste” - Artesanato: Peças executadas em couro, palha, madeira e argila. - Pratos Típicos: Maria Isabel, Paçoca de Pilão e Mucunzá, Doces de Caju e buriti. - Bebidas: Licores e pingas. Patrimônio Material - Ruínas da casa do feitor na Chapado dos Negros - Vestígios do povoado, testemunhados pelas ruínas de igrejas, de habitações e por rego de captação de água, entre matagais e grandes blocos de pedras. - Igreja Matriz Dedicada a Nossa Senhora dos Remédios, foi reconstruída com aproveitamento dos velhos paredões, localizada na praça Dr. João D’Abreu. DIANÓPOLIS Antigo Arraial de São José do Duro é uma das cidades tocantinenses mais contempladas em obras de escritores, poetas e historiadores, especialmente por ter sido palco de movimentos armados. Em 1750, criadores de gados da região nordestina através do vale de São Francisco, chegaram às terras tocantinenses, antigo norte goiano. Das Minas Gerais também partiram aventureiros em busca de riquezas minerais e índios, adentrando ao vale do Tocantins chegando à região de Dianópolis, dando assim inicio ao povoamento urbano. A cidade tem suas origens ligadas ao aldeamento indígena e à mineração em meados de 1750/51. A lei Provincial n° 03, de 14/10/1854, criou o distrito de São José do Duro, sob a jurisdição de Conceição do Norte e, em 26/08/1884, a Lei Provincial n° 723 elevou o distrito a Vila com o mesmo topônimo, provavelmente instalada em 1890. Em 1938 recebeu o nome de Dianópolis em homenagem às irmãs Custodianas ou Dianas, pertencentes a umas das famílias tradicionais da cidade. As relações historicamente mantidas com a Bahia proporcionaram acentuada influência cultural. Em Dianópolis pouco se conservou da arquitetura. O centro histórico da cidade, situado em torno da Praça Cel. Wolney é composto de prédios residenciais, restando duas casas do século XIX. Essas casas mantêm suas características originais (foram construídas em 1885 e 1892, respectivamente). Além desses imóveis restam também cerca de meia dúzia de outros, que conservam o aspecto original, porém, retratam um estilo já do inicio do século passado, por volta dos anos 30 e 40. Patrimônio Material - Capelinha dos Nove: Igreja erguida no túmulo das nove vítimas do massacre que houve no “tronco” em 16 de janeiro de 1919. - Prefeitura Velha - Casa do Cel. Wolney : Casa construída em 1885 pelo Coronel Joaquim Ayres Cavalcante Wolney, é dividida em 14 cômodos e foi erguida por braço escravo. - Igreja Sagrada Família - Igreja de São José das Missões: importante por pertencer a um povoado resultante de aldeamento indígena. Professor Morais - e-mail: profemorais@gmail.com MSN SPACES: profmorais.spaces.live.com 4
  • 5. MONTE DO CARMO Sua história data do período do “Ciclo do ouro no Brasil”, quando aventureiros adentraram os sertões à procura das minas. O bandeirante Manuel de Souza Ferreira, à procura de ouro pelo Vale do Alto Tocantins, deparou com essa localidade. Cronologicamente, sua história se desenvolve com maior precisão e detalhes, quando a Rainha Maria I nomeia o Padre Faustino José da Gama, em 1870, para, no Arraial do Carmo, exercer serviços religiosos. Sediado no sopé da Serra do Carmo, Padre Gama tornou-se o mais famoso senhor, “dono de muitos escravos e lavouras”. Na sede do município, podem ser encontrados resquícios de muros e pedras e antigos casarões em ruínas que ficam em torno da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, como testemunhos do importante povoado minerador que foi Monte do Carmo. O Distrito de Monte do Carmo foi emancipado no dia 23/10/1963, e a sua instalação aconteceu em 10/01/1964, com a nomeação do prefeito Durval da Silva R. Barros, que permaneceu até a nomeação de Ademar Pereira da Silva, em 1965. Festas populares - Festa de São Sebastião (20/01) - Festejos do Carmo (julho) - onde se festeja Nossa Senhora do Rosário, Divino Espírito do Santo e Nossa Senhora do Carmo. Comidas típicas - arroz sirigado e arroz com pequi, doces de caju, buriti, banana, e