O livro descreve a jornada de uma família nordestina fugindo da seca. Eles encontram trabalho em uma fazenda, mas sofrem com a exploração e opressão. Após a segunda seca, são forçados a fugir novamente, indo em direção ao sul em busca de uma vida melhor, porém sem esperança. O livro critica as condições de pobreza e desigualdade social no Nordeste brasileiro na época retratada.
8. Sinhá Vitória é a mãe, é mais "madura" do que seu marido Fabiano, também não se conforma com sua situação miserável, e sonha com uma cama de ouro como a de Tomás da Bolandeira. Os dois filhos e a cadela Baleia acabam por concluir essa família.
9. O menino mais novo sonha ser como o pai, já o mais velho desejava a presença de um amigo, conformando-se assim com a presença de sua cadela Baleia, a qual portava-se não como um animal, mas sim tratada como um ente e ajudava Fabiano e sua família a suportar as péssimas condições.
10. A família fica sem a companhia do outro animal da família, um papagaio, que fora sacrificado na véspera a fim de aplacar a fome que se abatia sobre aquelas pessoas. Na verdade, era um papagaio estranho, que pouco falava, talvez porque convivesse com gente que também falava pouco.
11. Depois de muito caminhar a família chega a uma fazenda abandonada, onde acabam ficando. Após de um curto período de chuva o dono da fazenda retorna e contrata Fabiano como seu vaqueiro.
12. Fabiano vai a venda comprar mantimentos e lá começa a beber. Aparece um policial que Fabiano chama de Soldado Amarelo, que o convida para jogar baralho com os outros. O jogo acontece e numa desavença com o Soldado Amarelo, Fabiano é preso maltratado e humilhado, aumentando assim sua insatisfação com o mundo e com sua própria condição de homem selvagem do campo.
13. Fabiano é solto e continuando assim sua vida na fazenda. Sinhá Vitória desconfia que o patrão de Fabiano estaria roubando nas contas do salário do marido. A família participa da festa de Natal da cidade onde se sentem humilhados por diversos “patrões” e “Soldados Amarelos”.
14. Pêlos caídos, feridas na boca e inchaço nos beiços, fizeram Fabiano achar que ela estivesse com raiva. Resolveu sacrificá-la. Sinhá Vitória recolheu os meninos, desconfiados, a fim de evitar-lhes a cena. Baleia era considerada como um membro da família, por isso os meninos protestaram, tentando impedir a trágica atitude do pai. Sinhá Vitória lutava com os pequenos, porque aquilo era necessário, lamentou o fato de que ele não tivesse esperado mais para confirmar a doença da cachorrinha.
15. Ao primeiro tiro, que pegou o traseiro da cachorra e inutilizou-lhe uma perna, as crianças começaram a chorar desesperadamente. Baleia sentia o fim próximo, tentava esconder-se e até desejou morder Fabiano. Em meio à agonia, tinha raiva de Fabiano, mas também o via como o companheiro de muito tempo.
16. Não satisfeito e sentindo-se prejudicado com o patrão, Fabiano resolve conversar com ele, este que ameaça despejar Fabiano da fazenda. Fabiano tenta esquecer o assunto e acaba ficando muito indignado. Na volta da venda Fabiano encontra o Soldado Amarelo perdido no mato. Fabiano pensa em matar o Soldado Amarelo, porém sentindo-se fraco e impossibilitado, acaba ajudando o soldado a voltar para a cidade.
17. A seca atinge a fazenda e faz com que toda a família fuja novamente, só que desta vez, todos vão para o Sul, em busca da cidade grande, sem destino e sem esperança de vida.
20. É o próprio narrador que revela o interior dos personagens. O foco narrativo ganha destaque ao converter em palavras os anseios e pensamentos das personagens. "... Aí, a cólera diminuiu e Fabiano teve pena". (Cap. 01)
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25. A obra de Graciliano pode ser considerada um marco para a literatura brasileira, em especial o Modernismo Brasileiro, visto que há a implícita (e, em alguns casos, até explícita) crítica social a toda pobreza no sertão nordestino, que atinge uma boa parcela da população, e que, de fato, acaba por prejudicar todo o país, impedindo maiores desenvolvimentos. Há a tentativa, portanto, de se mostrar a desarticulação dessa região com o resto do país (um Brasil pobre dentro de todo o Brasil).
26. O próprio título da obra, se analisado corretamente, nos dará pistas importantes da mensagem que Graciliano quer passar: "Vidas" se opõe a "Secas" pois a primeira tem sentido de abundância, enquanto, a segunda, de vazio, de falta, configurando um paradoxo (oposição de ideias resultando em uma construção de sentido ilógico). Além disso, denotativamente, o adjetivo "secas" se refere a "vidas", e, dessa forma, teria o sentido de que a família sofre com a seca. Por outro lado, conotativamente, pode-se relacionar aquele adjetivo a uma vida privada, miserável.