bolos de arroz, de mãe, amor perfeito entre outros. Patrimônio Material - Igreja de Nossa Senhora do Rosário - Ruínas do Arraial do Carmo: a casa, igreja e diques que os escravos do padre Gama fizeram no sopé da Serra do Carmo. Padre Gama tinha sob seu comando cerca de 1200 escravos trabalhando na sua lavoura e no garimpo. PORTO NACIONAL Segundo os historiadores, a origem de Porto Nacional deve-se á navegação pelo rio Tocantins, fazendo a ligação entre os dois centros de mineração: Pontal e Monte do Carmo. Depois destacamento militar encarregado da vigilância da navegação. Seu primeiro morador foi o português Felix Camôa, barqueiro que, no final do século XVIII, dedicara-se à travessia no rio Tocantins de mineiros procedentes das minas de ouro de Bom Jesus do Pontal para as minas do Arraial do Carmo e vice-versa. Por volta de 1805, os índios Xerente revoltados com a exploração de toda ordem a que eram submetidos, atacaram e dizimaram o “Garimpo de bom Jesus do Pontal”. Os sobreviventes do massacre vieram refugiar-se e fixar residência em Porto Real. Os nomes atribuídos à cidade estão relacionados com a situação política vigente no país: Porto Real, quando era Brasil-reino; Porto Imperial, na época do Império e finalmente Porto Nacional, após a proclamação da república. Tal foi o desenvolvimento de Porto, que em 1831, foi promovido à categoria de “vila”, com a denominação de Porto Imperial. A vila despontou como importante entreposto comercial para os comerciantes que de “bote” faziam a viagem de Palmas até Belém do Pará e vice-versa. A vila de Porto Imperial adquire o título de cidade em 1861, com o nome de Porto Nacional. Festa Populares - Festa de São Sebastião (20/01) - Via Sacra - Festa do Divino (data móvel) - Festa da Padroeira - Nossa Sra. das Mercês (24/10) Patrimônio Material - Catedral Nossa Senhora das Mercês: essa obra monumental foi iniciada em 1894 e concluída 1904. Projetada em pedra e tijolos, representa o estilo romântico de Toulouse, França. - Seminário São José - Prédio da Prefeitura Velha - Colégio Sagrado Coração de Jesus - Prédio do Abrigo João XXIII Residência do Sr. Oswaldo Ayres Professor Morais - e-mail: profemorais@gmail.com MSN SPACES: profmorais.spaces.live.com 5
  • 6. TOCANTÍNIA Os primeiros registros que envolvem a região que hoje é a cidade de Tocantínia vêm de 1738, quando começa a chegar na região muitos aventureiros em busca do ouro, terras e outras riquezas. A região já era habitada pelos índios Xerente que ocupavam as terras próximas ao Rio Providência e ao longo do Rio Tocantins. Nesse período ocorreram muitos conflitos envolvendo os índios e os chegantes, que tinham que passar por terras indígenas. Vieram também os bandeirantes que abriam caminho e aprisionavam os índios para trabalharem como escravos em outras regiões. Com o projeto de povoamento da região, foram utilizadas muitas estratégias para afastar os índios, umas delas foi o aldeamento, iniciado em 1840 pelo Frei Antonio de Ganges, que chegou ao Brasil acompanhado por Frei Rafael de Targia, com a missão de aldear os índios Xerente, Krahô e Xavante. O primeiro nome da atual Tocantínia foi Tereza Cristina (nome do aldeamento), em homenagem a então Imperatriz do Brasil. Depois em virtude da proximidade com o Ribeirão Piabanha, passou a se chamar Piabanha, e em 20 de abril de 1936 adotou o nome atual, sendo elevado a categoria de município no dia 3 de outubro de 1953. Patrimônio Material - Igreja de Tocantínia A igreja em adobe, construída pelos índios, foi idealizada por frei Antônio. Anos depois foi reconstruída pela vontade do Monsenhor Pedro Pereira Piagem. TOCANTINÓPOLIS Cidade que ficou popularmente conhecida como “Boa Vista do Padre João”, devido à grande influência histórica deste vigário, a antiga boa Vista do Tocantins, se tornou cenário de alguns acontecimentos marcantes. O primeiro Núcleo de habitantes teve inicio em 1818, quando bandeirantes, partindo de Pastos Bons, no Maranhão, vieram à procura de índios para catequizar. A região era muito fértil e possuía grande quantidade de madeiras adequadas para a construção e produção de imóveis. Espalhada a noticia da fertilidade do local, grande número de habitantes de Carolina – MA, se deslocaram para o novo povoado. Em 1852 foi criado o Distrito de Boa Vista do Tocantins, em 28 de julho de 1858 foi elevada à categoria de cidade, e Pedro José Cipriano foi reconhecido como seu fundador. Em 1943 a Cidade passou a ser chamada de Tocantinópolis. Patrimônio Material - Catedral de Nossa Senhora da Consolação - Seminário João XXIII A importância arquitetônica do prédio reside no fato de simbolizar a grande influencia religiosa da cidade, que abrigou a sede da prelazia por vários anos, ao elevar-se diocese fundou também este seminário, que tem ordenado várias turmas de padre, inclusive o Padre Josimo que se tornou conhecido nacionalmente pela sua atuação ao lado das lutas em favor dos oprimidos da região. Trata-se de um prédio de construção recente (1955-1960) FONTE: NASCIMENTO, Junio Bastista. Tocantins: história e geografia. 6. ed. Goiânia: Bandeirante, 2009. p. 10-19. TOCANTINS – HISTÓRIA. In: Fundação Cultural do Estado do Tocantins. Disponível em: <http://cultura.to.gov.br/conteudo.php?id=3>. Acesso em 09 ago 2010. Professor Morais - e-mail: profemorais@gmail.com MSN SPACES: profmorais.spaces.live.com 6
  • 7. INSTITUTO PRESBITERIANO VALE DO TOCANTINS ANO: 2010 DISCIPLINA: SOCIOLOGIA PROF : JOSSIVALDO MORAIS o SÉRIE: 3o ANO – ENSINO MÉDIO BIMESTRE: TERCEIRO AULA: 04 / 05 3 – CIDADES RECENTES E MIGRAÇÃO O ciclo do Cristal de Rocha Na década de 1930, o interior do Brasil era um imenso vazio demográfico, a população concentrava-se no litoral e o interior era visto como algo exótico. O então presidente da República Getúlio Vargas, na ânsia de suprir o abalo econômico e resguardar o território de possível invasão estrangeira, implanta uma Política de Integração Nacional, conhecida como “Marcha para o Oeste”. Na prática, o plano consistia basicamente em duas linhas: a primeira, era aldear os índios; e a segunda era explorar os recursos naturais com o intuito de ocupar e povoar grandes vazios demográficos. A ideia era que cada região fosse explorada de acordo com suas peculiaridades e, à medida que a população fosse atraída, naturalmente surgiriam novos núcleos populacionais. No Tocantins, essa marcha, liderada por Cândido Rondon, acabou descobrindo o quartzo, conhecido popularmente como cristal de rocha. No vale do Araguaia esse produto tinha enorme valor comercial por ser matéria-prima para confecção de armamento bélico. A consequência dessa descoberta foi que, em curtíssimo tempo, a região recebeu uma grande quantidade de migrantes, vindos principalmente do nordeste (Maranhão e Piauí) e do Pará, que acabaram povoando uma vasta extensão, entre as quais: Xambioá (1933), Cristalândia (1939), Pium (1940), Dois Irmãos (1943), Ananás (1946), Araguaçu (1948), Formoso do Araguaia (1949), Dueré (1953) e Arapoema (1956). Apesar de ter durado pouco tempo, algo em torno de vinte anos (20 anos), tal movimento foi responsável por grande povoamento recente do norte goiano. O ciclo da construção da BR-153 (Belém-Brasília) Apesar dos ciclos anteriores de povoamento e exploração, o norte de Goiás ainda permanecia no abandono e isolamento. Sem estradas nem formas de comunicação, o único meio de transporte era a rota hidroviária pelo rio Tocantins. O projeto de construção da rodovia BR-153, iniciada no governo de Juscelino Kubitschek, serviu de via de comunicação e transformação de todo o norte goiano. Economicamente, ela proporcionou o escoamento da produção, a chegada de produtos industrializados dos grandes centros e uma mudança significativa no perfil do produtor, bem como um melhoramento genético do gado da região. Demograficamente, a região foi invadida por pessoas de todas as partes, especialmente por nordestinos. Em menos de duas décadas a população saltou de 204 mil habitantes para 521 mil, um acréscimo de mais de 150%. A consequência direta foi o surgimento de povoados à beira da rodovia. Alguns permaneceram como simples entroncamentos ou pousos, e demoraram décadas para evoluir. Outros cresceram rapidamente, impulsionados pela base migratória que aqui acampava durante as obras de construção. Foi o caso de Araguaína e Gurupi, emancipadas antes mesmo da inauguração da rodovia, ainda no ano de 1959; além de Wanderlândia, Colinas, Guaraí, Miranorte, Presidente Kennedy, Paraíso, Fátima e Alvorada, que foram emancipadas na década de 1960. FONTE: NASCIMENTO, Junio Bastista. Tocantins: história e geografia. 6. ed. Goiânia: Bandeirante, 2009. p. 20-21. 4 – POVOS INDÍGENAS Os povos indígenas do Tocantins estão distribuídos em mais de 82 aldeias, perfazendo uma população de cerca de 10 mil indígenas. POVO INY Karajá, Karajá/Xambioá e Javaé formam o povo Iny, pertencente ao tronco lingüístico Macro-Jê, família e Professor Morais - e-mail: profemorais@gmail.com MSN SPACES: profmorais.spaces.live.com 7
  • 8. língua Karajá. Coletores e pescadores, após longo período de migração se fixaram na Ilha do Bananal. Os Karajá da Ilha ou de cima são chamados de Ibòò Marãdu. Os Javaé vivem às margens do rio Javaé, denominados o povo do meio (Iny Webohony). Os Karajá/Xambioá (Iraru Mahãdu), os Karajá de baixo, estão localizados na Reserva Xambioá, município de Santa Fé do Tocantins. A convivência constante do Karajá de baixo (Xambioá/Karajá) com os não indígenas contribuiu para que gradativamente agregasse à sua cultura os usos e costumes externos e conseqüentemente, a perda de parte da cultura tradicional e principalmente a fala a língua original. Atualmente, está havendo a recuperação do falar a língua Karajá através do ensino ministrado nas escolas implantadas nas aldeias, exigência da Lei 10.172/2001. Paralelamente, a gerencia indígena da Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural vem apoiando a realização das festas tradicionais, participação em intercâmbios e no resgate do ritual do Hetoroky. A confecção de objetos de cerâmica, a pintura corporal e as bonecas ritxokò são tradicionais da cultura Karajá, assim como as festas e rituais. O Tocantins apresenta aproximadamente 3 mil Karajá, distribuídos em 07 aldeias na Ilha do Bananal. Os Javaé estão distribuídos em 13 aldeias e os Karajá/Xambioá, são cerca de 500 índios em 03 aldeias. Festas Karajá (Ilhado Bananal) * Rituais: do Hetohoky (Casa Grande) e Aruanã * Festa do Mel Homenagem aos Mortos – Itxeo Festa da alegria- Maarasi Festas Javaé * Rituais: do Aruanã e Hetohoky (Casa Grande) * Festa da alegria– Marakasi Festas Karajá/Xambioá * Rituais: do Kralaru * Festa do Peixe O povo Iny mantém a tradição através de seus rituais e celebrações. Ensinam aos descendentes a importância e necessidade da transmissão destes conhecimentos que vêm de tempos milenares. O Hetoroky têm caráter religioso e acontece durante a época de fartura alimentar. As figuras míticas dos espíritos protetores (Aruanãs) cantam e dançam para todos sem data determinada. Na preparação das festas os homens saem para as caça e pescarias, as mulheres preparam a alimentação e os ornamentos e enfeites: colares, braçadeiras e tornozeleiras. A pintura corporal é a representação de figuras simbólicas de animais como pássaros, peixes e répteis. Utilizam as cores preta, retirada do jenipapo, e vermelha do urucum. Existem dentro da comunidade pessoas conhecedoras de como fazer a pintura corporal Ritual O Hetoroky representa a passagem do menino para a fase adulta. A festa começa quando o pai do menino vai conversar com o pajé para que ele chame os aruanãs (espíritos). Convidam os Karajá de toda a região para participar e constroem uma grande casa para os convidados, onde deverá ter comida farta para todos. São realizadas lutas tradicionais e a disputa do mastro. Os Aruanãs entram e saem das casas cantando e dançando para marcarem a passagem do menino iniciando a fase adulta, dando continuidade aos feitos de seus ancestrais dos quais muito se orgulham. Depois das boas vindas, começa a luta (Ijesu) entre os homens, uma verdadeira prova de força e resistência corporal. A competição entre as aldeias começa à noite, quando os homens se reúnem em torno da “grande tora” (Thoo). A luta vai até o amanhecer, quando o Iyeré (menino que está sendo iniciado) chega para a cerimônia com o corpo todo pintado de preto e a cabeça raspada. XERENTE Akwê, “gente importante”, “indivíduo”. O povo que assim se denomina vive na margem direita do rio Tocantins, perto da cidade de Tocantínia, nas Reservas Indígenas Xerente e Funil num total de 183.542 hectares de área demarcada. Os Xerente também pertencem ao grupo lingüístico Macro-Jê. Seu artesanato é produzido principalmente com a palha de babaçu, seda de buriti, sementes dos quais surgem cestas, balaios, redes, bolsas, esteiras, adereços e de adornos e enfeites. O artesanato produzido é comercializado nas cidades próximas à reserva. Atualmente, os Xerente atendem sua demanda alimentar com projetos de autosustentabilidade promovido pelo Procambix-Programa de Compensação Ambiental Xerente, resultado das negociações com a Investco, Professor Morais - e-mail: profemorais@gmail.com MSN SPACES: profmorais.spaces.live.com 8
  • 9. responsável pela construção da UHE de Lajeado. No Tocantins são aproximadamente 3 mil índios em 46 aldeias. Festas Festa de dar nomes - Wakê Homenagem aos mortos - Kuprê Padi - tamanduá bandeira Corrida de toras de buriti Feira de Sementes do Cerrado APINAJÉ Na região Norte do Estado, na reserva que abrange os municípios de Tocantinópolis, Maurilândia, Cachoeirinha e Lagoa de São Bento perfazendo um total de 141.904 hectares, desde 1985. As aldeias estão distribuídas em dois PINS (Postos Indígenas), em São José e Marizinhas, onde vive o povo Apinajé, que se autodenomina de Panhi e pertence ao tronco lingüístico Macro-Jê. Os Apinajé sobrevivem da agricultura de subsistência, da caça, da coleta de babaçu do qual extraem o óleo das amêndoas, aproveitam a palha para fabricar utensílios domésticos, coberturas de suas casas e as cascas são utilizadas como combustível para cozinhar. Produzem o artesanato de sementes e miçangasque comercializam nas cidades vizinhas. Entre suas tradições está a Mêkaprî, ritual para fazer o espírito voltar ao corpo do doente; o Parkapé, ritual que homenageia os mortos e o fim do luto, chamada festa da Tora Grande. Ritual do casamento quando se prepara TwýKupu – bolo grande enrolado na folha de bananeira e assado no braseiro cavado no chão. São 1,8 mil indígenas em 22 aldeias Festas Ritual de homenagem aos morto - Párkape Ritual para retorno do espírito do doente ao corpo – Mêkaprî. KRAHÔ As aldeias Krahô situadas na região de Itacajá e Goiatins com 302.533 hectares demarcados em 1976, lembram os sítios encontrados no médio Tocantins, Sul do Estado. Apresentam estrutura em forma circular, com habitações em torno de uma área vazia, o pátio central ou Ká, representa o coração da aldeia, onde se reúnem para dividir o trabalho e tomar decisões importantes para a comunidade. Pertencentes ao tronco Macro-Jê, têm suas aldeias divididas em dois partidos – o do inverno (Katam’jê) e o do verão (Wakm’jê) -, que se revezam no poder de acordo com os períodos de chuva e seca na região. Os Krahô acreditam que os sonhos predizem o futuro do sonhador. Cultivam seus rituais e celebrações e possuem como símbolo sagrado uma machadinha de pedra a qual chamam de Khoyré, pois acreditam que mantêm a harmonia e o respeito dentro da comunidade, dando continuidade a tradição e a vida. Mantêm a tradição da corrida de toras de buriti, especilamente preparada para cada tipo de festa, e os participantes representam os dois partidos. No Tocantins, são cerca de 3 mil índios em 23 aldeias. Festas * Festa da Batata (Panti) * Festa do Milho (pônhê) *Festa wythô * Empenação das Crianças * Feira da Semente. KRAHÔ-CANELA Este povo assim se auto-identifica por ser descendente de duas etnias distintas: Krahô e Canela, povo Timbira (tronco Macro-Jê), originários do Maranhão. Atualmente os Krahô -Canela estão em um processo ocupação das terras de Mata Alagada, município de Lagoa da Confusão e de resgate de sua cultura. Calendário de festas As festas indígenas no Tocantins acontecem de março a dezembro. São datas móveis definidas pelas lideranças de cada aldeia. Nos meses de fevereiro a julho acontecem as maiorias dessas festas, principalmente nos Xerente, Krahô e Apinajé. Professor Morais - e-mail: profemorais@gmail.com MSN SPACES: profmorais.spaces.live.com 9
  • 10. Artesanato indígena O artesanato indígena é utilizado como enfeites, compor a indumentária usada nos rituais e também, produção de utensílios domésticos e na comercialização. Os Karajá são excelentes artesãos da arte plumária e cerâmica. Os Akwe (Xerente) são considerados o povo do trançado (cestaria) e os Timbiras (Apinajé e Krahô), são especialistas na arte dos trançados e artefatos de sementes nativas do cerrado. A cestaria é utilizada no transporte e armazenamento de mantimentos e como peças decorativas. A técnica é ensinada pelos mais velhos aos jovens que desejam aprender. As crianças aprendem desenhando na areia, depois transportam para a palha. Os motivos são transmitidos de geração para geração e representam a fauna e a flora. Para confecção das cestarias são utilizadas a palmeira do babaçu, da bacaba, tucum e a seda do buriti. Para confeccionar a cerâmica, os artesãos Iny utilizam uma argila especifica chamada de barro de louça que misturado com cinzas da madeira do “cega machado” e colocada para secar ao sol, depois queimada no forno tradicional. No final, a peça é pintada de preto e vermelho. Feitas pelas mulheres, podem ser utilitárias (potes, pratos, tigelas) ou ornamentais assim também, são confeccionadas as (bonecas ritxokò e ritxoo). As miniaturas em cerâmica, representam o cotidiano do povo Iny (Karajá) como o parto, a caçada e a pescaria. São figuras de animais encontrados na Ilha do Bananal, como onça, anta, jacaré, tucano, ariranha e paca. FONTE: TOCANTINS – HISTÓRIA. In: Fundação Cultural do Estado do Tocantins. Disponível em: <http://cultura.to.gov.br/conteudo.php?id=3>. Acesso em 09 ago 2010. 5 – COMUNIDADES QUILOMBOLAS Atualmente existem 21 comunidades reconhecidas como remanescentes de quilombo no estado do Tocantins, mediante o decreto presidencial 4.887 de 20 de novembro 2003. As comunidades compreendem o patrimônio cultural estadual e possuem características culturais próprias e peculiaridades que as distinguem umas das outras e de toda a sociedade, apresentando semelhanças no que diz respeito ao uso e ligação com a terra onde estão localizadas. Apresentam manifestações culturais peculiares: danças tradicionais, cantigas de roda, festas religiosas, além de produzirem artesanatos que são usados como adereços ao corpo e como utensílios necessários para a manutenção de suas atividades diárias. Produzem ainda alimentos típicos de uma culinária que tem como base produtos encontrados na natureza ou produzidos em suas hortas comunitárias. As comunidades quilombolas do estado do Tocantins estão distribuídas de Norte a Sul, em vários municípios, conforme tabela abaixo. COMUNIDADES MUNICÍPIOS / TO Lagoa da Pedra Arraias Mimoso Kalungas Malhadinha Brejinho de Nazaré Córrego Fundo São José Chapada de Natividade Chapada de Natividade São Joaquim Porto Alegre Laginha Redenção Natividade Barra da Aroeira Santa Tereza do Tocantins Cocalinho Santa Fé do Araguaia Morro de São João Santa Rosa do Tocantins Baviera Aragominas Povoado do Prata São Félix Mumbuca Mateiros Professor Morais - e-mail: profemorais@gmail.com MSN SPACES: profmorais.spaces.live.com 10
  • 11. Carrapato Formiga Ambrósio Grotão Filadélfia Mata Grande Monte do Carmo Santa Maria das Mangueiras Dois Irmãos Para muitas pessoas falar sobre quilombos e comunidades quilombolas é tratar de um tema do passado, um assunto distante e longínquo. Mas, na verdade, nós temos visto que essa questão é bastante atual e têm tudo a ver com assuntos bem recentes, como a proteção ambiental e a valorização de minorias étnicas. Nos séculos passados, como no interior do Brasil não existiam estradas unindo as cidades, os grandes rios faziam esse papel, servindo para o deslocamento de pessoas e mercadorias. Dessa forma, diversas expedições formadas por colonizadores, bandeirantes e missionários chegaram à região do Planalto Central, navegando pelos rios Araguaia e Tocantins. Assim, surgiram na região os primeiros povoados e aldeamentos indígenas, implementados pelos padres católicos da Companhia de Jesus. A ocupação econômica do coração do Brasil se efetivou com os bandeirantes paulistas chegando em busca de ouro e pedras preciosas, no final do século XVIII. Com o estabelecimento dos primeiros garimpos, foram trazidos escravos e, consequentemente, daí surgiram os grandes arraiais. Muitos desses aglomerados deram origem a diversas cidades, tais como: Dianópolis (vila São José do Duro), Paranã (vila São João da Palma), Natividade (arraial de Nossa Senhora de Natividade) e Arraias (povoado Nossa Senhora dos Remédios de Arraias). Um pouco após o ciclo do ouro, nos séculos XIX até a metade do século XX, outras cidades nasceram através do desenvolvimento da navegação e com o aumento do comércio estabelecido entre a região central do Brasil e a cidade de Belém do Pará (principal centro econômico da região Norte). Daí surgiram, às margens do Tocantins, as cidades de Porto Nacional (antigo povoado Porto Real), Tocantínia (antiga vila Piabanha), Pedro Afonso (aldeamento Rio do Sono), Filadélfia (povoado Porto de Paula) e Tocantinópolis (antiga vila São João da Boa Vista). Ao longo desses anos, desde o ciclo do ouro até o fim da escravidão, em 1888, milhares de escravos foram trazidos à região para servirem de mão-de-obra nos garimpos e nas demais atividades que se desenvolveram posteriormente. E, como em diversos outros lugares do Brasil, era comum que os escravos fugissem para lugares distantes e isolados, buscando uma vida livre nos quilombos. Até recentemente, muitas dessas comunidades quilombolas se mantiveram isoladas, totalmente à parte da assistência de órgãos públicos e demais instituições sociais. Nessa situação, acabaram mantendo usos e costumes próprios, subsistindo a partir de pequenas roças, da caça e do extrativismo. Nos últimos anos, a Fundação Cultural Palmares (órgão vinculado ao Ministério da Cultura) já reconheceu 21 comunidades quilombolas no Tocantins. Um aspecto bastante curioso em relação à distribuição dessas comunidades é que quase todas elas estão situadas em municípios da bacia do rio Tocantins, sendo que apenas duas (Cocalinho e Baviera), localizam-se na bacia do rio Araguaia. Outro aspecto importante que vale destacar trata-se da origem das comunidades quilombolas, pois nem todas elas nasceram de quilombos, como a comunidade Mumbuca, situada na região do Jalapão, que foi originada pela fusão de negros e índios; e a Barra do Arroeira, em Santa Tereza do Tocantins, que é formada por negros que participaram da Guerra do Paraguai e receberam, como mérito pela participação na Guerra, algumas terras no antigo norte de Goiás, hoje Tocantins. Mas, independente dessas discussões históricas acerca da origem de tais comunidades, o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) reconhece que todas são remanescentes de ex-escravos e seus descendentes, sendo, portanto, garantido a cada uma delas o direito às terras que ocupam tradicionalmente. Tal direito está assegurado no Artigo 216 da Constituição Federal de 1988. FONTE: TOCANTINS – HISTÓRIA. In: Fundação Cultural do Estado do Tocantins. Disponível em: <http://cultura.to.gov.br/conteudo.php?id=3>. Acesso em 09 ago 2010. Professor Morais - e-mail: profemorais@gmail.com MSN SPACES: profmorais.spaces.live.com 11